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História das Políticas Públicas de Saúde no Brasil

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1 
 
 @jumorbeck 
Do descobrimento do Brasil até a chegada da família 
real 
↠ Em 1500, o Brasil esbanjava beleza com suas matas 
virgens e seus índios robustos, ágeis e saudáveis. Suas 
riquezas naturais davam a ideia de um verdadeiro 
Eldorado. Em busca deste, os colonizadores trouxeram 
com eles as doenças que os vitimavam intensamente, 
como tuberculose, sarampo, malária, sífilis, gonorreia etc. 
Somadas às guerras, essas moléstias contribuíram 
enormemente para o extermínio de tribos indígenas. 
(ROUQUAYROL, 8ª ed.) 
↠ O perfil de adoecimento era marcado pela presença 
de doenças transmissíveis (DT), tanto as originais do país 
quanto as importadas ( doenças essas que dizimaram 
milhares de indígenas em várias regiões e que ainda 
permanecem como um mal entre diversas tribos). 
(SOLHA, 2ª ed.) 
↠ São exemplos a malária, introduzida em 1549, a varíola, 
em 1561, a febre amarela e a hanseníase, por volta de 1680. 
Todas essas doenças foram trazidas pelos colonizadores, 
pelos aventureiros e pelo comércio de escravos. (SOLHA, 
2ª ed.) 
↠ A assistência à saúde não existia. Quem tinha dinheiro 
ia à Europa ou trazia médicos de lá para se tratar. Quem 
não tinha procurava a medicina popular, a fim de cuidar 
do espírito e fazer uso de ervas. (SOLHA, 2ª ed.) 
↠ As Santas Casas de Misericórdia ainda não possuíam 
caráter de hospital propriamente dito, eram voltadas para 
abrigar pobres e doentes mentais; (SOLHA, 2ª ed.) 
↠ A situação da saúde no país passou a mudar por volta 
do séc. XVIII, quando houve um maior afluxo de médicos 
e nobres portugueses para cá e as cidades começaram 
a aumentar. (SOLHA, 2ª ed.) 
↠ Apenas com a vinda da família real portuguesa para o 
Brasil - que fugia de Napoleão Bonaparte, imperador 
francês -, em 1808, houve um início de preocupação com 
a saúde das pessoas nas cidades; (SOLHA, 2ª ed.) 
Da Proclamação da República até 1930 
↠ Grandes epidemias assolavam o Brasil, como febre 
amarela, varíola, peste, entre outras, e ameaçavam a 
economia, tendo em vista que ela estava calcada na 
exportação de café e outros produtos nacionais, os quais 
deviam ser escoados por via marítima. (SOLHA, 2ª ed.) 
↠ As epidemias que assolavam as cidades, principalmente 
a de peste bubônica, em 1899, no Porto de Santos, 
estimularam a criação, em 1900, das duas principais 
instituições de saúde pública no país: o Instituto 
Soroterápico Federal, posteriormente transformado em 
Instituto Oswaldo Cruz, e o Instituto Butantã, em São 
Paulo. (ROUQUAYROL, 8ª ed.) 
↠ A Teoria Bacteriológica foi a solução encontrada pelo 
governo brasileiro para resolver esse problema das 
epidemias em cidades litorâneas e nos principais portos 
do país; (SOLHA, 2ª ed.) 
↠ Dois médicos formados a partir da teoria bacteriológica 
foram chamados para sanear as cidades que possuíam os 
maiores e mais importantes portos: Oswaldo Cruz, no Rio 
de Janeiro, e Emílio Ribas, em Santos (SP). (SOLHA, 2ª 
ed.) 
↠ Entre as medidas tomadas, estavam a vacinação 
obrigatória contra a varíola, o controle dos ratos e dos 
locais de procriação de mosquitos; (SOLHA, 2ª ed.) 
↠ No Rio de Janeiro, os cortiços e as casas do centro da 
cidade foram derrubados de forma violenta, deixando a 
população sem abrigo. (SOLHA, 2ª ed.) 
↠ Doentes de hanseníase eram levados para os 
sanatórios e proibidos de conviver com seus familiares. 
(SOLHA, 2ª ed.) 
↠ Pessoas eram vacinadas à força contra varíola. Essas 
decisões tomadas de forma arbitrária e violenta 
provocaram uma forte reação da população carioca, e, 
sob liderança de militares opositores do governo, 
estourou a chamada Revolta da Vacina em 1904, a qual foi 
fortemente reprimida e teve seu fim em menos de 48 
horas. (SOLHA, 2ª ed.) 
↠ Com o controle das epidemias nas grandes cidades, a 
ação do governo deslocou-se para o campo, visando às 
endemias rurais. A SUCAM (Superintendência de 
Campanhas), resultado da fusão do Departamento 
Nacional de Endemias Rurais (DENERu) com a Campanha 
de Erradicação da Varíola (CEV), combateu as endemias 
de transmissão vetorial e teve grande penetração rural 
em todos os estados brasileiros. (ROUQUAYROL, 8ª ed.) 
↠ Até a década de 1930, a saúde pública funcionou 
principalmente na forma de campanhas e com o apoio da 
polícia sanitária, e por isso ficou conhecida como 
campanhista, sempre voltada para problemas de saúde 
2 
 
 @jumorbeck 
que afetavam a população, mas principalmente motivada 
por interesses econômicos. (SOLHA, 2ª ed.) 
↠ Enquanto isso, a saúde individual permanecia parecida 
com a do Brasil colônia: médico para quem podia pagar e 
curandeiros e Santas Casas para os pobres. (SOLHA, 2ª 
ed.) 
↠ As condições de trabalho no Brasil que se 
industrializava eram péssimas. Os operários não tinham 
direito a férias, jornada de trabalho definida, pensão ou 
aposentadoria. O movimento operário realizou duas 
greves gerais, em 1917 e 1919, e alguns direitos foram 
conquistados. (ROUQUAYROL, 8ª ed.) 
↠ Em 1923 foi promulgada a Lei Elói Chaves, representou 
um marco inicial da Previdência Social no Brasil, que 
determinava a criação das Caixas de Aposentadoria e 
Pensão (CAP), uma derivação dos fundos mútuos. A lei 
inovou ao determinar que o empregador também 
contribuísse com uma porcentagem para a formação do 
fundo comum. Essa lei é considerada o embrião da 
Previdência Social no país. (SOLHA, 2ª ed.) 
Entretanto, apenas o operariado urbano foi contemplado. Somente na 
década de 1960 foi criado o FUNRURAL para proteger os trabalhadores 
do campo. A primeira CAP criada foi a dos ferroviários, em razão do 
grau de mobilização de seus trabalhadores, uma vez que o setor tinha 
grande importância na economia do país. (ROUQUAYROL, 8ª ed.) 
A Era Vargas 
↠ Entre as reformas realizadas por Vargas, as áreas de 
saúde e educação foram contempladas e passaram a 
compartilhar um ministério próprio (Ministério da 
Educação e Saúde Pública), que foi instalado em 
novembro de 1930. (ROUQUAYROL, 8ª ed.) 
↠ No Estado Novo (1937 a 1945), a Previdência Social foi 
estendida às diversas categorias do operariado urbano. As 
antigas CAP foram substituídas pelos IAP (Institutos de 
Aposentadoria e Pensões), organizados por categoria 
profissional (marítimos, comerciários e bancários), e não 
por empresas. (ROUQUAYROL, 8ª ed.) 
↠ O Estado passou a também contribuir financeiramente, 
e a administração desses institutos ficou dependente do 
governo, o que reduziu a liberdade dos trabalhadores nas 
tomadas de decisão. (SOLHA, 2ª ed.) 
↠ O dinheiro dos IAP passou a financiar grandes obras 
públicas, muitos empréstimos para grupos privados de 
saúde foram realizados e usados para construir grandes 
hospitais, tendo como modelo o sistema de saúde norte-
americano, centrado no cuidado hospitalar. (SOLHA, 2ª 
ed.) 
↠ Durante a Segunda Guerra Mundial, um convênio com 
os EUA foi acordado e assim nasceu o SESP (Serviço 
Especial de Saúde Pública). Esse serviço foi moldado tendo 
como base o modelo norte-americano, com foco em 
prevenção e atuando nas áreas onde não havia cobertura 
dos serviços tradicionais, como a Amazônia. (SOLHA, 2ª 
ed.) 
A atuação nessa região era estratégica para os EUA, pois a Amazônia 
era a segunda maior produtora de látex do mundo, material essencial 
para o esforço de guerra. (SOLHA, 2ª ed.) 
↠O direito à saúde permanecia como um privilégio para 
os ricos e os trabalhadores que tinham a carteira de 
trabalho assinada, pois somente assim era possível ter 
acesso aos serviços de saúde oferecidos por alguns IAP. 
(SOLHA, 2ª ed.) 
Do final da ditadura Vargas até o golpe militar 
↠ O Ministério da Saúde foi criado em 1953, resultado do 
desmembramento do Ministério da Saúde e da Educação, 
mas com pouca influência e capacidade para a tomada de 
decisões. (SOLHA, 2ª ed.) 
↠ O Brasil abriu-se ainda mais para os grupos 
estrangeiros, e, na área da saúde, isso se refletiu na 
entrada dos grupos de medicinaprivada, que começaram 
a administrar diversos hospitais (construídos e equipados 
com dinheiro do Estado). (SOLHA, 2ª ed.) 
Do golpe militar à VII Conferência Nacional de Saúde 
↠ Os IAP foram unificados no INPS (Instituto Nacional de 
Previdência Social) responsável pela assistência médica 
individual voltada apenas aos trabalhadores com carteira 
de trabalho assinada (trabalhadores rurais e informais 
continuavam excluídos do sistema). (SOLHA, 2ª ed.) 
↠ Posteriormente, o INPS foi desmembrado, e uma de 
suas partes foi denominada Inamps (Instituto Nacional de 
Assistência Médica da Previdência Social), responsável 
pela assistência médica ambulatorial e hospitalar. A outra 
parte era o INSS (Instituto Nacional de Serviço Social). 
(SOLHA, 2ª ed.) 
↠ Houve aumento de enfermidades como dengue, 
meningite e malária. Em 1970, o governo criou a SUCAM 
(Superintendência de Campanhas de Saúde Pública) com 
a atribuição de executar as atividades de erradicação e 
controle de endemias. (ROUQUAYROL, 8ª ed.) 
3 
 
 @jumorbeck 
↠ O PRORURAL foi criado em 1971, financiado pelo 
FUNRURAL. Algumas categorias profissionais, como as de 
trabalhadores rurais e empregados domésticos, só 
tiveram direito aos benefícios da Previdência em 1972. 
(ROUQUAYROL, 8ª ed.) 
↠ O serviço da saúde voltado para poucos, favoreceu o 
aparecimento de epidemias, entre elas, a conhecida 
epidemia de meningite de 1974: informações a respeito 
dela foram censuradas, e os profissionais de saúde que 
tentaram realizar alertas para essa situação foram 
perseguidos. (SOLHA, 2ª ed.) 
↠ Em 1975 foi criado o Sistema Nacional de Saúde, pela 
Lei nº 6.229, de 17 de julho, a qual apenas reforçou o que 
já estava em vigor: a previdência social continuava 
responsável pela assistência médica individual e curativa, 
enquanto o Ministério da Saúde e as secretarias estaduais 
e municipais se responsabilizavam pelos cuidados 
preventivos. (SOLHA, 2ª ed.) 
↠ As tentativas de se emplacar um modelo de atenção 
organizado a partir da participação comunitária, com 
regionalização dos serviços existentes, integração do 
sistema público-privado e atenção primária como porta 
de entrada no sistema foram várias, mas somente em 
1986, na VIII Conferência Nacional de Saúde, essa proposta 
foi aceita. (SOLHA, 2ª ed.) 
↠ A grande diferença entre essa conferência e as 
demais foi o tema: saúde como direito, sistema de saúde 
e financiamento. Esse tema convocava a sociedade, os 
pensadores e os profissionais para a discussão. (SOLHA, 
2ª ed.) 
↠ A proposta final da conferência determinava a saúde 
como direito, com a universalização do acesso aos 
serviços de saúde (todos os cidadãos brasileiros têm 
direito à saúde, não importando o vínculo empregatício) 
e a garantia da participação popular no processo de 
planejamento, implantação e avaliação do sistema de 
saúde. (SOLHA, 2ª ed.) 
↠ Em 1988, foi promulgada a nova Constituição do Brasil 
e, em 1990, o governo editou as Leis 8.080 e 8.142, 
conhecidas como Leis Orgânicas da Saúde, 
regulamentando o SUS, criado pela Constituição de 1988. 
(ROUQUAYROL, 8ª ed.) 
↠ A Constituição de 1988 aprovou a proposta quase na 
sua integralidade, e, pela primeira vez em uma 
constituição brasileira, o tema saúde teve uma seção 
exclusiva: seção II, art. 196, capítulo 1, o qual você já 
conheceu, mas vamos relembrá-lo: (SOLHA, 2ª ed.) 
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante 
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença 
e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e 
serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (BRASIL, 1988) 
↠ Apenas com a promulgação da constituição a saúde 
foi unificada, e todos os serviços - preventivos, curativos 
e de reabilitação - ficaram sob a responsabilidade do setor 
saúde. (SOLHA, 2ª ed.) 
↠ O sistema de saúde foi reestruturado a partir desses 
princípios, resultando no SUS (Sistema Único de Saúde), 
regulamentado pela Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 
1990, que dispõe sobre as condições para a promoção, a 
proteção e a recuperação da saúde, a organização e o 
funciona mento dos serviços correspondentes e dá 
outras providências. (SOLHA, 2ª ed.) 
Referências 
ROUQUARYOL, Maria Z.; GURGEL, Marcelo. Epidemiologia 
& Saúde, 8ª ed. Medbook, 2018. 
SOLHA, Raphaela K. T. Saúde Coletiva para iniciantes. 
Políticas e Práticas Profissionais, 2ª ed. Editora Érica, SP, 
2014.

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