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Cardiopatias congênitas acianogênicas – Dr. Bonini ❖ INTRODUÇÃO CARDIOPATIA CONGÊNITA: · Correspondem menos de 5% de todas as cardiopatias · De 6 – 8/1000 nascidos vivos · 1/3 são casos mais graves · Acomete mais meninos que meninas · E 25% estão fora do coração, ou seja, são anomalias extra-cardíaca ❖ ETIOLOGIA DE CARDIOPATIAS CONGÊNITAS: · Hereditariedade: Comunicação interatrial (CIA) e persistência do canal arterial (PCA) · Alterações cromossômicas: · Síndrome de Down: muito comum ter defeito do septo atrioventricular (DSAV) · Síndrome de Turner: muito comum ter coarctação da aorta · Teratógenos · Altitude · Sexo · Idade materna: Tetralogia de Fallot · Patologias maternas: Diabetes, Lúpus · Rubéola no 1º trimestre de gestação: Fatores de risco para cardiopatias congênitas, principalmente a persistência do canal arterial · Uso crônico de álcool ❖ MANIFESTAÇÕES DAS CARDIOPATIAS: · Sopros – muito importante · ICC · Cardiomegalia · Infecções respiratório de repetição – “pulmão úmido” · Alterações das bulhas, pulsos, PA · Arritmias · Episódios de sincope · Cianose · Crises de hipóxia ❖ ANAMNESE: · Antecedentes familiares · Condições da gestação · Condições do nascimento · Descoberta da cardiopatia · Desenvolvimento físico · Dispneia aos esforços · Cianose · Crise de hipóxia · Posições viciosas · Infecções respiratórias · Atividade física ❖ EXAME FISÍCO GERAL: · Peso · Desenvolvimento físico · Malformações associadas · Cianose · Pulsos periféricos · Pressão arterial · Edemas · Estase venosa · Ausculta pulmonar ❖ EXAME FÍSICO DAS CARDIOPATIAS CONGÊNITAS: · INSPEÇÃO · Presença de abaulamentos, edema e cianose · PALPAÇÃO · Alteração do ictus, frêmitos e pulsos · AUSCULTA ( o principal ) · Ritmo, sopros e 2ª Bulha ❖ MANIFESTAÇÕES CLÍNICA: · Se divide em dois grandes grupos: Aquelas com hiperfluxo pulmonar e as com fluxo pulmonar normal · HIPERFLUXO PULMONAR: · Cansaço aos esforços, as mamadas · Episódios de BCP · Hipodesenvolvimento · FLUXO PULMONAR NORMAL · Assintomáticos · Cansaço aos esforços mais tardiamente · SOPROLOGIA · Sopro sistólico de regurgitação: Na comunicação interventricular (CIA) · Insuficiência valvares: No defeito do septo atrioventricular (DSAVT) · Ejetivo: Estará presente na estenose aórtica (EAo), estenose pulmonar (EP), coarctação da aorta (CoAo) e na CIA · Continuo em maquinário/ Sopro em locomotiva: Na presença do canal arterial · 2ª Bulha: · Desdobramento fisiológico = CIv ECG: SVE: CIV, PCA, EAo E CoAo SVD: RADIOGRAFIA DO TÓRAX: Hiperfluxo pulmonar: Cardiomegalia variável Hiperfluxo pulmonar Tp abaulado Fluxo Normal: Area cardíaca normal Fluxo pulmonar normal ❖ MAGNITUDE DO FLUXO PULMONAR: · Volume do fluxo pulmonar (Qp) · Volume do fluxo sistêmico (Qs) · Qp/Qs = 1 se houver um shunt há um desequilíbrio desse fluxo e assim altera essa relação – normalmente shunt da esquerda para a direita aumentando o fluxo pulmonar – IMPORTANTE. · Hiperfluxo: · Discreto < 1,5 · Moderado 1,5 – 2,0 (daqui para frente há indicação cirúrgica) · Importante > 2,0 2ªBULHA Desdobramento fisiológico na CIV, PCA, CoAo, EP e DSAVT Desdobramento paradoxal na EAo Desdobramento amplo e fixo na CIA) ❖ EXAMES COMPLEMENTARES ELETROCARDIOGRAMA Sobrecarga ventricular esquerda › CIV › EAo › CoAo › PCA Sobrecarga ventricular direita › CIA › EP Sobrecarga biventricular › DSAVT RADIOGRAFIA DO TÓRAX Hiperfluxo pulmonar › Cardiomegalia variável › Hiperfluxo pulmonar › TP abaulado Fluxo pulmonar normal › Área cardíaca normal › Fluxo pulmonar normal ❖ MAGNITUDE DO FLUXO PULMONAR (Importante) Usado para classificar se a criança tem hiperfluxo pulmonar ou não A regra é: Qp/Qs → É feito a divisão entre a quantidade de sangue que vai para os pulmões sobre a quantidade de sangue que vai para aorta e isso tem que ser igual a 1. Hiperfluxo: › Discreto se < 1,5 › Moderado se entre 1,5 – 2 › Importante se >2 Esse hiperfluxo é calculado através do Ecocardiograma A indicação cirúrgica é quando o hiperfluxo pulmonar for maior ou igual a 1,5 Crianças que ficam muito ❖ CARDIOPATIAS CONGÊNITAS ACIANÓTICAS COM HIPERFLUXO PUMONAR: 1. PCA – PERSISTÊNCIA DO CANAL ATRIAL · Deveria fechar em 12 a 24 horas ou até algumas semanas · Crianças debilitadas, evoluem com resfriados de repetição, pneumonia e desenvolvimento retardado · O diferencial é a presença de sopro em máquina ou locomotiva (contínuo) em região infraclavicular E · TRATAMENTO · É feito nas crianças em idade pré-escolar, 12-24 meses · As técnicas são feitas através de uma oclusão via cateterismo intervencionista (mais comum), mas pode ser feito uma cirurgia por minitoracotomia ou videotocacoscopia · QUANDO FECHA EM CRIANÇAS ABAIXO DO 1º ANO? · Crianças no respirador · ICC de difícil controle · Broncopneumonia de difícil controle · Sinais de hipertensão pulmonar importante · Hipodesenvolvimento pondo-estatural importante 2. CIV – COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR: · Sobrecarga de volume em VD, pulmões e câmaras esquerdas, preservando apenas AD; aorta normal, mas tronco pulmonar dilatado. · Sintomas: Resfriados de repetição, pneumonia, retardo do crescimento, endocardite e ICC · Sopro em platô sendo ele mais rude (holossistólico), na região do mesocárdio (FT), pancardíaco (irradiado), frequentemente acompanhado de frêmito. · AUSCULTA: · Aqui a hipertensão pulmonar se desenvolve mais rapidamente, o tronco pulmonar vai estar mais alterado e por isso a intervenção deve ser feita rapidamente em relação a CIA. · TRATAMENTO: · Em CIV pequenas, sem repercussão: O tratamento é clínico, o retorno deve ser periódico ao cardiologista; e se não houver fechamento até os 10 anos, deve fazer correção cirúrgica, pois existe o risco mais tardiamente da criança desenvolver endocardites. · Em CIV grandes, com repercussão: A indicação é cirúrgica de maneira precoce (com 6 meses de vida, não ultrapassar disso) · CORREÇÃO DA CIV: · Também é feita através de um tampão, entra pelo átrio direito, e é feita uma abertura na tricúspide e por ela corrige a comunicação entre os ventrículos. 3. CIA – COMUNICAÇÃO INTERATRIAL: · Patologia em que o septo interatrial não se fecha o que leva a uma comunicação, um fluxo de sangue entre os átrios. · Pode ser assintomático · E quando há sintomas, eles serão: · Resfriados de repetição · Pneumonia · Retardo do crescimento – Esse retardo ocorre pois o desvio de sangue do átrio esquerdo para o átrio direito leva a uma diminuição de fluxo para o ventrículo esquerdo e artéria aorta, o que diminui o debito cardíaco, e como consequência a criança terá menos nutrição tecidual e assim ela vai se desenvolver menos · Geralmente estes sintomas começam aparecer no 3º-5º ano de vida: Diminui a FC e evidencia o sopro · Sopro sistólico ejetivo de pequena magnitude em borda esternal esquerda alta (foco pulmonar): Desdobramento fixo de B2, geralmente mesossistólico · Sopro diastólicos precoce: hiperfluxo pela tricúspide · AUSCULTA · Desvio do fluxo da esquerda para a direita · RAIO X DE TÓRAX · Aumento do tronco da pulmonar e da trama vascular que gera uma hipertensão de grau importante · Aparecerem mais tardiamente · ECOCARDIOGRAMA · Faz o diagnóstico · Possível analisar a presença da passagem de sangue através da CIA (localização, tamanho e repercussão); · Analisa o aumento das câmaras direitas e quantifica a função ventricular. · CORREÇÃO DA CIA · O acesso é pelo átrio direito, vai até o local da CIA e coloca um tampão de pericárdio bovino ou do próprio paciente, e fecha esse orifício entre o átrio direito e esquerdo. · Outra forma de fazer a correção é através da colocação de uma mola por cateteres via femoral da criança, sendo menos invasivo e bem comum. 4. DSAV – DEFEITO DO SEPTO ATRIOVENTRICULAR: É o maior/pior das patologias Ausência de estruturas septais atrioventriculares normais, o que denota um canal atrioventricular comum. A criança nasce com uma válvula atrioventricular única (não separa mitral e tricúspide). Muito comum na Síndrome de Down: Sinais de IC e infecções de repetição precoce a correção cirúrgica deveser antes dos 6 meses de vida (geralmente com 3 meses de vida, se não a criança evolui com hipertensão pulmonar fatalmente). Cerca de 50% das crianças portadoras de síndrome de Down, que possuem cardiopatias congênitas, possuem o defeito do septo atrioventricular. EXAMES Sopro sistólico em borda esternal esquerda alta, desdobramento fixo de B2 e sopro sistólico regurgitativo em foco mitral, sem sinais de IC. RX tórax: Down – Aumento global da área cardíaca e hiperfluxo pulmonar bem aumentado ECG: sinusal, mas pode ter desvio de eixo para esquerda Down – Hipertrofia do VD ou biventricular ECO: Localiza e quantifica o aumento das câmaras esquerdas TRATAMENTO DSAV parcial › Cirurgia eletiva em pré-escolares, antes dos 4 anos, onde se faz o fechamento da CIA através de um PATCH e fechamento da fenda valvar DSAV total › É feita a cirurgia nos primeiros 6 meses de vida (PATCH), e sempre tomar cuidado com o nodo AV. ❖ CARDIOPATIAS CONGÊNITAS ACIANÓTICAS OBSTRUTIVAS 1. ESTENOSE PULMONAR · Pode ser subvalvar (infunfibular), valvar (mais comum) ou supravalvar · Presença de sopro sistólico ejetivo rude, precedido por clique de abertura, audível em borda esternal esquerda alta · Dilatação do tronco pulmonar e hipertrofia do ventrículo direito em consequência da estenose · B2 normal, diminuída ou inaudível · EXAMES: · RX tórax: Dilatação do tronco pulmonar · ECG: Hipertrofia do ventrículo direito · ECO: · Nos dará as diretrizes para indicar o tratamento cirúrgico ou não - Características da valva, grau de hipertrofia, função do ventrículo e gradiente pressórico transvalvar (diferença de pressão do ventrículo direito e da artéria pulmonar; · A média é acima de 40mmHg – gradiente/estenose valvar importante) · CONDUTA: · Valvar: · Primeira conduta: valvuloplastia com cateter-balão · Cirurgia ou valvuloplastia: GS >50 mmHg (isso significa que quando eu tiver uma pressão dentro do ventrículo direito de 100mmHg e na artéria pulmonar de 50mmHg, essa diferença é de 50 então já existe indicação para cirurgia. · Supra-valvar ou infundibular: · Geralmente já é feita cirurgia pois não tem como abrir a válvula ali 2. ESTENOSE AÓRTICA Pode ser subvalvar, valvar ou supravalvar Valvar: Está inerente Sub-valvar: Supra-valvar Tricúspide, bicúspide ou monocúspide (raro) Pode permanecer assintomático durante anos, mas pode evoluir, dependendo do grau de estenose com sintomas como: Fadiga, dispneia aos esforços, precordialgia e síncope (casos graves) Ictus “sustentado” de VE; frêmito sistólico em foco aórtico, fúrculas e carótidas. Clique de abertura após B1, seguido de sopro sistólico ejetivo rude irradiado para o ápice, fúrcula e carótidas. Presença de B4 em casos mais graves (B4 está relacionada a complacência ventricular esquerda). Em ventrículos muito hipertróficos não ocorre diástole corretamente, e no final dela ocorre um som parecido com desdobramento da B1, que seria a B4. CONDUTA Cirurgias: Com GS> 50 mmHg Primeira conduta: Valvuloplastia com cateter-balão Se houver ICC: cirurgia em qualquer idade e peso, é preciso intervir Em membrana sub-aórtica ou hipertrófica › Geralmente é cirúrgico, não há coo fazer por cateter › Cirurgia: Indicada com GS > 30 mmHg (lesão em jato na válvula aórtica) Hipertrófica › Cirurgia: Indicada com GS > 50 mmHg A cirurgia é feita da mesma forma que na pulmonar, mas a entrada aqui é via arterial, ou pela radial ou femoral (mais comum), vai um cateter na aorta ascendente, passa o plano valvar e o hemodinamicista faz um balonamento nessa criança, e então espera ela se desenvolver e crescer, para que futuramente ela poça ser tratada da melhor forma possível, ou por troca valvar ou por enxerto. Crianças maiores podem trocar a válvula, ou colocar uma prótese, mas depende do meio que ela vive (socioeconômico) e do seu quadro clínico. 3. COARCTAÇÃO AÓRTICA Obstrução localizada no istmo aórtico, entre a emergência da artéria subclávia esquerda e o local de inserção do ducto arterioso. É uma membrana internamente a aorta, causando obstrução e gradiente. Essa coarctação pode estar associada a válvula aórtica bicúspide, e assim pode ser necessário intervir nessa criança. Abaixo da subclávia esquerda haverá um estreitamento ductal da aorta, junto ao canal arterial, e assim o sangue terá dificuldade de passar do arco aórtico para a aorta descendente, o que causará uma hipertensão de todo esse sistema pré-ductal e uma sobrecarga ventricular esquerda. Em pacientes com valva aórtica bicúspide, é OBRIGATÓRIO fazer tomografia para ver o arco aórtico, porque a chance de ela ter coarctação é aumentada. Evolução clínica: Os pulsos femorais podem desaparecer; e presença de claudicação intermitente aos esforços RX tórax: Sinal de Roesler (tardio): Comum ser encontrado em crianças que não trataram adequadamente - O gradil costal fica serrilhado, porque com o tempo, como a circulação se faz pelas artérias intercostais, elas ficam calibrosas e o fluxo de sangue através delas aumenta. O contato delas com o gradil costal faz uma erosão, e elas ficam batendo no gradil costal. CONDUTA/TRATAMENTO Correção cirúrgica ou percutâneo Pré-ductal (Infantil): › Cirurgia precoce Pós-ductal (Infantil): › Eletiva: entre 1 e 5 anos de idade (menos índice de H.A.R) › Qualquer idade: Se a criança tiver ICC ou PA diastólica > 90mmHG Em adultos › Sempre que possível: aortoplastia com cateter-balão › Cirurgia ou aortoplastia: GS> 50mmHg – Tira a área coarctada e faz uma reanastomose boca-boca dessa área coarctada, promovendo a união desses pontos. LEMBRAR: No grupo com hiperfluxo – magnitude do fluxo pulmonar é importante para indicar a cirurgia (saber a regra Qp/Qs). Não pode demorar para tratar crianças acima de 1,5 pois se deixar muito tempo ela evolui com hipertensão pulmonar fixa, impossibilitando o tratamento. Foco nos hiperfluxos – e nas regrinhas da aula.
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