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DIREITO TRIBUTÁRIO APLICADO
UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO AO DIREITO 
TRIBUTÁRIO APLICADO
Autoria: Paulo Roberto de Souza Junior - Revisão técnica: Larissa Gonçalves
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Introdução
Olá, caro (a), estudante. A partir de agora, na Unidade 01, vamos estudar os conceitos fundamentais do Direito
Tributário e do tributo e suas espécies, assim como quem pode institui-las e, após, recolhê-las.
Assim, no primeiro momento, vamos nos situar sobre qual é a função do Direito Tributário: função, objeto e a
conexão com os demais ramos do Direito. Este ramo do Direito analisa e põe freios ao poder de tributar do
Estado, definindo regras e momentos do nascimento da relação jurídica tributária, quem são seus elementos e
modalidades de extinção.
As receitas são divididas em originárias e derivadas. Mas qual é a diferença entre elas e onde os tributos se
encontram? Esse será outro ponto a ser apresentado e analisado no decorrer do nosso conteúdo.
Em relação aos tributos, analisaremos a sua importância em sociedade, ou seja, sua função social, seus
elementos, classificação e espécies. Dentro dessas espécies tributárias, verificaremos a quantidade delas, assim
como o debate entre os autores de quantas seriam. Após este momento, o CTN – Código Tributário Nacional e a
CF/88 – Constituição Federal de 1988, em relação à quantidade de tributos mencionados e qual é a previsão
legal e constitucional de cada espécie tributária. Estudaremos, logo em seguida, o conceito de cada uma, suas
diferenças, importância e funções em sociedade.
Entenderemos, caro (a), estudante, no último item da Unidade, quem poderá exercer a competência para
instituir esses tributos e realizar sua arrecadação, isto é, a diferença entre competência (e suas características) e
capacidade tributária.
Bons estudos!
1.1 A evolução do Direito Tributário e suas relações com as 
demais disciplinas do Curso de Direito
O Direito Tributário possui a função de delimitar o poder do Estado em tributar, definindo uma relação jurídica
tributária, que abrange direitos e deveres entre o Fisco e o contribuinte.
Esses direitos e deveres visam o pagamento do tributo e sua fiscalização e cobrança, além de coibir os abusos
por parte do Estado durante o exercício dessa arrecadação de receitas.
1.1.1 O objeto do Direito Tributário
O objeto do Direito Tributário é garantir a fiscalização, cobrança e pagamento do tributo. Além disso, é coibir os
abusos por parte do Estado durante o exercício dessa arrecadação de receitas. Nesse caminho, é o entendimento:
Direito Tributário é a disciplina jurídica dos tributos, com o que se abrange todo o conjunto de
princípios e normas reguladoras da criação, fiscalização e arrecadação das prestações de natureza
tributária. (AMARO, 2017, p. 24)
A referida relação entre o Estado ou a administração fazendária (Fisco), que possui a função de arrecadar os
tributos, e as pessoas naturais e jurídica (que irão pagá-lo), possui em seus vértices visões diferenciadas, já que
tais pessoas buscam minimizar as situações para que não sejam tributadas, através dos meios permitidos
legalmente, pois que havendo sonegação, estas estarão praticando um ilícito penal.
O Fisco terá que determinar a instituição do tributo, ou seja, criá-lo através de lei; fiscalizar ou vigiar o
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O Fisco terá que determinar a instituição do tributo, ou seja, criá-lo através de lei; fiscalizar ou vigiar o
contribuinte ou seu responsável no cumprimento da obrigação tributária; e, proceder sua arrecadação, que será
realizada mediante o pagamento do tributo e seu ingresso dos valores no erário público, por meio de normas
ditadas pelo Direito Financeiro (AMARO, 2019).
1.1.2 A norma jurídica tributária
O Direito Tributário positivo é o ramo didaticamente do Direito. Ele é integrado pelo conjunto das proposições
jurídico-normativas que correspondam, direta ou indiretamente, à instituição, arrecadação e fiscalização de
tributos (CARVALHO, 2019).
Assim sendo, cumpre a norma jurídica tributária, nos esclarece sobre o objeto da prestação tributária, suas
propostas declarativas sobre o comando normativo a ser tratado e seu conteúdo.
Essa norma jurídica tributária traduz o que o texto do Direito Tributário positivo quer nos apresentar, ou seja,
demonstra o que estamos sentindo da leitura sobre ele, através de juízos que são expressados como proposições,
as quais nascem como enunciados de uma determinada questão (CARVALHO, 2019).
1.1.3 A conexão do Direito Tributário com os demais ramos do Direito
Antes de observarmos os principais direitos em espécie e sua relação com Direito Tributário, teremos de
analisar a influência dos dois grandes ramos do Direito: Direito Privado e Direito Público. O primeiro, o Direito
Privado, é pouco sensível ao Direito Tributário. Já o segundo, o Direito Público, relaciona-se de forma contrária,
devido a ser o “guarda-chuva” do referido Direito.
1.1.4 O Direito Privado e o Direito Tributário
Chamamos a atenção para os direitos Empresarial e Civil – não que os demais não se relacionam ao Direito
Tributário – pois esses dois terão um laço maior.
A relação com esses Direitos é mais densa, devido, por exemplo, aos tipos societários existentes que deverão
cumprir as determinações, em relação aos tributos inerentes a eles; suas personalidades jurídicas; e, as
propriedades que possuem. Não podendo esquecer dos bens das pessoas naturais e o pagamento dos tributos
sobre estes (CARVALHO, 2019).
1.1.5 O Direito Público e o Direito Tributário
Há uma relação diferenciada com cada Direito que pertence ao Direito Público. Veja a seguir.
Direito Constitucional
Que apresenta os princípios e as espécies tributárias.
Direito Financeiro
Que faz a gestão financeira e alocação dos recursos públicos captados através das receitas tributárias, que são
receitas derivadas.
Direito Administrativo
Que busca recursos para a realização de políticas públicas.
Direito Ambiental
Que utiliza do Direito Tributário para que pessoas, naturais ou jurídicas, possam respeitar a natureza que os
cercam.
Direito Internacional
Que avalia quando há bitributação internacional, por exemplo.
Direito Penal
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Direito Penal
Que se transforma em Direito Penal Tributário, punindo pessoas por seus atos que a lei tributária.
1.2 Tributos: conceito, elementos, classificação e sua 
função em sociedade
O tributo nasceu e acompanhou a evolução do homem em sociedade, onde as pessoas detentoras de poder e os
políticos necessitam de recursos para atuação em liderados.
Desde a Antiguidade, há notícias de cobranças de impostos, às vezes, de forma excessiva e por pessoas sem
caráter para tanto, chegando até no confisco de propriedades para o rei.
Durante a Idade Média nos deparamos com os camponeses, chamados de servos, que eram obrigados a pagar
tributos aos senhores feudais.
No período de 1453 a 1789, chamada de Idade Moderna, os feudos foram transformados em reinos, os quais se
uniram formando os Estados Nacionais, sendo que os tributos eram a maior fonte de receita para manutenção
destes feudos e se constituíam como requisitos de soberania. (AMARO, 2017).
Com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em 1789, advinda da Revolução Francesa, que teve
como lema a “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, iniciou-se a Idade Contemporânea, onde era visível a
desigualdade social (AMARO, 2017).
No século XVIII, os impostos eram cobrados para custear os gastos públicos dos reis, e, por isso, não tendo como
função a eliminação das desigualdades sociais existentes. Entretanto, há osomente em meados do século XIX, 
início dos estudos sobre a tributação aos moldes de hoje. (AMARO, 2017).
Assim, os tributos visam dois momentos; o primeiro, captar dos contribuintes, que estão na mesma situação
econômica, ou seja, possuem a mesma capacidade contributiva objetiva, recursos financeiros para aplicação nas
diversas atividades prestadas pelo Estado à sociedade e, o segundo, orientar a economia.
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Figura 1 - Os tributos também são utilizados para custear a saúde pública
Fonte: Spotmatik Ltd, Mediapool,2020.
#PraCegoVer: na foto, a cena é em um corredor de hospital ou clínica médica. Da esquerda para a direita, temos
uma senhora de cabelos brancos sentada em uma cadeira de rodas, representado ser uma paciente, próxima à
janela do ambiente. Em pé, ao lado desta senhora, segurando com as duas mãos em seu braço esquerdo, está o
médico, um homem de cabelos pretos. Ele veste uma calça de cor em tom grafite, sapato preto, camisa azul clara,
gravata preta e um jaleco branco aberto, que vai até a altura dos seus joelhos. Logo atrás, quase ao lado, estão
outras duas profissionais da saúde. A primeira, da esquerda para a direita, veste calça, sapato e camisa longa na
cor branca. No pescoço desta profissional está pendurado o estetoscópio, que é o instrumento que os
profissionais da saúde usam para ouvir os batimentos cardíacos dos pacientes. Ao lado dela, outra profissional,
de estatura mais baixa, usando calça e camisa azul, que é o seu uniforme. Ao fundo está uma porta aberta que dá
sequência ao corredor, com uma placa de sinalização verde com uma flecha e um boneco desenhados, mostrando
que o corredor segue mais adiante. O teto, a parede e o do corredor são em tons de branco.
A seguir, estudaremos o conceito e elementos do tributo. Continue lendo!
1.2.1 O tributo: conceito e elementos
O art. 3º do Código Tributário Nacional – CTN (BRASIL, ), conceitua oLei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966
tributo, ao apresentar seus elementos.
Prestação Pecuniária Compulsória
O tributo é uma prestação pecuniária prevista em lei, isto é, não é observada dentro da ilegalidade. Essa
prestação vincula a pessoa natural ou jurídica ao Estado.
A compulsoriedade é a base de sua cobrança, que é advinda do Poder de Império do Estado, onde se exige a
realização de suas prestações para custear as despesas públicas.
Deste modo, praticado o fato gerador, nasce a obrigação de pagar o tributo, a ser materializada pelo seu
lançamento.
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91647/CTN-Lei-no-5172-de-25-de-Outubro-de-1966
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Da moeda ou em valor que nela se possa exprimir
O pagamento do tributo deverá ocorrer através de moeda corrente do país, contudo, sua extinção poderá ocorrer
por outros meios legais, como por títulos da dívida pública ou por dação em pagamento de bens imóveis, em
casos excepcionais, como previsto no art. 156, XI, do CTN, acrescentado pela Lei Complementar n. 104/2001,
abrindo “a possibilidade para a dação de outros bens (títulos públicos, por exemplo) sejam utilizados para esse
fim, sempre, obviamente, na forma e condições que a lei estabelecer” (BRASIL, 1967).
A Portaria PGFN nº 32, de 08 de fevereiro de 2018, publicadaem 09/02/2018, regulamenta o procedimento de
dação em pagamento de bem imóveis para extinção de débitos, de natureza tributária, inscritos em dívida ativa
da União.
Em relação a bens móveis, o STF – Supremo Tribunal Federal, através de seu Pleno, se posicionou pela
Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 1917, sob a relatoria do Min. Ricardoprocedência da ADI - 
Lewandowski, j. 26.04.2007, DJ 24.08.2007, da Lei distrital 1624/97, que dispõe sobre o pagamento de débitos
das microempresas, das empresas de pequeno porte e das médias empresas, mediante dação em pagamento de
materiais destinados a atender a programas de governo do Distrito Federal. A ADI foi ajuizada pelo governador
do Distrito Federal, com fundamento que somente por lei federal, devido a reserva de lei federal, é que se
poderia criar a dação em pagamento por bens móveis. (BRASILNão é permitido o tributo in natura e in labore
2007).
O tributo in natura seria a troca da arrecadação tributária em moeda por bens, já o tributo in labore é relativo à
realização de serviços no lugar de valores em moeda.
Nesse caminho, também, não há extinção da obrigação tributária pela penhora do bem determinada durante
uma execução fiscal, já que havendo arrematação do bem por um terceiro interessado, o Fisco receberá em
dinheiro o valor que lhe é devido.
No mesmo sentido, não haverá extinção do crédito tributário pela adjudicação (entrega do bem), pois mesmo
acontecendo, haverá necessidade de concordância do fisco, que é o credor da dívida tributária (AMARO, 2019).
Que não constitua sanção do ato ilícito
A tributação não possui caráter de sanção, ou seja, não advém de ato ilícito. Essa tributação não pode estar
descria na hipótese de incidência prevista em lei instituidora do tributo.
Nesse caminho, por exemplo, uma indústria que realiza atividades lícitas e, em decorrência dessas polui
determinado local, para que se evite tal evento danoso ao meio ambiente, o poder público poderá aumentar as
alíquotas de um determinado tributo para inibir tal prática. A lei não pode incluir na hipótese de incidência
tributária o elemento de ilicitude (ALEXANDRE, 2017). 
É exatamente nesse ponto que reside a diferença entre tributo e multa. Apesar de ambos serem receitas
derivadas, a multa é, por definição, justamente o que o tributo, também por definição, está proibido de ser: a
sanção, a penalidade por um ato ilícito. (ALEXANDRE, 2017).
Todavia, é possível a tributação de renda auferida, com o tráfico das drogas e do jogo de azar ou de uma casa de
VOCÊ O CONHECE?
Hugo de Brito Machado é Doutor em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco UFPE,
Mestre em Direito (Direito e Desenvolvimento) pela UFC e Especialista em Direito Público pela
UFC. O Ex-Desembargador do TRF – 5º Região e Professor Titular da Faculdade de Direito da
Universidade Federal de Fortaleza, é um dos maiores no Brasil, e seus livros e decisões são
referências todos nós que estudamos e trabalhamos na área. Vale a pena você pesquisar mais
sobre o trabalho do tributarista.
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Todavia, é possível a tributação de renda auferida, com o tráfico das drogas e do jogo de azar ou de uma casa de
prostituição, devido à disponibilidade econômica ou jurídica dos rendimentos auferidos.
Instituída em lei
O tributo só poderá ser instituído em lei. Em sua maioria, será por lei ordinária, porém, há três tributos que
deverão ser instituídos por lei complementar: empréstimo compulsório (art. 148, CF); imposto sobre grandes
fortunas (art. 153, VII, CF); impostos (art. 154, I, CF) e contribuições de seguridade social (art. 195, § 4º, CF).
Há possibilidade de sua criação através de Medida Provisória.
Cobrada mediante atividade plenamente vinculada
A administração tributária engloba atividade de arrecadar, fiscalizar e exigir o cumprimento da legislação
tributária, no que couber. A lei é quem define a cobrança do tributo, tornando-o vinculado à mesma
(ALEXANDRE 2017).
Ricardo Alexandre (2017) apresenta a separação dos tributos, que poderá levar em conta a relação à hipótese de
incidência de tributos e a sua arrecadação, que pode ser vinculada ou não vinculada. Em síntese, menciona que a
atividade poderá ser ou não vinculada e os recursos arrecadados podem ou não ser utilizados, dependendo das
despesas determinadas ou quaisquer previstas no orçamento. Contudo, só o legislador pode exigir ou dispensar
a cobrança do tributo, através da alíquota zero, imunidade e isenção.
1.2.2 Classificação dos tributos
Veja como os tributos são classificados.
• Quanto à espécie
Impostos, taxas, contribuição de melhoria, empréstimo compulsório e contribuições especiais.
• Quanto à competência
Instituição de tributos.
• Quanto à vinculação do fato gerador a uma atividade estatal
Vinculada (à uma atividade estatal específica) ou não vinculada (sem destinação específica).
• Quanto à função
Fiscal, extrafiscal e parafiscal.
• Quanto à possibilidade de repercussão do encargo econômico
Tributos diretos ou indiretos.
• Quanto aos aspectos objetivos ou subjetivos da hipótese de incidência
Tributos reais ou pessoais.
Os recursos captados dos contribuintes ou seus responsáveis fazem parte da chamada receita pública derivada,
que é composta pelos tributos (pagamento determinado por uma lei que indica uma pessoa – natural ou jurídica,
como contribuinte), multas administrativas (infrações administrativas, tais como:infrações ao ordenamento
urbano) e penais (crimes e contravenções) e reparações de guerra (devida ao Estado que venceu um
determinado conflito internacional).
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1.2.3 Os tributos e o exercício da sua função em sociedade
Os tributos exercem três funções: alocativa (bens públicos); distributiva (redistribuição de renda com base na
tributação); e, estabilização (geração de empregos e estabilidade econômica). Esses são divididos, segundo 
 através de seu objetivo: fiscal, extrafiscal, parafiscal.Ricardo Alexandre (2017)
No tributo fiscal:
O tributo possui finalidade fiscal quando visa precipuamente a arrecadar, carrear recursos para os
cofres públicos. São os casos do ISS, do ICMS, do IR e de diversos outros. (ALEXANDRE, 2017, p. 115)
Já na finalidade extrafiscal:
O tributo possui finalidade extrafiscal quando objetiva fundamentalmente intervir numa situação
social ou econômica. São os casos, entre outros, dos impostos de importação e exportação, que, antes
de arrecadar, objetivam o controle do comércio internacional brasileiro, podendo, às vezes, servir de
barreira protetiva da economia nacional e outras de estímulo à importação ou exportação de
determinada espécie de bem (ALEXANDRE, 2017, p. 115)
No caso da finalidade parafiscal:
O tributo possui finalidade parafiscal quando a lei tributária nomeia sujeito ativo diverso da pessoa
que a expediu, atribuindo-lhe a disponibilidade dos recursos arrecadados para o implemento de seus
objetivos. (ALEXANDRE, 2017, p. 115).
Excetuando, todavia, os tributos de natureza fiscal, o Estado poderá utilizá-los como incentivos fiscais para a
redução das desigualdades existentes em sociedade, possibilitando, assim, um equilíbrio entre as regiões,
pautados na proteção social, regional e ambiental, e, o desenvolvimento nacional, cumprindo, portanto, sua
função em sociedade, chamada de função social.
1.3 As espécies tributárias: suas funções
A quantidade de espécies tributárias não é unânime entre os especialistas do Direito Tributário, para uns é
dicotômica, como Alfredo Augusto Becker (1972) e Alberto Xavier (1974). Aliomar Baleeiro (2018), Sacha
Calmon Navarro Coelho (2015) e Paulo de Barros Carvalho (2019) entendem que é tricotômica. Ricardo Lobo
Torres (2013), Luciano Amaro (2019), e Bernardo Ribeiro de Moraes (1996) é quadripartite. E, para José
Eduardo Soares (1997) é quinquipartite. Essa última corrente começou a ter mais adeptos devido a
VOCÊ QUER VER?
O documentário “Tributo: Origem e Destino”, produzido pela TV Câmara, discute como o Brasil
usa o dinheiro arrecadado pelos impostos e como as pessoas percebem o uso destes recursos
nas principais áreas, como educação e saúde.
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Eduardo Soares (1997) é quinquipartite. Essa última corrente começou a ter mais adeptos devido a
jurisprudência do STF – Supremo Tribunal Federal. Essas correntes têm como base a vinculação do fato gerador.
Corrente bipartite
A corrente bipartite dividiu-os em tributos vinculados a uma atividade estatal e a não vinculados, onde taxas e
impostos são exemplos, respectivamente.
Corrente tricotômica
A corrente tripartite os divide em impostos (não vinculados), taxas (vinculados) e contribuição de melhoria
(vinculada à valorização de um imóvel em decorrência de uma obra pública). Para esta os empréstimos
compulsórios e as contribuições parafiscais não são espécies , já que não possuem fato gerador próprio. Esta
corrente baseia-se nos arts. 4ª e 5ª do CTN.
Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva
obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:
I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei;
II - a destinação legal do produto da sua arrecadação.
Art. 5º Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria.
As espécies tributárias que se utilizarem de outras espécies tributárias como fato gerador serão consideradas
como tal, ou seja, se determinada contribuição parafiscal se utilizar do fato gerador de outra espécies, não será
mais contribuição e, sim, aquela espécie do fato gerador que ensejou sua cobrança, após o competente
lançamento tributário. 
Corrente quadripartite
A corrente quadripartite traz divergências durante a configuração de cada espécie. Bernardo Ribeiro de Moraes
(2007) entende que há quatro espécies como tributos: impostos, taxas, contribuição de melhoria e contribuições
parafiscais, já que o empréstimo compulsório é um imposto restituível.
Ricardo Lobo Torres (2018) discord de Moraes, por entender que, os tributos são: impostos, taxas, contribuições
especiais (contribuição de melhoria e contribuições parafiscais) e empréstimos compulsórios.
Por sua vez, Luciano Amaro (2019) salienta que os tributos são: impostos, taxas, (incluídos, nesta espécie, os de
serviço, de polícia, de utilização de via pública – pedágio – e a de melhoria – contribuição de melhoria),
contribuições parafiscais e empréstimo compulsórios.
Corrente quinquipartite
A quinquipartite inclui dentro das espécies tributarias as cinco espécies definidas pela Constituição Federal de
1988, devido às características próprias elencadas pelo referido Texto: impostos, taxas, contribuição de
melhoria, contribuição parafiscal e empréstimos compulsórios.
Os impostos, taxas e contribuições de melhoria tem como fundamento a natureza do fato gerador, e as
contribuições parafiscais e os empréstimos compulsórios se baseiam na destinação legal do produto de
arrecadação.
1.3.1 Impostos
O imposto é uma espécie tributária prevista no art. 16 do CTN, não se vinculando a uma atividade estatal
específica, como por exemplo, taxa de serviço de bombeiro, já que o imposto decorre da manifestação exclusiva
do contribuinte, como é o caso do imposto de renda, que aufere renda e proventos dos contribuintes (BALEEIRO,
2018).
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Figura 2 - O formulário do Imposto de Renda é tributo de competência federal e não vinculado, já que não há 
uma contraprestação específica
Fonte: Devrim PINAR, Mediapool, 2020.
#PraCegoVer: na foto, da esquerda para a direita, temos uma calculadora na cor cinza, com botões também em
tons de cinza, e com o número dezessete mil e oitocentos no visor. Na sequência, um óculos de grau com a
armação na cor preta. Logo abaixo, uma caneta na cor prata. Embaixo desses três objetos há uma folha de papel
branca com letras, tabelas e números que foram digitados no computador, e impressa na cor preta. Não é
possível identificar o que está escrito, pois a imagem está desfocada da escrita. Ao lado direito da folha aparece
uma xícara de cor branca, no entanto, apenas a parte inferior e o começo da alça que serve para pegá-la.
A taxa é uma espécie tributária que tem como fato gerador o exercício regular do poder de polícia ou do serviço
prestado ou posto à disposição do contribuinte. Aliomar Baleeiro (2018) conceitua como: “a contraprestação de
serviço público, ou de benefício feito, posto à disposição, ou custeado pelo Estado em favor de quem a pagou, ou
se este, por sua atividade, provocou a necessidade de criar-se aquele serviço público” (BALEEIRO, p. 1228). O
conceito desta espécie tributária está delineado no art. 77 do CTN.
A Constituição Federal, em seu art. 145, II, indicou quem poderá instituir a taxa e quais são os requisitos, sem,
contudo, se manifestar em relação à sua hipótese de incidência, em seu art. 145, II.
1.3.2 Taxa em razão da prestação de serviços públicos
Uma das de taxas de serviço público mais conhecidas é aquela destinada à cobrança pelo casamento civil.
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Figura 3 - O casamento civil é um ato formal submetido a requisitos previstos em lei
Fonte: CapturePB, Mediapool, 2020.
#PraCegoVer: imagem de duas alianças de casamento douradas iguais. Uma está com metade de sua parte em
cima da outra. O fundo da imagem é na cor branca.
Aliomar Baleeiro (2018) esclarece que os serviços públicos são prestados ou colocados à disposição do
contribuinte.
O serviço é efetivo quando ministrado ao contribuinte a qualquer título, isto é, porque lhe interessa ou porque
deva sujeitar-sea ele por sua atividade em relação a terceiros (BALEEIRO, 2018).
O serviço é potencial, quando compulsório, ao funcionar de modo efeitvo à disposição do contribuinte.
Compulsório o pagamento, não o uso. É específico, quando possa ser separado em unidades autônomas de
intervenção da autoridade ou de sua utilidade, ou de necessidade pública, que o justificou. Por exemplo: a
existência do corpo de bombeiros para o risco potencial de fogo (BALEEIRO, 2018).
O serviço é divisível, quando ele pode funcionar em condições tais que se apure a utilização individual pelo
usuário – a expedição de certidões, a concessão de porte de armas, a aferição dos pesos e medidas etc.
(BALEEIRO, 2018).
Diante disso, esse serviço é individual e mensurável, conforme posicionamento do STF. Veja a seguir.
S T F –
Vinculante
19
“A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e
tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo
145, II, da Constituição Federal”.
STF – Súmula “O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa”.
VOCÊ SABIA?
A taxa pública pelo serviço público possui dois requisitos, ou seja, ela deverá ser: divisível e
específico. O primeiro, divisível, refere-se à utilização por cada usuário separadamente, isto é,
o Estado poderá identificar o usuário; o segundo, específico, é visto em cada unidade
específica, de intervenção, utilidade ou necessidade pública.
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STF – Súmula
670
“O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa”.
Seguindo essas Súmulas, o serviço público deverá possuir natureza divisível. Assim, por exemplo, o serviço de
segurança pública deverá ser custeado pelos impostos e não pelas taxas, devido a seu caráter indivisível.
Também, não é cabível a sua cobrança quando o serviço não for disponibilizado, entretanto, se for e o usuário
não o utilizá-lo, haverá cobrança (BALEEIRO, 2018).
1.3.3 Taxa com base no poder de polícia
O poder de polícia é conceituado no art. 78 do CTN:
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão
de público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder
Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
(Redação dada pelo Ato Complementar nº 31, de 1966)
.... (BRASIL, 1966).
O fato gerador da taxa de polícia é o exercício regular do poder de polícia, ou seja, uma atividade do Poder
Público que privilegie a sociedade e seus interesses, tais como: às liberdades, à segurança, à ordem, aos
costumes, ao exercício das atividades econômicas, ao respeito à propriedade (BALEEIRO, 2018).
Figura 4 - A taxa de fiscalização de uma obra pública é uma taxa decorrente do poder de polícia
Fonte: MikeDotta, Mediapool, 2020.
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Fonte: MikeDotta, Mediapool, 2020.
#PraCegoVer: na foto, há cinco trabalhadores da construção civil conversando no meio de uma obra, onde há
ferros estruturais em pé e outros ferros que ainda foram utilizados, em cima de uma superfície. Da esquerda
para a direita, o primeiro trabalhador é um homem, que está de lado, e veste calça e camiseta nas cores em tons
de cinza, um colete na cor laranja fosforescente e um capacete na cor azul escuro. O segundo trabalhador é um
homem, ele está de costas. O homem veste camiseta na cor amarela, capacete branco, um cinto de segurança
usado em obras na cor azul e equipamentos de trabalho e segurança presos na sua cintura. A terceira pessoa é
uma mulher, que veste camiseta branca, colete na cor laranja fosforescente, uma touca na cor preta e um
capacete na cor branca. Ela está com a mão em cima de ferros da obra. Do lado desta mulher, começando a fechar
o círculo de conversa, está um homem que veste camiseta cinza, colete nas cores amarelo e azul e um capacete
azul com detalhe em branco. Este homem está apontando com o dedo para a direção da obra. O último homem,
que fecha o círculo da conversa e tem apenas uma parte do seu rosto à mostra, veste camiseta na cor amarela,
colete na cor azul, capacete na cor branco e tem preso à sua cintura os equipamentos de trabalho e segurança. Ao
fundo, desfocados da imagem central, aparecem mais cinco trabalhadores com uniformes semelhantes aos
demais.
Um exemplo dessa taxa de polícia é a autorização inicial para funcionamento de um bar em determinado
município, que será mediante o pagamento da taxa municipal de licença de localização e funcionamento do local,
desde que haja, no Município, um local que fiscaliza a existência de higiene, segurança etc. (STF, RE 222.251).
Todavia, para a renovação da licença, haveria necessidade de fiscalização (STF, RE 195.788). Decisão alterada
pelo posicionamento do STF, com voto do Eminente Rel. Min. Marco Aurélio, em RE, na 1ª Turma do STF: Não há
invocar o argumento no sentido de que a taxa de corrente do poder de polícia fica “restrita aos contribuintes
” (STF. 1ª T. AG.REG. NO RECURSOcujos estabelecimentos tivessem sido efetivamente visitados pela fiscalização
EXTRAORDINÁRIO 682.168 MINAS GERAISRELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO. j. 03 de setembro de 2013). Grifos
nossos.
1.3.4 A base de cálculo das taxas
A Constituição Federal, em seu art. 145, § 2º (BRASIL, 1988) proíbe que as taxas tenham a mesma base de
cálculo dos impostos. O CTN, em art. 77, § único, proíbe que as taxas tenham a mesma base de cálculo e fato
gerador dos impostos. Vejamos a Súmula 595, do STF.
STF – Súmula 595 – “É inconstitucional a taxa municipal de conservação de estradas de rodagem cuja base de
cálculo seja idêntica à do imposto territorial rural”.
Quando utilizada a base de cálculo de impostos deverá ser seguida o teor da Súmula Vinculante 29 do STF:
STF – Súmula 29 – “É constitucional a adoção no cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja
integral identidade entre uma base e outra”.
1.3.5 Diferença entre taxa e preço público (tarifa)
Muita gente não sabe, mas há diferenças entre taxa e tarifa. Você sabia? Confira a tabela a seguir e entenda
melhor.
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Tabela 1 - As diferenças entre taxa e tarifa são claras
Fonte: Elaborada pelo autor, 2020.
#PraCegoVer: na tabela, na cor azul e em tons de cinza, estão escritas as diferenças entre o regime jurídico,
receita pública, vínculo obrigacional e tipos de serviços público. Na primeira coluna estão a taxa e a tarifa do
regime jurídico. Na segunda coluna, a taxa e a tarifa da receita pública. Na terceira coluna a taxa e a tarifa do
regime jurídico. Na quarta coluna estão as taxas e a tarifa dos tipos de serviço público.
Uma tarifa (preço público) é paga pelo usuário de um serviço público. Por sua vez, essa tem natureza contratual
e é facultativa, já que só deverá ser paga por quem estiver utilizando o serviço.
De acordo com o STF- Súmula 545: os “Preços de serviços e taxas não se confundem, porque estas,
diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária,
em relação à lei que se instituiu”.
VOCÊ QUER LER?
Vamos entender a diferença entre taxa e preço público. Para isso, sugerimos que você leia a
obra de Hugo de Brito Machado “Curso de Direito Tributário - 40 ed. 2019”, que traz de
maneira clara essa diferença. Ao final desta Unidade, na bibliografia, temos as informações
completas para que você busque a obra.
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1.3.6 Contribuição de melhoria
A contribuição de melhoria é uma espécie tributária que busca retirar dos imóveis valorizados por uma obra
pública, sua valorização, ou seja, a hipótese de incidência é esta valorização. A base de cálculo é oriunda do
quantum da valorização entre um e outro momento, ou seja, o antes e o depois da obra, conforme o art. 81 do
CTN.
O STJ – Superior Tribunal de Justiça, mencionou que “a valorização presumida do imóvel não é o fato gerador da
contribuiçãode melhoria mas, tão somente, o critério de quantificação do tributo (base de cálculo), que pode ser
elidido pela prova em sentido contrário da apresentada pelo contribuinte” (AgRg no REsp 613.244/RS).
Como tributo contraprestacional que é, sua cobrança está limitada a dois momentos, o limite total, que é o valor
que o Estado gastou com a obra, e, o limite individual, que é a valorização que o imóvel obteve com a obra
pública, conforme exposto no § 1º do art. 82, CTN.
Diante disso, há necessidade de ser uma obra nova, pois recursos para obras de recapeamento serão obtidos
mediante impostos. Caso a obra traga prejuízos ao imóvel, este não indenizado.
O ente federado poderá, ao invés de instituir essa exação tributária, realizar a desapropriação por zona, aos
moldes do art. 4º do Decreto-Lei 3.365/1941, com o seu parágrafo único, incluído pela Lei 12.873/2013.
Figura 5 - A contribuição de melhoria tem como base a captação da valorização imobiliária decorrente de uma 
obra pública
Fonte: Photos SS, Mediapool, 2020.
#PraCegoVer: na foto, temos o chão de terra em primeiro plano, parte dele com a luz do sol e parte com sombra.
Ao fundo, uma ponte em construção. Dos dois lados da ponte existem algumas árvores. Na direita, um
amontoado de terra. O céu está em tons de azul claro.
A desapropriação em tela visa retirar do proprietário, antes da obra, área contígua que será valorizada com a
obra e, após o término dela, revendê-la, onde será beneficiado com a diferença do valor do bem antes e após a
obra.
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A seguir, vejamos mais sobre empréstimos compulsórios.
1.3.7 Empréstimos Compulsórios
Os requisitos dos empréstimos compulsórios estão definidos nos incisos I e II do art. 148, da Constituição
Federal de 1988. Confira!
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou
sua iminência;
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado
o disposto no art. 150, III, b.
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada
à despesa que fundamentou sua instituição.
(BRASIL, 1988)
CASO
O município onde você reside está realizando algumas obras públicas previstas no programa
de governo apresentado à sociedade, quando o atual prefeito era apenas candidato ao cargo.
Entretanto, após sua posse, o mesmo verificou que não havia caixa para tanto. Assim, buscou
parceira com o Estado, onde o município estava situado.
Havia a necessidade de construção de malha de água e esgoto em dois bairros localizados na
periferia do munícipio e um viaduto para desafogar o trânsito em bairros e no centro da
cidade. Obra orçada, parceria realizada.
Ao final, foi verificado que os imóveis tangenciados com as obras foram beneficiados, deste
modo, foi proposta a cobrança de uma espécie tributária. No entanto, abriu-se uma dúvida
sobre o que seria instituído: uma taxa de serviço ou uma contribuição de melhoria? Após a
análise de cada conceito, entendeu-se que seria uma contribuição de melhoria em função da
valorização imobiliária decorrente da obra pública. Deveria ser instituída e cobrada uma única
vez e por quem primeiro publicasse em Diário Oficial, a sua instituição, com valor, limite geral
e individual, já que a taxa só poderia ser cobrada dos moradores dos bairros onde foi realizada
a construção da tubulação de água e esgoto, mensalmente, após seu regular funcionamento.
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Figura 6 - Um evento da natureza poderá permitir a instituição e cobrança do Empréstimo Compulsório
Fonte: think4photop, Mediapool, 2020.
#PraCegoVer: na foto, uma mulher, que está de costas, caminhando, vestida com bermuda em tons de cores
vermelho e branco e uma camiseta na cor azul clara, segura um menino pendurado em suas costas. O menino,
que veste bermuda em tom cinza claro, camiseta na cor branca e chinelos na cor amarelo, está se apoiando no
pescoço da mulher. Os dois estão em uma rua que foi invadida pela água, uma enchente. A água está na altura do
joelho da mulher. Do lado direito deles, mais longe, estão outras três pessoas: uma mulher e duas crianças, que
são meninos. Os dois meninos estão brincam na água. A mulher segura os observa, ela, embaixo de um telhado.
Na foto aparecem um muro, telhados, lixeiras, uma casa na cor branca, os postes de iluminação e os fios de
energia elétrica. O céu está em tom de azul claro e com nuvens brancas.
Paulo de Barros Carvalho (2019) analisa o teor de expressão calamidade pública para concluir que:
Daí admitirmos que, por calamidade pública, se deva entender não somente as catástrofes
provocadas por agentes da natureza circundante, mas também outros eventos, de caráter
socioeconômico, que ponham em perigo o equilíbrio do organismo social, considerado em sua
totalidade. Advirta-se, porém, que do estado de calamidade pública há de decorrer a premência do
provimento de recursos para atender-se às despesas extraordinárias. (CARVALHO, 201, p.75)
São empréstimos forçados e restituíveis com arrecadação vinculada, criados pela União Federal através de lei
complementar.
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1.3.8 Contribuições Especiais
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 149, estipula três espécies de contribuições especiais: contribuições
sociais (seguridade social; outras contribuições sociais; contribuições sociais gerais); contribuições de
intervenção no domínio econômico (CIDE); contribuições de interesses de categorias profissionais ou
econômicas (corporativas). Soma-se a estas a contribuição para custeio do serviço de iluminação pública (COSIP).
Essas contribuições especiais seguem os princípios da capacidade contributiva, contraprestação e da
solidariedade entre os membros.
1.3.9 Contribuições sociais
As contribuições sociais se dividem em: contribuições para a seguridade social (financiamento da previdência
social, assistência social e saúde) e as contribuições sociais gerais (serviços sociais autônomos – SENAI/SESI,
SENAC/SESC).
O art.195 da Constituição Federal define que a União poderá instituir: novos impostos e novas contribuições
sociais de financiamento da seguridade social, através da competência residual.
Em relação às contribuições para a seguridade, podem ser instituídas pela União: sobre os empregadores ou
empresas, que podem incidir sobre a folha de pagamentos, a receita e o lucro; sobre os trabalhadores; sobre as
receitas dos concursos de prognósticos; sobre a importação de bens e serviços; e, a contribuição social residual
(ALEXANDRE, 2018).
Figura 7 - A contribuição da seguridade social serve para custear a saúde, a assistência social e a previdência 
social
Fonte: Robert Kneschke, Mediapool, 2020.
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#PraCegoVer: na foto, uma mulher, vestida com o uniforme da área da saúde na cor verde clara, está sorrindo
enquanto olha no rosto e segura a mão de uma senhora de cabelos brancos, que está sentada em uma cadeira de
rodas. A senhora, que veste uma blusa na cor azul e uma camiseta, que aparece apenas na gola da blusa, na cor
branca, está sorrindo e olhando para o rosto da mulher. Ao fundo, desfocados, aparecem uma parede branca e
uma fechadura de porta na cor preta.
As contribuições sociais seguem os princípios tributários e os da seguridade social, preservando o prazo de
cobrança e o respeito do motivo de cobrança.
As contribuições sociais gerais são destinadas a outras atuações da União na área social, como o salário-
educação (ALEXANDRE, 2018).
A contribuição interventiva do SEBRAE poderá ser estendida a empresas que não são de pequeno porte (STF,
Pleno, RE 396.266), bem como as contribuições destinadas ao INCRA poderão ser exigidas de empresas urbanas
(STF, 1ª T, AgAgAI 548.733).
Vamos observar a tabela a seguir.
Figura 8 - As contribuições sociais e de seguridade tem finalidades que favorecem a sociedade
Fonte: Elaborada pelo autor, 2020.
#PraCegoVer: na tabela, na cor azul e em tons de cinza, estão divididas as contribuições sociais e as
contribuiçõesde seguridade. Na primeira coluna estão as contribuições sociais. Na segunda coluna, estão os tipos
de contribuições de seguridade.
Na sequência do nosso conteúdo, estudaremos sobre as Contribuições de intervenção no domínio econômico
(CIDE). Você sabe de quem é a competência da CIDE? Continue lendo e descubra!
1.3.10 Contribuições de intervenção no domínio econômico – CIDE
A CIDE é de competência exclusiva da União, podendo ser instituída por lei ordinária. Sua função é intervir em
determinada situação social ou econômica.
CIDE – royalties
Onde recursos arrecadados são destinados ao desenvolvimento de tecnologia do País.
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CIDE – combustíveis
Seus recursos são destinados conforme definido pela EC nº 33/2001, onde há combinação entre os arts. 149, §
2º, II e 177, § 4º, ambos da CF/88.
CIDE – nas operações de importação
Deve ser observada através da EC nº 42/2003.
1.3.11 Contribuições de interesse das categorias profissionais ou 
econômicas – contribuições corporativas
É uma subespécie tributária que tem como finalidade o financiamento das atividades de interesses de
instituições representativas ou fiscalizatórias de categoria corporativa profissional ou econômica, sendo de
competência da União.
1.3.12 Contribuição sindical
A Constituição Federal, em seu art. 8, IV (BRASIL, 1988) apresenta dois tipos de contribuições:
Art. 8º
....
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será
descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva,
independentemente da contribuição prevista em lei. BRASIL, 1988).(
Segundo o , com a Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017, queDecreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943
aprova a Consolidação das Leis do Trabalho, há necessidade de autorização dos participantes ser quitada a
contribuição sindical:
Art. 579. O desconto da contribuição sindical está condicionado à autorização prévia e expressa dos
que participarem de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão
liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou, inexistindo este,
na conformidade do disposto no art. 591 desta Consolidação. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de
 (BRASIL, 1943).2017)
Assim, a contribuição sindical, desde 2017, só será exigida mediante autorização prévia, voluntária, individual e
expressa (por escrito) pelo empregado.
Em relação à contribuição confederativa, vejamos:
• STF - Súmula vinculante 40: a contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da CF só é exigível 
dos filiados ao sindicato respectivo.
1.3.13 Contribuições corporativas para o custeio das entidades de 
fiscalização do exercício de profissões regulamentadas
São contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas (RE 138.284/CE) que visam recursos
exclusivamente para atividades corporativas com finalidade de fiscalizar a profissão, e à representação dos
profissionais inscritos, como, a OAB e o CREA. São autarquias corporativas e, por isso, são devidas a elas, por
seus membros, as contribuições corporativas.
•
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEL%205.452-1943?OpenDocument
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm
- -21
seus membros, as contribuições corporativas.
1.3.14 Contribuição de iluminação pública – COSIP
A COSIP está definida no art. 149-A da Constituição Federal, sendo a competência para sua instituição e cobrança
destinada aos Munícipios e ao Distrito Federal. Importantes passos destinados a explicação de sua cobrança
foram destacados na Ementa do RE 573675-SC (Decisão pela existência de repercussão geral, RE 573675 RG/SC
- STF, Pleno, meio eletrônico. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 20/03/2008) sobre seus contribuintes, alíquota
e sua progressividade e seu caráter . Vejamos:sui generis
I- Lei que restringe os contribuintes da COSIP aos consumidores de energia elétrica do município não
ofende o princípio da isonomia, ante a impossibilidade de se identificar e tributar todos os
beneficiários do serviço de iluminação pública.
II- A progressividade da alíquota, que resulta do rateio do custo da iluminação pública entre os
consumidores de energia elétrica, não afronta o princípio da capacidade contributiva.
III - Tributo de caráter sui generis, que não se confunde com um imposto, porque sua receita se
destina a finalidade específica, nem com uma taxa, por não exigir a contraprestação individualizada
de um serviço ao contribuinte.
... (STF, O Tribunal, por maioria. RE 573675-SC, Min. Ricardo Lewandowski. DJE 22/05/2009).
1.4 Competência Tributária: classificação, entes federados, 
imposição e papel econômico
A competência é uma “faculdade” reconhecida pela Constituição Federal a um ente federado para instituição de
determinados tributos, já que o Texto Constitucional não os institui. Esta competência é indelegável, segundo os
arts. 7º (expressa) e 8º (tácita) do CTN (BRASIL, 1966), além de ser, intransferível, inalterável e irrenunciável.
Vejamos o quadro elaborado com base na diferença entre competência e capacidade tributária ativa.
Tabela 2 - Competência e capacidade se diferem no campo dos tributos
Fonte: Elaborada pelo autor, 2020.
#PraCegoVer: na tabela, na cor azul e em tons de cinza, estão divididas a competência tributária e a capacidade
tributária ativa. Na primeira coluna estão quatro atribuições da competência tributária. Na segunda coluna, à
direta, estão quatro atribuições da capacidade tributária ativa.
A competência para instituir o tributo é diversa da competência para legislar sobre normas gerais do direito
tributário, a qual pertence à União, conforme delineado no art. 146, III, a, da CF/88. Um exemplo é o Imposto
Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, que deverá ser
instituído com base na Lei Complementar Federal nº 116/03.
- -22
1.4.1 Os entes federados e a repartição de receitas tributárias
A repartição leva em conta o desenho do Sistema Tributário brasileiro, já que na maior parte os tributos estão a
cargo da União Federal. Busca-se, assim, a justificativa fiscal e igualdades entre contribuintes e seus responsáveis
tributários.
1.4.2 Classificação das competências tributárias: privativa, comum, 
cumulativa e residual
A competência poderá variar dependendo da espécie tributária, ou seja, se é vinculada a uma atividade estatal ou
não.
Há competência concorrente entre União e Estados, por exemplo, em relação ao Imposto sobre a Propriedade de
Veículos Automotores – IPVA, onde as normas gerais são de competência da União, e, na falta destas normas, a
competência será outorgada aos Estados e ao Distrito Federal, segundo os § 1º ao 4º, do art. 24 da Constituição
Federal (BRASIL, 1988).
1.4.3 Competência privativa dos entes federados
A Constituição Federal definiu uma gama de tributos destinada aos entes federados, ou seja, somente estes
poderão instituí-los, já que neste rol estão as competências privativas. Como exemplo, podemos citar os
empréstimos compulsórios, previstos no art. 148 (BRASIL, 1988).
1.4.4 Competência cumulativa
Baseada no art. 147, da Constituição Federal (BRASIL, 1966), a competência cumulativa trata-se de impostos nos
Territórios Federais, caso venham a ser criados, e no Distrito Federal (art. 153 e 156, CF/88).
1.4.5 Competência residual da União Federal
A União, através da competência residual, também chamada de remanescente, exposta no art. 154, II da
Constituição Federal, poderá mediante lei complementar instituir impostos não previstos em seu rol de
competência, desde que não-cumulativos e que não tenham o fato gerador ou a base de cálculo próprios dos
discriminados nesta Constituição (BRASIL, 1988).
1.4.6 Competência comum
A competência comum é aquela exercida por todos os entes federados dentro de suas atribuições, como
acontece, nas taxas de serviço públicoe nas contribuições de melhoria, onde qualquer um dos entes poderá
institui-lo, desde que o serviço ou a obra tenha sido por este, art. 145 I e II, CF/88 (BRASIL, 1988).
1.4.7 Competência extraordinária
A competência que a União possui para instituir novos impostos, não relacionados na Constituição Federal, em
caso de guerra externa ou sua iminência, por lei ordinária, nos termos do art. 154, II, da CF (BRASIL, 1988).
- -23
1.4.8 Bitributação e bis in idem
Um imposto extraordinário de competência da União, que possui a característica de temporalidade, poderá ser
instituído, desde que respeite os requisitos para tanto, utilizando os impostos sob competência de outro ente
federado, o que neste caso seria hipótese de bitributação, ou, impostos de sua própria competência, que seria bis
.in idem
Conclusão
Chegamos ao final desta unidade. Agora, você tem elementos para compreender os conceitos fundamentais do
Direito Tributário e do tributo e suas espécies. Do mesmo modo, sabe quem é que pode instituir e, em seguida,
recolher os tributos. Além disso, você já possui conhecimento para entender a conexão do Direito Tributário com
os demais ramos do Direito.
Estudamos, juntos, a importância dos tributos para a sociedade, sua função social e a quem cabe fiscalizar a
aplicação dos recursos. Identificamos ainda a diferença entre competência e capacidade tributária.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• entender a função do Direito Tributário em sociedade, que é organizar e retirar o poder de tributar do 
Estado com efeito de confisco, definindo regras para tanto;
• discutir o conceito de tributos, entendendo que os elementos que compõem o tributo são 
eminentemente arrecadadores, onde se capta recursos para correção de desigualdades socioeconômicas;
• avaliar as espécies tributárias, seus conceitos, características e diferenças;
• analisar os conceitos de competência tributária e capacidade tributária, elementos e diferenças.
Bibliografia
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AMARO, L. . . ed. São Paulo: Saraiva, .Direito tributário brasileiro
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BALEEIRO , A. / Aliomar Baleeiro, Misabel Abreu Machado Derzi. 14. ed., rev.Direito tributário brasileiro
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BECKER, A. A. . São Paulo: Saraiva, 1972.Teoria Geral do Direito Tributário
CARVALHO, P. de B. . 30. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.Curso de direito tributário
COÊLHO, S. C. N. . 14. ed. São Curso de Direito Tributário Brasileiro
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MACHADO, H. de B. . . ed. São Paulo: Malheiros,Curso de direito tributário
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http://www.stf.jus.br/portal/cms/vernoticiadetalhe.asp?idconteudo=69769
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XAVIER, A. . v. 1, Lisboa, 1974.Manual do direito fiscal
	Introdução
	1.1 A evolução do Direito Tributário e suas relações com as demais disciplinas do Curso de Direito
	1.1.1 O objeto do Direito Tributário
	1.1.2 A norma jurídica tributária
	1.1.3 A conexão do Direito Tributário com os demais ramos do Direito
	1.1.4 O Direito Privado e o Direito Tributário
	1.1.5 O Direito Público e o Direito Tributário
	1.2 Tributos: conceito, elementos, classificação e sua função em sociedade
	1.2.1 O tributo: conceito e elementos
	1.2.2 Classificação dos tributos
	Quanto à espécie
	Quanto à competência
	Quanto à vinculação do fato gerador a uma atividade estatal
	Quanto à função
	Quanto à possibilidade de repercussão do encargo econômico
	Quanto aos aspectos objetivos ou subjetivos da hipótese de incidência
	1.2.3 Os tributos e o exercício da sua função em sociedade
	1.3 As espécies tributárias: suas funções
	1.3.1 Impostos
	1.3.2 Taxa em razão da prestação de serviços públicos
	1.3.3 Taxa com base no poder de polícia
	1.3.4 A base de cálculo das taxas
	1.3.5 Diferença entre taxa e preço público (tarifa)
	1.3.6 Contribuição de melhoria
	1.3.7 Empréstimos Compulsórios
	1.3.8 Contribuições Especiais
	1.3.9 Contribuições sociais
	1.3.10 Contribuições de intervenção no domínio econômico – CIDE
	1.3.11 Contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas – contribuições corporativas
	1.3.12 Contribuição sindical
	1.3.13 Contribuições corporativas para o custeio das entidades de fiscalização do exercício de profissões regulamentadas
	1.3.14 Contribuição de iluminação pública – COSIP
	1.4 Competência Tributária: classificação, entes federados, imposição e papel econômico
	1.4.1 Os entes federados e a repartição de receitas tributárias
	1.4.2 Classificação das competências tributárias: privativa, comum, cumulativa e residual
	1.4.3 Competência privativa dos entes federados
	1.4.4 Competência cumulativa
	1.4.5 Competência residual da União Federal
	1.4.6 Competência comum
	1.4.7 Competência extraordinária
	1.4.8 Bitributação e bis in idem
	Conclusão
	Bibliografia

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