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BUSINESS TRENDS Capítulo 4 - O profissional do futuro José Carlos Junqueira INICIAR Introdução Olá, estudante! Neste capítulo você estudará as consequências trazidas pela Quarta Revolução Industrial, pela Economia Circular e pelas mudanças no mercado de trabalho – entre as quais, a valorização de algumas competências e habilidades – e, em decorrência, a necessidade de um planejamento profissional e pessoal para estar preparado para essas transformações. Neste sentido, reflita sobre as questões: de que forma devemos nos preparar para esse novo momento? Quais competências e habilidades serão necessárias? Como desenvolvê-las? Durante a leitura, você encontrará respostas e entenderá como interpretar e se antecipar às mudanças, elaborando, de forma mais eficaz, um planejamento profissional. Ao concluir este estudo, você será capaz de relacionar as mudanças na economia e no mercado de trabalho com as habilidades e competências necessárias a um novo cenário de profissões – a partir da compreensão de como desenvolver estas competências – e evoluir de acordo com as exigências para tornar-se um profissional do futuro. 4.1 Mudanças nas áreas do conhecimento Por volta dos anos 1990, antes da globalização promovida pela internet, quando se concluía um curso de graduação e se recebia um diploma, as pessoas não voltavam mais à escola para estudar. Como as áreas de conhecimento – as ciências –, mesmo com os avanços tecnológicos e de pesquisas, permaneciam estáveis por um ciclo geracional, a falta de preocupação com a atualização acadêmica era considerada natural, já que o conteúdo estudado nas faculdades correspondia ao suficiente para uma vida profissional. Atualmente, porém, uma característica forte no mercado de trabalho é que todas as áreas de conhecimento estão passando por uma fase de volatilidade e mudanças, ou seja, já não são tão estáticas como eram anteriormente, mas, sim, muito dinâmicas. Com os direcionadores e impulsionadores deflagrados pela Quarta Revolução Industrial e pelo fortalecimento dos conceitos da Economia Circular, serão necessárias novas competências e habilidades. Podemos citar a aplicação maciça da tecnologia no relacionamento de negócio entre as indústrias e o mercado, incorporando os processos de reciclagem e remanufatura. O vídeo Borracha de pneu velho vira piso ecológico demonstra um exemplo de reciclagem e remanufatura. Além de apresentar objetos decorativos criados com madeira reciclada, mostra como construir um piso com restos de pneus. Anualmente, o Brasil produz cerca de 50 milhões de pneus, dos quais 22 milhões são trocados após 12 meses de uso. O problema é que 55% desses pneus não têm conserto, não servem mais para rodar em automóveis – a cada 30 dias, 1 milhão de pneus são despejados em aterros sanitários. A boa notícia é que essa realidade está mudando: uma pequena fábrica em Santana do Parnaíba, na Grande São Paulo, utiliza boa parte desses pneus para produzir, de maneira artesanal, placas de borracha que servem para piso de calçada, revestimentos acústicos e até como garantia de segurança em playgrounds. Para assistir, acesse o endereço: https://www.youtube.com/watch?v=BxwveQ5u12U (https://www.youtube.com/watch?v=BxwveQ5u12U). Figura 1 – A formação acadêmica para o mercado de trabalho é dinâmica, e muda constantemente. Fonte: davooda, Shutterstock. VOCÊ QUER VER? https://www.youtube.com/watch?v=BxwveQ5u12U Estas atividades possibilitam lucros concretos, além dos benefícios ecológicos. E como se preparar, navegar, sobreviver, enfim, neste mercado de trabalho? Veja as respostas na sequência. 4.2 Direcionadores Iniciada em 2010, a Quarta Revolução Industrial trouxe alguns avanços importantes, os quais são inquestionáveis e já amplamente perceptíveis no nosso dia a dia. As pessoas estão vivendo mais, as tecnologias se renovam a cada momento, a conexão global é uma realidade inapelável – mesmo que a percepção desta conexão e comunicação através da Internet seja dependente dos conceitos de censura e liberdade de cada povo, pois são características socioculturais. Para onde estas mudanças levam o mercado de trabalho em si? Quais são os direcionadores socioeconômicos, além dos tecnológicos (vistos nos capítulos anteriores), que, em princípio, moldarão as competências e habilidades para o novo mercado de trabalho? A figura a seguir apresenta uma série de direcionadores que são consenso em alguns centros de pesquisa sobre este possível futuro. Para entender melhor os direcionadores, clique em cada um deles e observe as respectivas descrições (DAVIES; FIDLER: GORBIS, 2011): Figura 2 – Direcionadores de mudanças no mercado de trabalho, conforme o relatório do IFTF. Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em DAVIES; FIDLER; GORBIS, 2011. VOCÊ SABIA? O significado do termo em inglês Big Data é bem mais abrangente do que sugere a tradução – grandes dados – em português. Para saber quais são os passos para aplicar o Big Data na sua empresa, acesse matéria publicada na revista Exame (TARIFA, 2014), disponível no endereço: https://exame.abril.com.br/pme/o-que-e-big-data-e-como-usar-na-sua-pequena-empresa (https://exame.abril.com.br/pme/o-que-e-big-data-e-como-usar-na-sua-pequena-empresa). Baseados nestes direcionadores, foram elencadas pelo IFTF – Institute for the Future (DAVIES; FIDLER; GORBIS, 2011) – 10 competências essenciais para o profissional do futuro que, mais adiante, serão relacionadas com o relatório The Future of Jobs (WEF, 2016). 4.3 Visões sobre as competências Os robôs assumirão as tarefas repetitivas, padronizadas e essencialmente manuais, e a inteligência artificial, por sua vez, assumirá atividades que exigem grande capacidade computacional. Sob esta perspectiva, levanta-se a questão: o que o homem irá fazer? O que sobrou? É preciso admitir que novas competências e habilidades serão necessárias para o futuro do trabalho. Analisando em conjunto o relatório da The Future of Jobs (WEF, 2016) com o relatório do IFTF, é possível mapear algumas destas necessidades para o trabalhador do futuro (DAVIES; FIDLER; GORBIS, 2011, s. p.): Além das profissões avaliadas com menor e maior risco de extinção ou substituição, o relatório aponta outras atividades que deverão ser automatizadas – motoristas e colaboradores de varejo em geral, e ocupações que tendem a crescer com os avanços tecnológicos – professores, psicólogos, médicos, pesquisadores, etc. Fazendo um cruzamento das habilidades mais comuns entre estas ocupações, o relatório aponta quais seriam as habilidades mais imunes a estes riscos de substituição: https://exame.abril.com.br/pme/o-que-e-big-data-e-como-usar-na-sua-pequena-empresa 1. Bom senso, discernimento e tomada de decisão: equacionar a relação custo/benefício dentre possíveis cenários, ter argumentos para defender a escolha e métricas para acompanhar o desenvolvimento. 2. Capacidade de brainstorm: propor e relacionar ideias sobre diversos assuntos e áreas do conhecimento. 3. Aprendizagem ativa – estratégias de aprendizagem: a escolha de melhores metodologias para aprendizagem e para transmitir novos conhecimentos. 4. Estratégias de aprendizagem: compreender as implicações de novas informações para a resolução de problemas atuais e futuros e para a tomada de decisões. 5. Originalidade: capacidade de apresentar ideias incomuns ou inteligentes sobre um determinado tópico ou situação, ou desenvolver formas criativas de resolver um problema. Estas competências, a priori, estão mais imunes à automação por serem tipicamente características da inteligência humanas. A combinação delas pode trazer um benefício maior frente às novas perspectivas profissionais. Um ponto importante, porém, é que além de uma superespecialização, que era uma das propostas profissionais para acompanhar o mercado de trabalho nas revoluções industriais anteriores, para a Quarta Revolução Industrial é necessário ter visão transdisciplinar e dedicação constante ao estudo. A partir dos direcionadores, o relatório do IFTF destaca 10 competências essenciais parase manter no mercado de trabalho no futuro. Clique em cada uma delas e confira: Figura 3 – Fábrica utiliza robôs nas atividades repetitivas da linha de produção. Fonte: Sasin Tipchai, Shutterstock. Figura 4 – Competências necessárias para o profissional do futuro, conforme relatório do IFTF. Fonte: Elaborada pelo autor, baseado em DAVIES; FIDLER; GORBIS, 2011. Considerando estas competências, manter-se atualizado e não ser excluído do mercado de trabalho torna-se um desafio. Saiba como agir, acompanhando o tópico a seguir. 4.4 Enfim, o que fazer Como se preparar, navegar, sobreviver enfim, neste mercado de trabalho? A resposta é: estudar constantemente. Para evitar a exclusão do mercado de trabalho, mantendo-se profissionalmente, a graduação será apenas o primeiro passo. Hoje e no futuro, como vimos na ponderação de Peter Drucker (2000), será a vez do trabalhador do conhecimento, ele deverá buscar atualização constantemente, tanto nas competências da própria área de conhecimento, quanto em áreas correlatas, e conseguir fazer uma ponte destes saberes com outras áreas – este será o caminho para um planejamento profissional eficaz. Trabalhar e estudar estão intrinsecamente associados – não são mais ações sequenciais. Uma das características essenciais no mercado de trabalho – hoje e no futuro – é a especialização em uma área de conhecimento. Porém, esta especialização deverá ser multidisciplinar, não somente na área específica: o profissional deverá fazer relações de sua especialização com outras áreas de conhecimento, já que nenhum saber é isolado. A superespecialização, mantra das revoluções industriais anteriores, deve ser mesclada com a generalização – este equilíbrio instável e mutante é fundamental para outra característica, também necessária tanto atualmente quanto futuramente: a capacidade de abstração para resolução de problemas complexos. O projeto profissional constitui mais uma importante característica, sendo necessário refletir sobre e identificar um plano para 5 a 10 anos, o qual definirá o percurso a ser traçado. Isso é necessário também para que sejam evitados modismos e tentações passageiras, pois estas serão sempre avaliadas com um pano de fundo maior, um projeto, uma meta, fazendo com que as escolhas tenham sentido e não sejam orientadas pelo curtíssimo prazo. O risco de não se ter esta identificação é ceder a cada novidade, não tendo um rumo previsto e, após um certo tempo, não ter uma âncora de especialização profissional que dê significado e esteja ligada aos diversos conhecimentos adquiridos. Em relação à qualidade de vida, o trabalho não pode ser mais considerado uma atividade isolada, individual, e sim coletiva, independentemente do vínculo entre os atores. A rede de relacionamentos profissional que é construída sobre bases sólidas de esmero e resultados garante um crescimento forte e constante. Mesmo com esta preocupação, o trabalho não pode ser dissociado do prazer. A realização pessoal deve estar acima dos ganhos financeiros. Em outras palavras, estar em uma empresa pujante em resultados, mas que não nos traga prazer, tem peso inferior à situação contrária – estar em uma empresa que não tenha expressão econômica, mas que nos realize profissionalmente. A fórmula de resultado é composta; não deve ser desequilibrada, ou seja, pender para um dos lados. A vontade de fazer, uma inspiração para realizar algo, pode mudar durante a vida profissional; futuramente, a relação desta mesma pessoa com o prazer pode tender para outra especialização ou profissão. Atualmente, as atividades que proporcionam prazer e felicidade são mais valorizadas do que aquelas que, pautadas em uma única área de conhecimento, constroem uma carreira sólida, mas executadas por obrigação. Para ser um profissional bem-sucedido no futuro, é necessário que o estudante – desde o início de sua carreira acadêmica – comece a avaliar o mercado de trabalho, identificando as principais tendências na área de conhecimento que escolher trilhar. Este mesmo pensamento também deve ser considerado pelas empresas, pois devem estar preparadas para, no futuro, terem condições de manter um profissional que é, por princípio, um desbravador. Dessa maneira, deverão alinhar o seu planejamento estratégico para suportar os custos da inovação constante e torná-los aliados aos ganhos que estes profissionais – caso sejam recrutados – possam trazer para a empresa. Nesse sentido, habilidades – tais como pensamento e análise crítica, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade – e competências para enxergar soluções construídas a partir do conhecimento adquirido em outras áreas, serão essenciais em um mercado no qual a automatização será implacável. Acompanhe quais serão os diferenciais para o novo profissional, para as novas empresas e para os governos: Figura 5 – O equilíbrio entre trabalho e prazer é fundamental para a realização profissional. Fonte: fizkes, Shutterstock. O importante é perceber que o mundo está em mudança constante, e para conseguir sobreviver, competir e vencer neste cenário, é fundamental estar consciente de que o aprendizado deve ser contínuo e ininterrupto. E, de forma indireta, é essa percepção que nos tornará aptos para a colaboração e a construção de um futuro melhor. Para as empresas, a parceria com universidades e instituições de ensino será um caminho de aprendizado para lidar com este novo profissional e, ao mesmo tempo, com a possibilidade de desenvolver novas tecnologias e modelos de negócio – fundamentais para manter posição competitiva em um mercado profissional marcado pela inovação, e não mais apenas pela melhoria contínua. Referências bibliográficas ORRACHA de pneu velho vira piso ecológico. TV Cultura Digital, 16 jul. 2012, vídeo, 04min12 isponível em: https://www.youtube.com/watch?v=BxwveQ5u12 https://www.youtube.com/watch?v=BxwveQ5u12U). Acesso em: 27/12/2017. AVIES, Anna; FIDLER, Devin; GORBIS, Marina. Future Work Skills 2020. Institute for The Future fo niversity of Phoenix, 2011. Disponível em: http://www.i�f.org/uploads/media/SR 382A_UPRI_future_work_skills_sm.pdf (http://www.i�f.org/uploads/media/SR 382A_UPRI_future_work_skills_sm.pdf). Acesso em: 27/12/2017. RUCKER, Peter. Desafios gerenciais para o século XXI. São Paulo: Pioneira, 2000. EPING, Marielle; BATISTA JUNIOR, Achilles Ferreira. iTrends: uma análise de tendências mercados. Curitiba: Intersaberes, 2014. CHWAB, Klaus. A Quarta Revolução Industrial. Tradução de: Daniel Moreira Miranda. São Paul dipro, 2016. Síntese do capítulo Ao finalizarmos este estudo, compreendemos que o mercado de trabalho irá demandar profissionais que se diferenciarão por algumas habilidades, entre as quais a capacidade de colaboração, o pensamento crítico e a competência em lidar com as incertezas. Este profissional surgirá a partir do aprendizado constante sobre novas tecnologias e metodologias. Neste capítulo você teve a oportunidade de: compreender como a Quarta Revolução Industrial e a Economia Circular irão alterar as competências e habilidades profissionais necessárias para o futuro; identificar as competências que serão diferenciais por estarem menos sujeitas à automatização; entender como se preparar para o mercado do futuro a partir da aprendizagem contínua. https://www.youtube.com/watch?v=BxwveQ5u12U http://www.iftf.org/uploads/media/SR-1382A_UPRI_future_work_skills_sm.pdf ARIFA, Alexandre. O que é big data e como usar na sua pequena empresa. Exame, 16 set. 2014 isponível em: https://exame.abril.com.br/pme/o-que-e-big-data-e-como-usar-na-sua-pequena mpresa (https://exame.abril.com.br/pme/o-que-e-big-data-e-como-usar-na-sua-pequena mpresa). Acesso em: 05/12/2017. WEBSTER, Ken. The Circular Economy: A Wealth of Flows. (s. l.), Ellen MacArthur Fondation, 2015. WEF – World Economic Forum. The Future of Jobs. 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