Buscar

2 A Economia Circular

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

BUSINESS TRENDS
Capítulo 2 - A economia circular
José Carlos Junqueira
INICIAR
Introdução
Antes de começar este estudo, procure responder às questões: você já ouviu falar em Economia
Circular? Quais as vantagens, se comparada à Economia Linear? Como aplicá-la na sua empresa?
Neste capítulo, você explorará os principais aspectos da Economia Circular, refletindo sobre os
impactos que causarão no seu futuro. Estudará conceitos que talvez desconheça, mas também
outros que provavelmente já façam parte do seu cotidiano. No entanto, todos são princípios que
as empresas aplicam diariamente – pelo menos ao planejarem as ações para o futuro –, por isso é
importante que você adquira esses conhecimentos e se prepare para lidar com eles.
A partir da compreensão da Economia Circular, com suas aplicações atuais e possibilidades
futuras, você estará contribuindo para uma utilização mais equilibrada e consciente da economia
em sua vida profissional e pessoal.
E ao concluir este estudo, você estará apto para sintetizar os conceitos sobre Economia Circular e
relacionar os possíveis macroimpactos no mercado e na sociedade.
2.1 O que é Economia Circular
Reforçada pelas 17 iniciativas das Nações Unidas (UN, 2015) para o desenvolvimento sustentável
do planeta, e aliada aos princípios da Indústria 4.0, a Economia Circular não é apenas um
conceito, ou uma tendência, mas sim uma realidade a ser encarada por todos nós. Não se trata
mais de um ativismo, apesar de– por desconhecimento – uma parte da sociedade no mundo
assim a entender, mas de uma postura necessária para a continuidade dos negócios, da
sociedade, do planeta, enfim (UN, 2015).
Por outro lado, a maioria das indústrias segue os processos de produção linear, os quais incluem
retirar, fabricar e eliminar. Tais processos aumentam a crescente escassez e o esgotamento dos
recursos naturais e, a longo prazo, são insustentáveis para o meio ambiente e para as próprias
empresas. Este processo de produção e consumo é conhecido como Economia Linear, conforme
representada a seguir:
Figura 1 – Processo linear de produção e consumo. 
Fonte: Elaborada pelo autor, 2017.
Agora, com base na observação anterior, reflita: e se esses processos lineares fossem
transformados em processosnos quais os produtos são conceitualizados, projetados, fabricados,
consumidos e, eventualmente, descartados em um ciclo fechado regenerativo no qual tudo é
reutilizado e nada édesperdiçado? Pois este é o conceito de Economia Circular.
VOCÊ SABIA?
A European Environment Agency tem estimulado o interesse de crianças e adolescentes pelos
conceitos de sustentabilidade e de Economia Circular.Circular Economy utiliza a técnica de animação
para apresentar, de maneira didática, os benefícios destes conhecimentos para a preservação do
planeta Terra. Para assistir, acesse o endereço: https://www.youtube.com/watch?v=_9mHi93n2AI
(https://www.youtube.com/watch?v=_9mHi93n2AI).
No entanto, um dos obstáculos à aplicação do processo circular é que a maioria dos produtos
consiste em peças feitas por diferentes empresas. Sendo assim, todas as empresas envolvidas
deveriam unir-se,alinhando a visão de compromisso e a estratégia para tornar a economia
circular uma realidade. Em outras palavras, significa que as organizações precisariam deixar suas
zonas de conforto e tomar medidas difíceis, mas necessárias, para garantir o futuro.
A Economia Linear atual baseia-se em recursos baratos facilmente disponíveis, e em energia
fóssil, que é usada e descartada de um suprimento finito de materiais, gerando desperdício. O
mais preocupante é que a exploração derecursos e deenergia está cada vez mais difícil e
cara,indicando que este modelo não consegue funcionar a longo prazo.
https://www.youtube.com/watch?v=_9mHi93n2AI
O termo Economia Circular foi definido para diferenciar os conceitos de sustentabilidade, do
negócio inclusive, do enfoque tradicional da indústria, pois este é pautado em um processo finito,
de matérias-primas, insumos e recursos: a entrada, os processos de transformação – o
processamento – e, por último, o produto final, coprodutos e resíduos – a saída. Observe a
imagem a seguir que representa o processo circular de produção e consumo que garante a
sustentabilidade da economia.
Figura 2 – O processo circular de produção e consumo garante a sustentabilidade da economia. 
Fonte: Elaborada pelo autor, 2017.
Conforme exibido nos ciclos anteriores, ao contrário do processo linear, a Economia Circular
caracteriza-se por uma visão sistêmica, em que as entradas, os processos de transformação e as
saídas devem ser considerados não apenas pelos participantes do sistema, mas dentro de um
conceito completo. Ou seja, as entradas devem ser visualizadas antes das fronteiras da empresa:
a compreensão de como os fornecedores trabalham, bem como todas as saídas, devem ser
visualizadas e endereçadas para outros atores fora das fronteiras da empresa. Como implica em
novos processos – compreender e rastrear a origem das entradas e garantir a destinação das
saídas, esta visão sistêmica, em uma primeira vista, pode parecer como mais dispendiosa e não
interessante para cada participante, porém, os ganhos do conjunto e dos participantes
individuais são justificáveis e consideráveis. É uma relação de ganha-ganha para todas as partes.
Outra característica de destaque na Economia Circular, apresentada na figura anterior, é a
conceituação de materiais biológicos e materiais técnicos – para um correto endereçamento das
entradas e saídas, além da premissa de utilização de energia de fontes renováveis. No final da
década de 1960, houve a primeira conferência sobre o clima, no chamado Clube de Roma –criado
em 1968 (DIAS, 2011). Pouco depois, em 1972,foi publicado o manifesto Os limites do
crescimento(MEADOWS et al., 1972), que visava alertar os governos sobre a incapacidade do
planeta em acolher, com qualidade, a população mundial caso o ritmo de desenvolvimento se
mantivesse inalterado. Posteriormente, estas conferências continuaram nas décadas de 1970,
1980, 1990, e no ano de 2012, conforme a linha do tempo apresentada na figura a seguir.
Figura 3 – Linha do tempo das conferências sobre o clima planetário. 
Fonte: Elaborada pelo autor, 2017.
Em 2013, as Nações Unidas lançaram o programa de desenvolvimento sustentável com o tema
2030: Building the Future We Want, com a linha do tempo representada a seguir (clique em cada
ano).
FÓRUM POLÍTICO DE ALTO NÍVEL 
(HIGH-LEVEL POLITICAL FORUM - HLPF)
Figura 4 – Linha do tempo do programa das Nações Unidas, 2030: Building the Future We Want. 
Fonte: adaptado de UN, 2013, s. p.
Este programa enumera 17 metas para que os governos possam reverter o quadro atual da
Economia Linear, adotando iniciativas para a Economia Circular. O progresso destas 17 iniciativas
pode ser acompanhado por meio de métricas bem definidas em um site próprio
(https://sustainabledevelopment.un.org/hlpf (https://sustainabledevelopment.un.org/hlpf)) e
por aplicativos gratuitos disponíveis para smartphones.
2.2 A estrutura de trabalho da Economia Circular
Conforme explicado pela Fundação Ellen McArthur (WEBSTER, 2015), a economia circular refere-
se a uma economia industrial que é restauradora por intenção; que almeja utilizar energia
renovável; que minimiza, rastreia e, com sorte, elimina o uso de produtos químicos tóxicos; que
erradica o desperdício por meio de um design cuidadoso. O termo vai além da mecânica de
produção e do consumo de bens e serviços, nas áreas que busca redefinir (exemplos: a
reconstrução de capital, incluindo os capitais social e natural, e a mudança de consumidor para
usuário). O conceito de Economia Circular baseia-se no estudo de sistemas não-lineares,
particularmente sistemas vivos.
Para entender os conceitos relacionados à Economia Circular, assista aos vídeos The circular economy: from consumer to
user e What is the Circular Economy 100?, produzidos pela Ellen MacArthur Foundation e disponíveis, respectivamente, nos
endereços: https://www.youtube.com/watch?v=Cd_isKtGaf8(https://www.youtube.com/watch?
VOCÊ QUER VER?
https://sustainabledevelopment.un.org/hlpf
https://www.youtube.com/watch?v=Cd_isKtGaf8
v=Cd_isKtGaf8)ehttps://www.youtube.com/watch?v=zkoSmXxFeoY (https://www.youtube.com/watch?v=zkoSmXxFeoY).
Um dos principais resultados advindos da inspiração pela observação e cópia dos sistemas vivos
é a noção de otimizar o sistema como um todo, ao invés de focar nos seus componentes, o que
também pode ser chamado de design para encaixar (em inglês, design for fit) – por analogia, a
árvore não é nada sem a floresta. Envolve um gerenciamento cuidadoso dos fluxos de materiais,
que na Economia Circular são de dois tipos: materiais biológicos, projetados para voltar a entrar
na biosfera com segurança e construir capital natural; e materiais técnicos, projetados para
circular em alta qualidade, sem perda de performance ou de substâncias e resíduos para a
biosfera.
Como resultado, a Economia Circular estabelece uma distinção nítida entre o consumo e o uso de
materiais: defende a necessidade de um modelo de serviço funcional, no qual os fabricantes ou
vendedores retêm cada vez mais a propriedade de seus produtos e, sempre que possível, atuam
como prestadores de serviços – vendendo o uso de produtos, não o seu consumo unidirecional.
Esta mudança tem implicações diretas para o desenvolvimento de sistemas de devolução de
produtos que sejam eficientes e eficazes,ao mesmo tempo que permite novas práticas de design
de modelos de produtos e negócios que geram produtos mais duráveis, que facilitam a
desmontagem e a remodelação.E, quando apropriado, estes modelos de negócio consideram a
troca/atualização dosprodutos/serviços contratados.
2.3 Princípios básicos da Economia Circular
Neste tópico analisaremos comosão pontuadasas diferenças entre a Economia Linear e a
Economia Circular (WEBSTER, 2015),caracterizando-as em princípios básicos que norteiam a
aplicação dos conceitos da Economia Circular. Estes princípios são apresentados na figura a
seguir.
Na sequência, para facilitar seu entendimento, ordenamos a descrição de cada um dos princípios
básicos em subtópicos específicos.
Figura 5 – Princípios que orientam a aplicação dos conceitos da Economia Circular. 
Fonte: Elaborada pelo autor, baseada em WEBSTER, 2015.
https://www.youtube.com/watch?v=Cd_isKtGaf8
https://www.youtube.com/watch?v=zkoSmXxFeoY
2
.
3
.
1
P
r
o
j
e
t
a
r
s
e
m resíduos
Os resíduos não existem quando os componentes biológicos e técnicos (ou “materiais”) de um
produto são projetados pela intenção de se adequarem a um ciclo de materiais biológicos ou
técnicos, projetados para desmontagem e repropósito. Os materiais biológicos não são tóxicos e
podem ser simplesmente compostados. Materiais técnicos (polímeros, ligas e outros materiais
sintéticos) são projetados para ser usados novamente com energia mínima e retenção de alta
qualidade – enquanto a reciclagem, como comumente entendido, resulta em uma redução na
qualidade e alimenta-se novamente no processo como matéria-prima bruta (WEBSTER, 2015, p.
606-741).
2.3.2 Construir resiliência através da diversidade
A modularidade, a versatilidade e a adaptabilidade são características apreciadas que precisam
ser priorizadas em um mundo incerto e que evolui rapidamente. Sistemas diversificados com
muitas conexões e diferentes escalas são mais resistentes diante de choques externos do que
sistemas construídos simplesmente para eficiência – maximização de saída direciona a resultados
extremos de fragilidade (WEBSTER, 2015, p. 606-741).
2.3.3 Trabalhar para utilizar energia de fontes renováveis
Os sistemas devem, em última instância, ter como objetivo operar com fontes renováveis. Da
mesma maneira, também tentar operar com energia renovável, possibilitando pelo limite
reduzido, níveis de energia exigidos por uma economia restauradora e circular. O sistema de
produção agrícola funciona exclusivamente com a energia solar, mas quantidades significativas
de combustíveis fósseis são usadas em fertilizantes, máquinas agrícolas, processamento e através
da cadeia de suprimentos. Sistemas alimentares e agrícolas mais integrados reduziriam a
necessidade de insumos baseados em combustíveis fósseis e capturariam mais o valor energético
dos subprodutos e fertilizantes. Eles também aumentariam a demanda por mão de obra humana
(WEBSTER, 2015, p. 606-741).
2.3.4 Pensar sistemicamente
É crucial a capacidade de entender como as partes se influenciam mutuamente dentro de um
todo, e a relação do todo com as partes. Os elementos são considerados em relação aos seus
contextos ambientais e sociais. Apesar de uma máquina ser também um sistema, é claramente
limitada e assumida como determinista. O pensamento sistêmico geralmente se refere à
esmagadora maioria dos sistemas do mundo real: estes são não-lineares, ricos em feedback e
interdependentes. Em tais sistemas, condições de partida imprecisas combinadas com ciclos de
retroalimentação (loops de feedback) levam a consequências muitas vezes surpreendentes, e a
resultados que frequentemente não são proporcionais às entradas. Tais sistemas não podem ser
gerenciados no sentido convencional linear, exigindo mais flexibilidade e adaptação constanteàs
mudanças circunstanciais (WEBSTER, 2015, p. 606-741).
CASO
O pensamento sistêmico enfatiza estoques e fluxos. A manutenção ou o reabastecimento de
estoques são inerentes aos sistemas ricos em feedback, os quais se supõem ter alguma
longevidade e potencial para abranger a regeneração, e até a evolução dos sistemas vivos.
Em um contexto de negócios, suas propriedades modulares e adaptativas significam mais
margem de manobra para a inovação e para o desenvolvimento de cadeias de valor
diversificadas, bem como menos dependência de estratégias de curto prazo.
Compreender os fluxos em sistemas complexos também nos informa algo mais sobre o
balanceamento(trade-off) entre eficiência e resiliência. Os sistemas que são cada vez mais
eficientes têm menos nós, menos conexões e maior produção, mas também se tornam cada vez
mais sensíveis ou, para usar o termo de Nassim Taleb, frágeis (TALEB, 2012). Isso os torna
vulneráveis aos efeitos de choques, tais como a volatilidade dos preços ou a interrupção da
oferta. Os sistemas com muitos nós e conexões são mais resistentes, mas podem se tornar
escleróticos – lentos para mudar (no extremo) e, portanto, ineficazes.
VOCÊ O CONHECE?
Nascido no Líbano, em 1960, Nassim Nicholas Taleb é analista de riscos e professor no Instituto Politécnico da
Universidade de Nova York (EUA). Autor de livros que tratam das incertezas trazidas por acontecimentos imprevisíveis,
criou a Teoria do Cisne Negro (como ele denomina, grandes eventos inesperados, entre os quais o 11 de Setembro, por
exemplo). De acordo com a teoria de Taleb, mesmo que tragam consequências ruins, os imprevistos também
proporcionam benefícios e crescimento (SOUZA, 2012). Na obra Antifrágil: coisas que se beneficiam com o caos (TALEB,
2012), o autorreforça que a incerteza existe e deve ser desejada.
A eficácia é o ponto de encontro e interação da resiliência e da eficiência: a eficiência (fazer as
coisas corretas) é bem-vinda, mas a serviço da eficácia (fazendo a coisa certa), com o principal
objetivo de garantir que o negócio se encaixena economia. Esta é uma maneira de pensar sobre a
ideia de otimização de sistemas. Uma vez que mais fluxos de materiais, bens e serviços são
valorizados em uma economia circular – e sendo o risco reduzido –, a empresa é compensada
pela perda do acréscimo de eficiência (a Economia Linear tem como objetivo o aumento da
eficiência)commenores custos, fluxos de caixa adicionais e – em muitos casos –menores
preocupações regulatórias ao se adequarem indiretamente com as legislações sobre meio
ambiente (como os resíduos são eliminados na Economia Circular, ou se tornam fluxos benignos
– como entrada em outros processos).
2.3.5 Pensar em cascata
Para materiais biológicos, a essência da criação de valor reside na oportunidade de extrair valor
adicional de produtos emateriais, conectando-os através de outras aplicações. Na decomposição
biológica, seja natural ou em processos de fermentação controlada, o material é dividido em
estágios por microorganismos – como bactérias e fungos – que extraem energia e nutrientes dos
carboidratos, gorduras e proteínas encontradas no material. Por exemplo, de uma árvore para
uma fornalha abandona-se o valor que poderia seraproveitado por meio da decomposição
organizada através de usos sucessivos (como madeira e produtos de madeira) antes da
deterioração e eventual incineração (WEBSTER, 2015, p. 606-741).
2.4 Visão geral das principais escolas de
pensamento
Ainda de acordo com Webster (2015), o conceito de Economia Circular tem origens profundas e
não pode ser rastreado até uma única data ou autor. Suas aplicações práticas para sistemas
econômicos modernos e processos industriais, no entanto, ganharam impulso desde o final da
década de 1970, liderada por um pequeno número de acadêmicos, líderes de pensamento e
empresas.
O conceito genérico foi refinado e desenvolvido pelas escolas de pensamento descritas em cada
um dos subtópicos a seguir.
2.4.1 Desenho regenerativo
Nos EUA, John T. Lyle começou a desenvolver ideias sobre o design regenerativo, que poderia ser
aplicado a todos os sistemas, isto é, além da agricultura, para aqual o conceito de regeneração já
havia sido formulado anteriormente. Com razão, ele lançou as bases da estrutura da Economia
Circular, que se desenvolveu e ganhou proeminência, especialmente graças a McDonough (que
estudou com Lyle), Braungart e Stahel. Hoje, o Lyle Center for Regenerative Studies oferece cursos
sobre o assunto (WEBSTER, 2015, p. 606-741).
2.4.2 Economia de desempenho
Walter Stahel, arquiteto e economista, em 1977, apresentou em seu relatório de pesquisa para a
Comissão Europeia “O Potencial de Substituição da Força de Trabalho pela Energia”, em
coautoria com Geneviève Reday-Mulvey (STAHEL; REDAY-MULVEY, 1981), a visão de uma
economia em loops (ou Economia Circular) e seu impacto em criação de emprego,
Figura 6 – Principais linhas de pensamento da Economia Circular. 
Fonte: Elaborada pelo autor, baseada em WEBSTER, 2015.
competitividade econômica, poupança de recursos e prevenção de resíduos. Stahel recebeu o
crédito por ter cunhado a expressão “Cradle to Cradle” no final da década de 1970, e também
trabalhou no desenvolvimento de uma abordagem de ciclo fechado para os processos de
produção e criou o Instituto Product-Life em Genebra, há mais de 25 anos, o qual persegue quatro
objetivos principais: extensão da vida útil do produto, bens de longa vida, atividades de
recondicionamento e prevenção de resíduos. Também insiste na importância da venda de
serviços ao invés de produtos, uma idéia referida como a economia do serviço funcional, agora
mais amplamente incluída na noção de economia de desempenho. Stahel argumenta que a
economia circular deve ser considerada como uma estrutura: como uma noção genérica, a
economia circular desenvolve várias abordagens mais específicas que gravitam em torno de um
conjunto de princípios básicos (WEBSTER, 2015, p. 606-741).
2.4.3. Cradle to cradle (do berço ao berço)
Químico e visionário alemão, Michael Braungart passou a desenvolver, em conjunto com o
arquiteto americano Bill McDonough, o conceito Cradle to Cradle™ e seu processo de certificação.
Esta filosofia de design considera que todos os materiais envolvidos em processos industriais e
comerciais sãonutrientes, os quais estão em duas categorias principais: técnicos e biológicos. A
estrutura Cradle to Cradle se concentra no design para a eficácia em termos de produtos com
impacto positivo e na redução dos impactos negativos do comércio através da eficiência
(WEBSTER, 2015, p. 606-741).
O projeto Cradle to Cradle propõe que os processos seguros e produtivos do metabolismo
biológico da natureza sirvam como modelo para o desenvolvimento de um fluxo de materiais
industriais do metabolismo técnico. Os componentes do produto podem ser projetados para
recuperação contínua e reutilização como nutrientes biológicos e técnicos dentro desses
metabolismos. A estrutura de trabalho proposta no projeto Cradle to Cradle aborda entradas de
energia e água (WEBSTER, 2015, p. 606-741):
 
2.4.4 Ecologia industrial
A ecologia industrial é o estudo de fluxos de materiais e de energia através de sistemas
industriais. Concentrando-se nas conexões entre operadores dentro do ecossistema industrial,
esta abordagem visa criar processos em circuitos fechados nos quais os resíduos servem de
entrada, eliminando assim a noção de um subproduto indesejável. A ecologia industrial adota um
ponto de vista sistêmico, criando processos de produção de acordo com as restrições ecológicas
locais. Enquanto analisa o impacto global dos processos de produção desde o início, tenta
moldá-los para que funcionem o mais próximo possível dos sistemas vivos. Este framework às
vezes é referido como a ciência da sustentabilidade, dada a sua natureza interdisciplinar, e seus
princípios também podem ser aplicados no setor de serviços. Com ênfase na restauração do
capital natural, a ecologia industrial também se concentra no bem-estar social (WEBSTER, 2015,
p. 606-741).
2.4.5 Biomimética
Janine Benyus, autora da Biomimicry: Innovation Inspired by Nature, define sua abordagem como
“uma nova disciplina que estuda as melhores idéias da natureza e depois imita esses projetos e
processos para resolver problemas humanos” (BENYUS, 1997, p. 1). Estudar uma folha para
inventar uma célula solar melhor é um exemplo. A biomimética encarara isso como “inovação
inspirada pela natureza” (BENYUS, 1997, p. 1). A biomimética baseia-se em três princípios
fundamentais:
Natureza como modelo: estudar modelos da natureza e imitar essas formas, processos,
sistemas e estratégias para resolver problemas humanos.
Natureza como medida: usar um padrão ecológico para avaliar a sustentabilidade de
inovações.
Natureza como mentor: considerar e valorizar a natureza, não com base no que pode ser
extraído do mundo natural, mas o que é possível aprender com isso.
 
Eliminar o conceito de lixo 
“Os resíduos são iguais aos alimentos”. Projetar produtos e
materiais com ciclos de vida seguros para a saúde humana e o meio
ambiente e que possam ser reutilizados perpetuamente através de
metabolismos biológicos e técnicos. Criar e participar de sistemas
para coletar e recuperar o valor desses materiais após seu uso
(WEBSTER, 2015, loc. 690).
 
Saiba quais são os desafios para a implantação da Economia Circular e as oportunidades que possibilita no mundo dos
negócios assistindo ao vídeo Creating a circular economy: the challenges and opportunities for business (2013), disponível no
endereço https://www.youtube.com/watch?v=TtR1ibE8Zt0 (https://www.youtube.com/watch?v=TtR1ibE8Zt0). Em
seguida, conheça as opiniões dos principais pensadores em economia a respeito dos processos de produção e consumo
circulares em The Circular Economy, do World Economic Forum (2016). Para assistir, acesse:
https://www.youtube.com/watch?v=prJTB19dnaU (https://www.youtube.com/watch?v=prJTB19dnaU).
O quadro comparativo a seguir confronta características dos modos linear e circular. Se a
extensão e a exploração da circularidade nos negócios estão entre os principais objetivos, é
necessário saber como uma mudança sutil das regras do jogo pode ter consequências de longo
prazo. Clique em cada um dos números do quadro e conheça essas características.
VOCÊ QUER VER?
Linear Circular Notas
1
2
3
https://www.youtube.com/watch?v=TtR1ibE8Zt0
https://www.youtube.com/watch?v=prJTB19dnaU
Linear Circular Notas
4
5
6
7
8
9
Linear Circular Notas
10
11
12
13
Como demostrado no quadro, uma economia circular pode ser feita para trabalhar em uma gama
de sistemas de valores, o que é tanto uma vantagem quanto um risco. No entanto, a ampla
orientação dos sistemas sugere uma prosperidade inclusiva e de todas as escalas. É importante
ressaltar que este quadro comparativo entre as economiaslinear e circular é independente de
linhas políticas.
Linear Circular Notas
14
15
Quadro 1 – Comparação entre os modos linear e circular. 
Fonte: WEBSTER, 2015, loc. 756.
Referências bibliográficas
ENYUS, Janine. Biomimicry: Innovation Inspired by Nature. Nova York (EUA): William Morrow 
ompany, 1997.
RCULAR Economy. Produção: European Environment Agency. Dinamarca, 2017, video, 02min03
isponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_9mHi93n2AI (https://www.youtube.com/watch
=_9mHi93n2AI). Acesso em: 02/12/2017.
REATING a circular economy: the challenges and opportunities for business. Produção: Th
uardian, 2013. Vídeo, 02min11s. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=TtR1ibE8Zt
https://www.youtube.com/watch?v=TtR1ibE8Zt0). Acesso em: 02/12/2017.
IAS, Reinaldo. Gestão Ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. São Paulo: Atla
011.
EADOWS, Donella et al. (Coord.). Os limites do crescimento – relatório do Clube de Rom
ambridge, EUA: Massachusetts Institute of Technology (MIT), 1972.
Síntese
Conforme estudamos neste capítulo, compreendemos que, em conjunto com a Quarta Revolução
Industrial, estamos vivenciando uma mudança de paradigmas econômicos e sociais, conhecida
como Economia Circular.
Neste capítulo você teve a oportunidade de:
compreender que a Economia Circular não é apenas um conceito, mas que é baseada em
iniciativas concretas da ONU e de países desenvolvidos para um desenvolvimento
sustentável e, principalmente, é suportado por metodologias que visam um uso mais
eficiente e com maior rentabilidade;
conhecer as principais características da Economia Circular;
enumerar os principais impactos da Economia Circular na economia e na sociedade.
https://www.youtube.com/watch?v=_9mHi93n2AI
https://www.youtube.com/watch?v=TtR1ibE8Zt0
EPING, Marielle; BATISTA JUNIOR, Achilles Ferreira. iTrends: uma análise de tendências 
mercados. Curitiba: Intersaberes, 2014.
CHWAB, Klaus. A Quarta Revolução Industrial. Tradução de: Daniel Moreira Miranda. São Paul
dipro, 2016.
OUZA, Beatriz. Amar a volatilidade, como um trader, é a saída para crises. Exame, 20 nov. 201
isponível em: https://exame.abril.com.br/mercados/amar-a-volatilidade-como-um-trader-e-a
aida-para-crises/ (https://exame.abril.com.br/mercados/amar-a-volatilidade-como-um-trader-e-a
aida-para-crises/). Acesso em: 02/12/2017.
TAHEL, Walter; REDAY-MULVEY, Geneviève. Jobs for tomorrow: the potential for substitutin
manpower for energy. EUA: Vantage Press, 1981.
ALEB, Nassim Nicholas. Antifrágil: coisas que se beneficiam com o caos. 1. ed. São Paulo: Rando
ouse, 2012.
HE CIRCULAR Economy. Produção: World Economic Forum, 2016. Vídeo, 01min51s. Disponível em
ttps://www.youtube.com/watch?v=prJTB19dnaU (https://www.youtube.com/watch
=prJTB19dnaU). Acesso em: 02/12/2017.
HE CIRCULAR Economy: from consumer to user. Produção: Ellen MacArthur Foundation. EUA, 201
deo, 03min11s. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Cd_isKtGaf
https://www.youtube.com/watch?v=Cd_isKtGaf8). Acesso em: 02/12/2017.
N – United Nations. 17 goals to transform our world. Sustainable Development Goals, 25 set. 201
isponível em http://www.un.org/sustainabledevelopment/sustainable-development-goals
http://www.un.org/sustainabledevelopment/sustainable-development-goals/). Acesso e
8/12/2017.
_____. HLPF Timeline, 2013. Disponível em: https://sustainabledevelopment.un.org/hlp
https://sustainabledevelopment.un.org/hlpf). Acesso em: 08/12/2017.
WEBSTER, Ken. The Circular Economy: A Wealth Of Flows. (s. l.), Ellen MacArthur Fondation, 2015.
WHAT is the Circular Economy 100? Produção: Ellen MacArthur Foundation. EUA, 2013, vide
1min36s. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=zkoSmXxFeo
https://www.youtube.com/watch?v=zkoSmXxFeoY). Acesso em: 02/12/2017.
https://exame.abril.com.br/mercados/amar-a-volatilidade-como-um-trader-e-a-saida-para-crises/
https://www.youtube.com/watch?v=prJTB19dnaU
https://www.youtube.com/watch?v=Cd_isKtGaf8
http://www.un.org/sustainabledevelopment/sustainable-development-goals/
https://sustainabledevelopment.un.org/hlpf
https://www.youtube.com/watch?v=zkoSmXxFeoY

Continue navegando