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Diana Esteves 
1º ANO 1º Semestre 
DIREITO INTERNACIONAL 
PÚBLICO 
Diana Esteves 
1º ANO 1º Semestre 
DIREITO 
INTERNACIONAL 
PÚBLICO 
Dr. Jónatas Machado 
Dr. António Eduardo Baltar 
Malheiro Magalhães 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dr. Jónatas Machado, 
Direito Internacional – Do Paradigma 
Clássico ao Pós-11 de Setembro 
 
1 
 
Índice 
Capítulo I – A Disciplina Do Direito Internacional Público ......................................................4 
1– O Direito Da Comunidade Internacional ............................................................................. 4 
1.1 . Direito, sociedade e natureza humana ..................................................................4 
1.2. Comunidade e sociedade.................................................................................................4 
1.3. O Direito Internacional Público ......................................................................................4 
2– Conceito e qualidade jurídica do direito internacional .................................................. 4 
2.1. Definição de direito internacional público ..................................................................4 
Capítulo II – História e Fundamentos do Direito Internacional .............................................6 
1– Antecedentes remotos ............................................................................................................ 6 
2– Idade Média e “Respublica Cristiana” ................................................................................ 6 
Caracterização da Respública Cristiana: ...........................................................................7 
Bases da Respública Cristiana: .............................................................................................7 
3– O Trânsito para a modernidade ............................................................................................ 8 
3.1. O colapso da Respublica Christiana .............................................................................8 
3.2. A época Ibérica e a Escola Peninsular.........................................................................8 
3.3. As guerras religiosas e o Tratado de Vestefália .......................................................9 
3.4. Hugo Grócio e o Jusnaturalismo Secularizado ...................................................... 10 
3.5. A Época Francesa e o Direito Internacional ............................................................ 10 
Caracterização histórica e ideológica .............................................................................. 10 
Desenvolvimentos no DIREITO INTERNACIONAL ......................................................... 11 
4– O Direito Internacional Contemporâneo .......................................................................... 11 
4.1. Equilíbrio de Poderes e “Concerto Europeu” ......................................................... 11 
4.2. Tratado de Versalhes e a SDN ..................................................................................... 12 
4.3. CARTA DAS NAÇÕES UNIDAS .................................................................................... 12 
4.4. Fundamentos materiais do DIREITO INTERNACIONAL contemporâneo ....... 12 
5– Características atuais do DIREITO INTERNACIONAL ................................................. 13 
5.1. O DIREITO INTERNACIONAL à luz dos modelos das relações internacionais
 ....................................................................................................................................................... 13 
5.2 – A sociedade global ........................................................................................................ 13 
5.3 – Expansão do DIREITO INTERNACIONAL ............................................................... 13 
Capítulo III – Fontes do Direito Internacional .......................................................................... 14 
1– O elenco tradicional das fontes .......................................................................................... 14 
1.1. Artigo 38.º do Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça ......................... 14 
1.2. As convenções internacionais – al. a) ................................................................... 14 
Função ........................................................................................................................................ 15 
Forma .......................................................................................................................................... 15 
2 
 
Modo de conclusão ................................................................................................................. 15 
Objeto .......................................................................................................................................... 15 
Alcance geográfico ................................................................................................................. 15 
Partes .......................................................................................................................................... 15 
1.3. O costume internacional – al. b) .............................................................................. 15 
Costume selvagem .................................................................................................................. 17 
1.4. Os princípios gerais do direito internacional – al. c)......................................... 18 
Valores ........................................................................................................................................ 18 
Princípios ................................................................................................................................... 18 
Regras ......................................................................................................................................... 18 
princípios gerais de direito internacional em especial ................................................ 19 
Princípios gerais do direito (na sua relevância jurídico internacional) .................. 19 
1.5. A jurisprudência internacional – al. d) ................................................................... 20 
1.6. A doutrina – al. d) ......................................................................................................... 20 
1.7. Decisões “ex aequo et bono” ................................................................................... 20 
1.8. Outras fontes de dip.................................................................................................... 20 
2– O problema da hierarquia das fontes ................................................................................ 21 
2.1. A hierarquia das fontes como questão doutrinal ............................................... 21 
2.2. Elementos constitutivos da hierarquia .................................................................. 21 
3– O Direito Internacional e o Direito Interno ....................................................................... 22 
3.1. As doutrinas tradicionais .......................................................................................... 22 
3.2. A Jurisprudência Internacional e o Primado do Direito Internacional ........ 24 
3.3. O problema no direito constitucional comparado ............................................. 24 
Estados Unidos da América ................................................................................................. 25 
Holanda ....................................................................................................................................... 25 
Brasil ...........................................................................................................................................25 
Reino Unido ............................................................................................................................... 25 
Alemanha ................................................................................................................................... 25 
França ......................................................................................................................................... 25 
3.4. Tendências atuais ....................................................................................................... 26 
4– O problema na CRP 1976 ...................................................................................................... 26 
4.1. Premissas fundamentais ........................................................................................... 26 
4.2. Receção do direito internacional pelo direito interno ...................................... 27 
4.3. Análise dos dados normativos relevantes ........................................................... 27 
Capítulo IV – Sujeitos do Direito Internacional ....................................................................... 31 
1– Considerações gerais ............................................................................................................ 31 
2– O Estado ..................................................................................................................................... 31 
3 
 
Soberania interna .................................................................................................................... 32 
Soberania externa ................................................................................................................... 32 
2.1. Elementos constitutivos do estado ........................................................................ 32 
Superfície Terrestre ............................................................................................................... 33 
Mar Territorial ........................................................................................................................... 34 
Alargamento da Jurisdição Estadual ................................................................................ 34 
Espaço aéreo ............................................................................................................................ 34 
2.2. O regime jurídico-internacional dos Estados ...................................................... 37 
3 – Organizações internacionais .............................................................................................. 39 
Organização das Nações Unidas ........................................................................................ 41 
4 – Sujeitos especiais de direito internacional .................................................................... 42 
Capítulo V – Direito dos Tratados ............................................................................................... 43 
1 – Considerações gerais ........................................................................................................... 43 
2 – A Vinculação Internacional do Estado Português na CRP ........................................ 44 
2.1. A expressão do consentimento nacional ............................................................. 44 
2.2. Tratados e Acordos ........................................................................................................ 47 
3 – O Direito Internacional dos Tratados ............................................................................... 47 
3.1. Negociação e Ajuste dos Tratados ........................................................................ 48 
3.2. Adoção e Manifestação do Consentimento ......................................................... 48 
3.3. As Reservas aos Tratados ........................................................................................ 48 
3.4. Vigência dos tratados ................................................................................................ 48 
3.5. A aplicação e cumprimento dos tratados............................................................. 49 
3.6. A validade dos tratados ............................................................................................. 50 
Capítulo VI – Direito internacional dos direitos do homem ................................................. 53 
1 – O indivíduo como sujeito de Direito Internacional ....................................................... 53 
2 – Fundamentos e princípios ................................................................................................... 53 
3 – Protecção internacional dos direitos humanos ............................................................ 53 
3.1. Organização das Nações Unidas (ONU) ............................................................... 53 
3.2. Organizações regionais e direitos do homem .................................................... 55 
3.3. O papel das Organizações Não-Governamentais (ONG’s) ............................. 58 
4 – Direito Internacional Penal .................................................................................................. 58 
4.1. Desenvolvimento histórico ....................................................................................... 58 
4.2. Tribunal Penal Internacional .................................................................................... 60 
4.3. As limitações da jurisdição penal internacional ................................................. 63 
4.4. A ratificação portuguesa do TPI ............................................................................. 64 
 
 
file:///C:/Users/diana/Desktop/COLLEGE/Direito%20Internacional%20Público/resumos.docx%23_Toc504641600
file:///C:/Users/diana/Desktop/COLLEGE/Direito%20Internacional%20Público/resumos.docx%23_Toc504641602
file:///C:/Users/diana/Desktop/COLLEGE/Direito%20Internacional%20Público/resumos.docx%23_Toc504641604
file:///C:/Users/diana/Desktop/COLLEGE/Direito%20Internacional%20Público/resumos.docx%23_Toc504641606
file:///C:/Users/diana/Desktop/COLLEGE/Direito%20Internacional%20Público/resumos.docx%23_Toc504641609
4 
 
Capítulo I – A Disciplina Do Direito Internacional Público 
1 – O Direito Da Comunidade Internacional 
1.1 . Direito, sociedade e natureza humana 
1.2. Comunidade e sociedade 
 
1.3. O Direito Internacional Público 
O curso de DIREITO INTERNACIONAL começa com a abordagem da especificidade do 
DIP tradicional e desenvolve-se tendo em vista os passos que têm vindo a ser dados no 
sentido da superação do Modelo de Vestefália – 1648 a 1949 (data de assinatura da DUDH), 
na opinião do Doutor Machado, por considerar que a declaração constitui o melhor ponto 
de apoio para uma superação consequente do modelo de Vestefália, visto que esta 
assinala a emergência do indivíduo como sujeito de direito internacional. Para alguma 
doutrina, a delimitação deste modelo pode ser de 1648 a 1878 (Congresso de Viena), 
quando começam a surgir os “non state actors” na cena internacional. 
 Sujeitos do DIREITO INTERNACIONAL: Tradicionalmente, estados soberanos; a partir 
da segunda metade do século XIX, surgem as organizações internacionais (OI); 
no século XX, o indivíduo assume-se também como sujeito, bem como as 
Organizações não-governamentais (ONG). 
 Objeto do DIREITO INTERNACIONAL: Inicialmente, as relações entre Estados, e 
posteriormente as relações entre estados e OI – nota-se uma profunda 
transformação, pois o DIREITO INTERNACIONAL funciona cada vez mais como 
direito interno de uma hipercomplexa sociedade civil internacional, enquanto 
realidade distinta da mera soma dos Estados que a constituem, alargando a sua 
aplicabilidade ao direito interno dos mesmos; assume um relevo fundamental na 
definição da existência dos Estados, no enquadramento normativo das relações 
diplomáticas, na disciplina jurídica dos tratadosinternacionais, na regulação do 
comércio internacional, na tutela dos direitos humanos e na proteção do 
ambiente. 
 Procedimento do DIREITO INTERNACIONAL: normas de procedência internacional, 
formalmente distintas do direito interno (o que não invalida que hoje uma boa 
parte do DIREITO INTERNACIONAL tenha como objetivo primordial tornar-se direito 
interno de todos os Estados, diretamente aplicável pelos respetivos operadores 
jurídicos, muito para além da disciplina jurídica das relações entre os Estados. No 
que diz respeito aos conteúdos, o DIREITO INTERNACIONAL tem vindo a conhecer 
importantes avanços em sede de codificação jurídica; são eles que permitem 
que se fale do Império da lei na comunidade internacional, ou seja, do 
desenvolvimento de uma comunidade internacional subordinada ao direito. O 
DIREITO INTERNACIONAL é hoje uma realidade muito complexa, distribuindo-se 
por diferentes níveis (integra o direito internacional relacional (entre estados), 
institucional (OI) e da sociedade internacional globalmente considerada. 
2 – Conceito e qualidade jurídica do direito internacional 
2.1. Definição de direito internacional público 
A doutrina sublinha que não existe uma definição geralmente válida e consensualmente 
aceite de direito internacional, havendo mesmo teóricos proeminentes, como Hobbes, que 
colocaram em causa a existência de um verdadeiro DIREITO INTERNACIONAL. Ainda há 
alguns que falam numa ética ou moralidade internacional, mas não de DIREITO 
INTERNACIONAL. No entanto, para a maioria, faz todo o sentido a existência de DIREITO 
INTERNACIONAL como: 
 
Conjunto de normas que, num dado momento, disciplinam a comunidade internacional e regulam as 
relações que no seu seio se estabelecem entre Estados, OI, particulares e outros sujeitos suis generis, 
definindo os respetivos direitos e deveres. 
5 
 
A procedência, a relevância e a incidência inter-estadual do DIREITO INTERNACIONAL 
tem-lhe conferido uma natureza e função coordenativa; tendo sido tradicionalmente, 
acima de tudo, um direito das relações entre Estados, hoje é claro que o DIREITO 
INTERNACIONAL transcende largamente esse domínio – a doutrina considera-o “direito 
comum da humanidade”, num estado inicial e precário de evolução, com uma 
configuração bastante complexa e multifacetada. A evolução do DIREITO INTERNACIONAL 
tem como consequência (e tal como já acontece no direito interno), o esbatimento 
significativo da distinção entre direito público e direito privado. 
Para compreendermos melhor a qualidade jurídica do direito internacional, 
comparamos as suas características com as do direito interno: 
Direito interno Direito internacional 
▪ Existência de instituições com 
competência legislativa claramente 
identificadas 
▪ Determinação constitucional e legal 
dos principais procedimentos 
normativos, e clarificação das regras 
de competência e hierarquia que 
permitem a articulação das diversas 
fontes de direito 
▪ Criação e organização de tribunais 
▪ Existência de uma administração 
para prevenir e reprimir violações 
da lei e para executar as sentenças 
▪ Inexistência de um órgão legislativo ou executivo 
centralizado – nem a ONU, apesar da sua importância, 
pode ser vista como um parlamento mundial, nem os 
tratados internacionais podem ser considerados 
equivalentes à lei, já que dependem da negociação, do 
compromisso e do consentimento. 
▪ Inexistência de procedimentos normativos claramente 
definidos – apesar de se tentar colmatar esta lacuna através 
de documentos como a Convenção de Viena sobre o Direito 
dos Tratados 
▪ Inexistência de um sistema de tribunais dotados de 
jurisdição compulsória análogo ao dos ordenamentos 
normativos nacionais, aliado a um sistema de sanções 
centralizado – O TIJ e todas as instâncias jurisdicionais 
internacionais dependem do consentimento dos Estados. 
No entanto, esta situação tem vindo a conhecer 
aperfeiçoamentos significativos (aumento de tribunais 
internacionais e efetivação das respetivas sentenças) 
▪ Inexistência de uma administração de polícia para prevenir 
e reprimir violações do DIREITO INTERNACIONAL (apesar 
de se verificarem desenvolvimentos muito significativos 
neste domínio nos últimos anos) 
 
Apesar das suas fragilidades, o DIREITO INTERNACIONAL não é inoperante – sem a sua 
observância as relações internacionais eram praticamente impossíveis. Isso confere-lhe um 
grande interesse prático, assistindo-se a um aumento considerável do âmbito e frequência 
da litigância internacional. 
A ocorrência de violações de uma norma jurídica não significa a sua invalidade, 
ineficácia ou falta de vigência, como também se pode observar no direito interno. 
 
 
 
 
 
 
Questão 
entregue aos 
tribunais para 
apreciação 
Direito internacional público: sistema 
jurídico autónomo, tendo em vista a 
disciplina jurídica nas relações jurídicas que 
se desenvolvem no seio da sociedade 
internacional, em especial as relações 
interestaduais 
Direito internacional privado: estudo das 
regras de conflitos emanadas do direito 
interno pertinentes para resolução de 
questões jurídicas com pontos de contacto 
entre diferentes ordenamentos jurídicos 
6 
 
Capítulo II – História e Fundamentos do Direito 
Internacional 
1 – Antecedentes remotos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 – Idade Média e “Respublica Cristiana” 
 
No mundo ocidental, a Idade Média constitui uma importante fase do desenvolvimento 
histórico do moderno direito internacional; vamos centrar-nos na categoria teológico-
política da Respublica Christiana, mas mesmo antes dela já o pensamento cristão avançava 
com contributos para a reflexão sobre o direito internacional. Agostinho de Hipona sublinha 
o caráter de ultima ratio do recurso à força em situações muito graves (sendo sempre 
produto de um mundo decaído e pecaminoso), adverte para a futilidade da procura da 
paz com o objetivo de fruir dos bens mundanos (levará sempre à guerra) e defende que a 
lei natural foi divinamente inscrita nos corações dos homens. 
 
 
 
7 
 
conversão do 
Imperador 
Constantino ao 
Cristianismo
Édito de Milão de 
tolerância 
religiosa
oficialização do 
Cristianismo 
como religião do 
Império Romano
Queda do Império 
Romano
a avocação de 
dignidade 
imperial por parte 
do bispo de Roma
A Respublica Christiana foi desenvolvida a partir de uma sucessão de acontecimentos: 
 
 
 
 
 
Caracterização da Respública Cristiana: 
A premissa de que se parte consiste na afirmação da autoridade última do Papa nas 
relações entre Monarcas, esvanecendo a distinção entre o direito natural e o direito positivo. 
À medida que o poder papal se consolida, ele começa a auto-compreender-se como 
Dominus Mundi, reclamando o poder de proceder o reconhecimento de reis e monarcas 
(exemplo português muito significativo), de distribuir a terra e o mar e de declarar a guerra justa. 
Toda a realidade era entendida em termos religiosos. O culminar das pretensões papais 
de poder espiritual e temporal ocorre com Bonifácio VIII, que idealizava um sistema em que 
os Estados católicos constituíssem uma unidade política, ficando todos os monarcas 
subordinados ao Papa (apoiado por Tomás de Aquino). 
Apesar de se pretender edificar uma monarquia mundial de supremacia papal de jure, 
muitos monarcas defendiam as prerrogativas dos seus reinos e principados. 
 
 
 
 
 
Bases da Respública Cristiana: 
 Pretendia-se assente na verdade objetiva centralizada e unilateralmente proclamada 
pelo Papa, e passível de adjudicação coerciva (através da inquisição sobretudo) 
 
 Tinha como base uma sociedade ordenada de forma piramidal, a partir de uma base 
económica e social fundiária, estamental e feudal, assente numa ordem natural, 
divinamente estabelecida. Contestá-la seria um ato de rebelião e blasfémia. Apesar 
disso, a autoridade do Papa é frequentemente contestada, existindo uma profunda 
tensãoentre o Papa e os Imperadores que pretendem reconstruir o Império Romano. 
 
É nesta conjuntura atribulada que ao longo de séculos se assistem a importantes 
desenvolvimentos normativos e doutrinais que terão um papel decisivo na formação e 
consolidação daquilo que virá a ser o DIP moderno: 
❖ No âmbito do direito do mar – assume particular relevo a obra Direito do Mar de Rhodes, 
de origem bizantina. O direito consuetudinário desempenha um papel crucial na 
resolução de conflitos de pretensões no alto mar. A conceção do mare clausum 
avançada pelo Tratado de Tordesilhas é decisiva. A Lex Mercatoria regula o comércio no 
seio da Liga Hanseática, das Cidades-estado italianas e da bacia do Mediterrâneo. 
❖ No âmbito do direito da guerra – Desenvolve-se o conceito de guerra justa. Proíbe-se a 
guerra privada, sendo em regra necessária a autorização de um monarca; os monarcas 
cristãos procuravam normalmente a autorização do Papa para entrarem em guerra uns 
com os outros. 
subsequente 
O fundamento material das relações entre esses vários reinos consistia: 
▪ Na realização de um ideal teológico-confessional (religioso) comum 
▪ Na subordinação ao direito natural 
▪ Na partilha de valores fundamentais de autoridade, hierarquia e tradição 
Era esta a base do “Consenso da Cristandade”. 
 
8 
 
❖ No âmbito do direito dos tratados – a celebração de múltiplos tratados com o objetivo 
de resolver disputas territoriais, bem como de importantes tratados comerciais. 
❖ No âmbito do direito de legação – aparecimento das embaixadas permanentes, 
nomeação de embaixadores plenipotenciários e a afirmação do princípio da 
inviolabilidade das embaixadas. 
Em suma, este período histórico teve uma importância decisiva no desenvolvimento do direito 
internacional. Foi largamente graças à sua associação com a “missão evangelizadora e 
civilizadora” da cristandade que o direito internacional de base europeia alargou 
progressivamente a sua influência à África, às Américas, à Ásia e ao Pacífico. 
3 – O Trânsito para a modernidade 
3.1. O colapso da Respublica Christiana 
O advento da modernidade fornece o contexto histórico-político do desenvolvimento 
do direito internacional tal como o conhecemos. 
O principal acontecimento que lhe serve de base consiste na Reforma Protestante, que 
teve irremediavelmente consequências na desconstrução e destruturação da Respublica 
Christiana, pondo em causa a sua unidade religiosa e recusando os seus fundamentos de 
autoridade. Veio a altera radicalmente o rumo dos desenvolvimentos políticos, jurídicos e 
culturais do Ocidente, e, tendo propiciado a quebra da unidade político-religiosa da 
Cristandade, esteve na base de graves conflitos religiosos, um pouco por toda a Europa. 
3.2. A época Ibérica e a Escola Peninsular 
A época Ibérica (ou época espanhola para alguma doutrina) é o período de tempo 
desde o Tratado de Tordesilhas (1494) até à Paz de Vestefália (1648), caracterizado pelo 
declínio político, cultural, militar e económico da Península. 
Enquadramento histórico: 
1) A derrota da invencível armada do Rei Filipe II (I) contra a Grã-Bretanha, em 1588, 
destruiu o domínio espanhol (e português) e a doutrina do Mare Clausum, 
alicerçadas no Tratado de Tordesilhas, alterando decisivamente o curso da história. 
2) O direito internacional passa a ser confrontado maioritariamente pelas potências 
protestantes, em detrimento do papado e das potências católicas em declínio. 
3) Levanta-se o problema do reconhecimento de novos estados, a propósito das 
pretensões de independência da Holanda face à Espanha – tese católica (direitos 
de intervenção do papa e suas prerrogativas de investidura e deposição dos 
monarcas) vs tese protestante (soberania popular, auto determinação dos povos, 
direito da resistência contra tiranos). 
Escolástica tardia: 
Neste contexto, merece referência especial a escolástica tardia, destacando-se: 
Francisco Vitória – da escola de Salamanca 
Dá um importante contributo para a 
desconstrução crítica da R.C. 
Francisco Suaréz – professor em Roma, Coimbra 
e Salamanca. Contribuições: 
▪ Rejeita o poder papal universal 
▪ Sustenta a ideia de uma comunidade global, 
alicerçada no direito e na razão natural e na 
procura de uma paz dinâmica, superando a R.C. 
▪ Constrói o conceito de guerra justa bilateral 
(entre príncipes cristãos, quando houver razão de 
um lado e boa fé do outro) 
▪ Defende o título espanhol sobre terras 
ultramarinas com base na sua descoberta e não 
em bulas papais 
▪ Distinção entre ius genium externo e interno 
▪ Legitimação do poder político do monarca pela 
transferência do poder do povo (t. soberania popular) 
▪ Distinção entre bellum defensivum/agressivum 
▪ Defesa das prerrogativas papais de reconhecimento 
e deposição do rei 
▪ Defesa do tiranicídio de monarcas heréticos depostos 
▪ Defesa de uma argumentação baseada no plano 
teológico, mais do que jurídico 
9 
 
Estes dois autores foram importantíssimos, pois abriram temas que iriam frutificar nos séculos 
seguintes, desenvolvendo importantes conceções de direito internacional e de 
jusnaturalismo. No entanto, entende-se ainda um cunho pré-moderno à sua visão do mundo 
e do Direito. A verdadeira rotura doutrinal que permitirá o desenvolvimento do moderno 
direito internacional surgirá com o jurista holandês e teólogo protestante arminiano Hugo 
Grócio (embora a doutrina não considere particularmente relevante a discussão em torno 
da paternidade do direito internacional). 
Outras menções importantes: 
▪ No panteão têm lugar todos os publicistas eminentes que contribuíram para o 
desenvolvimento do direito internacional tal como o conhecemos. 
▪ O jesuíta português Frei Serafim de Freitas, na sua obra De Ivsto Imperio 
Lvsitanorum Asiatico, de 1625, e em resposta a Hugo Grócio, avança uma 
apologia do império católico ibérico – esta era sustentada já numa 
argumentação de tipo jusnaturalista, embora ainda enformada pelos temas e 
imagens da Respublica christiana, centrados na defesa intransigente das 
prerrogativas papais. 
3.3. As guerras religiosas e o Tratado de Vestefália 
 Uma guerra particularmente violenta de natureza político-religiosa foi a chamada Guerra 
dos Trinta Anos (1618-1648), entre o Imperador Fernando II da casa Germano-austríaca dos 
Habsburgos e a Holanda, a Suíça e a França, que se opuseram ao seu desejo de consagrar 
o sacro Império Romano-Germânico. O catolicismo falhou mais uma vez na supressão do 
protestantismo, e no plano político o Sacro Império e a República Cristã cederam perante o 
Estado soberano moderno. 
O tratado que marca o fim desta guerra é o Tratado de Vestefália, assinado entre Fernando 
III e Luís XIV, em 24 de outubro de 1648. Este: 
❖ Foi a primeira afirmação da tolerância religiosa no plano internacional. 
❖ Teve uma enorme importância na evolução histórico-política, constitucional, e 
jurídico-internacional subsequente. 
❖ Desempenhou um papel de garantia coletiva. 
❖ Está na base do surgimento do DIP (pelo menos do Ius Publicum Europaeum – direito 
público europeu) do ponto de vista do direito internacional 
A sua importância reside fundamentalmente nos cinco pontos seguintes: 
1) Afirmação do tratado internacional como figura central na conformação dos 
Estados – relevo dos valores da igualdade soberana e voluntariedade das 
relações internacionais no direito internacional 
2) Afirmação dos Estados como domínios políticos e religiosos independentes do 
poder temporal do Papa e do Imperador – Estados soberanos – estando na base 
do surgimento de uma pluralidade de Estados europeus independentes 
3) Introdução do princípio da tolerância religiosa no centro da construção 
normativa e doutrinal do direito público nacional e internacional. 
4) Procede ao reconhecimento da independência da Holanda e da Confederação 
Helvética conduzindo à primazia de um novo princípio de soberania popular e 
abrindo as portas àdoutrina do contracto social. 
5) Lançou as bases para a desconfessionalização e secularização da política, do 
Estado e do direito, nacional e internacional – afirmação dos princípios da 
autonomia individual, da democracia, e do Estado de direito. 
 
 
10 
 
Desconfessionalização do direito natural – novo conjunto 
de princípios racionalmente acessíveis aos indivíduos em 
condições reais ou hipotéticas de igual liberdade 
Progressiva secularização do 
direito internacional 
Surge o jusnaturalismo racionalista - apontando para um 
direito válido, mesmo se Deus não existisse: existem princípios 
de direito naturais susceptíveis de captação pela razão, válidos 
mesmo na hipótese de Deus não existir (impensável para H. G.) 
3.4. Hugo Grócio e o Jusnaturalismo Secularizado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Teoria Jusnaturalista de Hugo Grócio: 
1) Sustenta o livre arbítrio individual e a autoridade última da Bíblia, em detrimento 
da autoridade papal 
2) Tenta teorizar DIREITO INTERNACIONAL com neutralidade entre as fações 
religiosas em confronto no seu tempo. 
3) Defende a existência de um direito comum entre as nações, igualmente válido 
na guerra e na paz, deduzido da natureza humana e incorporado na própria 
estrutura moral do universo. 
4) Apoia-se em autores clássicos para demonstrar a universalidade e 
intemporalidade dos princípios normativos do direito internacional, que 
vinculam o próprio Deus, contestando as decisões e autoridade do Papa. 
5) Defende a existência do direito em qualquer domínio das relações 
internacionais 
6) A primazia do direito natural decorre do carácter de Deus e da propensão 
humana para a sociedade e para a organização da vida individual e coletiva 
de acordo com princípios de moralidade e inteligência. 
7) Baseia-se na racionalidade e validade universal dos princípios universais de 
direito natural para defender, para a Holanda, o direito de resistência contra 
tiranos e a sua autodeterminação como povo oprimido. 
8) Preconiza um DIREITO INTERNACIONAL apoiado na primazia das potências 
cristãs, católicas e protestantes, embora com importantes aberturas 
universalistas. 
3.5. A Época Francesa e o Direito Internacional 
Foi uma época de significativo fortalecimento da França no plano internacional, adquirindo 
esta peso no desenvolvimento do DIREITO INTERNACIONAL e consular; decorreu entre 1648 e 
1815. 
Caracterização histórica e ideológica 
▪ O Tratado de Paz de Paris, que põe fim à guerra dos 7 anos, reafirma o princípio do equilíbrio 
dos poderes, mencionado no Tratado de Vestefália, como regulador das rel. entre Estados 
soberanos absolutistas – França na lide da Diplomacia. 
▪ O absolutismo monárquico, que dominava a constituição dos Estados europeus constituía um 
entrave à primazia do direito internacional. Como focos de resistência do direito internacional 
sustentam-se autores como Milton, Locke ou Kant, que defendiam o direito natural, o contrato 
social e a separação de poderes – aprofundando as ideias de H.Grócio de fundamentação 
do direito internacional no direito natural racional. – Absolutismo vs Jusnaturalismo racional 
A partir das obras de Albérico 
Gentili e sobretudo Hugo Grócio 
 
11 
 
 
4 – O Direito Internacional Contemporâneo 
4.1. Equilíbrio de Poderes e “Concerto Europeu” 
 
 
 
 
Ideias-chave: Positivismo, nacionalismo, 
secularização e expansão do direito 
internacional, conferências internacionais 
Caraterização: 
1) (Re)crescimento dos valores nacionalistas, como reação contra o imperialismo 
revolucionário universalista de Napoleão. 
2) Época fortemente marcada pela Realpolitik e pela tentativa de conseguir um 
equilíbrio de poderes entre as potências imperialistas europeias. 
3) Aumento da importância dos tratados internacionais nas relações de direito 
internacional 
4) Superioridade económica, tecnológica e militar das potências europeias e 
desconsideração dos outros povos como incultos – tensão entre o expansionismo 
colonialista dos povos imperialistas e o direito de autodeterminação. 
5) Desenvolvimento, no séc. XIX, dos transportes, comunicações e armar mortíferas 
como fator de desenvolvimento do direito internacional 
6) Confirmação da tolerância religiosa como trave-mestra das relações internacionais – 
característica expressiva do Tratado de Vestefália 
7) São organizadas as primeiras conferências europeias de direito internacional – a 
propósito das normas relativas aos conflitos armados; proliferação destas e seu 
desenvolvimento. 
8) Realização das Conferências de Haia, em 1899, e decorrente instituição do Tribunal 
Permanente de Arbitragem, em 1907 (até 1917) 
9) Progressiva expansão do direito internacional através de numerosas conferências e 
convenções, apoiado em conceções positivista. 
10) Primazia do direito positivo sobre o direito natural, considerado vago e 
controverso, dado o aumento do recurso aos t.i. e à arbitragem. Darwinismo 
compromete igualmente o dir. natural. 
11) Vontade e relações de poder entre Estados soberanos vistas como única 
fonte de obrigações internacionais, sustentando a tese positivista do “Darwinismo Social”. 
Desenvolvimentos no DIREITO INTERNACIONAL 
▪ No direito do mar, consolida-se a tese do Mare Liberum (H.Grócio), a tese do mar livre. 
▪ Desenvolvimento do direito dos tratados, apoiado no princípio pacta sunt servanda, na 
emancipação política relativamente ao poder papal e no aperfeiçoamento técnico-legislativo. 
Época predominantemente grociana; afirmação dos tratados internacionais como instrumento 
primacial na validação da aquisição de novos territórios, e como instrumento subordinado ao 
direito natural a quem todas as nações devem obediência. 
▪ Desenvolvimento do direito de mercadoria, do qual se destaca o reconhecimento de 
personalidade jurídica e do direito de propriedade aos estrangeiros. 
▪ No direito da guerra, a existência da delegação real do direito de declarar guerra em caso de 
violação de direitos territoriais exclusivos. 
▪ Desenvolvimento nos direitos humanos: destaque, entre vários autores, a Vattel, cuja obra “Droit 
des Gents” ajudou na desconfessionalização, secularização e racionalização do direito 
internacional – sem nunca entrar em ruptura com o direito natural – mais do que a H.Grócio, 
cultivando a defesa da liberdade de consciência individual e de religião, censurando as guerras 
santas, contrárias ao direito internacional 
transição do direito natural para o 
positivismo jurídico até ao fim da 1.ªGM 
 
12 
 
4.2. Tratado de Versalhes e a SDN 
 
 
 
 
 
Caraterização: 
Em anexo ao Tratado de Versalhes, criação do Pacto da Sociedade das Nações, foi 
criada uma organização internacional de relevo central na ordem internacional da época, 
a SDN, que visou a manutenção da paz e a universalidade do direito internacional e 
procurou proteger as minorias éticas. Tinha ainda como objetivo codificar e sistematizar o 
direito internacional, garantindo-lhe maior certeza e segurança. 
No entanto, a SDN falhou rotundamente, tendo servido de base à posterior criação das 
Nações Unidas. 
Criou-se o Tribunal Permanente de Justiça Internacional (1921) – o qual viria a ser 
substituído, em 1946, pelo TIJ (Tribunal Internacional de Justiça) – e a O.I.T. (Organização 
Internacional do trabalho). 
Verificou-se uma crescente preocupação com os direitos fundamentais dos indivíduos e 
não somente nas relações entre Estados. 
Proliferaram as Organizações Internacionais. 
4.3. CARTA DAS NAÇÕES UNIDAS 
Enquadramento histórico: 24.10.1945, finda a 2.ª G.M. e subsequente criação da ONU 
Caracterização: 
Os princípios fundamentais da Carta da ONU alicerçam a constituição de uma ordem 
internacional, segundo alguns. 
Criou-se a figura do Conselho de Segurança das Nações Unidas, permanentemente 
integrado pelas principais potências mundiais, o que tem constituído um fator de bloqueio 
da organização, e de contestação porEstados que pretendem maior protagonismo 
internacional. Contudo, procura acomodar os Estados de terceiro mundo e pós-coloniais, 
criticando o direito internacional clássico. Na criação e configuração da ONU, há que 
destacar o contributo de Hans Kelsen. 
Assistiu-se a um alargamento material do direito internacional desde 1945, 
nomeadamente através da proteção dos trabalhadores e das minorias e da afirmação 
gradual da primazia do individuo na ordem internacional (DUDH, de 1948 e PIDCP e DESC de 
1966). 
4.4. Fundamentos materiais do DIREITO INTERNACIONAL contemporâneo 
O direito internacional adquire fundamentação a partir dos valores do pensamento 
contratualista liberal, liberdade, igualdade, consentimento, reciprocidade e imparcialidade. 
Kant e a República Mundial: 
 Assiste-se à subversão dos valores grocianos de comunidade internacional como 
sociedade de Estados face aos ideais Katianos de uma república mundial – os indivíduos são 
o fim em si mesmos, reduzindo o direito internacional, os Estados e o.i.’s a instrumentos de 
1939 
13 
 
promoção e defesa dos direitos humanos, o que parece apontar para a afirmação da 
primazia e universalidade destes direitos na ordem internacional. 
Esta república é constituída por indivíduos livres e iguais, estabelecendo entre si formas 
de cooperação alicerçadas em princípios de justiça de base racional e neo-contratualista. 
Pretende-se a estruturação do direito internacional a partir de princípios de justiça 
racionalmente aceitáveis por todos os Estados democraticamente legitimados e baseados 
no valor da dignidade da pessoa humana e no respeito pelos direitos fundamentais. 
5 – Características atuais do DIREITO INTERNACIONAL 
5.1. O DIREITO INTERNACIONAL à luz dos modelos das relações 
internacionais 
Caracterização: 
1) Surgimento de novos atores institucionais na cena internacional, de natureza 
intergovernamental (ONU), supranacional (UE, Mercosul) e não governamental (ONG’s). 
2) Afirmação do indivíduo como sujeito direito internacional 
3) Assinala-se a heterogeneidade dos Estados – tendo em conta as disparidades no 
plano institucional, ideológico, cultural, religioso, económico, territorial, demográfico, etc. 
4) Caracterização dos desafios que marcam a vida mundial no pós-guerra fria, 
através de diversos modelos explicativos das relações internacionais: FIM DA HISTÓRIA 
(F.Fukoyama); CONFLITO DE CIVILIZAÇÕES (S.Hungtinton); EQUILÍBRIO DE PODER 
(H.Kissenger); DESSECULARIZAÇÃO (P. Berger) 
5.2 – A sociedade global 
Consolidação de uma “sociedade civil global”, a qual influencia decisivamente o d.i: 
❖ Surgem novas O.I.’s na comunidade internacional 
❖ As pessoas singulares e coletivas de direito privado reforçam o seu estatuto jurídico-
internacional 
❖ Surgem organizações supranacionais (EU, Mercosul), institutos públicos internacionais 
de d.i e d.i e direito interno, sujeitos especiais de direito internacional (territórios 
internacionalizados, povos não autónomos, grupos beligerantes etc.) 
❖ Proliferação das ONG, que intensificam o papel do individuo na discussão e 
resolução de problemas internacionais, apesar de serem largamente dependentes de 
autoridades governamentais – principal manifestação da s.c.g. 
❖ As organizações religiosas internacionais são uma das dimensões mais influentes na 
ordem internacional 
❖ Destacam-se as empresas internacionais, que têm sido objeto de preocupação 
jurídica internacional 
❖ Gradual consideração dos indivíduos como sujeitos autónomos e primários do direito 
internacional 
5.3 – Expansão do DIREITO INTERNACIONAL 
O aumento da complexidade da comunidade internacional conduz ao alargamento 
das áreas do direito internacional; os tratados internacionais de alcance normativo têm 
subvertido a utilização do costume e tratados bilaterais. 
O direito internacional é hoje um genus generalissimum que compreende os mais 
variados domínios. 
A proliferação das organizações e tribunais internacionais para a resolução de litígios 
internacionais aumentam indiscutivelmente a importância normativa e prática do direito 
internacional, que é hoje um instrumento de utilização universal para possibilitar a inter-
compreensão e cooperação entre Estados, fornecendo o enquadramento normativo que 
qualifica as condutas dos Estados como lícitas ou ilícitas. 
14 
 
procura uma 
norma escrita, 
num tratado 
internacional
procurar uma 
norma não escrita 
a partir do direito 
consuetudinário
indagar os princípios de 
direito internacional que lhe 
permitam construir uma 
base argumentativa paraa 
extrair e justificar uma regra 
para o caso sub Júdice.
Capítulo III – Fontes do Direito Internacional 
1 – O elenco tradicional das fontes 
1.1. Artigo 38.º do Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça 
Este artigo contém um elenco tradicional das fontes de direito internacional, mas não se 
trata de uma enumeração taxativa das mesmas, ou seja, não estabelece uma hierarquia 
das fontes, pretendendo apenas avançar com uma sequência lógica de consideração das 
diferentes fontes de direito por parte dos juízes chamados a resolver um litígio internacional. 
Este também não é exaustivo, havendo mais fontes de DIP aplicáveis no ordenamento 
jurídico internacional e internos do que as que nele constam. 
Faria sentido falar em hierarquia de fontes de direito internacional no modelo de 
Vestefália? Não, pois neste modelo todas as fontes de direito internacional público advêm 
dos estados e dos tratados que estes celebram entre si – verifica-se uma relação de teia 
entre estas normas. 
Neste momento, já nem todas as normas são produto da vontade do estado; existem 
normas imperativas (que se impõem a todas as outras) e normas dispositivas (das quais os 
estados e os indivíduos podem dispor, até com legislação em contrário). 
Método a utilizar pelo juiz na resolução do litígio internacional: 
 
 
 
 
 
No processo, terá o juiz que se apoiar sempre nas fontes auxiliares de direito 
internacional, a saber a jurisprudência e a doutrina, ficando, contudo, sempre aberta a 
possibilidade de decisões por equidade se assim as partes entenderem. 
1.2. As convenções internacionais – al. a) 
1.2.1. Definição e Nomen Juris 
As convenções internacionais são a mais importante fonte de direito internacional: são 
acordos escrito s através dos quais os Estados contratantes se vinculam juridicamente à 
adoção de uma determinada conduta ou estabelecem relações particulares entre eles. 
Podem tomar a forma de: Tratados, Acordos, Convenções, Cartas, Convénios, 
Concordatas, Contratos, Compromissos, Pactos, Protocolos, Estatutos, Actos Gerais, 
Declarações, Concertos, Modus Vivendi, etc. – ex: Carta da ONU 
Características/ considerações 
❖ Podem criar obrigações jurídicas vinculativas e não vinculativas (morais, políticas) – 
hard law vs soft law; 
❖ Podem ser celebradas entre/por outros sujeitos de direito internacional que não os 
Estados – ONG’s p.e. 
❖ Podem celebrar-se acordos internacional não escritos – acordos tácitos; 
1.2.2. Natureza, sentido e incidência 
As convenções internacionais são uma fonte de obrigações de direito internacional, uma 
espécie de legislação substitutiva dos Estados, que exprimem a soberania e a igualdade destes. 
São instrumentos normativos de natureza jurídico-internacional, assentes no consentimento 
voluntário de dois ou mais Estados independentes e individuais. Revestem-se de uma 
importância vital para o alargamento do direito internacional, observando-se um alargamento 
15 
 
crescente das respetivas áreas de incidência. A base para a sua vinculatividade assenta no 
princípio pacta sunt servanda. 
1.2.3. Tipologia e regime jurídico 
 
Quanto a: 
 
 
 
 
 
 
 
 Função 
 
Tratados Normativos – Função quase constante de lei (lei reforçada, lei de 
enquadramento). Requerem a participação de vários Estados e 
pretendem valer universalmente (sobrepõem-se aos outrosEstados). 
Podem indicar a formação de um costume geral e vincular os Estados que 
não a subscrevam – exemplo da Carta das Nações Unidas, convenção 
sobre Genocídio, CVT, convenção sobre o direito de mar, etc. 
Tratados “Contrato” – Função de constituição de obrigações mútuas de 
execução imediata ou continuada, podendo também indicar a formação 
de costumes. 
Tratados “estatuto organizatório” – Função de criação e organização de 
uma organização ou instituição internacional. Ex: Carta das NU ou o 
Tratado da NATO 
Tratados “declaração solene” – assentam apenas no dano à reputação 
de Estados como meio de efetivação (reputational harm). 
Forma Escritas ou verbais Expressas ou tácitas (próximas do costume) 
Modo de conclusão ▪ Tratados solenes 
▪ Atos finais de uma conferência 
▪ Acordos em forma simplificada 
▪ “Gentlemen’s agreements” 
Objeto Político, militar, comercial, técnico, administrativo, procedimental, etc. 
Alcance geográfico universal, regional, local 
Partes Bilaterais e Multilaterais (que podem ser restritos ou gerais) 
 
AS CONVENÇÕES INTERNACIONAIS: 
1) Constituem fonte de obrigações mútuas, quer se tratem de convenções bilaterais ou 
multilaterais. 
2) Caracterizam-se pelo seu efeito relativo (inter partes), ou seja, não criam obrigações para 
terceiros Estados, sem o seu consentimento, expresso ou tácito, no caso de direitos, ou 
expresso no caso de deveres. 
3) Sem prejuízo do disposto em 2), podem criar efeitos universais (erga omnes) e 
desenvolverem ou constituírem costumes e princípios de alcance internacional 
4) Do mesmo modo é possível a existência excecional de tratados dispositivos suscetíveis de 
criar um regime vinculativo de terceiros Estados (v.g. tratados de delimitação de fronteiras). 
5) De um modo geral, estão sujeitas ao costume, aos princípios gerais do direito, e ao direito 
internacional imperativo (jus cogens) 
1.3. O costume internacional – al. b) 
1.3.1. Definição, características e tipos 
Reporta-se a normas não escritas, geralmente entendidas como legitimadas tácita, 
consensual e historicamente pela memória e pelo uso. Está na origem das primeiras positivações 
jur. tanto no direito internacional como no dir. interno, e mesmo nos dias de hoje permanece 
pujante no direito internacional, apesar de perder relevo diante dos tratados. Exprime o carácter 
descentralizado da comunidade internacional, caracterizando-se pela sua existência autónoma. 
O seu alcance geográfico pode ser geral, regional e local, e por vezes pode ser bilateral. 
16 
 
1.3.2. Os elementos do costume internacional 
1.3.2.1. O elemento fáctico 
O costume internacional deve ser uma prática reiterada, dotada de razoável duração 
consistência, repetição e generalidade. Não se exige uma consistência e uma uniformidade 
absolutas, embora se rejeitem práticas indeterminadas ou contraditórias. Do mesmo modo, 
não se exige universalidade, sendo suf. que seja seguida por um conjunto diversificado e 
representativo de Estados. Sobre a questão do tempo de formação do costume, o TIJ 
entendeu que se uma determinada prática tiver curta duração deve ser, pelo menos, 
uniforme e de aplicação alargada. 
1.3.2.2. O elemento psicológico 
O costume internacional presume uma convicção jurídica relevante de obrigatoriedade 
(e admissibilidade), de permissividade (sendo que a mera ausência de protesto pode ser 
vista como expressão de consentimento) ou de proibição de uma dada conduta. 
1.3.2.3. Cronologia e peso relativo 
A doutrina não se tem mostrado unânime quanto à cronologia e ao peso relativo dos 
elementos fáctico e psicológico: 
Alguns autores têm acentuado o caráter decisivo do 
elemento fáctico, por ser facilmente detetável e mensurável, 
diferentemente do elemento psicológico, que, além do mais, 
seria difícil de provar. 
Assim, a existência de uma prática constante e uniforme 
seria suficiente para fundamentar o surgimento de uma 
norma internacional, em virtude do seu efeito estabilizador de 
perspetivas e da previsibilidade que introduz nas relações 
entre Estados. O princípio da segurança jurídica e da 
proteção da confiança é desta forma afirmado pelo 
costume. 
Para este entendimento, a convicção de 
obrigatoriedade de uma norma supõe a prévia existência 
dessa norma, sendo a prática constante dos Estados a 
melhor forma de comprovar empiricamente a sua presença. 
 
 
Já para uma outra parte da doutrina 
o elemento psicológico é, realmente, o 
decisivo na formação do costume 
internacional. 
Com efeito, alguns reconduzem o 
costume a um acordo tácito entre 
Estados, do qual a prática duradoura 
constitui uma simples expressão. 
Neste sentido, alguma doutrina utiliza 
expressões como “unanimidade” ou 
“acordo geral” para sublinhar que o 
consenso normativo dos sujeitos de direito 
internacional, quando evidente e 
inequívoco, é uma fonte de direito. 
 
1.3.2.4. O elemento normativo 
Para além dos elementos fáctico e psicológico, o costume deve passar no teste da 
coerência normativa e da justiça do sistema, enquadrado num conjunto de valores, princípios 
e regras que estruturam o ordenamento jurídico internacional. Este passo pode ser importante 
no caso em que os restantes elementos se mostrem dúbios ou controversos no costume. 
Importância do elemento normativo: 
❖ Critério de qualificação do costume – indica os casos em que o costume deve ser 
abolido e quando o os Estados o violam. 
❖ Enforma o costume na medida em que o reforça, sendo que os Estados podem servir-
se do elemento normativo para firmarem o costume. 
❖ O moderno direito consuetudinário assenta tendencialmente em afirmações 
normativas de carácter geral, relegando para segundo plano a prática constante e 
uniforme, pelo que hoje o costume pode firmar-se rapidamente se repousar num 
consenso normativo alargado. 
❖ Elemento superior e anterior aos outros tanto mais quanto maior for o teor das questões 
em causa (v.g. proteção dos direitos humanos). 
Kopelsmans, Kelsen, 
Goggenheim 
Bing Cheng, Bártolo de 
Sassoferrato, Suaréz, Grócio, 
Vatel 
17 
 
❖ Importante para evitar a formação de costumes que prejudiquem os Estados mais 
fracos perante os mais fortes, no quadro de um dado equilíbrio de poderes. 6) Afirma a 
existência do costume mesmo quando um dos seus elementos tradicionais se mostre 
insuficiente. 
❖ O costume surge cada vez mais apoiada em princípios de justiça, como uma espécie 
de equidade universável. 
Contudo, um costume excessivamente apoiado em princípios normativos pode pecar por um 
defeito de legitimidade, por lhe faltar o consentimento dos Estados, na medida em que pode 
prescindir da sua prática ou convicção. 
1.3.3. O regime jurídico do costume 
Quem pretender afastar a aplicação do costume: 
❖ Tem que provar que não aceitou a sua formação desde o início da sua aplicação, 
devendo ser consistente ao longo do tempo - expressa ou tácitamente (pelo silêncio)- 
apesar de nem todas as objeções serem suscetíveis de impedir a sua formação ou de 
afastar a sua aplicabilidade. 
❖ Inviabiliza a sua utilização em seu benefício – princípio da regularidade e da não 
contradição (non venire contra factum proprium). 
❖ Pode fazê-lo motivado pela alteração superveniente das circunstâncias. 
Caracterização do regime: 
❖ Os Estados mais recentes, estão, em princípio, subordinados os costumes existentes à 
data da sua independência, valendo aqui considerações de segurança jurídica e 
proteção da confiança nas relações internacionais – carácter estruturalmente 
conservador do status quo do costume. Acresce que o novo Estado passa a poder 
participar na revisão e criação do direito internacional convencional e 
consuetudinário. 
❖ A doutrina distingue costume obrigatório e costume não obrigatório. Esta última 
qualidade diz respeito à questão do costume dito em retrogressão. 
❖ Pode a formação de um princípio geral prejudicar um costume, subvertendo-o.❖ Podem dois costumes contraditórios coexistir temporariamente, pelo que a doutrina 
prevê regras para regular tais casos, baseadas na oponibilidade, aquiescência ou no 
título histórico. 
❖ É válida a celebração de convenção internacional com o objetivo de revogar direito 
consuetudinário nas relações entre partes. 
❖ Pode a violação constante de um costume conduzir à sua eliminação, alteração ou 
substituição. 
❖ A doutrina distingue ainda costume selvagem de costume sensato: 
 
Costume selvagem Costume sensato 
Chamado a responder a alterações súbitas das circunstâncias 
normativamente relevantes, que nem sempre encontram resposta 
adequada na via convencional, propende a sublinhar o carácter 
decisivo do elemento psicológico, relegando o uso para um plano 
secundário. Porém, ao valorizar o desenvolvimento rápido de 
tendências, altera radicalmente o sentido tradicional do costume, 
reforçando os seus componentes voluntatista e quase-contratual, 
colocando em risco as exigências de precisão, clareza e 
determinabilidade das normas jurídicas, essenciais para a garantia da 
segurança jurídica e da previsibilidade das relações internacionais 
De carácter 
espontâneo e súbito, 
tende a acentuar a 
dimensão fáctica do 
uso relativamente à 
dimensão psicológica 
da convicção da 
obrigatoriedade. 
 
18 
 
1.3.4. A prova do costume 
Não sendo constituído por normas escritas, a prova do costume internacional, baseia-se 
na mobilização de determinados indícios. Exemplos: atos políticos, diplomáticos, legislativos, 
administrativos, judiciais e materiais; declarações políticas, pretensões e contra-pretensões 
dos Estados, omissões e silêncios dos Estados; arquivos históricos, jornais, publicações oficiais, 
memórias, manuais doutrinais. 
O costume pode ainda ser invocado ex officio pelo juiz. 
Nos casos em que tenha sido invocado pelas partes de um conflito internacional cabe-
lhes o respetivo ónus da prova. 
A prova do costume é um empreendimento árduo e exigente, sendo muito difícil provar o 
assentimento de todos os Estados (de um modo geral só se atestam os “indícios” de costume 
dos Estados mais representativos). 
1.3.5. As limitações do costume 
▪ Carácter estruturalmente conservador, incompatível com as necessidades atuais de 
uma comunidade internacional global. 
▪ Lentidão, no tempo atual, em afirmar-se. 
▪ Fonte de direito demasiado indeterminada, quanto à existência e conteúdo. 
▪ Nem sempre fica claro quando é que o costume cria regras ou princípios, direitos e deveres. 
▪ Fonte de direito de difícil adequação à complexidade da comunidade internacional 
▪ Acusado de exprimir as relações de poder prevalecentes, de espelhar uma realidade 
estática do direito internacional e de nem sempre ser compatível com princípios de 
justiça. 
▪ O costume mostra que o costume muda 
1.4. Os princípios gerais do direito internacional – al. c) 
1.4.1. Caracterização e natureza jurídica 
Estes princípios: 
 São relevantes na ausência de regras convencionais e consuetudinárias em 
resolução de litígios internacionais 
 Permitem a construção de normas e suprem lacunas do ordenamento jurídico. 
 Determinam o alcance e o sentido das normas convencionais e 
consuetudinárias, interpretando e integrando-as harmoniosa e coerentemente. 
Subjacente à compreensão dos princípios gerais do direito, de acordo com o respetivo 
nível de generalidade e com o modo como se resolvem colisões entre bens jurídicos, está 
uma distinção entre: 
Valores Princípios Regras 
Traduzem opções axiológicas e 
éticas fundamentais dotadas de 
um elevadíssimo grau de 
abstração, os quais carecem de 
densificação ulterior com base 
em princípios e regras 
 
Surgem como normas 
otimizáveis, dotadas de um 
elevado grau de abstração e 
generalidade, compatível 
com diferentes graus e 
formas de concretização 
 
São suficientemente 
densas e concretas 
para permitirem a sua 
aplicação em termos 
de “tudo ou nada” 
 
 
No caso de colisão, os princípios podem ser ponderados uns com os outros, ao passo que as 
regras podem ser afastadas através de outras regras excecionais. 
Tanto os princípios como as regras podem ter como fundamento material certos valores ou 
bens jurídicos. 
19 
 
Quanto à sua natureza, perfilham-se diferentes posições doutrinais, tantas quanto as 
várias teorias do direito. Para a tese jusnaturalista, os princípios constituem expressão do 
direito natural. Para o curso, é inegável que pela via dos princípios gerais do direito é 
incorporado no direito internacional contemporâneo um amplo lastro de princípios 
sedimentados no quadro da milenar de direito natural, sintetizada por autores como Grócio, 
Pufendorf ou Vattel, bem como os mais recentes desenvolvimentos normativos e principais 
do constitucionalismo liberal, sintetizados por autores como Locke e Kant, e que têm vindo a 
der transpostos para o direito internacional, principalmente depois da 2ªGM. 
É possível distinguir uma versão nominalista do jusnaturalismo, que concebe os princípios 
como fórmulas sintéticas ou indutivas de normas gerais de direito consuetudinário e 
convencional pré-existente, bem como de princípios gerais do direito aceites in foro domestico. 
1.4.2. Funções dos princípios de direito internacional 
 Exprimir e densificar normativamente a ordem de valores jurídica ou internacional 
 Assegurar a coesão do direito internacional, ou seja, a sua coerência axiológica 
e normativa. 
 No entender do Doutor J. Machado, os princípios de direito internacional 
contribuem para diminuir o espaço de manobra do seu relativismo fundamental 
 Estabelecer os limites do diálogo interpretativo jurídico-internacional 
 Assegurar uma unidade substancial entre o direito interno e o direito 
internacional, do ponto de vista de uma perspetiva monista 
1.4.2. Os vários princípios e o seu alcance 
Quando se fala nos princípios gerais de direito internacional convém ter presente a 
necessidade de distinguir entre: 
princípios gerais de direito 
internacional em especial 
Princípios gerais do direito (na sua relevância 
jurídico internacional) 
▪ Igualdade soberana dos Estados 
▪ Reciprocidade 
▪ Resolução pacífica dos conflitos 
▪ Responsabilidade internacional dos 
Estados 
▪ Não ingerência nos assuntos internos de 
outros estados 
▪ Direito de autodeterminação dos povos 
▪ Boa-fé no cumprimento dos acordos 
▪ Proteção dos direitos humanos 
▪ Proteção do meio-ambiente 
▪ Livre circulação de ideias e informações 
▪ Proporcionalidade em sentido amplo 
▪ Boa-fé 
▪ Proteção da confiança 
▪ Non venire contra factum proprium ("ninguém pode 
comportar-se contra os seus próprios atos”) 
▪ Garantia de due process 
▪ Responsabilidade e compensação de danos 
▪ Proibição de ser juiz em causa própria (nemo iudex in 
res sua) e de beneficiar da sua própria torpeza (nemo 
audiatur propriam turpidinem allegans) 
 
Igualmente relevantes podem ser alguns institutos do 
direito interno, bem como princípios de interpretação 
ou de direito contratual. 
 
Nem sempre é fácil distinguir a origem de um princípio; a doutrina tem salientado que a transposição 
dos princípios de direito interno para o direito internacional deve ser particularmente cautelosa, 
porque nem tudo o que vale no primeiro pode valer no segundo. 
Em todo o caso, os princípios gerais do direito internacional podem ter um importante papel no 
reforço da proteção dos direitos humanos, pois transpõem para o direito internacional importantes 
garantias do Estado de Direito. 
Alguns destes princípios são de difícil aplicação prática, na medida em que não existe um sistema 
centralizado e coercivo para impor a sua observância. De um modo geral, a doutrina sublinha que se 
trata de uma fonte de direito adotada de um alcance relativamente limitado (TPJI e TIJ). Em todo o caso, 
deve realçar-se a função metódico-hermenêutica dos princípios de direito internacional, querna 
interpretação de todo o sistema jurídico, quer na integração das lacunas que nele se possam alujar. 
20 
 
1.5. A jurisprudência internacional – al. d) 
Refere-se a decisões dos tribunais internacionais; é um meio auxiliar de determinação da 
existência e conteúdo de normas de direito internacional. Não é uma verdadeira fonte de 
direito internacional, mas sim um meio subsidiário, de importância fundamental. 
Alcance: encontra-se por referência aos principais tipos de decisões das instâncias 
internacionais, sobretudo as do TIJ, as quais têm força de caso julgado, efeitos inter-partes, e 
servem de referência para os demais tribunais. 
Importância: 
▪ Indicam a formação do costume ou de princípios gerais de direito. 
▪ Indispensável para a garantia da coerência jurisprudencial, bem como para a 
credibilidade do direito internacional 
▪ Promove os valores da justiça, igualdade e segurança jurídica no direito 
internacional, encorajando a resolução pacífica dos litígios entre Estados. 
1.6. A doutrina – al. d) 
Constituída pela opinião dos cultores do direito internacional. Constitui mais um meio 
auxiliar de determinação de conteúdo, existência e sentido do direito internacional 
Importância: 
▪ Papel de diversificação, densificação, sistematização e investigação no direito 
internacional 
▪ Papel de interpretação do direito internacional 
▪ A sua importância foi-se perdendo à medida que o dir. natural perdeu peso e os 
Ministérios dos Negócios Estrangeiros foram integrando os seus próprios juristas no 
direito internacional 
▪ Tende a interiorizar preconceitos nacionais, pelo que nem sempre é neutral e isenta 
▪ Dá conta da existência de divergências entre diferentes teorias e opiniões de 
cultores de direito internacional 
1.7. Decisões “ex aequo et bono” 
Reporta-se ao método a que os tribunais devem lançar mão no caso de a aplicação 
estreita das normas de direito internacional se mostrarem especialmente inoportunas e 
inconvenientes, nos casos em que o direito internacional fornece uma solução injusta ou, por 
qualquer outro motivo, indesejável. 
São uma combinação casuística de princípios e de normas de justiça, imparcialidade, 
igualdade, moralidade, boa fé, proporcionalidade em sentido amplo, segurança jurídica, 
proteção da confiança, estabilidade, eficácia e eficiência, interesse público, etc. 
Importância: 
▪ Integração de lacunas 
▪ Adaptação de normas relevantes às particularidades do caso (critério de 
complementação do direito); 
▪ Fonte autónoma do direito internacional, atendendo ao recurso crescente da 
mesma na litigância internacional 
1.8. Outras fontes de dip 
▪ Documentos diplomáticos; 
▪ Decisões dos tribunais nacionais sobre questões internacionais 
▪ Atos emanados das OI’s de conteúdo normativo, administrativo e jurisdicional; 
▪ Atos unilaterais: atos imputáveis a um sujeito único de direito internacional – 
notificações, protestos, renúncia, promessa; 
▪ Soft law – direito não vinculativo, não decisivo, de boa fé. 
21 
 
2 – O problema da hierarquia das fontes 
2.1. A hierarquia das fontes como questão doutrinal 
Uma questão que é naturalmente objeto de atenção por parte da doutrina prende-se com 
saber até que ponto é possível sustentar e clarificar a existência de uma hierarquia das várias 
fontes de direito internacional. 
Alguma doutrina sustenta a inexistência de tal hierarquia, fundamentando que, de acordo 
com o princípio da igualdade soberana dos Estados, estes e só estes permanecem senhores do 
direito internacional: não existe direito internacional para além do consentimento dos Estados, 
pelo que não existe nenhum direito subtraído à sua disposição. Assim, todos os conflitos entre 
normas de direito internacional seriam resolvidos de acordo com os princípios tradicionais Lex 
specialis derogat legi generali e lex posterior derogat lex priori. 
No sentido oposto, defende-se a sua necessidade e existência apoiada em expressões 
como constituição Mundial, supra-legalidade internacional, primazia da Carta da ONU, etc. 
Apoia-se esta existência no teor literal do artigo 38º do ETIJ, embora esta via seja a menos 
plausível, e/ou no valor universal da manutenção da paz constante da Carta da ONU, 
chamando a atenção para o desenvolvimento da ideia de ius cogens superior à vontade dos 
Estados; mais recentemente, encontra até fundamentação na ideia do primado do indivíduo 
em face da soberania estadual. 
Importante é sublinhar que a existência ou não de uma hierarquia deve apoiar-se em 
fundamentos de legitimidade – direito, justiça, dignidade da pessoa humana – que a 
comunidade internacional considera acima do consentimento dos Estados, pelo que devem 
ser considerados imperativos, mesmo quando sistematicamente violados. 
2.2. Elementos constitutivos da hierarquia 
O problema encontra sustento nas normas imperativas de direito internacional, 
reconduzíveis à expressão JUS COGENS, do qual constituem objeto: 
 As normas imperativas do direito internacional geral decorrentes do art.53º CVT, 
às quais se encontram subordinadas as convenções internacionais; 
 Carta da ONU; 
 As normas cuja violação constitui crime internacional. 
Origem: a noção de jus cogens muito ficou a dever à II GM e ao Holocausto, tendo sido 
imediatamente associada à Convenção de Genebra de 1948 sobre o Genocídio. 
Natureza: as normas jus cogens não admitem qualquer desvio unilateral por parte dos 
Estados, nem sequer através de tratados internacionais; as mesmas consistem em obrigações 
erga omnes, embora nem todas as obrigações erga omnes possam ser consideradas jus 
cogens. Em ambos os casos está-se perante normas inderrogáveis, que exprimem a existência 
de obrigações perante a comunidade internacional globalmente considerada, embora só o 
jus cogens seja considerado direito imperativo de maior dignidade hierárquico-normativa. Ou 
seja, é possível existirem obrigações oponíveis à comunidade internacional no seu todo, 
resultantes de normas e estatutos jurídicos, sem que as mesmas assumam uma natureza 
imperativa, no sentido o ius cogens. 
Tipologia: normas reconhecidas e aceites pela comunidade de Estados globalmente 
considerada como dotadas de força imperativa, suscetível de alteração apenas por uma 
outra com a mesma natureza. 
Relativamente à proteção dos direitos fundamentais na integração de jus cogens, pode 
dizer-se que existem três tipos de teses: maximalistas, intermédias e minimalistas, sendo que a 
tese acolhida pelo autor é a de que só os direitos humanos, no seu núcleo essencial, se 
compreendem como jus cogens (tese intermédia). 
22 
 
Ainda que se aceite a existência de uma hierarquia, a mesma permanece imperfeita. 
Porém, isso não impede que se procurem identificar os diferentes graus dessa hierarquia. Na 
hierarquia temos assim: 
 Os princípios do jus cogens, que podem incluir direitos fundamentais e princípios 
gerais do direito; 
 As normas da Carta da ONU, nos termos do art. 103.º referido; 
 Primazia do direito universal sobre o regional ou local – quer se trate de costume 
internacional ou direito convencional (mas nem sempre); 4) Primazia do direito 
regional sobre o direito bilateral 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 – O Direito Internacional e o Direito Interno 
O problema das relações entre o direito internacional e o direito interno coloca-se 
inevitavelmente à doutrina e à jurisprudência; a primeira tende a teorizar a questão, 
interrogando-se sobre se o direito internacional e o direito interno são uma só realidade ou 
grandezas autónomas. A querela pretende esclarecer o status do direito nacional perante 
um tribunal internacional e do direito internacional perante um tribunal nacional. Em todo o 
caso, os práticos preocupam-se sobretudo com a questão da relação entre normas 
nacionais e internacional, relegando para segundo plano a justificação teorética. 
3.1. As doutrinas tradicionaisA temática das relações que se estabelecem entre o direito internacional e o direito 
interno é claramente uma das que mais têm polarizado a doutrina nos mais variados 
quadrantes: distingue-se o Monismo e o Dualismo. 
3.1.3. Monismo 
 As posições do monismo procuram um ponto metafísico ou um princípio fundamental 
que possibilite a unificação do direito interno e do direito internacional num só sistema 
jurídico. 
 O monismo tem sido tentado a partir de duas orientações: 
▪ A primeira subordinava todo o direito, interno e direito internacional, a 
princípios de direito natural, deduzidos do direito divino revelado; e 
remonta a autores como F. Vitória, F. Suarez, Vattel ou H. Grócio. 
23 
 
▪ A segunda orientação, formalista, combinou elementos jusnaturalistas e 
contratualistas (v.g. pacta sunt servanda) e depurou-os de todos os 
elementos metafísicos, ideológicos e políticos, seguindo os parâmetros 
positivistas, na senda de H. Kelsen. 
 De um modo geral, o monismo postula a existência de um único sistema jurídico 
no qual, por definição, não podem existir normas incompatíveis, sendo estes 
problemas resolvidos dentro do sistema. 
 Há três variantes diferentes da doutrina monista: 
▪ a que assenta na superioridade do direito interno (tese estadualista, 
voluntarista, positivista) – direito internacional enquanto dir. estadual 
externo 
▪ a que assenta na superioridade do direito internacional (tese da justiça e 
solidariedade social universal), 
▪ a que assenta numa linha de monismo sem primado em termos jurídico-
conformais – tese de Hans Kelsen, o qual sustenta que o direito 
internacional e o direito interno recebem a sua validade de uma norma 
fundamental comum, segundo a qual os pactos são para se cumprir 
(pacta sunt servanda), e os Estados se devem comportar como 
habitualmente. 
3.1.2. Dualismo 
 Teses que sugerem a existência de uma distinção estrutural entre o direito interno 
e internacional, possivelmente insuscetíveis de superação. 
 As suas premissas fundamentais adequam-se ao modelo de Vestefália dos 
Estados soberanos e independentes, cada um com a sua ordem de valores, 
embora de natureza positivista e estadualista. 
 O dualismo intensifica-se c/o positivismo estadista (Estado e sua vontade como 
centro de gravidade do direito internacional), pelo que as normas de direito 
dependem do consentimento dos Estados. 
 Alguma doutrina germânica defende que o direito interno tem origem na 
vontade de um Estado, e o direito internacional a de vários. Há, portanto, dois 
ordenamentos jurídicos distintos, um interno e outro internacional, sendo que uma 
norma pode ser lícita num O.J. onde já não a é no outro. Cada O.J. teria a sua 
função: o direito internacional regularia relações entre Estados (international 
concerns) ao passo que o direito interno apenas questões envolvendo o Estado e 
os respetivos cidadãos (domestic affairs) – estes postulados estadualistas e 
positivistas conduzem à primazia do direito interno sobre o direito internacional 
 Contudo, alguma doutrina dualista sustenta a superioridade do direito internacional 
relativamente às normas estaduais, ao menos diante dos tribunais internacionais, por 
aí tendo-se caminhado para a defesa da superioridade do direito internacional 
relativamente às normas de todos os outros sujeitos de direito internacional 
 O apogeu do dualismo correspondeu ao auge do nacionalismo imperialista das 
potências europeias. 
 As doutrinas dualistas parecem considerar os Estados como únicos sujeitos de 
direito internacional 
3.1.3. Avaliação doutrinal 
 Não existe propriamente uma visão jurídica correta da questão, muito 
dependendo das visões conceptuais de cada autor e da realidade das soluções 
do direito positivo de cada Estado. 
 Subjacente à nossa compreensão do direito internacional encontram-se 
premissas normativas de natureza monista, que conduzem a que, enquanto 
aquela pretensão não se encontrar totalmente realizada, se dê primazia ao 
direito interno ou ao direito internacional, consoante aquele que num 
24 
 
determinado momento estiver mais próximo dos valores liberais modernos e 
kantianos. 
 A doutrina atual acolhe tendencialmente o monismo, assente na primazia dos 
valores comuns dos direitos fundamentais, democracia, subordinação ao direito 
etc. Assim, os Estados que se afastarem destes princípios não podem 
legitimamente reclamar uma igual dignidade perante o direito internacional 
 Atualmente, o direito internacional regula os mais variados aspetos internos dos 
Estados, tendência relevada pelo processo de globalização. Isto confere um 
forte vigor às teorias monistas, por um lado, e favorece áreas do direito 
internacional em que a preocupação c/os direito humanos não conseguia 
prevalecer (v.g. políticas monetárias e do comércio internacional; recurso à 
força) 
 A nossa CRP aponta para uma leitura monista das relações entre direito 
internacional e direito interno (em sintonia com a Carta da ONU e DUDH), tal 
como muitas outras constituições. 
 Contudo, e porque ainda há muitos exemplos de normas de direito internacional 
incompatíveis com direito interno, ainda é cedo falar-se num só ordenamento 
jurídico (monismo à escala mundial), pelo que não deve ser esquecida a tese 
dualista e a sua realidade na atualidade. 
3.2. A Jurisprudência Internacional e o Primado do Direito Internacional 
 A prática jurisprudencial internacional tem resolvido problemas de colisão entre 
normas de direito internacional e direito interno. 
 Sem recurso a qualquer tipo de tese doutrinal dualista ou monista, a 
jurisprudência procura resolver os litígios afirmando que um Estado não pode 
alegar normas do seu direito interno, ou a falta deles para justificar o 
incumprimento das normas internacional (art.27.ºCVT). 
 A primazia do direito internacional sobre o direito interno prossegue a sua 
afirmação na jurisprudência do TPJI garantindo a sustentabilidade do direito 
internacional. 
 Dois pontos fundamentais: 
▪ Estas instâncias jurisdicionais internacionais autocompreendem-se como 
garantes da observância do direito internacional, assim se 
compreendendo que desconsiderem o direito interno. 
▪ No entanto, não há, tendencialmente, preferência hierarquico-jurídica na 
aplicação do direito internacional, pelo que não se pretende a 
verificação da validade das normas de direito interno à luz do direito 
internacional. Na prática, ou se adota preferência pelo direito 
internacional (ressalvando as normas constituintes essenciais de direito 
interno), ou pelo direito interno. 
3.3. O problema no direito constitucional comparado 
Cada estado resolve o problema da sua vinculação internacional e das relações entre o 
direito internacional e o direito interno de acordo com as suas próprias normas 
constitucionais internas. Atualmente tende a considerar-se que o direito constitucional tem 
ainda uma palavra decisiva nas relações entre o direito internacional e o direito interno, 
porque embora exista uma forte tendência para a afirmação do princípio do primado do 
direito internacional, o certo é que esse princípio é compatível com vários modos de 
concretização prática no plano constitucional, cabendo ao direito interno precisar os 
termos exatos da sua articulação com o direito internacional. 
De um modo geral, pode dizer-se que, sem comprometerem aspetos essências da 
soberania interna, as várias constituições pretendem viabilizar a cooperação internacional e 
a promoção dos interesses da comunidade internacional globalmente considerada. 
 
25 
 
Mas vejamos alguns ordenamentos jurídicos específicos: 
Estados Unidos da América Holanda 
▪ O poder de vinculação internacional do Estado cabe, em princípio, ao Presidente e 
ao Senado, por maioria de 2/3 dos votos, sem qualquer intervenção dos estados 
federados; mas o Presidente pode celebrar executive agréments, e uma maioria 
simples

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