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Mestre em Desenvolvimento Regionale Meio Ambiente; Especialista em Docência do EnsinoSuperior Bacharel e Licenciada em CiênciasSociais 1 Conteúdo - Unidade 02 Conceito, usos e tipos de monitoramento em políticas públicas. Instrumentos de monitoramento: painéis de monitoramento. Objetivos - Unidade 02 � Conhecer o conceito de monitoramento; � Reconhecer a importância do monitoramento para a gestão; � Identificar os tipos e etapas de monitoramento; � Conhecer os instrumentos de monitoramento: painéis de monitoramento, modelo lógico e sistemas de monitoramento. 2 Olá cursista, seja bem-vindo(a) a nossa segunda aula. Nesta unidade vamos tratar somente do conceito de monitoramento e seus tipos, sua importância e suas etapas! 3 Imagine que você é o gestor de um novo programa que será implementado ainda no ano de 2019, você sabe que tem metas e objetivos a serem alcançados, sabe também que o bem-estar de determinado seguimento da população depende do bom desempenho de atividades que você coordena. O prazo final para o encerramento do programa é em quatro anos, pois, o atual chefe do executivo gostaria que os resultados do programa pudessem ser recebidos pela população no período de sua possível reeleição. Você sabe que estão previstas duas avaliações para o programa, a primeira será em dois anos, quando supõe-se que o programa estará na metade e a segunda será ao final dos quatro anos, quando supõe-se que o programa estará sendo encerrado. 4 bruna Realce O que você faria para que o programa pudesse ser bem avaliado? E se houver algum imprevisto? Dois anos não seria tempo demais, utilizando dos recursos públicos de forma ineficaz e ineficiente até que o rumo possa ser corrigido pela primeira avaliação? Você pode estar se perguntando: Como saber se as coisas vão sair conforme o planejado? O que fazer em caso de situações imprevistas? Vimos que o gestor pode, em situações específicas, fazer alterações durante o processo de implementação. Mas, se o caminho que foi planejado não está dando certo, como você, que está na função de implementador vai decidir que caminho tomar? 5 E se houvesse um meio através do qual o gestor pudesse obter informações rápidas e precisas sobre dados essenciais dos programas em um curto período de tempo para, após observância desses dados, caso seja necessário, realizar alterações na política em curso? Essa ferramenta de gestão é o monitoramento, que é o acompanhamento contínuo e sistemático sobre o desenvolvimento e desempenho dos programas, que permite que o gestor tenha a sua disposição as principais informações (úteis) que o auxiliarão na tomada de decisão durante a implementação. 6 Jannuzzi (2014, p.32) define o monitoramento como: Um processo sistemático e contínuo de acompanhamento de uma política, programa ou projeto, baseado em um conjunto restrito – mas, significativo e periódico - de informações, que permitem uma rápida avaliação situacional e uma identificação de fragilidades na execução, com o objetivo de subsidiar a intervenção oportuna e a correção tempestiva para o atingimento de seus resultados e impactos. Ou seja, o monitoramento é essencialmente uma atividade de gestão, o monitoramento implica a coleta e análise sistemática de dados e indicadores, bem como a observância dessas informações que devem ser feita de forma rotineira pelos envolvidos na execução da política. 7 bruna Realce bruna Realce bruna Realce bruna Realce 2. Formação da agenda 3. Formulação de alternativas 4. Tomada de decisão 5. Implementação 6. Avaliação 1. Identificação do problema 7. Extinção da política Fases do ciclo de políticas públicas Momento em que geralmente ocorre a coleta de dados e o monitoramento 8 bruna Realce Ao dizermos que implica, também, na disponibilização de informações úteis, quer dizer que o conhecimento relevante deve estar acessível de forma rápida, pois nada adianta que a informação importante esteja misturada com uma infinidade de informações desnecessárias em alguma planilha (entre vinte outras) dentro do computador “do Fulano”. Fonte:pixabay A necessidade de monitoramento surge da aceitação de que há problemas e obstáculos que não foram previstos durante o processo de planejamento da política, assim, uma de suas funções é portanto, aperfeiçoar o momento da implementação, permitindo que essa etapa possa cumprir a sua finalidade e atingir os resultados que são esperados. 9 bruna Realce Falhas no planejamento Ausência dos insumos Desafios não previstos Necessidade de tomada de novas decisões Aspectos considerados no processo de implementação TEMPO 10 bruna Realce bruna Realce bruna Realce bruna Realce bruna Realce Brasil (2016) elenca como funções do monitoramento: � Contribuir para a eficiência do programa; � Guiar, ajustar e revisar o desenvolvimento do programa; � Possibilitar a transparência na informação e fortalecer a comunicação; � Fortalecer as relações de prestações de Contas dentro e fora do governo; � Possibilitar a tomada de decisão mais eficiente; � Conduzir a implementação de inovações e a geração de conhecimentos na administração pública. O monitoramento é também uma atividade estratégica para os gestores, através do bom uso dessa ferramenta eles podem ter o seu conhecimento sobre o programa ampliado e podem gerenciar melhor as atividades e recursos sob sua responsabilidade. Funções do monitoramento 11 bruna Realce bruna Realce bruna Realce bruna Realce bruna Realce bruna Realce bruna Realce O gestor deve sempre observar que a atividade de monitoramento é uma atividade dinâmica, destinada a recolher e consolidar informações úteis para a tomada de decisão, não se trata do simples “acompanhamento” das atividades relativas ao projeto. Monitoramento não é a simples reunião e compartilhamento de informações superficiais, feito de forma mecânica para fins de controle. Fonte: Pixabay 12 bruna Realce O monitoramento é a coleta de informações úteis, ou seja, informações relevantes para o andamento do programa, que serão analisadas de forma que possam ser descobertas possíveis falhas ou melhores formas de se realizar uma determinada atividade, os resultados do monitoramento buscam gerar aprendizagem no meio organizacional, bem como subsidiar a tomada de decisão (ARAUJO, 2009). Por isso o gestor deve ter um olhar crítico sobre a sua ação, seus processos e seus recursos, o que nem sempre pode ser uma atividade fácil, pois os gestores podem sentir-se tentados a não demostrar ou discutir as falhas em seus processos. Um monitoramento efetivo depende do compromisso com uma gestão efetiva, que busque sempre fazer o melhor uso dos recursos disponíveis. 13 bruna Realce Um monitoramento efetivo precisa ocorrer em determinadas condições, quais sejam: sistemática, comparação e análise. Mas, o que isso significa? O trabalho de Santos et al. 2001 apud (ARAUJ, 2009) nos informa que: Sistemática: significa que as metodologias de monitoramento (e de avaliação) devem ser claras e estáveis com planejamento estratégico, atribuições, prazos e periodicidade definida sob o risco da informação atrasada ou incorreta fazer com que o sentido do monitoramento seja perdido. Comparação: É preciso que as informações obtidas a partir dos dados coletados possam ser comparadas com algum referencial modelo, que pode ser o próprio planejamento da política ou ainda estudos e indicadores nacionais, ou ainda dados de outros programas similares já executados. Análise: O referencial metodológico e a elaboração da análise deve sempre buscar contribuir para a tomada de decisão, e com o melhoramento da gestão de implementação, deve buscar as reais causas para as diferenças Condições para o monitoramento 14 bruna Realce bruna Realce bruna Realce entre o que foi planejado para o que está sendo realizado. O amontoado de gráficos e planilhas sobre os quais não foi aplicada a metodologia adequada não são suficientes. Tipos de monitoramento Umavez que sabemos em que condições podem ocorrer o monitoramento, vamos conhecer os tipos de monitoramento. Brasil (2016), informa duas formas de monitoramento, o gerencial – subdividido em monitoramento de insumo ou financeiro e monitoramento de produto – e o analítico. O monitoramento gerencial é relativo aquelas atividades ligadas ao programa em si, ou seja, disponibilidade de recursos e as práticas organizacionais de atuação do programa. O monitoramento analítico está relacionado ao acompanhamento dos resultados e impactos gerados pela política pública, geralmente se dá pelo acompanhamento dos indicadores nacionais. 15 bruna Realce bruna Realce bruna Realce bruna Realce bruna Realce bruna Realce bruna Realce bruna Realce bruna Realce bruna Realce recurso atividades produtos resultados impactos ocupa-se do andamento dos processos e do alcance das metas relativas ao programa. 16 Monitoramento gerencial está ocupado com o resultado e impacto da política implementada. Monitoramento analítico bruna Realce bruna Realce bruna Realce bruna Realce bruna Realce bruna Realce bruna Realce bruna Realce bruna Realce Monitoramento gerencial Monitoramento de insumo Monitoramento financeiro Monitoramento quanto a entrega 17 bruna Realce bruna Realce bruna Realce recurso atividades produtos Monitoramento gerencial Monitoramento quanto ao financeiro: está relacionado a boa utilização do orçamento do projeto, fluxos de caixa, receitas e despesas, é um monitoramento importante pois o recurso financeiro é um fator que influencia na tomada de decisão. Envolve a disponibilidade e previsibilidade de recursos financeiros, de materiais e equipamentos. Monitoramento quanto aos insumos: está relacionado ao contexto administrativo organizacional das atividades do projeto, aos processos, regulações e trâmites da instituição executora do projeto. Permite a identificação de possíveis mudanças organizacionais a serem realizadas. Envolve cargos e funções dos projetos, execução física das atividades, como e por quem as tarefas devem ser realizadas. 18 bruna Realce bruna Realce bruna Realce bruna Realce Monitoramento quanto aos sistemas de entrega: relacionado a observância dos produtos que são esperados na realização das atividades administrativas, relativo aos produtos intermediários e finais que estão previstos no projeto. Busca as informações sobre a quantidade, além de verificar se os resultados da política estão sendo percebidos pelos usuários finais. (BRASIL, 2016, p. 14) 19 bruna Realce bruna Realce Tomemos como exemplo a política pública do Sistema Único de Saúde, no que tange a campanha de vacinação contra a poliomielite. Supondo que no ano de 2019 o estado de Rondônia estime vacinar 250 mil crianças, com menos de um ano de idade. O monitoramento de insumo ou financeiro – financeiro, está relacionado ao acompanhamento do recurso desde a sua chegada ao Estado, até a compra de equipamentos e de material de divulgação, estando localizado e abordando a questão dos “recursos” e parte das “atividades” na figura 1. O monitoramento de insumo ou financeiro – insumo, está relacionado a forma como os recursos humanos e procedimentos internos da Secretaria de Saúde estão ou não contribuindo para o cumprimento do objetivo proposto. O monitoramento de resultado está relacionado a forma efetiva como as vacinas foram disponibilizadas para a população, e se, além do fato de terem sido disponibilizadas, se foram feitas na quantidade adequada, especialmente para o público desejado. 20 Compreendendo melhor... bruna Realce bruna Realce Como já informado, o monitoramento analítico está relacionado ao acompanhamento dos resultados e impactos gerados pela política pública, geralmente se dá pelo acompanhamento dos indicadores nacionais. O monitoramento gerencial ocupa-se do andamento dos processos e do alcance das metas relativas ao programa, o monitoramento analítico está ocupado com o resultado e impacto da política implementada. No exemplo da política de vacinação, o resultado seria a quantidade de crianças efetivamente vacinadas, pois a política pública foi realizada não apenas para disponibilizar as vacinas, mas para que as crianças fossem vacinadas. Fornecer as vacinas (competência do Estado) – seria o produto da política - é algo bem diferente de crianças vacinadas (competência dos pais) – o resultado da política – que é diferente ainda de crianças sem poliomielite (consequência da política pública) – que é o impacto desejado sobre a sociedade. Ressalta-se que não se trata do número de crianças efetivamente vacinadas, pois cabe a política pública informar a população sobre a gravidade da doença, disponibilizar as vacinas, fazer o chamamento público para a população, e esperar que as pessoas levem seus filhos, no entanto, isto é algo que foge ao âmbito da política pública. 21 Etapas do monitoramento 1. Planejamento do monitoramento 2. Coleta e registro de dados 3. Comparar e interpretar dados 4. Produzir novas informações 5. Tomada de decisão Antes de iniciar um processo de monitoramento é preciso seguir algumas etapas: Planejar o monitoramento: corresponde a escolha das informações e indicadores que servirão como critério para acompanhar a execução dos objetivos. Durante o ciclo de políticas muitas são as informações produzidas, este é o momento da escolha daquelas consideradas relevantes. 22 bruna Realce bruna Realce bruna Realce bruna Realce bruna Realce bruna Realce Coleta e registro de dados: consiste na atividade rotineira de coleta e classificação das informações, nesta fase também ocorre a produção dos indicadores necessários. Comparar e interpretar com padrões: analisar os dados coletados a partir dos critérios estabelecidos e comparar a realidade executada com o ideal que havia sido previsto. Produzir novas informações: a partir das etapas anteriores, de acordo com o contexto da instituição e da realização do projeto, significar os dados coletados e sistematizar as análises produzindo nova informação sobre o andamento das atividades. Não são os dados em si, mas as análises e as novas informações sobre os dados que auxiliam o gestor na tomada de decisão. Tomada de decisão: corresponde a manutenção, correção ou ajuste das atividades do programa. Ressalta-se que a tomada de decisão não significa obrigatoriamente uma mudança nas ações, pois o gestor pode optar por seguir as atividades conforme a indicação do planejador. 23 Fontes de informação As fontes de informação para a coleta de dados vão depender da política ou programa em questão, do objetivo do monitoramento, da capacidade dos atores e instituições envolvidas. Araújo (2009) lista algumas fontes de informação que podem alimentar um sistema de monitoramento e avaliação: Beneficiários: podem oferecer informações privilegiadas sobre a política, pois são aqueles que diretamente convivem com os problemas que ela busca solucionar. Podem fornecer informações sobre a qualidade dos resultados, produtos, serviços e atendimento. Produtos: são o resultado final da política pública, o monitoramento desse item é muito importante. Devido a facilidade dos implementadores em obter informações sobre os produtos das políticas que implementam, é uma fonte de informação bastante usada. Dados coletados primariamente por meio de instrumentos próprios: são os levantamentos e uso dos dados, tais como registros de arquivo, custos de 24 operação, tipos de serviços realizados e folhas de pagamento, ou seja, produzidos a partir da própria execução da política. Indicadores externos: são os indicadores ou índices produzidos por entidades externas a instituição que realiza a política. Os indicadores globais ou regionais tais como taxa de criminalidade, taxa de analfabetismo são alguns exemplos. Pessoal envolvido no projeto: assim como no caso dos beneficiários, os executores do projetos também possuem vastas informações e considerações sobre o andamento das atividades desenvolvidas.Após a definição das informações que são relevantes, a origem, a forma e periodicidade com que estas informações serão coletadas é preciso ainda dispô-las de determinada forma, para que seu acesso e visualização, por parte dos gestores, seja rápida e efetiva. 25 Instrumentos de monitoramento As informações coletadas, já preferencialmente, transformadas em indicadores (ver disciplina de indicadores já ministrada pelo professor João Batista) podem ser dispostas, para a rápida observação e análise por parte do gestor, nos instrumentos de monitoramento. Nesta aula vamos conhecer três instrumentos de monitoramento. Instrumentos de monitoramento Painéis de monitoramento Modelo lógico Sistemas de monitoramento 26 Os painéis consistem em um conjunto bastante limitado de indicadores, de sete a dez indicadores, que possibilitarão a visualização dos aspectos mais cruciais da política. Jannuzzi (2011) destaca a importância de indicadores no contexto de operação do programa e dos efeitos externos, que podem potencializar ou dificultar a operação do programa. No painel de indicadores as informações estão dispostas na forma de gráficos e a partir dele é possível identificar a relação entre esforços realizados e feitos esperados. Planejamento do monitoramento 6 4 2 0 Categoria Categoria Categoria Categoria 1 2 3 4 27 1º Tri 2º Tri 3º Tri 4º Tri Série 1 Série 2 Série 3 As etapas de construção de indicadores para um painel de indicadores segue, em linhas gerais, as etapas do processo de monitoramento, isso ocorre porque o painel de indicadores, os sistemas de monitoramento e avaliação e modelo lógico são apenas diferentes formas de monitorar. Conforme Brasil (2016, p. 21), as etapas estão listadas e detalhas nas próximas figuras abaixo: 1ª ETAPA: Definição do programa a ser monitorado, seus objetivos, suas ações, sua lógica de intervenção. 2ª ETAPA: Especificação dos eixos analíticos e definição das unidades de análise. 3ª ETAPA: Coleta de dados e indicadores do contexto. 4ª ETAPA: Coleta dos indicadores do programa. 5ª ETAPA: Construção do painel de indicadores na forma de gráficos para análise comparativa no tempo e território. 28 29 30 A título de curiosidade você pode conhecer o painel de indicadores do IFRO: Disponível em:https://painel.ifro.edu.br/pentaho/plugin/painel/api/index OBS.: Não é necessário login e senha 31 Modelo lógico Outra forma de monitorar e avaliar as políticas, esta ferramenta foi inicialmente utilizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada(IPEA) para acompanhar o desempenho das ações do plano plurianual(PPA) e, posteriormente, para aperfeiçoar os desenhos dos programas que compunham o PPA. A construção de um modelo lógico do programa ou política consiste em evidenciar de forma simples e resumida os recursos disponíveis, suas principais ações e como estas levarão a obtenção de resultados, sendo, com podemos perceber, uma ferramenta de implementação. Desnecessário informar que o objeto e objetivos do programa devem estar bastante claros, bem como é preciso identificar quais os indicadores relevantes para o melhor desempenho do programa. Além de ser essa ferramenta que aprimora o desenho da política pública, o modelo lógico é também uma ferramenta de monitoramento e avaliação, pois explicita a teoria do programa. Mas, o que é a teoria do programa? 32 Antes de responder a essa pergunta, precisamos conhecer os elementos do modelo lógico, que podem ser observados e representados graficamente a seguir: Elaboração com base em Cassiolato e Gueresi (2010). Recursos Ações/Atividades Produtos Resultados intermediáriosResultados finaisImpactos Elementos do modelo lógico 33 O exercício de elaborar o modelo lógico consiste em estabelecer as hipóteses de como, em determinados contextos, os recursos disponíveis serão transformados nas ações necessárias para alcançar os resultados para os beneficiários. Dizemos que as hipóteses são colocadas sobre diversos “contextos”, justamente porque o modelo tenta adiantar (incorporando no planejamento) os obstáculos que surgirão no caminho. Esses “pressupostos sobre recursos e ações e como esses levam aos resultados esperados são frequentemente referidos como a teoria do programa” (GASSIOLATO e GUERRESI, 2010, p.5). Conceitos básicos do modelo lógico Observe o quadro a seguir, ele foi construído a partir do Anexo I da Nota técnica do IPEA “Como elaborar modelo lógico” (GASSIOLATO E GUERRESI, 2010) e, na coluna a esquerda estão as definições dos 34 conceitos do modelo e, na coluna da direita há uma situação hipoteca que busca exemplificar os conceitos. 1. Macroproblema 2. Problema 3. Descritores da situação inicial 4. Objetivo do programa 5. Público-alvo 6.. Beneficiários finais 7. Recursos 8. Ações 9. Produtos 10. Resultados 35 11. Fatores de contexto Macroproblema Conceito: É uma situação indesejável que, ao ser declarada por uma autoridade, caracteriza-se por se localizar num plano mais elevado e de maior complexidade. Deverá ser objeto de enfrentamento por política que articule um conjunto de programas e medidas normativas. Exemplo: Vamos supor que cerca de 20 mil famílias perderam suas casas em virtude de enchente, por não terem condições de morarem em outro local desejam voltar a mesma situação de perigo anterior. As moradias precárias submetem a população, que vivem nestas condições, a outras situações de fragilidade social, econômica e ambiental, estando mais suscetíveis a doenças e a violência urbana, geralmente esses tipos de moradias se encontram em bairros mais afastados. 36 Problema Conceito: É uma situação indesejável que, ao ser identificada como uma causa críticana explicaçãodo macroproblema,deveráser enfrentadapor um programa. Exemplo: Ausência de moradia digna para 58% da população que vive nas periferias do Estado. 37 Descritores da situação inicial Conceito: São evidências ou fatos que atestam a existência do macroproblema e do problema, os delimitam e dimensionam. Os descritores devem ser apurados para o ano que antecede a implementação do programa ou para o mais próximo marco temporal, de forma a estabelecer uma linha de base, que permita uma comparação com os resultados futuros. Exemplo: Dados da Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílio (PNAD), dados do IBGE, do IDH, da Secretaria de Segurança, Educação e outras que comprovem as relações existentes entre as condições socioeconômicas da população atingida pela enchentee a relaçãocoma necessidadedemoradiadigna. Objetivo do programa Conceito: Expressa a mudança que o programa se propõe a alcançar, que consiste na superação do problema em um lapso de tempo estabelecido. Caso a efetiva superação não esteja prevista durante a vigência do plano de governo, deve ser indicado o alcance pretendido ao término do plano. Exemplo: Construção de 2.000(duas mil) casas populares para as famílias vítimas de enchente. 38 Público-alvo É o conjunto de pessoas que o programa visa atender. Nesse item deve ser informado tanto o critério que o define quanto a sua dimensão, se disponível. Exemplo: Famílias que foram atingidas pela enchente. Beneficiários finais Parcela do público-alvo que é alcançada pelo programa, quando os recursos disponíveis não forem suficientes para atender integralmente o público-alvo. Nesse caso, é importante que sejam definidos critérios para a priorização dos beneficiários. Exemplo: Famílias de baixa renda, famílias que são integradas por idosos e crianças menores de cinco anos, ou ainda crianças com deficiência física ou mental. 39 Recursos Incluem tanto os recursos orçamentários como os não orçamentários necessários e suficientes para o programa alcançar os seus objetivos. O alcance e as metas devem ser compatíveis com os recursos disponíveis. Orçamentários: Subsídio federal por meio do Programa Minha Casa Minha Vida, recurso próprio destinado em lei, recurso próprio destinado no PPA. Não-orçamentários: Estrutura físicae organizacional das secretarias de estado, servidores qualificados. Ações São os processos que, combinando apropriadamente os recursos adequados, produzem bens e serviços com os quais se procura atacar as causas do problema. 40 Produtos Bem ou serviço resultante do processo de produção de uma ação. A cada ação deve corresponder apenas um produto. A programação interna do órgão responsável deve contemplar detalhadamente o processo de produção do bem ou serviço para que possa proceder a responsabilização e a sua efetiva gestão. Ações Produtos Ação 1: licitação para contratação de empresa para elaboração de Ação 1: projeto arquitetônico e de engenharia. projeto arquitetônico e de Ação 2: contratação da empresa engenharia. construtora. Ação 2: licitação para contratação Ação 3: veiculação de propaganda de empresa de construção das residências. na televisão. Ação 4: cadastro com perfil Ação 3: divulgação do programa socioeconômico das famílias. “Construção de Casas Populares”. Ação 4: cadastramento das famílias. 41 Resultados Mudanças decorrentes dos produtos gerados pelas ações. São mudanças específicas no comportamento, conhecimento, habilidades, status ou nível de desempenho do participante do programa, que podem incluir melhoria das condições de vida, aumento da capacidade e/ou mudanças na arena política. Há dois tipos de resultados: resultados intermediários e resultado final. Os resultados intermediários são aqueles referentes ao enfrentamento das causas do problema. O resultado final corresponde ao alcance do objetivo do programa. Resultados Resultados intermediários Resultados finais Resultado 1. construção de Resultado 1. entrega de 2.000(duas 2.000(duas mil) casas populares. mil) casas populares as famílias Resultado 2. seleção de 2.000(duas pré-selecionadas. mil) famílias para o programa. Resultado 2. ocupação das 2.000(duas mil) casas populares pelas famílias selecionadas. 42 Sistemas de monitoramento Os principais instrumentos de monitoramento são os indicadores sociais produzidos a partir das informações coletadas dos programas. Januzzi (2001. 15) define indicador social como: É uma medida em geral quantitativa dotada de significado social substantivo, usado para substituir, quantificar ou operacionalizar um conceito social abstrato, de interesse teórico (pesquisa acadêmica) ou programático (para formulação de políticas). É um recurso metodológico, empiricamente referido, que informa algo sobre um aspecto da realidade social ou sobre mudanças que estão se processando namesma. A forma mais indicada para realizar o monitoramento de políticas e programas são os Sistemas de Monitoramento e Avaliação (SM&A) que são definidos por Jannuzzi (2013, p. 1) como: O conjunto de atividades articuladas, sistemáticas e formalizadas de produção, registro, acompanhamento e análise crítica de informações 43 geradas na gestão de políticas públicas, de seus programas, produtos e serviços, por parte das organizações, agentes e público-alvo envolvidos, com a finalidade de subsidiar a tomada de decisão com relação aos esforços necessários para a melhoria da ação pública. Percebemos que o SM&A não se trata necessariamente de um “sistema informatizado” e pode ser a reunião de mapas estratégicos, indicadores de desempenho, balanços de gestão e quaisquer outras informações relevantes para uma boa análise da realidade do programa. As informações e atividades que poderão compor o SM&A irão variar de acordo com a política implementada e com o aspecto da política que se busca melhorar. 44 Sistemas de Monitoramento e Avaliação (SM&A) SM&A Macrocontextuais Mesocontextuais Microambientais Macrocontextuais: quando se referem as políticas e estratégias de governo. Mesocontextuais: quando se referem ao acompanhamento gerencial e analítico de programas e organizações. Microambientais: quando se referem as avaliações de produtos, processos e indivíduos muito específicos. 45 É importante saber a que se destina o monitoramento, pois uma de suas características é a assertividade com foco na informação a ser produzida e no usuário dessa informação. Tente imaginar a quantidade de informação que é produzida durante o ciclo da política pública, ou ainda durante o processo de implementação. O gestor não tem tempo de analisar todo o volume de informação produzida, se assim fosse, não teria tempo nem condições de gerenciar o projeto e definir as ações necessárias ao melhoramento da política. Além disso, o SM&A NUNCA deve perder o seu objetivo que é disponibilizar as informações necessárias para auxiliar o gestor na tomada de decisão em todos os momentos do ciclos de políticas públicas. Sendo que cada fase do ciclo de políticas públicas cumpre uma finalidade específica, para cada fase é necessário um tipo de monitoramento diferenciado com indicadores próprios. 46 2. Formação da agenda 3. Formulação de alternativas 4. Tomada de decisão 5. Implementação 6. Avaliação 1. Identificação do problema 7. Extinção da política Ciclo de políticas públicas: 47 Informações necessárias Indicadores que permitam mensurar os problemas sociais como um todo, informações que possam ser apropriadas pelos grupos sociais para impulsionar a sua demanda. Exemplo: Censo demográfico, Índice de Desenvolvimento Humano, Relatório íntese de Indicadores Sociais, pesquisas amostrais regulares, dados sobre o trabalho. 48 2. Formação da agenda 3. Formulação de alternativas 4. Tomada de decisão 5. Implementação 6. Avaliação 1. Identificação do problema 7. Extinção da política Ciclo de políticas públicas: 49 Informações necessárias 50 Indicadores que permitam caracterizar a população alvo social, econômica e geograficamente. Exemplos: Censo Demográfico, Índice de Desenvolvimento Humano e índices específicos da área da saúde, educação ou meio ambiente, a depender da área em que se enquadra a política pública. 2. Formação da agenda 3. Formulação de alternativas 4. Tomada de decisão 5. Implementação 6. Avaliação 1. Identificação do problema 7. Extinção da política Ciclo de políticas públicas: 51 Informações necessárias Diagnósticos ou avaliações de políticas públicas já realizadas para solução do mesmo problema ou problema similar. 52 2. Formação da agenda 3. Formulação de alternativas 4. Tomada de decisão 5. Implementação 6. Avaliação 1. Identificação do problema 7. Extinção da política Ciclo de políticas públicas: 53 Informações necessárias Indicadores que permitam visualizar o processo, a alocação de recursos financeiros, humanos e administrativos. 54 2. Formação da agenda 3. Formulação de alternativas 4. Tomada de decisão 5. Implementação 6. Avaliação 1. Identificação do problema 7. Extinção da política Ciclo de políticas públicas: 55 Avaliação Informações que permitam realizar o comparativo da situação anterior a implementação de políticas a situação atual. 56 Nesta aula conhecemos o conceito de monitoramento, vimos que ele é o acompanhamento sistemático de indicadores, feito com o objetivo de auxiliar o gestor na tomada de decisão, especialmente durante o processo de implementação. Vimos também as condições e os tipos de monitoramento. As condições consistem na coleta sistemática de informações, na possibilidade de comparação entre essas informações e na busca da constante melhora dos processos. Já os tipos de monitoramento são as formas pelas quais se pode monitorar um programa ou política. O monitoramento gerencial, dividido em monitoramento de insumos, financeiro e de produto, é aquele relacionado as atividades do programa. Enquanto o monitoramento analítico se refere ao acompanhamento dos resultados e dos impactos que o programa causou/causa na sociedade. Nesta aula... 57 Conhecemos que Planejamento, Coleta e Registro de Dados, Comparação e interpretação, Produção de informações novas são as quatro etapas do processo de monitoramento que antecedema tomada de decisão por parte do gestor. Identificamos alguns tipos de fontes para coleta de informações sobre o programa. Além disso também conhecemos os instrumentos de monitoramento Painéis, Modelo lógico e Sistemas de Monitoramento eAvaliação. 58 Referências 59 BOULLOSA, Roseane de Freitas; ARAUJO, Edgilson Tavares. Avaliação e Monitoramento de Projetos Sociais. Curitica: IESD, 2009. BRASIL. Avaliação de políticas públicas : guia prático de análise ex ante, volume 1 / Casa Civil da Presidência da República, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. – Brasília : Ipea, 2018 BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Caderno de estudos do Curso em Conceitos e Instrumentos para o Monitoramento de Programas. Brasília: MDS, Secretaria de Avaliaçao e Gestão da Informação, 2016. BRASIL. Avaliação de políticas públicas : guia prático de análise ex post, volume 2 / Casa Civil da Presidência da República ... [et al.]. – Brasília : Casa Civil da Presidência da República, 2018. CASSIOLATO, Martha;GUERESI, Simone. Como Elaborar Modelo Lógico: roteiro para formular programas e organizar avaliação. Brasília, 2016. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=5134, no dia 25/09/2018. JANNUZZI, P. M. Monitoramento e avaliação de programas sociais no Brasil e América Latina: apontamentos conceituais, considerações metodológicas e reflexões sobre as práticas. Estudo Técnico n. 7. Brasília, DF: MDS, Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação,2013. Na próxima aula... 60 A próxima aula é políticas públicas, diferentes tipos de complemente dedicada ao estudo da avaliação de vamos conhecer o histórico, as motivações e os avaliação. Vamos também conhecer a relação entre a avaliação e os gestores públicos. Até a próximaaula!
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