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CONTINÊNCIA E INCONTINÊNCIA URINÁRIA Profa. Greice Sampaio ■ Para compreender e tratar as diversas afecções uroginecológicas é necessário conhecer o funcionamento do trato urinário inferior e os mecanismos de manutenção da continência urinária. Continência ■ É a capacidade normal de uma pessoa em acumular urina e fezes, com controle consciente sobre o tempo e lugar para urinar ou defecar. Urina ■ A urina é continuamente produzida e passa por meio de peristaltismo para a bexiga , vinda dos rins através dos ureteres. ■ A bexiga normal aumenta seu volume para conter e armazenar urina , sem aumento significativo na pressão, até que esteja completamente distendida, e sem as contrações involuntárias do detrusor, mesmo com tosse,espirro etc. ■ Na medida que o enchimento da bexiga continua, o limite de distensibilidade da mesma é atingido e a pressão começa a subir. ■ A capacidade média da bexiga está entre 300 a 500 ml de urina. Micção Compreende 2 fases: ■ Armazenamento ou enchimento ■ Esvaziamento ou expulsão Envolve funções antagônicas da bexiga e da uretra Ciclo da micção ■ Atividade coordenada envolvendo: – Bexiga (músculo liso) – Uretra (músculo liso e estriado) – Assoalho pélvico (músculo estriado) Principais estruturas envolvidas na teoria integral da continência ■ Diafragma pélvico ■ Ligamentos pubouretrais, uretropélvicos e uterossacros. Controle da micção ■ Sistema Nervoso Central ■ Sistema Nervoso Periféfico ( SN Autônomo e Somático) ■ A interação entre SNC,SNP e trato urinário inferior ocorre por meio de níveis de controle miccionais, circuitos neurológicos e reflexos da micção. ■ O córtex cerebral representado pelo lobo frontal = responsável pelo controle voluntário da micção. (inibe os reflexos de contração do detrusor na fase de enchimento diante do aumento da pressão vesical) FISIOLOGIA DO TRATO URINÁRIO INFERIOR E DA MICÇÃO ■ BEXIGA – órgão autônomo constituído de músculo liso, cuja função é armazenar urina sem esforço, sem dor e sem perda involuntária e ainda, de eliminá-la voluntariamente, sem dor e sem esforço. SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO (T10 a L2)- representado principalmente pelo nervo hipogástrico ■ A sensação de repleção vesical após enchimento de determinado volume de urina é enviado ao encéfalo por receptores de tensão estiramento – desencadeando o reflexo de micção. ■ A micção é deflagrada pelo SNP e controlada pelo SNC. Fase de esvaziamento vesical ■ Mediada pelo sistema nervoso parassimpático (S2 e S4) – responsável pelo controle motor do detrusor. Os neurônios parassimpáticos pré-ganglionares longos e pós-ganglionares curtos utilizam a acetilcolina como neurotransmissor) ■ A estimulação do nervo tibial posterior inibe a atividade vesical pela despolarização das fibras aferentes somáticas sacrais e lombares, resultante de respostas motora e sensitiva ao estímulo na área do nervo tibial posterior. Alterações no funcionamento da Bexiga: ■ Infecções urinárias ■ Hipertrofia da próstata ■ Prolapso uterino ■ Doenças do SN (PC, TRM, Parkinson) Fatores psíquicos: ■ Hospitalização ■ Mudança de domicilio ■ Emocional (Depressão, Ansiedade) Fatores sociais: ■ Dificuldade de acesso e condições de moradia. MECANISMOS ESFINCTERIANOS Podem ser divididos em um componente proximal e outro distal: ■ esfíncter uretral proximal (EUP) ■ esfíncter uretral distal (EUD) Pressão de fechamento da uretra A urina também é impedida de sair pela uretra por uma pressão de fechamento, cerca de: ■ 50 a 70 cm H2O nas mulheres antes da menstruação ; ■ 40 a 50 cm H2O após a menstruação ; ■ 60 a 90 cmH2O nos homens INCONTINÊNCIA URINÁRIA Qualquer perda involuntária de urina, exceto em crianças. Segundo a sociedade internacional de continência (1976), a incontinência urinária (IU) trata-se de um transtorno no qual a perda involuntária de urina é um problema social ou higiênico e exerce grande impacto sobre a saúde e qualidade de vida do indivíduo. ObesidadePartosSexo . Fatores de Risco Algumas causas possíveis de incontinência são: ■ Infecção urinária ou vaginal ■ Efeito colateral de medicamentos ■ Constipação ■ Fraqueza de certos músculos da região pélvica ■ Obstrução da Uretra por aumento da próstata ■ Doenças envolvendo nervos e/ou músculos ■ Conseqüência de algumas cirurgias Outras causas: ■ Hiperatividade do músculo da bexiga, ■ Fraqueza dos músculos que seguram a bexiga no lugar, ■ Fraqueza no esfíncter uretral, ■ Problemas congênitos, ■ Lesões da coluna espinhal, ■ Certos alimentos que podem atuar como diuréticos DETRUSOR Incontinência Urinária de Urgência (Bexiga Hiperativa) URETRAL e Assoalho Pélvico Incontinência Urinária de Esforço (Insuficiência Esfincteriana) Mista Tipos de Incontinência A incontinência urinária pode ser dividida em: ■ URETRAL - Incompetência esfíncter - instabilidade do detrusor - retenção por transbordamento - congênitas - miscelânea ■ EXTRA-URETRAL - congênitas - fístulas Bexiga hiperativa ■ De acordo com Sociedade Internacional de Continência, a BH é caracterizada como uma síndrome sintomática sugestiva de disfunção do TUI. ■ Condição relatada pelo paciente de urgência e aumento da frequência miccional, com ou sem incontinência urinária, ocorrendo na ausência de fatores metabólicos ou patológicos locais. Padronização da nomenclatura adotada em uroginecologia pela Sociedade Internacional de Continência (ICS). Adaptado de Abrams et al.,2003 Sintomas de armazenamento: ocorrem durante armazenamento vesical,incluindo frequência diurna e noctúria. Frequência diurna aumentada Relatada pelo paciente quando revela urinar várias vezes ao dia. Polaciúria Noctúria Paciente acorda ,durante a noite,1 ou mais vezes para urinar Urgência Desejo repentino,dificilmente inadiável, de urinar Incontinência urinária Qualquer perda involuntária.Exceto para crianças. Incontinência de esforço Perda involuntária de urina após exercício fisico,tosse e espirro Urge- incontinência Perda involuntária de urina acompanhada imediatamente de urgência urinária Incontinência mista È a perda involuntária de urina associada à urgência e também com exercício Enurese Qualquer perda involuntária de urina. Se a noite acrescenta-se o adjetivo noturna. Incontinência urinária contínua É a incontinência ininterrupta Sensação vesical Normal – ciente do enchimento vesical e o desejo miccional aumenta progressivamente. Aumentada - desejo precoce e persistente de urinar. Reduzida – consciência do enchimento vesical,mas não tem desejo definitivo de urinar. Ausente – não tem sensação de enchimento vesical e nem desejo miccional. Sintomas de esvaziamento: são específicos durante a fase miccional. Jato fraco Redução da força do jato, em comparação com situações anteriores Hesitação dificuldade de iniciar a micção, resultando em atraso no tempo entre a micção e vontade de urinar Esforço para urinar esforço para iniciar, manter e aperfeiçoar a micção Sintomas pós-miccionais: ocorrem imediatamente após a micção. Sensação de esvaziamento incompleto Sensação de que resta urina na bexiga após a micção Gotejamento pós- miccional Perda involuntária de urina imediatamente após a micção,usualmente após deixar o banheiro (homens) e após levantar do aparelho sanitário (mulheres) Valores de normalidade ■ Débito urinário de 24 h= 1.500 a 2.500ml. 0,5/kg/h ■ Volume médio =250 ml ■ Capacidade funcional = 400 a 600 ml – em 7 a 8 micções quando se ingere 3 l de água por dia. CLASSIFICAÇÃO DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA ■ INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO; ■ INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE URGÊNCIA; ■ INCONTINÊNCIA MISTA; ■ INCONTINÊNCIA TRANSITORIA; ■ INCONTINÊNCIA VERDADEIRA INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO ■ Perda involuntária de urina, via uretral que ocorre durante esforços fisicos, quandoo aumento da pressão intravesical supera a pressão intra-uretral, na ausência da contração do detrusor. ■ ocorre devido a uma deficiência no suporte vesical e uretral que é feito pelos músculos do assoalho pélvico ou por uma fraqueza ou lesão do esfíncter uretral. INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE URGÊNCIA: ■ Perda involuntária de urina, via uretral, que ocorre conjuntamente a um FORTE DESEJO de urinar, sendo acompanhado de contratura do detrusor. ■ A bexiga pode tornar-se hiperativa devido uma infecção urinária que irrita a mucosa da bexiga ou por alterações nos nervos que normalmente controlam a bexiga. ■ Em muitos casos, a causa pode não ser detectada. INCONTINÊNCIA URINÁRIA MISTA ■ Quando há incontinência de esforço e de urgência simultaneamente. ■ Caracterizada por pacientes que em situações de esforço apresentam, além da alteração anatômica, contrações não-inibidas do detrusor. INCONTINÊNCIA URINÁRIA TRANSITÓRIA (IUT) ■ Instabilidade do detrusor e diminuição da pressão de fechamento uretral, causado por bactéria, virus, fungos e outros. BEXIGA NEUROGÊNICA ■ Trata-se de retenção ou IU decorrentes da disfunção uretral ou do detrusor, causada por lesões neurológicas como lesões cerebrais, doenças ou traumas da medula espinhal. Tratamento bexiga neurogênica É guiado pela necessidade de : 1. Promover esvaziamento vesical completo 2. Preservar bom funcionamento renal 3. Evitar complicações 4. Permitir a inclusão social e profissional Controle medular da micção ■ Ocorre na região de S2 a S4, e é alojado nos corpos vertebrais de T12 a L1. ■ Lesões acima deste nível são caracterizadas por bexigas neurogênicas não flácidas ( BN reflexa e BN não inibidas) ■ Lesões no centro da micção ou abaixo provocam BN flácidas Avaliação ■ Escala de Oxford modificada ■ Paciente é orientado a contrair e manter a contração dos músculos perineais ao redor do dedo do examinador. OBJETIVOS DA FISIOTERAPIA ■ Geral: Recuperar a função da musculatura do assoalho pélvico revertendo o quadro de incontinência urinaria dando ao paciente um maior conforto e menor constrangimento. ■ Específicos: – Reduzir a dor quando presente – Melhorar a condução nervosa da bexiga, – Melhorar a sensibilidade da bexiga, – Melhorar a integridade muscular da bexiga, – Fortalecer os músculos do assoalho pélvico , – Aumentar o controle da micção – Treinar a marcha quando esta estiver alterada. Tratamento Fisioterapêutico ■ Fortalecimento do assoalho pélvico, cones vaginais, biofeedback, eletroestimulação ■ Reeducação Perineal – Exercicios Perineais – Kegel – Propriocepção com Cones Vaginais – Cinesioterapia – Exercicios Respiratorios Eletroestimulação do nervo tibial posterior ■ Exercícios de agachamento: de frente para o espaldar, segurá-lo e começar o agachamento até flexão total dos joelhos, ao subir contrair o assoalho pélvico. ■ Exercício para mm. adutora de quadril e assoalho pélvico: decúbito dorsal, joelhos fletidos, apertar uma almofada entre os joelhos e contrair assoalho pélvico simultaneamente. ■ Para assoalho pélvico: dec. dorsal, joelhos fletidos e quadril abduzido, contrair assoalho pélvico. ■ Para assoalho pélvico e glúteos: dec. Lateral, perna de baixo estendida e de cima fletida, fazer uma antero-versão pélvica, contraindo glúteos e assoalho pélvico ■ Exerc. para assoalho pélvico: sentada sobre os ísquios, com a coluna apoiada em uma parede, abdução de MMII, fazer uma contração do assoalho pélvico associada a uma adução resistida. Realizar 2 a 3 séries de 10 exercícios de cada. A contração é de 5 a 10 segundos. Importante: estes exercícios também trazem melhora no desempenho sexual! POLDEN, Margaret; MANTLE, Jill (Colab.). Fisioterapia em obstetricia e ginecologia. São Paulo: Santos,2005. GOODMAN, Catherine Cavallaro; SNYDER, T. E. K. (Colab.). Diagnostico diferencial em fisioterapia. 3ed.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. BARACHO, Elza. Fisioterapia aplicada a obstetricia, uroginecologia e aspectos de mastologia. 4ed. Rio deJaneiro: Guanabara Koogan, 2007. MORENI,Adriana L . Fisioterapia em Uroginecologia. 2.ed.Barueri,SP:Manole,2009
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