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Ascaris lumbricoides – Ascariadíase Morfologia ▪ Vermes adultos: • Apresentam cor leitosa; • Lábio trilaminado que auxilia na fixação do parasito no intestino delgado; • Tubo digestivo completo – vai da boca ao ânus; • A boca ou o vestíbulo bucal está localizado na extremidade anterior, e é contornado por três fortes lábios com serrilha de dentículos e sem interlábios; • Ao fazer um corte na altura do esôfago, nota-se um esôfago trirradiado, musculoso, com uma camada de células musculares, de onde parte os anéis nervosos e, dentro do esôfago, possui líquido onde os órgãos ficam banhados. Verme adulto - macho: • Medem de 20 – 30 cm; • Possuem uma extremidade posterior encurvada; • Possuem aparelho reprodutor: testículo, canal deferente, canal ejaculador, cloaca e dois espículos (órgãos acessórios da cópula); • Não possuem gubercáculo; • Possuem cauda papilais pré e cloacais. Verme adulto - fêmea: • Medem de 30-40 cm; • Possuem a sua extremidade posterior retilínea; • Possuem dois aparelhos reprodutores: dois ovários, dois ovidutos, dois úteros e duas vaginas. ▪ Ovos: • São brancos, mas em contato com as fezes adquirem cor castanha; • Provenientes da reprodução sexuada; • São ovais, medem cerca de 50 µm com cápsula espessa; • Possuem três membranas: uma membrana externa – membrana mamilonada formada por mucopolissacarídeos, que confere um aspecto viscoso ao ovo e faz com que ele fique aderido as superfícies, uma membrana média, formada por quitina e proteína e uma membrana interna que é impermeável, formada basicamente de lipídeos; • Grande resistência às condições adversas do ambiente; • O embrião é formado das células germinativas que existem dentro do ovo; As fêmeas que não são copuladas por machos, também liberam ovos, mas são ovos inférteis, portanto, não gerarão a larva – ocorre na infecção por fêmeas e em infecções que possuem muitas fêmeas para poucos machos; Alguns ovos por defeitos intrauterinos, não produzem a membrana mamilonada – ovos decorticados – são mais frágeis no ambiente. Organização e fisiologia Evolução por mudas ou ecdises: As larvas dentro do ovo sofrem mudas, elas formam uma cutícula e eliminam a cutícula antiga. As larvas evoluem, passando do primeiro estágio, L1 (é do tipo rabditóide, isto é, possuem o esôfago com duas dilatações, uma em cada extremidade e uma constrição no meio), que sofre a primeira muda e passa a ser L2 que cresce em tamanho, sofre a segunda muda e vira L3 (infectante com o esôfago tipicamente filarióide – retilíneo) que sofre a terceira muda e vira L4 que sofre a quarta muda e vira L5 que amadurece sexualmente para adultos, onde o aparelho reprodutor está apto para a cópula. Até o estágio de L3, ela encontra-se dentro do ovo, posterior a esse estágio, ela já se desenvolve no organismo humano, assim, nos infectamos com ovos que contém a L3 e desenvolvemos os outros estágios. Ciclo biológico Habitat • Infecções moderadas: os vermes adultos são encontrados no intestino delgado, principalmente no jejuno e íleo. • Infecções intensas: os vermes adultos podem ocupar toda a extensão do intestino delgado, podem ficar presos à mucosa, com auxílio dos lábios ou migrarem pela luz intestinal. Movem contra a corrente peristáltica. Transmissão • Ingestão de ovos contendo L3 presentes na água, nas mãos ou nos alimentos contaminados; • Vetores mecânicos; • Infecção transplacentária. Patogenia ▪ Fase de invasão larvária (quando a larva eclodi no organismo e cai na corrente sanguínea: Depende do número de larvas e da hipersensibilidade do hospedeiro. • Pulmão: pontos hemorrágicos, edema inflamatório, pneumonite difusa. Causa a síndrome de Loeffler (febre, tosse, alergia e eosinofilia sanguínea). A larva não segue o seu fluxo comum: • Fígado: pontos hemorrágicos, necrose e inflamação; • SNC: meningites e meningoencefalites. ▪ Infecção intestinal (verme adulto, gera ações patogênicas): Depende da carga parasitaria e do estado nutricional do indivíduo. • Ação espoliadora: retira do organismo proteínas, lipídeos e vitaminas A, C e B12, causando subnutrição; • Ação tóxica: devido a uma reação do organismo contra os antígenos do parasito (reação antígenos – anticorpos), pode haver edema, urticária, convulsões epileptiformes etc.; • Ação mecânica: devido a presença do parasito na mucosa intestinal, gerando uma irritação da parede da mucosa intestinal e, a depender da carga parasitária pode ocorrer um novelo de Ascaris que pode obstruir o intestino. ▪ Localizações ectópicas – áscaris errático - quando o Ascaris devido à alta carga parasitária ou alguma ação irritativa (febre, medicamentos em subdosagem, alimentos condimentados e anestésicos) que faz com que o Ascaris saia do intestino delgado e migre para outras regiões do organismo): • Migração para o apêndice: apendicite; • Migração para o fígado: abscesso hepático; • Migração para o pâncreas: pancreatite aguda (sempre fetal); • Eliminação pela boca ou nariz; • Pode gerar obstrução traqueal, desencadeando, possivelmente, morte por asfixia; • Pode migrar para o ouvido – trompa de Eustáquio e ouvido médio: otite; • Pode migrar para canal lacrimal. Diagnóstico Imagens: radiografias; Laboratorial: parasitológico de fezes (identifica ovos) e exame de escarro (identifica a larva). Epidemiologia Possui prevalência mundial – 30% da população mundial, 70 a 90% dos casos em crianças de 1 a 10 anos. A sua frequência maior se dá nos países pobres. Prevalência, no geral, baixa em regiões áridas, sendo, contudo, relativamente alta onde o clima é úmido e quente, condição ideal para a sobrevivência e o embrionamento dos ovos. É uma geo-helmintose, ou seja, está associada a fatores sociais, econômicos e culturais – possui uma fase do seu ciclo que se desenvolve no solo. Fatores que interferem na sua prevalência: • Grande número de ovos produzidos e viabilidade por até um ano; • Condições precárias de saneamento básico; • Grande número de ovos no peridomicílio; • Temperatura e umidade com médias anuais elevadas; • Dispersão fácil através de chuvas, ventos e insetos. Profilaxia • Realizar repetidos tratamentos em massa com drogas ovicidas; • Tratamento das fezes humanas que possam ser usadas como fertilizante; • Saneamento básico; • Educação para a saúde. Tratamento • Albendazol; • Mebendazol; • Tiabendazol; • Levamisol; • Pamoato de Pirantel; • Ivermectina.
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