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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS CURSO DE DIREITO CAROLINA PASQUALIN BATSCHAUER DIREITO TRIBUTÁRIO: PIS/PASEP – Importação e COFINS - Importação Itajaí 2007 I UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS CURSO DE DIREITO DIREITO TRIBUTÁRIO: PIS/PASEP – Importação e COFINS - Importação CAROLINA PASQUALIN BATSCHAUER Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito. Orientador: Professor Alexandre Macedo Tavares Itajaí, 2007 AOS MESTRES Ser mestre é ser instrutor e amigo, guia e companheiro, é caminhar com o aluno, passo a passo, é transmitir a estes o segredo da caminhada. Ser mestre é ser exemplo; exemplo de dedicação, de doação, de dignidade pessoal, sobretudo de amor. Meu carinho e gratidão aos mestres, que souberam, além de transmitir seus conhecimentos, transmitir-me suas experiências e apoiar-me em minhas dificuldades. AOS PAIS E IRMÃOS De vocês meus pais, recebi o presente mais precioso, a possibilidade de viver, somente por este ato eu já serei eternamente grata, mas, além disso, recebi muito amor, carinho e dedicação por anos cultivaram em mim muitos valores que me transformaram um uma mulher honesta e responsável. Como se não bastasse, abriram as portas do meu futuro quando me concederam a possibilidade de estudar. Hoje, procuro entre as palavras a que gostaria que seus corações ouvissem do meu, e dentre elas escolhi – muito obrigado por acreditarem em mim. A QUEM AMAMOS A vocês que ouviram meus desabafos, que presenciaram meu silêncio, que tantas vezes machuquei a vocês que fizeram do meu mundo, um mundo... A vocês que me acompanharam, riram, choraram, participaram, aconselharam... A vocês que sofreram pela minha própria incompreensão e insensibilidade... A vocês hoje peço desculpas e ofereço meu sorriso, pois na validade de toda minha luta, nos méritos de minhas conquistas há muito de vocês. TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo. Itajaí, 2007 Carolina Pasqualin Batschauer Graduanda PÁGINA DE APROVAÇÃO A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Carolina Pasqualin Batschauer, sob o título PIS/Pasep-importação e Cofins-importação, foi submetida em 19 de novembro de 2007, à banca examinadora composta pelos seguintes professores: Alexandre Macedo Tavares professor orientador e presidente da banca, professor Leonardo Matioda e professor João Thiago Filus membro da banca aprovada com a nota 9,5 (nove e meio). Itajaí, 2007 Prof. MSc. Alexandre Macedo Tavares Orientador e Presidente da Banca Prof. MSc. Antônio Augusto Lapa Coordenação da Monografia ROL DE CATEGORIAS ROL DE CATEGORIAS Rol de categorias que a Autora considera estratégicas à compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais. Tributos Etimologicamente, a palavra tributo origina-se do latim tributum, significando dar, conceder, atribuir imposto, contribuição. O que se entrega ao Estado em sinal de dependência, o que se presta ou rende por dever. PIS/PASEP Contribuição para o Programa de Integração Social. COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social. Contribuições Sociais As contribuições sociais constituem a fonte de financiamento do sistema de seguridade social, responsável pelos serviços prestados pelo Estado em decorrência dos direitos sociais insertos em nossa Constituição. Seguridade Social Entende-se por Seguridade Social o conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. PIS/Pasep – importação e COFINS - importação O PIS/Pasep e a Cofins incidentes sobre a importação de bens e serviços, denominados, respectivamente, Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público Incidente na Importação de Produtos Estrangeiros ou Serviços (Contribuição para o PIS/Pasep - Importação) e Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social Devida pelo Importador de Bens Estrangeiros ou Serviços do Exterior (Cofins - Importação). Valor Aduaneiro Base de cálculo de impostos alfandegários obtidos segundo o acordo de valoração aduaneira. Princípio da isonomia Isonomia é o princípio da igualdade entre cidadãos perante a lei e pela lei, independentemente da riqueza ou prestigio destes. SUMÁRIO RESUMO ............................................................................................ XI INTRODUÇÃO................................................................................... 12 CAPÍTULO 1...................................................................................... 15 ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS................................................................ 15 1.1 CONCEITO DE TRIBUTO ..............................................................................15 1.2 IDENTIFICAÇÃO DA NATUREZA JURÍDICA ESPECÍFICA DO TRIBUTO..17 1.3 CLASSIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS ......................................19 1.3.1 IMPOSTO ........................................................................................................21 1.3.1.1 Classificação econômica dos impostos ...............................................22 1.3.1.1.1 Imposto sobre o comércio exterior .........................................................22 1.3.1.1.2 Imposto sobre o patrimônio e a renda....................................................22 1.3.1.1.3 Impostos sobre a produção e a circulação econômica ..........................23 1.3.2 TAXAS ...........................................................................................................24 1.3.3 CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA ..........................................................................27 1.3.4 EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO............................................................................29 1.3.5 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS.................................................................................31 1.3.5.1 Contribuições de intervenção no domínio econômico(CIDE).............31 1.3.5.2 Contribuição de interesse de categorias profissionais ou econômicas ..............................................................................................................................32 1.3.5.3 Contribuições sociais destinadas à Seguridade Social ......................32 CAPÍTULO 2.........................................................................................................34 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS SOBRE O FATURAMENTO OU RECEITA ...........34 2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .........................................................................34 2.1.1 SEGURIDADE SOCIAL X PREVIDÊNCIA ...............................................................35 2.1.2 A ORIGEM DA SEGURIDADE SOCIAL.......................................................36 2.2 COFINS...........................................................................................................39 2.3 PIS ..................................................................................................................41 2.4 CRITÉRIOS DA REGRA DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA..............................43 2.5 ANTECEDENTE DA REGRA MATRIZ DE INCIDÊNCIA...............................45 2.5.1CRITÉRIO PESSOAL ........................................................................................45 2.5.2 CRITÉRIO QUANTITATIVO.................................................................................45 2.5.3 CRITÉRIO MATERIAL .......................................................................................46 2.5.4 CRITÉRIO ESPACIAL........................................................................................47 2.5.5 CRITÉRIO TEMPORAL ......................................................................................47 2.6 CONSEQÜENTE DA REGRA MATRIZ DE INCIDÊNCIA ..............................47 2.7 OPERAÇÃO COM IMÓVEIS ..........................................................................48 2.8 A LEI N. º 9.718/98. ........................................................................................49 2.9 A LEI N. 10.833/03 .........................................................................................53 X CAPÍTULO 3...................................................................................... 56 DO PIS/PASEP – IMPORTAÇÃO E COFINS IMPORTAÇÃO.......... 56 3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS..........................................................................56 3.2 A EMENDA CONSTITUCIONAL N. 42/04......................................................64 3.3 A NATUREZA JURÍDICA DAS NOVAS EXAÇÕES ......................................65 3.4 REGIME JURÍDICO DO PIS PASEP – IMPORTAÇÃO E COFINS – IMPORTAÇÃO NO QUE TOCA A NECESSIDADE DE SEREM INSTITUÍDOS POR LEI COMPLEMENTAR ................................................................................68 3.5 O PIS/PASEP – IMPORTAÇÃO E COFINS – IMPORTAÇÃO E O PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE ..........................................................................................69 3.6 O CONCEITO DE VALOR ADUANEIRO EM CONSONÂNCIA COM A PRESCRIÇÃO DO ART. 149 § 2, INCISO III, A, DA CRFB/1988........................71 3.7 A VIOLAÇÃO DO ART. 110 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL PELA LEI N. 10.865/04 ...................................................................................................74 3.8 A INEXIGÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES SOBRE VALORES CONSTANTES DE CONTRATOS CELEBRADOS ANTES DO INÍCIO DA VIGÊNCIA DA LEI N° 10.865/04 ..............................................................................................................76 3.9 A POSSIBILIDADE DA INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO DE 1988 ................................................................................................................78 3.10 O TRATAMENTO FISCAL ANTIISONÔMICO NA IMPORTAÇÃO ENTRE EMPRESAS TRIBUTADAS PELO LUCRO PRESUMIDO, SUJEITAS AO PIS E COFINS CUMULATIVOS, E EMPRESAS TRIBUTADAS PELO LUCRO REAL, SUJEITAS AO PIS E COFINS NÃO-CUMULATIVOS .........................................79 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................... 81 REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS........................................... 84 RESUMO Desde 1º de maio de 2004, as importações de bens, que já eram oneradas pelo Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), pelo Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e pelo Imposto de Importação, passaram a sofrer a incidência do PIS - Importação e da Cofins-Importação. Isso se deve à Constituição de 1988 que, alterada pela Emenda Constitucional nº. 42/03, trouxe a possibilidade de a União instituir contribuições sociais na importação que tivessem como base de cálculo o valor aduaneiro. A partir dessa base constitucional, a Lei nº 10.865/04 (fruto da conversão da Medida Provisória nº 164/04) instituiu a incidência do PIS e da Cofins nas importações, determinando que tais contribuições incidiriam sobre o valor aduaneiro, assim entendido aquele que servir de base para o Imposto de Importação, acrescido do ICMS no desembaraço e o valor das próprias contribuições. INTRODUÇÃO A presente Monografia tem como objetivo a análise da incidência do PIS/Pasep-importação e Cofins-importação, assim como seu alcance e efeitos jurídicos, à luz do Código Tributário Nacional, da doutrina nacional e da jurisprudência. O estudo desse tema é de extrema significância na ordem tributária atual, justificando uma pesquisa aprofundada, não somente pela sua importância prática, mas pela falta de consenso entre a doutrina e jurisprudência, no que se refere ao seu alcance e pressupostos de admissibilidade. Esta pesquisa tem como objetivos: institucional, produzir monografia para obtenção do grau de bacharel em Direito, pela Universidade do Vale do Itajaí – Univali; geral, investigar as notas peculiares do PIS/Pasep- importação e da Cofins-importação; específicos, 1) Conceituar tributos, contribuições sociais, PIS/Pasep e Cofins; 2) Analisar as contribuições sociais sobre o faturamento; e, 3) Investigar os aspectos estruturantes do tributo, no cenário jurídico nacional. Para a investigação do objeto e alcance dos objetivos propostos, adotou-se o método indutivo1, operacionalizado com as técnicas2 do referente3, da categoria4, dos conceitos operacionais5 e da pesquisa bibliográfica, 1 O método indutivo consiste em ‘pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma percepção ou conclusão geral’. [Pasold, 2001, p. 87]. 2 “Técnica é um conjunto diferenciado de informações reunidas e acionadas em forma instrumental para realizar operações intelectuais ou físicas, sob o comando de uma ou mais bases lógicas investigatórias”. [Pasold, 2001, p. 88]. 3 Referente “é a explicitação prévia do motivo, objetivo e produto desejado, delimitando o seu alcance temático e de abordagem para uma atividade intelectual, especial-mente para uma pesquisa”. [Pasold, 2001, p. 63]. 4 Categoria “é a palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou expressão de uma idéia”. [Pasold, 2001, p. 37]. 5 Conceito Operacional é a “definição para uma palavra e/ou expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias que expomos”. [Pasold, 2001, p. 51]. 13 em conjunto com as técnicas propostas por Colzani6, dividindo-se o relatório final em três capítulos. A pesquisa foi desenvolvida tendo como base os seguintes problemas: 1 A base de cálculo do PIS/Pasep-importação e Cofins- importação, em casos de alíquota ad valorem é o valor aduaneiro? 2 Qual é a natureza jurídica do PIS/Pasep-importação e Cofins-importação? 3 As contribuições para o PIS/Pasep-importação e a Cofins- importação instituídas pela Lei n. 10.865/04, veiculam um tratamento fiscal isonômico aos contribuintes? Diretamente relacionadas a cada problema formulado, foram levantadas as seguintes hipóteses: a) A base de cálculo do PIS/Pasep-importação e da Cofins- importação, é o valor aduaneiro acrescido ao valor da mercadoria, os gastos totais da transação, consoante será demonstrado; b) A natureza jurídica do PIS/Pasep-importação e da Cofins- importação é a mesma das contribuições para o PIS e a Cofins instituídas com base nos artigos 239 e 195 da Constituição de 1988, ou seja, trata-se de contribuições previdenciárias; c) A Lei n.10.865/04 veicula tratamento isonômico, vez que as alíquotas aplicadas são as mesmas aos contribuintes que se encontram em situação jurídica equivalente. 6 COLZANI, Valdir Francisco. Guia para elaboração do trabalho científico. 14 Para uma melhor abordagem das questões que norteiam o PIS/Pasep-importação e a Cofins-importação, o trabalho foi dividido em três capítulos. No primeiro capítulo tratar-se-á a respeito das espécies tributárias, com ênfase na classificação dos tributos. No segundo capítulo, discorrer-se-á acerca das Contribuições Sociais sobre o Faturamento, abordando-se a regra matriz de incidência tributária, e seus critériosno tocante ao PIS e a COFINS, assim como as Leis 10.865/04 e 9.718/98. No terceiro e último capítulo, investigar-se-á os aspectos estruturantes do PIS/Pasep-importação e a Cofins-importação no Direito Tributário Brasileiro. CAPÍTULO 1 ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS 1.1 CONCEITO DE TRIBUTO Etimologicamente, a palavra tributo origina-se do latim tributum, significando dar, conceder, atribuir imposto, contribuição. O que se entrega ao Estado em sinal de dependência, o que se presta ou rende por dever7. Originariamente a cobrança de tributos era fundamentada apenas no poder coercitivo do governo e sem correspondência a qualquer benefício para o contribuinte. A institucionalização do poder tributário passou a ser regulada, de acordo com os ditames constitucionais, apenas no final do século XVIII com o movimento constitucionalista conseqüente das Revoluções Francesa e Americana. A partir de então, assume feição de instituto jurídico denominado Direito Tributário. O Direito Tributário é, portanto, o ramo do direito público que corresponde a um conjunto de normas que estabelecem as relações jurídicas entre os contribuintes e o Estado, no que se refere à instituição, arrecadação e fiscalização dos tributos. O tributo é caracterizado como uma obrigação de dar, não decorrente de um acordo de vontades, criado por lei, na qual o contribuinte deve entregar à Fazenda Pública um valor determinado ou algo equivalente. Ensina Campos8: 7 FONTANELA, Francisco Ricieni. “Finanças Públicas” lições introdutórias destinadas aos docentes do programa de educação fiscal: Florianópolis, SEF, 2001, p.58. 8 CAMPOS, Dejalma. Dimensão Jurídica do Tributo. IN: TAVOLARO, A. T. et alii Princípios tributários no direito brasileiro e comparado – estudos jurídicos em homenagem a Gilberto de Ulhôa Canto, Rio de Janeiro: Forense, 1988, p. 183. 16 Ao tratar da dimensão jurídica do tributo, que o Estado pode, desde que, se utilize o instrumento legal, obrigar seus súditos a proverem as necessidades financeiras indispensáveis ao cumprimento de suas finalidades (interesse coletivo que lhe cabe desempenhar). Estas prestações (tributos), de acordo com o citado autor9, possuem as seguintes características: a. São devidas a um ente público; b. Encontram seu fundamento jurídico no poder soberano do Estado; c. São decretadas com a finalidade de obtenção de meios para o atendimento das necessidades financeiras do Estado. O Código Tributário Nacional (Lei nº 5172, de 25 de outubro de 1966), em seu artigo 3º, prescreve: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. Tem-se na análise de cada oração da definição constituída pelo Código Tributário que: I. A significação de tributo, enquanto prestação pecuniária compulsória dispõe da obrigação de conceder; II. A moeda, e o valor expresso nela compreendem a forma comum de pagamento do tributo em dinheiro; III. Não é relativa à sanção de ato ilícito, já que não corresponde a penalidade, como a pena pecuniária de multa (esta sim decorrente de ato ilícito); IV. A cobrança do tributo deve ser realizada mediante atos administrativos vinculados (manifestação da vontade da Administração, através de seus agentes, obedecidos aos requisitos estabelecidos em lei), não comportando, portanto, discricionariedade (conveniência e oportunidade). Além destes elementos, lembra Cassone10 que: 9 ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária. 3ª ed. São Paulo: RT, 1984, p.75. 10 CASSONE, Vittorio. Direito tributário. 16 ed. São Paulo: Atlas 2004. p.83. 17 A lei não pode estabelecer competências tributárias que não estejam previstas na CRFB/88. Ela apenas institui os tributos cujas regras-matrizes de incidências estejam: (a) expressamente previstas na CRFB/88; (b) além das que podem ser criadas, só pela União, com base na competência residual que a CRFB/88 lhe outorgou. Deste modo, tributo é uma obrigação jurídica, oriunda da lei, cujas relações entre contribuintes e Estado são estabelecidas pelas normas do Direito Tributário, no que se refere à instituição, arrecadação e fiscalização dos tributos, com fundamento jurídico no poder soberano do Estado e objetivos de atendimento das necessidades financeiras deste. 1.2 IDENTIFICAÇÃO DA NATUREZA JURÍDICA ESPECÍFICA DO TRIBUTO No exercício de sua soberania o Estado exige que os indivíduos lhe forneçam os recursos de que necessita. O tributo, portanto, surge da necessidade que o Estado possui de arrecadar recursos financeiros para o desenvolvimento de seus projetos em prol da sociedade. Conforme relata Machado 11: Para viver em sociedade, necessitou o homem de uma entidade com força superior, bastante para fazer as regras de conduta, para construir o direito positivo. Dessa necessidade nasceu o Estado, cuja noção se pressupõe conhecida de quantos iniciam o estudo do Direito Tributário. Qualquer que seja a concepção de Estado que se venha a adotar é inegável que ele desenvolve atividade financeira. Para alcançar seus objetivos precisa de recursos financeiros e desenvolve atividade para obter, gerir e aplicar tais recursos. A tributação é sem sombra de dúvida, o instrumento que se tem valido a economia capitalista para sobreviver. Sem ele não poderia o Estado realizar os seus fins sociais, a não ser que monopolizasse toda a atividade econômica. O tributo é inegavelmente a grande e talvez única arma contra a estatização da economia. 11 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 28 ed. São Paulo: Editora Malheiros, 2007, p.55 e 56. 18 Importante notar que, para a identificação da natureza jurídica do tributo, o relevante é o seu fato gerador (CTN, art. 4º), sendo de somenos importância o seu nome ou a destinação do produto de sua arrecadação: Art. 4º CTN. A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I. a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II. a destinação legal do produto da sua arrecadação. A natureza jurídica específica do tributo é identificada, portanto, com base no seu fato gerador e base de cálculo. Para atender tais necessidades, o Estado, enquanto organização política realiza a arrecadação promovida pelas normas tributárias. O interelacionamento destes tributos e as receitas geram a denominada atividade financeira do Estado. Este consenso é confirmado por Harada12 ao descrever: A atividade financeira do Estado está voltada para obter, gerir e aplicar os recursos financeiros necessários à efetivação das finalidades do Estado que, em última análise, se resumem no bem comum. Ainda segundo o autor: A finalidade destas atividades está vinculada à satisfação de três necessidades públicas básicas, inseridas na ordem jurídico-constitucional: a prestação de serviços públicos, o exercício regular do poder de polícia e a intervenção no domínio econômico. Disciplinado no Código Tributário, estabelece o que deve ser contribuído pelo cidadão e seus direitos, como o Estado pode cobrar o tributo, a forma de fiscalizar, a aplicação dos tributos, além de também ter finalidade de controle da economia. 12 HARADA, kioshi. Direito financeiro e tributário. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2003. 19 1.3 CLASSIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS Em análise isolada do art.145 da Constituição de 1988 e do art. 5° do CTN, têm-se três espécies de tributo: impostos, taxas e contribuições de melhoria: Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir osseguintes tributos: Impostos; Taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; Contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. (...). CTN - Art. 5º Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria. Muitos doutrinadores entendem que, na verdade, há outras espécies tributárias. Sustentam a existência de cinco espécies diferentes de tributos os autores Machado13, Martins14, Harada15, Martins16, dentre outros. Estes incluem aos três já citados, mais os empréstimos compulsórios e as contribuições especiais. Para Amaro17 as espécies tributárias são quatro, incluindo aos impostos, taxas e contribuições apenas os empréstimos compulsórios. Moraes18 e Torres19 compreendem uma divisão quadripartida dos tributos. Moraes defende que se incluem nos impostos os 13 MACHADO, Hugo de Brito, Curso de direito tributário. 21ª ed. São Paulo: Malheiros, 2002.p.64. 14 MARTINS, Ives Gandra da Silva. Sistema tributário na Constituição de 1988. 5. ed. São Paulo: Saraiva 1998. 15 HARADA, Kiyoshi. Direito financeiro e tributário. 10ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.p.305. 16 MARTINS, Sergio Pinto. Manual de direito tributário. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2004.p.101. 17 AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 8. ed. São Paulo: Saraiva 2002.p.80. 18 MORAES, Bernardo Ribeiro de. Compêndio de direito tributário. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1996. v. 1. p.383. 19 TORRES, Ricardo Lobo. Curso de direito financeiro e tributário. 12ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2005.p.371. 20 empréstimos compulsórios ou impostos restituíveis, taxas e contribuições de melhoria, ficando no segundo grupo as contribuições especiais. Para Torres o tributo compreende o imposto, a taxa a contribuição e o empréstimo compulsório. Já para Carvalho20 as espécies de tributos incluem o imposto, a taxa e a contribuição de melhoria e defende que o empréstimo compulsório pode assumir qualquer dessas configurações, e as contribuições ou são impostos, ou são taxas. Sousa21 e Silva22 adotam a classificação tripartite: impostos, taxas e contribuições, sendo que para Souza estão compreendidas nas contribuições todas as receitas tributárias que não fossem impostos nem taxas, e Silva classifica o empréstimo compulsório como contrato público. Para Ataliba23: A classificação de tributos pode ser dividida em vinculados e não vinculados se a hipótese de incidência do tributo for uma atuação estatal, tem-se uma taxa ou uma contribuição (tributos vinculados). Se a hipótese de incidência for um fato qualquer que não configure atuação estatal, tem-se um imposto (tributo não-vinculado). Também para Becker24 a classificação tributária pode ser apenas de duas espécies: imposto e taxa. Conquanto a distinção entre elas está nas bases de cálculo: Enquanto as taxas têm sua base de cálculo representada por um serviço estatal ou coisa estatal, os impostos encontram a respectiva base de cálculo num fato lícito qualquer, não consistente em serviço estatal ou coisa estatal. Neste contexto, verifica-se clara divisão acerca da classificação das espécies tributárias, tendo como alvo da controvérsia doutrinária 20 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.p.27. 21 SOUSA, Rubens Gomes de. Compêndio de legislação tributária. São Paulo: Resenha Tributária,1975.p.40. 22 SILVA, José Afonso. Curso de direito constitucional positivo. 19. ed. São Paulo: Malheiros,2001.p.689-690. 23 ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária. São Paulo: Malheiros, 1992.p.109 24 BECKER, Alfredo Augusto. Teoria geral do direito tributário. 3. ed. São Paulo: Lejus, 1998.p.381. 21 e jurisprudencial a classificação ou não das contribuições como tributo. Parte expressiva da doutrina do Direito Tributário indica a tendência predominante da inserção das contribuições no gênero tributos, constituindo, a partir da Constituição de 1988, uma espécie autônoma e distinta das demais. 1.3.1 Imposto O cidadão comum costuma designar por imposto toda e qualquer exigência advinda do Poder Público. Em tempos atrás até poderia ser assim. No entanto, atualmente, em termos técnicos o imposto possui um conceito mais restrito, sendo ele uma das espécies de tributos. Conforme conceitua o Código Tributário nacional: Art. 16 imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. Tavares25 ensina que: O imposto é a única espécie de tributo não vinculado existente em nosso ordenamento jurídico. Impende assinalar, em tempo, que a expressão não- vinculada com que é marcado o imposto, em nada se confunde com a qualificação da atividade administrativa em vinculada, empregada na definição legal de tributo. Dizer que o imposto é um tributo não-vinculado, significa que sua hipótese de incidência não se encontra ligada a uma atividade estatal específica relativa ao contribuinte (= ausência de contraprestação estatal). Por sua vez, quando se fala em atividade administrativa vinculada (CTN, art.3º, parte final), o que se quer ressaltar é que a cobrança de um tributo é sempre vinculada à lei (= impossibilidade de discricionarismo das autoridades administrativas nessa seara). Apenas são impostos, portanto, as exigências que independem de uma atuação estatal específica relativa ao contribuinte. Significa uma retirada de parcela da riqueza pessoal sem que, em contrapartida, haja por 22 parte do Poder Público a obrigação de prestar especificamente este ou aquele serviço, ou realizar especificamente esta ou aquela obra, relativa ao contribuinte. Diz-se que o imposto é direto, quando suportado pela própria pessoa (exemplo: IPTU, IPVA, IR, ITBI); e indireto, quando o ônus financeiro é transferido ao consumidor final (exemplos: ICMS, IPI, ISS). 1.3.1.1 Classificação econômica dos impostos Os impostos foram classificados pelo Código Tributário Nacional de acordo com a base econômica sobre a qual incidem. Com as devidas adaptações, resultante dos novos tributos criados pela CRFB/88 e da formatação e extinção de outros que já existiam, os impostos atualmente vigentes no país podem assim ser classificados: 1.3.1.1.1 Imposto sobre o comércio exterior A atual Constituição prevê dois impostos sobre esta base de incidência, ambos da competência da União: O imposto sobre importação de produtos estrangeiros; e. O imposto sobre exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados. Esses tributos não têm a finalidade arrecadatória, pois destina-se a regular o fluxo comercial do país com outros países e, visando os objetivos da política econômica, estimular a concorrência interna, produzir superávit na Balança Comercial, assegurar o abastecimento interno etc. 1.3.1.1.2 Imposto sobre o patrimônio e a renda Estes impostos tiveram a respectiva competência e o produto da arrecadação espraiada em relação aos três níveis da Federação (União, Estados-membros e Municípios). São os seguintes os impostos desta natureza: 23 Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza (arrecadados pela União, com entrega de parte da arrecadação para Estados- membros e Municípios); Imposto sobre propriedade territorial rural (arrecadação pela União, com entrega de metade da arrecadação para os Municípios); Imposto sobre grandes fortunas (de competência da União, mas ainda não instituído); Imposto sobre transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens e direitos (arrecadado pelos Estados-membros); Imposto sobre propriedade de veículos automotores (arrecadado pelos Estados-membros, com entrega de metadeda arrecadação para os Municípios); Imposto sobre transmissão por ato inter vivos (arrecadado pelos Municípios); Imposto sobre propriedade predial e territorial urbana (arrecadado pelos Municípios) 1.3.1.1.3 Impostos sobre a produção e a circulação econômica Também aqui são encontrados impostos na área de competência impositiva da União, Estados-membros e Municípios: Imposto sobre produtos industrializados (arrecadação pela União, com entrega de parte da arrecadação para Estados-membros e Municípios); Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores imobiliários (arrecadação pela União e, quando incidente sobre o ouro considerado como ativo financeiro, entregue para Estados- membros e Municípios); 24 Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (arrecadado pelos Estados-membros, com entrega de 25% da arrecadação para os Municípios); Imposto sobre serviço de qualquer natureza, não compreendido na área de incidência dos serviços especificados na alínea anterior (arrecadado pelos Municípios). 1.3.2 Taxas As taxas são tributos que exigem uma atuação estatal direta em relação ao contribuinte, concentrando matriz constitucional no art. 145, II, que dispõe: Art. 145 – A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I -... II – taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição. § 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos. Sobre as taxas, Ataliba26oferta interessantes colocações: A base de cálculo da taxa de serviços urbanos é complexa. Seu principal elemento é a área do imóvel. Isto é legítimo, perfeito, objetivo, e não contém a menor eiva de inconstitucionalidade. A base de cálculo não se confunde com a dos impostos imobiliários. Área não é valor; valor não é área. A área é uma das causas do valor. Sem mudar a área, um imóvel pode passar a valer mais ou menos; não há relação direta necessária entre área e valor. Se a área não puder ser base de cálculo de taxa, porque ela é uma das causas do valor, não poderá nenhum outro fator de valor sê-lo, também. Vale dizer: desaparecerão as taxas 25 reais que tenham imóveis, como ponto de referência, o que é um absurdo. A Constituição impõe que os serviços custeados por taxas sejam divisíveis. Ora se o serviço contempla imóvel, só é possível estabelecer o critério de divisão do seu custo levando em conta alguma característica do imóvel. O sentido da proibição constitucional de existência de taxas com base de cálculo igual à dos impostos, não é eliminar as taxas reais, mas evitar superposição de taxa e imposto, o que, no caso em estudo, não ocorreu. A área é bom critério para taxa de remoção de lixo, limpeza pública e conservação de calçamento, porque é lógico que um imóvel maior gera mais lixo, produz mais sujeira, abriga mais coisas e pessoas (produtores de lixo e de sujeira) do que um terreno pequeno. Em conseqüência do desgaste do calçamento e da intensidade da produção de lixo, sujeira e detritos, o serviço público remunerado pela taxa é menor ou maior, conforme o tamanho do terreno. O mesmo raciocínio cabe quanto à área construída (edifícios de escritório ou apartamentos, especialmente). Quanto à taxa de iluminação pública, é correto justo e lícito que também seja calculada pela área do terreno construída; deve predominar, na preocupação do legislador, o problema de justiça na repartição do seu custo. Não seria justo que prevalecesse o critério antigo da testada (frente) do terreno. Se fosse o sistema adotado, uma família que mora em casa modesta pagaria o mesmo que 100 (cem) famílias morando num terreno de igual frente, em apartamentos. As taxas dividem-se em: a) taxa de polícia, quando decorrem do exercício do poder de polícia pelo Ente estatal. O Código Tributário Nacional conceitua o exercício do poder de polícia nos seguintes termos: Art. 78 – Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder público, à tranqüilidade 26 pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Como ensina Baleeiro27 O poder de polícia é regularmente exercido quando a Administração dentro dos limites de sua competência, por exemplo, exerce censura sobre filmes, textos, diversões; controla pureza ou preço de alimentos; afere pesos e medidas; estabelece o zoneamento de atividades profissionais; restringe o abuso de ruídos e causas de incômodo; submete a inspeção de máquinas e veículos; exige licença para a abertura de estabelecimentos comerciais, industriais, profissionais, edificações, loteamento de terrenos etc. Não importa que o serviço seja de interesse geral, como a segurança pública: - se um Banco, ou um Segurador de Bancos contra assaltos e roubos, pede a permanência de um policial armado em seu recinto é legítima a cobrança de taxa para cobertura do custo respectivo, desde que decretada em lei. É racional que os comerciantes e profissionais outros paguem o custo do exercício do poder de polícia exigido pelas atividades das quais usufruem proveitos. Aí estão exemplos de poder de polícia que assume caráter proteiforme. Mas em qualquer caso, a condição de constitucionalidade resulta da competência da autoridade, que taxa, e da conexão entre essa competência, no interesse da comunidade, e a atividade do contribuinte, que a provocou. b) taxa de serviço público: prestado ou potencialmente prestado, específico e divisível, ou seja, só o serviço público específico e divisível pode figurar como fato gerador de uma taxa. Acerca das notas elementares da taxa de serviço, prescreve o CTN: Art. 79 – Os serviços públicos a que se refere o art. 77 consideram-se: I – utilizados pelo contribuinte: Efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; Potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento; 27 II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade ou necessidade pública; III – divisíveis, quando suscetíveis de utilização separadamente, por parte de cada um dos seus usuários. Explica Cassone26: Assim, para que possa exigir dessa espécie, há necessidade de o serviço público ser utilizado efetivamente pelo contribuinte, seja a que título for. Note-se que esse tipo de serviço público haverá de ter dois requisitos cumulativos: - utilização efetiva: quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade ou de necessidade pública. Exemplos: obtenho um alvará, uma certidão, um porte de arma; estou trafegando pela rodovia; - divisível: quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos usuários. Exemplos: o cidadão que precisa de um alvará, de uma certidão, de um porte de arma, de trafegar pela rodovia. Conclui-se, deste modo, que as taxas pertencem, orçamentária, tributária e financeiramente, ao Estado-membro e, por estarem vinculadas diretamente a uma ação estatal referida ao contribuinte, são cobradas das pessoas que tomam os serviços em referência como uma contraprestação. 1.3.3 Contribuição de melhoria A contribuição de melhoria é um tributo que decorre de atuação estatal indiretamente relacionada com o contribuinte. Sua cobrança é possível sempre que, em decorrência de realizaçãode obra pública, for valorizada a propriedade imobiliária. Tem por objetivo a equidade e a justiça fiscal, pois não é justo que toda uma comunidade arque com os custos de uma obra que beneficiará um número restrito e específico de pessoas. 26 CASSONE, Vittorio. Direito tributário. p. 114. 28 A contribuição de melhoria pode ser instituída e cobrada por quaisquer dos Entes tributantes, desde que, por evidente, seja realizada a obra pública que dá sustentação ao fato gerador deste tributo. Pode ocorrer, inclusive, que em relação a uma mesma obra pública esteja o contribuinte sujeito a pagar contribuição de melhoria às três esferas (União, Estados-membros e Municípios), na hipótese de ter sido realizada esta obra conjuntamente pelos três níveis estatais, cada qual utilizando-se de seus próprios recursos orçamentários. O CTN, em seus arts. 81 e 82 trazem regras gerais para este tributo: Art. 81 – A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas que decorra da valoração imobiliária, tendo como limite total à despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que dá a obra resultar para cada imóvel beneficiado. Art. 82 – A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos mínimos: Publicação prévia dos seguintes elementos; Memorial descritivo do projeto; Orçamento de custo da obra; Determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição; Delimitação da zona beneficiada; Determinação de fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nelas contidas. Fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior; 29 Regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação que se refere o inciso anterior, sem prejuízo de sua apreciação judicial. § 1º. A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere à alínea c, do inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização. §2°. Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integram o respectivo cálculo. Segundo Tavares27: A realização de obra pública que não traga valorização do imóvel do contribuinte não comporta cobrança de contribuição de melhoria, assim como qualquer valorização imobiliária que não decorra de uma obra pública (v.g, realização de benfeitoria úteis, voluptuárias ou necessárias), não serve de suporte fático de cobrança dessa espécie tributária. Eis a razão pela qual a contribuição de melhoria é considerada um tributo indireta e mediatamente vinculado a uma atuação estatal que, in casu, é a obra pública. Obra pública, como pontifica Celso Antônio Bandeira de Mello é a construção, reparação, edificação ou ampliação de um bem imóvel pertencente ou incorporado ao poder público. Vale frisar que se trata de tributo não renovável e exigível após o término da obra. 1.3.4 Empréstimo compulsório O empréstimo compulsório traz requisitos obrigatórios para sua cobrança, disciplinadas através de lei complementar, conforme dispõe a CRFB/88, em seu artigo 148: Art. 148 - A União, mediante lei complementar poderá instituir empréstimos compulsórios: 27 TAVARES, Alexandre Macedo. Fundamentos de direito tributário. p.77. 30 I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua eminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, b. Parágrafo único. A aplicação dos recursos proveniente de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. O aspecto mais relevante e diferenciador desta espécie de tributo é o de ser restituível, isto é, deve ser devolvido ao contribuinte. No entanto, também revelam a observância do princípio da capacidade contributiva e lei complementar que o estabeleça, somente podendo ser exigidos numa das hipóteses descritas nos incisos I e II do art. 148, acima citados. Toda lei criada para instituir o empréstimo compulsório deve estipular o prazo prescricional para requerer a devolução do valor emprestado, sob pena de desnaturá-lo. De acordo com Tavares28: O empréstimo compulsório só é exigível enquanto perdurar o pressuposto constitucional que ensejou sua cobrança. Desaparecendo sua causa determinante, sua exigibilidade não mais encontrará qualquer fundamento de validade. Diferentemente dos impostos, o empréstimo compulsório exsurge no sistema como um tributo indispensavelmente vinculado a uma despesa específica que lhe serve de fundamento de validade. O empréstimo compulsório é, portanto, espécie autônoma de tributo instituído para atender despesas extraordinárias, cuja diferença específica está representada na previsão legal da sua restituibilidade. Contesta, portanto, através da característica da restituição, sua irrelevância na análise da natureza jurídica enquanto forma de obtenção de recursos. 28 TAVARES, Alexandre Macedo. Fundamentos de direito tributário. p.81. 31 1.3.5 Contribuições sociais O artigo 149 da Constituição de 1988 dispõe: Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesses das categorias profissionais e econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas. A partir disto, conclui-se que as contribuições sociais caracterizam-se pela finalidade de sua instituição, e não pela destinação do produto de sua arrecadação. Define Machado29: Diante da vigente Constituição, portanto, pode-se conceituar a contribuição social como espécie de tributo com finalidade constitucionalmente definida, a saber, intervenção no domínio econômico, interesse de categorias profissionais ou econômicas e seguridade social. As contribuições sociais constituem a fonte de financiamento do sistema de seguridade social, responsável pelos serviços prestados pelo Estado em decorrência dos direitos sociais insertos em nossa Constituição. Como já visto anteriormente, as contribuições sociais, previstas na CRFB/88, subdividem-se em: (a) contribuições de intervenção no domínio econômico, (b) contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas, (c) contribuições à seguridade social. 1.3.5.1 Contribuições de intervenção no domínio econômico(CIDE) A contribuição de intervenção no domínio econômico é exigida como contraprestação à atuação estatal exercida em favor de determinado grupo ou coletividade. Só afeta os setores que tem atividade econômica delimitada, como por exemplo, adicional de contribuição ao Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA). 29 MACHADO, Hugo de Brito, Curso de direito tributário. p.430. 32 Portanto, atua a CIDE como instrumento de intervenção estatal no domínio econômico e a destinação dos recursos por ela arrecadados deverão ser aplicados no financiamento da intervenção que justificou sua instituição. 1.3.5.2 Contribuição de interesse de categorias profissionais ou econômicas Estas contribuições estão ligadas ao interesse de categorias profissionais que possuem profissões legalmente regulamentadas, destinadas a custear as atividades de organização, controle, fiscalização e disciplina do exercício profissional. Enquadram-se nesta modalidade as anuidadescobradas pelos Conselhos Federais (através dos conselhos regionais) que registram, regulam e fiscalizam o exercício de profissões regulamentadas (exemplos: advogados, engenheiros, arquitetos, dentistas etc.). No dizer de Machado30: Não se trata, é bom insistir neste ponto, de destinação de recursos arrecadados. Trata-se de vinculação da própria entidade representativa da categoria profissional, ou econômica, com o contribuinte. O sujeito ativo da relação tributária, no caso, há de ser a mencionada entidade. Também são contribuições dessa natureza aquelas cobradas sobre a folha de salários, arrecadadas pelo INSS e entregues às entidades de ensino e de serviço social de empregadores e empregados (exemplo: SESI, SENAI, SESC, SEBRAE etc.). 1.3.5.3 Contribuições sociais destinadas à Seguridade Social A Seguridade Social será financiada pela sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, Estados, Distrito Federal e dos Municípios, destinadas para 30 MACHADO, Hugo de Brito, Curso de direito tributário. p. 433. 33 custear os direitos relativos à manutenção ou auxílio da saúde, da previdência e da assistência social (CRFB/88, art. 194). No conceito de seguridade social estão compreendidas a Previdência Social, a assistência à saúde (oferecida através do sistema único de saúde) e à assistência social. A Previdência Social, portanto, ao contrário do que supõe a maioria das pessoas, não é financiada exclusivamente com recursos arrecadados dos trabalhadores e das empresas sobre a folha de pagamento. Na verdade, parte da diferença entre as receitas de contribuições arrecadados de empregados, empregadores e autônomos, e as despesas com benefícios previdenciários, é suportada mediante os recursos arrecadados com a CPMF, CSLL, PIS e COFINS. Nesse quadro, o governo vem acentuando a diversificação de suas fontes de receita na direção das novas “contribuições sociais” sobre o faturamento e o lucro, dissociadas do pagamento de benefícios diretos, tendo, portanto, inegável natureza tributária, conforme será analisado no capítulo seguinte. CAPÍTULO 2 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS SOBRE O FATURAMENTO OU RECEITA 2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS O artigo 195, I, da Constituição de 1988, prevê a incidência de contribuição social sobre o faturamento ou receita: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro31. O modelo de financiamento da Seguridade Social, no Brasil, costumava ser somente através da vinculação das empresas com programas sociais entre empresa e trabalhador, tendo como base a folha de salários. A COFINS foi instituída pela Lei Complementar n. º 70, de 30 de dezembro de 1991. A Constituição de 1988, em seu artigo 194, § 4°, prevê a ampliação da base de financiamento da seguridade com a inclusão de novas grandezas além da folha de salário, como ensina Konkel32: 31 Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1988. 35 É que a participação das empresas no financiamento com base apenas na folha de salários tem a força de premiar o segmento que opta pela substituição da mão-de-obra, em favor da automação. Para contornar esse inconveniente, a Constituição de 1988 elegeu duas grandezas como base da contribuição social: o faturamento e o lucro, deixando ainda uma porta aberta para novas contribuições, além dessas já referidas (artigo 195, § 4º). 2.1.1 Seguridade social x Previdência Entende-se por Seguridade Social o conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Seguridade Social, segundo Martins33: É um conjunto de princípios, de regras e de instituições destinado a estabelecer um sistema de proteção social aos indivíduos contra contingências que os impeçam de prover as suas necessidades pessoais básicas e de suas famílias, integrado por ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, visando assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. A Previdência Social, por sua vez, é considerada um seguro coletivo, público, compulsório, destinado a estabelecer um sistema de proteção social, mediante contribuição. Tem por objetivo proporcionar meios indispensáveis de subsistência ao segurado e a sua família, quando ocorrer certa contingência prevista em lei, a fim de amparar e assistir o cidadão e sua família em situações como a velhice, doença ou desemprego. Previdência Social para Martinez34 significa: A técnica de proteção social que visa propiciar os meios indispensáveis à subsistência da pessoa humana – quando esta não pode obtê-los ou não é socialmente desejável que os aufira pessoalmente através do trabalho, por motivo de maternidade, nascimento, incapacidade, invalidez, 32 KONKEL, Nicolau Junior. Contribuições sociais. São Paulo: Quartier Latin 2005. p. 260. 33 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social. São Paulo: Atlas, 19ª ed., 2003, p. 43. 34 MARTINEZ, Wladimir Novaes. A seguridade social na constituição de 1988. São Paulo: LTR, 2ª ed., 1992, p.99. 36 desemprego, prisão, idade avançada, tempo de serviço ou morte – mediante contribuição compulsória distinta, proveniente da sociedade e de cada um dos participantes. O art. 201 da Constituição de 1988 dispõe que a Previdência Social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados os critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, nos termos da lei, e atenderá a: I. Cobertura de eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; II. Proteção à maternidade, especialmente à gestante; III. Proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; IV. Salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; V. Pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiros e dependentes. A Constituição de 1988, em seu Título VIII, denominado de "Da Ordem Social", traz em seu Capítulo II disposições relativas à Seguridade Social, nos artigos 193 a 232, inseriu o Sistema de Seguridade Social, através da tripartição em Saúde, Assistência Social e Previdência Social, sendo mantida pela arrecadação das contribuições sociais. Neste ponto, inicia, formalmente, a utilização dos valores vertidos pela Previdência Social para o então Sistema Único descentralizado de Saúde, denominado SUS. 2.1.2 A ORIGEM DA SEGURIDADE SOCIAL A Constituição de 1937 sintetizou a matéria previdenciária. Empregava muita expressão “seguro social’, em vez de Previdência Social. A Previdência Social era disciplinada apenas em duas alíneas do artigo 137. A classe trabalhadora foi prejudicada, devido a falta de um plano de custeio da seguridade: 37 O retrocesso político acarretou prejuízos às classes trabalhadoras devido à omissão de uma norma constitucional que garantisse um plano de custeio como fonte de recursos e manutenção dos benefícios previdenciários inseridos no texto constitucional. Para agravar ainda mais a situação, a Carta autoritária de 1937, não dispôs sobre a participaçãocontributiva dos recursos provenientes da União, como gestora principal do sistema previdenciário em igualdade de condições com os demais participantes da sociedade civil (empregadores e trabalhadores), no custeio do seguro social.35 Tem-se como ponto de partida a Lei Eloy Chaves, consoante a assertiva de Stephanes36: Em termos de legislação nacional, a doutrina majoritária considera como marco inicial da Previdência Social a publicação do Decreto Legislativo nº 4.682, de 24.1.23, mas conhecido como Lei Eloy Chaves, que criou as caixas de aposentadoria e Pensões nas empresas de estradas de ferro existentes, mediante contribuições dos trabalhadores, das empresas do ramo e do Estado, assegurando a aposentadoria aos trabalhadores e pensão a seis Dependentes em caso de morte do Segurado, além de assistência médica e diminuição do custo de medicamentos. Entretanto, o regime das “caixas” era ainda pouco abrangente, e, como, era estabelecido por empresa, o numero de contribuintes foi, às vezes, insuficientes. Diante das crises do sistema previdenciário de 1930, o governo Getulio Vargas suspendeu por seis meses a concessão de qualquer aposentadoria. A partir de então, passa a estrutura, pouco a pouco, a ser reunida por categoria profissional, surgindo os IAP – Institutos de Aposentadoria e Pensões (dos Marítimos, dos Comerciários, dos Bancários, dos Empregados em Transporte de Cargas)37. Outro grande marco na evolução da Previdência foi com o Decreto nº. 20.465/31, no qual ampliava o regime para todos aqueles que 35 OLIVEIRA, Ademir de. A previdência social na carta magna: análise do direito e do antidireito das prestações previdenciárias, p.36. 36 STEPHANES, Reinhold. Reforma da previdência sem segredos. Rio de Janeiro: Record, 1998, p.94. 37 CASTRO, Carlos Alberto de LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p.50- 51. 38 trabalhavam nas empresas no qual se denominavam de “serviços públicos”, privadas ou tanto estatais. A Constituição de 1934 estabeleceu a competência para a União fixar regras de assistência social, dando também responsabilidade aos Estados-membros para cuidar da saúde e assistências públicas e fiscalização da ampliação das leis sociais. Instituiu normas de aposentadoria, inclusive compulsória aos funcionários públicos que atingissem aos 68 anos de idade; tratava da assistência médica e sanitária ao trabalhador e à gestante, assegurando a este descanso, antes e depois do parto, entre outros direitos. Castro 333888 menciona as primeiras instituições: Sendo assim, a primeira instituição de Previdência Social de âmbito nacional, com base na atividade econômica, foi o IAPM – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos, criada em 1933, pelo Decreto nº. 22.872, de 29 de junho daquele ano. Surgiram-se o IAPC – Instituto de Aposentadoria e pensões dos Comerciários – e o IAPB Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários, em 1936; o IPASE – Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado, e o IAPETC – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes de Cargas, estes em 1938. Em seguida à criação da Lei Eloy Chaves, criou-se outras Caixas em empresas de diversos ramos da atividade econômica. A década de 20 caracterizou-se pela criação das citadas caixas vinculadas às empresas e de natureza privada. Eram assegurados os benefícios de aposentadoria e pensão por morte e assistência médica. O custeio era a cargo das empresas e dos trabalhadores. O Decreto Legislativo nº. 5.109, de 20/12/1926, estendia os benefícios da Lei Eloy Chaves aos empregados portuários e marítimos. Posteriormente, em 1928, através da Lei nº. 5.485, de 30/06/1928, os empregados das empresas de serviços telegráficos e radiotelegráficos passaram a ter direito aos mesmos benefícios. 38 CASTRO, Carlos Alberto de LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 51. 39 Ao logo das décadas houve várias alterações na legislação sobre seguridade social. Com a Constituição de 1988, houve uma estruturação completa da Previdência Social, saúde e assistência social, unificando esses conceitos sob a moderna definição de “Seguridade Social”. 2.2 COFINS A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS – está prevista no artigo 195, I, da Constituição de 1988, sendo instituída pela Lei Complementar nº. 70, de 30/12/1991; até a edição da referida lei, a seguridade social era financiada por outro tributo sobre o faturamento: o FINSOCIAL. Para se reafirmar a natureza tributária da COFINS algumas questões devem ser analisadas: a lei complementar, a não-cumulatividade, e a proibição da mesma base de cálculo ou do fato gerador. Inicialmente, no tangente à lei complementar, sabe-se que esta é exigida apenas nos casos expressos na Constituição (Art. 154, I) como na criação de novos impostos de competência residual da União. Ocorre que o Supremo Tribunal Federal já decidiu, na ADC 1/DF, que a COFINS é contribuição social oriunda da competência originária da União, como prevista no art. 195, I, da Constituição de 1988. O fato da COFINS ter sido criada pela Lei Complementar nº. 70/91, não interfere em sua natureza. A lei instituidora da COFINS é formalmente complementar, mas materialmente ordinária, pois a Constituição, no art. 195, I, fala apenas em lei, não sendo exigível, portanto, lei complementar para sua disciplina. O Ministro Moreira Alves, em seu voto como relator, explana que39: 39 Ação Declaratória de Constitucionalidade nº1-1 Distrito Federal, de 1º de dezembro de 1993. pp. 123-124. 40 Sucede, porém, que a contribuição social em causa, incidente sobre o faturamento dos empregadores, é admitida expressamente pelo inciso I do artigo 195 da carta Magna, não se podendo pretender, que a Lei complementar nº 70/91 tenha criado outra fonte de renda destinada à manutenção ou a expansão da seguridade social. A circunstância de ter sido instituída por lei formalmente complementar (Lei Complementar nº. 70/91) não lhe dá, evidentemente, a natureza de contribuição social nova, sujeita ao disposto no §4º do artigo 195 da Constituição de 1988. Essa lei, portanto, em relação aos dispositivos concernentes à contribuição social por ela instituída - que são o objeto desta ação, é materialmente ordinária, por não tratar, nesse particular, de matéria reservada por texto expresso da Constituição à lei complementar. A segunda questão a ser analisada é a da cumulatividade que igualmente não poderia ser alegada na COFINS que foi instituída como cumulativa e hoje com o advento da lei 10.833/2003 passou a ser não-cumulativa. Conforme explica Konkel40: Como a incidência de dois tributos sobre a mesma base o faturamento decorre de preceito constitucional, a sua instituição poderia ter sido realizada por lei ordinária. Pode- se, portanto, afirmar que a veiculação por lei complementar não lhe confere natureza de contribuição social nova com base no artigo 195, § 4° da Constituição de 1988. Ou seja, a Lei Complementar n. ° 70/91 é materialmente ordinária, por não tratar de matéria constitucionalmente reservada à lei complementar. Como não constitui contribuição social nova, a COFINS não está sujeita aos limites fixados pelo artigo 154, I, da Constituição de 1988, sendo desnecessária a discussão relacionada a sua natureza cumulativa. Por último, no tocante a impossibilidade de convivência da COFINS com o PIS, com relação à proibição da mesma base de cálculo ou fato gerador, tem-se o pronunciamento do Ministro Moreira Alves41: 40 KONKEL, Nicolau Junior. Contribuições sociais, p. 262. 41 Ação Declaratória de Constitucionalidade nº1-1 Distrito Federal, de 1º de dezembro de 1993. pp. 123-124.41 Por fim, não se pode ver inconstitucionalidade no fato de a contribuição sob análise ter fato gerador e base de cálculo, idênticos ao do imposto de renda e do PIS. Pelo singelo motivo de que não há, na Constituição, nenhuma norma que vede a incidência dupla de imposto e contribuição sobre o mesmo fato gerador, nem que proíba tenham dois tributos à mesma base de cálculo. A existência de duas contribuições sobre o faturamento está prevista na própria Constituição de 1988, no artigo 195, I, que fundamenta a COFINS, e artigo 239, o PIS/PASEP, afastando a hipótese de Bis in idem, sendo que os tributos possuem fundamentos de validade distintos. 2.3 PIS A contribuição para o Programa de Integração Social – PIS – foi instituído com a finalidade de possibilitar a participação dos trabalhadores no desenvolvimento das empresas, promovendo a distribuição dos benefícios entre os seus empregados. O PIS é uma contribuição social, devida pelas pessoas jurídicas, com objetivo de financiar o pagamento do seguro desemprego e do abono para os trabalhadores que ganham até dois salários mínimos. O PIS foi criado pela Lei Complementar 07/70 (para beneficiar os trabalhadores), enquanto o PASEP foi criado pela Lei Complementar 08/70 (para beneficiar os funcionários públicos). O primeiro agente arrecadador do PIS foi a Caixa Econômica Federal. Inicialmente, havia 4 (quatro) modalidades de cobrança do PIS: PIS sobre Faturamento – definido posteriormente como as Receitas Brutas definidas pela legislação do Imposto de Renda; PIS sobre Prestação de Serviço – que não era considerado Faturamento, embora houvesse a duplicata de serviços; PIS Repique – que era calculado com base no imposto de renda, devido também pelos prestadores de serviço; PIS sobre folha de pagamentos – para as entidades sem fins lucrativos, mas que eram empregadoras. 42 Mais tarde o PIS passou a ser arrecadado pela Secretaria da Receita Federal e passou por várias reformas legais: em 1988, por intermédio de Decretos-lei, foi eliminado o PIS - Repique, mas em compensação passou-se a incluir no faturamento outras receitas operacionais, procurando tributar as empresas que possuíam grandes ganhos financeiros em função da hiperinflação brasileira. Essa mudança acarretou reação dos contribuintes, pois na mesma época havia sido criado o Finsocial (atual COFINS), que também tinha como base as Receitas. Além disso, o Decreto-lei não era o instrumento legislativo adequado para se legislar sobre tributos. Houve uma série de ações na Justiça que culminaram com a declaração de inconstitucionalidade da citada reforma. Após esse fato, o Governo editou medida provisória tentando continuar com a cobrança sobre as receitas operacionais, o que também gerou protestos, sob a tese de que medida provisória não poderia alterar a lei complementar de 1970. Muitas empresas voltaram a recolher o PIS sobre faturamento, PIS - serviços e o PIS - Repique, com base na LC 07/70, via ação judicial, até que fosse aprovada uma lei complementar que resolvesse a questão, dentro da nova ordem constitucional instaurada em 1988. São contribuintes do PIS as pessoas jurídicas de direito privado e as equiparadas pela legislação do Imposto de Renda, inclusive empresas prestadoras de serviços, empresas públicas e sociedades de economia mista e suas subsidiárias. São excluídas deste regime as microempresas e as empresas de pequeno porte, já que ficam submetidas ao Simples Federal (Lei 9.317/96) e, a partir de 01.07.2007, ao Simples Nacional (LC 123/2007). A partir de 01.02.1999, com a edição da Lei 9.718/98, a base de cálculo da contribuição foi alterada para a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. 43 2.4 CRITÉRIOS DA REGRA DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA A regra matriz de incidência é composta por um antecedente formado pelos critérios material, espacial e temporal e, por um conseqüente, composto pelos critérios pessoal e quantitativo. Os critérios presentes no antecedente são formados por classes que indicam as notas que um acontecimento precisa ter para ser considerado fato jurídico tributário ("fato gerador"). No conseqüente, os critérios são formados por classes que indicam os elementos que uma relação deve ter para ser considerada como relação jurídica tributária. Portanto, a regra-matriz de incidência tributária é a norma jurídica tributária em sentido estrito, sendo as demais normas jurídicas determinadoras de condutas chamadas acessórias, cuja finalidade é a de instrumentalizar o como prestar ou não a obrigação. Por fim, acerca do tema foi editado pela Secretaria da Receita Federal o Ato Declaratório Executivo 17/04 (publicado no D.O. U de 30/04/2004, republicado em 10/05/2004). Há dois tipos de normas jurídicas no Direito Positivo: as regras de comportamento, que regem o comportamento das pessoas em suas relações de intersubjetividade; e as regras de estrutura, que dispõem sobre a maneira de como a norma jurídica deve ser criada, transformada ou até mesmo, expulsa do sistema. A regra-matriz de incidência tributária vem a ser uma regra de comportamento, pois se propõe a disciplinar a conduta do devedor da prestação fiscal, perante o credor desta mesma prestação, ou seja, o sujeito ativo. Porém adverte Konkel42: A regra matriz de incidência é apenas uma elaboração lógica, ideal uma representação artificial e esquemática no interior de um processo de formalização. 42 KONKEL, Nicolau Junior. Contribuições sociais, p. 86. 44 Cabe ressaltar, antes de analisar a estrutura da norma, que existe entre os autores uma divergência a respeito da terminologia dos componentes da estrutura da norma. Conforme Ataliba43: Preferimos falar em aspectos da hipótese de incidência, porque, na verdade, esta unidade conceitual pode ser encarada, examinada e estudada sob diferentes prismas, sem destitui-se de seu caráter unitário e sem que a compreensão, exame e estudo de um possam permitir negligenciar ou ignorar os demais partícipes da unidade e nela integrados. Para Coelho44: Divergimos, outrossim, na terminologia porquanto ao invés de critérios utilizamos o termo aspecto para qualificar as facetas da hipótese e da conseqüência da norma jurídico- tributária. Enfim, define Konkel45: De fato é relevante a observação de Geraldo Ataliba sobre a importância do caráter unitário da hipótese, mas isso não quer significar que ‘aspectos’ seja o termo mais autorizado a substituir critérios, isso porque ele também conduz a alguns equívocos, como fez ressaltar Paulo de Barros Carvalho, pois o antecedente da proposição normativa, por não se tratar de fato em si, não pode conter aspectos. Ele apenas indica os critérios que possibilitam identificar os fatos ocorrentes no mundo concreto, promovendo a subsunção. Em suma, o fato está carregado de aspectos, enquanto a norma oferece os critérios para identificá-lo. Visto tal divergência, passa-se a verificar os critérios. 43 ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária, 4 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1990, p. 75. 44 ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária, p. 75. 45 KONKEL, Nicolau Junior. Contribuições sociais, p. 108. 45 2.5 ANTECEDENTE DA REGRA MATRIZ DE INCIDÊNCIA É no antecedente que encontramos a descrição dos elementos que são necessários para a configuração do fato que implicará na incidência do tributo. 2.5.1 Critério Pessoal O critério pessoal informará quem são os sujeitos da relação jurídica, indicando quem será o sujeito passivo e ativo. O sujeito ativo da COFINS é a União Federal, pois não houve delegação legal da capacidade ativa tributária, pelo que o ente tributante que a instituiu sereveste plenamente dessa qualidade. Afirma Konkel46: Dessa maneira, pode-se dizer que a capacidade tributária ativa para a relação jurídica que tem por objeto a contribuição social sobre o faturamento pertence à União por força do que dispõe o artigo 10, parágrafo único, da Lei Complementar n. 70/91. De outro lado o sujeito passivo é definido como sendo qualquer pessoa jurídica que auferir receita (art. 5. º da lei). 2.5.2 Critério Quantitativo Através deste critério encontra-se o valor da prestação pecuniária. É, portanto, o critério que irá mensurar o quantum é devido pelo sujeito passivo, ou de outro lado, o quantum que o sujeito ativo poderá exigir, em virtude da verificação do acontecimento previsto no antecedente da norma que criou o tributo. A base de cálculo da COFINS é o faturamento, porém a Lei Complementar n. 70/91, define faturamento como receita bruta. 46KONKEL, Nicolau Junior. Contribuições sociais, p. 431. 46 Explica Konkel47: Ou seja, a admissão de receita bruta como base de cálculo da contribuição incidente sobre a receita decorrente de venda de mercadorias e prestação de serviços só ocorre se o legislador define a própria receita bruta como faturamento. No entanto com o advento da Lei n. ° 9.718/98, os limites entre receita e faturamento foram rompidos sem que tenham sido autorizados pela Constituição. 2.5.3 Critério Material O critério material da regra de incidência das contribuições sociais é auferir receitas decorrentes da venda de mercadorias, serviços de qualquer natureza, porém não se pode dizer que o faturamento é materialidade da incidência do tributo, mas apenas seu critério de cálculo. Esclarecem Ataliba E Giardino48: O conjunto de negócios ou operações que a ele (faturamento) dá ensejo. Assim, para haver faturamento, é indispensável que se tenha realizado operações mercantis, ou vendido produtos, ou prestado serviços, ou realizado operações similares. Contudo, a COFINS, conforme o artigo 2º da Lei Complementar n° 70/9149, incidirá sobre o faturamento mensal, assim considerado a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. 47 KONKEL, Nicolau Junior. Contribuições sociais p. 342. 48 ATALIBA, Geraldo e Giardino, Cléber. PIS – exclusão do ICMS de sua base de cálculo. Revista de Direito Tributário, São Paulo, n. 35, jan./mar. 1986, p. 156. 49 lei complementar n° 70, de 30 de dezembro de 1991 institui contribuição para financiamento da Seguridade Social, eleva a alíquota da contribuição social sobre o lucro das instituições financeiras e dá outras providências. 47 2.5.4 Critério Espacial Este critério em relação a COFINS é considerando amplo, como relata konkel50: A COFINS se ajusta à espécie de tributos em que o critério espacial é bem genérico, de modo que todo e qualquer fato que suceda sob o manto da vigência territorial da lei instituidora está apto a desencadear seus efeitos peculiares, pois, tendo sido atribuída à competência a União e não havendo indicação expressa de uma área específica para verificação do fato tributário, seu critério espacial será todo o território nacional. Assim sendo, qualquer lugar do território nacional, onde existir a obtenção de receita advinda de faturamento, existirá a obrigação referente a COFINS. 2.5.5 Critério Temporal A COFINS, por incidir sobre o faturamento, sabe-se que este só será de conhecimento passado certo tempo, conforme a Lei Complementar n.70/91, em seu artigo 2º, onde estabeleceu um período mensal para sua apuração, acabou fixando, o último dia do mês como sendo o critério temporal da COFINS, ocorrendo nesta data o fato jurídico tributário. 2.6 CONSEQÜENTE DA REGRA MATRIZ DE INCIDÊNCIA No conseqüente da Regra-Matriz tem-se as relações jurídicas tributárias, formadas por sujeitos de direitos em posições opostas relacionados a uma prestação pecuniária. Nele, encontram-se os critérios pessoal e quantitativo. O primeiro informará quem são os sujeitos da relação jurídica, indicando quem será 50 KONKEL, Nicolau Junior. Contribuições sociais, p. 429. 48 o sujeito passivo e ativo. No segundo critério, o quantitativo, encontra-se o valor da prestação pecuniária. É, portanto, o critério que irá mensurar o quantum é devido pelo sujeito passivo, ou de outro lado, o quantum que o sujeito ativo poderá exigir, em virtude da verificação do acontecimento previsto no antecedente da norma que criou o tributo. Uma vez verificado o acontecimento previsto no antecedente da regra-matriz de incidência e comprovada ocorrência do mesmo, haverá a implicação de uma relação jurídica tributária, no conseqüente, entre dois ou mais sujeitos, na qual o sujeito ativo tem o direito subjetivo de exigir o pagamento do tributo e, de outro lado, o sujeito passivo tem o dever subjetivo de satisfazer a obrigação com o pagamento da quantia que é devida. 2.7 OPERAÇÃO COM IMÓVEIS Ao editar a Lei Complementar n. º 70/91, que instituiu contribuição para financiamento da Seguridade Social, o legislador autorizou apenas a incidência do tributo sobre a obtenção de receita advinda das operações com faturamento por vendas de mercadorias, por vendas de serviços e por vendas de mercadorias e serviços. Sendo assim, não se manifestou sobre a venda de outros bens, excluindo as empresas que não se dedicam à venda de mercadorias ou de serviços, gerando desta forma controvérsias entre os doutrinadores acerca da incidência ou não da COFINS sobre as operações com imóveis. Entende o Fisco Federal que a venda de imóveis prontos enquadrar-se-ia como operação de venda de mercadoria, enquanto que a venda de imóveis sob o regime de incorporação tipificaria uma prestação de serviços, incidindo a contribuição para a COFINS sobre as receitas apuradas sob uma ou outra modalidade. Porém, o ponto central da questão encontra-se na conceituação da expressão “mercadorias”, empregada na legislação instituidora. 49 O conceito "mercadoria" emerge do Direito Comercial, que traz o termo definido em dispositivo expresso da legislação correspondente, notadamente o art. 191 do Código Comercial, que consigna ser unicamente considerada mercantil a compra e venda de bens móveis ou semoventes. Também o texto constitucional, por ocasião da discriminação das competências tributárias, traz nítida a noção do conceito "mercadoria" como termo que compreende apenas os "bens móveis", na medida em que separa as incidências tributárias que envolvem bens imóveis - como o Imposto Territorial Rural e o IPTU, por exemplo -, daquelas que envolvem apenas bens móveis - como o ICMS - limitando o emprego do termo mercadorias apenas a estes últimos. Contudo, não pode o intérprete, vinculado que está ao conceito da legislação civil, comercial e constitucional, e isso por expressa determinação da legislação tributária (Art. 109 e 110 do Código Tributário Nacional), dar à mercadoria outro sentido que não o já existente. Se pretendesse uma amplitude diversa, a Lei Complementar nº. 70/91 deveria trazer comando expresso a respeito; o que não ocorre em seu texto. Todavia, a decisão, proferida no Agravo de Instrumento n° 623.320, o Superior Tribunal de Justiça, decidiu, por maioria de votos, desfavoravelmente aos contribuintes, concluindo pela incidência da COFINS sobre a venda de imóveis. 2.8 A LEI N. º 9.718/98. Lei nº. 9.718, de 27 de novembro de 199851, resultante da conversão em lei da Medida Provisória nº. 1724, dispõe que a partir de 1º de fevereiro de 1999, a Contribuição aos Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor - PIS/PASEP e a Contribuição para 51 LEI Nº. 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 Altera
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