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1 CURSO DE INSPETOR DE TESTE DE ESTANQUEIDADE Teórica FRATESTE Equipamentos, Serviços, Treinamentos Rua Conde de Porto Alegre, 349 Centro - Rio Grande/RS - 53 3230-8059 FRATESTE Equipamentos, Serviços, Treinamentos Rua Tiradentes, 154 Sala 306 Centro - Canoas/RS - 51 3463-6193 frateste@frateste.com.br www.frateste.com.br http://www.frateste.com.br/ 2 APRESENTAÇÃO A necessidade de uma perfeita estanqueidade em tanques ou tubulações contendo substâncias tóxicas que façam parte de instalações de alto risco (área química, nuclear, aeroespacial, etc.), proporcionou utilização de novos métodos capazes de detectar possíveis vazamentos de gás ou líquidos, a fim de obter uma efetiva garantia de segurança e proteção ambiental. Os métodos aplicados no ensaio de estanqueidade são: medir Pressão ou Vácuo com alta precisão, método da Bolha, método da Variação de Pressão, detecção de vazamento por meio de Fluido Frigorígeno ou de aplicação de gás Hélio com o respectivo aparelho detector e, modernamente, a localização de vazamentos de gases e líquidos por ultra-som. Uma das ameaças mais comuns ao meio ambiente, além de provocar acidentes, seja na área industrial, doméstica ou pública, são os vazamentos de produtos perigosos, que quando armazenados em tanques ou recipientes com falhas estruturais, produzem vazamentos de líquidos ou gases inflamáveis (indústria petrolífera), ácidos ou produtos corrosivos (indústria química), no setor de transportes (rodoviário, ferroviário e por tubulações), e tantos outros. Portanto, como medida preventiva, no sentido de evitar tais ocorrências, o Ensaio de Estanqueidade tem sido largamente empregado em testes de componentes pressurizados ou despressurizados onde existe o risco de escape ou penetração de produtos, comprometendo o sistema de contenção, assumindo desta maneira, uma importância muito grande quando se trata da proteção ao meio ambiente, onde a flora e fauna e ainda pessoas ou populações podem ser atingidas seriamente. 3 CAPÍTULO 1 1. INTRODUÇÃO A localização de vazamento e o ensaio de estanqueidade têm adquirido uma importância cada vez maior ao longo do tempo, visto que as especificações de estanqueidade para produtos fabricados pela indústria estão se tornando cada vez mais severas. Esta tendência se deve não somente a motivos econômicos ou ecológicos, como também ao fato dos fabricantes estarem implantando em suas instalações fabris sistemas de garantia da qualidade e oferecendo uma garantia maior para seus produtos. Há muito tempo a localização do vazamento e o ensaio de estanqueidade não são realizados somente em juntas fixas de recipientes. As especificações de estanqueidade de recipientes, de equipamentos e de instalações se tornaram muito severas nas últimas décadas. Atualmente, não são somente os equipamentos ou as instalações dos mais diversos tipos que operam com vácuo que devem ter a sua estanqueidade avaliada ou inspecionados com o objetivo de localizar vazamentos. Produtos da linha branca (geladeiras e freezers), recipientes contendo gás ou líquido (botijão de gás de cozinha ou cilindro com gases industriais ou medicinais), bem como componentes eletroeletrônicos especiais (relé contendo gás, termostatos contendo líquido ou componentes eletrônicos), muitas vezes têm que ser inspecionados, freqüentemente durante o próprio processo da fabricação em série. Embalagens, barris ou tonéis, latas, assim como recipientes de metal ou de plástico dos mais variados tipos, estão sendo cada vez mais inspecionados, não só com o objetivo de se adequarem às especificações de qualidade, como também às de proteção ao meio ambiente. Finalmente, os órgãos regulamentadores da área nuclear estabeleceram, no que diz respeito à estanqueidade, especificações extremamente severas para as tubulações, os vasos de pressão e os componentes de reatores nucleares. Estas especificações muitas vezes não são relativas somente ao ensaio de estanqueidade e à quantificação da taxa de vazamento. No caso de componentes caros, o local por onde ocorre o vazamento deve ser identificado, de maneira que o defeito possa ser reparado. 4 CAPÍTULO 2 2. PRINCÍPIOS DO ENSAIO DE ESTANQUEIDADE Basicamente, podemos afirmar que o Ensaio de estanqueidade é uma forma de ensaio não destrutivo usado para: 1. a detecção e localização dos vazamentos; 2. a medição de taxa de vazamentos de fluidos em componentes ou sistemas pressurizados ou evacuados. A palavra vazamento se refere ao orifício existente no sistema por onde passa ou escapa o fluído, e não à quantidade de fluído que passa através desse orifício. Vazamentos são falhas no sistema que podem ser de fundamental importância quando influenciam a segurança ou desempenho do sistema. As três razões básicas para efetuar-se um ensaio de estanqueidade são: para prevenir perda de material que possa interferir com a operação do sistema; para prevenir contaminação ambiental perigosa provocada por vazamento acidental; para detectar componentes não confiáveis e aqueles cujas taxas de vazamento excedem os critérios de aceitação. O propósito final dos ensaios de estanqueidade é garantir a confiabilidade dos componentes e prevenir falhas prematuras de sistemas que contêm fluidos sob pressão ou sob vácuo. O simples fato de uma substância passar por uma descontinuidade de um recipiente, entretanto, não significa que este recipiente não esteja em condições de ser utilizado pelo usuário. A adequação para uma dada finalidade dependerá, naturalmente, a que o recipiente se destina. Uma pequena descontinuidade pode não permitir a passagem de líquido, porém pode deixar passar por ela uma quantidade enorme de gás, visto que a viscosidade das moléculas dos líquidos é maior que a das moléculas ou átomos dos gases. A taxa de vazamento máxima admissível é que determinará se um dado objeto com uma descontinuidade, ou seja, que não é 100% estanque, é ou não adequado para uma finalidade específica. Existem diversas definições para o termo “tecnicamente ESTANQUE”. Este termo, logicamente, encontra-se definido na TRB 600 [5.2]. Segundo esta norma, um objeto é dito ESTANQUE quando a sua taxa de vazamento, medida com um método de ensaio adequado e com sensibilidade suficiente, é menor que a taxa de vazamento máxima admissível. Um fenômeno que faz com que um objeto seja considerado como não estanque, que, porém não constitui um defeito, é a permeação, ou seja, a passagem natural de gás através de diferentes materiais, como, por exemplo, através de mangueira de borracha ou de um anel O- ring de elastômero. O fenômeno de difusão é fundamental para conseguirmos distinguir do vazamento real. Esta distinção tem conseqüências práticas muito importantes. Sob o ponto de vista físico, todos os objetos apresentam vazamento em maior ou menos grau. Átomos de hidrogênio, por exemplo, se difundem através de todos os materiais. O problema consiste em saber qual a quantidade de gás que atravessa um dado material. Em muitos casos o vazamento é tão pequeno, que não prejudica a realização de vácuo em um objeto ou não atrapalha o funcionamento do mesmo na condição de serviço preestabelecida, podendo, desta maneira, ser ignorado. Somente quando a taxa de vazamento real é maior que a maior taxa de vazamento admissível para um dado objeto. é que o vazamento deve ser localizado, para que seja providenciado o seu reparo. Neste caso, solicita-se o serviço de um especialista em ensaio de localização de vazamento. É importante ressaltar uma particularidade do ensaio de estanqueidade. Pode ocorrer que uma descontinuidade seja estanque quando a pressão for maior de um lado, mas que permitaque ocorra um vazamento se a pressão maior for do outro lado do objeto. Por isso, um objeto de ensaio deve ser inspecionado segundo as mesmas condições de serviços, isto é, o lado (interno ou externo) de maior pressão deste objeto de ensaio deve ser aquele que se encontrará sob maior pressão quando ele estiver em serviço. Se for possível e tecnicamente viável, um objeto que trabalha com pressão interna maior que a atmosférica deve ser inspecionado, então, com uma pressão interna maior que 1 bar. Os métodos de localização de vazamento e de ensaio de estanqueidade podem ser classificados em dois grupos, conforme mostrado nas figuras 2.1 e 2.2. Se a pressão interna de um objeto a ser ensaiado for maior que a pressão externa, então a pressão em seu interior fará com que o 5 fluído (gás ou líquido) que ele contém escape para fora através de uma descontinuidade relativamente grande que porventura possa existir. Se a diferença entre a pressão interna e externa for muito grande, a quantidade de fluído que escapar (taxa de vazamento) será maior que aquela que escaparia caso esta diferença fosse pequena (figura 2.1). Outro caso que pode ocorrer é aquele em que a pressão interna é menor que a externa. Neste caso, o fluído que se encontra no lado de fora do objeto de ensaio irá penetrar nele através de uma descontinuidade até que as pressões externas e internas se igualem (figura 2.2). 6 CAPÍTULO 3 3. TAXA DE VAZAMENTO A taxa de vazamento, isto é, a quantidade de massa que atravessa uma dada descontinuidade em um determinado intervalo de tempo e nas condições estabelecidas (tipo de fluído e diferença de pressão), pode ser calculada empregando-se a equação abaixo: QL= ∆ (p.V) ∆t onde: - QL é a taxa de vazamento (mbar.l/s); - p é a pressão ou a variação de pressão (mabar); - V é o volume ou a variação de volume do objeto em teste (l); - ∆t é o intervalo de tempo (s). Atualmente, a taxa de vazamento no Sistema Internacional (SI) é expressa em Pa.m3.s-1. Uma taxa de vazamento de 1 mbar.l . s-1 significa, tomando–se o exemplo de um recipiente fechado de um litro de volume e com vácuo, que a sua pressão aumenta um milibar em um segundo (ou diminui 1 mbar em 1s, caso o recipiente estivesse pressurizado). Os exemplos apresentados a seguir ajudam a compreender o significado da taxa de vazamento e a visualizar melhor a quantidade de material que atravessa uma determinada descontinuidade. O modelo utilizado nestes exemplos é o de uma descontinuidade que se torna gradualmente menor, permanecendo a diferença de pressão entre os dois lados do recipiente que contém esta descontinuidade, porém, sempre constante e igual a 1 bar. Um poro muito pequeno (ou uma trinca capilar, que é uma descontinuidade freqüentemente encontrada na prática) permite a passagem de um determinado líquido somente se seu diâmetro for maior que o diâmetro da molécula do líquido. Se os eu diâmetro for menor, então este poro será bloqueado pelo líquido. O impedimento da passagem de um dado líquido por uma descontinuidade dependerá, dentre outras coisas, da viscosidade do fluido. O mel, por exemplo, não passa através de uma descontinuidade que muitas vezes é considerada como sendo grande; a gasolina, por outro lado, já consegue passar através de descontinuidade que não permite a passagem de água e que é considerada, por isso mesmo, como sendo “estanque”. Entretanto, uma descontinuidade que é tida como estanque no que se refere à passagem de líquido, pode ser considerada como sendo gigantesca quando se trata de gases de baixa viscosidade. Um recipiente que tenha uma taxa de vazamento de 1.10-4 mbar.l . s-1 , por exemplo, apresenta uma estanqueidade boa o suficiente para ser utilizado em uma instalação que opera com água, visto que ele não deixará em hipótese alguma vazar água. Contudo, se este mesmo recipiente for usado em uma indústria química para produção de gases tóxicos, provavelmente somente um milésimo (ou menos) desta taxa de vazamento máxima, ou seja, 1.10-7 mbar.l . s-1 pudesse ser tolerado. No caso deste recipiente ser usado em um equipamento de ultra-alto vácuo, como, por exemplo, em um ciclotron ou em um equipamento de implantação de íons, até mesmo uma taxa de vazamento desta ordem de grandeza (1.10-4 mbar.l . s-1) seria intolerável, visto que através de uma descontinuidade que apresentasse esta taxa de vazamento passaria uma enorme quantidade de átomos para dentro de recipiente. Neste último caso, então, a taxa de vazamento máxima admissível deveria ser reduzida para um décimo de milésimo deste valor, ou seja, para 1.10-11 mbar.l . s-1 que corresponde ao limite de detecção de um detector de vazamento de hélio em boas condições de operação. 7 CAPÍTULO 4 4. SENSIBILIDADE As várias técnicas para detecção de vazamentos diferem entre si tanto em relação ao custo como quanto a sensibilidade. O fluxograma abaixo mostra um exemplo para a seleção de métodos e técnicas de detecção de vazamentos. Este fluxograma é um guia básico e outras considerações podem indicar outros métodos de detecção que os indicados pelo fluxograma. A primeira consideração é se o método deve revelar a presença de um vazamento suspeito ou se o método deve localizar um vazamento conhecido. A segunda consideração é se é necessário medir a taxa de vazamento. Caso seja necessário medir a taxa de vazamento serão necessários equipamentos ou acessórios auxiliares (vazamento padrão, etc.). 8 Fluxograma Para a detecção e localização é importante o conhecimento da faixa de sensibilidade necessária. A tabela 1 abaixo mostra as sensibilidades mínimas para cada método de detecção de vazamentos. Tabela 1 – Limite de Sensibilidade dos vários métodos de detecção de vazamentos. Método Mínima Taxa de Vazamento detectável (mbar.l . s-1) Comentários Variação de Pressão 10 -3 (pressão) 10 -5 (vácuo) Geralmente limitado para grandes vazamentos. Oferece boas medidas quantitativas. Não informa a localização do vazamento. Consome tempo. Ultra-som 10 -1 (pressão) 10 -3 (vácuo) Localiza vazamentos em pouco tempo. Não precisa de limpeza. Penetrantes Líquidos 10 -3 Simples de usar. Pode tampar pequenos vazamentos. Requer limpeza. Bolha 10 -4 É utilizado para a localização do vazamento. Os fluídos podem tampar pequenos vazamentos. Condutividade Térmica 10 -5 É simples, compacto, portátil e barato. Halogênio 10 -6 Opera no ar. É portátil. Requer limpeza. Perde sensibilidade com o uso. Sensível para ambientes salinos. Espectômetro de Massa 10 -6 (pressão) 10 -12 (vácuo) É o método mais sensível quando o teste é sob vácuo. É caro. É semi-portátil. Caso os vazamentos possam ser checados através de métodos simples (Exemplo: método da bolha), então não haverá a necessidade do emprego de métodos caros e de alta sensibilidade. O mais importante é a correta determinação do vazamento através de um método apropriado ao grau de estanqueidade necessário ao sistema. 9 CAPÍTULO 5 5. MÉTODOS DA VARIAÇÃO DA PRESSÃO. Grande parte dos ensaios de estanqueidade é realizada empregando-se o método da variação da pressão. Como este método muitas vezes exige somente o uso de poucos equipamentos e instrumentos, bem como pelo fato de não necessitar do emprego de gás rastreador caro e prejudicial ao meio ambiente, ele parece ser, à primeira vista, relativamente simples de ser realizado. Neste método a variação da pressão com o decorrer do tempo é medida, sendo a taxa de vazamento calculada com o conhecimento do volume do recipiente. Neste caso, obtém-se a determinação do vazamento global do volume, não se importando em localizar o vazamento.As técnicas deste método podem ser agrupadas em três tipos: - Medição do aumento de pressão; - Medição da queda de Pressão; - Medição do diferencial de pressão. 5.1 ENSAIO DE ESTANQUEIDADE POR VARIAÇÃO DE PRESSÃO EM SISTEMAS PRESSURIZADOS A taxa de vazamento QL é igual à variação de pressão medida ∆P multiplicada pelo volume interno do sistema em ensaio, V, e dividido pelo intervalo de tempo ∆T, requerido para que ocorra essa variação de pressão: QL = V (∆P / ∆t) onde: QL = taxa de vazamento V = Volume interno livre do sistema ∆P = P1 – P2 (Pa) ∆T = t1 – t2 (s) Sensibilidade do ensaio por variação de pressão, no modo pressurizado. A sensibilidade na medição do vazamento durante um ensaio de estanqueidade de sistemas pressurizados com a técnica da variação de pressão depende da dimensão mínima detectável de variação de pressão, que por sua vez dependerá de: - Tempo de duração do ensaio, sendo, de uma maneira geral maior a sensibilidade quanto maior for o tempo de duração. - Sensibilidade e precisão dos instrumentos de medição de pressão. - Precisão no cálculo do volume interno do equipamento ensaiado. Fontes de erro no ensaio pelo método pressurizado. - O volume do sistema sob ensaio é difícil de calcular para grandes e complexos sistemas. Ele pode ser medido, entretanto, pela “técnica do vazamento adicional” que também é conhecida como “teste de verificação” ou “teste de prova”. Um vazamento conhecido é adicionado ao sistema e o volume do sistema é então calculado a partir do efeito observado no decréscimo da pressão observado pela inserção desse vazamento. - Variações de temperatura durante o ciclo de teste também tendem a variar a pressão do sistema. Esse erro pode ser evitado medindo-se a temperatura durante o ensaio e aplicando-se a Lei dos Gases Perfeitos, P . V = m R T, onde P é a pressão absoluta, V é o volume, m é a massa, T é a temperatura absoluta e R é a constante universal dos gases. Nota: Numa técnica alternativa para correção dessas interferências, um Volume de Referência é colocado no sistema ensaiado e a variação de pressão diferencial entre esse volume e o sistema é observada. Vantagens do ensaio pelo método pressurizado: - Grandes sistemas instrumentados podem ser freqüentemente ensaiados usando os medidores de pressão já instalados no próprio sistema. - Não é requerido nenhuma gás indicador (“tracer gas”). 10 Desvantagens do ensaio pelo método pressurizado: - O tempo requerido para o ensaio pode ser bastante longo. - O ensaio não permite a localização de vazamentos sem o uso de técnicas auxiliares. O ensaio pressurizado pode ser conduzido em qualquer volume que possa resistir à pressão interna aplicada para estabelecer o diferencial de pressão. Gases utilizados no ensaio: - Os gases usados devem obedecer a Lei dos Gases Perfeitos em um grau razoável. - Os mais utilizados são ar, nitrogênio, hélio, argônio e dióxido de carbono. - Nunca devem ser usados gases perigosos, tóxicos ou combustíveis, tais como oxigênio, acetileno, propano, butano, etc. - Os gases refrigerantes também não devem ser utilizados, pois além do problema ecológico, eles não obedecem à Lei dos Gases Perfeitos e podem produzir erros nos resultados do ensaio. Se gases refrigerantes forem usados com gases indicativos (“tracer gas”) no sistema em ensaios preliminares, os mesmos devem ser purgados do sistema antes do ensaio por variação de pressão. Precauções nos preparativos do ensaio Antes de executar o ensaio de estanqueidade por variação de pressão em sistema pressurizado é importante: - efetuar um ensaio preliminar, para detectar e eliminar vazamentos de conexões externas ao sistema que está sendo ensaiado. O tipo de ensaio preliminar deve estar definido no procedimento de ensaio escrito no produto ou montagem específicos. - Fechar a válvula de entrada e desconectar a fonte de pressão. - Ensaiar esses locais para detectar e eliminar eventuais vazamentos. Ensaiar também as conexões onde estão instalados os medidores de pressão. - Se as condições de trabalho encontradas durante o dia não são satisfatórias para a realização do ensaio, é preferível realizá-lo durante a noite, quando o ambiente e as condições de temperatura são mais estáveis. Seqüência típica de um ensaio: Após completar todos os ensaios preliminares requeridos, o ensaio deve ser efetuado de acordo com as seguintes etapas: - Um medidor de pressão interna deve ser colocado ao volume sob ensaio. Quando necessário, instrumentos para medir a temperatura de bulbo seco e a temperatura de ponto de orvalho também são instalados e verificados após a instalação. - A linha pressurizada é então conectada ao sistema através da válvula de entrada. O objeto é então pressurizado até a pressão de ensaio especificada (normalmente com ar). A válvula é fechada ao atingir a pressão desejada, o sistema é desconectado da linha pressurizada. Um ensaio de estanqueidade (normalmente por formação de bolhas) é então realizado na válvula e nas conexões. - O medidor de pressão é observado durante para detectar qualquer perda consistente de pressão, não relacionada com mudanças de temperatura. Se a pressão permanece razoavelmente estável, o ensaio de estanqueidade pode ser iniciado. Se a pressão decresce constantemente mais rapidamente que a taxa permitida, ensaios preliminares adicionais devem ser efetuados. - Somente quando estiver garantido que não há vazamento em conexões externas, válvulas, ou outros componentes é que pode ser iniciado o ensaio e registrado os dados observados. - Se, durante o ensaio, é notado que algum instrumento está com problema de funcionamento, o mesmo deve ser substituído e o ensaio reiniciado. - O ensaio pode ser encerrado ao fim de determinado período de tempo, se a magnitude da perda da pressão observada está dentro do limite permitido. Se os resultados estão no limite (“borderline”), considerações devem ser feitas para decidir se o ensaio deve prosseguir para aumentar sua confiabilidade. Se os limites formam ultrapassados, outros ensaios devem ser realizados para localizar os vazamentos que deverão ser eliminados antes do novo ensaio. 11 Cálculo das variações de pressão baseado em leituras de pressão e temperatura absolutas. Partindo da Lei dos Gases Perfeitos, tem-se: P V / T = constante, portanto P1V1 / T1=P2V2 / T2 de onde resulta P1 = (T1/ T2) P2 Logo, o cálculo da variação de pressão seria dado pela fórmula: ∆P = P1 – (T1 / T2) P2 E a taxa de variação de pressão, seria dada pela fórmula: ∆P / ∆t = {P1 – (T1 / T2) P2} / ∆t Para um volume constante, a taxa de vazamento QL seria dada pro: QL = V . ∆P / ∆t = QL . {P1 – (T1 / T2) P2} / ∆t Para pequenos sistemas, as pressões são às vezes medidas com medidores de pressão interna, e as temperaturas dos gases são medidas com termômetros de superfície nas escalas Celsius ou Fahrenheit. Tanto as medidas de pressão com as de temperatura devem, nesses casos, ser corrigidas para pressão e temperaturas absolutas. Se o ensaio foi efetuado em condições em que não há variações na pressão barométrica, a mesma pode ser assumida como sendo uma atmosfera padrão (101,3 kPa). A pressão absoluta nesse caso ficaria: P = Pinterna + Pbarométrica A temperatura deve ser corrida pela fórmula: T(°K) = T medida (°C) + 273 Aquisição de dados, análise e sistemas de registro do ensaio: Registro de ensaios para ensaios de vazamento por variação de pressão de larga escala pode ser simplificado pelo uso de sofisticados sistemas de aquisição de dados. Esses sistemas obtêm automaticamente os sinais de pressão, temperatura, ponto de orvalho, etc, a intervalos de tempo específicos. Os dados são transmitidos através de uma interface para a análise numérica por computador, registrados em discos ou fitas magnéticas e avaliados por análisede erros e técnicas estatísticas. 5.2 ENSAIO DE ESTANQUEIDADE POR VARIAÇÃO DE PRESSÃO EM SISTEMAS EVACUADOS O ensaio de aumento de pressão (também chamado de ensaio de retenção de vácuo) é um ensaio de estanqueidade por variação de pressão efetuado em um sistema evacuado abaixo da pressão atmosférica. Ele pode ser feito em sistemas a qualquer nível de vácuo, mas é mais efetivo em sistemas evacuados a uma pressão absoluta na faixa de 10 Pa a 1mPa. Este ensaio é feito isolando o sistema após atingir o vácuo especificado, e medindo a pressão e a temperatura (quando o sistema está exposto a variaçõesde temperatura) por um período de tempo específico. Efeito dos vapores condensáveis sobre o ensaio de retenção de vácuo Como já foi dito anteriormente, o comportamento dos vapores se afasta significativamente do previsto na lei dos gases perfeitos. Um vapor é a forma gasosa de qualquer substância que normalmente exista na forma de um líquido ou sólido, tal como o vapor de água. Em um sistema onde um líquido puro está em equilíbrio com seu próprio vapor, teremos duas fases (líquido e vapor) sendo que a pressão parcial exercida pelo vapor é conhecida como pressão de vapor. A qualquer variação de temperatura, ocorrerá condensação do vapor (quando diminui a temperatura) ou evaporação da água (quando aumenta a temperatura). Dessa forma haverá variações de pressão devido a 12 esses efeitos que não podem ser calculados pela lei dos gases perfeitos. Esses efeitos do vapor são chamados de desgaseificação (‘outgassing”) m um sistema evacuado. Portanto, para estabelecer uma taxa precisa de vazamento pela técnica da variação de pressão em um sistema evacuado exposto às condições ambientais do tempo, é necessário comparar dados de pressão em períodos quando a temperatura (e a direção de variação de temperatura) é aproximadamente a mesma. *Nota: A menor pressão absoluta atingível em um sistema evacuado é limitada. Durante a evacuação de um sistema através do uso de bombas, moléculas são removidas do sistema constantemente pelo processo de bombeamento. Isso nos levaria a crer que eventualmente uma pressão absoluta igual a zero seria atingível. Isso seria verdade se as únicas moléculas a serem removidas fossem aquelas do espaço do gás. Entretanto, outras fontes de gás existem e devem ser consideradas. As fontes de gás predominantes são vazamentos e desgaseificação (‘outgassing”). Vazamento é a transmissão direta de moléculas de gás, guiadas pela pressão externa, através de orifícios ou porosidades nas paredes da câmara de vácuo. Estão incluídos gases que foram absorvidos pela superfície, dissolvidos nos materiais, bem como aqueles devidos à evaporação ou decomposição. Vantagens da técnica de retenção de vácuo: - simplicidade e facilidade de execução em sistemas menores. - Pode ser usado como um ensaio final ou um método preliminar. - Pode ser usado como um método quantitativo para determinar a taxa de vazamento total (na forma de um aumento de pressão por unidade de tempo) através da fronteira de qualquer sistema capaz de ser evacuado. Fatores que afetam a sensibilidade: A pressão absoluta atingida (vácuo) no sistema evacuado quando o ensaio e efetuado. Esta pressão afeta a resolução da menor variação de pressão mensurável. Quanto menor a pressão, maior a sensibilidade. - O volume interno do sistema ensaiado. A sensibilidade será maior para menores volumes. - O tempo de duração do ensaio. Quanto maior o tempo, maior a sensibilidade do ensaio. - A temperatura ambiente e as condições do tempo. Quanto maiores as variações de temperatura, menor a sensibilidade. - As áreas das superfícies internas e a limpeza do sistema. Quanto menor a superfície interna e quanto mais limpa menor é o efeito de desgaseificação, reduzindo a variação de pressão e aumentando a sensibilidade do ensaio. 13 5.3 MEDIÇÃO DO DIFERENCIAL DE PRESSÃO Neste método o sistema sob teste é conectado a um vaso de referência selado. Ambos são submetidos à mesma pressão e, após vários intervalos de tempo, mede-se a diferença de pressão entre o vaso de referência e o sistema sob teste. Desde que se disponha de dispositivos bastante precisos para a medição do diferencial de pressão, obtêm-se uma alta sensibilidade nesta técnica. A aplicação de pressão ao recipiente de teste e ao vaso de referência deve ser simultânea. Após então se deve aguardar um período de equilíbrio (temperatura e pressão) antes do início das medições. Feito isto, fecha-se a válvula de interligação entre os dois recipientes e plota-se o diferencial de pressão versus o tempo. 14 CAPÍTULO 6 6. DETECÇÃO DE VAZAMENTO PELO ULTRA-SOM A energia sonora gerada por um fluido ao passar por um vazamento pode ser utilizada na sua detecção. Esta energia sonora é produzida pela transição de escoamento laminar a turbulento quando o fluido atravessa um vazamento, tanto em sistemas sob vácuo quanto sob pressão. A vibração das moléculas dos fluidos na faixa de freqüência de ultra-som é a fonte dos sinais para detecção. A Figura 6.1 ilustra o diagrama básico de um sistema de detecção de vazamentos pelo ultra-som. Neste diagrama, o som gerado por um vazamento é detectado por um microfone, sendo então o sinal filtrado eletronicamente de modo a remover todos os sinais de baixa freqüência. Depois de filtrado e amplificado o sinal remanescente é convertido na faixa audível com o auxílio de um oscilador. Através destes sinais audíveis, depois de jogados em um autofalante ou então em um medidor (dB), é realizada a análise dos ultra-sons provenientes do vazamento. A grande maioria dos detectores de vazamentos por ultra-som operam numa faixa de freqüência ao redor de 40 kHz. Isto porque os sons de alta freqüência tendem a se propagar na forma de um feixe direcional, enquanto que os sons de baixa freqüência se propagam esfericamente. Desta forma a detecção e localização dos sons emitidos a altas freqüências é muito mais fácil do que os sons emitidos a baixas freqüências. Os sons gerados por escoamento turbulento incluem a faixa de 30 a 50 kHz. O método da detecção dos ultra-sons é aplicável quando existir um gradiente mínimo de pressão no vazamento de modo a produzir turbulências no fluido. Quando estas condições não são encontradas em certos casos é possível se localizar vazamentos com auxílio de uma fonte artificial de ultra-sons (técnica ativa). Neste caso a detecção é possível porque o fluido conduz pelo vazamento os sons provenientes da fonte artificial, colocada no interior, para o detector no exterior, ou vive-versa. A detecção do vazamento em si pode ser realizada de duas maneiras. A primeira consiste em se detectar o sinal transmitido através do ar com uma antena parabólica acoplada ao detector. Deste modo é possível em certos casos detectar vazamentos a distâncias maiores que 30 metros. A segunda consiste na detecção do sinal transmitido para a superfície do objeto em 15 teste, através de uma ponta de prova contendo um prolongamento acústico que conduz as vibrações sonoras provenientes da superfície sólida para o detector. A grande vantagem do emprego do método da detecção pelo ultra-som é que não existe limitação com relação ao tipo de fluido, ou seja, ele é aplicável na detecção de fugas de líquidos, gases ou vapores, eliminando a necessidade do uso de substâncias indicadoras como em outros métodos. A sensibilidade do instrumento em detectar vazamentos depende de vários fatores associados como a sensibilidade do detector, viscosidade e velocidade do fluido, gradiente de pressão e geometria do vazamento. A versatilidade deste método permite a inspeção de extensas estruturas como dutos suspensos em refinarias, a partir de uma varredura do solo. A determinação quantitativa da taxa de vazamentonão é possível com um dispositivo de detecção de vazamentos, mesmo dentro dos limites de sensibilidade. 16 CAPÍTULO 7 7. DETECÇÃO DE VAZAMENTO ATRAVÉS DE LÍQUIDOS E INDICADORES A detecção de vazamentos com líquidos e indicadores é o método de mais baixa sensibilidade de detecção. Para sua execução, o sistema sob teste é cheio com o líquido de teste de forma que a pressão do líquido é maior do que a pressão externa. O escoamento do líquido é que revela os locais com vazamentos. Usualmente utiliza-se óleo (diesel), querosene, água, álcool, com ou sem adição de corantes e utilização de reveladores (Ex: cal). 7.1 PREPARAÇÃO PARA O TESTE As superfícies sob teste devem estar livres de qualquer tipo de contaminação (sujeira, óleo, graxas, pintura), as quais podem momentaneamente bloquear os possíveis vazamentos presentes. A região de teste deve estar completamente acessível para a inspeção visual. Todas as aberturas do sistema sob teste precisam ser bem fechadas. Um manômetro deve ser utilizado para indicar a pressão do sistema durante o teste, e uma válvula de respiro deve ser instalada de modo a garantir que todo ar (ou gás) do sistema foi evacuado. Caso o sistema sob teste seja mais complicado (Ex: oleodutos), é aconselhável a instalação de vários manômetros e respiros. De modo geral, água é utilizada como líquido de teste. De acordo com o equipamento ou sistema sob teste, alguns requerimentos devem ser obedecidos com relação à qualidade de água (Ex.: teor de cloretos, inibidores de corrosão etc.). A adição de agentes que melhoram a molhabilidade e aumentam a sensibilidade. A adição de corantes facilita a localização dos lugares com vazamentos. No caso do teste de fundidos, utiliza-se óleo diesel ou querosene como líquido de teste. 7.2 EXECUÇÃO DE TESTE Para a execução do teste o sistema é cheio com o líquido de teste até que a pressão atinja o valor prescrito no procedimento do teste. Também o sistema deve ser bem ventilado de mdo a não haver bolsões de ar ou gases aprisionados nos quais os vazamentos seriam mascarados ou mesmo poderia haver o risco de estouro com perigo de vida. Quando a pressão de teste prescrita é atingida, o exterior do sistema sob teste é visualmente inspecionado cuidadosamente, procurando-se fugas do líquido ou umidade. Se um tempo mínimo para manutenção de pressão é prescrito, a observação visual é realizada depois de decorrido este intervalo de tempo. Tanto as condições como os resultados do teste devem ser relatados em um relatório. Ao final do teste o sistema é esvaziado e deve, de acordo com o procedimento, ser lavado a seco. Em alguns casos é necessária a realização com o líquido de teste aquecido. Neste caso deve-se tomar cuidado para não haver pressão excessiva, bem como eventuais queimaduras através dos líquidos que escapam através de vazamentos. 17 CAPÍTULO 8 8. MÉTODO DA BOLHA Este teste, devido a sua simplicidade, é um dos mais utilizados na detecção de vazamentos. Através da observação das bolhas que escapam nos locais com vazamentos é possível localiza- los e em alguns casos até quantificá-los. Logo dependendo do tamanho das bolhas formadas e da freqüência desta formação é possível tirar conclusões sobre a magnitude do vazamento. Existem várias técnicas para a realização deste método, basicamente: 1. Pressurização da peça sob teste com um gás (Ar, N2) e imersão em um líquido de teste para observação das possíveis bolhas que escapam nos vazamentos. 2. Pressurização da peça sob teste com um gás (Ar, N2) e aspersão da superfície com uma solução formadora de bolhas. 3. A peça sob teste é colocada sob vácuo em pontos acessíveis, e uma solução formadora de bolhas atua como indicadora de vazamentos. Na primeira técnica, imediatamente após a pressurização da peça com o gás, esta é imediatamente imersa em um líquido (água, álcool) e as bolhas que escapam do interior da peça são observadas. De modo a se aumentar a sensibilidade, a peça sob teste pode ser imersa num recipiente transparente contendo o líquido de teste e acima da superfície do líquido diminui-se a pressão (vácuo). As bolhas de gás que escapam do vazamento serão maiores em virtude da menor pressão no líquido e desta forma podem ser mais facilmente detectadas Uma quantificação simples do vazamento é possível através de imersão de um Becker graduado no líquido de modo a coletar o gás que escapa e quantificá-lo na unidade de tempo (figura 8.1). A detecção das bolhas pode ser facilitada através de aditivos à água, de modo a reduzir a sua tensão superficial, bem como através de uma boa iluminação do líquido de teste. 18 8.1 VANTAGEM DAS TÉCNICAS DE ENSAIO POR FORMAÇÃO DE BOLHAS Relativamente simples, rápido e barato. Boa sensibilidade. Permite ao observador localizar o ponto de saída do vazamento com precisão. Detecta rapidamente grandes vazamentos. Resposta rápida mesmo para pequenos vazamentos. Não é necessária a movimentação de um elemento sensor de ponto para ponto. No teste por imersão o componente pressurizado pode ser examinado simultaneamente em todas as superfícies visíveis ao observador. Todos os vazamentos são revelados independentemente. Utilizando-se os gases e líquidos apropriados, o ensaio é seguro, mesmo em atmosferas combustíveis. O treinamento requerido para o operador é mínimo. 8.2 LIMITAÇÕES DAS TÉCNICAS DE ENSAIO POR FORMAÇÃO DE BOLHAS As condições que podem limitar a efetividade do ensaio incluem: Contaminação das superfícies de ensaio. Temperatura não apropriada da superfície. Líquidos de testa contaminados ou espumantes. Utilização de materiais de limpeza da superfície que “entopem” vazamentos. Ar dissolvido nos líquidos de teste ou desgaseificação de superfícies corroídas, provocando formação de bolhas espúrias. 8.3 SENSIBILIDADE DA TÉCNICA DO ENSAIO POR FORMAÇÃO DE BOLHAS Dentre os fatores que influenciam a sensibilidade do ensaio podemos citar: O diferencial de pressão atuando através do vazamento. O gás utilizado para pressurizar o equipamento; O líquido de teste usado para a formação de bolhas; A contaminação da superfície ( sujeira, óleo. tinta); As condições do tempo: chuva, temperatura, vento, umidade, etc. Na técnica de imersão, sob condições industriais excelentes, a sensibilidade máxima atingida está na faixa de 10-5 a 10-6 Pa.m3.s-1. 8.4 TÉCNICA DO ENSAIO POR FORMAÇÃO DE BOLHAS COM SOLUÇÃO FROMADORA DE ESPUMA No caso da técnica de pressurização com aplicação de solução formadora de bolhas, a peça sob teste é sujeita a uma pressão e os locais suspeitos de vazamentos são borrifados com uma solução formadora de bolhas. Os vazamentos são localizados através da formação de espuma, conforme ilustra a figura 8.2. 19 A quantidade do vazamento não é muito simples de ser estimada através desta técnica. Tanto detergentes líquidos (diluídos 1:10) quanto spray líquido, oferecido comercialmente para este fim, podem ser empregados. Como característica deste técnica, a solução formadora de bolhas usada na técnica de aplicação de película de líquido deve produzir uma película que não se desprenda da superfície a ser ensaiada. A película de solução deve produzir bolhas que não estourem rapidamente devido à secagem do ar ou à baixa tensão superficial. O número de bolhas contido na solução durante a aplicação deve ser minimizado para reduzir a confusão que pode existir entre bolhas devidas a vazamentos e as inerentes à solução. Não deve ser utilizado nenhum líquido que possa ser prejudicial ao componente sendo testado, ou outros componentes do sistema. Uma soluçãomuito utilizada na indústria é composta por sabão líquido ou detergente, glicerina e água, na proporção de 1:1:4,5. Para a detecção de grandes vazamentos, uma solução apropriada pode ser empregada com detergente e água na proporção de 1:1 ou 1:2. Imediatamente antes do ensaio, a solução deve ser agitada até que uma camada espessa de espuma é formada. 8.4.1 Vantagens e Limitações das Soluções Preparadas Usadas no Ensaio Baixo custo. Normalmente o custo dessas soluções é muito menor que as soluções comerciais existentes. Entretanto, apresentam as seguintes desvantagens: Formam com os minerais presentes na água dura, resíduos pegajosos, pastosos, que podem “pluguear” pequenos vazamentos, ao menos temporariamente. A maior parte das soluções são alcalinas com valores de PH entre 10.5 e 11.5. Essa alcalinidade pode ser aceitável quando se ensaia equipamentos de ferro ou aço de baixo carbono. Entretanto poderia provocar corrosão em ligas de alumínio, se mantiver contato prolongado. Sabões neutros normalmente contêm aditivos que reduzem sua capacidade de formar bolha. Sabões são sais que conduzem eletricidade e que os torna não aconselháveis para ensaiar componentes elétricos ou eletrônicos. Sabões podem conter cloretos com impurezas, que são indesejáveis quando se ensaia aços inox ou ligas de titânio, pois podem provocar trincas sob tensão. 20 8.4.2 Vantagens e Limitações das Soluções Comerciais Formadora de Bolhas Normalmente as especificações de ensaio em aplicações industriais indicam que sejam usadas soluções comerciais formadoras de bolhas. Soluções “caseiras” não são consideradas satisfatórias para testes de vazamento críticos. Propriedades típicas de soluções comerciais são: As soluções são neutras, com PH entre 6 e 8. Não formam depósitos, mesmo se misturadas com água dura. Uma pequena quantidade de espalha na superfície permanecendo por um longo período de tempo. São fornecidas a granel ou embalagens apropriadas para aplicação: pequenas piscetas plásticas, garrafas com pincel na ponta, etc. São estáveis e imunes à ação bacteriana, e mantém as propriedades desejadas por longos períodos de tempo de armazenamento. Normalmente não deixam resíduos após a secagem, não necessitando uma limpeza posterior ao ensaio. Podem ser projetadas para condições especiais, como para uso em altas ou baixas temperaturas, sobre metais e plásticos reativos, sobre equipamentos elétricos ou eletrônicos, etc. Alguns fatores devem ser considerados antes de escolher a solução formadora de bolhas: Que gás será utilizado no ensaio? As soluções podem ser fabricadas para gases específicos. Que materiais serão ensaiados? Aços inox, ligas de titânio são sujeitas a corrosão sob tensão. A solução deve ser escolhida para evitar possibilidade de prejuízos à peça. Qual a sensibilidade desejada? Existem soluções para uma grande faixa de sensibilidade. Os fabricantes devem ser consultados. Qual a dimensão da área a ser ensaiada? Existem soluções que possuem altas características de estabilidade e as películas formadoras permanecem na superfície por longos períodos de tempo em áreas grandes. Em que temperatura será efetuado o ensaio? Pode-se encontrar soluções para uso em temperatura variando de -55 a 210 °C. A sensibilidade do ensaio dependerá de: O diferencial de pressões. A sensibilidade varia aproximadamente com a diferença entre os quadrados das pressões, para testes realizados na faixa de 100 kPa. A viscosidade do gás, sendo que a sensibilidade será maior para menores valores de viscosidade. A tensão superficial do líquido, sendo maior a sensibilidade para líquidos de menor tensão superficial. A limpeza das superfícies (externa e interna). A técnica do operador. As condições atmosféricas do tempo (chuva, vento, sol, etc.). As condições de iluminação. O tempo requerido para formar bolhas. A sensibilidade aumenta com o aumento de tempo de observação. 8.5 TÉCNICAS DO ENSAIO POR FORMAÇÃO DE BOLHAS COM CÂMARA DE VÁCUO. Utiliza-se a técnica de caixa de vácuo quando não há condições de se pressurizar o equipamento para criar o diferencial de pressão, ou, para ensaiar partes que são inacessíveis 21 quando o sistema é pressurizado. Pode ser usado para aumentar a sensibilidade da técnica de estanqueidade por líquido penetrante, provocando um diferencial de pressão. Para a técnica sob vácuo com utilização da solução formadora de bolhas, a peça a ser ensaiada é parcialmente borrifada com a solução e uma caixa de vácuo é colocada sobre as partes a serem inspecionadas (figura 8.3). Após a abertura da válvula de vácuo em poucos segundos obtém-se vácuo necessário e os lugares contendo vazamentos deixam atravessar ar, que por sua vez encontra a solução formadora de bolhas, formando espuma. A espuma formada é observada através da janela de acrílico da caixa de vácuo localizando os vazamentos. É importante que a caixa de vácuo não seja submetida a uma pressão menor que 200 mbar uma vez que abaixo disto pode haver a liberação dos gases dissolvidos na solução formadora de bolhas. Para os diferentes tipo e formas de objetos de teste é possível a construção de caixas de vácuos adequadas. A vantagem do método de bolha reside na simplicidade. Instrumentos caros como os detectores de vazamentos nem sempre são necessários e nestes casos o método bolha pode ser aplicado. Basicamente, os seguintes equipamentos são requeridos: - gás ou ar comprimido; - manômetros; - cronômetros; - lupa; - recipiente (possivelmente transparente e com iluminação); - bomba de vácuo; - caixa de vácuo; - líquido com baixa tensão superficial; - aquecedores de imersão; - termômetro; 22 8.5.1 Preparação para o Teste Em geral não é necessária nenhuma calibração para o método da bolha. O que deve ser considerado é o tipo de gás, temperatura, pressão da água, (de acordo com a localização do vazamento) etc. Um simples vazamento de calibração pode ser preparado de um pequeno tubo de cobre ou aço inoxidável, o qual poderá ser imerso à mesma profundidade que a peça sob teste. As condições de pressão para o vazamento de calibração precisam ser as mesmas da peça sob teste. O vazamento de calibração poderá, por exemplo, ser calibrado com um detector de vazamento por hélio. As bolhas de gás que escapam do vazamento de calibração são então comparadas com aquelas que escapam da peça sob teste. A peça sob teste deve ser completamente imersa e a pressão deve ser constante durante o teste. O teste deve ser realizado à temperatura ambiente (entre 15 e 35°C). Exemplo: Se, à pressão atmosférica, o número de bolhas por unidade de tempo é 1 bolha por segundo, a taxa de vazamento é (diâmetro da bolha = 1mm): VB = π r3 = 0,52 mm3 = 0,5.10-6 QL = P. VB = 1000mbar . 0,5 . 10 -6 l = 5 . 10-4 mbar t 1s 8.5.2 Desempenho de Teste Devido a sua simplicidade, o método da bolha pode ser levado a cabo tanto em laboratório quanto no campo. É adequado para o teste de vasos, componentes, dutos e plantas completas. O limite de detecção pelos diversos métodos de bolhas citados é de 10-4 mbar. l / s, aproximadamente. A confiança deste teste depende muito da atenção do operador. Principalmente no caso de peças com geometria complexa, é necessária uma observação meticulosa do modo de se distinguir a formação de bolhas devido a bolsões de ar aprisionados em cavidades ou revestimentos, dos vazamentos reais. Os seguintes passos devem ser observados: - Aplicação da solução livre de bolhas; - Observação da formação durante a aplicação na região de teste; - Repetição do teste na mesma região após cerca de 10 a 60 segundos de modo a reconhecer o desenvolvimento de pequenos montes de espuma sobre pequenos vazamentos; Grandesvazamentos (10-1 mbar. l / s) sob certas condições podem ser despercebidos por este método (inclusive com caixa de vácuo), uma vez que o filme líquido da solução formadora de bolhas pode ser soprada para longe antes longe antes que alguma bolha ou espuma se forma. No caso de conexões de flanges com sulcos, cilindro de vapor, uniões roscadas, selos tipo labirinto etc. Este método não se aplica ou se aplica em condições especiais, uma vez que não há formação definida de espuma. Na inspeção de superfícies verticais convém aumentar a viscosidade do líquido pela adição de dextrin ou glicerina, de maneira a diminuir o escorrimento do líquido. A superfície da peça sob teste deve estar limpa e isenta de óxidos ou carepa e pintura. No caso de juntas soldadas sobrepostas com elevação maior que 3mm, estas necessitam ser esmerilhadas de modo a permitir uma boa vedação da caixa de vácuo. 8.5.3 Projeto da Caixa de Vácuo As figuras a seguir mostram alguns projetos de caixa de vácuo para diferentes superfícies a ensaiar. As caixas devem ser capazes de resistir uma pressão externa de 1000 mbar (1atm). Gaxetas flexíveis, com seção transversal como mostrado na figura, devem ser providenciadas 23 para selar a caixa na superfície. Cada caixa contém uma janela no topo oposto ao fundo aberto e tem conectados dispositivos externos para bombear o ar para fora e manter o vácuo (ejetor de ar). 8.5.4 Características desejáveis para as Caixas de Vácuo Capacidade de permitir a entrada de luz natural ou artificial. Isto é feito através da janela da caixa. As caixas construídas totalmente de material transparente apresentam melhor iluminação. Proximidade da janela à superfície. Leve, para fácil manuseio por uma só pessoa. Capacidade de fácil assentamento inicial e boas propriedades de selagem para manter o vácuo. Contribui o formato da secção transversal da gaxeta e a flexibilidade da caixa e da gaxeta. Equipada com dispositivo simples e eficiente de evacuação de ar. Equipada com medidor de pressão ou medidor de vácuo. Equipada com válvula para fechar facilmente o dispositivo de evacuação ou controlar o diferencial de pressão. O sistema de gaxetas utilizado na caixa de vácuo é crítico, para obter-se um bom assentamento inicial e evacuação da caixa e manter-se o vácuo requerido. Caixas feitas completamente de material plástico transparente são mais leves e mais flexíveis que caixas metálicas (normalmente alumínio). Gaxetas de neoprene fornecem boa sensibilidade. 24 O sistema de evacuação das caixas de vácuo deve ter capacidade de compensar o vazamento pela gaxeta, quando a caixa é inicialmente assentada. Também deve ser capaz de atingir rapidamente e manter o vácuo desejado para o ensaio. Os dois sistemas mais utilizados são: Um pequeno ejetor acoplado na caixa, conectado a uma fonte de ar comprimido, ou, Uma pequena bomba de vácuo portátil. A caixa de vácuo, quando colocada sobre a área a ser ensaiada, deve ser a um diferencial de pressão mínimo de 350 mbar (5psig). Esse diferencial de pressão deve poder ser verificado por um medidor de vácuo (ou de pressão) calibrado. O vácuo deve ser mantido por um tempo mínimo de 10 a 20 segundos. Uma sobreposição de ao menos 50 mm deve ser dada para cada exame subseqüente, de maneira a ensaiar completamente toda a superfície requerida. Um medidor de pressão ou vácuo deve ser visível ao operador durante o ensaio para poder controlar o vácuo dentro da caixa. A temperatura da superfície durante o ensaio é um fator importante. Ela deve ser mantida entre 4 e 40°C. Nessa faixa de temperatura, a solução formadora de bolhas deve ser aplicada à superfície não antes que 1 minuto do ensaio. 25 CAPÍTULO 9 9. MÉTODO DO HALOGÊNIO Todo detector de vazamento frigorígeno é projetado para operar com sonda aspiradora (figura 9.1). Os equipamentos modernos incorporam a tecnologia de semicondutores e de circuitos integrados, tendo sido desenvolvidos especialmente para fins industriais, garantindo a mais elevada segurança, mesmo sob condições extremas de serviço e em funcionamento contínuo. As principais características do detector de vazamento de fluído frigorígeno são: os indicadores óptico e acústico no equipamento propriamente dito; o sinal óptico adicional na sonda aspiradora; a facilidade de operação; a leveza e a robustez da sonda aspiradora; a substituição fácil do transdutor; os tempos de resposta e de recuperação extremamente pequenos; o controle simples do fluxo de gás do ensaio. Onde: 1. Sensor do Halogênio; 2. Bomba de vácuo; 3. Medidor de vácuo; Quase todos os detectores de vazamento de halogênio operam suprimindo automaticamente o ruído de fundo, de maneira que é possível localizar com sucesso vazamento de fluido frigorígeno em atmosfera contaminada. O ajuste do valor zero no nível do ruído de fundo permite uma adaptação à atmosfera reinante constante e continua, sendo indicada no equipamento somente a variação da concentração do gás frigorígeno. A supressão automática do ruído de fundo faz com que o valor no mostrador do equipamento caia para zero rapidamente após alguns segundos, mesmo que o inspetor retenha a ponta da sonda aspiradora em um local de elevada concentração de fluido frigorígeno, conforme acontece no momento em que a sonda aspiradora passa sobre um grande vazamento, quando ela começa a receber uma grande quantidade de gás de ensaio. Na maioria dos equipamentos a sensibilidade de ensaio pode ser ajustada em diferentes níveis utilizando-se botões localizados na própria sonda aspiradora. A redução da sensibilidade de um 26 nível para outro imediatamente inferior corresponde a uma variação de uma ordem de grandeza (10:1). Através da comutação da sensibilidade na sonda aspiradora, a localização de um vazamento se torna sensivelmente mais fácil. 9.1 TIPO DE DETECTOR DE VAZAMENTO DE FLUIDO FRIGORÍGENO Os detectores de vazamento de fluidos frigorígenos podem ser classificados em três grupos: os convencionais, que atualmente ainda são utilizados na detecção de vazamento, os equipamentos mais recentes, que possuem pequenos diodos que reagem aos diferentes frigorígenos, e os equipados com um espectrômetro de massa como transdutor, que foram lançados há algum tempo no mercado. 9.2 DETECTOR DE VAZAMENTO HALOGÊNIO CONVENCIONAL No detector de vazamento convencional o transdutor, que se assemelha, no que diz respeito à sua construção, a um tubo de elétrons, constitui o componente mais importante. A corrente de íons que se forma entre o anodo e o catodo, que é constante a uma dada temperatura, aumenta rapidamente quando uma pequeníssima quantidade de gás halogenado penetra neste sistema de elétrons. Este sistema de elétrons, desenvolvido com base no princípio “ princípio de emissão iônica”, funciona tanto à pressão atmosférica (103 mbar) como em vácuo (até a 10-6 mbar ou menos). A tensão de serviço , também denominada tensão anódica, gira em torno de 205 V. Baseado neste princípio de construção existe uma outra variante do equipamento, que é o detector de vazamento de halogênio de condutibilidade de íons. Neste tipo de equipamento, a tensão de alimentação (tensão anódica) necessária para que ocorra o efeito da condutibilidade de íons, assim como ocorre no caso dos semicondutores, é de apenas alguns volts. O princípio da condutibilidade de íons, porém, pode ser empregado somente à pressão atmosférica. A grande vantagem deste tipo de transdutor é o seu tamanho extremamente pequeno. Dependendo do tipo de equipamento, o transdutor pode ser montado na própria sonda aspiradora ou se encontrar embutido no equipamento, junto à extremidade da mangueira da sonda aspiradora. Neste caso,uma pequena bomba de vácuo, que não requer manutenção, ou um ventilador conduz o fluxo de gás da ponta da sonda aspiradora, através de uma mangueira, até o transdutor. O principal campo de utilização do detector de vazamento de halogênio convencional é a identificação dos diferentes fluidos frigorígenos, como o frigen® (R11), o freon®(R12), o kaltron® (R22), etc. O detector de vazamento de halogênio com espectrômetro de massa como transdutor é bem maior que aquele que opera com transdutor de diodo. Este equipamento é semelhante, no que diz respeito à sua construção, ao detector de vazamento de hélio portátil, é controlado por um microprocessador e pesa cerca de 35 kg. O espectrômetro de massa quadrupolo embutido no detector de vazamento de halogênio é capaz de identificar diferentes fluidos frigorígenos, como, por exemplo, o R12, o R22, o R134a, o R404a, o R502a e o R600a. O tempo de resposta de cerca de 1 s, mesmo quando se emprega uma sonda aspiradora com mangueira de 3m a 4m de comprimento, é bastante pequeno. A menor taxa de vazamento de R134a que pode ser medida é, segundo os fabricantes, cerca de 0,1 g/a. Existe no mercado um detector de vazamento de halogênio que, ao se utilizar um botão de comutação, passa a operar como detector de vazamento de hélio. 9.3 GASES DE ENSAIO UTILIZADOS NA DETECÇÃO DE VAZAMENTO DE FLUIDO FRIGORÍGENO 9.3.1 Característica do R22 No que diz respeito à camada de ozônio, o R22, que é um FCC parcialmente halogenado, é sensivelmente melhor que o R12, visto que somente uma pequena parcela do R22 atinge a estratosfera. O R22 apresenta, em relação à decomposição do ozônio, um efeito prejudicial que corresponde somente a 5% daquele referente ao R12. Apesar disso, por motivos ecológicos, a 27 quantidade de R22 que escapa para a atmosfera deve ser sempre a menor possível, sendo necessário observar os limites estipulados para a legislação. A recuperação de R22 após a detecção de vazamento é, porém, bastante problemática, pois o R22 com ar atmosférico, sob pressão, pode formar uma mistura explosiva. A detecção de vazamento com R22 é, no que diz respeito à sensibilidade do detector de vazamento de halogênio, praticamente idêntica àquela realizada com R12. Entretanto, deve-se tomar cuidado com a elevada pressão de vapor de R22 (10 bar a 25°C) e, conforme já mencionado, com a possibilidade deste gás formar uma mistura explosiva com o ar atmosférico sob pressão. 9.3.2 Cuidado para Utilização do R22 A segurança envolvida nos trabalhos realizados com o R22 é muito importante e deve sempre levar em consideração os diversos fatores mencionados a seguir. O R22 forma uma mistura explosiva com o ar atmosférico quando a pressão absoluta desta mistura é maior que 1,3 bar. Portanto, para se eliminar o risco de explosão, durante uma operação de soldagem, por exemplo, é necessário remover a maior quantidade possível de R22 do interior do objeto de ensaio. Não é suficiente, em vista disso, após a conclusão de uma inspeção, simplesmente abrir o objeto de ensaio e permitir que o gás de ensaio, que se encontra pressurizado em seu interior, escape para a atmosfera. Para remover eficientemente o R22, é preciso evacuar várias vezes o objeto de ensaio ou, então, remover o gás de ensaio com um fluxo intenso de ar atmosférico. Antes de evacuar o objeto de ensaio, porém, tem-se que se certificar se o mesmo pode ser evacuado. Um objeto que esteja sujeito à ocorrência de descarga eletrostática, como, por exemplo, aquele de vidro, de borracha, de paredes esmaltadas ou que seja revestido internamente com uma camada de plástico, só pode ser inspecionado com uma pressão absoluta menor que 1,3 bar, caso o ar atmosférico que se encontra em seu interior não possa ser removido antes do ensaio. Antes de se utilizar um recipiente que foi cheio e inspecionado com gás de ensaio, deve-se sempre analisar o ar que se encontra em seu interior, de maneira a determinar o teor de oxigênio que ele contém. As especificações relativas à segurança do trabalho, neste caso, devem ser rigorosamente observadas. Conforme já foi mencionado anteriormente, o R22 possui uma reatividade menor que o R12, decompondo-se em cerca de 95% na camada inferior da atmosfera. Pelo mesmo motivo, ele também pode reagir quimicamente com facilidade com a água já a partir de aproximadamente 50°C. Os produtos desta reação, que se encontram, então, solubilizados na água, podem, desde que as condições de serviço sejam propícias, ocasionar corrosão por pite e corrosão sob tensão em aços inoxidáveis austeníticos. 9.3.3 Outros Gases de Ensaios A inspeção de alumínio, magnésio ou suas ligas com gás halogenado só pode ser realizada quando se tem certeza de que o objeto de ensaio está absolutamente seco e que todo e qualquer vestígio de gás de ensaio será completamente removido após a conclusão da inspeção, visto que o gás halogenado pode se decompor cataliticamente na presença destes metais. A tabela 2 apresenta alguns dos numerosos gases halogenados que possivelmente poderiam ser empregados como gás de ensaio. Observando-se atentamente esta tabela, constata-se que todos os gases que contém cloro ou bromo são facilmente detectáveis, e que o flúor não contribui para melhorar a detectabilidade do gás. O teor de hidrogênio, porém, influencia indiretamente esta característica do gás de ensaio, visto que ele favorece a fragmentação da molécula de gás, facilitando, assim, a sua detecção. Como o flúor não influencia a detectabilidade do gás, infelizmente não é possível utilizar o R14, o R23 ou o R116, que são inofensivos à camada de ozônio, na detecção de vazamento de halogênio. Por outro lado, o bromo agride mais a camada de ozônio que o cloro, de modo que o R13B1 também não pode ser empregado na detecção de vazamento de halogênio. Existem outros gases halogenados à base de Ce, entretanto, que são facilmente detectáveis, como o cloreto de metila (C H Ce), por exemplo. Estes gases, todavia, são extremamente venenosos, não podendo, por isso, sequer ser cogitados para o uso como gás de ensaio. 28 Em diversos segmentos da indústria, principalmente no da indústria química, porém, existem numerosos equipamentos ou instalações, como tanques de armazenamento ou tubulações, que contém fluidos halogenados venenosos a base de bromo ou cloro. O escapamento de gases nestes equipamentos ou instalações pode ser localizado utilizando-se um detector de vazamento de halogênio. Devido à elevada sensibilidade desta técnica de ensaio, é possível localizar pequenos vazamentos, de maneira que o escapamento de uma quantidade inadmissível de gás pode ser constatado com bastante facilidade e antecedência. Utilizando-se um transdutor adequado, é possível detectar, dentre outras substâncias, as seguintes substâncias: ácido bromídrico; ácido clorídrico; cianogênio de cloro; clorobenzeno; clorofórmio; cloronitrobenzeno; cloreto de metila; cloreto de metileno; cloreto de vinila; fosgênio; gás cloro; percloretileno; tetracloreto de carbono; tricloretileno; vapor de bromo. 29 CAPÍTULO 10 10. ENSAIO COM DETECTOR DE VAZAMENTO DE HÉLIO O método do hélio consiste, basicamente, na aspersão de gás hélio do exterior do componente a ser inspecionado se este estiver submetido a vácuo, e a constatação ou não da presença deste elemento através da análise do gás que é aspirado do componente e introduzido num espectrômetro de massa calibrado para o hélio. Também o procedimento inverso pode ser aplicado, ou seja, pressurização do componente com hélio e verificação da existência de vazamentos pelo exterior do componente, através de uma sonda aspiradora conectada diretamente ao espectrômetro de massa. A análise de gases através do suo de espectrômetro de massa já era conhecida na década de 1920,mas foi nos EUA que, durante a Segunda Grande Guerra, desenvolveu-se o método de detecção de vazamentos por espectrometria de massa utilizando o gás hélio como indicador, no escopo do projeto Manhatam. A partir daí o método obteve grandes avanços no seu instrumental que o tornou de alta sensibilidade, possibilitando empregá-lo em trabalhos que exijam elevada confiabilidade e grande reprodutibilidade dos resultados. Atualmente os detectores de vazamentos por hélio são capazes de detectar este elemento no ar a uma razão de 1/107. Desta forma vazamentos muitos pequenos, que seriam invisíveis por outros métodos são detectados por estes instrumentos. Como exemplo é possível de se detectar o vazamento de um vaso com ar, a pressão de 2 atmosferas, que necessitaria de 300 anos para que 1 cm3 de ar fosse perdido. 10.1 DETECTOR DE HÉLIO A técnica de detecção de vazamentos gasosos através da espectrometria de massa baseia-se na separação de um gás leve indicador (hélio, argônio, etc.) da mistura de gases, a uma pressão bastante baixa. Neste método, o fluxo de moléculas da mistura gasosa é ionizado através de um bombardeamento de elétrons provenientes de um filamento. O fluxo de íons resultante é então acelerado através de um campo eletrostático e, em seguida, submetido a um campo eletrostático e, posteriormente, submetido a um campo magnético, fazendo com que a trajetória de cada íon dependa de sua relação carga/massa. Desta forma, devido a esta separação no fluxo de íons, é possível calibrar-se o espectrômetro para que apenas um tipo de íon atravesse uma fresta e colida na grade coletora de íons, advindo uma corrente elétrica que após medida e amplificada, gera um sinal no medidor. A corrente assim gerada é proporcional ao teor de gás indicador na mistura gasosa. Qualquer gás, em princípio, poderia ser utilizado como indicador de vazamentos caso um espectrômetro de massa fosse sintonizado para o gás escolhido. Entretanto, a utilização do gás hélio como indicador traz inúmeras vantagens ao método, entre as quais, citam-se: grande diferença na relação carga/massa comparada a outros íons (massa H2 = 2, massa He = 4); pequena quantidade de hélio na atmosfera, o que implica num baixo sinal de fundo. A concentração de He no ar é de 0,005% = 5ppm; alta difusibilidade tornando-o possível de penetrar em pequenos vazamentos; totalmente inerte não causando nenhum risco tanto aos componentes quanto ao pessoal encarregado do teste. Alguns cuidados devem ser observados normalmente de modo a garantir que o sinal do espectrômetro de massa sintonizado no pico de hélio, não configure uma falsa indicação de vazamentos. Alguns materiais, tais como borracha, graxas e óleos são absorventes do gás hélio, servindo como fontes potenciais de hélio. Também os vazamentos pré-existentes no sistema de detecção, quando não sanados, podem dar falsas indicações. O espectrômetro de massa dos detectores de hélio, normalmente exige uma pressão abaixo de 2.10-4 mbar de modo a permitir que os íons hélio tenham uma trajetória uniforme e sem colisões freqüentes com os íons dos outros gases. Em alguns detectores existentes no mercado a pressão de trabalho é a mesma que a do espectrômetro de massa, exigindo que todo o 30 componente a ser inspecionado esteja sob vácuo. Neste caso, se houver um vazamento apreciável, a utilização deste tipo de detector é praticamente impossível. O ideal é que o detector de hélio aspire, com uma bomba de vácuo mecânica, o fluxo de gás proveniente do componente e a partir daí a faça uma amostragem deste fluxo através de uma bomba de alto vácuo na qual está situado o sistema de análise, permitindo que o detector opere a uma pressão maior, às vezes de até 10-1 mbar. 10.2 TÉCNICA DA INSPEÇÃO 10.2.1 Técnica da Sonda Aspiradora (Sniffer) No caso da utilização de uma sonda aspiradora, o componente é carregado com hélio e inspecionado em todos os pontos passíveis de vazamentos (juntas, soldas, etc.), observando-se que o detector apenas acusará a presença ou não de vazamentos. A quantificação dos vazamentos neste caso não é muito precisa uma vez que o hélio se difunde rapidamente no ambiente externo e o sinal obtido na escala do detector dependerá da distância da sonda ao ponto de vazamento. Outros fatores são a velocidade de varredura e distância da sonda ao componente. A Figura 10.1 ilustra esta técnica. A mais simples versão de uma sonda aspiradora de hélio é uma mangueira com aproximadamente 3m de comprimento, a qual uma extremidade é conectada ao detector de hélio, e a outra extremidade possui uma fina constricção, simplesmente chamada de cheirador. Este vazamento, na forma de um tubo capilar, deve ser suficientemente pequeno para que o fluxo de gás que passa por ele não cause um aumento de pressão máxima permissível no espectrômetro de massa (2.10-4 mbar). Vazamentos da ordem de 10-5 mbar. l / s podem ser detectados através desta técnica, dependendo das condições, uma vez que grande parte da sensibilidade do detector é perdida. Normalmente as sondas aspiradoras consistem tanto de um capilar como de vários milhares de diminutos poros. No último caso, se alguns dos poros ficarem bloqueados por poeira, existem outros livres que permanecerão abertos. O ar aspirado através da sonda necessita de cerca de 1 segundo para alcançar o espectrômetro de massa. Caso o comprimento padrão da mangueira (3 metros) for aumentado, então a resistência ao fluxo aumenta levando a um considerável aumento no tempo de resposta. Outro tipo de sonda, chamada de sonda aspiradora rápida, utiliza uma bomba de membrana que suga uma pequena quantidade de ar através de um tubo capilar. Uma vez que o volume do tubo é pequeno em comparação com a capacidade de sucção da bomba, uma grande vazão é obtida. Antes que o gás sugado atinja a bomba de membrana ele atravessa uma constricção que se comunica diretamente com o detector, na qual parte do gás entra nesta conexão. Desta 31 forma, o tempo de resposta é bastante rápido, mesmo que o comprimento da mangueira seja relativamente longo. 10.2.2 Técnica do Componente Sob Vácuo Nesta técnica o fluxo de gás, que é analisado pelo detector, vem do interior do componente sendo inspecionado, e mantêm-se externamente uma atmosfera rica em hélio ou então asperge-se localmente o gás hélio com uma pistola. A figura 10.2 ilustra esta técnica. 10.2.3 Vazamento padrão Um vazamento padrão calibrado é absolutamente essencial para a verificação da calibração e sensibilidade do detector de hélio. Quando se utiliza o vazamento padrão acoplado a um reservatório de hélio, a calibração do detector hélio utilizando-se a técnica da sonda aspiradora é realizada corretamente quando esta captura todo o gás que sai do vazamento padrão. 32 10.2.4 Detecção de Vazamentos com a sonda aspiradora Soldas, selos, conexões e outros locais suspeitos devem ser varridos com a sonda aspiradora, com o detector na faixa mais sensível, a uma pequena distância dos componentes e a uma velocidade razoável. Como uma nuvem de gás indicador é formada ao redor do vazamento, uma vez que este escapa continuamente, uma indicação visual ou sonora é acionada assim que uma pequena quantidade de gás alcança o espectrômetro de massa. Esta indicação atinge o valor máximo quando a sonda é colocada diretamente sobre o vazamento. Ao se utilizar uma sonda aspiradora de resposta rápida, quando esta chega ao exato local do vazamento, obtém- se um pico no detector que vai decrescendo até que toda a nuvem de gás ao redor do vazamento seja sugada para o detector. Após este decréscimo, o valor indicado no detector corresponde a taxa de vazamento. No caso a utilização de uma sonda aspiradora longa, é necessário levar-se em conta o tempo necessário para o gás indicador chegar ao espectrômetro de massae isto deve ser levado em conta na localização de vazamentos. 10.2.5 Técnica do envoltório com a Sonda Aspiradora Nesta técnica, conforme ilustra a figura 10.3, parte do objeto de teste ou todo ele é colocado sob um envoltório. Se um ou mais vazamentos estão presentes, o teor de hélio é gradualmente enriquecido sob o envoltório. O grau de enriquecimento de hélio é então medido com um detector de hélio através de sua utilização como um medidor de concentração ou pressão parcial de hélio. Como os detectores de hélio são projetados para determinar a taxa de vazamento deve, outra vez, ser estimada como uma medida de concentração ou pressão parcial. Os detectores de vazamento por hélio mostram as indicações em uma escola adimensional, ao invés de usual unidade mbar. l / s. Esta escala adimensional é variada por fatores graduados de modo a facilitar a leitura das indicações. Dependendo do tratamento do objeto de teste ele é envolvido parcial ou completamente por uma cápsula ou recipiente. Ao se realizar este envolvimento deve-se tomar cuidado para que o volume do envoltório seja o menos possível. 33 CAPÍTULO 11 11. CRITÉRIO DE SELEÇÃO DE UM MÉTODO DE DETECÇÃO DE VAZAMENTOS No processo de escolhas de um método de detecção para um grau de hermeticidade necessário, tanto a sensibilidade do método quanto as restrições a sua aplicação devem ser levados em consideração. Os métodos seguros quanto ao risco de explosão são os métodos da bolha e da variação de pressão (desde que não sejam utilizados medidores elétricos de pressão). Para os métodos que utilizam gases indicadores através de equipamentos elétricos, as normas para prevenção de explosões devem ser respeitadas. Quanto à acessibilidade o método de bolha é, em princípio, uma inspeção visual que só pode ser levado a cabo satisfatoriamente em superfícies que podem ser observadas prontamente. Se vai ser utilizado o método de halogênio e o local de inspeção é passível de sofrer de interferências no nível do gás indicador (Exemplo: freon 12 devido a proximidade de uma fabrica de gelo seco) é necessária uma mudança para outro tipo de gás indicador. Como nos métodos de detecção com gases indicadores através de sonda aspiradora a concentração do gás não deve ser menor que 10%, isto pode levar a altos custos com o gás caso o objeto de teste seja de grande volume. Também se deve levar em consideração que não é todo que pode ser jogado na atmosfera em grande quantidade. Para o hélio não há restrições. Entretanto, o freon destrói a camada de ozônio. 34 BIBLIOGRAFIA Apostila ABENDI Estanqueidade Livro – Fundamentos do Ensino de Vazamentos e Estanqueidade Autores: J. da Cruz Payão Filho W. Schimdt. G. Schröder
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