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Teoria, pesquisa e prática em Educação

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Teoria, pesquisa e prática em Educação: a formação do professor-pesquisador
Débora R. P. Nunes
Objetivos – reconceituar teoria e prática
Pontuar fatores que contribuem para a dissociação entre teoria e prática educacional;
Pesquisador de gabinete – que desconsidera a prática;
Professor empirista – o conhecimento se dá pela prática;
*** Políticas públicas partidárias;
Enumerar as estratégias para a sua reunificação; 
Professor pesquisador;
Compreender as políticas públicas e compor com os movimentos sociais;
**Educação como política pública!!!! (Grande desafio)
Romper com o efeito devastador dessa ruptura conceitual;
Adentrar uma educação transformadora é assumir a cientificidade da prática docente.
Qual é o sistema da intervenção?
?
Ficaremos buscando respostas?
Esse é o papel do método, como um lego: temos os blocos e possibilidade!
Possibilidade de superação: fatores de (in)sucesso em uma metodologia
 a ocorrência de sentimentos de ameaça à credibilidade da Educação como profissão; 
A teoria educacional não é uma ameaça ao fazer docente!
 a possibilidade de os cientistas inadvertidamente delinearem modelos conceituais distanciados da realidade das salas de aula; 
Para que isso não ocorra, podemos nos envolver no processo, e não apenas aceitar e refutar modelos.
o risco de os responsáveis pela formulação de políticas públicas passarem a defender práticas educacionais que se mostram ineficazes na atualidade.
Aqui é um grande desafio a desbravar, não temos um projeto educacional para o país, temos programas partidários. Logo, muitas políticas públicas apresentam-se como excludentes.
Propostas de superação: reunificação dos conceitos teoria e prática educacional
a formação profissional do professor-pesquisador; 
a participação do pesquisador no cotidiano da escola;
o trabalho colaborativo entre o pesquisador acadêmico e o professor da sala de aula. 
Por fim, a autora apresentará dois programas educacionais norte-americanos que, com sucesso, conseguiram associar a pesquisa acadêmica à prática escolar, tendo como suporte um modelo desenvolvimentista de trabalho.
Retomando a pesquisa revolucionária: etapas da pesquisa nas ciências...
Os critérios para a elaboração e implementação de práticas profissionais em profissões como a medicina ou a engenharia são primariamente alicerçados em conhecimentos científicos especializados e formalizados e, de forma secundária, a partir do conhecimento tácito.
Com o propósito de solucionar problemas concretos (intervenção na realidade), esse conhecimento profissional é transformado em práticas que são modeladas e adaptadas por profissionais da área, agências governamentais, gestores, e consumidores.
Diante de novas evidências empíricas, essas mesmas práticas passam a ser (re)avaliadas e, quando consideradas menos eficientes, são substituídas por práticas mais eficazes.
Não há sentido em ser perito em máquina de escrever! Miremos em soluções para problemas reais.
No entanto, na educação...
Procedimentos pedagógicos ineficazes têm sido reinventados, recebido nomes populares e reintroduzidos nas escolas com o passar dos anos. Algumas vezes, nós professores, nem notamos que são os mesmos métodos com outro nome: “Vamos abolir a cartilha, teremos agora as sequências didáticas (procedimento encadeado passo a passo)
Em geral, essas práticas são definidas a partir de negociações entre os profissionais da Educação, gestores e os responsáveis pela formulação de políticas públicas, desconsiderando assim o conhecimento científico e os problemas reais.
Então temos que fazer uma primeira pergunta: o que está posto é uma política social partidária ou um estudo científico revolucionário? Para que não recusemos a teoria no fazer.
Exemplo: método fônico x métodos ideovisuais
Na década de 1970 (pensar nas condições materiais e condicionantes sociais), nos Estados Unidos, os resultados de pesquisa referentes ao Projeto Follow Through, por exemplo, comprovaram empiricamente que o método fônico de leitura produzia resultados superiores a outras oito abordagens de ensino, inclusive métodos ideovisuais de orientação construtivista.
Foi realizado um estudo que envolveu 79 mil crianças provenientes de 180 comunidades nos EUA, no entanto, as escolas americanas de hoje continuam utilizando procedimentos de ensino anteriormente considerados menos eficazes.
Não vamos fazer análises apressadas, para leitura da realidade precisamos dos dados de hoje: citar Diane Ravitch!
Método fônico
No método fônico, há um ciclo de alfabetização muito bem definido. Apesar das inúmeras maneiras de desenvolver o caráter significativo da aprendizagem dos alunos, existe uma estratégia para garantir que a alfabetização seja bem-sucedida: cada letra é aprendida como um fonema, ou seja, um som, que, ao ser associado a outras letras, formam sílabas e, dando sequência ao andamento, palavras.
Exemplo: mala, fala, vala, sala, cala (nesse caso, os fonemas são respectivamente: m, f, v, s e c).
OBS: O método fônico deve ser trabalhado de forma contextualizada, ou seja, o ensino dos sons e de seus respectivos grafemas.
Métodos ideovisuais ou método de contos
Foco no desenvolvimento dos centros de interesse, a criança passava por três grandes fases de pensamento: 
1ª) observação; 
2ª) associação;
3ª) expressão.
Em todas essas fases, a linguagem ocupa um lugar especial.
Decroly entendia a leitura como inseparável das atividades de expressão, de observação e de criação. Em colaboração com uma professora primária, experimentou um método de leitura que punha em jogo o que chamava “função de globalização”. Essa função, que explicava a capacidade da criança de captar as formas globalmente, justificaria começar a aprendizagem por frases (unidades de sentido) em lugar de letras (elementos gráficos isolados sem significação).
ATENÇÃO!!!!!!!!!!!!!
Mais do que essa descrição, precisamos compreender porque esse comportamento existe, assim superá-lo. Não é uma escolha deliberada por um método é adequação para a realidade que nos encontramos – não precisamos de bandeiras na educação: “Eu sou escolanovista!” ou “Eu sou construtivista!”
Precisamos de educadores (as)!
Estamos aqui frente ao comportamento meritocrático e excludente da educação, embasado nas experiências exitosas. Esse comportamento se repete no Brasil.
E o que a autora coloca como análise científica é: “refletir desde concepções epistemológicas DÍSPARES sobre a Educação como profissão, até a forma pela qual o conhecimento científico é DIFUNDIDO (essa difusão precisa ser entendida) nos cursos de magistério.” 
Reconceitualizando a relação entre pesquisadores e professores
Na literatura educacional, pelo menos dois modelos direcionados para aplicação do conhecimento são proeminentes: o modelo linear e o modelo pragmático:
Modelo linear: a comunidade científica desenvolve e valida inovações educacionais e os professores aplicam-nas de forma passiva. Nessa perspectiva, os pesquisadores são percebidos como entidades que fornecem soluções prontas, visto que os professores são considerados meros consumidores “de um produto acabado”. 
*** Nessa abordagem, as teorias e pesquisas vigentes determinam a maneira pela qual os problemas são estruturados!
***Ainda nessa abordagem, encontra-se a ideia de que o saber produzido proveniente de princípios derivados de pesquisas seja a única forma de conhecimento que o professor deva possuir e aplicar.
O modelo pragmático
O modelo pragmático, por outro lado, sugere que o conhecimento que EMANA DA PRÁTICA pode ser considerado funcional e válido, independentemente de pesquisas e teorias formais (Empirismo)
Esse tipo de conhecimento, a que Shulman intitula axioma do professor (postulado, uma sentença ou proposição que não é provada ou demonstrada e é considerada como óbvia ou como um consenso inicial necessário para a construção ou aceitação de uma teoria); 
Para Schön denomina conhecer-na-ação, se refere a práticas que jamais foram validadas por pesquisas empíricas, mas são utilizadas, com sucesso, por professores em sala de aula;(“se não pressionar, ninguém faz nada!”)
Defensores da abordagem pragmática buscam neutralizar o predomínio da racionalidade técnica no trabalho do professor e criticam as generalizações e validações descontextualizadas dos estudos realizados em ambientes artificiais.
Continuação...
No modelo pragmático, o professor é percebido como produtor e implementador de práticas educacionais que funcionam, enquanto a comunidade científica é caracterizada como produtora de estratégias que, em geral, são passíveis de aplicação apenas em ambientes rigorosamente controlados.
*** O método revela a prática política!!!!
*** A centralização do trabalho na própria experiência individual e imediata do professor restringe a perspectiva de melhoria de ensino e afeta a transformação da escola em um sentido mais amplo.
Como o professor percebe e
insere a atividade de pesquisa
na escola
Os dados de pesquisa encontrados na literatura ainda sugerem que o professor tende a priorizar estratégias de ensino condizentes com suas crenças pessoais. Tais crenças formam um sistema autoperpetuador que não é facilmente modificado, mesmo diante de evidências derivadas de pesquisas empíricas.
Assim sendo, a implementação de uma nova estratégia de ensino que radicalmente difira daquilo que o professor está acostumado a fazer e que não seja condizente com sua história pessoal torna-se altamente improvável.
*** Modificar o comportamento do professor implica, portanto, que o pesquisador considere as crenças subjacentes à sua conduta!!!
Olha o que estamos buscando aqui...
A literatura científica tem sugerido que professores expostos a cursos e práticas de pesquisa em programas de formação ou aperfeiçoamento de professores tendem a apresentar uma atitude mais positiva a respeito da realização de pesquisas em sala de aula
Associando a atividade de
pesquisa à prática pedagógica
O gap (descompasso) existente entre a pesquisa educacional e a prática da sala de aula pode ser diminuído quando o professor torna-se pesquisador de sua prática e o pesquisador participante do cotidiano escolar.
A dissociação entre a pesquisa acadêmica e a prática profissional está relacionada às questões epistemológicas ( conhecimento científico e senso comum) da Educação como profissão, aos modelos conceituais divergentes sobre a relevância do conhecimento tácito e científico, assim como às formas como a pesquisa científica é difundida nos cursos de formação de professores.
Por fim,
A formação profissional do professor-pesquisador favorece, em última instância, a proliferação de práticas pedagógicas eficazes. Ou, como estudamos, sair das sombras e adentrar a pesquisa REVOLUCIONÁRIA!
Como profissional crítico, esse professor torna-se apto a comparar métodos de ensino, refutar teorias e produzir novos conhecimentos. Interferindo assim no meio, o que preconizamos como EMANCIPAÇÃO!
Obrigado
Reconceituar: dar novos conceitos, desinstalar, devir...

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