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BUSINESS TRENDS Capítulo 2 - A economia circular José Carlos Junqueira INICIAR Introdução Antes de começar este estudo, procure responder às questões: você já ouviu falar em Economia Circular? Quais as vantagens, se comparada à Economia Linear? Como aplicá-la na sua empresa? Neste capítulo, você explorará os principais aspectos da Economia Circular, refletindo sobre os impactos que causarão no seu futuro. Estudará conceitos que talvez desconheça, mas também outros que provavelmente já façam parte do seu cotidiano. No entanto, todos são princípios que as empresas aplicam diariamente – pelo menos ao planejarem as ações para o futuro –, por isso é importante que você adquira esses conhecimentos e se prepare para lidar com eles. A partir da compreensão da Economia Circular, com suas aplicações atuais e possibilidades futuras, você estará contribuindo para uma utilização mais equilibrada e consciente da economia em sua vida profissional e pessoal. E ao concluir este estudo, você estará apto para sintetizar os conceitos sobre Economia Circular e relacionar os possíveis macroimpactos no mercado e na sociedade. 2.1 O que é Economia Circular Reforçada pelas 17 iniciativas das Nações Unidas (UN, 2015) para o desenvolvimento sustentável do planeta, e aliada aos princípios da Indústria 4.0, a Economia Circular não é apenas um conceito, ou uma tendência, mas sim uma realidade a ser encarada por todos nós. Não se trata mais de um ativismo, apesar de– por desconhecimento – uma parte da sociedade no mundo assim a entender, mas de uma postura necessária para a continuidade dos negócios, da sociedade, do planeta, enfim (UN, 2015). Por outro lado, a maioria das indústrias segue os processos de produção linear, os quais incluem retirar, fabricar e eliminar. Tais processos aumentam a crescente escassez e o esgotamento dos recursos naturais e, a longo prazo, são insustentáveis para o meio ambiente e para as próprias empresas. Este processo de produção e consumo é conhecido como Economia Linear, conforme representada a seguir: Figura 1 – Processo linear de produção e consumo. Fonte: Elaborada pelo autor, 2017. Agora, com base na observação anterior, reflita: e se esses processos lineares fossem transformados em processosnos quais os produtos são conceitualizados, projetados, fabricados, consumidos e, eventualmente, descartados em um ciclo fechado regenerativo no qual tudo é reutilizado e nada édesperdiçado? Pois este é o conceito de Economia Circular. VOCÊ SABIA? A European Environment Agency tem estimulado o interesse de crianças e adolescentes pelos conceitos de sustentabilidade e de Economia Circular.Circular Economy utiliza a técnica de animação para apresentar, de maneira didática, os benefícios destes conhecimentos para a preservação do planeta Terra. Para assistir, acesse o endereço: https://www.youtube.com/watch?v=_9mHi93n2AI (https://www.youtube.com/watch?v=_9mHi93n2AI). No entanto, um dos obstáculos à aplicação do processo circular é que a maioria dos produtos consiste em peças feitas por diferentes empresas. Sendo assim, todas as empresas envolvidas deveriam unir-se,alinhando a visão de compromisso e a estratégia para tornar a economia circular uma realidade. Em outras palavras, significa que as organizações precisariam deixar suas zonas de conforto e tomar medidas difíceis, mas necessárias, para garantir o futuro. A Economia Linear atual baseia-se em recursos baratos facilmente disponíveis, e em energia fóssil, que é usada e descartada de um suprimento finito de materiais, gerando desperdício. O mais preocupante é que a exploração derecursos e deenergia está cada vez mais difícil e cara,indicando que este modelo não consegue funcionar a longo prazo. https://www.youtube.com/watch?v=_9mHi93n2AI O termo Economia Circular foi definido para diferenciar os conceitos de sustentabilidade, do negócio inclusive, do enfoque tradicional da indústria, pois este é pautado em um processo finito, de matérias-primas, insumos e recursos: a entrada, os processos de transformação – o processamento – e, por último, o produto final, coprodutos e resíduos – a saída. Observe a imagem a seguir que representa o processo circular de produção e consumo que garante a sustentabilidade da economia. Figura 2 – O processo circular de produção e consumo garante a sustentabilidade da economia. Fonte: Elaborada pelo autor, 2017. Conforme exibido nos ciclos anteriores, ao contrário do processo linear, a Economia Circular caracteriza-se por uma visão sistêmica, em que as entradas, os processos de transformação e as saídas devem ser considerados não apenas pelos participantes do sistema, mas dentro de um conceito completo. Ou seja, as entradas devem ser visualizadas antes das fronteiras da empresa: a compreensão de como os fornecedores trabalham, bem como todas as saídas, devem ser visualizadas e endereçadas para outros atores fora das fronteiras da empresa. Como implica em novos processos – compreender e rastrear a origem das entradas e garantir a destinação das saídas, esta visão sistêmica, em uma primeira vista, pode parecer como mais dispendiosa e não interessante para cada participante, porém, os ganhos do conjunto e dos participantes individuais são justificáveis e consideráveis. É uma relação de ganha-ganha para todas as partes. Outra característica de destaque na Economia Circular, apresentada na figura anterior, é a conceituação de materiais biológicos e materiais técnicos – para um correto endereçamento das entradas e saídas, além da premissa de utilização de energia de fontes renováveis. No final da década de 1960, houve a primeira conferência sobre o clima, no chamado Clube de Roma –criado em 1968 (DIAS, 2011). Pouco depois, em 1972,foi publicado o manifesto Os limites do crescimento(MEADOWS et al., 1972), que visava alertar os governos sobre a incapacidade do planeta em acolher, com qualidade, a população mundial caso o ritmo de desenvolvimento se mantivesse inalterado. Posteriormente, estas conferências continuaram nas décadas de 1970, 1980, 1990, e no ano de 2012, conforme a linha do tempo apresentada na figura a seguir. Figura 3 – Linha do tempo das conferências sobre o clima planetário. Fonte: Elaborada pelo autor, 2017. Em 2013, as Nações Unidas lançaram o programa de desenvolvimento sustentável com o tema 2030: Building the Future We Want, com a linha do tempo representada a seguir (clique em cada ano). FÓRUM POLÍTICO DE ALTO NÍVEL (HIGH-LEVEL POLITICAL FORUM - HLPF) Figura 4 – Linha do tempo do programa das Nações Unidas, 2030: Building the Future We Want. Fonte: adaptado de UN, 2013, s. p. Este programa enumera 17 metas para que os governos possam reverter o quadro atual da Economia Linear, adotando iniciativas para a Economia Circular. O progresso destas 17 iniciativas pode ser acompanhado por meio de métricas bem definidas em um site próprio (https://sustainabledevelopment.un.org/hlpf (https://sustainabledevelopment.un.org/hlpf)) e por aplicativos gratuitos disponíveis para smartphones. 2.2 A estrutura de trabalho da Economia Circular Conforme explicado pela Fundação Ellen McArthur (WEBSTER, 2015), a economia circular refere- se a uma economia industrial que é restauradora por intenção; que almeja utilizar energia renovável; que minimiza, rastreia e, com sorte, elimina o uso de produtos químicos tóxicos; que erradica o desperdício por meio de um design cuidadoso. O termo vai além da mecânica de produção e do consumo de bens e serviços, nas áreas que busca redefinir (exemplos: a reconstrução de capital, incluindo os capitais social e natural, e a mudança de consumidor para usuário). O conceito de Economia Circular baseia-se no estudo de sistemas não-lineares, particularmente sistemas vivos. Para entender os conceitos relacionados à Economia Circular, assista aos vídeos The circular economy: from consumer to user e What is the Circular Economy 100?, produzidos pela Ellen MacArthur Foundation e disponíveis, respectivamente, nos endereços: https://www.youtube.com/watch?v=Cd_isKtGaf8(https://www.youtube.com/watch? VOCÊ QUER VER? https://sustainabledevelopment.un.org/hlpf https://www.youtube.com/watch?v=Cd_isKtGaf8 v=Cd_isKtGaf8)ehttps://www.youtube.com/watch?v=zkoSmXxFeoY (https://www.youtube.com/watch?v=zkoSmXxFeoY). Um dos principais resultados advindos da inspiração pela observação e cópia dos sistemas vivos é a noção de otimizar o sistema como um todo, ao invés de focar nos seus componentes, o que também pode ser chamado de design para encaixar (em inglês, design for fit) – por analogia, a árvore não é nada sem a floresta. Envolve um gerenciamento cuidadoso dos fluxos de materiais, que na Economia Circular são de dois tipos: materiais biológicos, projetados para voltar a entrar na biosfera com segurança e construir capital natural; e materiais técnicos, projetados para circular em alta qualidade, sem perda de performance ou de substâncias e resíduos para a biosfera. Como resultado, a Economia Circular estabelece uma distinção nítida entre o consumo e o uso de materiais: defende a necessidade de um modelo de serviço funcional, no qual os fabricantes ou vendedores retêm cada vez mais a propriedade de seus produtos e, sempre que possível, atuam como prestadores de serviços – vendendo o uso de produtos, não o seu consumo unidirecional. Esta mudança tem implicações diretas para o desenvolvimento de sistemas de devolução de produtos que sejam eficientes e eficazes,ao mesmo tempo que permite novas práticas de design de modelos de produtos e negócios que geram produtos mais duráveis, que facilitam a desmontagem e a remodelação.E, quando apropriado, estes modelos de negócio consideram a troca/atualização dosprodutos/serviços contratados. 2.3 Princípios básicos da Economia Circular Neste tópico analisaremos comosão pontuadasas diferenças entre a Economia Linear e a Economia Circular (WEBSTER, 2015),caracterizando-as em princípios básicos que norteiam a aplicação dos conceitos da Economia Circular. Estes princípios são apresentados na figura a seguir. Na sequência, para facilitar seu entendimento, ordenamos a descrição de cada um dos princípios básicos em subtópicos específicos. Figura 5 – Princípios que orientam a aplicação dos conceitos da Economia Circular. Fonte: Elaborada pelo autor, baseada em WEBSTER, 2015. https://www.youtube.com/watch?v=Cd_isKtGaf8 https://www.youtube.com/watch?v=zkoSmXxFeoY 2 . 3 . 1 P r o j e t a r s e m resíduos Os resíduos não existem quando os componentes biológicos e técnicos (ou “materiais”) de um produto são projetados pela intenção de se adequarem a um ciclo de materiais biológicos ou técnicos, projetados para desmontagem e repropósito. Os materiais biológicos não são tóxicos e podem ser simplesmente compostados. Materiais técnicos (polímeros, ligas e outros materiais sintéticos) são projetados para ser usados novamente com energia mínima e retenção de alta qualidade – enquanto a reciclagem, como comumente entendido, resulta em uma redução na qualidade e alimenta-se novamente no processo como matéria-prima bruta (WEBSTER, 2015, p. 606-741). 2.3.2 Construir resiliência através da diversidade A modularidade, a versatilidade e a adaptabilidade são características apreciadas que precisam ser priorizadas em um mundo incerto e que evolui rapidamente. Sistemas diversificados com muitas conexões e diferentes escalas são mais resistentes diante de choques externos do que sistemas construídos simplesmente para eficiência – maximização de saída direciona a resultados extremos de fragilidade (WEBSTER, 2015, p. 606-741). 2.3.3 Trabalhar para utilizar energia de fontes renováveis Os sistemas devem, em última instância, ter como objetivo operar com fontes renováveis. Da mesma maneira, também tentar operar com energia renovável, possibilitando pelo limite reduzido, níveis de energia exigidos por uma economia restauradora e circular. O sistema de produção agrícola funciona exclusivamente com a energia solar, mas quantidades significativas de combustíveis fósseis são usadas em fertilizantes, máquinas agrícolas, processamento e através da cadeia de suprimentos. Sistemas alimentares e agrícolas mais integrados reduziriam a necessidade de insumos baseados em combustíveis fósseis e capturariam mais o valor energético dos subprodutos e fertilizantes. Eles também aumentariam a demanda por mão de obra humana (WEBSTER, 2015, p. 606-741). 2.3.4 Pensar sistemicamente É crucial a capacidade de entender como as partes se influenciam mutuamente dentro de um todo, e a relação do todo com as partes. Os elementos são considerados em relação aos seus contextos ambientais e sociais. Apesar de uma máquina ser também um sistema, é claramente limitada e assumida como determinista. O pensamento sistêmico geralmente se refere à esmagadora maioria dos sistemas do mundo real: estes são não-lineares, ricos em feedback e interdependentes. Em tais sistemas, condições de partida imprecisas combinadas com ciclos de retroalimentação (loops de feedback) levam a consequências muitas vezes surpreendentes, e a resultados que frequentemente não são proporcionais às entradas. Tais sistemas não podem ser gerenciados no sentido convencional linear, exigindo mais flexibilidade e adaptação constanteàs mudanças circunstanciais (WEBSTER, 2015, p. 606-741). CASO O pensamento sistêmico enfatiza estoques e fluxos. A manutenção ou o reabastecimento de estoques são inerentes aos sistemas ricos em feedback, os quais se supõem ter alguma longevidade e potencial para abranger a regeneração, e até a evolução dos sistemas vivos. Em um contexto de negócios, suas propriedades modulares e adaptativas significam mais margem de manobra para a inovação e para o desenvolvimento de cadeias de valor diversificadas, bem como menos dependência de estratégias de curto prazo. Compreender os fluxos em sistemas complexos também nos informa algo mais sobre o balanceamento(trade-off) entre eficiência e resiliência. Os sistemas que são cada vez mais eficientes têm menos nós, menos conexões e maior produção, mas também se tornam cada vez mais sensíveis ou, para usar o termo de Nassim Taleb, frágeis (TALEB, 2012). Isso os torna vulneráveis aos efeitos de choques, tais como a volatilidade dos preços ou a interrupção da oferta. Os sistemas com muitos nós e conexões são mais resistentes, mas podem se tornar escleróticos – lentos para mudar (no extremo) e, portanto, ineficazes. VOCÊ O CONHECE? Nascido no Líbano, em 1960, Nassim Nicholas Taleb é analista de riscos e professor no Instituto Politécnico da Universidade de Nova York (EUA). Autor de livros que tratam das incertezas trazidas por acontecimentos imprevisíveis, criou a Teoria do Cisne Negro (como ele denomina, grandes eventos inesperados, entre os quais o 11 de Setembro, por exemplo). De acordo com a teoria de Taleb, mesmo que tragam consequências ruins, os imprevistos também proporcionam benefícios e crescimento (SOUZA, 2012). Na obra Antifrágil: coisas que se beneficiam com o caos (TALEB, 2012), o autorreforça que a incerteza existe e deve ser desejada. A eficácia é o ponto de encontro e interação da resiliência e da eficiência: a eficiência (fazer as coisas corretas) é bem-vinda, mas a serviço da eficácia (fazendo a coisa certa), com o principal objetivo de garantir que o negócio se encaixena economia. Esta é uma maneira de pensar sobre a ideia de otimização de sistemas. Uma vez que mais fluxos de materiais, bens e serviços são valorizados em uma economia circular – e sendo o risco reduzido –, a empresa é compensada pela perda do acréscimo de eficiência (a Economia Linear tem como objetivo o aumento da eficiência)commenores custos, fluxos de caixa adicionais e – em muitos casos –menores preocupações regulatórias ao se adequarem indiretamente com as legislações sobre meio ambiente (como os resíduos são eliminados na Economia Circular, ou se tornam fluxos benignos – como entrada em outros processos). 2.3.5 Pensar em cascata Para materiais biológicos, a essência da criação de valor reside na oportunidade de extrair valor adicional de produtos emateriais, conectando-os através de outras aplicações. Na decomposição biológica, seja natural ou em processos de fermentação controlada, o material é dividido em estágios por microorganismos – como bactérias e fungos – que extraem energia e nutrientes dos carboidratos, gorduras e proteínas encontradas no material. Por exemplo, de uma árvore para uma fornalha abandona-se o valor que poderia seraproveitado por meio da decomposição organizada através de usos sucessivos (como madeira e produtos de madeira) antes da deterioração e eventual incineração (WEBSTER, 2015, p. 606-741). 2.4 Visão geral das principais escolas de pensamento Ainda de acordo com Webster (2015), o conceito de Economia Circular tem origens profundas e não pode ser rastreado até uma única data ou autor. Suas aplicações práticas para sistemas econômicos modernos e processos industriais, no entanto, ganharam impulso desde o final da década de 1970, liderada por um pequeno número de acadêmicos, líderes de pensamento e empresas. O conceito genérico foi refinado e desenvolvido pelas escolas de pensamento descritas em cada um dos subtópicos a seguir. 2.4.1 Desenho regenerativo Nos EUA, John T. Lyle começou a desenvolver ideias sobre o design regenerativo, que poderia ser aplicado a todos os sistemas, isto é, além da agricultura, para aqual o conceito de regeneração já havia sido formulado anteriormente. Com razão, ele lançou as bases da estrutura da Economia Circular, que se desenvolveu e ganhou proeminência, especialmente graças a McDonough (que estudou com Lyle), Braungart e Stahel. Hoje, o Lyle Center for Regenerative Studies oferece cursos sobre o assunto (WEBSTER, 2015, p. 606-741). 2.4.2 Economia de desempenho Walter Stahel, arquiteto e economista, em 1977, apresentou em seu relatório de pesquisa para a Comissão Europeia “O Potencial de Substituição da Força de Trabalho pela Energia”, em coautoria com Geneviève Reday-Mulvey (STAHEL; REDAY-MULVEY, 1981), a visão de uma economia em loops (ou Economia Circular) e seu impacto em criação de emprego, Figura 6 – Principais linhas de pensamento da Economia Circular. Fonte: Elaborada pelo autor, baseada em WEBSTER, 2015. competitividade econômica, poupança de recursos e prevenção de resíduos. Stahel recebeu o crédito por ter cunhado a expressão “Cradle to Cradle” no final da década de 1970, e também trabalhou no desenvolvimento de uma abordagem de ciclo fechado para os processos de produção e criou o Instituto Product-Life em Genebra, há mais de 25 anos, o qual persegue quatro objetivos principais: extensão da vida útil do produto, bens de longa vida, atividades de recondicionamento e prevenção de resíduos. Também insiste na importância da venda de serviços ao invés de produtos, uma idéia referida como a economia do serviço funcional, agora mais amplamente incluída na noção de economia de desempenho. Stahel argumenta que a economia circular deve ser considerada como uma estrutura: como uma noção genérica, a economia circular desenvolve várias abordagens mais específicas que gravitam em torno de um conjunto de princípios básicos (WEBSTER, 2015, p. 606-741). 2.4.3. Cradle to cradle (do berço ao berço) Químico e visionário alemão, Michael Braungart passou a desenvolver, em conjunto com o arquiteto americano Bill McDonough, o conceito Cradle to Cradle™ e seu processo de certificação. Esta filosofia de design considera que todos os materiais envolvidos em processos industriais e comerciais sãonutrientes, os quais estão em duas categorias principais: técnicos e biológicos. A estrutura Cradle to Cradle se concentra no design para a eficácia em termos de produtos com impacto positivo e na redução dos impactos negativos do comércio através da eficiência (WEBSTER, 2015, p. 606-741). O projeto Cradle to Cradle propõe que os processos seguros e produtivos do metabolismo biológico da natureza sirvam como modelo para o desenvolvimento de um fluxo de materiais industriais do metabolismo técnico. Os componentes do produto podem ser projetados para recuperação contínua e reutilização como nutrientes biológicos e técnicos dentro desses metabolismos. A estrutura de trabalho proposta no projeto Cradle to Cradle aborda entradas de energia e água (WEBSTER, 2015, p. 606-741): 2.4.4 Ecologia industrial A ecologia industrial é o estudo de fluxos de materiais e de energia através de sistemas industriais. Concentrando-se nas conexões entre operadores dentro do ecossistema industrial, esta abordagem visa criar processos em circuitos fechados nos quais os resíduos servem de entrada, eliminando assim a noção de um subproduto indesejável. A ecologia industrial adota um ponto de vista sistêmico, criando processos de produção de acordo com as restrições ecológicas locais. Enquanto analisa o impacto global dos processos de produção desde o início, tenta moldá-los para que funcionem o mais próximo possível dos sistemas vivos. Este framework às vezes é referido como a ciência da sustentabilidade, dada a sua natureza interdisciplinar, e seus princípios também podem ser aplicados no setor de serviços. Com ênfase na restauração do capital natural, a ecologia industrial também se concentra no bem-estar social (WEBSTER, 2015, p. 606-741). 2.4.5 Biomimética Janine Benyus, autora da Biomimicry: Innovation Inspired by Nature, define sua abordagem como “uma nova disciplina que estuda as melhores idéias da natureza e depois imita esses projetos e processos para resolver problemas humanos” (BENYUS, 1997, p. 1). Estudar uma folha para inventar uma célula solar melhor é um exemplo. A biomimética encarara isso como “inovação inspirada pela natureza” (BENYUS, 1997, p. 1). A biomimética baseia-se em três princípios fundamentais: Natureza como modelo: estudar modelos da natureza e imitar essas formas, processos, sistemas e estratégias para resolver problemas humanos. Natureza como medida: usar um padrão ecológico para avaliar a sustentabilidade de inovações. Natureza como mentor: considerar e valorizar a natureza, não com base no que pode ser extraído do mundo natural, mas o que é possível aprender com isso. Eliminar o conceito de lixo “Os resíduos são iguais aos alimentos”. Projetar produtos e materiais com ciclos de vida seguros para a saúde humana e o meio ambiente e que possam ser reutilizados perpetuamente através de metabolismos biológicos e técnicos. Criar e participar de sistemas para coletar e recuperar o valor desses materiais após seu uso (WEBSTER, 2015, loc. 690). Saiba quais são os desafios para a implantação da Economia Circular e as oportunidades que possibilita no mundo dos negócios assistindo ao vídeo Creating a circular economy: the challenges and opportunities for business (2013), disponível no endereço https://www.youtube.com/watch?v=TtR1ibE8Zt0 (https://www.youtube.com/watch?v=TtR1ibE8Zt0). Em seguida, conheça as opiniões dos principais pensadores em economia a respeito dos processos de produção e consumo circulares em The Circular Economy, do World Economic Forum (2016). Para assistir, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=prJTB19dnaU (https://www.youtube.com/watch?v=prJTB19dnaU). O quadro comparativo a seguir confronta características dos modos linear e circular. Se a extensão e a exploração da circularidade nos negócios estão entre os principais objetivos, é necessário saber como uma mudança sutil das regras do jogo pode ter consequências de longo prazo. Clique em cada um dos números do quadro e conheça essas características. VOCÊ QUER VER? Linear Circular Notas 1 2 3 https://www.youtube.com/watch?v=TtR1ibE8Zt0 https://www.youtube.com/watch?v=prJTB19dnaU Linear Circular Notas 4 5 6 7 8 9 Linear Circular Notas 10 11 12 13 Como demostrado no quadro, uma economia circular pode ser feita para trabalhar em uma gama de sistemas de valores, o que é tanto uma vantagem quanto um risco. No entanto, a ampla orientação dos sistemas sugere uma prosperidade inclusiva e de todas as escalas. É importante ressaltar que este quadro comparativo entre as economiaslinear e circular é independente de linhas políticas. Linear Circular Notas 14 15 Quadro 1 – Comparação entre os modos linear e circular. Fonte: WEBSTER, 2015, loc. 756. Referências bibliográficas ENYUS, Janine. Biomimicry: Innovation Inspired by Nature. Nova York (EUA): William Morrow ompany, 1997. RCULAR Economy. Produção: European Environment Agency. 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Neste capítulo você teve a oportunidade de: compreender que a Economia Circular não é apenas um conceito, mas que é baseada em iniciativas concretas da ONU e de países desenvolvidos para um desenvolvimento sustentável e, principalmente, é suportado por metodologias que visam um uso mais eficiente e com maior rentabilidade; conhecer as principais características da Economia Circular; enumerar os principais impactos da Economia Circular na economia e na sociedade. https://www.youtube.com/watch?v=_9mHi93n2AI https://www.youtube.com/watch?v=TtR1ibE8Zt0 EPING, Marielle; BATISTA JUNIOR, Achilles Ferreira. iTrends: uma análise de tendências mercados. Curitiba: Intersaberes, 2014. CHWAB, Klaus. A Quarta Revolução Industrial. Tradução de: Daniel Moreira Miranda. São Paul dipro, 2016. OUZA, Beatriz. Amar a volatilidade, como um trader, é a saída para crises. 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