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Distúrbios respiratórios neonatais e pediátricos Taquipneia • Considera-se taquipneia quando, em repouso ou durante o sono, a frequência respiratória mantém-se persistentemente acima de 60 movimentos por minuto. • A taquipneia pode apresentar-se isoladamente ou acompanhada de outras alterações respiratórias. A taquipneia isolada é mais comum nas alterações extrapulmonares como hipertermia, sepse, distúrbios metabólicos e cardiopatias congênitas. Apneia e respiração periódica • É caracterizada por pausa respiratória superior a 20 segundos, ou entre 10 e 15 segundos se acompanhada de bradicardia, cianose ou queda de saturação de oxigênio. • Os episódios de apneia que ocorrem nas primeiras 72 horas de vida geralmente resultam de asfixia perinatal, infecções, hemorragia intracraniana, hipotermia, obstrução de vias aéreas, convulsões e outras lesões do sistema nervoso central. • A apneia da prematuridade raramente manifesta-se antes de 48 horas de vida e sua incidência está diretamente relacionada à idade gestacional. Batimento de asas nasais • Representa a abertura e o fechamento cíclico das narinas durante a respiração espontânea. •O RN apresenta respiração exclusivamente nasal. • Acredita-se que a dilatação das narinas durante a inspiração diminua a resistência da via aérea superior, reduzindo o trabalho respiratório. Head bobbing • É um sinal de aumento do trabalho respiratório e representa o movimento para cima e para baixo da cabeça, a cada respiração, pela contração da musculatura acessória do pescoço Retrações Torácicas • Decorrem do deslocamento para dentro da caixa torácica, a cada respiração, entre as costelas (intercostal), nas últimas costelas inferiores (subcostal), na margem superior (supraesternal) e inferior do esterno (xifoide). • São observadas com frequência no período neonatal, em particular no RN prematuro, devido à alta complacência da caixa torácica (caixa mais maleável). • As retrações aparecem quando os pulmões apresentam-se com complacência baixa (“mais duro”) ou quando há obstrução de vias aéreas superiores ou alterações estruturais do tórax. • Observa-se, então, protrusão do abdome e, por causa da alta pressão negativa no espaço pleural, toda a porção anterior do tórax, incluindo o esterno, desloca-se para dentro, produzindo o movimento característico em gangorra. Boletim de Silverman-Andersen Cianose • Pode-se classificar a cianose em localizada ou periférica, e generalizada ou central. • A primeira, também conhecida como acrocianose, aparece nas regiões plantares e palmares. É um sinal benigno e comum no período neonatal, não representando doença sistêmica grave. • A cianose central, envolvendo a mucosa oral, quando presente, deve ser sempre investigada, procurando-se afastar cardiopatias congênitas, hipertensão pulmonar e afecções graves do parênquima pulmonar. Sinais e sintomas respiratórios que indicam condição grave e necessidade de intervenção imediata Obstrução de vias aéreas • Gasping • Sufocação • Estridor Falência respiratória • Apneia • Esforço respiratório débil Colapso circulatório • Bradicardia • Hipotensão arterial • Má perfusão periférica Má oxigenação •Cianose, hipoxemia ou palidez Ruídos respiratórios • Estertores subcrepitantes ou bolhosos – causas mais comuns: atelectasia, bronquite, edema pulmonar. • Roncos – causas mais comuns: asma, enfisema, tumor,secreções. • Sibilos – causas mais comuns: edema das cordas vocais, estenose traqueal, corpo estranho na traqueia. Síndrome do desconforto respiratório em RN (Doença da membrana hialina) • Caracterizada pela deficiência de surfactante -> atelectasia • Incidência maior entre RNs prematuros, 32 semanas de gestação e peso de 1500g • A evolução clássica da SDR pode ser modificada por meio da administração antenatal de corticoide, assistência ventilatória precoce e uso de surfactante exógeno. Surfactante • Lipoproteína composta de fosfolipídeos encontrada na parte distal das vias respiratórias e nos alvéolos de pulmões normais. Quanto mais amadurecido o pulmão, maior será sua produção. • Fatores contribuintes: - Anoxia perinantal - Parto cesariano eletivo não precedido de trabalho de parto (<39 semanas) - Hidropsia fetal (Edema generalizado) - Hipotermia - Diabetes gestacional - Gestação gemelar (2º gêmeo mais afetado) - Todos os fatores que podem levar a hipoxia durante o nascimento, com redução da produção de surfactante • Quadro clínico: - Dispneia ou respiração superficial - Imediatamente após o parto ou nas primeiras 6 horas ocorre insuficiência respiratória, com piora progressiva nas primeiras 48 horas. - Aumento progressivo da FR > 60ipm - Taquicardia - Retrações esternais e intercostais marcadas - Batimentos de asa de nariz - Diminuição difusa do murmúrio vesicular - Cianose central - Gemido expiratório - Aumento progressivo dos requerimentos de oxigênio - Episódios de apneia - Acidose respiratória e metabólica - Palidez periférica • Tratamento: - Redução da hipoxemia e diminuição do trabalho respiratório através de ventilação mecânica assistida ou CPAP nasal. - Administração de surfactante - Monitoramento da gasometria - Manutenção da temperatura corporal e sinais vitais - Monitorização de ECG e SO2. •Prevenção: - Administração de glicocorticóides no pré-natal. Devem ser administrados 24-48 horas antes do nascimento - Manejo pré-natal para evitar situações que possam levar à diminuição da circulação pulmonar no feto e neonato. As doenças e suas particularidades: • Bronquite: inflamação dos Brônquios devido à inalação de substância irritantes. Pode ser aguda ou crônica. • Bronquiolite: Inflamação dos Bronquíolos. É um diagnóstico freqüente de internação hospitalar em pediatria, ocasionada principalmente pelo vírus sincicial respiratório (VSR). Ocorre epidemicamente nos meses de outono e inverno. As doenças e suas particularidades: • Pneumonia: Inflamação dos pulmões causada por agente bacteriano. É uma doença na qual os alvéolos, responsáveis por absorver oxigênio da atmosfera, ficam inundados e inundados de fluido, favorecendo o meio úmido e proliferação de microorganismos patogênicos. • Broncoespasmo: Estreitamento da luz bronquial devido à contração dos brônquios, dificultando a troca da gasosa alveolar. • Asma: é uma doença inflamatória crônica, caracterizada por hiperresponsividade das vias aéreas inferiores e por limitação variável ao fluxo aéreo, reversível espontaneamente ou com tratamento, manifestando-se clinicamente por episódios recorrentes de sibilância, dispnéia, aperto no peito e tosse, particularmente à noite e pela manhã ao despertar. Sinais e sintomas: • Uso da musculatura acessória para respirar; • Taquipneia; • BAN • Sons respiratórios adventícios • Tosse seca ou produtiva • Inquietação Procedimentos para manter a função respiratória: • Ofertar oxigênio • Monitorar Gasometria Arterial • Monitorização não invasiva de oxigênio • AVAS + TOT/TQT • Posicionamento adequado para permeabilidade de VAS; • Acesso venoso pérvio; • Administração de terapias intravenosas conforme prescrição médica. SAIBA DIFERENCIAR: Tiragem subcostal x Retração intercostal Pneumonia • Infecção do pulmão fetal ou do neonato, podendo ocorrer ainda intraútero ou após o nascimento. •Quadro clínico: - Estresse respiratório - Diminuição dos sons pulmonares uni ou bilateral - Hipoglicemia - Instabilidade térmica - Radiografia típica com infiltrações alveolares, peribrônquicas, pulmões opacos. •Tratamento: -Terapia antimicrobiana, antiviral ou antifúgica, de acordo com a causa. -Controle térmico -Nutrição -Oxigenoterapia -Ventilação mecânica Displasia broncopulmonar • Processo que ocorre nos pulmões de RNs submetidos à ventilação mecânica prolongada com altas concentrações de oxigênio. • Resulta em inflamação pulmonar, que produz fibrose pulmonar e interfere com o desenvolvimento normal dos pulmões. • O RN fica com dispneia, taquipneiae dependência de oxigênio, além de estertores pulmonares crepitantes contínuos e tosse. Displasia broncopulmonar – Tratamento • Apoio respiratório • Controle de funções cardiopulmonares (evitar falência cardíaca em decorrência do comprometimento do coração direito) • Diuréticos (Aumenta complacência pulmonar e previne edema pulmonar) • Broncodilatadores • Vitamina A (auxilia no crescimento e reparo dos tecidos pulmonares) • Esteróides (aumenta a produção de surfactante e relaxa broncoespasmos) • Foco nas necessidades nutricionais Intervenções de Enfermagem • Uso de concentrações baixas de O2 • Monitorar SO2 (evitar hiperóxia/hipóxia) • Manter cabeceira elevada • Em caso de início de sucção, deixa-lo sugar sem forçar. • Balanço hídrico rigoroso • Avaliar dor e agitação Técnicas de administração de oxigênio • Cânula nasal: - Administração de oxigênio diretamente nas cavidades nasais por meio de cânula. - Normalmente fluxo de oxigênio não deve ultrapassar de 1l/min (irritação da mucosa nasal e faríngea + distensão abdominal) - Necessário verificar periodicamente obstrução das narinas e necessidade de aspiração. •Capacete de oxi-hood (oxyhood) - Paciente recebe oxigênio umidificado e aquecido através de um capacete. - Indicado para pacientes que respiram espontaneamente e apresentam estresse respiratório mínimo a moderado, com manutenção da gasometria dentro dos parâmetros de anormalidade. •Pressão positiva contínua das vias respiratórias nasais (CPAP) - Consiste na administração da mistura de oxigênio e ar comprimido sobre pressão contínua, através de dispositivos nasais. - Mantém pressão positiva nas vias respiratórias durante a fase expiratória, permitindo a distensão dos alvéolos mais eficiente. Pronga Nasal • Escolher o tamanho apropriado da pronga nasal de acordo com o peso e a idade gestacional do RN: • 0 para RN com peso menor que 1kg. • 1 para RN pesando 1kg. • 2 para RN pesando 2kg. • 3 para RN pesando aproximadamente 3kg. - 4 para RN com peso acima de 3kg. •Ventilação mecânica - Utilizada quando ocorrem alterações na habilidade dos pulmões de manter a ventilação adequada. - Indicado nos casos de falência respiratória. - Necessita-se previamente avaliar gasometria arterial e níveis de PaO2 e SpO2. Ventilação Pediátrica https://www.youtube.com/watch?v=dNJQpOS4YjU https://www.youtube.com/watch?v=lgXSgzHnXmI INVASIVA NÃO-INVASIVA https://www.youtube.com/watch?v=dNJQpOS4YjU https://www.youtube.com/watch?v=lgXSgzHnXmI •Ventilação com óxido nítrico - Utilizado para tratamento de crianças com necessidade de vasodilatação pulmonar. - Através do relaxamento da musculatura lisa dos pulmões, promove melhora da ventilação, perfusão e oxigenação. PROBLEMA: o óxido nítrico é inibidor potente da agregação e adesão plaquetária! Cuidados Pós-extubação • Manter jejum por cerca de duas horas após o procedimento. • Realizar inalação com 1,0mL de solução de adrenalina pura, imediatamente após a extubação e depois a cada quatro horas, conforme indicação clínica. Monitorizar cuidadosamente a criança, em relação aos efeitos sistêmicos da adrenalina, como taquicardia, arritmias cardíacas e hipertensão arterial, entre outros. Caso clínico: Ao exame físico: REG, abatido, febril (39ºC), hidratado, acianótico, anictérico ACV: RCR, 2T, BNF AP: MV diminuídos com roncos em HTE. FR-60rpm. Sem tiragem subcostal. Exame complementar: Leucograma-15.200 Diagnóstico inicial: PNM não grave Cuidado médico: ATB Cuidados de enfermagem: orientações Aspiração de VA/TQT/TOT • https://www.youtube.com/watch?v=z2ZAKYc7tG0 • https://www.youtube.com/watch?v=JYzGM5OmzWU https://www.youtube.com/watch?v=z2ZAKYc7tG0 https://www.youtube.com/watch?v=JYzGM5OmzWU Medicamentos inalatórios e endovenosos - orientações Inalatórios: Flixotide, Clenil, Pulmicort, Aerolin EV: Clavulim, Amoxicilina, Clindamicina, Penicilina Procaína, Azitrocimicina, Claritromicina Dreno de tórax – Cuidados com o selo d’água Fonte: Google imagens Transplante pulmonar • Início da década de 80 • Principais indicações: Fibrose cística; insuficiência respiratória grave; expectativa de vida menor do que dois anos, compatível com o tempo projetado para permanência em lista de espera; sem outras co-morbidades, especialmente hepáticas, renais e do SNC; • Evolução pós-operatória: 67% de sobrevida no 1º ano. Rejeição é menos prevalente em menores de 3 anos. • Complicações: infecciosas em maior demanda. Peculiaridades: biópsia; manejo da VA, Acesso venoso. FONTE: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572002000800002 Realizado no Japão 1.º transplante de pulmão de dador vivo em criança de 2 anos Paciente do primeiro transplante de pulmão intervivos incentiva crianças que esperam pela cirurgia. Henrique Busnardo recebeu, em 1999, um fragmento do pulmão da mãe e outro do pai; hoje, vive uma vida saudável e está formado em Direito. 19/09/2014 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572002000800002 Vamos brincar? 1- Temos 11 palavras: doenças, dispositivos, medicamentos, sintomas. Descubra antes da forca! N E B U L I Z A Ç A O B B N M U B C O R G L I N I E A S X Y L R P P R W P N E U M O N I A P T A o U W B I G U A N N D A U T P H N T R S T T R B Y R C L Y A A E R O L I N E J Y E T M Y P S X O N E I A Z U I N O I U N M Z V Q i F J A O O O S C I E A A V U M O M T I N U G O I i A O X I G E N I O P A H R P A O A B T T Z S I P T Y I T T B Q L T E Y X T E T A U K A Ç D T A Q U I P N E I A R L • Caso Clínico: • Lactente de 6 meses de idade, do sexo masculino, com história de erupção cutânea recorrente desde os 4 meses de vida. Ele é o segundo filho, nascido de parto cesáreo, a termo, com peso de nascimento de 3.150 g e período neonatal sem intercorrências, porém, atualmente é portador de asma leve persistente e rinite alérgica. Recebeu aleitamento materno exclusivo até o 6º mês de vida. A família relatou que desde os primeiros meses já se notava que a criança apresentava pele difusamente ressecada. A partir do 4º mês, a pele se tornou pruriginosa, com erupções cutâneas difusas, predominando na face e no tronco, bem como nas fossas cubitais e poplíteas. A criança tornou-se progressivamente mais irritada e com distúrbio do sono importante, intercalando períodos de melhora com períodos de exacerbação. Nos últimos 2 meses houve piora clínica evidente. O quadro passou a ser contínuo, sem períodos assintomáticos. Um mês antes da nossa avaliação recebeu diagnóstico de bronquiolite viral aguda, necessitando de atendimento em serviço de emergência. Na história familiar, salienta-se que a mãe é portadora de dermatite atópica. Além disso, o irmão de 7 anos apresentou quadro de dermatite atópica até os 3 anos de idade. A referida criança do caso clínico foi submetida a dosagem de IgE específica para diversos alimentos (Tabela 1) e orientada a fazer dieta de exclusão de leite de vaca, ovo, peixe, frutos do mar, amendoim e castanha. Foram prescritos creme hidratante diariamente, corticoide tópico quando necessário e anti- histamínicos de primeira geração para o prurido. Vamos realizar a SAE! PROBLEMA DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM OBJETIVOS/METAS INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM . Questões para fixação da aprendizagem: • Qual o nome da patologia que ocorre em lactentes jovens e tardios até 2 anos de idade, caracterizada por inflamação dos bronquíolos? • Informe um dos sinais e sintomas da doença supracitada e qual a sua causa • Informe um dos tratamentos? • Qual a doença que tem como característica o processo inflamatório do parênquima pulmonar. • Cite um fator de risco para o desenvolvimento da pneumonia.