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CONTEXTO DA GUERRA E AS RI - Desde Teerã (1943) passando por Yalta e Postdam, os 3 grandes aliados viram a necessidade de uma aliança exclusiva e sustentada na luta contra a Hitler. - Escondia a emergência do antagonismo que iria conduzir a sociedade internacional para outros parâmetros sistêmicos - Na perspectiva soviética, a guerra tinha sido travada para derrotar a Alemanha e restaurar o domínio e a segurança da Rússia em suas fronteiras ocidentais - Para Stalin, a presença de capitais norte-americanos no leste europeu era uma dupla ameaça → impulsionavam as forças comunistas e articulavam o poderio estratégico- militar dos EUA → ambas ameaças inibiam a política internacional - A saída encontrada pelos soviéticos foi o reinicio do processo de militarização das fronteiras, o recrudescimento da política de espaços na Europa Ocidental e o aceleramento do projeto de desenvolvimento da bomba atômica → alimentaram a disputa entre as superpotências ao longo da guerra CORDÃO SANITÁRIO DO PACÍFICO - Surgiu após uma série de acordos de proteção com países da Ásia e da Oceania para criar um cinturão de isolamento em torno da superpotência rival e evitar a expansão dos ideais socialistas. - Acordo entre Japão, Filipinas, Coreia do Sul e Taiwan, além de formar um pacto militar com a Austrália e a Nova Zelândia, juntamente com a criação da Organização do Tratado do Sudeste Asiático. A GUERRA E A URSS - A única saída aceitável para Stalin era a instalação de governos que inspirassem a certeza de que não se construiria uma ameaça à segurança soviética, mas a única maneira de garantir tal saída era alinhada ao seu sistema político - A URSS quase não exercia influência sobre assuntos domésticos dos países vizinhos, a não ser pela autoridade de sua presença militar. - Depois que os tratados de paz foram assinados, os comunistas nada ganhariam se continuassem parados. - Comunistas no Oeste Europeu não sabiam como reagir diante do Plano Marshall e só se posicionaram depois de inspirados pela rejeição de Stalin ao referido plano. - Moscou firmou tratados comerciais com os vizinhos no Leste Europeu, como parte de reação engendrada contra o Plano Marshall e ameaça que o esquema representava para a influência soviética na região - Os comunistas ocidentais foram surpreendidos com a coexistência pacífica que vinha sendo buscada na política interna chegava ao fim → Moscou esperava que os comunistas ficassem mais atentos e subordinassem considerações locais aos interesses soviéticos - Comunistas em toda a parte passaram a adotar táticas de confronto: greves, protestos, campanhas contrárias ao Plano Marshall e no leste europeu a aceleração do processo de tomada de poder URSS x IUGOSLÁVIA - Desavença com Tito (Iugoslávia) → Stalin condenou a ideia de Federação Balcânica e os soviéticos efetivaram o cancelamento de negociações comerciais, atos que no mês seguinte, foram seguidos pela retirada de Belgrado de conselheiros soviéticos civis e militares. - Ruptura em junho de 1948 → Belgrado é acusada de conduzir uma política externa nacionalista e uma política interna equivocada - Na verdade, diante do monopólio de poder instituído por Stalin, a Iugoslávia representava o equivalente internacional e uma oposição e o conflito era inevitável: Stalin precisava dobra Tito, a fim de deixar claro aos companheiros comunistas do líder iugoslavo que Moscou não toleraria dissenção (desavença) CORTINA DE FERRO - Política de isolamento lançada pela URSS durante a Guerra Fria (1946) - Censura rígida e grandes restrições na deslocação de pessoas - Identificou o conjunto de países europeus de regime comunista sob influência direta de Moscovo: ✓ Alemanha Oriental ✓ Polônia ✓ Tchecoslováquia (atual República Tcheca e Eslováquia) ✓ Hungria ✓ Romênia ✓ Bulgária ✓ Albânia - Esta “fronteira” funcionou como uma decisiva barreira à comunicação e à troca livre de ideias entre a URSS e seus estados satélite e o resto do mundo “De Stettin, no Báltico a Trieste, no Adriático, caiu uma cortina de ferro sobre o continente” (Discurso de Churchill realizado em março de 1946 que descreveu a Europa no pós- guerra) - A cortina de isolamento e separação mundial só foi desfeita entre 1989 e 1991 quando caíram os governos comunistas da Europa de Leste a da URSS - Termo análogo: “cortina de bambu”, utilizado para referir a barreira ideológica e militar entre a China comunista e outros países durante a Guerra Fria MURO DE BERLIM - Depois de vencer a 2° GM os grupos dos aliados concordaram em dividir a Alemanha. → países capitalistas ficaram com o oeste, enquanto os soviéticos, com o leste. - Em 1948, Stalin decreta o “Bloqueio de Berlim”, um cerco pacífico que impedia a chegada de suprimentos à Alemanha Ocidental, pela terra e pelos rios. A resposta dos EUA e da Grã- Bretanha foi utilizar aviões para garantir o abastecimento e o transporte URSS interrompeu as linhas férreas entre Berlim e a Alemanha Ocidental A intenção de Stalin com o bloqueio de Berlim era forçar o Ocidente a optar em desistir de Berlim ou então abandonar os planos relativos a um Estado alemão ocidental. - Em 1949 os países capitalistas criam a República Federal Alemã, impedindo que Stalin se apoderasse de todo o território alemão. Visto isso, a URSS decreta a criação da República Democrática Alemã. Estado alemão Ocidental → República Federal da Alemanha (capitalistas) Estado Alemão oriental → República Democrática Alemã (estado-satélite soviético) Berlim continuou sob controle soviético, mas por ser capital também foi dividida. Berlim era o enclave capitalista no bloco oriental. Com o tempo, isso se tornou um problema para os comunistas, haja vista que serviços secretos dos EUA e da Grã- Bretanha atuavam ali - Entre 1949 e 1961, mais de 2,5 milhões de pessoas fugiram do leste para o oeste, em busca de uma nova vida. - Para impedir isso, as autoridades comunistas determinaram a construção do muro que dividia a cidade (1961) - A crise em Berlim teve 3 resultados significativos: 1. Criação de 2 Estados alemães → divisão entre Alemanha ocidental e Alemanha oriental 2. EUA tiveram que manter, pela primeira vez na Europa, um contingente militar por tempo indefinido 3. Reavaliação dos planos militares ocidentais para proteger os “clientes alemães • Pacto de Varsóvia e Bruxelas (1948) • OTAN (1949) – Organização do Tratado do Atlântico Norte - O pacto de Varsóvia, visava estender o guarda-chuva da proteção nuclear de Moscou sobre a Europa oriental. O equilíbrio atômico entre as duas superpotências se tornaria um dos eixos “quentes” da Guerra Fria até a segunda metade dos anos 1950 DÉTENTE - Significado: relaxamento, distensão ou diminuição das tensões entre nações ou governos - Entre 1947 e 1989-1991, EUA e URSS competiram pela construção e consolidação de esferas de influência, divididos em diferentes projetos políticos. - O período da Guerra Fria ficou conhecido, predominantemente, sob a perspectiva de um mundo dividido por um conflito bipolar a envolver dois blocos organizados e dinamizados pelas duas únicas superpotências globais. - Os dois Estados confrontam-se de forma indireta por intermédio dos países que compunham as suas respectivas esferas de influência, mas, ao mesmo tempo, impediram que conflitos regionais escapassem do controle e se transformassem em guerras de dimensões mundiais → dessa forma, produziram certa estabilidade mundial mesmo que sob o risco e a ameaça de um permanente confronto nuclear - Não existe consenso quanto à periodização da détente como fase da Guerra Fria. No entanto, há duas posturas que sobressaem. Sendoelas: ➢ Crise dos mísseis cubanos (final de 1962) Iniciaram conversações entre as diplomacias dos EUA e da URSS objetivando a negociação da proibição de testes nucleares, a limitação dos arsenais e a criação de mecanismos ágeis de comunicação entre os líderes das duas potências, de forma a evitar que um incidente de proporções menores pudesse desencadear um problema advindo de bombas nucleares ➢ Cooperação e Competição (1969 a 1979) Relações de cooperação e competição simultâneas, sem implicar a ausência de conflitos, mas o estabelecimento de padrões aceitáveis para a solução das divergências (postura mais aceita) - A bipolaridade que se definiu durante a década de 1950 - facilitada pelo declínio imperial da Inglaterra e da França, mas posta em questão pela ascensão da China à condição de potência nuclear – viu-se ameaçada pela irrupção de uma série de processos de alcance global nas duas décadas seguintes - Tudo indicava uma gradativa melhora nas relações entre EUA e URSS. Todavia, a Revolução Cubana (1959) e a derrubada de um avião de espionagem estadunidense que invadiu o espaço aéreo soviético em 1960 produziram novos impasses. - O maior perigo de uma guerra nuclear ocorreu quando, após as tentativas de invasão de Cuba por forças treinadas e apoiadas pelos EUA, os soviéticos iniciaram a instalação de 24 mísseis nucleares na ilha. → em outubro de 1962, quando os EUA perceberam o fato deram um ultimato - Após um crescente de tensões implicaram a possibilidade real da ocorrência de uma guerra nuclear, foram iniciadas negociações entre as diplomacias das duas superpotências. Por conta disso, houve um recuo soviético com a retirada dos mísseis instalados em Cuba → vale ressaltar que mísseis dos EUA haviam sido instalados pouco antes na Turquia e que parte deles foi retirado como resultado dos acordos para encerrar o conflito - A crise dos mísseis estimulou a criação de mecanismos de negociação para evitar uma possível guerra nuclear, como a instalação do telefone vermelho entre Moscou e Washington, e o acordo de 1963 que proibia testes nucleares submarinos, atmosféricos ou no espaço. A deposição de Krushchev em 1954 não promoveu significativas alterações nas relações entre os dois países. - A erosão do monolitismo ideológico dos dois blocos atribui uma nova conotação às RI. Além de adversários, os EUA e a URSS apresentaram-se como parceiros. A confrontação deixaria de ser direta para ser transportada para conflitos localizados na Ásia, África e no Oriente Próximo. - A era da détente foi, sobretudo, associada às negociações para as limitações das armas nucleares → TNP: Tratado de não-proliferação de armas nucleares (1968) - Todos os países que não haviam realizado experimentos nucleares até julho de 1967 deveriam cumprir com as obrigações estabelecidas no TNP na categoria de países não nucleares - Os países não nucleares concordariam em renunciar ao desenvolvimento e à aquisição de armas nucleares em troca da tecnologia nuclear para fins pacíficos. Concordavam também em submeter seus programas nucleares à inspeção da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) criada pela ONU em 1956. - O TNP foi rejeitado pela França e pela China, engajadas na construção da bomba de hidrogênio e de políticas próprias de poder O congelamento do poder mundial imposto pelo tratado foi criticado por países ricos e pobres Índia, em maio de 1974, realizou sua primeira explosão nuclear, dita “pacífica” pela primeira-ministra Indira Gandhi O Brasil recusou-se a aderir ao TNP, mas procurou, desde o início, negociar com outros países da América Latina acordos regionais específicos de criação de zonas livres de armas nucleares - SALT (Strategic Arms Limitation Talks): estabeleceu grande marco nas limitações das armas estratégicas, deu início a uma série de reuniões entre soviéticos e norte-americanos. Assinado em 1973, reordenava a inserção internacional das duas superpotências em clima de détente. - 1970 – 1975: exportações ocidentais para a URSS quadruplicaram, espacialmente animadas pela ampliação da demanda soviética por produtos agrícolas e industriais diversificados → a URSS alcançou uma supremacia estratégica sobre sua potência rival - Longas negociações permitiriam, em setembro de 1971, a convivência entre as 4 potências presentes em Berlim. A aceitação soviética da autonomia de Berlim foi um grande passo para a reconciliação gradual entre as duas Alemanhas (oriental e ocidental) AMÉRICA LATINA - A América Latina foi uma área de viva atuação internacional na década de 1970. Engajada na busca de seu próprio lugar, moveu-se no contexto de incertezas com particular desenvoltura. - Vocação pacífica das relações internacionais latino-americanas. Longe das tensões que abalavam o mundo, a América Latina apresentou-se nas RI como uma região voltada para as negociações pacíficas de controvérsias e pouco preocupada com a evolução das tensões localizadas partes do mundo - O ambiente da détente, portanto, beneficiou e fortaleceu a reinserção internacional da América Latina. - Apesar das tensões ideológicas criadas pela Revolução Cubana e pelos movimentos revolucionários que se contrapunham às orientações de vários governos autoritários na região, as RI da região foram desideologizadas em alguns de seus países mais importantes → O Brasil foi, certamente, o caso exemplar dessa tendência ÁSIA E ÁFRICA - As relações internacionais na Ásia dos anos 1970 foram dominadas por 4 grandes atores: • Guerra do Vietnã • Índia (Paquistão) • China (isolamento chinês) • Japão (ascensão econômica) ILUSÕES IGUALITARISTAS África, América Latina e Ásia - Os 3 continentes, embalados pela perspectiva de incluir o mundo em desenvolvimento no centro das preocupações dos países desenvolvidos - Esforçaram-se para a formulação de uma agenda internacional própria. A percepção da condição de dependência estrutural em relação aos centros econômicos e estratégicos fez com que esses países sonhassem com o nascimento de uma nova ordem internacional, econômica e politicamente mais justa.
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