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PROVA DE LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS E REDAÇÃO PROVA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS 1 Este CADERNO DE QUESTÕES contém 90 questões numeradas de 01 a 90 e a Proposta de Redação, dispostas da seguinte maneira: a. as questões de número 01 a 45 são relativas à área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; b. Proposta de Redação; c. as questões de número 46 a 90 são relativas à área de Ciências Humanas e suas Tecnologias. 2 Confira se o seu CADERNO DE QUESTÕES contém a quantidade de questões e se essas questões estão na ordem mencionada na instrução anterior. Caso o caderno esteja incompleto, tenha qualquer defeito ou apresente divergência, comunique ao aplicador da sala para que ele tome as providências cabíveis. 3 Escreva e assine seu nome nos espaços próprios do CARTÃO-RESPOSTA com caneta esferográfica de tinta preta. 4 Não dobre, não amasse nem rasure o CARTÃO-RESPOSTA, pois ele não poderá ser substituído. 5 Para cada uma das questões objetivas, são apresentadas 5 opções identificadas com as letras , , , e . Apenas uma responde corretamente à questão. 6 Marque no CARTÃO-RESPOSTA a opção de língua estrangeira. 7 Use o código presente nesta capa para preencher o campo correspondente no CARTÃO-RESPOSTA. 8 Com seu RA (Registro Acadêmico), preencha o campo correspondente ao código do aluno. Se o seu RA não apresentar 7 dígitos, preencha os primeiros espaços e deixe os demais em branco. 9 No CARTÃO-RESPOSTA, preencha todo o espaço destinado à opção escolhida para a resposta. A marcação em mais de uma opção anula a questão, mesmo que uma das respostas esteja correta. 10 O tempo disponível para estas provas é de cinco horas e trinta minutos. 11 Reserve os 30 minutos finais para marcar seu CARTÃO-RESPOSTA. Os rascunhos e as marcações assinaladas no CADERNO DE QUESTÕES não serão considerados na avaliação. 12 Somente serão corrigidas as redações transcritas na FOLHA DE REDAÇÃO. 13 Quando terminar as provas, acene para chamar o aplicador e entregue este CADERNO DE QUESTÕES e o CARTÃO-RESPOSTA / FOLHA DE REDAÇÃO. 14 Você poderá deixar o local de prova somente após decorridas duas horas do início da aplicação e poderá levar seu CADERNO DE QUESTÕES ao deixar em definitivo a sala de provas nos últimos 30 minutos que antecedem o término das provas. 15 Você será excluído do Exame, a qualquer tempo, no caso de: a. prestar, em qualquer documento, declaração falsa ou inexata; b. agir com incorreção ou descortesia para com qualquer participante ou pessoa envolvida no processo de aplicação das provas; c. perturbar, de qualquer modo, a ordem no local de aplicação das provas, incorrendo em comportamento indevido durante a realização do Exame; d. se comunicar, durante as provas, com outro participante verbalmente, por escrito ou por qualquer outra forma; e. portar qualquer tipo de equipamento eletrônico e de comunicação durante a realização do Exame; f. utilizar ou tentar utilizar meio fraudulento, em benefício próprio ou de terceiros, em qualquer etapa do Exame; g. utilizar livros, notas ou impressos durante a realização do Exame; h. se ausentar da sala de provas levando consigo o CADERNO DE QUESTÕES antes do prazo estabelecido e / ou o CARTÃO-RESPOSTA a qualquer tempo. LEIA ATENTAMENTE AS INSTRUÇÕES SEGUINTES EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO *de acordo com o horário de Brasília 2020 Simulado 5 – Prova I LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 “It was an arranged engagement,” Rehana said all at once. “I was nine years old when my parents fixed it. Mustafa Dar was already thirty at that time, but my father wanted someone who could look after me as he had done himself and Mustafa was a man known to Daddyji as a solid type. Then my parents died and Mustafa Dar went to England and said he would send for me. That was many years ago. I have his photo, but he is like a stranger to me. Even his voice, I do not recognise it on the phone.” The confession took Muhammad Ali by surprise, but he nodded with what he hoped looked like wisdom. “Still and after all,” he said, “one’s parents act in one’s best interests. They found you a good and honest man who has kept his word and sent for you. And now you have a lifetime to get to know him, and to love.” He was puzzled, now, by the bitterness that had infected her smile. RUSHDIE, S. Good advice is rarer than rubies. In: East, West: Stories. Vintage, 1995. [Fragmento] Salman Rushdie é um escritor britânico de origem indiana. No excerto do conto “Good advice is rarer than rubies”, revelam-se aspectos socioculturais do povo representado no texto, tais como A. a submissão voluntária da mulher ao homem. B. a prática de relacionamentos a distância. C. a relação conturbada entre pais e filhas. D. o paternalismo tipicamente masculino. E. o abandono da família pelo homem. QUESTÃO 02 A revolution in Chile sparked by US-style economics The biggest fires are always started by the tiniest spark. That was literally true in 2011 when an unknown street vendor in Tunisia set himself on fire to protest corruption and government harassment, and triggered the Arab Spring, a series of uprisings that roiled an entire region and inspired movements like Spain’s Indignados and Occupy Wall Street. In 2019, the most dramatic revolution is taking place in the shadows of the towering mountains of Chile, where as many as a million people flood the streets of capital city Santiago by day, and harrowing street battles have erupted at night. What set off this political conflagration? A subway fare hike that – converted to US money – amounts to less than 5 cents. 5N0W CALIBRADA_ING 3AJW 060SE05ING2019I But to massive numbers of Chileans, those extra pesos were literally the last straw. The fare hike touched off much deeper anxieties about income inequality in a nation often held up as an economic success story because of its rapidly rising gross domestic product (GDP), yet [it] has seen much of that wealth flow to a narrow sliver at the top. That’s in addition to fewer opportunities for Chile’s browner-skinned indigenous and mixed-race people, often packed into outskirts barrios. Disponível em: <www.inquirer.com>. Acesso em: 6 maio 2020. [Fragmento] No texto, os protestos no Chile são comparados a diversos outros movimentos ocorridos ao redor do mundo. Essas reações populares tiveram em comum o fato de terem sido desencadeadas por A. revoltas contra o domínio econômico estadunidense. B. conflitos étnico-raciais nos subúrbios das cidades. C. motivos inicialmente percebidos como irrelevantes. D. aumentos nos preços das tarifas do transporte público. E. políticas econômicas inspiradas no estilo norte- -americano. QUESTÃO 03 If music gives you goosebumps, your brain might be special Matthew Sachs, a former undergraduate at Harvard, last year studied individuals who get chills from music to see how this feeling was triggered. The research examined 20 students, 10 of which admitted to experiencing the aforementioned feelings in relation to music and 10 that didn’t and took brain scans of them all. He discovered that those that had managed to make the emotional and physical attachment to music actually have different brain structures than those that don’t. The research showed that they tended to have a denser volume of fibres that connect their auditory cortex and areas that process emotions, meaning the two can communicate better. Sachs’s findings have been published on Oxford Academic but he is quoted by Neuroscience as saying: “The idea being that more fibers and increased efficiency between two regions means that you have more efficient processing between them.” This means if you do get chills from music you are more likely to have stronger and more intense emotions. Disponível em: <www.indy100.com>. Acesso em: 6 maio 2020. [Fragmento] Depois de analisar examesde imagem cerebral, o pesquisador Matthew Sachs concluiu que aqueles que se relacionam de maneira física e emotiva com a música A. têm uma conexão mais eficaz entre o córtex auditivo e as áreas que processam emoções. B. possuem uma estrutura cerebral semelhante à das pessoas que não se emocionam. C. tendem a demonstrar reações racionais e menos intensas que as demais pessoas. D. demonstram menor eficácia na análise de problemas de maior complexidade. E. apresentam uma capacidade reduzida de relacionamento interpessoal. C3ØJ 060SE04ING2019I ENEM – VOL. 5 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 3BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 04 Spread the progress on children’s rights to all Today is World Children’s Day, marking 30 years since the adoption of the United Nations Convention on the Rights of the Child. In many ways, the lives of children around the world have improved. Globally, children are twice as likely to make it to their fifth birthday compared to 30 years ago. Child labor rates have dropped by a third, while school enrollment has increased by more than 110 million. Rates of child marriage and female genital mutilation have declined. Levels of extreme poverty have dropped dramatically, leaving many children better off. But far too many children have missed out on this progress. There are 262 million children and youth who remain out of school, and 152 million who are exploited in child labor. Three of every four children experience physical punishment in the home. Every year, an estimated 12 million girls marry before age 18, and at least 1.5 million children are deprived of liberty in prisons, detention centers, and institutions. In short, there’s still a lot to do. Disponível em: <https://www.hrw.org>. Acesso em: 6 maio 2020. [Fragmento] O texto apresenta uma série de conquistas em relação aos direitos das crianças. No entanto, alerta para o fato de que ainda é preciso A. combater o trabalho infantil, que prejudica a vida de centenas de milhões de crianças. B. garantir a segurança de 1,5 milhão de crianças que dependem de casas de caridade. C. conscientizar familiares sobre a violência doméstica sofrida por 25% das crianças. D. extinguir o casamento infantil, que afeta a vida de 18 milhões de meninas. E. dobrar o número de vagas nas escolas para evitar a evasão de jovens. QUESTÃO 05 Disponível em: <www.glasbergen.com>. Acesso em: 8 maio 2020. O cartum estabelece uma associação entre previsão do tempo e situações relacionadas ao trabalho, entre elas, A. oportunidades raras de distração. B. ocasiões de poucas críticas. C. dificuldades de deslocamento. D. sessões de debates acalorados. E. momentos de frustrações variadas. HWDT 060SE05ING2019I RQUG 060SE03ING2019II LCT – PROVA I – PÁGINA 4 ENEM – VOL. 5 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO Questões de 01 a 05 (opção espanhol) QUESTÃO 01 Disponível em: <http://cuentospolares.blogspot.com>. Acesso em: 10 mar. 2020. Guille pede ao pai que o auxilie a escrever uma carta aos reis magos. No último quadrinho, ele solicita ao pai que rasure a palavra “queridos”. Isso ocorre porque o menino A. quer ser mais formal. B. deseja usar outra palavra. C. acredita que os reis magos se irritarão. D. se chateou com os reis magos. E. supõe que o pai errou a grafia da palavra. QUESTÃO 02 Disponível em: <http://www.bphc.org>. Acesso em: 10 jun. 2018. O gênero campanha busca convencer seu público-alvo de que determinada informação ou ação é importante. A campanha anterior tem como objetivo A. orientar sobre o uso correto do sal no cozimento dos alimentos. B. alertar sobre o perigo de derrames cerebrais causados pelo uso de sal. C. promover um site que orienta como preparar alimentos sem o uso de sal. D. informar sobre a importância da substituição do sal por temperos naturais. E. apontar o uso excessivo de sal como causa de doenças cardiovasculares. JUØB BAN_062SE06ESP2016III SNHY 061SE08ESP2018V ENEM – VOL. 5 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 5BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 03 La historia del alfajor Relleno con dulce de leche, cubierto con merengue, de chocolate, con frutas, de maicena… En cualquiera de sus versiones, este manjar siempre deleita a personas de todas las edades y nacionalidades. El alfajor está considerado por los fanáticos de lo dulce como uno de los mejores inventos del mundo. Cada país tiene su propia definición para esta palabra, pero en todos se asocia a una delicia para disfrutar a toda edad. En México, un alfajor es un dulce a base de azúcar, coco y leche, mientras que en Venezuela, Nicaragua y Honduras se trata de una pasta elaborada con jengibre, piña y harina de maíz o de yuca. En Uruguay, Perú, Paraguay, Ecuador, Colombia, Chile y Argentina, en tanto, es una golosina de distintos tamaños y sabores que se rellena con dulce para adherir las tapas de masa o galletas horneadas que, a modo de sándwich, atesoran un relleno irresistible. Cuenta la historia que este manjar tiene su origen en la gastronomía de al-Ándalus y que, en el Periodo Colonial, alcanzó popularidad en América. El alfajor siempre ha sabido reinventarse y mantenerse en el mercado mundial. Alfajores dobles y triples, alfajores de arroz, alfajores helados y hasta alfajores veganos nacieron para demostrar que siempre se puede descubrir algo nuevo en este producto. Para que todos encuentren el alfajor de sus sueños, cada vez surgen versiones más sorprendentes y exclusivas. Los más convencionales no cambian por nada a los clásicos alfajores de chocolate y dulce de leche, mientras que los más vanguardistas se dejan conquistar por opciones más exóticas, entre las que no se pueden dejar de mencionar al alfajor relleno con crema de vino torrontés ni al alfajor de morcilla, golosinas que demuestran que, en el mundo del alfajor, nunca nada es demasiado ni imposible. Disponível em: <www.sololideres.com>. Acesso em: 2 ago. 2018. O texto discorre sobre uma iguaria de origem árabe que chega à América com os colonizadores espanhóis. O autor ressalta seu caráter A. versátil, já que a variedade de sabores atende a diferentes gostos. B. inusitado, porque as tampas do biscoito se assemelham a um sanduíche. C. tradicional, já que se limita à herança deixada pela culinária de al-Ándalus. D. efêmero, pois acompanha as tendências mais modernas da culinária mundial. E. instigante, pois desperta a curiosidade de provar distintos sabores de recheio. QUESTÃO 04 La madrugada del 27 de febrero de 2010, a las 3:34 horas, cuando la población estaba durmiendo, uno de los mayores terremotos de la historia sacudió el centro-sur de Chile, con una magnitud de 8,8 grados en la Escala de Richter. El movimiento telúrico de una duración de cuatro minutos tuvo su epicentro en el océano Pacífico, frente a las localidades de Curanipe y Cobquecura, localidades ubicadas a unos 400 kilómetros al sur de la capital chilena. LRNT 061SE04ESP2018II JTEØ CALIBRADA_ESP El terremoto dejó daños importantes en la infraestructura de grandes ciudades y pequeños pueblos, desde las regiones de Valparaíso a la Araucanía, donde se concentra cerca del 80% de la población chilena, aunque los mayores daños se dieron en El Maule y Biobío. Hubo destrozos en cerca de 500 000 viviendas y 2 000 000 de damnificados, aunque la mayor pérdida fue la humana: a causa del tsunami que azotó a las costas chilenas y a islas como Juan Fernández, hubo 156 personas fallecidas, 82 hombres y 74 mujeres, además de 25 desaparecidos. Disponível em: <http://internacional.elpais.com/ internacional/2015/09/17/ actualidad/1442457512_019994.html>. Acesso em: 17 abr. 2016. Em 2010, ocorreram dois eventos naturais de grande destruição que causaram sérios danos ao Chile. A notícia do jornal El pais informa ao leitor que: A. O tsunami provocou a maior perda ao país, vitimando quase duzentas pessoas após a destruição já causada pelo terremoto.B. O terremoto destruiu cerca de 80% das moradias da população chilena, se tornando o maior desastre da história do país. C. O terremoto teve seu epicentro localizado a 400 quilômetros ao sul de Santiago, nas cidades de Curanipe e Cobquecura. D. O tsunami teve a duração de quatro minutos e elevou as águas do Oceano Pacífico, provocando muitas mortes e destruição. E. O tsunami que varreu as costas chilenas deixou muitos desaparecidos e centenas de vítimas nas cidades de Curanipe e Cobquecura. QUESTÃO 05 La fotogenia del fantasma Los fantasmas, acomodándose a las nuevas circunstancias, empiezan a aficionarse a la mecánica. En el domicilio del marqués de Ely, en Hove, cerca de Brighton, Londres, ha hecho su misteriosa aparición un fantasma que no es tan misterioso por ser fantasma como por ser un fantasma exclusivamente fotogénico. En su departamento particular, el joven marqués – 25 años – tomó con luz artificial la fotografía de una amiga, convencido de que estaba solo con ella. Pero la fotografía reveló que el marqués se equivocaba: además de ellos, había un fantasma en la habitación. Un fantasma que nadie ha conocido personalmente sino en fotografía, y que por consiguiente nadie puede decir cómo es en realidad, pues no hay testimonio de que el conflictivo, original y modernizado espectro sea igual o por lo menos parecido a sus retratos. FIN MÁRQUEZ, G. G. Disponível em: <https://ciudadseva.com>. Acesso em: 3 ago. 2018. O realismo fantástico tem como grande expoente o escritor colombiano Gabriel García Márquez. Desse conto do escritor, depreende-se que o fato mais intrigante foi a presença, na fotografia, de um(a) A. pessoa que o marquês desconhecia. B. vulto masculino misterioso, original e modernizado. C. pessoa ao lado esquerdo da amiga do marquês. D. fantasma de bela aparência ao lado do marquês. E. espírito cuja real aparência era desconhecida. MPAB 061SE06ESP2018III LCT – PROVA I – PÁGINA 6 ENEM – VOL. 5 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 06 Em maio de 2012, uma das quatro versões do quadro O grito, de Edvard Munch, foi leiloada em Nova York por 120 milhões de dólares. O recorde de preço de uma obra de arte, no entanto, não foi esse. Em fevereiro do mesmo ano, um Cézanne foi adquirido pela família real do Catar por 250 milhões de dólares. O quadro – Os jogadores de carta – tornou-se assim, até aquele momento, a mais cara obra de arte do mundo. Disponível em: <http://veja.abril.com.br>. Acesso em: 25 fev. 2014. No fragmento da notícia anterior, para se referir a uma obra de arte de Cézanne, usou-se a figura de linguagem chamada A. metáfora. B. hipérbole. C. metonímia. D. personificação E. sinédoque. QUESTÃO 07 Quando penso no funk carioca, naturalmente sou levado a pensar também no rap paulistano. Os dois vieram da pobreza, da ralé urbana, mais ou menos no mesmo momento da história recente do Brasil. Criaram seu próprio jeito, sua própria linguagem, seus próprios modos de existência. Extravasaram os limites da comunidade e se impuseram na indústria cultural, determinando uma parte considerável de suas tendências. Criaram seus próprios circuitos, articulando autores, obras e público sem depender da benção do mainstream. Depois, claro, foram abençoados. Por afirmação ou negação, com ou sem resistência, tornaram-se parte incontornável de nossa história musical – da ideia confusa, gasta e dilacerada, mas ainda existente, de música brasileira. Funk e rap parecem nutrir um parentesco subterrâneo. Os dois foram trazidos de fora, e há neles a presença de um elemento “estrangeiro” que parece ter sido necessário para mover uma vida social que de outro modo permaneceria excessivamente inerte, excessivamente presa aos seus velhos jeitos e paixões. O funk e o rap oferecem respostas diametralmente opostas para problemas semelhantes: a miséria, a exclusão, a tentação do crime, etc. E é justamente nessa oposição que um ajuda a revelar melhor o outro, como numa espécie de espelho invertido. SILVA, P. C. Disponível em: <http://revistapiaui.estadao.com.br>. Acesso em: 9 mar. 2016. [Fragmento adaptado] A língua oferece aos seus falantes variados mecanismos de coesão textual. No texto anterior, verifica-se, como recurso coesivo, A. hiperonímia em “a miséria, a exclusão, a tentação do crime, etc.” (l. 22) B. sinonímia em “Os dois foram trazidos de fora”. (l. 16) C. elipse em “Criaram seus próprios circuitos”. (l. 8-9) D. nominalização em “modos de existência”. (l. 5-6) E. anáfora em “nossa história musical”. (l. 13) XXXX CALIBRADA_POR 5 10 15 20 XXXX 054SE05POR2016II QUESTÃO 08 Se eu não fosse doido, eu seria oitocentos policiais com oitocentas metralhadoras, e esta seria a minha honorabilidade. Até que viesse uma justiça um pouco mais doida. Uma que levasse em conta que todos temos que falar por um homem que se desesperou porque neste a fala humana já falhou, ele já é tão mudo que só o bruto grito desarticulado serve de sinalização. Uma justiça prévia que se lembrasse de que nossa grande luta é a do medo, e que um homem que mata muito é porque teve muito medo. Sobretudo uma justiça que se olhasse a si própria, e que visse que nós todos, lama viva, somos escuros, e por isso nem mesmo a maldade de um homem pode ser entregue à maldade de outro homem: para que este não possa cometer livre e aprovadamente um crime de fuzilamento. LISPECTOR, C. Mineirinho. In: Todos os contos. São Paulo: Rocco, 2016. [Fragmento] No trecho do conto, a utilização de verbos no modo subjuntivo sugere o efeito expressivo de uma A. solicitação de que a justiça relativize os crimes cometidos por medo. B. hipótese da existência de uma justiça diferente daquela que se conhece. C. certeza de que a justiça impedirá que se cometa um crime de fuzilamento. D. ideia segura de que as pessoas não punirão as maldades umas das outras. E. possibilidade de que o narrador faça justiça conforme suas próprias crenças. QUESTÃO 09 Eu estava dormindo quando o carro desceu a ladeira, penso, como se fosse preciso testar a frase silenciosa antes de ter que dizê-la em voz alta. Eu estava na minha casa quando. Antônia sofreu o acidente e eu estava dormindo. Não estar no carro quer dizer que eu deixei de morrer ou deixei de salvar? Eu não sei. Camilo põe a garrafa no chão. Da casa do lado, vem uma música alegre, viva, rápida, com um trompete cheio de energia. Arranco um pedaço de grama e começo a dividi-lo em ranhuras enquanto pergunto ao Camilo como estão os seus pais. Ele responde qualquer coisa que eu já imaginava. BENSIMON, C. Sinuca embaixo d’água. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. [Fragmento] No trecho do romance de Carol Bensimon, o narrador, para marcar o acontecimento do passado, utiliza, como recurso coesivo, A. detalhamento da situação abordada. B. discurso com reflexões subjetivas. C. descrição do cenário da narrativa. D. conjunção temporal. E. sujeitos especificados. AZ58 CALIBRADA_POR XXXX 287SE0XPOR2020VII ENEM – VOL. 5 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 7BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 10 Adeus, oh terras da Europa! Adeus, França, adeus, Paris! Volto a ver terras da Pátria, Vou morrer no meu país. Qual ave errante, sem ninho, Oculto peregrinando, Visitei vossas cidades, Sempre na Pátria pensando. De saudade consumido, Dos velhos pais tão distante, Gotas de fel azedavam O meu mais suave instante. As cordas de minha lira Longo tempo suspiraram, Mas alfim frouxas, cansadas De suspirar, se quebraram. Oh lira do meu exílio, Da Europa as plagas deixemos; Eu te darei novas cordas, Novos hinos cantaremos. Adeus, oh terras da Europa! Adeus, França, adeus, Paris! Volto a ver terras da Pátria, Vou morrer no meu país. MAGALHÃES, G. Adeus à Europa. In: ______. Suspiros poéticos e saudades. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 16 maio 2020. No poema em análise,o eu lírico despede-se da terra parisiense. Para a construção da imagem poética dos sentimentos que lhe cercavam durante o exílio, é empregada uma figura de linguagem identificada como A. metáfora, ao comparar as cordas de sua lira ao seu cansaço. B. hipérbole, ao afirmar que voltar para seu país lhe trará a morte. C. metonímia, ao utilizar “Europa” como caracterização ampla e generalizada. D. prosopopeia, ao atribuir características humanas a seu instrumento musical. E. sinestesia, ao conceder características visuais ao fel que azeda os momentos. XXXX 219SE0XPOR2020I QUESTÃO 11 A nossa sociedade precisa revisitar seu legado autoritário e violento para transformar as instituições em defensores de um Estado democrático de direito. Ao longo da Ditadura Militar, de 1964 a 1985, foram milhares de indígenas e camponeses mortos e desaparecidos; resistentes políticos presos, torturados, assassinados e muitos deles desaparecidos até o dia de hoje; milhares despejados de suas casas em periferias e favelas; e um sem fim de pessoas perseguidas, presas, torturadas e mortas em um sistêmico terrorismo de Estado. É imprescindível resgatar a memória e continuar lutando para que a violência de Estado não siga se repetindo, aos brados de “ditadura, nunca mais”. GONZAGA, E. A.; POLITI, M.; SOTTILI, R. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 31 mar. 2020. [Fragmento] Os autores do texto abordam o assunto e argumentam a favor de seu ponto de vista com o objetivo de A. persuadir o leitor a desistir de seu ponto de vista a partir do argumento de causa e consequência. B. instigar a reflexão a partir da exemplificação de situações concretas relacionadas ao período militar. C. ludibriar o leitor a partir da exposição de dados não confirmados, que camuflam seu verdadeiro objetivo. D. corroborar a tese defendida a partir da alusão histórica à situação político-social durante a ditadura no país. E. relacionar informações e dados históricos a partir da ideia de que a democracia deve ser superada politicamente. QUESTÃO 12 Constituição: conjunto das leis fundamentais que regula a vida de uma nação (relações entre governantes e governados, limites entre os poderes, declarações dos direitos e garantias individuais), geralmente elaborado e votado por um congresso de representantes do povo. COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de gêneros textuais. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2012. O texto anterior é uma definição de Constituição entendida como um gênero textual, existente em diversas sociedades e atrelada a instâncias institucionais que compõem as relações sociais dos indivíduos. Considerando essa definição de Constituição, e tendo em vista sua função de guia e regulação de uma sociedade, nesse gênero, é essencial que haja predominância do tipo A. argumentativo, já que se objetiva convencer e persuadir uma população sobre as normas sociais. B. descritivo, uma vez que a enumeração de características é fundamental para a regulação social. C. expositivo, visto que objetiva transmisssão de informações, de forma clara e objetiva. D. injuntivo, porque esse gênero busca, de forma apelativa, a promoção de ações. E. narrativo, pois a progressão temporal é fator partícipe da transmissão dos conteúdos. XXXX 219SE0XPOR2020IV XXXX CALIBRADA_POR LCT – PROVA I – PÁGINA 8 ENEM – VOL. 5 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 13 Mocidade e morte [...] OH! EU QUERO viver, beber perfumes Na flor silvestre, que embalsama os ares; Ver minh’alma adejar pelo infinito, Qual branca vela n’amplidão dos mares. No seio da mulher há tanto aroma... Nos seus beijos de fogo há tanta vida... – Árabe errante, vou dormir à tarde À sombra fresca da palmeira erguida. Mas uma voz responde-me sombria: Terás o sono sob a lájea fria. [...] ALVES, C. Os melhores poemas de Castro Alves. Seleção de Lêdo Ivo. São Paulo: Global, 1983. Quanto ao seu significado, a palavra “sono”, no último verso do poema de Castro Alves, A. apresenta-se como realização da vontade do eu lírico. B. impõe-se como fuga do eu lírico ante sua inquietação. C. demonstra-se como um futuro ao eu poético. D. evoca metaforicamente a imagem da morte. E. constrói uma rima visual com a “sombra”. QUESTÃO 14 Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. ALENCAR, J. Iracema. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 22 jan. 2020. No fragmento, ao descrever a personagem, o narrador estabelece, como fio condutor, a comparação, com o intuito de A. hiperbolizar a beleza exuberante da natureza ao personificá-la. B. satirizar o povo brasileiro com uma descrição simplória e negativa. C. ridicularizar a protagonista com imagens que reafirmam o exotismo. D. atribuir características específicas dos elementos da natureza à Iracema. E. desmerecer a cultura indígena pela animalização da aparência da mulher. XXXX 051SE06POR2019I XXXX 287SE05POR2020VIII QUESTÃO 15 TEXTO I MICHELANGELO. Davi. Mármore, 517 × 199 cm. 1501-1504. Academia de Belas Artes, Florença. TEXTO II MAIA. Uma entre as esculturas conhecidas por “As gordas de Maia” e expostas no ateliê-jardim do autor. Fotografia de Rosane Lima. Ao comparar as esculturas de períodos e culturas diferentes, considerando as suas características de produção, fica evidente que a obra renascentista A. retrata a realidade da sociedade, por esculpir um modelo comum. B. demarca uma inspiração na arte, com persistência nos dias atuais. C. sexualiza os corpos das esculturas, ao representar as pessoas nuas. D. reforça um padrão de beleza, através da valorização do corpo atlético. E. revela a superioridade do período, pelo refinamento da técnica empregada. XXXX 287SE05POR2020X ENEM – VOL. 5 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 9BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 16 Disponível em: <https://deposito-de-tirinhas.tumblr.com>. Acesso em: 30 mar. 2020 No quadrinho, o humor reside na crítica social, que está presente na fala de Mafalda e é revelada no último quadrinho, a qual é construída por meio de uma A. metáfora, para mostrar que a humanidade persiste irracionalmente nos obstáculos. B. personificação, para incluir os demais animais no contexto de vida da humanidade. C. metonímia, para apontar que as mães se confundem ao dialogar com as crianças. D. elipse, para demonstrar que as pessoas observam, mas não buscam soluções. E. antítese, para explicitar a aproximação entre o “estar fazendo nada” e o “ver”. QUESTÃO 17 Em medicina, nem sempre é sábia a sabedoria popular. Se assim fosse, corrente de ar nas costas seria pneumonia na certa, friagem deixaria todo mundo gripado, amarrar lenço com álcool no pescoço curaria dor de garganta, mulher menstruada jamais lavaria a cabeça, vitamina C nos livraria para sempre dos resfriados, parturientes deveriam guardar resguardo e tomar Malzebier para engrossar o leite. Para não falar da infinidade de chás, poções e garrafadas que apregoam curar qualquer enfermidade, nem dos suplementos vitamínicos, dos remédios para abrir o apetite, queimar gordura localizada, estimular a imunidade e proteger o fígado que infestam feito ervas daninhas as prateleiras das farmácias brasileiras. Outro exemplo de conhecimento que a sabedoria popular consagrou é a manobra de inclinar a cabeça para trás nos sangramentos nasais. Basta escorrer a primeira gota de sangue do nariz mais próximo, que os circunstantes ordenam em uníssono:“Cabeça para trás”. XXXX 287SE0XPOR2020X 1HBU CALIBRADA_POR Aqui entre nós, leitor, você já fez parte desse coro? Pelo menos uma vez na vida, 60% das pessoas terão sangramento nasal (epistaxe, em linguagem médica). Ele é mais comum nas crianças com menos de dez anos e em adultos com mais de 35. [...] A maioria dos sangramentos nasais são autolimitados e não requer tratamento médico. Como 90% deles se instalam na parte da frente do septo nasal, basta comprimir com firmeza as asas nasais contra essa parte mais elástica do septo, usando o polegar e o indicador em forma de pinça, durante 15 minutos. Não esqueça: 15 minutos. A pessoa deve respirar pela boca, enquanto durar a compressão, e sentar-se confortavelmente, de modo a manter a cabeça numa posição mais alta do que o resto do corpo. Jamais deitar! A cabeça deve ficar ligeiramente inclinada para frente. Não deve ser inclinada para trás para evitar que o sangue escorra pela faringe e vá parar no estômago ou nas vias aéreas. VARELLA, D. Quando o nariz sangra. Folha de S. Paulo. Folha Ilustrada, 27 fev. 2011. [Fragmento] O artigo de Dráuzio Varella exemplifica um gênero textual em que é comum a coexistência entre tipos textuais diversos, responsáveis pela caracterização híbrida desse gênero. Na estrutura desse artigo, coexistem as sequências A. argumentativa, descritiva e narrativa. B. injuntiva, argumentativa e dissertativa. C. dissertativa, descritiva e narrativa. D. argumentativa, injuntiva e dialogal. E. narrativa, dialogal e dissertativa. QUESTÃO 18 Força estranha Eu vi a mulher preparando outra pessoa O tempo parou pra eu olhar para aquela barriga A vida é amiga da arte É a parte que o sol me ensinou O sol que atravessa essa estrada que nunca passou Por isso uma força me leva a cantar Por isso essa força estranha Por isso é que eu canto, não posso parar Por isso essa voz tamanha. VELOSO, C. Disponível em: <www.letras.mus.br>. Acesso em: 19 maio 2020. [Fragmento] A canção anterior, composta por Caetano Veloso, apresenta um eu poético que afirma haver uma “força” que o impele a cantar. Considerando o trecho, essa “força” é A. a necessidade de lutar por direitos. B. o milagre da gravidez de sua amada. C. a simplicidade das situações da vida. D. a luz do sol que ilumina seu caminho. E. a busca por valorização da arte nacional. XXXX 287SE0XPOR2020XIII LCT – PROVA I – PÁGINA 10 ENEM – VOL. 5 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 19 Antissocial No mínimo, três ou quatro por dia. São os convites eletrônicos que recebo para me tornar “amigo” de fulano ou para “fazer parte de sua rede profissional”. São convites amáveis, endereçados a mim pelo primeiro nome. Mas, apesar do tratamento personalizado, têm um ar de mensagem disparada a 100 ou 200 pessoas ao mesmo tempo. Sempre que recebo esses convites, embatuco. Não tenho Facebook, nem sei como funciona, e as únicas redes profissionais a que pertenço são as empresas a que presto serviços como escritor ou jornalista. Não sei, por exemplo, qual é a “rede profissional” de um querido amigo que, aos 70 anos, nunca teve uma carteira de trabalho assinada, nem acordou como assalariado um único dia em sua vida – e ele me convidou a me juntar à sua “rede”. Como não sei para que servem essas redes, também não sei o que responder e, pior, temo que tais mensagens sejam pegadinhas marotas contendo vírus. Assim, ou as apago ou deixo que morram de velhice na lista de mensagens. O problema é que, com isso, posso estar passando por esnobe ou antissocial para quem se deu ao trabalho de me convidar a ser seu “amigo” ou juntar-me à sua “rede”. O ridículo é que os que me convidam a tornar-me “amigo” deles já são meus amigos. Têm meu telefone, sabem onde moro, já saímos juntos para pândegas, discutimos futebol, fomos até sócios no passado e, se calhar, um tomou a namorada do outro e vice-versa. Então, por que tal formalismo engessado? Acredito que os programadores dessas maravilhas eletrônicas tenham pouca prática de vida real. Por serem muito jovens e já terem nascido com um mouse na mão, talvez não saibam que as relações humanas podem se formar a partir de um encontro casual, um aperto de mão, um brilho no olhar. CASTRO, Ruy. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ opiniao/43488-antissocial.shtml>. Acesso em: 18 maio 2012. O texto de Ruy Castro é um exemplo de texto híbrido, já que apresenta duas bases tipológicas predominantes, as quais não apenas contribuem para que o autor atinja seu objetivo, mas também para que se defina o próprio gênero textual. Esse texto pode ser caracterizado como A. artigo de opinião, sendo a argumentação e a descrição as bases predominantes. B. artigo científico, sendo a exposição e a argumentação as bases predominantes. C. crônica, sendo a narração e a argumentação as bases predominantes. D. manifesto, sendo a argumentação e a injunção as bases predominantes. E. matéria jornalística, sendo a exposição e a descrição as bases predominantes. XXXX CALIBRADA_POR QUESTÃO 20 TEXTO I É bom que seja assim, Dionísio, que não venhas. Voz e vento apenas Das coisas do lá fora E sozinha supor Que se estivesses dentro Essa voz importante e esse vento Das ramagens de fora Eu jamais ouviria. Atento Meu ouvido escutaria O sumo do teu canto. Que não venhas, Dionísio. Porque é melhor sonhar tua rudeza E sorver reconquista a cada noite Pensando: amanhã sim, virá. E o tempo de amanhã será riqueza: A cada noite, eu Ariana, preparando Aroma e corpo. E o verso a cada noite Se fazendo de tua sábia ausência. HILST, H. Júbilo, memória, noviciado da paixão. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. TEXTO II O amor antigo vive de si mesmo, não de cultivo alheio ou de presença. Nada exige nem pede. Nada espera, mas do destino vão nega a sentença. O amor antigo tem raízes fundas, feitas de sofrimento e de beleza. Por aquelas mergulha no infinito, e por estas suplanta a natureza. Se em toda a parte o tempo desmorona aquilo que foi grande e deslumbrante, o antigo amor, porém, nunca fenece e a cada dia surge mais amante. Mais ardente, mas pobre de esperança. Mais triste? Não. Ele venceu a dor, e resplandece no seu canto obscuro, tanto mais velho quanto mais amor. ANDRADE, C. D. Amar se aprende amando: poesia de convívio e de humor. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. Os poemas de Hilda Hilst e de Carlos Drummond de Andrade apresentam em comum o aspecto emotivo relativo à A. frustração pelo abandono do ser amado. B. plenitude da realização amorosa pelos amantes. C. perda da intensidade do amor com o passar do tempo. D. ausência do objeto de desejo apesar do amor contínuo. E. aceitação serena da impossibilidade do amor correspondido. XXXX 051SE01POR2019II ENEM – VOL. 5 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 11BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 21 Desempenho das meninas na área de Exatas cai com a idade A chegada da puberdade traz um fenômeno bastante conhecido, muito estudado, mas pouco resolvido. É nessa fase que o desempenho das meninas nas áreas de Exatas começa a cair sem parar. Por que isso acontece? De acordo com especialistas, a resposta está nos estímulos que as meninas recebem na escola, na família e na sociedade. Ao que parece, o interesse das meninas pelas Exatas até continua. Dados da OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas) mostram que o número de alunas inscritas na competição tende a se manter ao longo da vida escolar. O que muda – e cai – é o desempenho dessas garotas. No Ensino Fundamental 2, há, em média, quatro garotas para cada dez alunos no grupo que acerta cerca de 75% das questões das Olimpíadas. No Ensino Médio, o número de meninas cai para três em dez. Há, na Academia, algumas teses para esse cenário. De acordo com a física Marcia Barbosa, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a escola estimula mais os meninos para as áreas “duras”. “Há relatos de professores quenão esperam que as meninas se deem bem em Exatas”, diz Barbosa. A expectativa da família também influencia. “Pai e mãe precisam parar de se preocupar com que as meninas fiquem ‘limpinhas’. Isso porque ciências, tecnologia e laboratórios exigem experimentação e ‘sujeira’. Não combinam com a ideia da menina ‘princesinha’.” RIGHETTI, S. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 29 abr. 2016. [Fragmento adaptado] O fragmento caracteriza-se como um texto jornalístico, produzido após pesquisa sobre o assunto abordado. Considerando as características do gênero, sua função é A. induzir os leitores a concordarem que os homens têm mais facilidade em Exatas. B. informar o leitor sobre a diminuição das participantes femininas na OBMEP. C. defender o fato apresentado no título por meio de dados e hipóteses. D. influenciar os jovens a endossarem a opinião da física entrevistada. E. descrever a realidade das estudantes brasileiras na área de Exatas. QUESTÃO 22 O impacto das fake news na vida em sociedade A propagação de forma rápida e intensa das fake news através das mais diversas redes sociais constitui um fenômeno dos dias atuais, que o Brasil e diversos outros países vêm buscando criminalizar. XXXX BAN_050SE06POR2016IV XXXX 219SE0XPOR2020X As notícias falsas são pensadas e estruturadas para atingir alguns objetivos específicos: levar o leitor ao erro, fomentar boatos, deturpar uma informação verdadeira, atingir a honra de alvos públicos e a manipulação da massa visando alcançar determinados resultados. O saldo deixado pelas fake news é a desinformação da sociedade, que acaba inserida num dilema sobre o que é falso ou verdadeiro, ajudando a minar nossa cidadania e o direito de acesso à informação. Disponível em: <https://lfbussular.jusbrasil.com.br>. Acesso em: 31 mar. 2020. [Fragmento] Conforme apontado pelo texto, as fake news podem impactar a sociedade ao A. incentivar interferências políticas no cotidiano dos cidadãos. B. impulsionar o governo a criar órgãos de fiscalização de notícias falsas. C. desenvolver nas pessoas a busca por discernimento entre fato e mentira. D. aumentar a influência de teses falaciosas sobre o direito à informação dos indivíduos. E. suscitar, nos meios de comunicação, a necessidade de combater as notícias inverídicas. QUESTÃO 23 DA VINCI, L. Homem vitruviano. Lápis e tinta sobre papel, 34 × 24 cm. 1490. Gallerie dell’Accademia. O Humanismo se destacou por buscar a independência do ser humano. Uma das mais importantes obras produzidas no período, de Leonardo da Vinci, retrata uma das principais ideias dos humanistas ao A. aludir aos valores medievais no tocante à soberania do homem. B. buscar a representação da visão teocêntrica e sua ascensão. C. criar uma concepção artística inteiramente inovadora. D. dedicar-se a responder aos desejos da burguesia. E. retomar a estética da sociedade greco-romana. XXXX 219SE0A1POR2019VII LCT – PROVA I – PÁGINA 12 ENEM – VOL. 5 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 24 Disponível em: <https://cidadania.gov.br>. Acesso em: 24 mar. 2020. A propaganda do Ministério da Cidadania para combater o uso de drogas demonstra que seu público-alvo são os jovens. O objetivo desse texto é A. associar a juventude ao desejo inconsequente de abandonar a casa da família. B. direcionar o foco aos familiares para que impeçam o uso de drogas nos lares. C. relacionar o uso de drogas às novas tecnologias presentes no cotidiano. D. comparar o combate ao vício com o poder de decisão dos adolescentes. E. buscar sensibilizar pela analogia imagética de privação de liberdade. QUESTÃO 25 AmarElo Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes Elas são coadjuvantes, não, melhor, figurantes, que nem devia ‘tá aqui Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes Tanta dor rouba nossa voz, sabe o que resta de nóiz? Alvos passeando por aí Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes Se isso é sobre vivência, me resumir a sobrevivência É roubar o pouco de bom que vivi Por fim, permita que eu fale, não as minhas cicatrizes Achar que essas mazelas me definem, é o pior dos crimes É dar o troféu pro nosso algoz e fazer nóiz sumir EMICIDA. Disponível em: <www.vagalume.com.br>. Acesso em: 31 mar. 2020. [Fragmento] Na canção do rapper Emicida, foi empregada uma função da linguagem que, no texto, é marcada pela A. opção do compositor por manter-se imparcial e focar na mensagem transmitida. B. busca por manter a canção em foco, por meio da interlocução com o público. C. referência explícita a outras músicas do cantor, para complementar o sentido. D. tentativa de persuadir o público-alvo a defender determinado ponto de vista. E. primeira pessoa do discurso, que explicita os sentimentos por meio da canção. XXXX 299SE05POR2020III XXXX 219SE0XPOR2020IX ENEM – VOL. 5 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 13BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 26 Senhor Ministro, Eu lhe escrevo pela paixão à Educação, 50 anos depois de ensinar quase ininterruptamente, dos cursos de admissão ao ginásio à pós stricto sensu; quando não o fiz, fui pesquisador no exterior e gestor educacional público. Urge abandonar bandeiras educacionais, pactos e campanhas, instrumentos de frustração depois do oba-oba. Educação é tradição que toma tempo, que apaixona conforme se amplia e se aprofunda, que se sedimenta de valores assumidos por estudantes estimulados à autonomia, confiança e liberdade no trato do conhecimento e seu compartilhamento, o qual reflete atitudes psicossociais apreendidas e sentidas. O que se exige além disso, que é a formação para o trabalho, também depende dessa apreensão, que é a formação humana, a alegria de remar nos saberes do mundo. ALVES, L. R. Disponível em: <www.revistaforum.com.br>. Acesso em: 11 jun. 2019. [Fragmento] A carta aberta é um gênero geralmente produzido para denunciar uma situação ou se posicionar diante de determinado fato. Nessa carta, o educador Luiz Roberto Alves se dirige ao então ministro da Educação com o objetivo de A. afirmar que ele, como educador, tem mais capacidade para gerir a educação no país. B. criticar a postura ideológica adotada pelo Governo Federal para conduzir a educação. C. parabenizar o compromisso e as atitudes tomadas pelo ministro na gestão da educação nacional. D. fazer um apelo para que o ministro considere a importância da educação na formação humana dos indivíduos. E. situar o ministro sobre os problemas enfrentados pelos professores, principalmente os de instituições públicas. QUESTÃO 27 No Brasil, é curioso ver que quem reclama de vocábulos como delivery e deletar (do inglês “delete” pelo latim deletum, do verbo delere) não implica com as palavras de origem japonesa que aparecem em cardápios, como temaki, sushi, guioza, teppanyaki, shitake e sashimi. De fato, a cultura alimentícia japonesa é globalizada, segundo o professor Isao Kumakura, docente do Museu Nacional de Etnologia no Japão (The Globalization of Japanese Food Culture). A comida italiana está presente no Brasil há muito tempo, mas o avanço de redes nacionais de supermercados estimulou no país a distribuição de caixas e pacotes de diferentes tipos de massas, com nomes (em italiano) pitorescos para nossos padrões, com grafia de origem: farfalle (borboletas), orecchiette (orelhas pequenas), vermicelli (pequenas minhocas) e fusilli (parafusos). Ninguém se queixa da presença desses vocábulos nem os considera ameaças à sobrevivência do português. XXXX 219SE07POR2019XVIII XXXX CALIBRADA_POR Diria que problemas políticos e ideológicos relacionados a palavras de origem estrangeira desaparecem quando se trata das delícias da mesa. O estômago “fala”mais alto. É verdade que há 50 anos nem havia no Brasil as redes de comidas rápidas americanas, árabe, italiana, chinesa ou japonesa. A globalização possibilitou a inserção de diferentes cuisines no país. O resultado é que a alimentação ficou mais variada e, graças à criatividade dos chefes e à engenharia de alimentos, mais saborosa. Pois temos suflês e fricassés de legumes e verduras e frappés, mousse e ganaches. Outro resultado é o aumento no número de palavras em português, que exige registro de novas palavras nos dicionários. Quem não sabe a diferença entre sashimi, e sushi, ou entre burrito, taco e nacho, precisa de orientação. SCHMITZ, John Robert. Disponível em: <http://revistalingua.uol.com.br>. Acesso em: 20 maio 2012. A expressão “é curioso”, no primeiro parágrafo do texto, evidencia um(a) A. delimitação do que foi enunciado. B. isenção do enunciador sobre o que fala. C. introdução de um tópico a ser enunciado. D. juízo de valor expresso pelo enunciador. E. correção ou reformulação do que foi enunciado. QUESTÃO 28 SANZIO, R. Escola de Atenas. Afresco, 500 × 770 cm. 1509-1511. Palácio Apostólico do Vaticano. O Renascimento buscava se opor aos ideais da Idade Média, chamada de Idade das Trevas. O afresco de Rafael Sanzio ilustra uma característica própria do período renascentista ao A. criticar o excesso de pensadores e filósofos na sociedade da Idade Média. B. remeter a grandes pensadores renascentistas, como o próprio Rafael. C. valorizar a Antiguidade Clássica na figura de grandes filósofos gregos. D. associar a Escola de Atenas à Santa Ceia, exaltando o teocentrismo. E. referenciar a Academia de Atenas enquanto resistência à Filosofia. XXXX 219SE06POR2020XVIII LCT – PROVA I – PÁGINA 14 ENEM – VOL. 5 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 29 Crônica para ninguém Hoje é dia 30 de dezembro, tá todo mundo na praia ou acendendo a churrasqueira: esta crônica, portanto, não será lida por viv’alma. Salvo as viv’almas do Adams e da Bia – ele assina as belíssimas ilustrações [...] e ela, entre outras funções mais nobres na Folha, sauva-me dod neus erros. (Opa, parece que hoje nem a Bia leu). Talvez a piadinha metalinguística tenha ficado meio obscura, mas tudo bem: uma das vantagens de escrever uma crônica para ninguém é que a gente pode tomar certas liberdades. Outra que me ocorre: um parágrafo inteiro de &s para encher linguiça e terminar logo esta minha ária no chuveiro. Melhor, um parágrafo inteiro de “ohhhhh” para se assemelhar à ária no chuveiro. Ohhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh hhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh hhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh hhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh hhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh. O leitor (Adams, tô falando com você) pode achar que é triste escrever para ninguém. Prefiro encarar o desafio com otimismo. (Gostaria de poder falar o mesmo sobre 2019, mas o bom senso me impede). Pensando positivo: como fazer bom uso de palavras ao vento? PRATA, A. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 31 mar. 2020. [Fragmento] A crônica anterior traz, como característica própria do gênero, a presença de A. recursos metalinguísticos. B. diálogo direto com o leitor. C. verbos no presente do indicativo. D. referência a situações cotidianas. E. menção a mais de um personagem. QUESTÃO 30 MAGRITTE, R. A Clarividência. Óleo sobre tela, 54,5 × 65,5 cm. Coleção particular. XXXX 219SE0XPOR2020VIII XXXX 219SE0A2POR2019XII As chamadas funções da linguagem são recursos enfáticos que concorrem para a elaboração do enunciado comunicativo, de acordo com a intenção do produtor, abordando diferentes elementos comunicacionais. No texto não verbal anterior, predomina a função da linguagem em que o A. uso do código tem por objetivo explicar o próprio código. B. recurso poético é empregado para conferir um efeito visual ao texto. C. eixo informativo fica subentendido pela referência à composição artística. D. canal de comunicação com o receptor da mensagem é mantido em destaque. E. autor, ou produtor da mensagem, é colocado em foco no enunciado comunicativo. QUESTÃO 31 Sororidade: a verdadeira revolução feminina Atualmente conhecido como “o dia das mulheres”, o dia 8 de março é uma data oficializada desde 1975 pela ONU. Muito diferente do que se propaga, não é um dia para comemorações, e, sim, um dia de reflexão, reconhecimento de conquistas e lutas por objetivos ainda não alcançados pelas mulheres. Não conseguimos medir o quanto será vitorioso e a força que teremos quando quebrarmos as barreiras que existem entre as mulheres, muitas delas impostas por pensamentos machistas, enraizados na nossa cultura, outras por questões de classe, outras de cor. Será que temos noção do quão poderosas seríamos, se parássemos de replicar a cultura machista que nos coloca em situação de inimigas e simplesmente nos reconhecêssemos na outra mulher? Vamos empregar outras mulheres e respeitar seu direito à gravidez e amamentação. Vamos divulgar, ler e consumir produtos feitos por mulheres. Vamos abraçar a freira, a virgem, a missionária, a celibatária e respeitar suas escolhas. Vamos olhar com compaixão para a detenta, a prostituta, a mulher que sofre violência doméstica e permanece no relacionamento, entender suas histórias, estender a mão e ajudar, sem julgar. “Todo dia é dia da mulher.” Todo dia é dia de nos olharmos, nos acolhermos e nos protegermos. Isso sim será revolucionário. CIDRIM, K. Disponível em: <www.cartacapital.com.br>. Acesso em: 31 mar. 2020. [Fragmento adaptado] O texto anterior é um artigo de opinião em que a autora, ao argumentar para defender seu ponto de vista, busca A. provocar a reflexão nas mulheres sobre a importância de se posicionar contra homens machistas. B. sustentar a posição de que mulheres são rivais e que isso se deve a uma construção social. C. levar ao entendimento de que o apoio entre as mulheres é a principal revolução feminina. D. conscientizar os seres humanos sobre a importância da solidariedade entre a espécie. E. criticar a concorrência e a rivalidade existentes entre as mulheres até os dias de hoje. XXXX 219SE0XPOR2020V ENEM – VOL. 5 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 15BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 32 Disponível em: <https://justica.sp.gov.br>. Acesso em: 13 dez. 2019. Considerando a construção da campanha, com a junção de texto verbal e não verbal, o seu objetivo é A. tornar obrigatória a regularização dos cidadãos imigrantes. B. levar ao público-alvo uma mensagem de inclusão e apoio. C. transmitir a mensagem de receptividade para a população. D. envolver a população paulista no processo de acolhimento. E. reafirmar os direitos e programas direcionados aos imigrantes. QUESTÃO 33 Canção do exílio Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. [...] XXXX 287SE04POR2020VIII XXXX 219SE0XPOR2020VII Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar – sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. [...] DIAS, G. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 31 mar. 2020. [Fragmento] No poema de Gonçalves Dias, os termos “onde”, “que” e “lá” funcionam como elementos coesivos ao A. garantirem a sequenciação das ideias, retomando informações sem a necessidade de repeti-las. B. sintetizarem as informações do verso anterior para aprofundar seu sentido nos versos seguintes. C. provocarem um sentido de antecipação de um termo ou ideia a ser apresentada no verso posterior. D. reduzirem o tamanho do verso, permitindo que seja alcançado o efeito sonoro pretendido pelo poeta. E. promoverem o entendimentode que a ideia apresentada em uma estrofe será oposta à da estrofe anterior. QUESTÃO 34 Ele se precipitou para a porta, ficou atento, agarrou o chapéu e começou a descer os seus treze degraus, cautelosamente, em silêncio, como um gato. Restava a questão mais importante – roubar a machada da cozinha. Há muito ele havia decidido que a coisa devia ser feita com uma machada. Ele ainda tinha uma tesoura de podar; mas na tesoura, e especialmente nas suas forças ele não confiava, e por isso se fixara em definitivo na machada. Observemos a propósito uma peculiaridade no tocante a todas as decisões definitivas já tomadas por ele nessa questão. Tinham elas uma qualidade estranha: quanto mais definitivas se tornavam, mais repugnantes, mais absurdas se delineavam, até mesmo aos olhos dele. Durante todo esse tempo, apesar de toda a sua angustiante luta interior, jamais pôde, um momento sequer, crer na exequibilidade de seus projetos. [...] DOSTOIÉVSKI. Crime e castigo. Tradução de Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2016. No fragmento, para atrair a participação do leitor, verifica-se a utilização de A. narração no passado, separando o tempo do fato acontecido do tempo narrado. B. ambientação oblíqua, construindo a cena por meio dos atos da personagem. C. espaço familiar, capaz de envolver o leitor apesar dos poucos detalhes. D. narrador-personagem, que demonstra seu envolvimento na história. E. transição de perspectivas, para inserir um posicionamento do narrador. XXXX 188SE0A1POR2019II LCT – PROVA I – PÁGINA 16 ENEM – VOL. 5 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 35 Jung tinha um nome específico pra cada uma de suas panelas. Tenho certa dificuldade em ver personalidade nas panelas. Mas acho que foi a vida que me estragou. Depois de ver A Bela e a Fera, em que um candelabro já tinha sido um mordomo francês, imaginava quem tinha sido minha poltrona: um ruivo gorducho de pés peludos. Tinha me esquecido disso até virar pai. Minha filha tem um ano, dez meses e uma multidão de amigos inanimados. A sala da nossa casa é uma espécie de Disneylândia particular, onde tudo tem nome, sono, fome. Não pode ver um objeto – um chinelo, uma colher, um controle remoto – que pega no colo e balança como um bebê. “Shhh”, ela diz. “Tá mimindo.” Apesar de muito carinhosa com objetos inanimados, às vezes se irrita com os colegas de carne e osso e acaba mordendo seus bracinhos. Já tentamos ensinar de mil formas. “Não pode morder, tá?”, mas ela não responde. Já tentamos um pouco de psicanálise: “Por que você fez isso?”, e ela obviamente não responde e logo percebemos o ridículo de fazer psicanálise com um bebê. Outro dia brincava com um coelho de pelúcia e o pato de crochê. De repente vejo que o seu dedo estava em riste. “Por que você fez isso?”, perguntava pro coelho. E continuava, sem levantar o tom de voz. “Não pode morder, tá?” Entendi por que a gente põe alma nas coisas, e encena peças, e pra que servem as histórias e os mitos – pra ensinar pros outros o que a gente ainda não sabe. DUVIVIER, G. A vida dos objetos. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 28 dez. 2019. [Fragmento] A introdução do texto apresenta uma sequenciação de pequenas alusões a narrativas infantis, a fim de preparar o leitor para o desenvolvimento do texto. Considerando essa estratégia, a crônica centra-se na necessidade de fantasiar como forma de A. compreender as limitações existentes nos indivíduos. B. refletir sobre as dificuldades das relações parentais. C. criticar a perspectiva psicanalítica tão difundida. D. educar aqueles que permanecem imaturos. E. esquecer os diversos problemas humanos. QUESTÃO 36 Ó glória de mandar, ó vã cobiça Desta vaidade a quem chamamos Fama! Ó fraudulento gosto, que se atiça Cũa aura popular, que honra se chama! Que castigo tamanho e que justiça Fazes no peito vão que muito te ama! Que mortes, que perigos, que tormentas, Que crueldades neles experimentas! XXXX 050SE02POR2020IV XXXX 287SE05POR2020XIII Dura inquietação d’alma e da vida Fonte de desemparos e adultérios, Sagaz consumidora conhecida De fazendas, de reinos e de impérios! Chamam-te ilustre, chamam-te subida, Sendo dina de infames vitupérios; Chamam-te Fama e Glória soberana, Nomes com quem se o povo néscio engana! CAMÕES, L. Os Lusíadas. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 21 maio 2020 (Adaptação). Nesse fragmento do épico Os Lusíadas, um homem velho aproxima-se subitamente e faz sua declaração àqueles que se preparavam para a viagem marítima. Considerando tratar-se de um texto que narra o período da exploração e da colonização portuguesa, a crítica central da personagem ao contexto histórico recai sobre A. o consumismo da população, que motivou as viagens perigosas. B. a ganância do ser humano, que moveu a expansão ultramarina. C. a insensibilidade que caracterizava os homens desbravadores. D. as pessoas que foram abandonadas em território português. E. as mentiras que convenceram a população ignorante. QUESTÃO 37 DUKE. Disponível em: <www.otempo.com.br>. Acesso em: 21 maio 2020. Para compreender o humor da charge, é necessário entender que, na relação entre as falas das duas personagens, o homem utiliza-se de uma metáfora, o que leva o leitor à reflexão sobre A. a ingenuidade das pessoas que recebem notícias falsas. B. o importante papel de disseminar fake news na sociedade. C. a diferença de interesses existente entre homens e mulheres. D. a necessidade de implementar métodos mais eficientes de plantio. E. a facilidade de disseminar informações falaciosas pelas redes sociais. XXXX 287SE0XPOR2020IV ENEM – VOL. 5 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 17BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 38 AS COUSAS DO MUNDO Neste mundo é mais rico o que mais rapa: Quem mais limpo se faz, tem mais carepa; Com sua língua, ao nobre o vil decepa: O velhaco maior sempre tem capa. Mostra o patife da nobreza o mapa: Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa; Quem menos falar pode, mais increpa: Quem dinheiro tiver, pode ser Papa. A flor baixa se inculca por tulipa; Bengala hoje na mão, ontem garlopa, Mais isento se mostra o que mais chupa. Para a tropa do trapo vazo a tripa E mais não digo, porque a Musa topa Em apa, epa, ipa, opa, upa. MATOS, G. Poemas. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 21 jan. 2020. Os poemas de Gregório de Matos chocaram o público de épocas passadas ao apresentarem uma visão da sociedade marcada pela sátira. No poema anterior, o eu poético apresenta sua crítica ao abordar A. a discrição necessária para a ascensão social. B. o enriquecimento por vias ilícitas banalizado. C. o poder de autoridade garantido à nobreza. D. a astúcia presente nos governantes idosos. E. a transparência exaltada da moral humana. QUESTÃO 39 Uma loureira Era ele um homem de 45 anos, um tanto calvo, bem apessoado, nariz não vulgar, se atendermos no tamanho, mas vulgaríssimo se lhe estudarmos a expressão. O nariz é um livro, até hoje pouco estudado pelos romancistas, que aliás se presumem grandes analistas da pessoa humana. Eu, quando vejo alguém pela primeira vez, não lhe estudo a boca nem os olhos, nem as mãos; estudo-lhe o nariz. Mostra-me o nariz, e eu direi quem és. O nariz do comendador Nunes era a coisa mais vulgar deste mundo; não exprimia coisa nenhuma de jeito, nem de elevação. Era um promontório, nada mais. E, todavia, o comendador Nunes tirava grande vaidade do nariz, por lhe haver dito um sobrinho que era nariz romano. Havia, é verdade, uma corcova no meio da extensa linha nasal do comendador Nunes, e naturalmente foi por zombaria que o sobrinho chamou àquilo romano. A corcova era um acervo de protuberâncias irregulares e impossíveis. Em suma, podia-se dizer que a cara do comendador Nunes era composta de dois Estados divididos por uma cordilheira extensa. ASSIS, M. Disponível em:<www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 25 maio 2020. [Fragmento] XXXX 287SE05POR2020V XXXX 219SE06POR2020III No conto de Machado de Assis, observa-se a confluência entre linguagem denotativa e conotativa. Nota-se que a conotação foi utilizada pelo narrador ao A. citar que o comendador era muito orgulhoso do próprio nariz, literalmente. B. apresentar as características do homem de forma objetiva, direta e imparcial. C. mencionar a corcova no nariz de Nunes, que lhe rendeu o apelido de romano. D. referir-se ao nariz como um livro pelo qual se analisa a personalidade humana. E. criticar os grandes romancistas que não foram capazes de analisar as pessoas. QUESTÃO 40 TEXTO I Mas o que devo a visita Pedro fez indagação Lampião sem bater vista: Vê padim Ciço Romão Pra antes do ano novo Mandar chuva pro meu povo Você só manda trovão Pedro disse: é malcriado Nem o diabo lhe aceitou Saia já seu excomungado Sua hora já esgotou Volte lá pro seu Nordeste Que só o cabra da peste Com você se acostumou. VIEIRA, G. A chegada de Lampião ao céu. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 13 dez. 2019 (Adaptação). TEXTO II O cordel começou a ser difundido em nosso país por volta do século XVI junto com os colonizadores europeus e se desenvolveu no Nordeste, onde vivia maior parte da população nos primeiros séculos de colonização. Sem livros ou escolas criou-se uma cultura oral onde o cordel se enquadrou perfeitamente, já que possui grande enfoque na oralidade, com marcas deste gênero do discurso. MILHOMEN, T. Cordel e linguagem: múltiplas relações. Disponível em: <www.recantodasletras.com.br>. Acesso em: 13 dez. 2019. O texto II, ao discorrer sobre algumas particularidades do gênero do texto I, ressalta as marcas da oralidade pelo fato de elas A. demarcarem a falta de estudo e leitura dos autores. B. serem parte da cultura e do desenvolvimento do cordel. C. facilitarem ao leitor o entendimento e a reflexão sobre o texto. D. apontarem a impossibilidade de registro e transcrição do cordel. E. serem características guardadas da colonização da Região Nordeste. XXXX 287SE04POR2020II LCT – PROVA I – PÁGINA 18 ENEM – VOL. 5 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 41 A presença dos índios gamela na região de Viana é antiga. Segundo o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), a etnia vive na região desde 1750 e, na época, parte das terras foram doadas pelo Governo Imperial. No período da Ditadura, os índios foram novamente expulsos das suas terras e passaram a viver como camponeses, escondendo suas identidades para evitar possíveis ataques. A partir de 2010, os índios voltam a se organizar, assumem sua identidade étnica e passam a exigir reconhecimento em relação ao território. Desde 2014, segundo informações do CIMI, a etnia vem encaminhando documentos aos órgãos responsáveis, como a Funai e o Ministério da Justiça. No entanto, a ausência e conveniência dos aparatos do Estado brasileiro com relação à demarcação de terras vêm dificultando a vida dos gamelas. Os índios já sofreram ataques anteriores em 2015 e 2016 devido à morosidade das instituições competentes ante a demarcação de terras. RAMOS, B. D. Disponível em: <http://www.cartaeducacao.com.br>. Acesso em: 21 out. 2017. [Fragmento] De acordo com a argumentação empreendida no texto, seu objetivo é A. propor uma divisão das terras entre indígenas e camponeses. B. defender que o território pertence originalmente aos indígenas. C. comprovar que os indígenas desocuparam as terras há tempos. D. alertar que os camponeses exigem terras juntamente com a etnia. E. sugerir que foram os indígenas que invadiram as terras de outrem. QUESTÃO 42 Disponível em: <www.saude.gov.br>. Acesso em: 29 mar. 2020. Na campanha em análise, o teor persuasivo para convencer o leitor a combater o Aedes aegypti está marcado pelo recurso linguístico A. do modo imperativo com a conjugação adequada. B. da substantivação de “perigo” e “combate”. C. do modo verbal indicativo predominante. D. da junção do texto com a imagem. E. das frases com períodos simples. QUESTÃO 43 A disputa em defesa de um novo projeto de sociedade, fundado em novos paradigmas, não pode olhar pelo retrovisor e buscar restaurar experiências anteriores. Ao reconhecer e valorizar o trabalho no território, ela deve incorporar os desafios dos novos tempos: a automação que substitui o emprego, o desafio da sustentabilidade ambiental, a necessidade da afirmação dos bens comuns, a refundação da democracia com ampla participação popular, novos meios de controle social sobre a máquina pública. BAVA, S. C. Da subjetividade. Disponível em: <http://diplomatique.org. br>. Acesso em: 17 mar. 2017. [Fragmento] O fragmento do editorial escrito por Sílvio Caccia Bava apresenta um objetivo principal demarcado pelo termo A. “novo”. B. “projeto”. C. “valorizar”. D. “incorporar”. E. “refundação”. MOIY CALIBRADA_POR XXXX 287SE0XPOR2020I COJK CALIBRADA_POR ENEM – VOL. 5 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 19BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO QUESTÃO 44 Ai flores, ai, flores do verde pino, se sabedes novas do meu amigo? ai, Deus, e u é? Ai flores, ai flores do verde ramo, se sabedes novas do meu amado? ai, Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amigo, aquel que mentiu do que pos comigo? ai, Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amado, aquel que mentiu do que mi a jurado? ai, Deus, e u é? Vós me perguntades polo voss’amigo? E eu ben vos digo que é viv’ e sano ai, Deus, e u é? Vós me perguntades polo voss’amado? E eu ben vos digo que é viv’e sano ai, Deus, e u é? D. DINIS. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br>. Acesso em: 21 maio 2020. No Trovadorismo, a poesia se manifestava por meio de textos que eram recitados ou cantados acompanhados por instrumentos musicais. Considerando as características desse movimento, o texto apresenta-se como uma A. cantiga de escárnio, em que o trovador satiriza uma situação. B. cantiga de amigo, em que a mulher lamenta pelo seu amado. C. cantiga de amor, com o eu lírico em busca da mulher amada. D. poesia de vassalos, que se dirigem aos senhores feudais. E. poesia da corte, voltada aos vassalos e seus senhores. QUESTÃO 45 25 anos sem Tom Quanto mais o tempo passa, mais gostamos do que Antônio Carlos Jobim nos deixou. É claro que muita música boa foi feita por outros compositores depois que ele se foi há 25 anos. Música boa, mas em estilos muito diferentes do mais presente na obra de Tom. A música popular está em permanente transformação, mudando a cada novidade determinada pelo momento e pela vontade ou necessidade de se criarem sons. O próprio Tom passou por isso a partir da bossa-nova. Lembro-me de como ele costumava surpreender seus entrevistadores ao dizer que era um compositor de samba. Isso mesmo, de samba. Evidentemente, ele se referia não ao samba como o das escolas, batucado, vibrante, contagiante pelo ritmo, mas ao samba-canção dos anos imediatamente anteriores à bossa-nova. MÁXIMO, J. Disponível em: <https://g1.globo.com>. Acesso em: 31 mar. 2020. [Fragmento adaptado] O trecho anterior foi retirado de um artigo de opinião em que o autor, para garantir a coerência na progressão textual, faz questão de explicar a afirmação dada por Tom Jobim, uma vez que A. a fala do músico soa contraditória em relação ao seu estilo musical. B. as gerações da atualidade desconhecem a obra do músico falecido. C. a pluralidade de sambas confunde os leitores da matéria jornalística. D. a mescla dos ritmos dificulta o entendimento das referências artísticas. E. a declaração do artista demonstra a marginalização do samba popular. XXXX 219SE06POR2020XXIII XXXX 287SE0XPOR2020VII LCT – PROVA I – PÁGINA 20 ENEM – VOL. 5 – 2020 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO TEXTO I A exclusão digital é o termo utilizado para sintetizar o contexto que impede a maior parte das pessoas de participar dos benefícios das novas tecnologias da informaçãoe comunicação (TICs). À medida que cresce a importância da internet nas atividades econômica, política e social, os indivíduos que não possuem acesso a essa tecnologia tornam-se gradativamente marginalizados. Contudo, são também excluídos aqueles que dispõem de acesso limitado, bem como aqueles que, mesmo possuindo o acesso à internet, são incapazes de usá-la eficazmente. A competência em informação é pré-requisito para que uma pessoa saiba recuperar, interpretar, questionar um estoque de informações e consiga utilizá-lo em benefício próprio e da sociedade. Assim, num contexto de informação para a cidadania, as pessoas competentes em informação possuem melhores condições para exercer o controle social. Trata-se de uma condição essencial ao desenvolvimento social, cultural e econômico do Brasil, sendo necessário mobilizar a sociedade civil organizada e os órgãos governamentais com vistas a integrar o cidadão às ações de democracia. CASTRO JUNIOR, O. V. Disponível em: <https://ojs.cgu.gov.br>. Acesso em: 18 maio 2020. [Fragmento adaptado] TEXTO II A universalização de serviços digitais passa por uma questão fundamental: não basta construir serviços digitais em torno do cidadão caso ele não tenha acesso à internet. Em suma, se o governo vai atender a sociedade de forma digital, 100% da população deve ter acesso à internet. Caso a transformação não aconteça com equidade, corremos o risco de aumentar a desigualdade. A tecnologia é uma ferramenta e, se não tivermos a clareza de que seu propósito é melhorar a vida dos cidadãos, ela pode somente reproduzir, no ambiente digital, as diferenças sociais que marcam o Brasil. Entre os principais motivos da desigualdade no ambiente digital, estão: a falta de recursos, de conhecimento sobre tecnologia e de interesse por conectividade. Para os 20% mais pobres, o custo de um plano de 4G representa na média 5% do seu salário (World cellular information service study, 2018), e o custo de compra de dispositivo smartphone, 10,15% da renda anual (Ovum, TMT Intelligence, 2017). Disponível em: <https://govtechbrasil.org.br>. Acesso em: 18 maio 2020. [Fragmento] TEXTO III Ter acesso à internet é fundamental para que crianças e adolescentes possam exercer plenamente seus direitos. Em tempos de distanciamento social, a rede se torna ainda mais importante para garantir a continuidade da aprendizagem, manter contato com amigos e cuidar da saúde mental, se proteger contra a violência e ter acesso a informações confiáveis. No entanto, segundo dados preliminares da pesquisa TIC Kids Online 2019 do Cetic.br/NIC.br – disponibilizados por eles ao UNICEF –, 4,8 milhões de crianças e adolescentes de 9 a 17 anos de idade vivem em domicílios sem acesso à internet no Brasil (17% dessa população). A pesquisa mostra, ainda, que, no país, 11% da população dessa faixa etária não é usuária de internet – não acessando a rede nem em casa nem em outros lugares nos três meses que antecederam a entrevista. A exclusão é maior entre crianças e adolescentes que vivem em áreas rurais (25%), nas regiões Norte e Nordeste (21%) e entre os domicílios das classes D e E (20%). Disponível em: <https://www.unicef.org>. Acesso em: 18 maio 2020. [Fragmento] TEXTO IV Domicílios em que havia utilização da internet (%) 74 ,9 80 ,1 80 ,0 27 ,3 64 ,0 73 ,0 35 ,8 81 ,1 83 ,1 51 ,2 76 ,7 80 ,3 53 ,1 79 ,6 83 ,2 45 ,3 41 ,0 68 ,4 Brasil Norte Nordeste Total Urbana Rural Sudeste Sul Centro-Oeste IBGE. Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2017. Disponível em: <https://educa.ibge.gov.br>. Acesso em: 18 maio 2020. [Fragmento] INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO 1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado. 2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas. 3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção. 4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que: 4.1. tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”. 4.2. fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo. 4.3. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada com o tema proposto. 4.4. apresentar nome, assinatura, rubrica ou outras formas de identificação no espaço destinado ao texto. I176 PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da Língua Portuguesa sobre o tema “A superação da exclusão digital para a redução da desigualdade social”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. TEXTOS MOTIVADORES ENEM – VOL. 5 – 2020 LCT – PROVA I – PÁGINA 21BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 46 a 90 QUESTÃO 46 Sócrates – E então? E aos inimigos, deve restituir-se aquilo que acaso lhes devemos? Polemarco – Sem dúvida alguma, restituir-lhes aquilo que se lhes deve; ora o que um inimigo deve a outro é, em meu entendimento, o que lhe convém: o mal. [...] Sócrates – Bem. E a arte a que chamam da justiça, dá a quem o quê? Polemarco – Se temos de ser consequentes com o que se disse antes, dá ajuda aos amigos e prejuízo aos inimigos. [...] Sócrates – Mas os justos podem tornar outrem injusto, por meio da justiça? Ou, de um modo geral, os bons podem tornar outrem mau, por meio da sua perfeição? Polemarco – É impossível. Sócrates – Logo, Polemarco, fazer mal não é a ação do homem justo, quer seja a um amigo, quer a qualquer outra pessoa, mas, pelo contrário, é a ação de um homem injusto. Polemarco – Parece-me inteiramente verdade o que dizes, Sócrates. PLATÃO. A República. Tradução de Maria Helena da Rocha Pereira. 10.ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1949. Sócrates foi um pensador da Antiguidade Clássica cujo método, apresentado no texto, consistiu em uma forma de filosofar denominada: A. Retórica, ensinando a arte do discurso público e do convencimento. B. Maiêutica, levando os interlocutores a reformular seus pensamentos. C. Metafísica, atribuindo as opiniões que nascem da aparência como verdade. D. Lógica, estabelecendo argumentos dedutivos e indutivos para alcançar conhecimento. E. Erística, atuando no ataque pessoal aos adversários nos debates com apelações diversas. QUESTÃO 47 É, portanto, necessário varrer, do caminho da ciência, pretensões de uma teologia ou de uma moral que pretenderiam ditar-lhes leis. Não é a teologia que cabe enunciar a verdade dos fatos da política. Introduzir a teologia em História é confundir as ordens e misturar as ciências. ALTHUSSER, L. Montesquieu, a Política e a História. Lisboa: Editorial Presença, 1977. [Fragmento adaptado] Ao analisar a relação entre política e História a partir das ideias de Montesquieu, Louis Althusser destaca uma característica do pensamento iluminista, identificada na defesa da A. fundamentação ética do saber. B. abolição das crenças religiosas. C. popularização da educação formal. D. concepção sacralizada da natureza. E. valorização do conhecimento racional. KRBW CALIBRADA_FIL Ø58D 150SE05HIS2020V QUESTÃO 48 Líderes mundiais tentam evitar internacionalização da guerra na Líbia A Guerra da Líbia tem suas origens em 2011, no contexto da Primavera Árabe, quando surgiram protestos contra o governo autoritário e ditatorial de Muammar Khadafi. Esses protestos evoluíram e levaram ao fim do governo de Khadafi, que foi capturado e assassinado pelas forças rebeldes. A partir de então, iniciou-se uma guerra civil marcada por conflitos entre milícias que fragmentaram o país, causando
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