Buscar

Unidade 2

Prévia do material em texto

Mestre em Desenvolvimento Regionale 
Meio Ambiente;
Especialista em Docência do EnsinoSuperior
Bacharel e Licenciada em CiênciasSociais
1
Conteúdo - Unidade 02
Conceito, usos e tipos de monitoramento em políticas públicas. 
Instrumentos de monitoramento: painéis de monitoramento.
Objetivos - Unidade 02
� Conhecer o conceito de monitoramento;
� Reconhecer a importância do monitoramento para a gestão;
� Identificar os tipos e etapas de monitoramento;
� Conhecer os instrumentos de monitoramento: painéis de 
monitoramento, modelo lógico e sistemas de monitoramento.
2
Olá cursista, seja bem-vindo(a) a nossa segunda aula.
Nesta unidade vamos tratar somente do conceito de
monitoramento e seus tipos, sua importância e suas
etapas!
3
Imagine que você é o gestor de um novo programa que
será implementado ainda no ano de 2019, você sabe que
tem metas e objetivos a serem alcançados, sabe também
que o bem-estar de determinado seguimento da
população depende do bom desempenho de atividades
que você coordena.
O prazo final para o encerramento do programa é em
quatro anos, pois, o atual chefe do executivo gostaria que
os resultados do programa pudessem ser recebidos pela
população no período de sua possível reeleição. Você
sabe que estão previstas duas avaliações para o
programa, a primeira será em dois anos, quando supõe-se
que o programa estará na metade e a segunda será ao
final dos quatro anos, quando supõe-se que o programa
estará sendo encerrado.
4
bruna
Realce
O que você faria para que o programa pudesse ser bem
avaliado? E se houver algum imprevisto? Dois anos não
seria tempo demais, utilizando dos recursos públicos de
forma ineficaz e ineficiente até que o rumo possa ser
corrigido pela primeira avaliação?
Você pode estar se perguntando: Como saber se as coisas
vão sair conforme o planejado? O que fazer em caso de
situações imprevistas?
Vimos que o gestor pode, em situações específicas, fazer
alterações durante
o processo de implementação. Mas, se o caminho que foi
planejado não está dando certo, como você, que está na
função de implementador vai decidir que caminho tomar?
5
E se houvesse um meio através do qual o gestor pudesse obter
informações rápidas e precisas sobre dados essenciais dos
programas em um curto período de tempo para, após
observância desses dados, caso seja necessário, realizar
alterações na política em curso?
Essa ferramenta de gestão é o monitoramento, que é o
acompanhamento contínuo e sistemático sobre o
desenvolvimento e desempenho dos programas, que permite
que o gestor tenha a sua disposição as principais
informações (úteis) que o auxiliarão na tomada de decisão
durante a implementação.
6
Jannuzzi (2014, p.32) define o monitoramento como:
Um processo sistemático e contínuo de acompanhamento de 
uma política, programa ou projeto, baseado em um conjunto
restrito – mas, significativo e periódico - de informações, que 
permitem uma rápida avaliação situacional e uma identificação 
de fragilidades na execução, com o objetivo de subsidiar a
intervenção oportuna e a correção tempestiva para o atingimento 
de seus resultados e impactos.
Ou seja, o monitoramento é essencialmente uma atividade de
gestão, o monitoramento implica a coleta e análise sistemática
de dados e indicadores, bem como a observância dessas
informações que devem ser feita de forma rotineira pelos
envolvidos na execução da política.
7
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
2.
Formação 
da agenda
3. Formulação 
de alternativas
4. Tomada 
de decisão
5. Implementação
6.
Avaliação
1. Identificação 
do problema
7. Extinção da 
política
Fases do ciclo de 
políticas públicas
Momento em
que geralmente
ocorre a coleta
de dados e o
monitoramento
8
bruna
Realce
Ao dizermos que implica, também, na disponibilização de informações úteis,
quer dizer que o conhecimento relevante deve estar acessível de forma
rápida, pois nada adianta que a informação importante esteja misturada com
uma infinidade de informações desnecessárias em alguma planilha (entre
vinte outras) dentro do computador “do Fulano”.
Fonte:pixabay
A necessidade de monitoramento surge da aceitação de que há problemas e
obstáculos que não foram previstos durante o processo de planejamento da
política, assim, uma de suas funções é portanto, aperfeiçoar o momento da
implementação, permitindo que essa etapa possa cumprir a sua finalidade e
atingir os resultados que são esperados.
9
bruna
Realce
Falhas no 
planejamento
Ausência dos
insumos
Desafios não 
previstos
Necessidade 
de tomada 
de novas 
decisões
Aspectos considerados no 
processo de implementação
TEMPO
10
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
Brasil (2016) elenca como funções do monitoramento:
� Contribuir para a eficiência do programa;
� Guiar, ajustar e revisar o desenvolvimento do programa;
� Possibilitar a transparência na informação e fortalecer a comunicação;
� Fortalecer as relações de prestações de Contas dentro e fora do 
governo;
� Possibilitar a tomada de decisão mais eficiente;
� Conduzir a implementação de inovações e a geração de conhecimentos 
na administração pública.
O monitoramento é também uma atividade estratégica para os gestores,
através do bom uso dessa ferramenta eles podem ter o seu conhecimento
sobre o programa ampliado e podem gerenciar melhor as atividades e
recursos sob sua responsabilidade.
Funções do monitoramento
11
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
O gestor deve sempre observar que a atividade de monitoramento é uma
atividade dinâmica, destinada a recolher e consolidar informações úteis para
a tomada de decisão, não se trata do simples “acompanhamento” das
atividades relativas ao projeto.
Monitoramento não é a simples
reunião e compartilhamento de
informações superficiais, feito de
forma mecânica para fins de controle.
Fonte: Pixabay 12
bruna
Realce
O monitoramento é a coleta de informações úteis, ou seja,
informações relevantes para o andamento do programa, que
serão analisadas de forma que possam ser descobertas
possíveis falhas ou melhores formas de se realizar uma
determinada atividade, os resultados do monitoramento buscam
gerar aprendizagem no meio organizacional, bem como subsidiar
a tomada de decisão (ARAUJO, 2009).
Por isso o gestor deve ter um olhar crítico sobre a sua ação, seus processos e
seus recursos, o que nem sempre pode ser uma atividade fácil, pois os gestores
podem sentir-se tentados a não demostrar ou discutir as falhas em seus
processos. Um monitoramento efetivo depende do compromisso com uma
gestão efetiva, que busque sempre fazer o melhor uso dos recursos disponíveis.
13
bruna
Realce
Um monitoramento efetivo precisa ocorrer em determinadas condições,
quais sejam: sistemática, comparação e análise. Mas, o que isso significa? O
trabalho de Santos et al. 2001 apud (ARAUJ, 2009) nos informa que:
Sistemática: significa que as metodologias de monitoramento (e de avaliação)
devem ser claras e estáveis com planejamento estratégico, atribuições,
prazos e periodicidade definida sob o risco da informação atrasada ou
incorreta fazer com que o sentido do monitoramento seja perdido.
Comparação: É preciso que as informações obtidas a partir dos dados
coletados possam ser comparadas com algum referencial modelo, que pode
ser o próprio planejamento da política ou ainda estudos e indicadores
nacionais, ou ainda dados de outros programas similares já executados.
Análise: O referencial metodológico e a elaboração da análise deve sempre
buscar contribuir para a tomada de decisão, e com o melhoramento da
gestão de implementação, deve buscar as reais causas para as diferenças
Condições para o monitoramento
14
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
entre o que foi planejado para o que está sendo realizado. O amontoado de
gráficos e planilhas sobre os quais não foi aplicada a metodologia adequada
não são suficientes.
Tipos de monitoramento
Umavez que sabemos em que condições podem ocorrer o monitoramento,
vamos conhecer os tipos de monitoramento. Brasil (2016), informa duas
formas de monitoramento, o gerencial – subdividido em monitoramento de
insumo ou financeiro e monitoramento de produto – e o analítico.
O monitoramento gerencial é relativo aquelas atividades ligadas ao
programa em si, ou seja, disponibilidade de recursos e as práticas
organizacionais de atuação do programa.
O monitoramento analítico está relacionado ao acompanhamento dos
resultados e impactos gerados pela política pública, geralmente se dá pelo
acompanhamento dos indicadores nacionais.
15
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
recurso atividades produtos resultados impactos
ocupa-se do andamento dos
processos e do alcance das
metas relativas ao programa.
16
Monitoramento gerencial
está ocupado com o
resultado e impacto da
política implementada.
Monitoramento analítico
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
Monitoramento 
gerencial
Monitoramento de 
insumo
Monitoramento 
financeiro
Monitoramento 
quanto a entrega
17
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
recurso atividades produtos
Monitoramento gerencial
Monitoramento quanto ao financeiro: está relacionado a boa utilização do
orçamento do projeto, fluxos de caixa, receitas e despesas, é um
monitoramento importante pois o recurso financeiro é um fator que influencia
na tomada de decisão. Envolve a disponibilidade e previsibilidade de recursos
financeiros, de materiais e equipamentos.
Monitoramento quanto aos insumos: está relacionado ao contexto
administrativo organizacional das atividades do projeto, aos processos,
regulações e trâmites da instituição executora do projeto. Permite a
identificação de possíveis mudanças organizacionais a serem realizadas.
Envolve cargos e funções dos projetos, execução física das atividades, como
e por quem as tarefas devem ser realizadas.
18
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
Monitoramento quanto aos sistemas de entrega: relacionado a
observância dos produtos que são esperados na realização das
atividades administrativas, relativo aos produtos intermediários e
finais que estão previstos no projeto. Busca as informações sobre a
quantidade, além de verificar se os resultados da política estão
sendo percebidos pelos usuários finais.
(BRASIL, 2016, p. 14)
19
bruna
Realce
bruna
Realce
Tomemos como exemplo a política pública do Sistema Único de Saúde, no
que tange a campanha de vacinação contra a poliomielite. Supondo que no
ano de 2019 o estado de Rondônia estime vacinar 250 mil crianças, com
menos de um ano de idade.
O monitoramento de insumo ou financeiro – financeiro, está relacionado ao
acompanhamento do recurso desde a sua chegada ao Estado, até a compra
de equipamentos e de material de divulgação, estando localizado e
abordando a questão dos “recursos” e parte das “atividades” na figura 1.
O monitoramento de insumo ou financeiro – insumo, está relacionado a
forma como os recursos humanos e procedimentos internos da Secretaria de
Saúde estão ou não contribuindo para o cumprimento do objetivo proposto.
O monitoramento de resultado está relacionado a forma efetiva como as
vacinas foram disponibilizadas para a população, e se, além do fato de terem
sido disponibilizadas, se foram feitas na quantidade adequada,
especialmente para o público desejado.
20
Compreendendo melhor...
bruna
Realce
bruna
Realce
Como já informado, o monitoramento analítico está relacionado ao
acompanhamento dos resultados e impactos gerados pela política pública,
geralmente se dá pelo acompanhamento dos indicadores nacionais. O
monitoramento gerencial ocupa-se do andamento dos processos e do
alcance das metas relativas ao programa, o monitoramento analítico está
ocupado com o resultado e impacto da política implementada.
No exemplo da política de vacinação, o resultado seria a quantidade de crianças
efetivamente vacinadas, pois a política pública foi realizada não apenas para
disponibilizar as vacinas, mas para que as crianças fossem vacinadas. Fornecer
as vacinas (competência do Estado) – seria o produto da política - é algo bem
diferente de crianças vacinadas (competência dos pais) – o resultado da política
– que é diferente ainda de crianças sem poliomielite (consequência da política
pública) – que é o impacto desejado sobre a sociedade.
Ressalta-se que não se trata do número de crianças efetivamente
vacinadas, pois cabe a política pública informar a população sobre a
gravidade da doença, disponibilizar as vacinas, fazer o chamamento público
para a população, e esperar que as pessoas levem seus filhos, no entanto,
isto é algo que foge ao âmbito da política pública. 21
Etapas do monitoramento
1. Planejamento do 
monitoramento
2. Coleta e registro 
de dados
3. Comparar e 
interpretar dados
4. Produzir novas 
informações
5. Tomada de decisão
Antes de iniciar um processo de monitoramento é preciso seguir algumas etapas:
Planejar o monitoramento: corresponde a escolha das informações e
indicadores que servirão como critério para acompanhar a execução dos
objetivos. Durante o ciclo de políticas muitas são as informações produzidas,
este é o momento da escolha daquelas consideradas relevantes.
22
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
bruna
Realce
Coleta e registro de dados: consiste na atividade rotineira de coleta e
classificação das informações, nesta fase também ocorre a produção dos
indicadores necessários.
Comparar e interpretar com padrões: analisar os dados coletados a partir
dos critérios estabelecidos e comparar a realidade executada com o ideal
que havia sido previsto.
Produzir novas informações: a partir das etapas anteriores, de acordo com o
contexto da instituição e da realização do projeto, significar os dados coletados
e sistematizar as análises produzindo nova informação sobre o andamento das
atividades. Não são os dados em si, mas as análises e as novas informações
sobre os dados que auxiliam o gestor na tomada de decisão.
Tomada de decisão: corresponde a manutenção, correção ou ajuste das
atividades do programa. Ressalta-se que a tomada de decisão não significa
obrigatoriamente uma mudança nas ações, pois o gestor pode optar por
seguir as atividades conforme a indicação do planejador.
23
Fontes de informação
As fontes de informação para a coleta de dados vão depender da política ou
programa em questão, do objetivo do monitoramento, da capacidade dos
atores e instituições envolvidas. Araújo (2009) lista algumas fontes de
informação que podem alimentar um sistema de monitoramento e avaliação:
Beneficiários: podem oferecer informações privilegiadas sobre a política,
pois são aqueles que diretamente convivem com os problemas que ela
busca solucionar. Podem fornecer informações sobre a qualidade dos
resultados, produtos, serviços e atendimento.
Produtos: são o resultado final da política pública, o monitoramento desse
item é muito importante. Devido a facilidade dos implementadores em obter
informações sobre os produtos das políticas que implementam, é uma fonte
de informação bastante usada.
Dados coletados primariamente por meio de instrumentos próprios: são 
os levantamentos e uso dos dados, tais como registros de arquivo, custos de
24
operação, tipos de serviços realizados e folhas de pagamento, ou seja,
produzidos a partir da própria execução da política.
Indicadores externos: são os indicadores ou índices produzidos por
entidades externas a instituição que realiza a política. Os indicadores globais
ou regionais tais como taxa de criminalidade, taxa de analfabetismo são
alguns exemplos.
Pessoal envolvido no projeto: assim como no caso dos beneficiários, os
executores do projetos também possuem vastas informações e
considerações sobre o andamento das atividades desenvolvidas.Após a definição das informações que são relevantes, a origem, a forma e
periodicidade com que estas informações serão coletadas é preciso ainda
dispô-las de determinada forma, para que seu acesso e visualização, por
parte dos gestores, seja rápida e efetiva.
25
Instrumentos de monitoramento
As informações coletadas, já preferencialmente, transformadas em
indicadores (ver disciplina de indicadores já ministrada pelo professor João
Batista) podem ser dispostas, para a rápida observação e análise por parte
do gestor, nos instrumentos de monitoramento.
Nesta aula vamos conhecer três instrumentos de monitoramento.
Instrumentos de 
monitoramento
Painéis de 
monitoramento Modelo lógico
Sistemas de 
monitoramento
26
Os painéis consistem em um conjunto bastante limitado de indicadores, de
sete a dez indicadores, que possibilitarão a visualização dos aspectos mais
cruciais da política. Jannuzzi (2011) destaca a importância de indicadores no
contexto de operação do programa e dos efeitos externos, que podem
potencializar ou dificultar a operação do programa.
No painel de indicadores as informações estão dispostas na forma de
gráficos e a partir dele é possível identificar a relação entre esforços
realizados e feitos esperados.
Planejamento do monitoramento
6
4
2
0
Categoria Categoria Categoria Categoria 
1 2 3 4
27
1º Tri 2º Tri 3º Tri 4º Tri Série 1 Série 2 Série 3
As etapas de construção de indicadores para um painel de indicadores
segue, em linhas gerais, as etapas do processo de monitoramento, isso
ocorre porque o painel de indicadores, os sistemas de monitoramento e
avaliação e modelo lógico são apenas diferentes formas de monitorar.
Conforme Brasil (2016, p. 21), as etapas estão listadas e detalhas nas
próximas figuras abaixo:
1ª ETAPA: Definição do programa a ser monitorado, seus objetivos, suas ações, sua 
lógica de intervenção.
2ª ETAPA: Especificação dos eixos analíticos e definição das unidades de análise. 
3ª ETAPA: Coleta de dados e indicadores do contexto.
4ª ETAPA: Coleta dos indicadores do programa.
5ª ETAPA: Construção do painel de indicadores na forma de gráficos para análise 
comparativa no tempo e território.
28
29
30
A título de curiosidade você pode conhecer o painel de indicadores do IFRO: 
Disponível em:https://painel.ifro.edu.br/pentaho/plugin/painel/api/index
OBS.: Não é necessário login e senha
31
Modelo lógico
Outra forma de monitorar e avaliar as políticas, esta ferramenta foi inicialmente
utilizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada(IPEA) para acompanhar
o desempenho das ações do plano plurianual(PPA) e, posteriormente, para
aperfeiçoar os desenhos dos programas que compunham o PPA.
A construção de um modelo lógico do programa ou política consiste em
evidenciar de forma simples e resumida os recursos disponíveis, suas
principais ações e como estas levarão a obtenção de resultados, sendo, com
podemos perceber, uma ferramenta de implementação.
Desnecessário informar que o objeto e objetivos do programa devem estar
bastante claros, bem como é preciso identificar quais os indicadores
relevantes para o melhor desempenho do programa.
Além de ser essa ferramenta que aprimora o desenho da política pública, o
modelo lógico é também uma ferramenta de monitoramento e avaliação, pois
explicita a teoria do programa. Mas, o que é a teoria do programa?
32
Antes de responder a essa pergunta, precisamos conhecer os elementos
do modelo lógico, que podem ser observados e representados
graficamente a seguir:
Elaboração com base em Cassiolato e Gueresi (2010).
Recursos Ações/Atividades Produtos
Resultados 
intermediáriosResultados finaisImpactos
Elementos do modelo lógico
33
O exercício de elaborar o modelo lógico consiste em estabelecer as
hipóteses de como, em determinados contextos, os recursos disponíveis
serão transformados nas ações necessárias para alcançar os resultados
para os beneficiários.
Dizemos que as hipóteses são colocadas sobre diversos “contextos”,
justamente porque o modelo tenta adiantar (incorporando no planejamento)
os obstáculos que surgirão no caminho.
Esses “pressupostos sobre recursos e ações e como esses levam aos
resultados esperados são frequentemente referidos como a teoria do
programa” (GASSIOLATO e GUERRESI, 2010, p.5).
Conceitos básicos do modelo lógico
Observe o quadro a seguir, ele foi construído a partir do Anexo I da Nota
técnica do IPEA “Como elaborar modelo lógico” (GASSIOLATO E
GUERRESI, 2010) e, na coluna a esquerda estão as definições dos
34
conceitos do modelo e, na coluna da direita há uma situação hipoteca que 
busca exemplificar os conceitos.
1.
Macroproblema 2. Problema
3. Descritores 
da situação
inicial
4. Objetivo do 
programa 5. Público-alvo
6.. Beneficiários 
finais
7. Recursos 8. Ações 9. Produtos
10. Resultados
35
11. Fatores de 
contexto
Macroproblema
Conceito: É uma situação indesejável que, ao ser declarada por 
uma autoridade, caracteriza-se por se localizar num plano mais 
elevado e de maior complexidade. Deverá ser objeto de 
enfrentamento por política que articule um conjunto de 
programas e medidas normativas.
Exemplo: Vamos supor que cerca de 20 mil famílias perderam 
suas casas em virtude de enchente, por não terem condições 
de morarem em outro local desejam voltar a mesma situação de 
perigo anterior.
As moradias precárias submetem a população, que vivem nestas
condições, a outras situações de fragilidade social, econômica e
ambiental, estando mais suscetíveis a doenças e a violência
urbana, geralmente esses tipos de moradias se encontram em
bairros mais afastados.
36
Problema
Conceito: É uma situação indesejável que, ao ser identificada como uma causa 
críticana explicaçãodo macroproblema,deveráser enfrentadapor um programa.
Exemplo: Ausência de moradia digna para 58% da população que vive nas 
periferias do Estado.
37
Descritores da situação inicial
Conceito: São evidências ou fatos que atestam a existência do macroproblema
e do problema, os delimitam e dimensionam. Os descritores devem ser
apurados para o ano que antecede a implementação do programa ou para o
mais próximo marco temporal, de forma a estabelecer uma linha de base, que
permita uma comparação com os resultados futuros.
Exemplo: Dados da Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílio (PNAD), dados do
IBGE, do IDH, da Secretaria de Segurança, Educação e outras que comprovem as
relações existentes entre as condições socioeconômicas da população atingida pela
enchentee a relaçãocoma necessidadedemoradiadigna.
Objetivo do programa
Conceito: Expressa a mudança que o programa se propõe a alcançar, que 
consiste na superação do problema em um lapso de tempo estabelecido. 
Caso a efetiva superação não esteja prevista durante a vigência do plano 
de governo, deve ser indicado o alcance pretendido ao término do plano.
Exemplo: Construção de 2.000(duas mil) casas populares para as famílias 
vítimas de enchente.
38
Público-alvo
É o conjunto de pessoas que o programa visa atender. Nesse item deve
ser informado tanto o critério que o define quanto a sua dimensão, se 
disponível.
Exemplo: Famílias que foram atingidas pela enchente.
Beneficiários finais
Parcela do público-alvo que é alcançada pelo programa, quando os
recursos disponíveis não forem suficientes para atender integralmente o
público-alvo. Nesse caso, é importante que sejam definidos critérios para a
priorização dos beneficiários.
Exemplo: Famílias de baixa renda, famílias que são integradas por idosos
e crianças menores de cinco anos, ou ainda crianças com deficiência
física ou mental.
39
Recursos
Incluem tanto os recursos orçamentários como os não orçamentários
necessários e suficientes para o programa alcançar os seus objetivos. O
alcance e as metas devem ser compatíveis com os recursos disponíveis.
Orçamentários: Subsídio federal por meio do Programa Minha Casa Minha 
Vida, recurso próprio destinado em lei, recurso próprio destinado no PPA. 
Não-orçamentários: Estrutura físicae organizacional das secretarias de 
estado, servidores qualificados.
Ações
São os processos que, combinando apropriadamente os recursos
adequados, produzem bens e serviços com os quais se procura atacar as
causas do problema.
40
Produtos
Bem ou serviço resultante do processo de produção de uma ação. A cada
ação deve corresponder apenas um produto. A programação interna do
órgão responsável deve contemplar detalhadamente o processo de
produção do bem ou serviço para que possa proceder a responsabilização
e a sua efetiva gestão.
Ações Produtos
Ação 1: licitação para contratação 
de empresa para elaboração de
Ação 1: projeto arquitetônico e de 
engenharia.
projeto arquitetônico e de Ação 2: contratação da empresa
engenharia. construtora.
Ação 2: licitação para contratação Ação 3: veiculação de propaganda
de empresa de construção das 
residências.
na televisão.
Ação 4: cadastro com perfil
Ação 3: divulgação do programa socioeconômico das famílias.
“Construção de Casas Populares”.
Ação 4: cadastramento das famílias.
41
Resultados
Mudanças decorrentes dos produtos gerados pelas ações. São mudanças
específicas no comportamento, conhecimento, habilidades, status ou nível
de desempenho do participante do programa, que podem incluir melhoria
das condições de vida, aumento da capacidade e/ou mudanças na arena
política. Há dois tipos de resultados: resultados intermediários e resultado
final. Os resultados intermediários são aqueles referentes ao
enfrentamento das causas do problema. O resultado final corresponde ao
alcance do objetivo do programa.
Resultados
Resultados intermediários Resultados finais
Resultado 1. construção de Resultado 1. entrega de 2.000(duas 
2.000(duas mil) casas populares. mil) casas populares as famílias 
Resultado 2. seleção de 2.000(duas pré-selecionadas.
mil) famílias para o programa. Resultado 2. ocupação das
2.000(duas mil) casas populares 
pelas famílias selecionadas. 42
Sistemas de monitoramento
Os principais instrumentos de monitoramento são os indicadores sociais
produzidos a partir das informações coletadas dos programas. Januzzi
(2001. 15) define indicador social como:
É uma medida em geral quantitativa dotada de significado social
substantivo, usado para substituir, quantificar ou operacionalizar um
conceito social abstrato, de interesse teórico (pesquisa acadêmica) ou
programático (para formulação de políticas). É um recurso metodológico,
empiricamente referido, que informa algo sobre um aspecto da realidade
social ou sobre mudanças que estão se processando namesma.
A forma mais indicada para realizar o monitoramento de políticas e
programas são os Sistemas de Monitoramento e Avaliação (SM&A) que são
definidos por Jannuzzi (2013, p. 1) como:
O conjunto de atividades articuladas, sistemáticas e formalizadas de
produção, registro, acompanhamento e análise crítica de informações 43
geradas na gestão de políticas públicas, de seus programas, produtos e
serviços, por parte das organizações, agentes e público-alvo envolvidos, com
a finalidade de subsidiar a tomada de decisão com relação aos esforços
necessários para a melhoria da ação pública.
Percebemos que o SM&A não se trata necessariamente de um “sistema
informatizado” e pode ser a reunião de mapas estratégicos, indicadores de
desempenho, balanços de gestão e quaisquer outras informações relevantes
para uma boa análise da realidade do programa.
As informações e atividades que poderão compor o SM&A irão variar de
acordo com a política implementada e com o aspecto da política que se
busca melhorar.
44
Sistemas de Monitoramento 
e Avaliação (SM&A)
SM&A
Macrocontextuais
Mesocontextuais
Microambientais
Macrocontextuais: quando se referem as políticas e estratégias de governo. 
Mesocontextuais: quando se referem ao acompanhamento gerencial e 
analítico de programas e organizações.
Microambientais: quando se referem as avaliações de produtos, processos e 
indivíduos muito específicos. 45
É importante saber a que se destina o monitoramento, pois uma de suas
características é a assertividade com foco na informação a ser produzida e
no usuário dessa informação.
Tente imaginar a quantidade de informação que é produzida durante o ciclo
da política pública, ou ainda durante o processo de implementação. O gestor
não tem tempo de analisar todo o volume de informação produzida, se assim
fosse, não teria tempo nem condições de gerenciar o projeto e definir as
ações necessárias ao melhoramento da política.
Além disso, o SM&A NUNCA deve perder o seu objetivo que é disponibilizar
as informações necessárias para auxiliar o gestor na tomada de decisão em
todos os momentos do ciclos de políticas públicas.
Sendo que cada fase do ciclo de políticas públicas cumpre uma finalidade
específica, para cada fase é necessário um tipo de monitoramento
diferenciado com indicadores próprios.
46
2.
Formação 
da agenda
3. Formulação de 
alternativas
4. Tomada 
de decisão
5. Implementação
6.
Avaliação
1. Identificação 
do problema
7. Extinção da 
política
Ciclo de políticas 
públicas:
47
Informações necessárias
Indicadores que permitam mensurar os problemas sociais como um todo,
informações que possam ser apropriadas pelos grupos sociais para
impulsionar a sua demanda. Exemplo: Censo demográfico, Índice de
Desenvolvimento Humano, Relatório íntese de Indicadores Sociais,
pesquisas amostrais regulares, dados sobre o trabalho.
48
2.
Formação 
da agenda
3. Formulação 
de alternativas
4. Tomada 
de decisão
5. Implementação
6.
Avaliação
1. Identificação 
do problema
7. Extinção da 
política
Ciclo de políticas 
públicas:
49
Informações necessárias
50
Indicadores que permitam caracterizar a população alvo social, econômica e
geograficamente. Exemplos: Censo Demográfico, Índice de Desenvolvimento
Humano e índices específicos da área da saúde, educação ou meio ambiente,
a depender da área em que se enquadra a política pública.
2.
Formação 
da agenda
3. Formulação de 
alternativas
4. Tomada 
de decisão
5. Implementação
6.
Avaliação
1. Identificação 
do problema
7. Extinção da 
política
Ciclo de políticas 
públicas:
51
Informações necessárias
Diagnósticos ou avaliações de políticas públicas já realizadas para solução 
do mesmo problema ou problema similar.
52
2.
Formação 
da agenda
3. Formulação de 
alternativas
4. Tomada 
de decisão
5.
Implementação
6.
Avaliação
1. Identificação 
do problema
7. Extinção da 
política
Ciclo de políticas 
públicas:
53
Informações necessárias
Indicadores que permitam visualizar o processo, a alocação de recursos 
financeiros, humanos e administrativos.
54
2.
Formação 
da agenda
3. Formulação de 
alternativas
4. Tomada 
de decisão
5. Implementação
6.
Avaliação
1. Identificação 
do problema
7. Extinção da 
política
Ciclo de políticas 
públicas:
55
Avaliação
Informações que permitam realizar o comparativo da situação anterior a 
implementação de políticas a situação atual.
56
Nesta aula conhecemos o conceito de monitoramento, vimos que ele é o
acompanhamento sistemático de indicadores, feito com o objetivo de
auxiliar o gestor na tomada de decisão, especialmente durante o processo
de implementação.
Vimos também as condições e os tipos de monitoramento. As condições
consistem na coleta sistemática de informações, na possibilidade de
comparação entre essas informações e na busca da constante melhora
dos processos.
Já os tipos de monitoramento são as formas pelas quais se pode monitorar
um programa ou política. O monitoramento gerencial, dividido em
monitoramento de insumos, financeiro e de produto, é aquele relacionado as
atividades do programa. Enquanto o monitoramento analítico se refere ao
acompanhamento dos resultados e dos impactos que o programa
causou/causa na sociedade.
Nesta aula...
57
Conhecemos que Planejamento, Coleta e Registro de Dados, Comparação e
interpretação, Produção de informações novas são as quatro etapas do
processo de monitoramento que antecedema tomada de decisão por parte
do gestor. Identificamos alguns tipos de fontes para coleta de informações
sobre o programa.
Além disso também conhecemos os instrumentos de monitoramento Painéis,
Modelo lógico e Sistemas de Monitoramento eAvaliação.
58
Referências
59
BOULLOSA, Roseane de Freitas; ARAUJO, Edgilson Tavares. Avaliação e Monitoramento de
Projetos Sociais. Curitica: IESD, 2009.
BRASIL. Avaliação de políticas públicas : guia prático de análise ex ante, volume 1 / Casa Civil da
Presidência da República, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. – Brasília : Ipea, 2018
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Caderno de estudos do Curso
em Conceitos e Instrumentos para o Monitoramento de Programas. Brasília: MDS, Secretaria de
Avaliaçao e Gestão da Informação, 2016.
BRASIL. Avaliação de políticas públicas : guia prático de análise ex post, volume 2 / Casa Civil da
Presidência da República ... [et al.]. – Brasília : Casa Civil da Presidência da República, 2018.
CASSIOLATO, Martha;GUERESI, Simone. Como Elaborar Modelo Lógico: roteiro para formular
programas e organizar avaliação. Brasília, 2016. Disponível em:
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=5134, no dia 25/09/2018.
JANNUZZI, P. M. Monitoramento e avaliação de programas sociais no Brasil e América Latina:
apontamentos conceituais, considerações metodológicas e reflexões sobre as práticas. Estudo
Técnico n. 7. Brasília, DF: MDS, Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação,2013.
Na próxima aula...
60
A próxima aula é
políticas públicas,
diferentes tipos de
complemente dedicada ao estudo da avaliação de
vamos conhecer o histórico, as motivações e os
avaliação. Vamos também conhecer a relação entre a
avaliação e os gestores públicos.
Até a próximaaula!

Continue navegando