Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Giárdia lamblia - Giardíase Formas evolutivas A Giárdia é um organismo simples que apresenta algumas características básicas das células eucariotas como a presença de núcleos delimitados por uma membrana (carioteca) que está ligada ao retículo endoplasmático, um citoesqueleto complexo que é composto por microtúbulos e a presença de estruturas semelhantes a vacúolos lisossômicos. Neste protozoário estão ausentes organelas como mitocôndria, peroxissomos e um complexo de Golgi característico. Existem duas formas evolutivas de Giárdia, a forma ativa e a forma de resistência. ▪ Forma ativa: Corresponde ao trofozoíto ou forma vegetativa. É a forma pela qual ela se alimenta dentro do nosso intestino. Nessa forma, ela se alimenta, se locomove e se reproduz. ▪ Forma de resistência: A forma de resistência é o cisto. É quando a Giárdia está apta a sair do intestino delgado e ir para o ambiente, para isso, ela contrai os seus flagelos, secreta uma membrana protetora ao seu redor, a membrana cística, fazendo com que ela sobreviva fora do seu hospedeiro por alguns dias, até chegar em um outro. Morfologia ▪ Trofozoíto: • Formato piriforme – 12 a 15 µm; • 4 pares de flagelos (para a sua locomoção); • 2 núcleos; • A face dorsal é lisa e convexa, enquanto a face ventral é côncava; • Presença de disco adesivo (estrutura em torno do núcleo que permite que ela se fixe na mucosa intestinal do hospedeiro). É formado por microtúbulos e microfilamentos compostos por e β-tubulinas e por proteínas denominadas giardinas, que permitem a adesão do parasito à mucosa intestinal; Apresenta corpos medianos (situados abaixo do disco, na face ventral). Há evidencias que essas estruturas participam da divisão nuclear e dos processos de formação do disco adesivo. ▪ Cisto: • Tem formato oval ou ovoide; • Mede de 8 a 12 µm; • 2 ou 4 núcleos; • Corpos escuros ou corpos em crescente (corresponde junto as fibrilas longitudinais, elementos estruturais que no trofozoíto originarão os flagelos e o disco adesivo, respectivamente); • Membrana cística (formada por quitina) que torna os cistos resistentes a certas variações de temperatura, a umidade e também à ação de produtos químicos empregados como desinfetantes. Vias de infecção Ingestão do cisto através de: • Água sem tratamento (deve usar um filtro de barro ou ferver a água); • Consumo de alimentos ou bebidas preparados com água contaminada; • Hortaliças contaminadas (porque elas podem ter sido regadas com água contaminada); • Mãos contaminadas; • Através de vetores (que podem pousar nas fezes e carregar os cistos para o alimento); • Fezes de animais domésticos (com o a giardíase pode ser transmitida pelas fezes de animais, ela é uma zoonose). Ciclo biológico Sintomatologia • O indivíduo pode ser assintomático; • Diarréia aguda e autolimitante (pode ter uma autocura); • Diarréia persistente com má absorção e perda de peso (forma crônica). Uma série de motivos levam os indivíduos a apresentarem quadros sintomáticos diferentes como a cepa do parasito a qual envolve a variedade de protozoários que podem ser mais ou menos virulentas; o número de cistos ingeridos, quanto mais cistos o ser humano ingere, mais aguda a infecção se apresentará no organismo; pode estar relacionada ao sistema imune, aos fatores nutricionais, ao pH do suco gástrico e as concentrações de saias biliares do hospedeiro, já que as bactérias intestinais podem ser protetoras contra a Giárdia, se existir uma boa flora intestinal , haverá uma melhor proteção. ▪ Forma aguda: • Diarréia aquosa, explosiva, fétida, pode ter muco e raramente tem sangue; • Número aumentado de evacuações; • Mal-estar; • Cólicas e distensão abdominal; • Gases; • Anorexia, náuseas e perda de peso. Se o quadro de diarreia estiver muito grave, pode ser que não dê tempo de as giárdias encistarem e elas sairão na forma de trofozoíto, morrendo no ambiente. ▪ Forma crônica: • Fezes acinzentadas ou claras, contendo gorduras (porque a pessoa não está conseguindo absorver as gorduras da alimentação); • Perda de peso e má absorção de gorduras, vitaminas (A, D, E, K, B12), ácido fólico, ferro e lactose. A giardíase pode estar relacionada a intolerância à lactose, síndrome do intestino irritável e a alergia alimentares. Patogenia A pessoa infectada pode ter má absorção dos nutrientes devido a lesões nas microvilosidades intestinais. A mucosa intestinal possui especificações de membrana chamadas de microfilos que possuem a função de aumentar a superfície de absorção. A Giárdia quando infecta a mucosa intestinal, com o seu disco adesivo ela é capaz de gerar um dano mecânico devido a força com o que ela se fixa na mucosa intestinal. A lesão a mucosa intestinal também pode se dar a partir da liberação de proteases, substâncias tóxicas que a Giárdia elimina, que lesionam as células intestinal. A Giárdia pode induzir a apoptose de enterócitos das células intestinais e, por último, essa má absorção pode ocorrer por um processo inflamatório que é devido ao mecanismo de resposta imune que faz com que ocorra o aumento da mortalidade intestinal e, consequentemente, induz a renovação dos interósseos que sendo induzidos a serem renovados com muita intensidade podem não ser células eficientes como enzimas digestivas. Além do mais, se houver muitos trofozoítos na mucosa intestinal, eles podem formar uma espécie de tapete e inibirem a absorção de nutrientes. Diagnóstico • Cínico (com a apresentação dos sintomas); • Parasitológico (exames de fezes que diagnosticará a presença do parasito nas fezes). Em fezes sólidas – cistos; em fezes liquidas – trofozoítos. Para visualizar o parasito, nas fezes diarreicas utiliza-se apenas solução de soro fisiológico e, nas fezes formadas, usa-se lugol. para corar os cistos; • Imunológico (detecta a presença de anticorpos contra a Giárdia no soro sanguíneo); • Molecular (através do DNA do parasito presente nas fezes). Indivíduos parasitados não eliminam cistos de forma contínua. Esta eliminação caracteriza-se por ser intermitente e denomina-se “período negativo”, podendo durar em média, 10 dias. Desta forma, o diagnóstico por exames de fezes pode levar a resultados falso- negativos, principalmente, quando apenas uma amostra é coletada. Epidemiologia É uma parasitose de ampla distribuição geográfica e a sua prevalência está relacionada com as condições sanitárias e sociais da população. Havendo maiores números em regiões tropicais e subtropicais, atingindo mais pessoas que possuem um baixo nível econômico e crianças. No brasil, há uma prevalência de 4 a 30% de pessoas contaminadas, já se detectou cistos na água da rede pública e os maiores transmissores são as pessoas assintomáticas e as fezes de animais. Imunidade A amamentação é um fator protetor contra a Giárdia por conseguir transmitir anticorpos (IgA um tipo de anticorpo de secreções que é responsável por um mecanismo de proteção contra a Giárdia). Através desse anticorpo, será facilitada uma fagocitose de Giárdia por células de defesas, os leucócitos. Alguns componentes do leite como as lipases e os ácidos graxos possuem ação citotóxica contra a Giárdia. Além disso, descobriu-se que componentes do leite materno estimulam a alta cicatrização da mucosa intestinal atingida pela Giárdia. O uso de fórmulas infantis pode ser um fator de risco para a infecção por Giárdia, pois para o seu preparo pode ser utilizada uma água que está contaminada ou a mamadeira pode ser manuseada por portadores de giardíase. O desenvolvimento de resposta imune tem sido sugerida a partir de evidências, como:• A natureza autolimitante da infecção; • A detecção de anticorpos específicos anti-Giárdia no soro de indivíduos infectados; • A participação de monócitos citotóxicos na modulação da resposta imune; • A maior suscetibilidade de indivíduos imunocomprometidos à infecção, especialmente aqueles que apresentam hipogamaglobulinemia; • A menor suscetibilidade dos indivíduos de áreas endêmicas a infecção, quando comparados com os visitantes; • A ocorrência de infecção crônica em modelos animais atímicos ou tratados com drogas que deprimem a resposta humoral. Além da imunidade específica, mecanismos inatos de defesa também participam do controle da infecção. Dentre as barreiras naturais presentes no intestino delgado, a camada de muco que protege o epitélio contra a ação das enzimas digestivas dificulta a adesão dos trofozoítos a mucosa, e assim interfere no estabelecimento da infecção. Profilaxia • Higiene pessoal; • Destino correto as fezes; • Proteção dos alimentos; • Boas práticas de manipulação dos alimentos; • Tratamento da água; • Tratamento precoce dos infectados; • Tratamento/vacinação dos animais domésticos; • Amamentação; • Alimentação com probióticos. Tratamento • Metronidazol; • Tinidazol; • Ornidazol; • Secnidazol; • Albendazol e mebendazol; • Extrato de Mentha crispa
Compartilhar