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HEMATOLOGIA CLÍNICA Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões Departamento de Ciências da Saúde Curso de Farmácia Hematologia Clínica Profª. Dra. Manuela Sangoi Cardoso Santiago, 2020 -Anemias- Índice hematimétrico Aplicação Hemoglobina Diminuído: diagnostica anemias Aumentado: associado com policitemia vera, hipoventilação (DPOC, fumantes, etc) e em RN’s. Hematócrito Diminuído: associado à maioria das anemias. Aumentado: associado com policitemia vera, estados de desidratação (grandes queimados, vômitos, diarreias), hipoventilação (DPOC, fumantes, etc) e RN’s. Eritrócitos Contagem diminuída: associada a maioria das anemias. Contagens aumentadas: associados a policitemia vera, estados desidratação (grandes queimados) e RN’s. VCM Diminuído: relacionado as anemias carenciais, talassemias, anemias de doença crônica. Aumentado: def. vit B12, medicações, algumas anemias hemolíticas, tratamento do HIV, RN´s HCM Valores diminuídos estão associados à hipocromia. Índice hematimétrico Aplicação CHCM Diminuído: nas anemias mais acentuadas. Aumentado: esferocitose. Pode também ser indicatiuvo de coágulo, crioaglutininas, hemólise e lipemia intensa. CHCM baixos ou altos – necessidade de calibração. RDW Aumentado: relacionado à anisocitose Reticulócitos Aumentado: indicador de regeneração eritroide anemias hemolíticas, pós sangramentos, após tratamento de anemias carenciais, recuperação medular pós transplante de M.O. Diminuído: anemias carenciais, anemia aplásica. Eritroblastos Aparecimento: estão relacionados a gravidade da anemia ou reações leucoeritroblásticas. No RN, nos primeiros dias, é fisiológico. Ret-He Aumentados estão relacionados a uma melhora nas anemias ferroprivas e de doença crônica. IRF Valores > 5% representam recuperação hematopoiética. HEMATOLOGIA CLÍNICAAnemias Generalidades ANEMIA é uma síndrome crônica de elevada prevalência no mundo. Ex: anemia ferropriva, anemia da malária, anemias das talassemias e hemoglobinopatias. É definida como a diminuição da concentração de hemoglobina abaixo dos valores de referência para idade e sexo. HEMATOLOGIA CLÍNICAAnemias Valores de referência do eritrograma em adultos Homens Mulheres Hemoglobina (g/dL) 13,5 – 17,5 11,5 – 15,5 Hematócrito (%) 40 – 52 36 – 48 Contagem de eritrócitos (X 1012/L) 4,5 – 6,5 3,9 – 5,6 Hemoglobina corpuscular média (HCM) (pg) 27 – 34 Volume corpuscular médio (VCM) (fL) 80 – 95 Concentração hemoglobínica corpuscular média (CHCM) (g/dL ou %) 30 – 35 Contagem de reticulócitos (X 109/L) 50 – 150 HEMATOLOGIA CLÍNICAAnemias Aspectos clínicos da anemia O organismo reage à anemia por múltiplos mecanismos: Redistribuição circulatória Aumento do débito cardíaco Aumento de 2,3-difosfoglicerato nos eritrócitos Aumento da síntese de eritropoetina Mudança de conduta Crianças toleram muito melhor a anemia do que adultos; Com o avançar da idade, a adaptação é cada vez mais difícil. O HEMOGRAMA É FUNDAMENTAL na elucidação da patogênese e etiologia da anemia. Deve ser feito antes de quaisquer intervenções terapêuticas! HEMATOLOGIA CLÍNICAAnemias Aspectos clínicos da anemia A presença ou ausência de sinais clínicos podem ser consideradas de acordo com quatro fatores principais: Velocidade de instalação da anemia Intensidade da anemia Idade Curva de dissociação de O2 da Hb HEMATOLOGIA CLÍNICAAnemias Aspectos clínicos da anemia Os órgãos e tecidos que mais consomem oxigênio são os mais afetados pela anemia; A sintomatologia é diretamente proporcional à severidade da anemia, inversamente à eficácia dos mecanismos adaptativos e intensifica-se exponencialmente com a atividade física, que exige O2. ANEMIA CRÔNICA Volemia normal Eritrócitos pobres em Hb. Sangue descorado e incapaz de carrear o O2 com eficácia Sinais e sintomas são decorrentes dessas alterações e de reações homeostáticas ANEMIA AGUDA Sinais causados pela hipovolemia HEMATOLOGIA CLÍNICAAnemias Sinais e sintomas Hb > 9g/dL • Irritabilidade; • Cefaleia; • Fatigabilidade e dispneia a esforços físicos continuados; • Pode surgir dor anginosa; • Palidez – mucosas, parte glabra dos lábios, palmas das mãos e leitos ungueais. Hb entre 6 e 9 g/dL • Palidez facilmente notável; • Tonturas; • Lipotimias; • Sopro anorgânico: taquicardia, dispneia, palpitações e fadigas aos mínimos esforços. Hb < 6 g/dL • Sintomatologia presente mesmo em atividades sedentárias. Hb < 3,5 g/dL Insuficiência cardíaca iminente HEMATOLOGIA CLÍNICAAnemias Sinais e sintomas SINAIS Gerais Específicos HEMATOLOGIA CLÍNICAAnemias Achados laboratoriais Embora os índices hematimétricos indiquem o tipo de anemia, mais informações podem ser obtidas pelo exame da amostra inicial de sangue. Contagem de leucócitos e plaquetas Contagem de reticulócitos Distensão de sangue Exame da medula óssea Eritropoese ineficaz HEMATOLOGIA CLÍNICAAnemias Classificação - Na prática clínica, a anemia pode ser classificada a partir de dois critérios: - Classificação MORFOLÓGICA: 1. Morfológico 2. Fisiológico 1º) Avaliação da Hb (considerar idade, sexo e altitude); 2º) Avaliação do VCM, CHCM e RDW – classificação morfológica das anemias. Classificação morfológica das anemias segundo o VCM e a CHCM MICROCÍTICA E HIPOCRÔMICA NORMOCÍTICA E NORMOCRÔMICA MACROCÍTICA HEMATOLOGIA CLÍNICAAnemias Classificação - Classificação MORFOLÓGICA: Classificação das anemias com base no VCM e no RDW VCM baixo e RDW normal VCM baixo e RDW alto Talassemias heterozigotas Doenças crônicas Deficiência de ferro S-β talassemia Hemoglobina H Fragmentação eritrocitária VCM normal e RDW normal VCM normal e RDW alto Normal Leucemia linfocítica crônica Esferocitose hereditária Hemoglobinopatias heterozigotas (AS, AC, etc.) Anemia sideroblástica Anemia falciforme Início da deficiência de ferro Início da deficiência de folato e vitamina B12 VCM alto e RDW normal VCM alto e RDW alto Anemia aplástica Deficiência de folato e vitamina B12 Anemia hemolítica auto-imune Crioaglutininas a frio HEMATOLOGIA CLÍNICAAnemias Classificação - Classificação FISIOPATOLÓGICA: Baseia-se no comportamento da contagem de RETICULÓCITOS, que avalia a capacidade da medula óssea em responder à queda da concentração de hemoglobina. ANEMIA Contagem de reticulócitos Diminuída Anemia arregenerativa Aumentada Anemia regenerativa HEMATOLOGIA CLÍNICAAnemias Classificação Classificação FISIOPATOLÓGICA: HIPORREGENERATIVAS • Decorrentes da insuficiência da proliferação eritroide ou da síntese hemoglobínica; • Não há sinais de regeneração compensadora. HIPER-REGENERATIVAS • Causa periférica; • Hemograma mostra sinais de resposta eritropoética medular apropriada no sentido compensador. Distinção entre hipo e hiper-regenerativa: presença/ausência de policromatose/reticulocitose. HEMATOLOGIA CLÍNICAAnemias Classificação Considerações IMPORTANTES!!! São HIPER- REGENERATIVAS as anemias decorrentes de: Hemorragia recente Anemia cronologicamente limitada. Reticulocitose vai diminuindo. Encurtamento da sobrevida eritroide (hemólise) Anemias geralmente crônicas. Reticulocitose constante e acentuada. HEMATOLOGIA CLÍNICAAnemias Classificação Considerações IMPORTANTES!!! - São HIPORREGENERATIVAS as anemias decorrentes de: Insuficiente síntese de Hb Síntese inapropriada de DNA Eritropoese ineficaz por neoplasia/displasia Falta de tecido eritropoético Insuficiente produção de eritropoetina Combinações dos mecanismos citados HEMATOLOGIA CLÍNICAAnemias Classificação Considerações IMPORTANTES!!! -Contagem de reticulócitos em seis tipos de anemias, hiper- regenerativas e hiporregenerativas. HEMATOLOGIA CLÍNICAAnemias Classificação CLASSIFICAÇÃO DAS ANEMIAS FISIOLOGIA MORFOLOGIA HEMOLÍTICA (regenerativa) NÃO-HEMOLÍTICA (arregenerativa) Leva em conta a morfologia (tamanho,forma, estrutura das células) Leva em conta a policromatofilia, a reticulocitose e demais sinais de hemólise Classificação MORFOFISIOLÓGICA das anemias HEMATOLOGIA CLÍNICAAnemias Classificação Anemias MICROCÍTICAS e HIPOCRÔMICAS HEMOLÍTICAS NÃO- HEMOLÍTICAS TALASSEMIAS - Deficiência de ferro; - Sideroblástica; - Doenças crônicas. HEMATOLOGIA CLÍNICAAnemias Classificação Anemias NORMOCÍTICAS e NORMOCRÔMICAS HEMOLÍTICAS NÃO- HEMOLÍTICAS Hemoglobinopatias SS e SC Esferocitose Eliptocitose Deficiência de G6PD - Doenças hormonais; - Insuficiência renal crônica; - Doenças crônicas; - Aplasia; - Doenças hepáticas. HEMATOLOGIA CLÍNICAAnemias Classificação Anemias MACROCÍTICAS Megaloblásticas (não-hemolíticas) Não- megaloblásticas (podem ou não ser hemolíticas) HEMATOLOGIA CLÍNICAAnemias microcíticas e hipocrômicas Anemia ferropênica Primeiro diagnóstico a ser considerado em paciente com sintomatologia crônica e sem outros sinais de doença; HEMATOLOGIA CLÍNICAAnemias microcíticas e hipocrômicas Anemia ferropênica Interesse clínico: Diagnóstico precoce da deficiência de ferro subclínica, de modo a prevenir suas complicações sistêmicas; Identificação da anemia por deficiência de ferro causada por alimentação incorreta, má-absorção e sangramentos; Distinção entre anemia ferropênica e anemia de doenças crônicas, especialmente em ambiente hospitalar. HEMATOLOGIA CLÍNICAAnemias microcíticas e hipocrômicas Anemia ferropênica Aspectos clínicos: Na deficiência de ferro só ocorre anemia quando há depleção completa dos depósitos reticuloendoteliais de hemossiderina e ferritina. À medida que a condição evolui o paciente mostra sinais e sintomas gerais de anemia e desenvolve uma glossite indolor, estomatite angular, unhas friáveis ou em colher (coiloníquia), disfagia como resultados de membranas faríngeas (Paterson-Kelly) e perversão do apetite. HEMATOLOGIA CLÍNICAAnemias microcíticas e hipocrômicas Anemia ferropênica Aspectos nutricionais e metabólicos do ferro: HEMATOLOGIA CLÍNICAAnemias microcíticas e hipocrômicas Anemia ferropênica Aspectos nutricionais e metabólicos do ferro: HEMATOLOGIA CLÍNICAAnemias microcíticas e hipocrômicas Anemia ferropênica Aspectos nutricionais e metabólicos do ferro: HEMATOLOGIA CLÍNICA Anemia ferropênica Eritrograma: HEMOGRAMA MICROCITOSE e HIPOCROMIA Tornam a contagem de eritrócitos mais alta do que a dosagem de Hb Hematócrito discretamente elevado (hipocromia) Observação da microcitose e hipocromia: VCM, HCM e CHCM. Aumento do RDW – variabilidade no aporte diário de ferro. No entanto, o aumento é lento. Valores discordantes entre hipocromia e microcitose podem ocorrer na anemia ferropênica! Anemias microcíticas e hipocrômicas HEMATOLOGIA CLÍNICA Anemia ferropênica Um exemplo: HEMOGRAMA - Paciente ferropênica por hipermenorreia, com anemia microcítica e hipocrômica em 04/10/12; - Foi tratada com sulfato ferroso por três meses (11/2012 a 01/2013), havendo aparente normalização das cifras em 09/01/2013; - O RDW (14,9%) ainda sugere haver população microcítica remanescente; - Controle é realizado após 6 meses (19/12/2013). Anemias microcíticas e hipocrômicas HEMATOLOGIA CLÍNICA Anemia ferropênica Um exemplo: HEMOGRAMA Anemias microcíticas e hipocrômicas HEMATOLOGIA CLÍNICA Anemia ferropênica Leucograma e plaquetas HEMOGRAMA Neutropenia; Pode haver eosinofilia; Trombocitose (em adultos e idosos, com anemia severa pode ocorrer trombocitopenia discreta). Diagnóstico facilmente suspeitado em pacientes com Hb < 9,5 g/dL. Em níveis mais altos: diagnóstico diferencial com ADC e talassemias. Anemias microcíticas e hipocrômicas HEMATOLOGIA CLÍNICA Anemia ferropênica Eritrogramas de anemia ferropênica: mulher adulta e criança de oito meses. HEMOGRAMA Anemias microcíticas e hipocrômicas HEMATOLOGIA CLÍNICA Anemia ferropênica Diagnóstico laboratorial Anemias microcíticas e hipocrômicas Diagnóstico laboratorial Hemograma -Análise morfológica -Índices hematimétricos Dosagens bioquímicas -Ferro; -Ferritina; -Transferrina; -TIBC. HEMATOLOGIA CLÍNICA Anemia ferropênica Diagnóstico laboratorial Anemias microcíticas e hipocrômicas Receptor solúvel da transferrina (RsTf) O receptor de transferrina (RsTf) é uma proteína transmembrana que facilita a entrada do ferro ligado à transferrina no interior das células. HEMATOLOGIA CLÍNICA Anemia ferropênica Diagnóstico laboratorial Anemias microcíticas e hipocrômicas Reticulócitos Inicio da anemia Recuperação da anemia Ret-He Verificar o conteúdo de ferro HEMATOLOGIA CLÍNICA Anemia ferropênica Tratamento - Opções: -Ferro não aproveitado imediatamente para a síntese de Hb vai para a medula óssea: armazenamento como ferritina e hemossiderina ORAL • Sulfato ferroso; • Ferrocarbonila; • Fumarato ferroso. INTRAVENOSO • Sacarato de hidróxido de ferro III (Noripurum®); • Ferro carboximaltose (Ferinject®). FERRO “FISIOLÓGICO” FERRO de NORIPURUM Anemias microcíticas e hipocrômicas HEMATOLOGIA CLÍNICA Anemia ferropênica Investigação e tratamento de anemia ferropênica Anemias microcíticas e hipocrômicas HEMATOLOGIA CLÍNICA Anemia ferropênica Importante! Anemias microcíticas e hipocrômicas Fe2+ Acompanhamento em todas fases do tratamento. Suplementação da dieta FeSO4 Sobrecarga de ferro Altamente tóxico Geração de ERO’s: - Dano no DNA; -Defeitos na síntese de proteínas; -Danos na membrana lipídica e carboidratos; - Indução de proteases ; -Alterações na proliferação celular;
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