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História da saúde pública no Brasil (1)

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História	da	saúde	pública	no	Brasil	
	
Brasil	Colônia	–	Desde	o	início	da	colonização,	o	acesso	aos	tratamentos	variava	de	acordo	
com	a	classe	social.		
Os	pobres	e	escravos	viviam	em	condições	deploráveis,	os	tornando	mais	expostos	às	doenças	
e	consequentemente	tendo	taxas	de	mortalidade	maiores.	
Os	nobres	e	colonos	tinham	acesso	aos	médicos	e	remédios	da	época.	E	assim,	maiores	
chances	de	enfrentar	as	doenças	e	a	morte.	
A	melhor	alternativa,	para	a	maioria	da	população,	era	se	amparar	às	Santas	Casas	de	
Misericórdia,	que	mantinham-se	de	doações	e	poucos	recursos.	
Os	doentes	recorriam	aos	curandeiros,	que	tinham	o	conhecimento	de	terapias	de	cura	e	ervas	
medicinais.	
	
Brasil	Império	–	Após	à	independência,	Dom	Pedro	I	realizou	as	primeiras	mudanças	
significativas	para	melhorar	a	saúde	do	povo.	Transformou	escolas	em	faculdades,	criou	órgãos	
para	vistoriar	a	higiene	pública,	delimitou	funções	para	os	praticantes	da	medicina.	
1837-Ficou	estabelecida	a	imunização	compulsória	das	crianças	contra	a	varíola.	
• Medidas	sanitárias	tomadas	durante	o	período	imperial	não	tinham	como	
preocupação	a	melhoria	do	nível	de	saúde	da	população	em	geral,	mas	sim	proteger	os	
nobres	portugueses	de	doenças,	bem	como	evitar	perdas	financeiras	que	pudessem	
ocorrer	devido	ao	excesso	de	doenças	existentes.	
O	império	tomou	medidas	pouco	eficazes,	sendo	finalizado	com	o	agravamento	das	condições	
de	saúde.	
	
República	Velha–	Entre	1900	e	1920,	o	Brasil	ainda	era	refém	dos	problemas	sanitários	e	das	
epidemias.	Dessa	forma,	para	a	recepção	dos	imigrantes	europeus,	houve	diversas	reformas	
urbanas	e	sanitárias	nas	grandes	cidades,	como	o	Rio	de	Janeiro,	em	que	houve	atenção	
especial	às	suas	áreas	portuárias.	Para	o	governo,	o	crescimento	do	país	dependia	de	uma	
população	saudável	e	com	capacidade	produtiva,	portanto	era	de	seu	interesse	que	sua	saúde	
estivesse	em	bom	estado.	
Os	sanitaristas	comandaram	esse	período	com	campanhas	de	saúde,	sendo	um	dos	destaques	
o	médico	Oswaldo	Cruz,	que	enfrentou	revoltas	populares	na	defesa	da	vacina	obrigatória	
contra	a	varíola	–	na	época,	a	população	revoltou-se	com	a	medida,	pois	não	foram	explicados	
os	objetivos	da	campanha	e	do	que	se	tratavam	as	vacinas.	As	ações	dos	sanitaristas	chegaram	
até	o	Sertão	Nordestino,	divulgando	a	importância	dos	cuidados	com	a	saúde	no	meio	rural.	
Porém	as	pessoas	eram	muito	pobres	e	continuavam	em	moradias	precárias,	vitimadas	por	
doenças	mesmo	com	a	disseminação	de	vacinas.	
Ainda	nos	anos	de	1920,	foram	criadas	as	CAPS:	Caixas	de	Aposentadoria	e	Pensão.	Os	
trabalhadores	as	criaram	para	garantir	proteção	na	velhice	e	na	doença.		
	
Era	Vargas	–	Getúlio	Vargas,	devido	à	pressão	popular,	ampliou	as	CAPS	para	outras	categorias	
profissionais,	tornando-se	o	IAPS:	Instituto	de	Aposentadorias	e	Pensões.	
Também	reformulou	o		sistema	a	fim	de	criar	uma	atuação	mais	centralizada,	inclusive	quanto	
à	saúde	pública.	O	foco	de	seu	governo	foi	o	tratamento	de	epidemias	e	endemias,	sem	muitos	
avanços,	pois	os	recursos	destinados	à	saúde	eram	desviados	a	outros	setores,	parte	dos	
recursos	dos	IAPS	ia	para	o	financiamento	da	industrialização.	
1934-	Foi	feita	A	Constituição	de	1934,	que	concedia	novos	direitos	aos	trabalhadores,	como	
assistência	médica	e	“licença-gestante”.	Além	disso,	a	Consolidação	das	Leis	Trabalhistas	de	
1943,	a	CLT,	determina	aos	trabalhadores	de	carteira	assinada,	além	do	salário	mínimo,	
também	benefícios	à	saúde.	
	
Anos	50	–	Em	1953,	foi	criado	o	Ministério	da	Saúde.	Foi	a	primeira	vez	em	que	houve	um	
ministério	dedicado	exclusivamente	à	criação	de	políticas	de	saúde,	com	foco	principalmente	
no	atendimento	em	zonas	rurais,	já	que	nas	cidades	a	saúde	era	privilégio	de	quem	tinha	
carteira	assinada.	
	
	
Anos	60,	antes	da	ditadura	–	As	Conferências	Nacionais	de	Saúde	tiveram	um	papel	muito	
importante	na	consolidação	do	entendimento	da	importância	da	saúde	pública	no	Brasil.	A	3ª	
Conferência	Nacional	de	Saúde	ocorreu	no	final	de	1963	e	apresentou	diversos	estudos	sobre	a	
criação	de	um	sistema	de	saúde.	De	acordo	com	o	doutor	em	saúde	pública	Gilson	Carvalho,	
houve	duas	bandeiras	principais	nessa	conferência:	
	
1.	A	criação	de	um	sistema	de	saúde	para	todos,	o	direito	à	saúde	deveria	ser	universal;	
2.	A	organização	de	um	sistema	descentralizado,	visando	ao	protagonismo	do	município.		
	
Ditadura	militar	–	A	saúde	sofreu	com	o	corte	de	verbas	durante	o	período	de	regime	militar	e	
doenças	como	dengue,	meningite	e	malária	se	intensificaram.	Houve	aumento	das	epidemias	e	
da	mortalidade	infantil,	até	que	o	governo	buscou	fazer	algo.	Uma	das	medidas	foi	a	criação	do	
INPS,	que	foi	a	união	de	todos	os	órgãos	previdenciários	que	funcionavam	desde	1930,	a	fim	
de	melhorar	o	atendimento	médico.	
Passou-se	a	enxergar	a	atenção	primária	de	pacientes	cada	vez	mais	como	responsabilidade	
dos	municípios;	os	casos	mais	complexos	eram	responsabilidade	dos	governos	estadual	e	
federal.	
1970-	O	FAS	destinava	parte	do	dinheiro	à	saúde.	
Mesmo	no	auge	do	milagre	econômico,	as	verbas	para	saúde	eram	baixas:	1%	do	orçamento	
geral	da	União.	Ao	fim	da	década,	as	prefeituras	das	cidades	que	mais	cresciam	começaram	a	
se	organizar	para	receber	e	conceder	aos	migrantes	algum	tipo	de	atendimento	na	área	da	
saúde.	Começou-se	a	estruturar	políticas	públicas	que	envolveram	as	Secretarias	Municipais	de	
Saúde,	que	depois	se	estenderam	aos	estados	e	a	ministérios,	como	os	Ministérios	da	
Previdência	Social	e	da	Saúde.	
A	piora	dos	serviços	públicos	favoreceu	o	crescimento	dos	grupos	privados,	tornando	saúde	
sinônimo	de	mercadoria.	
Ao	fim	da	década	de	1970,	o	movimento	adquiriu	certa	maturidade	em	função	de	uma	série	de	
estudos	acadêmicos	e	práticos	realizados,	principalmente,	nas	faculdades	de	Medicina.	Nas	
universidades,	o	entendimento	de	medicina	se	tornava	cada	mais	social,	pensando	a	saúde	
como	uma	série	de	fatores	que	vão	além	do	bem-estar	do	corpo	humano.	
	
Anos	80,	após	ditadura	militar	–	Ao	fim	da	ditadura,	as	propostas	da	Reforma	Sanitária	foram	
reunidas	num	documento	chamado	Saúde	e	Democracia,	enviado	para	aprovação	do	
Legislativo.	Uma	das	conquistas	foi	a	realização	da	8ª	Conferência	Nacional	da	Saúde	em	1986.	
Pela	primeira	vez	na	história,	foi	possível	a	participação	da	sociedade	civil	organizada	no	
processo	de	construção	do	que	seria	o	novo	modelo	de	saúde	pública	brasileiro.	
A	conferência	teve	como	resultado	uma	série	de	documentos	que	basicamente	esboçaram	o	
surgimento	do	Sistema	Único	de	Saúde	(SUS).	A	conferência	ampliou	os	conceitos	de	saúde	
pública	no	Brasil,	propôs	mudanças	baseadas	no	direito	universal	à	saúde	com	melhores	
condições	de	vida,	além	de	fazer	menção	à	saúde	preventiva,	à	descentralização	dos	serviços	e	
à	participação	da	população	nas	decisões.	O	relatório	da	conferência	teve	suas	principais	
resoluções	incorporadas	à	Constituição	Federal	de	1988.	
A	saúde	passa	a	ser	um	direito	do	cidadão	e	um	dever	do	Estado.	A	Constituição	ainda	
determina	que	o	sistema	de	saúde	pública	deve	ser	gratuito,	de	qualidade	e	universal,	ou	seja,	
acessível	a	todos	os	brasileiros	ou	residentes	no	Brasil.

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