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CR_LA_aula14_2020_v 01

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1. ATUALIZAÇÃO DE CONHECIMENTOS POR MEIO DE RETOMADAS REALIZADAS PELO USO DE UM HIPERÔNIMO 
 
O uso de um hiperônimo com função anafórica pode ter a função de retomar um termo pouco usual, atualizando, assim, os 
conhecimentos do interlocutor, como se pode ver nos exemplos a seguir. 
 
Exemplo 1 - Em textos jornalísticos 
Muitos laboratórios estão produzindo microvespas para o controle biológico de pragas. Esses parasitoides atacam os ovos, as lagartas ou 
as pupas de insetos e pragas, colocando seus ovos dentro do inseto vivo. Ao eclodirem, se alimentam do interior do hospedeiro levando-o à morte. 
Assim, jovens microvespas saem em busca de mais hospedeiros. 
Fonte: Revista Discutindo Ciência, ano 1, n.2, p.22. 
 
Exemplo 2 - Em dissertações no Enem 
Trecho da redação de Ana Clara Socha que obteve nota 1000 no Enem 2019. 
É relevante abordar, primeiramente, que as cidades brasileiras foram construídas sob um viés elitista e segregacionista, de modo que os 
centros culturais estão, em sua maioria, restritos ao espaço ocupado pelos detentores do poder econômico. Essa dinâmica não foi diferente com a 
chegada do cinema, j á que apenas 17% da população do país frequenta os centros culturais em questão. Nesse sentido, observa-se que a 
segregação social — evidenciada como uma característica da sociedade brasileira, por Sérgio Buarque de Holanda, no l ivro "Raízes do Brasil" — 
se faz presente até os dias atuais, por privar a população das periferias do acesso à cultura e ao lazer que são proporcionados pelo cinema 
 
 
Exemplo 3 - Trecho da redação de Luisa Dornelas de Mello 
Decerto, o processo de urbanização brasileiro ocorreu de forma acelerada e desorganizada, provocando o surgimento de aglomerados no 
entorno dos centros urbanos. Diante dessa conjuntura, essas periferias sofrem, de modo geral, históricas negligências governamentais, como a 
escassez de infraestrutura básica, de escolas e de hospitais. Não obstante, tais regiões também carecem de espaços de lazer, como os cinemas, 
que, majoritariamente, concentram-se nas áreas centrais e de alta renda das cidades. Assim, corrobora-se a teoria descrita pelo filósofo francês 
Pierre Lévy de que “toda nova tecnologia gera seus excluídos”. Portanto, o cinema, sendo uma i novação técnica, promove a segregação dos 
indivíduos marginalizados geograficamente. 
 
 
1.1. ESPECIFICAÇÃO POR MEIO DE SEQUÊCIA HIPERÔNIMO/HIPÔNIMO 
 
Trata-se aqui do que se chama anáfora especificadora, que ocorre quando se faz necessário um maior refinamento da categorização. Esse 
tipo de expressão anafórica é frequentemente introduzida pelo artigo indefinido, fato pouco registrado na literatura linguística. 
Embora essa sequência seja, de certa forma, condenada pela norma (que prefere a sequência hiperônimo/hipônimo), esse tipo de anáfora 
permite trazer, de forma compacta, informações novas a respeito do objeto de discurso, como ocorre no exemplo a seguir, em que uma catástrofe, 
um termo genérico, é especificado, no caso, como uma epidemia de Ebola. 
 
Exemplo 4 
Uma catástrofe ameaça uma das últimas colônias de gorilas da África. Uma epidemia de Ebola já matou mais de 300 desses grandes 
macacos no santuário de Lossi, no noroeste do Congo. Trata-se de uma perda devastadora, pois representa o desaparecimento de um quarto da 
população de gorilas de reserva. 
 
1.2. CONSTRUÇÃO DE PARÁFRASES ANAFÓRICAS DEFINICIONAIS E DIDÁTICAS 
 
Certas paráfrases realizadas por expressões nominais podem ter por função elaborar definições, com se pode verificar em argonautas, 
estes tripulantes da nau mitológica Argos, no enunciado a seguir: 
 
Exemplo 5 
Vocês já ouviram falar dos argonautas? Pois conta-nos a lenda grega que estes tripulantes da nau mitológica Argos saíram à busca 
do Velocino de Ouro. 
 
Nas anáforas definicionais, o definiendum ou o termo técnico a ser definido é o elemento previamente introduzido, e o definiens (definição) é 
aportado pela forma anafórica. Esta pode vir acompanhada de expressões características da definição, como um tipo de uma espécie, de etc. 
 
Exemplo 6 
Entre os conjuntos musicais populares do nordeste brasileiro encontram-se, ainda, as bandas de pífaros. É bastante curioso ouvir esta 
espécie de flautim militar, que produz sons agudos e estridentes. 
 
 
 
 
 
Linguística Aplicada @prof.sergiolima |1 
 
FUNÇÕES DAS EXPRESSÕES NOMINAIS REFERENCIAIS 
 
MÓDULO FRENTE 
14 TEXTO 
 
 
 
QUESTÕES DE LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS 
 
QUESTÃO 1 
(Enem 2011) 
 
O argumento presente na charge consiste em uma metáfora relativa à teoria evolucionista e ao desenvolvimento tecnológico. Considerando o contexto apresentado, 
verifica-se que o impacto tecnológico pode ocasionar 
A) a mudança do homem em razão dos novos inventos que destroem sua realidade. 
B) a problemática social de grande exclusão digital a partir da interferência da máquina. 
C) a invenção de equipamentos que dificultam o trabalho do homem, em sua esfera social. 
D) o surgimento de um homem dependente de um novo modelo tecnológico. 
E) o retrocesso do desenvolvimento do homem em face da criação de ferramentas como lança, máquina e computador. 
 
 
 
QUESTÃO 2 
(Enem 2005) 
 
A situação abordada na tira torna explícita a CONTRADIÇÃO entre a(s) 
A) inteligência empresarial e a ignorância dos cidadãos. 
B) inclusão digital e a modernização das empresas. 
C) relações pessoais e o avanço tecnológico. 
D) economia neoliberal e a reduzida atuação do Estado. 
E) revolução informática e a exclusão digital. 
 
 
 
QUESTÃO 3 
(Enem 2004) 
 
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo... 
Por isso minha aldeia é grande como outra qualquer 
Porque sou do tamanho do que vejo 
E não do tamanho da minha altura... 
(Alberto Caeiro) 
 
A tira "Hagar" e o poema de Alberto Caeiro (um dos heterônimos de Fernando Pessoa) expressam, com linguagens diferentes, uma mesma ideia: a de que a 
compreensão que temos do mundo é condicionada, essencialmente, 
A) pelo alcance de cada cultura. 
B) pela capacidade visual do observador. 
C) pelo senso de humor de cada um. 
D) pela idade do observador. 
E) pela altura do ponto de observação. 
 
 
Linguística Aplicada @prof.sergiolima |2 
 
 
 
TEXTOS MOTIVADORES 
TEXTO I 
Independentemente do continente em que se esteja, o homem, de alguma maneira, vive em função do tempo. As pessoas costumam 
guiar seus cotidianos por meio de relógio. Porém, poucas destas pessoas já se dedicaram a refletir sobre o tempo, e certamente poucas são 
capazes de defini-lo. E, afinal, o que é o tempo? Santo Agostinho, certa vez escreveu: “Por conseguinte, o que é o tempo? Se ninguém me 
pergunta, eu sei; porém, explicá-lo a quem me pergunta, então não sei”. O que a maioria das pessoas pensa/sabe, é que o tempo é uma 
divisão do dia em um determinado número de horas, minutos e segundos, sendo que tais medidas encontram-se postuladas por uma sincronia 
com o movimento dos astros que, por sua vez, demarcam dia e noite, a duração de um dia, de uma semana, de um ano. 
Disponível em: http://www.acervofilosofico.com/o-que-e-o-tempo. Acesso em: 04 abr. 2020 
 
Texto II 
A gestão do tempo é um tema recorrente e de extrema relevância. Ainda que todos tenhamos rigorosamente 1.440 minutos todos 
os dias, é comum no mundo executivo ouvir reclamações sobre a escassez de tempo face às demandas do dia a dia. Para a maior parte dos 
profissionais do mundo moderno a resposta tende a ser a mesma: existe, sim, uma restrição de tempo para dar conta de tudo – até porque não 
envolve apenas a vida profissional. 
Compromissos relacionadas ao trabalho, relacionamentos, educação, família e saúde competem entre si. Dessaforma, reivindicam 
atenção e espaço em um fluxo aparentemente desordenado, muitas vezes obstruído por desafios relacionados aos deslocamentos, falhas de 
comunicação e administração de conflitos. Ou seja, dá para fazer mais e melhor. As pessoas que conseguem administrar os processos de 
forma eficiente são reconhecidas no meio em que atuam por sua produtividade. 
Disponível em: https://fia.com.br/blog/gestao-do-tempo//. Acesso em: 09 abr. 2020. 
 
TEXTO III 
Desde que você acordou hoje, quanto tempo do seu dia foi dedicado a atividades conectadas à internet? Provavelmente muita coisa: 
de acordo com um estudo realizado em uma parceria da Hoopsuite com a We Are Social, o Brasil é o segundo país do mundo que passa mais 
tempo conectado à internet. 
A pesquisa revela que, em média, cada pessoa no mundo passa seis horas e quarenta e dois minutos conectada à internet — o que, 
ao longo do ano, significaria que um total de 100 dias inteiros dedicados ao uso da internet. E se você acha que é muito, a média do brasileiro 
é ainda maior: por aqui, ficamos conectados em média por nove horas e vinte nove minutos todos os dias. Isso que dizer que, dos 365 dias 
do ano, em 145 deles nós ficamos conectados à internet. A pesquisa coloca o Brasil apenas atrás das Filipinas, que passa mais de dez horas 
por dia conectada à internet. 
A pesquisa — que se baseou em relatórios coletados pelo GlobalWebIndex, GSMA Intelligence, Statista, Locowise, App Annie e 
SimilarWeb — também revelou outros números interessantes sobre o uso mundial da Internet. Por exemplo, 5,11 bilhões de pessoas ao redor 
do mundo já possuem um dispositivo móvel (cerca de 67% da população mundial), e em 2018 o número de usuários de redes sociais cresceu 
a mesma porcentagem do que o número de usuários de internet (9%) cada — o que mostra uma tendência de que as rede sociais são a porta 
de entrada para novos usuários da internet. Nesse quesito, os países que tiveram o maior percentual no aumento de usuários foram o Saara 
Ocidental e Dijibuti com, respectivamente, 364% e 203% de aumento. 
Disponível em: https://canaltech.com.br/internet/brasil-e-o-segundo-pais-do-mundo-a-passar-mais-tempo-na-internet-131925/. Acesso 
em: 23 abr. 2020 
 
TEXTO IV 
De uma coisa ninguém tem dúvidas: o valor da internet em todos os segmentos da sociedade — ela informa, agrega e conecta. Seja 
nos ambientes corporativos, seja na vida pessoal de cada um. No entanto, é necessário saber usá-la de forma que não prejudique a 
produtividade no dia a dia — principalmente quando se fala em redes sociais. Sendo assim, uma boa administração do tempo pode evitar que 
você perca horas demais com suas redes sociais, bem como em sites que podem desviar o foco de qualquer pessoa e, assim, comprometer 
a produtividade. 
Para enfrentar essas questões, cabe especificar horários de acesso as redes sociais tanto no estudo quanto no trabalho, objetivando 
maior eficiência. A dica é utilizar as redes sociais pessoais antes e depois dos afazeres e durante o horário de almoço. Ademais, não selecionar 
bem suas redes sociais é um problema bem recorrente e que só vai lhe atrapalhar na administração do tempo. De nada adianta ser cadastrado 
em quase todas e só acessar algumas. Por isso, seja seletivo e tenha somente as que você realmente acha relevante, bem como evitar 
respostas instantâneas. Redes sociais não funcionam dessa forma. Aliás, essa é uma das vantagens das redes: você responde apenas 
quando puder. Tenha em mente que quem precisa de respostas importantes e urgentes encontra um meio mais eficaz de obtê-las. Dessa 
forma, vai evitar perder tempo. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/economia/mf-
press/2019/06/07/mf_press_economia_economia,1060067/reforma-tributaria-e-fundamental-para-o-crescimento-do-brasil-analisa.shtml. 
Acesso em: 01 abr. 2010. 
 
 PROPOSTA DE REDAÇÃO 
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto 
dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Os desafios sociais da má administração do 
tempo devido ao crescente acesso às redes digitais”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, 
organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. 
Linguística Aplicada @prof.sergiolima |3
 
TÉCNICAS DE REDAÇÃO MÓDULO FRENTE 
14 REDAÇÃO 
http://www.acervofilosofico.com/o-que-e-o-tempo
https://www.heflo.com/pt-br/produtividade/como-aumentar-a-produtividade-no-trabalho/
https://www.heflo.com/pt-br/produtividade/como-aumentar-a-produtividade-no-trabalho/
https://fia.com.br/blog/gestao-do-tempo/
https://canaltech.com.br/internet/brasil-e-o-segundo-pais-do-mundo-a-passar-mais-tempo-na-internet-131925/
https://blog.cestanobre.com.br/7-segredos-para-engajar-funcionarios-com-eficiencia/?utm_source=blog&utm_campaign=rc_blogpost
https://www.em.com.br/app/noticia/economia/mf-press/2019/06/07/mf_press_economia_economia,1060067/reforma-tributaria-e-fundamental-para-o-crescimento-do-brasil-analisa.shtml
https://www.em.com.br/app/noticia/economia/mf-press/2019/06/07/mf_press_economia_economia,1060067/reforma-tributaria-e-fundamental-para-o-crescimento-do-brasil-analisa.shtml
 
 
 
FOLHA DE REDAÇÃO 
 
 
 
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Linguística Aplicada @prof.sergiolima |4 
 
 
 
2. REDAÇÃO 
 
2.1. ORIENTAÇÃO ARGUMENTATIVA QUE INDUZ UMA CONCLUSÃO 
 
A intuição fundamental desse modelo é que, quando um indivíduo produz um enunciado, já é possível, exclusivamente sobre essa base, predizer o que 
ele vai dizer em seguida. O estudo da argumentação é o estudo das capacidades projetivas dos enunciados, da expectativa criada por sua enunciação. 
Exemplo: 
“Ele é solteiro, logo... não é casado”; 
“Ele é forte, logo... poderá levar esse fardo”. 
Essa intuição é formalizada na noção de “orientação argumentativa” de um enunciado. 
 
A orientação (ou o valor) argumentativa(o) de um enunciado E1 define-se como a seleção operada por esse enunciado sobre os enunciados E2 capazes 
de sucedê-los em um discurso gramaticalmente bem construído, ou seja, “o conjunto das possibilidades ou das impossibilidades de continuação discursiva 
determinada por sua utilização” (Ducrot, 1990, 51). 
 
Exemplo: 
“Ele é solteiro, logo... não é casado” – orientação argumentativa possível de continuação discursiva. 
 
“Ele é solteiro, logo... não quer manter uma relação duradoura com ninguém” – texto passível de falha na orientação 
argumentativa ou conclusiva. 
 
“Ele é forte, logo... poderá levar esse fardo” – orientação argumentativa possível de continuação discursiva. 
“Ele é forte, logo... não possui estrutura para levar esse fardo” – orientação argumentativa impossível de continuação discursiva 
coerente. 
 
Levar em consideração “informações” contidas em enunciados não é suficiente para dar conta dos encadeamentos possíveis a partir desse enunciado; 
podemos ilustrar essa ideia a partir da noção de pressuposição. 
 
O enunciado (E1) “Pedro parou de fumar” pressupõe que (premissa) “antes, Pedro fumava” e estabelece que (premissa) “atualmente, ele não fuma mais”. 
Podemos fazer (E2) se seguir a (E1): “Ele (pelo menos...) não corre o risco de desenvolver um câncer”; diremos que “E1 está o rientado para (E2), é um 
argumento para E2”. 
 
2.2. DISCURSO LÓGICO 
Como discurso lógico, a argumentação é definida no quadro de uma teoria das três “operações do espírito”: a apreensão, o juízo e o raciocínio: 
— pela apreensão, oespírito apreende um conceito, depois o delimita (“homem”, “alguns homens”...); 
— pelo juízo, ele afirma ou nega algo desse conceito, para chegar a uma proposição (“o homem é mortal”); 
— pelo raciocínio, ele encadeia essas proposições, de modo a avançar do conhecimento para o desconhecido. 
 
A argumentação corresponde, no plano discursivo, ao raciocínio no plano cognitivo. As regras da argumentação correta são dadas pela teoria do silogismo 
válido (“Alguns a são b, todos os b são c, logo, alguns a são c”). A teoria dos discursos falaciosos (raciocínios viciosos, paralogismos, sofismas) constitui sua 
contraparte (“Alguns a são b, alguns b são c, logo alguns a são c”). 
 
A Lógica formal estabelece as condições de conformidade do pensamento consigo mesmo. Não visa, então, às operações intelectuais do ponto de vista 
de sua natureza: isto compete à Psicologia, mas do ponto de vista de sua validade intrínseca, quer dizer, de sua forma. Ora, todo raciocínio se compõe de juízos, e 
todo juízo, de ideias: há lugar, pois, para distinguir três operações intelectuais especificamente diferentes: 
1. Apreender, isto é, conceber uma ideia. 
2. Julgar, isto é, afirmar ou negar uma relação entre duas ideias. 
3. Raciocinar, isto é, de vários juízos dados tirar um outro juízo que destes decorre necessariamente. 
 
2.3. O RACIOCÍNIO: ARGUMENTO E CONCLUSÃO 
 
1. O raciocínio, em geral, é a operação pela qual o espírito, de duas ou mais relações conhecidas, conclui uma outra relação que desta decorre 
logicamente. Como, por outro lado, as relações são expressas pelos juízos, o raciocínio pode também definir-se como a operação que consiste em tirar de dois ou 
mais juízos um outro juízo contido logicamente nos primeiros. O raciocínio é então uma passagem do conhecido para o desconhecido. 
2. O argumento é a expressão verbal do raciocínio. 
3. O encadeamento lógico das proposições que compõem o argumento se chama forma ou consequência do argumento. 
As próprias proposições formam a matéria do argumento. 
 
A proposição a que chega o raciocínio se chama conclusão ou consequente, e as proposições de onde é tirada a conclusão se chama coletivamente o 
antecedente: 
O homem é mortal. 
Ora, Pedro é homem (Antecedente). 
Logo, Pedro é mortal (Conclusão). 
 
 
 
 
 
 
Linguística Aplicada @prof.sergiolima |5 
 
2.4. A RELAÇÃO ENTRE APREENDER, JULGAR E RACIOCINAR 
Leia abaixo o texto de Izadora Peter Furtado que recebeu nota 1000 no Enem 2015, sob o tema "A persistência da violência contra a mulher 
no Brasil". 
A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira é um problema muito presente. Isso deve ser enfrentado, uma vez que, diariamente, 
mulheres são vítimas dessa questão. Nesse sentido, dois aspectos fazem-se relevantes: o legado histórico cultural e o desrespeito às leis. 
 
Segundo a História, a mulher sempre foi vista como inferior e submissa ao homem (Apreender – ideia de base). Comprova-se isso pelo fato de elas 
poderem exercer direitos políticos (juízo 1), ingressarem no mercado de trabalho (juízo 2) e escolherem suas próprias roupas muito tempo depois do gênero oposto 
(juízo 3). Esse cenário, juntamente aos inúmeros casos de violência contra as mulheres (juízo 4), corroboram a ideia de que elas são vítimas de um legado histórico-
cultural. Nesse ínterim, a cultura machista prevaleceu ao longo dos anos a ponto de enraizar-se na sociedade contemporânea, mesmo que de forma implícita, à 
primeira vista. (conclusão = de vários juízos dados (postos) obter um outro juízo que destes decorre necessariamente). 
 
No parágrafo argumentativo, temos: 
1) Apreender: Segundo a História, a mulher sempre foi vista como inferior e submissa ao homem. 
2) Juízos: Comprova-se isso pelo fato de elas poderem exercer direitos políticos (juízo 1) + ingressarem no mercado de trabalho (juízo 2) + e escolherem 
suas próprias roupas muito tempo depois do gênero oposto (juízo 3) + Esse cenário, juntamente aos inúmeros casos de violência contra as mulheres (juízo 
4), corroboram a ideia de que elas são vítimas de um legado histórico-cultural. 
3) Conclusão: “Nesse ínterim, a cultura machista prevaleceu ao longo dos anos a ponto de enraizar-se na sociedade contemporânea, mesmo que de forma 
implícita, à primeira vista”. (juízo final = raciocínio final. 
 
Algumas marcações importantes: 
1. Segundo= modalização em discurso segundo – competência 3. 
2. Comprova-se isso = marca de fundamentação – competência 3. 
3. Esse cenário = marca de conexão – Competência 4. 
4. Nesse ínterim = marca de conexão – Competência 4. 
 
 
3. ARGUMENTAÇÃO POR PARÁFRASE 
 
 Para fins de contextualização da noção de sequência argumentativa, devemos considerar a passagem de um simples período argumentativo, 
encadeado por um conjunto de proposições e conectores argumentativos a uma sequência argumentativa mais complexa, como resultado de um raciocínio. 
 
Proposições argumentativas 
(P. Arg. 1 + P. Arg. 2 + P. Arg. 3) 
 
Essa orientação argumentativa fundamenta-se no movimento de demonstrar-justificar uma tese, e é apoiada por um conjunto de procedimentos 
argumentativos que assumem a forma de encadeamentos de argumentos-provas. Uma estratégia argumentativa que ilustra bem esse movimento de 
fundamentação e justificação é a paráfrase. 
 
3.1. CONCEITO DE PARÁFRASE 
Interpretação, explicação ou nova apresentação de um texto (entrecho, obra etc.) que visa torná-lo mais inteligível ou que sugere novo enfoque 
para o seu sentido. 
 
A paráfrase apresenta o mesmo conteúdo sob formas estruturais distintas. O conteúdo, quando reapresentado, sofre algum tipo de alteração como 
reformulação, ajuste, desenvolvimento, síntese etc. Mas seja qual for a razão, a paráfrase chama a atenção do leitor não apenas para o conteúdo que está 
sendo alterado, mas, principalmente, para a alteração ocorrida e o objetivo que justifica, aumentando as chances de êxito no empreendimento argumentativo. 
 
 
Em nossa língua, funcionam como introdutoras de paráfrases expressões como: 
 
Isto é, ou seja, ou melhor, quer dizer, em síntese, em resumo, em outras palavras etc. 
 
 
Linguística Aplicada @prof.sergiolima |6 
 
3.2. Exemplo de paráfrase na introdução de uma redação nota 1000 no Enem 2017. 
 
No Brasil, o início do processo de educação de surdos remonta ao Segundo Reinado. No entanto, esse ato não se configurou como inclusivo, já que se caracterizou 
pelo estabelecimento de um “apartheid” educacional, ou seja, uma escola exclusiva para tal público, segregando-o dos que seriam considerados “normais” pela população. Assim, 
notam-se desafios ligados à formação educacional das pessoas com dificuldade auditiva, seja por estereotipação da sociedade civil, seja por passividade governamental. Portanto, 
haja vista que a educação é fundamental para o desenvolvimento econômico do referido público e, logo, da nação, ela deve ser efetivada aos surdos pelos agentes adequados, a 
partir da resolução dos entraves vinculados a ela. 
 
Observamos que o termo “ou seja” apresenta-se como paráfrase, introduzindo o seguinte desenvolvimento “uma escola exclusiva para tal público, 
segregando-o dos que seriam considerados “normais” pela população”. É importante frisar que esse desenvolvimento se refere ao tópico anteriormente destacado 
“caracterizou pelo estabelecimento de um “apartheid” educacional”. 
 
Notamos aqui que o desenvolvimento da ideia do autor foi baseado na noção de paráfrase. Uma primeira informação é posta em evidência, seguida 
imediatamente por uma segunda informação que ampliar o significado da expressão anterior, dando-lhe novo enfoque, nova formulação. 
 
3.3. Exemplo de paráfrase na conclusão de uma redação nota 1000 no Enem 2016. 
 
Redaçãode Marcela Sousa Araújo, 21 anos, Itabuna (Bahia) 
 
Parafraseando o sociólogo Zygmun Bauman, enquanto houver quem alimente a intolerância religiosa, haverá quem defenda a discriminação. Tomando como norte a 
máxima do autor, para combater a intolerância religiosa no Brasil são necessárias alternativas concretas que tenham como protagonistas a tríade Estado, escola e mídia. 
 
 No exemplo acima, percebemos que a paráfrase foi a estratégia usada pelo autor para iniciar a introdução da conclusão. Nesse caso, o autor do 
texto apropria-se das ideias defendidas pelo sociólogo Zygmun Bauman, como forma de estabelecer um paralelo que sugere, de uma forma ou de outra, o 
ponto de partida para a solução da problemática proposta – a tríade Estado, escola e mídia. 
 
3.4. Exemplo de paráfrase na argumentação como forma de explicação ou síntese da ideia anterior 
 Não há como negar que esse tipo de intolerância é fruto da colonização, pois o encontro cultural entre portugueses, os quais manifestavam o Catolicismo, e 
povos politeístas foi devastador. Uma vez que os colonizadores impuseram sua fé para submeter ameríndios e africanos ao seu poder ocorreu um processo de 
aculturação, ou seja, perda ou modificação de suas culturas. Ademais, somente após quase 391 anos de predominância católica, o Estado tornou-se laico em 1891 
devido à proclamação da República, no entanto o governo não faz nada para realizar a inclusão social das etnias oprimidas ou estimular o respeito mútuo entre os 
cidadãos. Por isso, infelizmente, os atos de violência e opressão por motivos religiosos, sobretudo contra adeptos das religiões de matriz africana, continuam ocorrendo. 
Fragmento de redação de Thaís Fonseca Lopes de Oliveira, de 17 anos, Mato Grosso. 
 
1. P. arg. 1 = Uma vez que os colonizadores impuseram sua fé para submeter ameríndios e africanos ao seu poder ocorreu um processo de aculturação, 
2. Expressão de paráfrase = ou seja, 
3. P. arg. 2 = ou seja, perda ou modificação de suas culturas. 
 
 O parágrafo argumentativo inicia-se com um tópico discursivo/frasal declarativo sobre o tema. Logo em seguida, a primeira parte da 
argumentação é construída com base na justificação (fundamentação) que comprova a veracidade da informação inicial, acrescida do termo “ou 
seja” (paráfrase – reformulação, alteração ou síntese das ideias apresentadas). 
 
Trecho original 
“(...) Uma vez que os colonizadores impuseram sua fé para submeter ameríndios e africanos ao seu poder ocorreu um processo de aculturação, ou seja, perda ou 
modificação de suas culturas. (...)” 
 
3.5. Parafraseando os textos motivadores 
 
 Usaremos aqui a prova de redação do Enem 2016 para ilustrar como os textos motivadores apresentam várias informações que podem ser 
usadas para fundamentar e compor passagens de algumas redações. Vejamos apenas os textos I e II da coletânea. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Linguística Aplicada @prof.sergiolima |7 
http://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2017/01/surpresa-diz-aluna-de-mt-que-tirou-nota-mil-em-redacao-e-quer-ser-medica.html
 
 
 
Fragmento de argumento de Julia Guimarães Cunha 
De acordo com o site “Mapa da Violência”, nas últimas três décadas houve um aumento de mais de 200% nos índices de 
feminicídio no país. Esse dado evidencia a baixa eficiência dos mecanismos de auxílio à mulher, tais como a Secretaria de Políticas 
para as mulheres e a Lei Maria da Penha. A existência desses mecanismos é de suma importância, mas suas ações não estão sendo 
satisfatórias para melhorar os índices alarmantes de agressões contra o, erroneamente chamado, “sexo frágil.” 
 
 
 
 
 Em suma, do termo latino paraphrăsis, deriva-se a expressão paráfrase. Em linhas gerais, pode ser entendo como um discurso ou um texto 
que pretende explicar e ampliar uma informação posta, constituindo-se na recriação textual, tendo, portanto, como suporte o texto-fonte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Linguística Aplicada @prof.sergiolima |8 
http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2016/01/estudante-do-para-alcanca-1000-pontos-na-redacao-do-enem.html

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