Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A StuDocu não é patrocinada ou endossada por nenhuma faculdade ou universidade Cap. 4 - Michael Ashby - Seleção De Materiais No Projeto Mecânico Engenharia de Materiais (Universidade Federal de Lavras) A StuDocu não é patrocinada ou endossada por nenhuma faculdade ou universidade Cap. 4 - Michael Ashby - Seleção De Materiais No Projeto Mecânico Engenharia de Materiais (Universidade Federal de Lavras) Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=cap-4-michael-ashby-selecao-de-materiais-no-projeto-mecanico https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-de-lavras/engenharia-de-materiais/outro/cap-4-michael-ashby-selecao-de-materiais-no-projeto-mecanico/2070111/view?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=cap-4-michael-ashby-selecao-de-materiais-no-projeto-mecanico https://www.studocu.com/pt-br/course/universidade-federal-de-lavras/engenharia-de-materiais/2651526?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=cap-4-michael-ashby-selecao-de-materiais-no-projeto-mecanico https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=cap-4-michael-ashby-selecao-de-materiais-no-projeto-mecanico https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-de-lavras/engenharia-de-materiais/outro/cap-4-michael-ashby-selecao-de-materiais-no-projeto-mecanico/2070111/view?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=cap-4-michael-ashby-selecao-de-materiais-no-projeto-mecanico https://www.studocu.com/pt-br/course/universidade-federal-de-lavras/engenharia-de-materiais/2651526?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=cap-4-michael-ashby-selecao-de-materiais-no-projeto-mecanico CAPÍTULO 4 Diagramas de propriedades de materiais Materials Selection in Mechanical Design. DOI: 10.1016/B978-1-85617-663-7.00004-7 © 2011 Michael F. Ashby. Publicado por Elsevier Ltd. Todos os direitos reservados. Uma fatia tridimensional do espaço de propriedades de materiais: a fatia módulo-resistência-densidade. Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=cap-4-michael-ashby-selecao-de-materiais-no-projeto-mecanico SUMÁRIO 4.1 Introdução e sinopse . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 4.2 Explorando propriedades de materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 4.3 Os diagramas de propriedades de materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 O diagrama módulo-densidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .57 O diagrama resistência-densidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .60 O diagrama módulo-resistência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .61 O diagrama rigidez específica-resistência específica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .63 O diagrama tenacidade à fratura-módulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .64 O diagrama tenacidade à fratura-resistência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .67 O diagrama coeficiente de perda-módulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .67 O diagrama condutividade térmica-resistividade elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .70 O diagrama condutividade térmica-difusividade térmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .72 O diagrama expansão térmica-condutividade térmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 O diagrama expansão térmica-módulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .75 O diagrama de temperatura de serviço máxima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .77 Atrito e desgaste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .78 Diagramas de barras de custo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .81 O diagrama módulo-custo relativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .83 O diagrama resistência-custo relativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .83 4.4 Resumo e conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 4.5 Leitura adicional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86 4.1 INTRODUÇÃO E SINOPSE Propriedades de materiais limitam o desempenho. Precisamos de um modo de pesquisá-los para ter uma ideia dos valores que as propriedades que limitam o projeto podem ter. Uma proprie- dade pode ser apresentada como uma lista classificada ou diagrama de barras, mas é raro que o desempenho de um componente dependa de apenas uma propriedade. Mais frequentemente o que importa é uma combinação de propriedades: a necessidade de rigidez com baixo peso, de condução térmica acoplada à resistência à corrosão, ou de resistência combinada com tenacidade, por exemplo. Isso sugere a ideia de construir gráficos de uma propriedade em relação a uma outra, mapeando as áreas no espaço da propriedade ocupadas por cada classe de material e as subáreas ocupadas por materiais individuais. Os diagramas resultantes são úteis de vários modos. Condensam um grande acervo de in- formações em uma forma compacta, porém acessível; revelam correlações entre propriedades de materiais que ajudam na verificação e estimativa de dados; e, como veremos em capítulos posteriores, tornam-se ferramentas para selecionar materiais, para explorar o efeito do processa- mento sobre as propriedades, para demonstrar como a forma pode realçar a eficiência estrutural, e para sugerir direções para mais desenvolvimento de materiais. CAPÍTULO 4: Diagramas de propriedades de materiais 52 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 As ideias que fundamentam os diagramas de seleção de materiais são descritas resumida- mente no Item 4.2. O Item 4.3 apresenta os diagramas em si. Não é necessário ler tudo, mas é proveitoso persistir até o ponto de poder ler e interpretar os diagramas fluentemente, e entender o significado das diretrizes de projeto que aparecem neles. Se mais tarde você usar um deter- minado diagrama, deve ler os fundamentos que levaram a ele, dados aqui, para ter certeza de que o está interpretando corretamente. Como explicamos no Prefácio, os diagramas podem ser copiados e distribuídos para finali- dades de ensino sem infringir os direitos autorais.1 4.2 EXPLORANDO PROPRIEDADES DE MATERIAIS Cada propriedade de um material de engenharia tem uma faixa de valores característica. A amplitude pode ser grande: muitas propriedades têm valores que abrangem cinco ou mais potências de dez. Um modo de apresentar isso é um diagrama de barras como o da Figura 4.1 para o módulo de Young. Cada barra descreve um material; seu comprimento mostra a faixa de módulos exibida pelo material em suas várias formas. Os materiais são segregados por classe. Cada classe mostra uma faixa característica: metais e cerâmicas têm módulos altos; polímeros têm baixos; híbridos têm uma faixa ampla, de baixa a alta. A faixa total é grande ! abrange um fator de aproximadamente 106 ! portanto, usamos escalas logarítmicas para apresentá-la. Mais informações são apresentadaspor um gráfico alternativo, ilustrado no desenho es- quemático da Figura 4.2. Aqui, uma propriedade (o módulo, E, nesse caso) é representada em gráfico em relação a uma outra (a densidade, ). A faixa dos eixos é escolhida de modo a incluir todos os materiais, desde as mais leves e mais tênues espumas até os metais mais rígidos e mais pesados, e é grande, o que exige, novamente, escala logarítmicas. Constata-se que dados para uma determinada família de materiais (polímeros, por exemplo) se aglomeram; a subfaixa asso- ciada a uma família de materiais é, em todos os casos, muito menor do que a faixa total dessa propriedade. Dados para uma família podem ser englobados em um envelope de propriedade ! envelopes são mostrados nesse desenho esquemático. Um diagrama real é mostrado na Figura 4.3. Os envelopes de família aparecem como ilustrado no desenho esquemático. Dentro de cada envelope encontram-se bolhas brancas que contêm classes e subclasses. Tudo isso é bem simples ! é apenas um modo útil de apresentar dados em gráficos. Porém, se escolhermos adequadamente os eixos e escalas, mais podemos acrescentar. A velocidade do som em um sólido depende de E e ; a velocidade de onda longitudinal v, por exemplo, é: v = E 1/2 ou (tomando logaritmos): log E = log + 2 log v 1 www.grantadesign.com. Todos os diagramas mostrados neste capítulo foram criados com a utilização do software CES Edu Materials Selection da Granta Design. Com ele você pode fazer diagramas com qualquer par (ou combinação) de propriedades como eixos. 4.2 Explorando propriedades de materiais 53 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=cap-4-michael-ashby-selecao-de-materiais-no-projeto-mecanico 10 100 1.000 Ligas de Mg Ligas de Al Ligas de Zn Acetal, POM Poliuretano EVA Ionômero WC Alumina Vitrocerâmica Vidro de sílica Vidro de cal de soda Poliéster, rígido PS PUR PP SiC Compósito de Al-SiC GFRP Compensado de madeira PTFE BC CFRP Neopreno Ligas de Cu ABS 1 10−1 M ó d u lo d e Y o u n g E ( G P a ) 10−2 10−3 10−4 Módulo de Young Metais Polímeros Cerâmicas Híbridos Borracha natural (NR) PEPC Aço de baixa liga Aço de alto teor de carbono Aço inoxidável Ligas de titânio MFA, 09 Densidade ρ (kg/m3) M ó d u lo d e Y o u n g E ( G P a ) 10 100 1.000 10.000 10−4 10−3 10−2 10−1 1 10 100 1000 Metais Polímeros Compósitos Espumas Elastômeros Módulo – Densidade 102m/s 3 × 102 3 × 103 103 104m/s MFA, 09 Velocidade de onda longitudinal Inclinação = 1 Materiais naturais Cerâmicas FIGURA 4.1 Um diagrama de barras que mostra módulo para famílias de sólidos. Cada barra mostra a faixa de módulo oferecida por um material, alguns dos quais estão identificados. FIGURA 4.2 A ideia de um diagrama de propriedade de materiais: o módulo de Young E é representado em gráfico em relação à densidade em escalas logarítmicas. Cada classe de material ocupa uma área característica. Os contornos mostram a velocidade de onda elástica longitudinal v = (E/ )1/2. CAPÍTULO 4: Diagramas de propriedades de materiais 54 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 Para um valor fixo de v, o gráfico dessa equação é uma linha reta de inclinação 1 nas Figuras 4.2 e 4.3. Isso nos permite acrescentar contornos de velocidade de onda constante ao diagrama: são a família de linhas diagonais paralelas que ligam materiais nos quais as ondas longitudinais viajam com a mesma velocidade. Todos os diagramas permitem a apresentação de relações fundamentais adicionais desse tipo. E mais: parâmetros de otimização de projeto denominados índices de materiais também são representados como contornos nos diagramas (veja o Capítulo 5). Entre as propriedades mecânicas e térmicas, há 30, mais ou menos, que são de importância primordial, tanto para a caracterização do material quanto para o projeto de engenharia. São apresentadas na Tabela 3.1 e incluem densidade, módulos, resistência, dureza, tenacidade, condu- tividades térmica e elétrica, coeficiente de expansão e calor específico. Os diagramas apresentam dados para essas propriedades para as famílias e classes de materiais apresentadas na Tabela 4.1. A lista é derivada das seis originais da Figura 3.1 e ampliada pela distinção entre compósitos e espumas e materiais naturais, e pela distinção entre cerâmicas técnicas de alta resistência (por exemplo, carboneto de silício) e cerâmicas não técnicas de baixa resistência (por exemplo, concre- to e tijolo). Dentro de cada família, os dados são representados em gráfico para um conjunto FIGURA 4.3 Gráfico do módulo de Young E em relação à densidade . Os envelopes coloridos englobam dados para uma determinada classe de material. Os contornos diagonais mostram a velocidade de onda longitudinal. As diretrizes de E/ , E 1/2/ e E 1/3/ constantes permitem a seleção de materiais para projeto de peso mínimo, limitado por deflexão. M ó d u lo d e Y o u n g E ( G P a ) 10−4 10 100 1.000 10.000 10−3 10−2 10−1 1 10 100 1.000 Poliéster Espumas Polímeros Metais Cerâmicas técnicas Compósitos Ligas de chumbo Ligas de W Aços Ligas de Ti GFRP Ligas de Ni Ligas de Cu Ligas de zincoPA PEEK PMMA PC Cortiça Madeira // ao veio Borracha butílica Elastômeros de silicone Concreto WC Al2O3 SiCMódulo de Young – Densidade B4C PS EVA Neopreno Isopreno Poliuretano Couro MFA, 09 PP PE PET Elastômeros Madeira ⊥ ao veio 103m/s 102m/s Velocidade de onda longitudinal Bambu Espumas flexíveis de polímeros Si3N4 CFRP Ligas de Al Vidro Materiais naturais Ligas de Mg Cerâmicas não técnicas PTFE Epóxis Espumas rígidas de polímeros 104m/s Diretrizes para projeto de massa mínima ρ E1/2 ρ E ρ E1/3 Densidade ρ (kg/m3) 4.2 Explorando propriedades de materiais 55 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=cap-4-michael-ashby-selecao-de-materiais-no-projeto-mecanico Tabela 4.1 Família e classes de materiais Família Classes Abreviatura Metais (os metais e ligas de engenharia) Ligas de alumínio Ligas de Al Ligas de cobre Ligas de Cu Ligas de chumbo Ligas de Pb Ligas de magnésio Ligas de Mg Ligas de níquel Ligas de Ni Aços-carbono Aços Aços inoxidáveis Aços inoxidáveis Ligas de estanho Ligas de Sn Ligas de titânio Ligas de Ti Ligas de tungstênio Ligas de W Ligas de chumbo Ligas de Pb Ligas de zinco Ligas de Zn Cerâmicas, cerâmicas técnicas (cerâmicas finas capazes de aplicações que suportam carga) Alumina Al 2 O 3 Nitreto de alumínio AlN Carboneto de boro B 4 C Carboneto de silício SiC Nitreto de silício Si 3 N 4 Carboneto de tungstênio WC Cerâmicas, cerâmicas não técnicas (cerâmicas porosas de construção) Tijolo Tijolo Concreto Concreto Vidros Vidro de cal de soda Vidro de cal de soda Vidro de borossilicato Vidro de borossilicato Vidro de sílica Vidro de sílica Vitrocerâmica Vitrocerâmica Polímeros (os termoplásticos e termofixos de engenharia) Acrilonotrila butadieno estireno ABS Polímeros de celulose CA Ionômeros Ionômeros Epóxis Epóxi Fenólicos Fenólicos Poliamidas (náilons) PA Policarbonato PC Poliésteres Poliéster Polieteretercetona PEEK Polietileno PE Polietileno tereftalato PET ou PETE Polimetilmetacrilato PMMA Polioximetileno (Acetal) POM Polipropileno PP Poliestireno PS Politetrafluoretileno PTFE Polivinilcloreto PVC CAPÍTULO 4: Diagramas de propriedades de materiais 56 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 representativo de materiais, escolhido tanto para abranger a faixa completa de comportamento para a classe, como para incluir os membros mais comuns e mais amplamente usados.Desse modo, o envelope para uma família engloba dados não somente para os materiais apresentados na Tabela 4.1, mas também para praticamente todos os outros membros da família. Os diagramas que vêm em seguida mostram uma faixa de valores para cada propriedade de cada material. Às vezes a faixa é estreita: o módulo do cobre, por exemplo, varia por apenas uma pequena porcentagem ao redor de seu valor médio, influenciado pela pureza, textura e assemelhados. Contudo, às vezes é larga: a resistência dos metais pode variar por um fator de 100 ou mais, influenciada pela composição e pelo estado de encruamento ou tratamento térmi- co. Cristalinidade e grau de reticulação influenciam muito o módulo de polímeros. Porosidade influencia a resistência de cerâmicas. Essas propriedades sensíveis à estrutura aparecem nos diagramas como bolhas alongadas dentro de envelopes. 4.3 OS DIAGRAMAS DE PROPRIEDADES DE MATERIAIS O diagrama módulo-densidade Módulo e densidade são propriedades bem conhecidas. Aço é rígido; borracha é flexível: são efeitos do módulo. Chumbo é pesado; cortiça flutua: são efeitos da densidade. A Figura 4.3 mos- tra a faixa de módulos de Young, E, e densidade, , para materiais de engenharia. Dados para membros de uma família particular de materiais aglomeram-se e podem ser englobados por um envelope colorido. Os mesmos envelopes de família aparecem em todos os diagramas: cor- respondem aos títulos principais da Tabela 4.1. Tabela 4.1 continuação Família Classes Abreviatura Elastômeros (borrachas de engenharia, natural e sintética) Borracha butílica Borracha butílica EVA EVA Isopreno Isopreno Borracha natural Borracha natural Policloropreno (Neopreno) Neopreno Poliuretano PU Elastômeros de silicone Silicones Híbridos: compósitos Polímeros reforçados com fibra de carbono CFRP Polímeros reforçados com fibra de vidro GFRP Alumínio reforçado com SiC Al-SiC Híbridos: espumas Espumas flexíveis de polímeros Espumas flexíveis Espumas rígidas de polímeros Espumas rígidas Híbridos: materiais naturais Cortiça Cortiça Bambu Bambu Madeira Madeira 4.3 Os diagramas de propriedades de materiais 57 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=cap-4-michael-ashby-selecao-de-materiais-no-projeto-mecanico A densidade de um sólido depende do peso atômico de seus átomos ou íons, de seus tama- nhos, e do modo como estão empacotados. O tamanho dos átomos não varia muito: a maioria tem um volume dentro de um fator de dois de 2 × 10 m3. Frações de empacotamento também não variam muito ! um fator de dois, a mais ou a menos. Empacotamento compacto dá uma fração de empacotamento de 0,74; redes abertas como as da estrutura cúbica do diamante dão aproximadamente 0,34. A dispersão da densidade vem principalmente da dispersão do peso atômico, na faixa de 1 para hidrogênio a 238 para urânio. Metais são densos porque são feitos de átomos pesados, empacotados compactamente; polímeros têm baixas densidades porque são feitos, em grande parte, de carbono (peso atômico: 12) e hidrogênio (peso atômico: 1) em empacotamentos amorfos ou cristalinos mais abertos. A maioria das cerâmicas tem densidades mais baixas do que metais porque contêm átomos leves de O, N ou C. Mesmo os mais leves dos átomos, empacotados do modo mais aberto, dão sólidos com densidade de aproximadamente 1.000 kg/m3, a mesma da água. Materiais com densidades mais baixas do que essa são as espumas ! materiais compostos por células que contêm uma grande fração de espaço de poros. Os módulos da maioria dos materiais dependem de dois fatores: rigidez da ligação e número de ligações por unidade de volume. A ligação é como uma mola, e, como uma mola, tem uma constante de mola, S (unidades: N/m). O módulo de Young, E, é aproximadamente: E = S ro (4.1) onde ro é o "tamanho do átomo# (ro3 é o volume atômico ou iônico médio). A larga faixa de módulos é em grande parte causada pela faixa de valores de S. A ligação covalente é rígida (S = 20!200 N/m); a metálica e a iônica um pouco menos (S = 15!100 N/m). O diamante tem módulo muito alto porque o átomo de carbono átomo é pequeno, o que dá alta densidade de ligação, e seus átomos estão unidos por fortes molas covalentes (S = 200 N/m). Metais têm módulos altos porque o empacotamento compacto dá alta densidade de ligação e as ligações são fortes, embora não tão fortes quanto as do diamante. Polímeros contêm ligações covalentes fortes, parecidas com as do diamante, bem como ligações fracas de hidrogênio ou Van der Waals (S = 0,5!2 N/m). São as ligações fracas que se estiram quando o polímero é deformado, dando módulos baixos. Porém, mesmo átomos grandes (ro = 3 × 10 m) unidos pelas mais fracas das ligações (S = 0,5 N/m) têm módulo de aproximadamente: Qual classe de liga metálica é a mais leve? Qual é a mais pesada? Qual é a mais rígida? Qual é a menos rígida? Resposta Um rápido olhar na Figura 4.3 revela que a classe mais leve é a das ligas de magnésio e a mais pesada é a das ligas de tungstênio; ligas de tungstênio também são as mais rígidas e ligas de chumbo são as menos rígidas. Todos os diagramas que aparecem neste capítulo e nos subsequentes podem ser usados para esse acesso rápido a comparações. Pesquisa de propriedades de materiais CAPÍTULO 4: Diagramas de propriedades de materiais 58 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 E = 0,5 3 10 10 1 GPa (4.2) Esse é o limite inferior para sólidos verdadeiros. O diagrama mostra que muitos materiais têm módulos mais baixos do que esse: são ou elastômeros ou espumas. Elastômeros têm E baixo porque suas ligações secundárias fracas derreteram, visto que sua temperatura de tran- sição vítrea, Tg, está abaixo da temperatura ambiente, sobrando apenas a força de restauração "entrópica# muito fraca associada a moléculas de cadeias longas e emaranhadas. Espumas têm módulos baixos porque as paredes das células são fáceis de sofrer flexão quando o material é carregado. Falaremos mais sobre isso no Capítulo 11. O diagrama mostra que o módulo de materiais de engenharia abrange sete potências de dez,2 de 0,0001 GPa (espumas de baixa densidade) a 1.000 GPa (diamante). A densidade abran- ge um fator de 2.000, de menos de 0,01 a 20 Mg/m3. Cerâmicas, como uma família, são muito rígidas, metais um pouco menos ! mas nenhum tem módulo menor do que 10 GPa. Polímeros, ao contrário, aglomeram-se entre 0,8 e 8 GPa. As escalas logarítmicas permitem a apresentação de mais informações. Como explicamos no item anterior, a velocidade de ondas elásticas em um material e as frequências das vibrações naturais de um componente feito desse material são proporcionais a (E/ )1/2. Contornos dessa quantidade são representados no diagrama, identificados pela velocidade de onda longitudi- nal. A velocidade varia de menos de 50 m/s (elastômeros macios) a um pouco mais de 104 m/s (cerâmicas rígidas). Observamos que alumínio e vidro, em razão de suas baixas densidades, transmitem ondas rapidamente apesar de seus módulos baixos. Seria de se esperar que a ve- locidade de onda em espumas fosse baixa em razão de seu módulo baixo, porém a baixa den- sidade quase compensa isso. Em madeira, na transversal ao veio, a velocidade é baixa; mas ao longo do veio é alta ! aproximadamente a mesma no aço !, um fato que é utilizado no projeto de instrumentos musicais. O diagrama ajuda no problema comum da seleção de material para aplicações nas quais a massa deve ser minimizada. Diretrizes correspondentes a três geometrias de carregamento comuns foram mostradas na Figura 4.3. Sua utilização na seleção de materiais para projeto limitado por rigidez com peso mínimo é descrita nos Capítulos 5 e 6. 2 recheadas de fluido) podem ter módulos mais baixos do que esse. Como exemplo, a gelatina (como em Jell-O) tem módulo de aproximadamente 10 GPa. Suas resistênciase tenacidades à fratura também podem estar abaixo do limite inferior dos diagramas. Precisa-se de um metal no qual as ondas longitudinais viajem a 300 m/s. Use a Figura 4.3 para iden- tificar candidatos. Resposta O diagrama mostra que ligas de zinco, ligas de cobre e ligas de tungstênio têm velocidade de onda longitudinal próxima a 300 m/s. Comparação de velocidades do som 4.3 Os diagramas de propriedades de materiais 59 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=cap-4-michael-ashby-selecao-de-materiais-no-projeto-mecanico O diagrama resistência-densidade O módulo de um sólido é uma quantidade bem-definida, com um valor também bem-definido. A resistência não é. Ela é mostrada, em relação à densidade, , no gráfico da Figura 4.4. A palavra "resistência# precisa de definição (veja também o Item 3.3). Para metais e polímeros, é a resistência ao escoamento, porém, visto que a faixa de materiais inclui os que encruaram ou foram endurecidos de algum outro modo, bem como os que foram amaciados por recozimento, a faixa é grande. Para cerâmicas frágeis, a resistência aqui representada em gráfico é o módulo de ruptura: a resistência à flexão. É ligeiramente maior do que a resistência à tração, porém muito menor do que a resistência à compressão que, para cerâmicas é 10 a 15 vezes maior do que a resistência à tração. Para elastômeros, resistência significa a resistência ao rasgamento por tração. Para compósitos, é a resistência à falha por tração menor em razão do encurvamento das fibras). Usaremos o símbolo f para todas elas, apesar dos diferentes mecanismos de falha envolvidos, para permitir uma comparação de primeira ordem. A faixa de resistência para materiais de engenharia, como a faixa para o módulo, abrange muitas potências de dez: de menos de 0,01 MPa (espumas, usadas em embalagem e sistemas ρ σf 2/3 ρ σf 1/2 ρ σf 10 100 1.000 10.000 MFA, 09 R e s is tê n c ia σ f ( M P a ) 0,01 0,1 1 10 100 1.000 10.000 PP PE Madeiras, ⊥ Espumas Polímeros e elastômeros Metais Cerâmicas Compósitos Materiais naturais Ligas de tungstênio Aços Ligas de Ti Ligas de Al Espumas rígidas de polímeros Ligas de Ni Ligas de cobre Ligas de zinco PA PMMA PC PET Cortiça Madeiras, // Borracha butílica Elastômeros de silicone Concreto Carboneto de tungstênio Al2O3 SiC Si3N4 Resistência – Densidade Metais e polímeros: resistência ao escoamento, σt Cerâmicas, vidros: módulo de ruptura, MOR Elastômeros: resistência ao rasgamento por tração, σt Compósitos: falha por tração, σt Espumas flexíveis de polímeros Diretrizes para projeto de massa mínima Ligas de chumbo CFRP Ligas de Mg GFRP PEEK Densidade ρ (kg/m3) FIGURA 4.4 Gráfico da resistência f em relação à densidade (resistência ao escoamento para metais e polímeros, resistência à compressão para cerâmicas, resistência ao rasgamento para elastômeros, resistência à tração para compósitos). As diretrizes de f / , f 2/3 / e f 1/2 / constantes são usadas em projeto de peso mínimo, limitado por escoamento. CAPÍTULO 4: Diagramas de propriedades de materiais 60 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 de absorção de energia) a 104 MPa (a resistência do diamante, explorada na prensa bigorna de diamante). O conceito isolado mais importante para entender essa ampla faixa é a resistência do reticulado ou tensão de Peierls ! a resistência intrínseca da estrutura ao cisalhamento plástico. O cisalhamento plástico em um cristal envolve o movimento de discordâncias. Metais puros são moles porque a ligação metálica não localizada pouco faz para atrapalhar o movimento de discordância, ao passo que as cerâmicas são duras porque suas ligações covalentes e iônicas mais localizadas (que devem ser rompidas e formadas novamente quando a estrutura sofre cisalha- mento) prendem as discordâncias no lugar. Ao contrário, em sólidos não cristalinos pensamos na energia associada à etapa unitária do processo de escoamento como o deslizamento relativo de dois segmentos de uma cadeia polimérica, ou o cisalhamento de um pequeno aglomerado molecular em uma rede vítrea. A resistência de sólidos não cristalinos tem a mesma origem da resistência do reticulado subjacente. Assim, se a etapa unitária envolver o rompimento de ligações fortes (como em um vidro inorgânico), os materiais serão fortes. Se envolver somente a ruptura de ligações fracas (as ligações de Van der Waals em polímeros, por exemplo), eles serão fracos. Materiais que falham por fratura o fazem porque a resistência do reticulado ou de seu equivalente amorfo é tão grande que a separação atômica (fratura) ocorre antes. Quando a resistência do reticulado é baixa, o material pode ser fortalecido pela introdução de obstáculos ao deslizamento. Em metais isso é feito pela adição de elementos de liga, partícu- las, contornos de grão e outras discordâncias ("encruamento#); em polímeros, por reticulação ou por orientação das cadeias de modo que as fortes ligações covalentes, bem como as fracas ligações de Van der Waals devem ser rompidas quando o material se deforma. Por outro lado, quando a resistência do reticulado é alta, o endurecimento adicional é supérfluo ! o problema se torna de supressão de fratura. Uma utilização importante do diagrama é na seleção de materiais para projeto de baixo peso limitado por resistência. São mostradas diretrizes para seleção de materiais em projeto de peso mínimo de tirantes, colunas, vigas e placas e para projeto limitado por escoamento de componentes móveis nos quais as forças inerciais são importantes. Sua utilização é descrita nos Capítulos 5 e 6. O diagrama módulo-resistência Aço de alta resistência à tração produz boas molas. Mas a borracha também. Como é que dois materiais tão diferentes são ambos adequados à mesma tarefa? Essa e outras perguntas são Qual material tem a mais alta razão entre resistência f e densidade ? Use a Figura 4.4 para descobrir. Resposta Os materiais que têm os maiores valores de f / são os que estão próximos da extremidade superior esquerda da figura. A razão é representada por uma reta de inclinação 1 no diagrama. Há uma diretriz com essa inclinação entre as três na parte inferior esquerda. Os materiais que têm a razão mais alta são os que estão mais acima dessa reta. Polímeros reforçados com fibra de carbono (CFRPs) se destacam no cumprimento desse critério. Alta resistência com baixo peso 4.3 Os diagramas de propriedades de materiais 61 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=cap-4-michael-ashby-selecao-de-materiais-no-projeto-mecanico respondidas pela Figura 4.5, um dos mais úteis de todos os diagramas. Mostra o gráfico do módu- lo de Young, E, em relação à resistência, f . As qualificações para "resistência# são as mesmas de antes. Significa resistência ao escoamento para metais e polímeros, resistência à flexão (módulo de ruptura) para cerâmicas, resistência ao rasgamento para elastômeros e resistência à tração para compósitos e madeiras; o símbolo f é usado para todas elas. Contornos de deformação por escoamento ou deformação por fratura, f /E (que significa a deformação à qual o material deixa de ser linearmente elástico), aparecem como uma família de linhas retas paralelas. Examine essas retas antes. Polímeros de engenharia têm grandes deformações por es- coamento entre 0,01 e 0,1; os valores para metais são menores por um fator de no mínimo 10. Compósitos e madeiras encontram-se no contorno 0,01, tão bons quanto os melhores metais. Elastômeros, em razão de seus módulos excepcionalmente baixos, têm valores de f /E maiores do que qualquer outra classe de material:tipicamente 1 a 10. A distância à qual as forças interatômicas agem é pequena; a ligação é rompida se for es- F* necessária para romper uma ligação é de aproximadamente: FIGURA 4.5 Gráfico do módulo de Young E em relação à resistência f . As diretrizes de projeto ajudam na seleção de materiais para molas, pivôs, fios de facas, diafragmas e dobradiças; sua utilização é descrita nos Capítulos 5 e 6. M ó d u lo d e Y o u n g E ( G P a ) 0,1 1 10 100 1.000 0,01 0,1 1 10 100 1.000 Deformação por escoamento Cerâmicas não técnicas MFA, 09 Escoamento antes da flambagem Espumas Polímeros MetaisCerâmicas técnicas Compósitos Ligas de Ti CFRP GFRP Espumas de polímeros rígidos Ligas de Ni Cortiça SiC AlN Módulo – Resistência B4C EVA Couro Ferros fundidos Pedra Tijolo Epóxis Ionômeros PA PC PE PTFE PP Elastômeros 1 Metais e polímeros: resistência ao escoamento, σ y Cerâmicas, vidros: módulo de ruptura, MOR Elastômeros: resistência ao rasgamento por tração, σ t Compósitos: falha por tração, σ t Diretrizes de projeto Flambagem antes do escoamento E σ f E σ f E E σ f 2 = 10−4 10−2 10−3 10−1 10 Concreto Ligas de chumbo Vidro de soda Vidro de sílica Silício Al2O3 WC Ligas de W Aços Ligas de Cu Ligas de zinco Ligas de Al Ligas de Mg Madeira Fenólico PMMA Poliuretano PS Elastômeros de silicone Poliuretano σ f 3/2 Resistência σ f (MPa) CAPÍTULO 4: Diagramas de propriedades de materiais 62 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 F Sro 10 (4.3) onde S, como antes, é a rigidez da ligação. Então a deformação por falha de um sólido deve ser de aproximadamente: f E F r2o / S ro = 1 10 (4.4) O diagrama mostra que, para alguns polímeros, a deformação por falha se aproxima desse valor. Para a maioria dos sólidos ela é menor, por duas razões. A primeira é que ligações não localizadas (aquelas em que a energia coesiva deriva da in- teração de um átomo com um grande número de outros, não apenas com seus vizinhos mais próximos) não são rompidas quando a estrutura é cisalhada. A ligação metálica, e a ligação iônica para certas direções de cisalhamento agem desse modo. Metais muito puros, por exemplo, sofrem escoamento a tensões baixas de até E/10.000 e mecanismos de fortalecimento são necessários para torná-los úteis para a engenharia. A ligação covalente é localizada e, por essa razão, sólidos covalentes têm resistências ao escoamento que, em baixas temperaturas, são altas, alcançando até E/10. É difícil medi-las (embora às vezes isso possa ser feito por endentação) devido à segunda razão para fraqueza: eles geralmente contêm defeitos ! concentradores de tensão ! dos quais fraturas podem se propagar a tensões bem abaixo da "ideal# E/10. Elastômeros são anômalos (têm resistências ao redor de E) porque o módulo não deriva do estiramento da ligação, mas da mudança de entropia em cadeias moleculares emaranhadas quando o material é deformado. Ainda não explicamos como escolher bons materiais para fazer molas. Isso envolve as dire- trizes de projeto mostradas no diagrama, e serão examinadas mais de perto no Item 6.7. O diagrama rigidez específica-resistência específica Muitos projetos, em particular aqueles para coisas que se movem, exigem rigidez e resistência com peso mínimo. Para ajudar nesse caso, usamos os dados dos diagramas anteriores para construir a Figura 4.6 após dividir cada um, para cada material, pela densidade; o gráfico resul- tante mostra em relação a f . Essas são medições de "eficiência mecânica#, o que significa a utilização do mínimo de massa de material para realizar a maior parte do trabalho estrutural. Compósitos, em particular CFRP, encontram-se na parte superior direita. Surgem como a classe de material que tem as propriedades específicas mais atraentes, uma das razões de sua crescente utilização na indústria aeroespacial. Cerâmicas têm rigidez por unidade de peso excepcionalmente altas, e sua resistência por unidade de peso é tão boa quanto os metais, mas Use o diagrama resistência-densidade da Figura 4.4 para identificar três classes de materiais cujos membros tenham resistências que ultrapassam 1.000 MPa. Resposta As classes de materiais de aços, ligas de titânio e compósitos de fibra de carbono (CFRPs) têm membros com resistências maiores do que 1.000 MPa. Sólidos fortes 4.3 Os diagramas de propriedades de materiais 63 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=cap-4-michael-ashby-selecao-de-materiais-no-projeto-mecanico sua estrutura frágil as exclui de muitos usos estruturais. Metais são penalizados por causa de suas densidades relativamente altas. Polímeros, cujas densidades são baixas, se saem melhor nesse diagrama do que no anterior. O diagrama mostrado antes, na Figura 4.6, mostrado antes tem aplicação na seleção de materiais para molas e dispositivos de armazenamento de energia leves que serão examinados no Item 6.7. O diagrama tenacidade à fratura-módulo Aumentar a resistência de um material só é útil enquanto o material permanecer plástico e não tornar-se frágil; se isso ocorrer, fica vulnerável à falha por fratura rápida iniciada de qualquer minúscula trinca ou defeito que ele possa conter. A resistência à propagação de uma trinca é medida pela tenacidade à fratura, K1c, cujas unidades são MPa.m1/2. É representada em gráfico em relação ao módulo E na Figura 4.7. Os valores abrangem a faixa de menos de 0,01 a mais de 100 MPa.m1/2. Na extremidade inferior dessa faixa estão os materiais frágeis que, quando car- regados, permanecem elásticos até sofrerem fratura. Para esses, a mecânica da fratura elástica linear funciona bem e a tenacidade à fratura em si é uma propriedade bem-definida. Resistência específica σ f /ρ (MPa /(kg/m 3)) M ó d u lo e s p e c íf ic o E /ρ ( G P a /( k g /m 3 )) 10−5 10−4 10−4 10−3 10−3 = 10−4 E 10−3 10−2 10−1 1 10−2 10−2 10−1 1 Deformação por escoamento σf 10-1 Cerâmicas não técnicas Espumas Polímeros Metais Cerâmicas técnicas Compósitos Ligas de chumbo Ligas de Ti Ligas de Mg GFRP Madeira Silicone Concreto Al 2 O 3 SiC AlN Módulo específico – Resistência específica B 4 C EVA Couro WC Silício Pedra Tijolo Ionômeros Aços PA PE PTFE PS PP Si 3 N 4 Cortiça MFA, 09 σ f 2 E σ f σ f 3/2 E Flambagem antes do escoamento Escoamento antes da flambagem Elastômeros Metais e polímeros: resistência ao escoamento, σ y Cerâmicas, vidros: módulo de ruptura, MOR Elastômeros: resistência ao rasgamento por tração, σ t Compósitos: falha por tração, σ t E Diretrizes de projeto Vidro de soda Vidro de sílica Espumas rígidas de polímeros Poliuretano Ferros fundidos Ligas de Cu Ligas de zinco Epóxis PMMA PC Ligas de Al CFRP FIGURA 4.6 Gráfico do módulo específico E/ em relação à resistência específica f / . As diretrizes de projeto ajudam na seleção de materiais para molas e sistemas de armazenamento de energia de baixo peso. CAPÍTULO 4: Diagramas de propriedades de materiais 64 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 Na extremidade superior encontram-se os materiais supertenazes ! todos eles mostram substancial plasticidade antes de romperem. Para esses, os valores de K1c são aproximados, de- rivados das medições da integral J crítica (Jc) e do deslocamento crítico que provoca a abertura da trinca ( c), pela expressão K1c = (EJc)1/2, por exemplo. São úteis para classificação de materiais. A figura mostra uma razão para a dominância dos metais na engenharia; quase todos têm va- lores de K1c acima de 18 MPa.m1/2, um valor frequentemente citado como mínimo para projeto convencional. Como regra geral, a tenacidade à fratura de polímeros é aproximadamente a mesma de cerâ- micas e vidros. Apesar disso, polímerossão amplamente usados em estruturas de engenharia; cerâmicas, porque são "frágeis,# são tratadas com muito mais cautela. A Figura 4.7 ajuda a resol- ver essa aparente contradição. Considere, em primeiro lugar, a questão da condição necessária para fratura: é que seja realizado trabalho externo suficiente, ou liberada energia elástica suficiente para fornecer a energia de superfície, por unidade de área, das duas novas superfícies que são criadas. Expressamos isso como: G (4.5) onde G é a taxa de liberação de energia. Usando a relação padrão K = (EG)1/2 entre G e a inten- sidade de tensão K, obtemos: K )1/2 (4.6) Agora as energias de superfície, , de materiais sólidos aumentam conforme seus módulos; a uma aproximação adequada, Ero/20, onde ro é o tamanho do átomo, o que dá: K E ro 20 1/2 (4.7) Identificamos o lado direito dessa equação com um valor limite inferior de K1c, quando, tomando ro como 2 × 10 m: Mountain bikes de alta qualidade são feitas de materiais cujos valores particularmente altos da razão f / os tornam fortes e leves. Qual classe de metal tem o valor mais alto para essa razão? Resposta A Figura 4.6 mostra que as ligas de titânio têm o valor mais alto. Alta resistência com baixo peso A tenacidade à fratura K 1c do polipropileno (PP) é aproximadamente 4 MPa.m1/2. A de ligas de alumínio é aproximadamente 10 vezes maior. Porém, no projeto limitado por deflexão, a tenacidade G c é a pro- priedade mais importante. Use a Figura 4.7 para comparar os dois materiais por tenacidade. Resposta Alumínio e PP têm quase exatamente os mesmos valores de G c : aproximadamente 10 kJ/m2. Comparação de materiais por tenacidade 4.3 Os diagramas de propriedades de materiais 65 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=cap-4-michael-ashby-selecao-de-materiais-no-projeto-mecanico (K1c)mín E = ro 20 1/2 3 10 6 m1/2 (4.8) Esse critério é representado no diagrama como uma tira diagonal sombreada, perto do canto inferior direito e define um limite inferior para K1c. A tenacidade à fratura não pode ser menos do que isso a não ser que alguma outra fonte de energia como uma reação química, ou a liberação de energia elástica armazenada nas estruturas especiais de discordâncias, causadas por carregamento de fadiga, esteja disponível, quando recebe um novo símbolo como (K1)scc que significa "o valor crítico de K1 para trinca de corrosão sob tensão# ou ( 1)patamar , que significa "a faixa mínima de K1 para propagação de trinca por fadiga#. Observamos que as cerâmicas mais frágeis encontram-se próximas desse patamar. Quando sofrem fratura, a energia absor- vida é apenas ligeiramente maior do que a energia de superfície. Quando metais, polímeros e compósitos sofrem fratura, a energia absorvida é muitíssimo maior, normalmente em razão da plasticidade associada à propagação da trinca. O gráfico da Figura 4.7 mostra contornos de tenacidade, Gc, uma medida da energia de superfície de fratura aparente (Gc K21c/E). As verdadeiras energias de superfície, , de sólidos 100 10 1 0,1 0,01 Módulo de Young E (GPa) T e n a c id a d e à f ra tu ra K 1 c ( M P a .m 1 /2 ) 0,001 0,01 0,1 1 10 100 1.000 0,01 0,1 1 10 100 1.000 Metais Cerâmicas técnicas Compósitos Materiais naturais Aços Ligas de Ti CFRP GFRP Ligas de Al Ligas de Ni Ligas de zinco PS PTFE PC Cortiça Madeira Borracha butílica Elastômeros de silicone Concreto Al 2 O 3 SiC Si 3 N 4 Tenacidade à fratura – Módulo B 4 C PPCouro Cerâmicas não técnicas Ferros fundidos WC Vidro de soda Vidro de sílica Pedra Tijolo ABS Epóxis Ionômeros MFA, 09 Espumas 0,001 K 1c /E EVA Diretrizes de projeto Tenacidade Gc= kJ/m 2 Limite inferior para K1c Polímeros e elastômeros Ligas de chumbo Ligas de Mg Ligas de Cu Ligas de W Silício Poliuretano Espumas rígidas de polímeros K 1c /E 2 Espumas flexíveis de polímeros FIGURA 4.7 Gráfico da tenacidade à fratura K 1c em relação ao módulo de Young E. A família de retas é de K 2 1c /E constante (aproximadamente G 1c , a energia ou tenacidade da fratura). Essas e a reta de K 1c /E constante ajudam a desenvolver projetos contra fratura. A faixa sombreada mostra o limite inferior para K 1c . CAPÍTULO 4: Diagramas de propriedades de materiais 66 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 encontram-se na faixa 10 a 10 kJ/m2. O diagrama mostra que os valores da tenacidade come- çam em 10 kJ/m2 e abrangem quase cinco séries de dez até 100kJ/m2. Nessa escala, cerâmicas (10 !10 kJ/m2) são muito mais baixas que polímeros (10 !10kJ/m2); isso é parte da razão por que polímeros são mais amplamente utilizados em engenharia do que cerâmicas. Desenvolvemos mais esse ponto no Item 6.10. O diagrama tenacidade à fratura-resistência A concentração de tensão na ponta de uma trinca gera uma zona de processo: uma zona plás- tica em sólidos dúcteis, uma zona de microtrincas em cerâmicas e uma zona de delaminação, desligamento e extração de fibras em compósitos. Dentro da zona de processo, é realizado tra- balho em relação às forças plásticas e de atrito; é isso que é responsável pela diferença entre a energia de fratura medida, Gc, e a verdadeira energia de superfície, 2 . A quantidade de energia dissipada deve aumentar aproximadamente com a resistência do material dentro da zona de processo e com seu tamanho, dy. Esse tamanho é determinado igualando a área de tensão da trinca ( = K/ r) a r = dy/2 com a resistência do material, f, o que dá: dy = K21c 2 f (4.9) O gráfico da tenacidade à fratura em relação à resistência, Figura 4.8, mostra que o tamanho da zona, dy (linhas tracejadas), varia de dimensões atômicas para cerâmicas e vidros muito frágeis até quase 1 metro para os metais mais dúcteis. Com o tamanho de zona constante, a tenacidade à fratura tende a aumentar com a resistência, como esperado. É isso que causa a aglomeração dos dados representados no gráfico da Figura 4.8 ao redor da diagonal do diagrama. Materiais mais próximos da parte inferior direita têm alta resistência e baixa tenacidade; sofrem fratura antes de sofrerem escoamento. Com os mais próximos da parte superior esquerda acontece o contrário: sofrem escoamento antes de sofrerem fratura. O diagrama tem aplicação na seleção de materiais para o projeto seguro de estruturas que suportam carga. Damos exemplos nos Itens 6.10 e 6.11. O diagrama coeficiente de perda-módulo Sinos são, tradicionalmente, feitos de bronze. Podem ser feitos de vidro e poderiam ser feitos de carboneto de silício (se pudéssemos arcar com o preço). Sob circunstâncias corretas todos, metais, vidros e cerâmicas, têm baixo amortecimento ou "atrito interno# intrínseco, uma Um ensaio válido de tenacidade à fratura requer uma amostra com dimensões no mínimo 10 vezes maiores do que o diâmetro da zona de processo que forma a ponta da trinca. Use a Figura 4.8 para estimar o tamanho da amostra necessário para um ensaio válido de ABS. Resposta O tamanho da zona de processo para ABS é aproximadamente 1 mm. Um ensaio válido requer uma amostra de dimensões maiores do que 10 mm. Teste válido de tenacidade 4.3 Os diagramas de propriedades de materiais 67 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=cap-4-michael-ashby-selecao-de-materiais-no-projeto-mecanico importante propriedade de material quando as estruturas vibram. O amortecimento intrínseco é medido pelo coeficiente de perda, , representado no gráfico da Figura 4.9. Há muitos mecanismos de amortecimento intrínseco e histerese. Alguns (os mecanismos de "amortecimento#) estão associados a um processo que tem uma constante de tempo específica; a perdade energia é centrada ao redor de uma frequência característica. Outros, os mecanismos de "histerese#, são independentes do tempo; absorvem energia em todas as frequências. Em metais, uma grande parte da perda é por histerese, causada por movimento de discordância: é alta em metais moles como chumbo e alumínio puro. Metais de alta liga como bronze e aços de alto teor de carbono têm baixa perda, porque o soluto prende as discordâncias; são os materiais para sinos. Perda excepcionalmente alta é encontrada em algumas ligas de Mn-Cu, em razão de uma transformação em martensita induzida por deformação, e em magnésio, talvez em razão da maclação reversível. As bolhas alongadas para metais abrangem a grande faixa que se torna acessível por adição de elementos de liga e encruamento. Cerâmicas de engenharia têm baixo amortecimento, porque a enorme resistência do reticulado prende as discordâncias que ali estão em temperatura ambiente. FIGURA 4.8 Gráfico da tenacidade à fratura K 1c em relação à resistência f . Os contornos mostram o valor de K 2 1c / 2 f – aproximadamente o diâmetro d y da zona de processo na ponta de uma trinca. As diretrizes de projeto são usadas na seleção de materiais para projeto tolerante a dano. K1c /σf 2 K1c /σf Resistência σ f (MPa) T e n a c id a d e à f ra tu ra K 1 c ( M P a .m 1 /2 ) 0,1 1 10 100 1.000 0,01 0,1 1 10 100 1.000 100 10 1 0,1 0,01 Cerâmicas não técnicas Espumas Polímeros e elastômeros Metais Cerâmicas técnicas CompósitosLigas de chumbo Ligas de W Ligas de Ti Ligas de Mg CFRP GFRP Ligas de Al Espumas rígidas de polímeros Espumas flexíveis de polímeros Ligas de Ni Ligas de Cu PMMA Madeira Borracha butílica Concreto Al2O3 SiC Si3N4 Tenacidade à fratura – Resistência B4C Neopreno Isopreno Couro Ferros fundidos WC Vidro de soda Vidro de sílica Silício Tijolo ABS Epóxis Aços- carbono Poliuretano PA PC PE PTFE PS PP Fenólico MFA, 09 Fratura antes do escoamento Escoamento antes da fratura Diretrizes de projeto Aços inoxidáveis Ligas de zinco Ionômeros Pedra Elastômeros de silicone Cortiça Aços de baixa liga Tamanho da zona plástica, dy, mm 1.000 CAPÍTULO 4: Diagramas de propriedades de materiais 68 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 Por outro lado, cerâmicas porosas estão repletas de trincas cujas superfícies se atritam, dissipando energia quando o material é carregado. O alto amortecimento de ferros fundidos cinzentos tem uma origem semelhante. Em polímeros, segmentos de cadeias deslizam um contra o outro quando carregados; o movimento relativo dissipa energia. A facilidade com que deslizam depende da razão entre a temperatura do ambiente, T, nesse caso a temperatura do local onde estão, e a temperatura de transição vítrea, Tg, do polímero. Quando T/Tg < 1, as liga- ções secundárias são "congeladas#, o módulo é alto e o amortecimento é relativamente baixo. Quando T/Tg > 1, as ligações secundárias já derreteram, o que permite o fácil deslizamento da FIGURA 4.9 Gráfico do coeficiente de perda em relação ao módulo de Young E. A diretriz corresponde à condição = CE. Módulo de Young E (GPa) C o e fi c ie n te d e p e rd a η , e m 3 0 °C 1.00010–3 10–2 10–1 1 10 100 10–5 10–4 10–3 10–2 10–1 1 10 Espumas Polímeros Metais Cerâmicas técnicas Compósitos Ligas de chumbo Ligas de W Aços Ligas de Ti Ligas de Mg CFRP GFRP Ligas de Al Ferros fundidos Ligas de Cu Ligas de zinco PS PMMA Epóxis PET Cortiça Madeira Elastômeros de silicone Concreto WC Al2O3 SiC Si3N4 Coeficiente de perda – Módulo Espumas rígidas de polímeros Espumas flexíveis de polímeros ABS PTFE Poliuretano Borracha butílica EVA Neopreno Isopreno Couro PE Ionômeros PP PC Vidro de soda Vidro de sílica Cerâmicas não técnicas Tijolo Pedra MFA, 09 Elastômeros ηE = 0.04 GPa Procura-se um metal para apoios para amortecer a vibração de uma pequena máquina operatriz. Use a Figura 4.9 para procurar o metal que tem o maior valor do coeficiente de amortecimento para usar nos apoios. Resposta Chumbo ou ligas de chumbo são a melhor escolha. Amortecimento de vibração 4.3 Os diagramas de propriedades de materiais 69 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=cap-4-michael-ashby-selecao-de-materiais-no-projeto-mecanico cadeia; o módulo é baixo, e o amortecimento é alto. Isso é responsável pela óbvia dependência inversa de em relação a E para polímeros na Figura 4.9; de fato, por uma primeira aproximação: = 4 10 2 E (4.10) (com E in GPa) para polímeros, madeiras e compósitos em matriz de polímero. O diagrama condutividade térmica-resistividade elétrica A propriedade de material que governa o fluxo de calor que atravessa um material em regime permanente é a (unidades: W/m.K). (Veja a Figura 4.10.) Os elétrons de valência em metais são !livres" e se movimentam como um gás dentro do reticulado do metal. Cada elétron porta uma energia cinética, 3 2 kT, onde k é a constante de Boltzmann. É a transmissão dessa energia, mediante colisões, que conduz calor em metais. A condutividade térmica é descrita por: = 1 3 Ce c (4.11) onde Ce é o calor específico do elétron por unidade de volume, c _ é a velocidade do elétron (2 × 105 m/s) e é o caminho livre médio do elétron, cujo valor típico em metais puros é 10 m. Em soluções sólidas de alta liga (aços inoxidáveis, superligas de níquel e ligas de titânio), os átomos estranhos dispersam elétrons, reduzindo o caminho livre médio a dimensões atômicas m), o que reduz muito . Esses mesmos elétrons, quando em um gradiente de potencial, vagueiam pelo reticulado, dando condução elétrica. Aqui a condutividade elétrica, , é medida por sua inversa, a resisti- Uma centrífuga que gira a f = 5.000 rpm está ligada a um apoio de PTFE (Teflon). Como o equilíbrio não está bom, a centrífuga vibra e carrega o PTFE até uma tensão de pico máx = 8 MPa a cada ciclo. Se uma operação de centrifugação durar 10 minutos e não houver nenhuma perda de calor pelo PTFE, de quanto será a elevação da temperatura? Adote como calor específico volumétrico para o PTFE (que pode ser lido na Figura 4.11) C p = 2 × 106 J/m3.K e leia as outras propriedades de material de que você precisa na Figura 4.9. Resposta A Figura 4.9 mostra que o módulo do PTFE é E = 0,4 GPa e seu coeficiente de perda é = 0,08. A energia elástica de pico armazenada no PTFE em qualquer ciclo isolado é: U máx = 2 máx 2E = 104 J/m3 pela qual ∆U = 2 U máx (Equação (3.10)) é perdido em cada ciclo. Assim, a energia amortecida no PTFE em 5 minutos é: U 10 mins = 2 U máx (5f ) = 2,52 × 108 J/m3 Dividindo essa expressão pelo calor específico volumétrico do PTFE, obtemos uma elevação de tem- peratura de 126ºC. Será necessário garantir que o calor pode ser conduzido para fora do suporte para impedir superaquecimento. Aquecimento por vibração CAPÍTULO 4: Diagramas de propriedades de materiais 70 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 e 1028, muitíssimo maior do que a de qualquer outra propriedade. Como ocorre com o calor, a condução de eletricidade em metais é proporcional à densidade dos portadores, os elétrons, e a seus caminhos livres médios, o que leva à relação de Wiedemann-Franz: ∝ = 1 e (4.12) As quantidades e e são os eixos da Figura 4.10. Dados para metais aparecem na parte superior esquerda. A linha tracejada mostra que a relação Wiedemann-Franz é bem-obedecida. Porém, e o resto do diagrama? Elétrons não contribuem para a condução térmica em cerâ- micas e polímeros. Em vez disso, o calor é transmitido por fônons # vibrações do reticulado de comprimento de onda curto. Eles são dispersados uns pelos outros e por impurezas, defeitos em reticuladose superfícies; são esses que determinam o caminho livre médio do fônon, . A condutividade ainda é dada pela Equação (4.11), que escrevemos como: = 1 3 Cp c (4.13) λ λ ρ ρ Ω ρ µΩ FIGURA 4.10 Gráfico da condutividade térmica em relação à resistividade elétrica e . Para metais as duas estão relacionadas. 4.3 Os diagramas de propriedades de materiais 71 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=cap-4-michael-ashby-selecao-de-materiais-no-projeto-mecanico mas agora c _ é velocidade da onda elástica (ao redor de 103 m/s # veja a Figura 4.3), é a densi- dade e Cp é o calor específico por unidade de massa (unidades: J/kg.K). Se o cristal for particular- mente perfeito e a temperatura estiver bem abaixo da temperatura de Debye, como ocorre com o diamante em temperatura ambiente, a condutividade do fônon é alta: é por essa razão que carboneto de silício monocristalino e nitreto de alumínio têm condutividades térmicas quase tão altas quanto a do cobre. A baixa condutividade do vidro é causada por sua estrutura amorfa irregular; o comprimento característico das ligações moleculares (aproximadamente 10 m) determina o caminho livre médio. Polímeros têm baixas condutividades porque a velocidade da onda elástica c _ é baixa (veja a Figura 4.3) e o caminho livre médio na estrutura desordenada é pequeno. Materiais de alta porosidade como tijolo refratário, cortiça e espumas mostram as condutividades térmicas mais baixas, limitadas pela condutividade térmica do gás em suas células. Como os metais, a grafita e muitos compostos intermetálicos (por exemplo, C e B4C) têm elétrons livres, porém o número de portadores é menor e a resistividade é mais alta do que em metais. Defeitos como vacâncias e átomos de impurezas em sólidos iônicos criam íons positivos que exigem equilíbrio de elétrons. Esses podem saltar de íon a íon, conduzindo carga, porém lentamente, porque a densidade do portador é baixa. Sólidos covalentes e a maioria dos polí- meros não têm nenhum elétron móvel e são isolantes ( e > 1012 direito da Figura 4.10. Sob um gradiente de potencial suficientemente alto, qualquer coisa conduzirá. O gradiente arranca elétrons livres até dos átomos mais possessivos, acelerando-os e provocando a colisão entre eles e os átomos próximos, arrancando mais elétrons e criando uma cascata. O gradiente crítico é o potencial de ruptura, Vb (unidades: MV/m), definido no Capítulo 3. O diagrama condutividade térmica-difusividade térmica A condutividade térmica, como dissemos, governa o fluxo de calor que atravessa um material em estado estável. A propriedade que governa o fluxo de calor transiente é a difusividade térmica, a (unidades: m2/s). As duas estão relacionadas por: a = Cp (4.14) onde em kg/m3 é a densidade. A quantidade p é o calor específico volumétrico (unidades: J/m3.K). A Figura 4.11 relaciona condutividade térmica, difusividade e calor específico volumé- trico à temperatura ambiente. Quais materiais são bons condutores térmicos e também bons isolantes elétricos (uma combinação incomum)? Use a Figura 4.10 para encontrá-los. Resposta O diagrama identifica que nitreto de alumínio, alumina e nitreto de silício têm essas propriedades. São os que se encontram na parte superior direita. Conduzir calor mas não eletricidade CAPÍTULO 4: Diagramas de propriedades de materiais 72 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 Os dados abrangem quase cinco séries de dez em e a. Materiais sólidos ficam enfileirados ao longo da reta:3 p 6 J/m3.K (4.15) Então, como regra geral: = 3 × 106 a (4.16) ( em W/m.K e a em m2/s). Alguns materiais se desviam dessa regra porque têm calor específico volumétrico mais baixo do que a média. Os maiores desvios são mostrados sólidos porosos: 3 N átomos tem 3N modos vibracionais. Cada um (na aproximação clássica) absorve energia térmica kT à temperatura absoluta T, e o calor específico vibracional é Cp Cv = 3Nk (J/K) onde k é a constante de Boltzmann (1,34 × 10 sólidos encontra-se dentro de um fator de dois em relação a 1,4 × 10 m3; assim, o volume de N átomos é (NCp) m3. Então, o calor específico volumétrico é (como mostra o diagrama): v 3 N k/N 3 k = 3 × 106 J/m3K Condutividade térmica – Difusividade térmica Difusividade térmica a (m2/s) C o n d u ti v id a d e t é rm ic a λ ( W /m .K ) 10−8 10−7 10−6 10−5 10−4 0,01 0,1 1 10 100 1.000 Espumas Polímeros e elastômeros Metais Cerâmicas técnicas Ligas de chumbo Ligas de W Aços- carbono Ligas de Ti Ligas de Mg CFRP GFRP Ligas de Al Espumas rígidas de polímeros Espumas flexíveis de polímeros Ligas de Ni Ligas de Cu Ligas de Zn Cortiça Madeira Borracha butílica Elastômeros de silicone Al 2 O 3 SiC Si 3 N 4 B 4 C PP Isopreno MFA, 09 Ferros fundidos WC Epóxis Aços inoxidáveis AlN Silício ZrO 2 λ λ a1/2 Cerâmicas não técnicas 107 106 105 a Diretrizes para projeto térmico Calor específico por volume ρCp (J/m 3.K) Neopreno PTFE PC PMMA PVC Concreto Vidro de soda Tijolo Pedra Compósitos FIGURA 4.11 Gráfico da condutividade térmica em relação à difusividade térmica a. Os contornos mostram o calor específico volumétrico C v . As três propriedades variam com a temperatura; os dados aqui são para temperatura ambiente. 4.3 Os diagramas de propriedades de materiais 73 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=cap-4-michael-ashby-selecao-de-materiais-no-projeto-mecanico espumas, tijolo refratário de baixa densidade, madeiras e assemelhados. A baixa densidade desses materiais significa que eles contêm um número menor de átomos por unidade de volu- me e, na média calculada em relação ao volume da estrutura, p é baixa. O resultado é que, embora as espumas tenham baixas condutividades térmicas e sejam amplamente utilizadas para isolamento, suas difusividades térmicas não são necessariamente baixas: podem não transmitir muito calor, mas alcançam regime permanente rapidamente. Isso é importante para o projeto, um ponto ilustrado pelo estudo de caso no Item 6.13. O diagrama expansão térmica-condutividade térmica Quase todos os sólidos se expandem com aquecimento (Figura 4.12). A ligação entre um par de átomos comporta-se como uma mola elástica linear quando o deslocamento relativo dos átomos é pequeno; porém, quando é grande, a mola é não linear. A maioria das ligações torna-se mais rígida quando os átomos estão juntos, e menos rígidas, quando os átomos estão separados. Tais ligações são anarmônicas. As vibrações térmicas de átomos, mesmo à temperatura ambiente, envolvem grandes deslocamentos; à medida que a temperatura aumenta, a anarmonia da liga- ção separa os átomos, ampliando seu espaçamento médio. O efeito é medido pelo coeficiente de expansão linear: = 1 d dT (4.17) onde é uma dimensão linear do corpo. O gráfico do coeficiente de expansão em relação à condutividade térmica é apresentado na que os dos metais e quase 100 vezes maiores que os das cerâmicas. Isso porque as ligações de Um bom modo de proteger equipamentos contra mudança repentina de temperatura é acondicioná- -los em um material de difusividade térmica muito baixa porque, então, uma mudança na temperatura externa levará longo tempo para atingir o interior. Use a Figura 4.11 para identificar materiais que poderiam ser bons para isso. Resposta O diagrama identifica isopreno, neopreno e borracha butílica como candidatos potenciais. Um acionador usa a expansão térmica de seu elemento ativo para gerar a força acionadora. Use a Fi- gura 4.12 para identificar o material com o maior coeficiente de expansão. Resposta Neopreno, na parte superior esquerda do diagrama, tem o maior valorde coeficiente de expansão do que qualquer outro no diagrama. Amortecedores térmicos Acionadores térmicos CAPÍTULO 4: Diagramas de propriedades de materiais 74 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 Van der Waals do polímero são muito anarmônicas. Diamante, silício, e vidro de sílica (SiO2) têm ligações covalentes que têm baixa anarmonia (isto é, são quase elásticas lineares mesmo sob grandes deformações), dado que têm baixos coeficientes de expansão. Compósitos, mesmo de carbono, expandem-se muito pouco. O diagrama mostra contornos de , uma quantidade importante para o projeto contra distorção térmica. Um material extra, Invar (uma liga de níquel), foi adicionado ao diagrama em razão de seu coeficiente de expansão excepcionalmente baixo à temperatura ambiente e próxima dela, uma consequência da permuta entre expansão normal e contração associada à transfor- mação magnética. Uma aplicação que usa o diagrama é desenvolvida no Capítulo 6, Item 6.16. O diagrama expansão térmica-módulo Tensão térmica é a tensão que aparece em um corpo quando ele é aquecido ou resfriado, porém seu módulo, E. Um desenvolvimento padrão da teoria da expansão térmica resulta na relação: α λ (W/m) = 103 Ligas de Ni Condutividade térmica λ (W/m.K) 0,01 E x p a n s ã o t é rm ic a α ( µ d e fo rm a ç ã o /K ) 0,1 10,1 10 100 1.000 1 10 100 1.000 Grande desacordo entre deformações térmicas 105 106 106 107 104 105 Espumas Metais Cerâmicas técnicas Compósitos Materiais naturais Ligas de W Aços Ligas de Ti Ligas de Mg CFRP Ligas de Al Espumas rígidas de polímeros Espumas flexíveis de polímeros Ligas de Cu PA PMMA PC Madeira Borracha butílica Concreto WC Al2O3 SiC Si3N4 Expansão térmica – Condutividade térmica Ligas de Pb Aços inoxidáveis Vidro de sílica Silício AlN Vidro de soda Neopreno Epóxis Pequeno desacordo entre deformações térmicas MFA, 09 Invar Vidro de borossilicato ZrO2 α λ (W/m) = 107 Polímeros e elastômeros 104 GFRP PET Ligas de Zn PE ABS Elastômeros de silicone FIGURA 4.12 Gráfico do coeficiente de expansão linear em relação à condutividade térmica . Os contornos mostram o parâmetro de distorção térmica / . Um material extra, a liga de níquel Invar, foi adicionado ao diagrama; é notável por sua expansão excepcionalmente baixa à temperatura ambiente e próxima dela, útil no projeto de equipamentos de precisão que não podem sofrer distorção se a temperatura mudar. 4.3 Os diagramas de propriedades de materiais 75 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=cap-4-michael-ashby-selecao-de-materiais-no-projeto-mecanico = G Cp 3 E (4.18) onde G é a constante de Gruneisen. Essa constante tem valores entre 0,4 e 4, porém, para a maioria dos sólidos é próxima de 1. Visto que p é quase constante (veja Equação (4.15)), a E. A Figura 4.13 mostra que, de modo geral, é isso mesmo. Cerâmicas, que têm os módulos mais altos, possuem os coeficientes de expansão mais baixos; elastômeros que têm os módulos mais baixos, são os que se expandem mais. Alguns materiais com baixos números de coordenação (sílica e alguns materiais com estruturas de diamante cúbico ou de !zinc-blend" podem absorver energia preferencialmente em modos transversais, o que resulta em valores de G muito pequenos ou negativos e baixo coeficiente de expansão (sílica, SiO2, é um exemplo). Outros, como o Invar, se contraem à medida que perdem seu ferromagnetismo quando aquecidos, passando pela temperatura de Curie; em uma estreita faixa de temperatura, também eles mostram expansão próxima de zero, útil na fabricação de equipamentos de precisão e vedações vidro-metal. FIGURA 4.13 Gráfico do coeficiente de expansão linear em relação ao módulo de Young E. Os contornos mostram a tensão térmica criada por uma mudança de temperatura de 1°C se a amostra estiver restringida no sentido axial. Um fator de correção C é aplicado para restrição biaxial ou triaxial (veja texto). Expansão térmica – Módulo Módulo de Young E (GPa) E x p a n s ã o t é rm ic a α ( µ d e fo rm a ç ã o /K ) 0,01 0,1 1 10 100 1.000 1 10 100 1.000 α E = 0,01 MPa/K 10 10 0,1 0,10,01 Espumas PolímerosElastômeros Metais Cerâmicas técnicas Compósitos Ligas de W Aços Ligas de Mg CFRP GFRP PS PMMA Epóxis PET Cortiça Madeira Silicones WC Si 3 N 4 Espumas flexíveis de polímeros ABS PTFE Poliuretano EVA Isopreno Couro PE Ionômeros PP PC Vidro de soda Vidro de sílica Cerâmicas não técnicas TijoloPedra MFA, 09 SiC B 4 C Silício Acetal Fenólico PEEK Materiais naturais α E = 1 MPa /K Espumas rígidas de polímeros Ligas de chumbo Ligas de Al Ferros fundidos Ligas de Cu Ligas de zinco Ligas de Ti Al 2 O 3 AlN Concreto CAPÍTULO 4: Diagramas de propriedades de materiais 76 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 Mais um fato útil. Os módulos de materiais aumentam aproximadamente com seu ponto de fusão, Tm: E 100 kT m (4.19) onde k expressão e a Equação (4.15) para p = G 100 Tm (4.20) $ o coeficiente de expansão varia inversamente em relação ao ponto de fusão. De modo equi- valente, a deformação térmica para todos os sólidos, um pouco antes de sua fusão, depende somente de G (4.18), (4.19) e (4.20) são exemplos de correlações entre propriedades, úteis para estimar e verificar propriedades de materiais (Apêndice A, Item A.12). Sempre que a expansão ou contração térmica de um corpo é impedida, aparecem tensões térmicas; se são grandes o suficiente, essas tensões causam escoamento, fratura ou colapso elástico (flambagem). É comum distinguir entre tensão térmica causada por restrição externa (uma haste engastada rigidamente em ambas as extremidades, por exemplo) e a que aparece sem restrição externa em razão de gradientes de temperatura no corpo. Todas aumentam con- E, mostrada como um conjunto de contornos diagonais na Figura 4.13. Mais precisamente, a tensão produzida por uma mudança de temperatura de 1°C em um sistema restringido, ou a tensão por °C causada por uma mudança repentina na temperatura de superfície em um sistema que não é restringido, é dada por: (4.21) onde C ) para restrição biaxial ou resfriamento rápido normal; e ) para restrição triaxial, onde é o índice de Poisson. Essas tensões são grandes, valor típico: 1 MPa/K. Podem fazer com que o material escoe, trinque, lasque ou flambe quando aquecido ou resfriado repentinamente. O diagrama de temperatura de serviço máxima Temperatura afeta o desempenho do material de muitos modos. À medida que a temperatura aumenta, o material pode sofrer fluência, o que limita sua capacidade de suportar cargas. Pode se degradar ou se decompor, o que muda sua estrutura química de tal modo que torna-se inutilizável. Qual tensão aproximada aparecerá em uma haste de aço cujas extremidades estão rigidamente en- gastadas, se sua temperatura sofrer uma mudança de 100°C? Use a Figura 4.13 para descobrir isso. Resposta A figura mostra que, para aço, E ≈ 3 MPa/K; assim, a mudança de temperatura de 100°C criará uma tensão de aproximadamente 300 MPa. Tensão térmica 4.3 Os diagramas de propriedades de materiais 77 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=cap-4-michael-ashby-selecao-de-materiais-no-projeto-mecanico Pode se oxidar ou reagir de outras maneiras com o ambiente no qual é usado, deixando-o incapaz de desempenhar sua função. A temperatura aproximada à qual, por qualquer dessas razões, não é seguro utilizar um material é denominada sua temperatura de serviço máxima, Tmáx. A Figura 4.14 mostra isso em um diagrama de barras. O diagrama dá uma visão panorâmicados regimes de temperatura nos quais cada classe de material é utilizável. Observe que poucos polímeros podem ser usados acima de 200°C, poucos metais acima de 800°C e somente cerâmicas oferecem resistência acima de 1.500°C. Atrito e desgaste Dizem que Deus criou os materiais, mas o demônio fez as superfícies # elas são a fonte de mui- tos problemas. Quando superfícies se tocam e deslizam, há atrito; onde há atrito, há desgaste. Tribologistas # os que estudam atrito e desgaste # adoram citar o enorme custo, por meio de energia perdida e equipamento desgastado, pelo qual esses dois fenômenos são responsáveis. Certamente é verdade que, se fosse possível eliminar o atrito, a eficiência de motores, caixas de engrenagens, caixas de transmissão e assemelhados aumentaria. Se o desgaste pudesse ser erradicado, também durariam por muito mais tempo. Mas antes de aceitarmos essa imagem negativa, devemos lembrar que, sem desgaste, lápis não escreveria no papel nem giz nos quadros- -negros; sem atrito, deslizaríamos para baixo na mais leve das inclinações. Propriedades tribológicas não são atributos de um material sozinho, mas de um material que desliza sobre outro com, quase sempre, um terceiro entre eles. O número de combinações é demasiadamente grande para permitir uma escolha simples, sistemática. A seleção de ma- teriais para mancais, acionadores e selos dinâmicos depende fortemente da experiência. Essa FIGURA 4.14 A temperatura de serviço máxima — a temperatura acima da qual um material torna-se inutilizável. T e m p e ra tu ra d e s e rv iç o m á x im a ( °C ) 0 500 1.000 1.500 2.000 Nitreto de alumínio Vitrocerâmica Carboneto de boro Nitreto de silício Carboneto de tungstênio Carboneto de silício Silício Zircônia Vidro de sílica Vidro de borossilicato Alumina Vidro de soda Tijolo Pedra Concreto Metais MFA, 09 Temperatura de serviço máxima Ligas de Mg Ligas de Al Aço-carbono Aço de baixa liga Ligas de Zn Ligas de Cu Aço inoxidável Superligas de níquel Ligas de titânio Ligas de chumbo Ligas de tungstênio PC PVC Neopreno PS PURPE ABSPET EVA PTFE Poliéster, rígido PPPA Silicone GFRP Madeiras Compensados de madeira CFRP Espumas de cerâmica Espumas de polímeros Compósito de Al-SiC Polímeros Cerâmicas Híbridos CAPÍTULO 4: Diagramas de propriedades de materiais 78 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 experiência é encontrada em fontes de referência (para tal consulte o Apêndice D). No fim, são elas que devem ser consultadas. Porém, realmente ajuda termos uma ideia da magnitude dos coeficientes de atrito e taxas de desgaste e de como eles se relacionam com classes de materiais. Quando duas superfícies entram em contato sob uma carga normal Fn e uma desliza sobre a outra, uma força Fs se opõe ao movimento. Essa força é proporcional a Fn mas não depende da área da superfície. Esse é o resultado isolado mais significativo dos estudos do atrito, visto que implica que as superfícies não entram totalmente em contato, mas apenas se tocam em peque- nos trechos, a área que é independente da área de contato aparente, nominal, An. O coeficiente de atrito é definido por: = Fs Fn (4.22) Valores aproximados de para materiais secos, não lubrificados, que deslizam sobre uma contraface de aço são mostrados na Figura 4.15. O valor típico é valores muito mais altos, seja porque emperram quando em contato um contra o outro (um metal FIGURA 4.15 O coeficiente de atrito μ de materiais que deslizam sobre uma contraface de aço não lubrificada. Foi proposta a utilização de aço inoxidável como parte de uma estrutura que funciona a 500ºC. É se- guro fazer isso? Resposta A Figura 4.14 mostra que a temperatura de uso máxima para aço inoxidável está na faixa de 700 a 1.100°C. A utilização a 500°C parece ser prática. Temperatura de uso para aço inoxidável C o e fi c ie n te d e a tr it o s o b re a ç o s e c o µ 0,01 0,1 1 10 Ligas de chumbo Aços de baixo teor de carbono Ligas de Al Ligas de Cu PA PMMA Madeira Borracha butílica Ferros fundidos WC Coeficiente de atrito PTFE Couro MFA, 09 PP PE Vidro de soda Borracha natural Vidro de borossilicato PS µ para lubrificação de camada limite = 0,01–0,1 µ para lubrificação hidrodinâmica total = 0,001–0,01 4.3 Os diagramas de propriedades de materiais 79 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=cap-4-michael-ashby-selecao-de-materiais-no-projeto-mecanico macio que desliza sobre si mesmo sem nenhuma lubrificação, por exemplo) ou porque uma superfície tem módulo baixo o suficiente para se conformar à outra (borracha sobre concreto irre- gular). No outro extremo estão combinações de deslizamento com coeficientes de atrito excepcio- nalmente baixos, como mancais de PTFE ou bronze carregados com grafita deslizando sobre aço polido. Aqui o coeficiente de atrito cai até 0,04, embora ainda seja alto em comparação com o atrito para superfícies lubrificadas, como podemos observar na parte inferior do diagrama. Quando superfícies deslizam, sofrem desgaste. Perde-se material de ambas as superfícies, mesmo quando uma é muito mais dura do que a outra. A taxa de desgaste, W (unidades: m2) é convencionalmente definida como: W = Volume de material removido da superfície de contato Distância de deslizamento (4.23) Uma quantidade mais útil para a nossa finalidade é a taxa de desgaste específica: W An (4.24) que é adimensional. Aumenta com a pressão de mancal P (que é a força normal Fn dividida pela área nominal ou An), de modo tal que a razão: k a = W Fn = P (4.25) é aproximadamente constante. A constante da taxa de desgaste ka (unidades: (MPa) ) é uma medida da propensão ao desgaste de um par deslizante: alta ka significa desgaste rápido a uma dada pressão de mancal. A pressão de mancal P é a quantidade especificada pelo projeto. A capacidade de uma super- fície resistir a uma pressão de contato estática é medida por sua dureza H, portanto inferimos que a pressão de mancal máxima Pmáx deve aumentar com a dureza da superfície mais macia: Pmáx = CH onde C é uma constante. Assim, a taxa de desgaste de uma superfície de mancal pode ser ex- pressa como: ka P = C P Pmáx ka H (4.26) Duas propriedades de materiais aparecem nessa equação: a constante da taxa de desgaste ka e a dureza, H. São representadas no gráfico da Figura 4.16. A quantidade adimensional: K = ka H (4.27) é mostrada como um conjunto de contornos diagonais. Observe em primeiro lugar que materiais de uma determinada classe (metais, por exemplo) tendem a se alinhar ao longo de uma diagonal descendente que atravessa a figura, refletindo o fato de que baixa taxa de desgaste está associada à alta dureza. Os melhores materiais para mancais para uma dada pressão de mancal P são os CAPÍTULO 4: Diagramas de propriedades de materiais 80 Baixado por Eduardo Brasa (edubrasa@protonmail.com) lOMoARcPSD|3591372 que têm os valores mais baixos de ka, isto é, os que estão mais próximos da parte inferior do diagrama. Por outro lado, um mancal eficiente, em termos de tamanho ou peso, será carrega- do até uma fração segura de sua pressão de mancal máxima, isto é, até um valor constante de P/Pmáx; para esses, os materiais que têm os valores mais baixos do produto ka H são os melhores. Diagramas de barras de custo Propriedades como módulo, resistência e condutividade não mudam com o tempo. O custo é incômodo, porque muda. Oferta, escassez, especulação e inflação contribuem para consideráveis flutuações no custo por quilograma de uma commodity como cobre ou prata. Tabelas de dados de custo por kg para alguns materiais são apresentadas em jornais e periódicos comerciais; para Dureza H (MPa) C o n s ta n te d a t a x a d e d e s g a s te k a ( 1 /( M P a )) 10 100 1.000 10.000 100.000
Compartilhar