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Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), O objetivo geral do curso de Administração é fornecer uma visão generalista dos atuais problemas empresariais, preparando os alunos para as grandes mudanças que o mundo vem experimentando, por meio do estudo de temas importantes, inerentes às lides empresariais e capacitando-os para atuar em empresas de porte e natureza diversos, de caráter público ou privado, prestadoras de serviços ou indús- trias (UNISA, 2011). Note que os objetivos gerais desta disciplina e apostila são: promover o seu desenvolvimento, como aluno(a) do curso de Administração Digital, dando-lhe uma visão geral de Administração, através da qual obterá conhecimentos indispensáveis para atuar como administrador; e proporcionar a você as condições de gerenciamento nas organizações. Como objetivos específicos, destacamos: proporcionar- -lhe a base acadêmica para o entendimento de outras disciplinas; e proporcionar que você: possa enten- der os modelos de desenvolvimento organizacional para melhor administrar as organizações; entenda e saiba aplicar corretamente as informações, como elemento estratégico da busca de uma comunicação eficiente; saiba lidar com problemas, buscando alternativas adequadas e estratégicas; compreenda os conceitos e origens de sistemas e a visão da organização dentro do enfoque sistêmico; e entenda os principais conceitos e práticas importantes da administração moderna. Afinal, poucos termos são tão frequentes no universo social e organizacional atual quanto ‘Em- preendedorismo’. E, mais recentemente, o conceito de ‘Liderança empreendedora’ tem se tornado um fator de grande relevância na competitividade organizacional. Assim, o conteúdo está organizado para expor os conceitos em uma ordem prática, iniciando com a visão dos principais autores da área, através de fatos e perspectivas históricas. Após isso, abordaremos as características dos empreendedores, tanto os comportamentos mais frequentes quanto as caracte- rísticas dos empreendedores de sucesso. Também, explicaremos os conceitos de liderança empreende- dora, através dos estilos de gestão e dos papéis dos líderes. Apresentaremos as Pequenas e Médias Em- presas (PME), mostrando sua importância na economia, suas principais características e sua classificação, bem como as principais causas de fechamento precoce em nosso mercado. Descreveremos o modelo de Franchising, sua terminologia e tipos, além da discussão de suas principais vantagens e desvantagens. A empresa familiar será analisada por seus aspectos peculiares, tais como a cultura, os papéis e rela- ções familiares, bem como o problema da sucessão nos negócios. Mostraremos como identificar e avaliar oportunidades de negócios. Também discorreremos sobre como criar o planejamento na PME, através dos vários modelos estratégicos organizacionais. Finalizaremos descrevendo a estrutura e o processo de desenvolvimento de um Plano de Negócios. E há boas razões para isso, afinal a grande transformação causada pelo atual ambiente econômico implica grandes reflexos para indivíduos e organizações. Logo a necessidade de buscar incessantemente a adaptação às mudanças do meio ambiente em- presarial, que exige várias competências complexas, tais como: flexibilidade, motivação, resistência às di- José Roberto Barbosa de Oliveira Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 6 ficuldades etc. Ou seja, todas as características que são justamente as descritas para os empreendedores. Na verdade, embora o conceito de ‘Empreendedorismo’ tenha se tornado de extrema relevância estraté- gica em nossos dias, este não é um conceito realmente novo, pois há muito a inovação e o vanguardismo têm dependido dos empreendedores, indivíduos que fazem a diferença em seu tempo. Além disso, estudos recentes reconhecem que o conceito ‘Empreendedorismo’ não é apenas be- néfico para novas empresas e negócios em seus primeiros estágios, muitas delas de pequeno e médio porte, mas também é benéfico para o gerenciamento de empresas já estabelecidas e mais complexas, pois garante a intrepidez necessária para se obter vantagens realmente competitivas. O fato é que mesmo empresas já maduras e conservadoras precisam do que se pode definir como “liderança empreendedora”, para que possam fazer uma renovação contínua, ou seja, estabelecer a inova- ção que se tornou necessária à sobrevivência. Portanto, o estudo do empreendedorismo, especialmente o que estabelece uma conexão com a liderança empresarial, é imprescindível para fornecer a base para o comportamento empresarial deste novo século e um rumo para o seu sucesso! Será um prazer acompanhá-lo(a) ao longo desse caminho. José Roberto Barbosa de Oliveira Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 EMPREENDEDORISMO: FATOS E CARACTERÍSTICAS HISTÓRICAS1 Prezado(a) aluno(a), neste capítulo aborda- remos o empreendedorismo pela ótica de seus pensadores principais... vamos iniciar a discussão? De uma forma geral, o empreendedorismo teve os seus conceitos embasados a partir do século XVII, mas foi no século passado que seus princípios foram sedimentados, tais como: a ori- gem do conceito empreendedorismo, as descri- ções dos primeiros pesquisadores, as caracterís- ticas dos empreendedores e a importância dos empreendedores para a sociedade. Analisando a semântica da palavra ‘em- preendedor’, vemos que ela tem como raiz o ter- mo latim imprendere, e chegou aos tempos mo- dernos como uma derivação da palavra francesa entrepreneur, que significa: aquele que assume riscos e inicia algo inovador. Segundo os historiadores, foi no século XVII que surgiram as primeiras evidências de se rela- cionar empreendedorismo com o ato de assumir riscos, sendo que a criação do termo ‘empreende- dorismo’ é creditada a um escritor e economista da época, Richard Cantillon. Ele teria sido um dos primeiros a separar o conceito de empreendedor (quem assume riscos) do capitalista (quem dispo- nibilizava o capital). O autor Maximiano (2006, p. 2) explica que Cantillon, no seu livro Ensaio sobre a natureza do comércio em geral, de 1755, “identificou o em- preendedor como alguém que assume riscos ao comprar serviços ou componentes por preço cer- to com a intenção de revendê-lo mais tarde a um preço incerto”, e, dessa forma, como tendo um pa- pel de grande relevância na economia. Assim, os conceitos que embasam o mode- lo empreendedor não são novos. Segundo Dor- nelas (2007), desde 1848 já se descrevia as qua- lidades e características empreendedoras, sendo que, naquele ano, o autor Mill descreveu o con- ceito “assumir riscos”. Um pouco mais tarde, já no século XIX, um outro autor, o economista francês Jean-Baptiste Say, reiniciou as pesquisas sobre o empreende- dor e afirmou que os empreendedores poderiam afetar a economia local, pois poderiam alterar os recursos econômicos de uma determinada área, por criar valor, fazendo com que uma região de baixa produtividade pudesse se tornar de alta produtividade e lucratividade. Note como ele descreve o empreendedor, conforme exposto por Maximiano (2006, p. 2): O que fazem os empreendedores? Eles usam sua indústria (seu trabalho) para or- ganizar e dirigir os fatores de produção, de forma a atender as necessidades hu- manas. No entanto, eles não são apenas dirigentes. São também planejadores, avaliadores de projetos e tomadores de riscos. Usando seu próprio capital, ou o que emprestam de outros, eles o trans- ferem para os proprietários do trabalho, os recursos naturais (terra) e maquiná- rio (ferramentas). Esses pagamentos, ou aluguéis, somente são recuperados se os empreendedores conseguem vender o produto para os consumidores. O suces- so empresarial não apenas é almejado pelo indivíduo, mas também é essencial para a sociedade. Um país com muitos comerciantes, fabricantes e agricultores inteligentes tem maiores possibilidades de alcançar a prosperidade do que um outro que se dedique principalmente à busca das artese das ciências. José Roberto Barbosa de Oliveira Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 8 Caro(a) aluno(a), veja como Dornelas (2007) lista ainda outras características descritas por vá- Quadro 1 – Características descritas por vários autores. Embora haja muitas definições para em- preendedorismo, há muitas citações que deno- tam a sua importância em nossos tempos: O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente pela intro- dução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais. (SChUMPETER, 1949 apud DORNELAS, 2007, p. 37). O empreendedorismo é uma revolução silenciosa, que será para o século 21 mais do que a revolução industrial foi para o século 20. (TIMMONS, 1990 apud DOR- NELAS, 2007, p. 42). É o indivíduo que possui ou busca de- senvolver uma atitude de inquietação, ousadia e pró-atividade na relação com o mundo, condicionada por características pessoais, pela cultura e pelo ambiente, Ano Autor Característica 1917 Weber Autoridade formal. 1934 Schumpeter Inovação, iniciativa. 1954 Sutton Desejo de responsabilidade. 1961 McClelland Assumir riscos, necessidade de realização, otimismo, relacionamento, poder, autoconsciência. 1963 Davids Ambição, desejo de independência, responsabilidade, autoconfiança. 1964 Pickle Foco, relacionamento, habilidade de comunicação, conhecimento técnico. 1970 Collins & Moore Satisfação e prazer pelo que faz. 1970 hornaday & Bunker Necessidade de realização, inteligência, criatividade, iniciativa, liderança, desejo de ganhar dinheiro, desejo de reconhecimento, orientado à realização, poder, tolerância às incertezas. 1971 Palmer Mensuração do risco. 1978 Timmons Foco/centrado, autoconfiança, orientado pela meta, risco calculado, autocontrole, criatividade, inovação. 1980 Sexton Energia/ambição, reação positiva ao fracasso (superação). 1981 hisrich & O’Brien Autodisciplina, perseverança, desejo de sucesso, orientado pela ação. que favorece a interferência criativa e rea- lizadora, no meio, em busca de ganhos econômicos e sociais. (SEBRAE, 2005). O empreendedor é aquele que faz acon- tecer, se antecipa aos fatos e tem uma visão de futuro da organização. (DORNE- LAS, 2005 apud DORNELAS, 2007, p. 9). Note que muitos dos atributos acima cita- dos são também comuns aos princípios moder- nos de Liderança, o que mostra a convergência desses conceitos. Naturalmente, muitos outros autores conti- nuam a escrever sobre as principais características dos empreendedores, porém a maioria simples- mente repete ou faz uma releitura dos conceitos acima citados. Esses autores ajudaram a prover uma base teórica e estabeleceram os conceitos ainda vigentes no estudo do empreendedorismo. rios autores no decorrer do século passado, con- forme demonstrado no Quadro 1. Empreendedorismo Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 Um aspecto notável dos empreendedo- res é que há empreendedores em todas as áreas de atividades, porém o termo ‘empreendedor’ é usualmente utilizado para designar alguém que cria uma organização de negócios, ou seja, uma empresa. Onde houver potencial para uma ação ino- vadora, uma nova ideia ou um outro jeito de fazer o que já existe, então haverá um empreendedor. Dessa forma, pode-se descrever o empreendedor como uma pessoa que: �� Combina capital e trabalho; �� Faz algo verdadeiramente inovador; �� Concebe um novo produto e/ou servi- ço; �� Introduz um novo método de produção; �� Introduz uma nova maneira de fazer al- guma coisa; �� Cria um novo mercado; �� Descobre uma nova fonte de matérias- -primas; �� Estabelece novas formas de organiza- ção entre outras ações transformadoras de seu ambiente. Saiba maisSaiba mais Hisrich, Peters e Shepherd (2009, p. 29) sintetizam esta visão econômica como: “Para o economista, um empreendedor é aquele que combina recursos, traba- lho, materiais e outros ativos para tornar seu valor maior do que antes; também é aquele que introduz mudanças, inova- ções e uma nova ordem.” 1.1 Importância dos Empreendedores para a Sociedade Fatores Envolvidos há uma relação direta entre o desenvol- vimento de uma sociedade e o número de em- preendedores que são estimulados a surgir. Po- demos listar os seguintes fatores que atestam essa importância dos empreendedores para a so- ciedade como você, caro(a) aluno(a), pode obser- var na Figura 1, com a visão de Maximiano (2006): Figura 1 – Importância dos empreendedores para a sociedade. Fonte: Adaptado de Maximiano (2006, p. 2). José Roberto Barbosa de Oliveira Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 10 Inovação As pequenas e médias empresas são reco- nhecidas por estimularem a inovação em uma sociedade. Fazem isso de forma mais eficiente do que as grandes empresas porque estas nor- malmente são mais lentas e cautelosas em apli- car inovações, enquanto o pequeno empresário tem mais agilidade e flexibilidade em gerar, fo- mentar e aplicar as inovações. Os fatos históricos demonstram que a maioria das inovações impor- tantes e impactantes da atualidade foi criada no âmbito da pequena empresa. Geração de emprego e renda Dados recentes, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que é uma entidade privada sem fins lucrativos, explicam que as Pequenas e Médias Empresas re- presentam 98% das empresas privadas no Brasil, conforme estudaremos mais à frente. Está claro, portanto, a importância dos pequenos empresá- rios em fornecer a maioria da mão de obra que dá sustentação às economias das nações. Padrão de vida e qualidade de vida A atividade dos empreendedores pode afe- tar de forma significativa a vários aspectos sociais de uma sociedade, tais como: Padrão de Vida – que é a quantidade de bens e serviços que as pessoas podem comprar com o dinheiro de que dispõem. Os empreende- dores podem afetar o padrão de vida, pois per- mitem uma inserção social que outras atividades não permitiriam. Qualidade de Vida – que é o bem-estar ge- ral da sociedade, medido em termos de liberdade política, educação, saúde, segurança ou ausên- cia de violência, limpeza e proteção do ambien- te, lazer e outros fatores que contribuem para o conforto e a satisfação das pessoas. O incremento das atividades empreendedoras de uma socieda- de, com o aumento do padrão de vida, reflete de forma direta no bem-estar da sociedade como um todo. Não é por acaso que as principais eco- nomias mundiais, reconhecidas pela melhor qua- lidade de vida, são as mesmas que estimulam o espírito empreendedor. DicionárioDicionário Inovação: significa novidade, ou seja, uma ideia ou invenção que é diferente dos conceitos ou pa- drões anteriormente existentes. AtençãoAtenção Os empreendedores podem afetar o padrão de vida, tanto próprio quanto da comunidade a que pertencem, pois permitem uma inserção social que outras atividades não permitiriam. 1.2 Resumo do Capítulo Caro(a) aluno(a), Neste capítulo você conheceu os principais pensadores dos conceitos básicos do empreendedo- rismo, tais como: Richard Cantillon, que foi o primeiro a usar o termo ‘empreendedorismo’; Jean-Baptiste Say, que afirmou que os empreendedores poderiam afetar a economia local; além de vários outros auto- res que ajudaram a traçar o perfil de características dos empreendedores. Você pôde ver como esses autores descreveram as características gerais dos empreendedores: uma pessoa que: combina capital e trabalho; faz algo verdadeiramente inovador; concebe um novo produto Empreendedorismo Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 e/ou serviço; introduz um novo método de produção; introduz uma nova maneira de fazer alguma coisa; cria um novo mercado; descobre uma nova fonte de matérias-primas e estabelece novas formas de orga- nização entre outras ações transformadoras de seu ambiente. Também foi explanada a importância dos empreendedores para a sociedade, relacionada com a inovação, com a geração deempregos e com os aspectos relacionados ao padrão de vida e à qualidade de vida que os empreendedores afetam, inclusive nas suas comunidades. Vamos, agora, avaliar a sua aprendizagem. 1.3 Atividades Propostas 1. Complete as informações faltantes no quadro sobre as características do empreendedor: Característica Autor Ano Mensuração do risco Ambição, desejo de independência, responsabilidade, autoconfiança Satisfação e prazer pelo que faz Inovação, iniciativa Autodisciplina, perseverança, desejo de sucesso, orientado pela ação. 2. Como a atividade empreendedora pode afetar a qualidade de vida da sociedade em que ela ocorre? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 Prezado(a) aluno(a), neste capítulo, conhe- ceremos as principais características dos em- preendedores, vamos começar? As principais e mais frequentes caracterís- ticas citadas pelos pesquisadores são: a criativi- dade, disposição para assumir riscos, otimismo, perseverança, senso de independência e capaci- dade de implementação. Analisaremos ainda as características dos empreendedores de sucesso, segundo o autor Dornelas e as descritas pelo Se- brae. Também serão explanados os tipos de em- preendedores, os papéis do empreendedor e as compensações de um empreendimento. O Dicionário Aurélio (FERREIRA, 1986) verte as seguintes definições para os conceitos de em- preendedorismo: �� Empreender: [do latim imprendere] 1. Deliberar-se a praticar, propor-se, tentar (empresa laboriosa e difícil). 2. Por em execução. �� Empreendimento: 1. Ato de empreen- der. 2. Efeito de empreender; aquilo que se empreendeu e levou a cabo; empre- sa; realização; cometimento. �� Empreendedor: 1. Que empreende; ativo; arrojado; cometedor. Note, prezado(a) aluno(a), que as descrições sempre definem aspectos relacionados com ação ou realização, que exige um esforço sério para obtê-lo. É um aspecto dinâmico da personalida- de do empreendedor, em linha com a própria na- tureza do empreendedorismo, que é constante- mente adaptável ao ambiente em que se integra. Outros autores ainda vão mais além e bus- cam descrever minuciosamente o perfil do em- preendedor de sucesso, o que pode ser útil como ferramenta de comparação para os que buscam um caminho sólido a seguir. Maximiano (2006, p. 1) descreve o em- preendedor como: “a pessoa que assume o risco de começar uma empresa.” Este é um dos comportamentos típicos atri- buídos ao empreendedor, que tem sido estuda- do amplamente e que relaciona os resultados do empreendedor com o seu perfil comportamental. CARACTERÍSTICAS DOS EMPREENDEDORES2 DicionárioDicionário Empreendedorismo: o estudo das práticas rela- cionadas ao desenvolvimento de uma empresa, desde a sua concepção (ideia original) até a sua execução (realização). 2.1 Comportamentos mais Frequentes Caro(a) aluno(a), note como o mesmo autor também enumera os comportamentos que con- sidera como os mais importantes e frequentes no empreendedor, conforme a Figura 2, a seguir: José Roberto Barbosa de Oliveira Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 14 Figura 2 – Comportamentos do empreendedor. Fonte: Adaptado de Maximiano (2006, p. 4), ral e uma chance de aprender algo para ter suces- so na próxima tentativa. Perseverança Uma vez que criar um negócio pode envol- ver grande dispêndio de energia e tempo, às ve- zes com sacrifícios pessoais e da família, ter per- severança, ou seja, não desistir frente aos muitos obstáculos do caminho, é condição-chave para realizar seus sonhos. Senso de Independência Os verdadeiros empreendedores têm um forte senso de independência, ou seja, não de- pendem do suporte ou da opinião de outros, mas confiam na própria capacidade para realizar o que muitos podem considerar irrealizável. Esse con- junto de características e comportamentos varia bastante em intensidade e forma para cada em- preendedor, dependendo de inúmeros fatores, entretanto os citados acima quase sempre estão Criatividade Este é um dos traços principais do empreen- dedor, pois sempre busca soluções inovadoras para tudo que faz. Afinal, as grandes inovações humanas frequentemente foram originadas nas mãos de um empreendedor. Disposição para Assumir Riscos Este é um traço básico da personalidade do empreendedor, ou seja, a capacidade de lidar com as incertezas, e é citado por todos os que estudam os empreendedores, uma vez que de- senvolver um novo negócio é uma atividade de constante risco. Otimismo Uma das características do empreendedor é conseguir formar uma visão de futuro, nem se- quer considerando a possibilidade de fracasso. E mesmo que fracasse, considera o fato como natu- Empreendedorismo Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 presentes em todos os empreendedores que se destacam em suas áreas de atuação. Naturalmen- te, há muitas outras características que também podem estar presentes e são importantes para definir os vários perfis de empreendedores de su- cesso. Capacidade de Implementação Além de desenvolver coisas e processos novos, o empreendedor se destaca por levar as ideias até a sua consecução, ou seja, finaliza o que imagina. 2.2 Características dos Empreendedores de Sucesso Prezado(a) aluno(a), veja como, por exem- plo, Dornelas (2007) descreve 16 características do que ele classificou como sendo dos “Empreen- dedores de Sucesso”, assim listadas, que podem reforçar a listagem anterior: “Visionários” Conseguem estabelecer uma visão de como será o futuro de seu negócio e também conseguem transformar os sonhos em realidade. “Sabem tomar decisões” Tem como fator-chave de sucesso a capa- cidade de decidir, de forma correta, mesmo sob circunstâncias adversas. “São indivíduos que fazem a diferença” Descreve Dornelas (2007, p. 5): “transfor- mam algo de difícil definição, uma ideia abstrata, em algo concreto, que funciona, transformando o que é possível em realidade.” Em outras palavras, são transformadores de sonhos em realidades. Também conseguem agregar valor ao que fazem. “Sabem explorar ao máximo as oportu- nidades” Em primeiro lugar, os empreendedores são aqueles que conseguem enxergar, ou seja, identi- ficar, as oportunidades aonde ninguém mais vê, mesmo coisas que estão sempre por perto. É a oportunidade identificada, de que Schumpeter falava. De fato, muitos especialistas em empreen- dedorismo afirmam que “o empreendedor é exí- mio identificador de oportunidades” (DORNELAS, 2007, p. 6). “São determinados e dinâmicos” São comprometidos com seus objetivos, não se abatendo frente às adversidades. Como cita o autor: “cultivam certo inconformismo dian- te da rotina.” (p. 6). “São Dedicados” Dedicam-se integralmente ao seu negócio, com muita energia e sem restrição de tempo, o que muitas vezes cria problemas de relaciona- mento com amigos e família, e podendo até mes- mo causar-lhes problemas de saúde. “São otimistas e apaixonados pelo que fazem” São otimistas, pois não consideram o fra- casso, só enxergando o sucesso. E fazem isto de maneira apaixonada, pois adoram o que fazem. Segundo as palavras do autor: “é esse amor ao que fazem o principal combustível que os man- têm cada vez mais animados e autodetermina- dos.” (p. 7). “São independentes e constroem seu próprio destino” Não querem ficar presos ao modelo de emprego tradicional, mas, antes, ser seu próprio patrão e assim determinar por si próprio seu ca- minho. “Ficam ricos” A riqueza é uma mera consequência do su- cesso nas suas atividades. José Roberto Barbosa de Oliveira Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 16 “São líderes e formadores de equipes” O empreendedor de sucesso sabe que não pode fazer tudo sozinho e, portanto, depende de outros para chegar ao sucesso. Por isso, conforme diz o autor, “têm um senso de liderança incomum” (p. 7). Dessa forma mantém seus colaboradores motivados e valorizados, obtendo, em contrapar- tida, forte comprometimento e respeito de todos. “São bem relacionados (Networking)” Valorizam sua redede contatos externos à empresa, não só com clientes e fornecedores, mas com todos que podem influenciar seus resulta- dos, tais como entidades de classe e autoridades. “São organizados” Sabem racionalizar os esforços, buscando o melhor desempenho para o empreendimento. “Planejam, planejam, planejam” Como afirma o autor, “os empreendedores de sucesso planejam cada passo de seu negócio, desde o primeiro rascunho do seu plano de ne- gócios” (p. 7). Assim, não negligenciam nenhum aspecto estratégico da sua atividade. “Possuem conhecimento” Os empreendedores “são sedentos do sa- ber”, buscando avidamente o conhecimento pro- fundo e know-how do seu negócio, aprendendo tanto da experiência pessoal e de outros, quanto de fontes especializadas, como publicações e cur- sos. “Assumem riscos calculados” Assumir riscos é uma das características mais citadas para os empreendedores, porém os empreendedores “assumem riscos calculados e sabem gerenciar o risco, avaliando as reais chan- ces de sucesso”, como afirma o autor (p. 7). Em outras palavras, não atiram no escuro, de forma aleatória, mas têm sempre o senso das possibili- dades, e se sentem estimulados com os desafios. “Criam valor para a sociedade” Uma vez que geram empregos, estimulam a economia e geram inovações, que muitas vezes afetam a muitos, conseguem gerar valor para a sociedade, como um todo. É claro que essa lista não é final, até porque as exigências para o perfil de um empreendedor também dependem de fa- tores culturais e sociais do tempo em que vivem, e assim estão em constante mutação. Segundo o Sebrae Caro(a) aluno(a), note que o Serviço Brasi- leiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Se- brae), buscando simplificar esse grande volume de informações que podem servir de parâmetros para identificar o empreendedor de sucesso, re- sumiu essas características no Quadro 2, onde di- vide as características em três grupos: Realização, Planejamento e Poder. DicionárioDicionário Networking: rede de relacionamento pessoal, ge- ralmente cultivada para fins profissionais. AtençãoAtenção Naturalmente, essa lista não é final, até porque as exigências para o perfil de um empreendedor também dependem de fatores culturais e sociais do tempo em que vivem, e assim estão em cons- tante mutação. Empreendedorismo Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17 Quadro 2 – Características dos empreendedores de sucesso. Grupo de características relativas à REAlIzAçãO �� Busca oportunidades e iniciativa �� Corre riscos calculados �� Exige qualidade e eficiência �� Persistência �� Comprometimento Grupo de características relativas ao PlAnEjAMEntO �� Busca de informações �� Estabelecimento de metas �� Planejamento e monitoramento sistêmico Grupo de características relativas ao PODER �� Persuasão e rede de contatos �� Independência e autoconfiança Com base nessas análises, pode-se notar que não há um verdadeiro padrão para definir um empreendedor, mas sim perfis diferenciados, que, por sua vez, podem ser agrupados em dife- rentes tipos de empreendedores. Vários autores têm tentado identificar alguns comportamentos comuns que podem ser agrupados. 2.3 tipos de Empreendedores A seguir, descrevem-se oito tipos principais de empreendedores, conforme pesquisa desen- volvida por Dornelas (2007): O Empreendedor nato São aqueles que reconhecemos na mídia. Quase sempre são de origem humilde e muitas vezes começaram a trabalhar muito jovens, e “ad- quirem habilidades em negociação e em vendas”, como afirma Dornelas (2007). Em sua maioria são imigrantes (de outros países ou mesmo de outra região do país), que buscam oportunidades em outros lugares, e se realizam por esforço próprio. O Empreendedor que Aprende É aquele que se torna empreendedor de forma inesperada, quando se depara com uma oportunidade de negócio e larga tudo o que fazia para se envolver em seu próprio negócio. O Empreendedor Serial São aqueles que estão sempre mudando de desafios, e que têm maior satisfação em criar algo novo, um novo negócio, do que fazer com que um negócio cresça. Assim estão sempre se envolvendo com novos negócios, às vezes vários deles ao mesmo tempo. Têm grande habilidade em identificar oportunidades, acreditar nelas e José Roberto Barbosa de Oliveira Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 18 implementá-las. Mas não ficam muito tempo em um mesmo negócio. O Empreendedor Corporativo São executivos em linha com as novas exi- gências das organizações, ou seja, renovar, inovar e criar novos negócios. São profissionais que as- sumem riscos e como geralmente não têm auto- nomia completa, “desenvolvem estratégias avan- çadas de negociação”. São ambiciosos e muito motivados, com metas ousadas e recompensas variáveis. O Empreendedor Social São verdadeiros empreendedores, porém voltados para causas humanitárias, que trazem resultados para outros e não para si mesmos. São muito engajados em causas e objetivos sociais. O Empreendedor por necessidade São aqueles que criam seus negócios por absoluta falta de opção, pois muitas vezes não têm acesso ao mercado de trabalho ou foi de- mitido. Geralmente estão envolvidos em ativida- des informais, o que acaba gerando problemas sociais, pois vivem à margem do mercado e, por não terem um mínimo de embasamento técnico e teórico, acabam vítimas das altas taxas de “mor- talidade” empresarial (fechamento de empresas), comuns nos mercados em desenvolvimento, onde cerca de 60% das empresas não conseguem sobreviver mais que cinco anos. O Empreendedor Herdeiro (Sucessão Fa- miliar) São aqueles que, muitas vezes, já se en- volvem com o negócio da família desde jovens, aprendendo os conceitos com exemplos da pró- pria família, assumindo responsabilidades na organização e se envolvendo na administração direta desde cedo. Atualmente, com a maior pro- fissionalização da gestão das empresas familiares, também têm buscado melhor formação teórica, visando a perpetuar o legado da família. O Empreendedor “normal” (Planejado) São os empreendedores que se preparam para a atividade, fazendo um planejamento mi- nucioso e extenso tanto das fases que antecedem a abertura do negócio quanto do próprio desen- volvimento do mesmo. Infelizmente é a minoria entre os empreendedores, já que o conceito de planejamento não está enraizado em nossa cul- tura. Saiba maisSaiba mais Empreendedorismo corporativo abrangeria princi- palmente a criação de empresas (corporate ventu- re), que corresponde à criação de novas atividades dentro ou fora da organização e a renovação estra- tégica, que se refere às mudanças significativas em termos de atitudes, comportamentos ou modos de funcionamento promovidos pela organização. 2.4 Papéis do Empreendedor Tudo o que foi considerado anteriormen- te ajuda-nos a compor o leque de papéis de um empreendedor, que é sumarizado na Figura 3, a seguir, de Maximiano (2006). Empreendedorismo Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19 Figura 3 – Papéis do empreendedor. Assim, “Lidar com informações”, “Tomar de- cisões” e “Trabalhar com pessoas” compõem os principais papéis, ou seja, as ações e atitudes que o empreendedor tem que desempenhar no dia a dia para atingir seus objetivos. AtençãoAtenção Para Nassif et al. (2009, p. 18), “o empreendedor é o ator social que tem como características pes- soais ser corajoso para assumir riscos, criativo, dinâmico, autoconfiante, dedicado, perseve- rante, ambicioso, inteligente, otimista, inquieto e pouco disciplinado. Suas ações pautam-se pela iniciativa, realização, autonomia, aposta no trabalho, diferenciação e transformação de idéias em oportunidades.” 2.5 Compensações de um Empreendedor Conforme Longenecker et al. (1998), há vá- rias razões para alguém decidir ser um empreen- dedor, o que os autores chamam de “compensa- ções”, ou seja, algo que motiva o empreendedor, apesar das dificuldades inerentes ao modelo de ação, como mostra a Figura 4. Figura 4 – Razõespara alguém decidir ser um empreendedor. Fonte: Adaptado de Longenecker et al. (1998). Fonte: Adaptado de Maximiano (2006). José Roberto Barbosa de Oliveira Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 20 Valor Libertação dos limites de pagamento pa- dronizado para trabalho padronizado. Assim, o empreendedor entende que não há limite para o retorno de seu empreendimento, exceto seu pró- prio esforço, ao contrário do trabalho “remunera- do”, que se autolimita, quanto às possibilidades de crescimento. Independência Libertação da supervisão e regras de orga- nizações burocráticas. O empreendedor pode ser o dono de seu próprio nariz. AtençãoAtenção É claro que há inúmeras causas que justifiquem ao empreendedor deixar o modelo “padrão” de atividade vinculada a um emprego, mas essas três sintetizam o comportamento libertário do empreendedor, ou seja, a busca por ter seu destino nas próprias mãos. Caro(a) aluno(a), Neste capítulo conhecemos as principais características dos empreendedores, citadas pelos pes- quisadores e autores, que são: a criatividade, a disposição para assumir riscos, o otimismo, a perseveran- ça, o senso de independência e a capacidade de implementação. Pudemos também analisar as caracte- rísticas dos empreendedores de sucesso, segundo a visão do autor Dornelas e também as descritas pelo Sebrae, que divide as características em três grupos: Realização, Planejamento e Poder. Também foram explanados os tipos de empreendedores: o nato, o que aprende, o serial, o corpo- rativo, o social, o por necessidade, o herdeiro e o planejado (“normal”). Foi descrito os papéis do empreendedor, que são: tomar decisões, trabalhar com pessoas e lidar com informações. Finalizando, apresentamos as compensações de um empreendimento, como segue: Valor, que é a libertação dos limites de pagamento padronizado para trabalho padronizado; Independência, que é a libertação da supervisão e regras de organizações burocráticas; e Estilo de vida prazeroso, descrito como a libertação da rotina, monotonia e empregos não desafiadores. Agora, vamos avaliar a sua aprendizagem. Estilo de Vida Prazeroso Libertação da rotina, monotonia e empre- gos não desafiadores. Muitas vezes o empreen- dedor alia uma oportunidade de negócios com um prazer, ou uma atividade de grande satisfação pessoal, intelectual e/ou física. É claro que há inú- meras causas que justifiquem ao empreendedor deixar o modelo “padrão” de atividade vinculada a um emprego, mas essas três sintetizam o com- portamento libertário do empreendedor, ou seja, a busca por ter seu destino nas próprias mãos. 2.6 Resumo do Capítulo Empreendedorismo Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21 Segundo Dornelas (2007), é possível fazer uma autoavaliação do perfil empreendedor, utilizando elementos que identificam esse perfil diante do ambiente, atitudes e know-how do empreendedor. En- tão, antes de enveredarmos na geração de ideias, faremos uma autoavaliação para traçarmos seu perfil empreendedor. Para essa autoavaliação, siga as instruções a seguir e preencha o questionário. 1. Atribua à sua pessoa uma nota de 1 a 5 para cada uma das características a seguir e escreva a nota na última coluna. 2. Some as notas obtidas para todas as características. 3. Analise seu resultado global com base nas explicações ao final. 4. Destaque seus principais pontos fortes e pontos fracos. 5. Quais dos pontos fortes destacados são mais importantes para o seu desempenho como empreendedor? 6. Quais dos pontos fracos destacados deveriam ser trabalhados para que o seu desempe- nho seja melhorado? É possível melhorá-los? 2.7 Atividades Propostas José Roberto Barbosa de Oliveira Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 22 Características Excelente5 Bom 4 Regular 3 Fraco 2 Insuficiente 1 NOTA Comprometimento e determinação 1. É proativo na tomada de decisão 2. É tenaz e obstinado 3. Tem disciplina e dedicação 4. É persistente ao resolver problemas 5. É disposto ao sacrifício para atingir metas 6. É capaz de imersão total nas atividades que de- senvolve Obsessão pelas oportunidades 7. Procura ter conhecimento profundo das neces- sidades dos clientes 8. É dirigido pelo mercado 9. É obcecado por criar valor e satisfazer os clien- tes tolerância ao risco, ambiguidade e incertezas 10. Corre risco calculado (analisa tudo antes de agir) 11. Procura minimizar os riscos 12. Tolera as incertezas e falta de estrutura 13. Tolera o estresse e conflitos 14. É hábil em resolver problemas e integrar so- luções Criatividade, autoconfiança e habilidade da adaptação 15. Não é convencional, tem cabeça aberta, pensa 16. Não se conforma com o status quo 17. É hábil em se adaptar a novas situações 18. Não tem medo de falhar 19. É hábil em definir conceitos e detalhar ideias Motivação e superação 20. É orientado a metas e resultados 21. É dirigido pela necessidade de crescer e atin- gir melhores resultados 22. Não é preocupado com status e poder 23. Tem autoconfiança 24. É ciente de suas fraquezas e forças 25. Tem senso de humor e procura estar animado liderança 26. Tem iniciativa 27. Tem poder de autocontrole 28. Transmite integridade e confiabilidade 29. É paciente e sabe ouvir 30. Sabe construir times e trabalhar em equipe tOtAl
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