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3 Revisão 26/09/2005 Virtus P. Maezono 2 Edição 2 1 Emissão 23/04/2002 Virtus P. Maezono Edição MODIFICAÇÃO DATA POR DATA APROV. EXECUÇÃO CLIENTE CURSO Ferramentas de Análise para Engenheiros e Técnicos de Proteção Direitos Reservados: Virtus Consultoria e Serviços Ltda. Autor: Paulo Koiti Maezono Instrutor: Paulo Koiti Maezono Total de Páginas 148 j.X0 Circuito Equivalente de Sequência Zero 3i0 i0 i0 i0 i0 i0 i0 a b c N1.i0 = N1.i0 N1 N1 3i0 FERRAMENTAS DE ANÁLISE PARA ENGENHEIROS E TÉCNICOS DE PROTEÇÃO CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Introdução e índice 2 de 148 SOBRE O AUTOR Eng. Paulo Koiti Maezono Formação Graduado em engenharia elétrica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo em 1969. Mestre em Engenharia em 1978, pela Escola Federal de Engenharia de Itajubá, com os créditos obtidos em 1974 através do Power Technology Course do P.T.I – em Schenectady, USA. Estágio em Sistemas Digitais de Supervisão, Controle e Proteção em 1997, na Toshiba Co. e EPDC – Electric Power Development Co. de Tokyo – Japão. Engenharia Elétrica Foi empregado da CESP – Companhia Energética de São Paulo no período de 1970 a 1997, com atividades de operação e manutenção nas áreas de Proteção de Sistemas Elétricos, Supervisão e Automação de Subestações, Supervisão e Controle de Centros de Operação e Medição de Controle e Faturamento. Participou de atividades de grupos de trabalho do ex GCOI, na área de proteção, com ênfase em análise de perturbações e metodologias estatísticas de avaliação de desempenho. Atualmente é consultor e sócio administrador da Virtus Consultoria e Serviços Ltda. em São Paulo – SP. A Virtus tem como clientes empresas concessionárias no Brasil e na Colômbia, empresas projetistas na área de Transmissão de Energia, fabricantes e fornecedores de sistemas de proteção, controle e supervisão, Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, CEDIS – Instituto Presbiteriano Mackenzie. Área Acadêmica Foi professor na Escola de Engenharia e na Faculdade de Tecnologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie no período de 1972 a 1987. É colaborador na área de educação continuada da mesma universidade, de 1972 até a presente data. Foi colaborador do Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas da EPUSP – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, desde 1999 até 2002, com participação no atendimento a projetos especiais da Aneel, Eletrobrás e Concessionárias de Serviços de Eletricidade. CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Introdução e índice 3 de 148 ÍNDICE 1. NOÇÕES FUNDAMENTAIS DE TRANSFORMADORES................................................................................5 1.1 CONCEITO BÁSICO........................................................................................................................................5 1.2 NUM TRANSFORMADOR .............................................................................................................................6 1.3 A SATURAÇÃO. FORMA DE ONDA DA CORRENTE DE MAGNETIZAÇÃO..........................................8 1.4 MODELO MATEMÁTICO DA MAGNETIZAÇÃO.......................................................................................9 1.5 F.E.M. INDUZIDA NO SECUNDÁRIO...........................................................................................................9 1.6 CORRENTES DE CARGA. COMPENSAÇÃO DE AMPÈRES - ESPIRAS .................................................10 1.7 DISPERSÕES DE FLUXO .............................................................................................................................11 1.8 MODELO MATEMÁTICO DE TRANSFORMADOR..................................................................................12 1.9 POLARIDADE................................................................................................................................................12 1.10 CONEXÃO TRIÂNGULO – ESTRELA DE TRANSFORMADOR TRIFÁSICO OU DE BANCO DE TRANSFORMADORES ....................................................................................................................................13 1.11 ATERRAMENTO DE SISTEMA ...................................................................................................................15 1.11.1 SISTEMA ISOLADO...............................................................................................................................15 1.11.2 SISTEMA ATERRADO POR RESISTÊNCIA..........................................................................................16 1.11.3 SISTEMA ATERRADO POR REATÂNCIA.............................................................................................17 1.11.4 SISTEMA SOLIDAMENTE ATERRADO................................................................................................17 1.11.5 TRANSFORMADOR DE ATERRAMENTO............................................................................................18 2. REPRESENTAÇÃO DE SISTEMAS DE POTÊNCIA ......................................................................................21 2.1 DIAGRAMA UNIFILAR................................................................................................................................21 2.2 DIAGRAMA DE IMPEDÂNCIAS .................................................................................................................23 2.2.1 Finalidade ...................................................................................................................................................23 2.2.2 Fundamento ................................................................................................................................................23 2.2.3 Circuitos Equivalentes para Linhas de Transmissão (seqüência positiva).................................................24 2.2.4 Circuito Equivalente para Transformador de 2 enrolamentos ...................................................................25 2.2.5 Circuito Equivalente para Transformador de 3 enrolamentos ...................................................................29 2.2.6 Circuito Equivalente para Geradores e Motores Síncronos .......................................................................30 2.2.7 Circuito Equivalente para Motores de Indução..........................................................................................33 2.2.8 O Diagrama de Impedâncias do Sistema ....................................................................................................34 3. GRANDEZAS POR UNIDADE............................................................................................................................35 3.1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................................................35 3.2 BASE NUM PONTO DO SISTEMA ELÉTRICO ..........................................................................................36 3.3 ESCOLHA DE BASES PARA UM SISTEMA ELÉTRICO ...........................................................................37 3.4 DIAGRAMA DE IMPEDÂNCIAS EM P.U. ..................................................................................................38 3.5 CÁLCULO DE IMPEDÂNCIAS P.U. DE UM TRANSFORMADOR DE TRÊS ENROLAMENTOS NUMA DADA BASE DE ESTUDO............................................................................................................................41 3.6 EXEMPLO DE CÁLCULO COM DIAGRAMA DE IMPEDÂNCIAS EM P.U.............................................44 3.7 EXERCÍCIO PROPOSTO...............................................................................................................................46 4. COMPONENTES SIMÉTRICOS ........................................................................................................................474.1 CONCEITO.....................................................................................................................................................47 4.2 CARACTERÍSTICAS DOS COMPONENTES SIMÉTRICOS......................................................................49 4.3 PARTICULARIDADES .................................................................................................................................54 4.4 CIRCUITOS EQUIVALENTES E IMPEDÂNCIAS SEQUENCIAIS ...........................................................55 4.4.1 Seqüências Positiva e Negativa...................................................................................................................55 4.4.2 Seqüência Zero............................................................................................................................................56 4.4.3 Exemplo.......................................................................................................................................................60 CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Introdução e índice 4 de 148 5. DIAGRAMAS DE SEQUÊNCIA ZERO PARA TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA..........................62 5.1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................................................62 5.2 REATÂNCIAS DE MAGNETIZAÇÃO DE UM TRANSFORMADOR TRIFÁSICO OU DE UM BANCO TRIFÁSICO ....................................................................................................................................................64 5.2.1 Introdução...................................................................................................................................................64 5.2.2 Seqüência Positiva (ou Negativa) ...............................................................................................................65 5.2.3 Seqüência Zero............................................................................................................................................66 5.3 DIAGRAMA DE SEQUÊNCIA ZERO DE TRANSFORMADOR DELTA / ESTRÊLA ATERRADA........71 5.4 DIAGRAMA DE SEQUÊNCIA ZERO DE UM TRANSFORMADOR ESTRELA ATERRADA / ESTRELA ATERRADA ...................................................................................................................................................73 5.5 DIAGRAMA DE SEQUÊNCIA ZERO ENVOLVENDO CONEXÕES ESTRELA ......................................75 5.6 DIAGRAMA DE SEQUÊNCIA ZERO DE TRANSFORMADOR ESTRELA ATERRADA – DELTA – ESTRELA ATERRADA .................................................................................................................................76 5.7 DIAGRAMA DE SEQUÊNCIA ZERO DE TRANSFORMADOR ZIG-ZAG ...............................................79 6. NOÇÕES DE CÁLCULO DE CURTO-CIRCUITO ..........................................................................................81 6.1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................................................81 6.2 DESLOCAMENTO DE EIXO DEVIDO A CHAVEAMENTO DE CIRCUITO LR......................................82 6.3 COMPORTAMENTO DE MÁQUINA SÍNCRONA PARA UM CURTO-CIRCUITO.................................84 6.4 COMPORTAMENTO DE MOTOR DE INDUÇÃO PARA UM CURTO-CIRCUITO..................................88 6.5 CURTO-CIRCUITO TRIFÁSICO SIMÉTRICO............................................................................................90 6.5.1 Métodos de Cálculo de Curto-Circuito .......................................................................................................90 6.5.2 Exemplo do Primeiro Método .....................................................................................................................91 6.5.3 Exemplo do Segundo Método......................................................................................................................94 6.5.4 Exercício Proposto......................................................................................................................................95 6.6 CURTO-CIRCUITO FASE-TERRA...............................................................................................................96 6.6.1 Conceitos.....................................................................................................................................................96 6.6.2 Seqüência Prática de Cálculos ...................................................................................................................99 6.6.3 Curto-circuito envolvendo transformador triângulo-estrela.....................................................................101 6.6.4 Oscilogramas simulados e reais................................................................................................................102 6.6.5 Exemplo de cálculo ...................................................................................................................................105 6.6.6 Exercício Proposto....................................................................................................................................114 6.7 CURTO-CIRCUITO BIFÁSICO...................................................................................................................118 6.7.1 Conceito ....................................................................................................................................................118 6.7.2 Curto-circuito bifásico envolvendo transformador triângulo-estrela .......................................................119 6.8 CURTO-CIRCUITO BIFÁSICO-TERRA ....................................................................................................123 6.8.1 Conceito ....................................................................................................................................................123 6.8.2 Curto-circuito bifásico-terra envolvendo transformador triângulo-estrela..............................................124 6.9 EXERCÍCIOS................................................................................................................................................128 CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Noções Fundamentais de Transformador 5 de 148 1. NOÇÕES FUNDAMENTAIS DE TRANSFORMADORES 1.1 CONCEITO BÁSICO Lei de Faraday: dt d dt dNe λφ −=−= Volts =φ Fluxo (Weber) =λ Fluxo Acoplado (Weber-espira) Isto é, a Força Eletromotriz Induzida (F.E.M.) corresponde à taxa de variação do fluxo acoplado, no tempo. Caso particular: variação senoidal (fenômeno periódico) 1/4 Φ Fl ux o (W eb er ) máx. 1/2 3/4 10 Figura 1.1 – Variação senoidal do fluxo num campo magnético Ocorre a seguinte variação do fluxo acoplado no tempo: Fluxo Acoplado Tempo (ciclos) 0 0 |N.φmáx| ¼ 0 ½ |N.φmáx| ¾ 0 1 Isto é, o fluxo acoplado varia de 0 a |N.φmáx| ou vice-versa, 4 vezes em cada ciclo da senóide, ou seja, 4.f vezes por segundo. N = número de espiras f = freqüência CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Noções Fundamentais de Transformador 6 de 148 Donde: E médio = 4.f.N.φmáx. (pela Lei de Faraday) E máximo = 2 π 4.f.N.φmáx. = 2π .f.N.φmáx E eficaz = 2π .f.N.(φmáx/ 2 ) E eficaz = 2π .f.N.φeficaz = 4,44.f.N.φmáximo 1.2 NUM TRANSFORMADOR Pode-se esquematicamente representar um transformador através da figura a seguir: V1 e1 e2 Φ imag N1 N2 Figura 1.2 – Representação Esquemática de Transformador • Ao se aplicar a tensão V1, impõe-se e1 = V1 (aproximadamente) • Ao se impor e1, impõe-se o fluxo φ • O fluxo φ (webers) flui no núcleo (circuito magnético) de comprimento médio l (metros) e secção efísicoefetivo xKSS = m2 • O fluxo acopla os dois enrolamentos com N1 e N2 espiras respectivamente. • A InduçãoMagnética B imposta no núcleo é: efetivoS B φ= webers / m2 • O material de que é feito o núcleo impõe a característica B-H conforme se segue: CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Noções Fundamentais de Transformador 7 de 148 B H Webers / m2 Amperes-espiras / m Figura 1.3 – Característica B-H do Núcleo do Transformador • Assim, se impõe a Intensidade do Campo Magnético H (ampères-espiras / m). • Daí, tem-se a Força Magneto-Motriz F imposta no enrolamento l.1_ HFmag = ampères-espiras • E a Corrente de Magnetização requerida da fonte (sistema) será então: 1 1_ 1_ N F i magmag = ampères Conclui-se, para o lado da tensão aplicada, que: • O fluxo no núcleo depende da tensão aplicada (imposta). • Dadas as características físicas e magnéticas do núcleo, para que o fluxo se desenvolva, há necessidade de uma corrente de magnetização. • A corrente de magnetização (para formar o campo magnético) depende, então de: - Número de espiras do enrolamento 1 (N1) - Comprimento do caminho do fluxo l - Característica B-H do material do núcleo - Seção do núcleo - Tensão aplicada. Lembrar que E eficaz = 2π .f.N.φeficaz = 4,44.f.N.φmáximo CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Noções Fundamentais de Transformador 8 de 148 1.3 A SATURAÇÃO. FORMA DE ONDA DA CORRENTE DE MAGNETIZAÇÃO Quando o valor instantâneo da indução B ultrapassa o joelho da característica B-H, o valor da intensidade do campo H é maior do que haveria se não houvesse o joelho (isto é, se não houvesse saturação, com a característica B-H linear). B H V, B, Φ t H, F, imag 0 t Figura 1.4 – Forma de Onda da Corrente de Magnetização em função da Característica B-H A tensão e1 sendo senoidal, o fluxo φ será senoidal (pela lei de Faraday) e consequentemente a indução B também. Se a indução máxima ultrapassa o valor do joelho (saturação) da característica B-H do núcleo, a intensidade do campo H será deformada (senóide deformada) e consequentemente a força magneto-motriz e a corrente de magnetização também serão deformadas. Pela teoria de Fourier, diz-se que a corrente de magnetização é composta de uma senóide fundamental somada a senóides harmônicas (predominância da terceira harmônica, se a indução máxima estiver ligeiramente acima do joelho). Nota: caso, se de algum modo, não for possível para a fonte suprir tal corrente harmônica (não for possível fornecer corrente deformada), então o fluxo no campo se deformará e aparecerá no transformador, tensões harmônicas. CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Noções Fundamentais de Transformador 9 de 148 1.4 MODELO MATEMÁTICO DA MAGNETIZAÇÃO Define-se indutância de um circuito magnético como sendo a relação entre o fluxo acoplado e a corrente de magnetização desse circuito. Então: mag eficaz mag i N i L φλ .11 1 == Henrys A reatância desse circuito de magnetização será: mag eficaz mag i N fLfX φ ππ . ...2...2 11 == jXmag e1 imag Figura 1.5 – Modelo do Circuito Magnético eficazmagmag NfLfiXe φππ ....2...2. 111 === 1.5 F.E.M. INDUZIDA NO SECUNDÁRIO O fluxo no núcleo acopla também o enrolamento secundário ou outros enrolamentos que existirem no mesmo circuito magnético. Esse acoplamento induzirá tensão no enrolamento secundário: e 2 = 2π .f.N2.φeficaz = 4,44.f. N2.φmáximo Essa tensão induzida é conseqüência do fluxo no núcleo e do número de espiras acopladas no lado secundário. Daí, sendo: e 1 = 2π .f.N1.φeficaz = 4,44.f. N2.φmáximo CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Noções Fundamentais de Transformador 10 de 148 Tem-se: 2 1 2 1 N N e e = que é válido para transformador ideal, sem perdas e sem dispersões de fluxo. 1.6 CORRENTES DE CARGA. COMPENSAÇÃO DE AMPÈRES - ESPIRAS No secundário, tem-se uma tensão induzida. Pode-se alimentar uma carga através desse enrolamento secundário. V1 e1 e2 Φ N1 N2 carga imag + i1 i2 V2 mútuo Figura 1.6 – Enrolamento Secundário Alimentando Carga • A corrente I2 de carga em N2 espiras, gera uma força magneto-motriz de: 222 .INF = ampères-espiras • Essa FMM estaria associada a uma intensidade de campo H2, indução B2 e fluxo 2φ • Mas o fluxo mútuo mutuoφ depende da tensão aplicada (Lei de Faraday) e supõe-se que essa tensão é constante (não muda). Isto é, o mutuoφ não pode ser alterado com a presença da carga. • Consequentemente, no outro enrolamento (primário) aparecerá simultaneamente uma força magneto-motriz de: 111 .INF = ampères-espiras de modo que 021 =+ FF Isto é, sem saldo de FMM para alterar o fluxo mútuo que só depende da tensão aplicada. • Conclusão: a toda corrente de carga I2, haverá uma corrente no outro enrolamento I1, de modo que haja compensação de ampères-espiras (compensação de FMM), com: N1.I1 = N2.I2 CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Noções Fundamentais de Transformador 11 de 148 1.7 DISPERSÕES DE FLUXO Foi verificado que no enrolamento 1 tem-se: 111 .INF = (devido a carga) e magmag iNF _11_1 .= E que no enrolamento 2 tem-se: 222 .INF = (devido a carga) Essas FMM, produzem fluxos que se fecham pelo ar ou por outro caminho que não seja o núcleo do transformador, que são os chamados fluxos dispersos. V1 e1 e2 Φ N1 N2 carga imag + i1 i2 V2 mútuo Φ Φ 1 2 Figura 1.7 – Fluxos Dispersos no Transformador Esses fluxos 1φ e 2φ estarão associados a FEM induzidas, devido ao acoplamento com os respectivos enrolamentos: 2 22 2 2 2 . I N I L DispDisp φλ == Henrys magmag Disp Disp iI N iI L + = + = 1 11 1 1 1 .φλ Henrys A “queda de tensão” (FEM) no enrolamento 1, devido à dispersão de fluxo será: ( ) ( ) 1111111 ....2....2. φππ NfiILfiIXV magDispmagDisp =+=+= Volts A “queda de tensão” (FEM) no enrolamento 2, devido à dispersão de fluxo será: ( ) ( ) 2222222 ....2....2. φππ NfILfIXV DispDisp === Volts CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Noções Fundamentais de Transformador 12 de 148 1.8 MODELO MATEMÁTICO DE TRANSFORMADOR Pode-se agora montar o modelo matemático do transformador, considerando todos os aspectos vistos até agora, mais as perdas por calor. R1 j X1 R2 j X2 R p j Xm N1:N2 Ideal V1 V2 e1 e2 iperda imag I1 I2 iexc+I1 Figura 1.8 – Modelo Matemático de Transformador R1 = representa as perdas por calor no enrolamento 1 R2 = representa as perdas por calor no enrolamento 2 Rp = representa as perdas por calor no núcleo j.Xm = representa o circuito magnético mútuo j.X1 = representa o fluxo disperso no enrolamento primário j.X2 = representa o fluxo disperso no enrolamento secundário 1.9 POLARIDADE É a marcação (uma marca ou uma identificação padronizada) que mostra a referência (modo de enrolar) daquele enrolamento. Por exemplo: H1 H2 Y1 Y2 Figura 1.9 – Exemplos de identificação de polaridades CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Noções Fundamentais de Transformador 13 de 148 Considerando uma condição de carga, se a corrente em um dado instante entra pela polaridade do enrolamento do lado da fonte, nesse mesmo instante a corrente do enrolamento do lado da carga estará saindo pela polaridade. É a tradução prática do conceito visto de compensação de ampères - espiras. Quando num transformador, não se conhece (ou se deseja confirmar) as polaridades dos enrolamentos, se faz o teste da polaridade: V V1 V2 Transformador sob ensaio Figura 1.10 – Esquema básico de teste de polaridade Na figura acima, o voltímetro pode indicar o resultado de V1 + V2 ou o resultado de V1 – V2, e assim pode-se determinar as polaridades: Transformador sob ensaio Transformador sob ensaio V1 V2 Polaridade “aditiva” Polaridade “subtrativa” V1 V2 Figura 1.11 – Resultados possíveis do teste de polaridade 1.10 CONEXÃO TRIÂNGULO – ESTRELA DETRANSFORMADOR TRIFÁSICO OU DE BANCO DE TRANSFORMADORES Exemplo com defasamento de + 30 graus, com o lado estrela adiantado com relação ao lado delta (conexão Dy1 ou Yd11). Fisicamente as fases são conectadas conforme a figura a seguir. CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Noções Fundamentais de Transformador 14 de 148 A B C a c b A B C b = (B - A) a = (A - C) c = (C - B) Esquematicamente: Figura 1.12 – Conexão estrela - triângulo Com base nas conexões físicas mostradas, pode-se compor o diagrama vetorial das tensões de linha de ambos os lados: A B C a b c +30o Figura 1.13 – Vetores de tensões de linha para conexão estrela - triângulo CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Noções Fundamentais de Transformador 15 de 148 O mesmo transformador, com outras indicações de fases no lado triângulo, mantendo as indicações no lado estrela, permitiria outras possibilidades de defasamento, conforme mostra a tabela e figura a seguir: Alternativa Defasamento (Lado Estrela com relação ao Lado Delta 1 (a-c) + 30 graus 2 + 150 graus 3 - 90 graus A B C a b c a b c a b c Alternativa 123 Figura 1.14 – Alternativas de identificação do lado delta Mudando a conexão para – 30 graus, ao invés dos + 30 graus mostrados, haveria três outras possibilidades de defasamento, como mostrado a seguir: Alternativa invertendo o Delta Defasamento (Lado Estrela com relação ao Lado Delta 1 - 30 graus 2 - 150 graus 3 + 90 graus 1.11 ATERRAMENTO DE SISTEMA 1.11.1 SISTEMA ISOLADO É um sistema onde não há ponto de terra através de neutro. Neste caso, quando uma fase vai à terra (curto-circuito), a única corrente que aparece é decorrente de capacitâncias do sistema (geralmente de cabos) que pode variar de miliampères a ampères. A carga é sempre ligada entre fases, fazendo uso da tensão de linha. A carga não é interrompida quando uma das fases de um sistema isolado vai a terra. A figura a seguir ilustra um sistema isolado com curto circuito fase-terra: CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Noções Fundamentais de Transformador 16 de 148 Fonte Sistema Isolado Corrente de Terra devido Capacitâncias VB VA VC VB VA = 0 VC VB VC VA Operação Normal CC Fase-Terra Figura 1.15 – Sistema Isolado. Curto-circuito de uma fase à terra. Nestas condições, são mantidas inalteradas as tensões de linha (fase-fase), não havendo diferença para a carga ligada. Mas, há deslocamento do neutro, como mostrado. As tensões Fase – Neutro sofrem alterações. As fases não afetadas têm seu valor aumentado em 3 vezes. Portanto, para a especificação de isolação fase – neutro de sistema isolado adota-se a tensão de linha. A corrente que surge é decorrente dos campos elétricos existentes, expressos através das respectivas capacitâncias à terra. Geralmente, um relé de proteção não detecta essa corrente, quando é pequena demais. 1.11.2 SISTEMA ATERRADO POR RESISTÊNCIA É um sistema onde se provê ponto de terra através de neutro, para que haja corrente de terra quando de curto-circuito fase-terra, viabilizando o uso de proteção de sobrecorrente. Em sistemas industriais é comum o uso de resistências para aterramento, limitando a corrente numa faixa entre 5 e 20% da corrente de curto-circuito trifásico desse mesmo sistema. Usado em sistemas industriais de média tensão. Neste caso, quando uma fase vai à terra (curto-circuito), aparecem não apenas as decorrentes de capacitâncias do sistema, como também devido ao aterramento, como mostra a figura a seguir: CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Noções Fundamentais de Transformador 17 de 148 Fonte Sistema Aterrado por Resistência VB VA VC VB VA = 0 VC VB VC VA Operação Normal CC Fase-Terra Figura 1.16 – Sistema Aterrado por Resistência. Curto-circuito de uma fase à terra. As tensões de linha (fase-fase) e de fase (fase-neutro) são alteradas. Há deslocamento do neutro, como mostrado, menor que o caso de sistema isolado. A corrente que tem condição de acionar uma função de sobrecorrente para fins de proteção. 1.11.3 SISTEMA ATERRADO POR REATÂNCIA Há também sistemas que são aterrados através de reatâncias moderadas, mas é mais usado em BT – Baixa Tensão. A reatância para aterramento em MT – Média Tensão para limitar a corrente de terra não é, geralmente, utilizada devido a problemas de transitórios de tensão que podem ser muito altos. 1.11.4 SISTEMA SOLIDAMENTE ATERRADO É um sistema onde se provê ponto de terra através de neutro solidamente aterrado, para que haja plena corrente de terra quando de curto-circuito fase-terra, viabilizando ainda mais o uso de proteção de sobrecorrente. Utilizado, geralmente, em sistemas de distribuição de energia elétrica, com longas extensões onde a corrente de terra é essencial para detectar falta à terra. CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Noções Fundamentais de Transformador 18 de 148 A figura a seguir mostra o caso: Fonte Sistema Solidadmente Aterrado VB VA VC VB VA = 0 VC VB VC Operação Normal CC Fase-Terra VA Figura 1.17 – Sistema Solidamente Aterrado. Curto-circuito de uma fase à terra. Neste caso, se o curto-circuito é rígido, não há deslocamento de neutro. A corrente de terra será a máxima possível para a configuração, limitada pelas impedâncias do sistema elétrico e dos equipamentos no caminho da corrente. 1.11.5 TRANSFORMADOR DE ATERRAMENTO As vezes o transformador supridor tem conexão delta no lado da carga, configurando um sistema isolado, mas pode-se desejar que haja fonte de terra no sistema para viabilizar proteção para faltas a terra. Será visto, posteriormente, que num sistema isolado, pode-se detectar uma falta fase-terra com muita facilidade, mas não se pode detectar com facilidade o local da ocorrência dessa falta. Assim sendo o aterramento pode-se tornar necessário. Um transformador de aterramento tem a finalidade de prover FONTE DE TERRA para um sistema originalmente isolado, tornando-o aterrado. Deve caracterizar-se como sendo uma FONTE DE SEQÜÊNCIA ZERO, isto é, deve atender a duas condições essenciais: a) Ter caminho físico para a corrente de terra (conexão estrela aterrada ligada ao sistema). CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Noções Fundamentais de Transformador 19 de 148 b) Ter enrolamento ou conexão para compensação de ampères x espiras para a corrente de terra ( 3 x I0). Há dois tipos de transformador de aterramento: • Transformador Estrela Aterrada – Triângulo. O transformador é conectado ao sistema através do seu enrolamento estrela aterrada. O enrolamento em triângulo serve para compensação de ampères x espiras: Corrente de terra: 3. I0 I0 I0 I0 I0 I0 I0 Figura 1.18 – Transformador de aterramento Estrela Aterrada - Delta Note que, caso aberto o delta, não haverá compensação e não mais haverá corrente de terra por este transformador apesar da conexão estrela aterrada. CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Noções Fundamentais de Transformador 20 de 148 • Transformador Zig-Zag O transformador “zig-zag” é um especialmente preparado para servir de fonte de terra. Isto é, a conexão “zig-zag” tem como finalidade a compensação ampères x espiras de três corrente iguais, uma em cada fase (corrente de terra): Corrente de terra: 3. I0 I0 I0 I0 I0 I0I0 b1 b2 c1 c2 a1 a2 Figura 1.19 – Transformador de aterramento “Zig – Zag” CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Representação de Sistemas 21 de 148 2. REPRESENTAÇÃO DE SISTEMAS DE POTÊNCIA 2.1 DIAGRAMA UNIFILAR A finalidade de um diagrama unifilar é fornecer, de maneira concisa, os dados significativos de um sistema elétrico de potência. Deve apresentar informações na quantidade e qualidade necessárias, sempre orientadas para o estudo ou o problema em análise. TIPO DE ESTUDO INFORMAÇÕESNO DIAGRAMA FLUXO DE POTÊNCIA - Identificação das barras - Impedâncias das linhas e transformadores (seq. +) - Admitância shunt de linhas longas - Taps dos transformadores - Potências ativas e reativas, ou potência ativa em barras determinadas - Dados para cálculo de valores por unidade CURTO-CIRCUITO - Identificação das barras - Impedâncias das linhas e transformadores (seq. + e seq. 0) - Admitância shunt de linhas longas (seq. + e seq. 0) - Tipos de conexão de transformadores - Impedâncias de geradores (subtransitórias e seq. 0) - Dados para cálculo de valores por unidade (potências, tensões nominais, etc.) de impedâncias de linhas, transformadores, geradores, reatores, etc. ESTABILIDADE - Identificação das barras - Impedâncias das linhas e transformadores (seq. + ) - Admitância shunt de linhas longas (seq. +) - Impedâncias de geradores (transitórias) - Dados para cálculo de valores por unidade - Constantes de inércia de máquinas - Características dos sistemas de excitação e reguladores de velocidade de máquinas - Informações sobre disjuntores e relés de proteção CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Representação de Sistemas 22 de 148 PROTEÇÃO - Relações de transformação e classe de exatidão de TC’s e TP’s - Impedâncias de seqüência positiva e zero de linhas - Impedâncias de seqüência positiva e zero de transformadores e suas conexões - Tipos básicos de proteção - TC’s auxiliares - Disjuntores - Etc. Evidentemente, existe uma grande variação entre diagramas unifilares, dependendo da finalidade dos mesmos. Mesmo dentro de uma única finalidade, a quantidade e qualidade das informações varia muito, dependendo do estudo e do autor. Porém, a regra é única: máximo de informações com máximo de simplicidade. 1 3 4 5 6 7 8 9 10 G1 G2 G3 M TR1 TR2 TR3 TR4 TR5 TR6 2 Figura 2.1 – Exemplo de Diagrama Unifilar para Estudo de Curto-Circuito Dados: Geradores / Motores: potência nominal, tensão nominal, X”d, X0 Transformadores: potência nominal, tensões nominais, reatâncias de dispersão, de seqüência positiva e zero. Linhas: Impedâncias (R + j.X) e Admitâncias capacitivas (Yc), de seqüência positiva e zero. CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Representação de Sistemas 23 de 148 2.2 DIAGRAMA DE IMPEDÂNCIAS 2.2.1 Finalidade A análise do comportamento de um sistema de potência é baseado em cálculos, atualmente com ampla utilização de computadores digitais. Para possibilitar o cálculo matemático há necessidade de modelos, ou melhor, de circuitos equivalentes de sistemas que possam representar, da melhor maneira possível, o comportamento desses sistemas ou parte desses sistemas. O diagrama de impedâncias, com os valores p.u. (por unidade) das impedâncias é básico para esses cálculos. 2.2.2 Fundamento No estudo de circuitos elétricos polifásicos através de circuitos equivalentes, a consideração inicial é supor o sistema equilibrado. Nessas condições, pode-se fazer a modelagem e o estudo de apenas uma das fases, sabendo-se implicitamente que as condições nas outras fases são as mesmas, a menos do defasamento angular constante entre fases, considerando ainda uma situação de regime permanente com freqüência constante. Nos sistemas trifásicos representa-se, então, apenas uma das fases, com o retorno através de um fio neutro (ideal). Como num sistema trifásico equilibrado: Ia + Ib + Ic = 0 Observa-se, que na realidade, não há corrente pelo citado “fio neutro”. Assim, a eventual impedância deste retorno não é representada. Para se representar uma situação desequilibrada, de um sistema trifásico, faz-se o desmembramento do sistema trifásico real em três outros sistemas, cada um deles trifásico e cada um deles equilibrado, através da teoria de componentes simétricos. Assim, pode-se fazer uma representação monofásica para cada um desses sistemas equilibrados, representando, no conjunto, uma situação desequilibrada. SISTEMA TRIFÁSICO TRIFÁSICO TRIFÁSICO TRIFÁSICO = EQUILIBRADO + EQUILIBRADO + EQUILIBRADO DESIQUILIBRADO Seqüência (+) Seqüência (-) Seqüência (0) Assim, os circuitos equivalentes são representações monofásicas de circuitos trifásicos. CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Representação de Sistemas 24 de 148 2.2.3 Circuitos Equivalentes para Linhas de Transmissão (seqüência positiva) R j X Z = R + j.X Figura 2.2 – Linhas Curtas (Até aproximadamente 80 km) R j X - 2.j XC - 2.j XC Figura 2.3 – Linhas Médias (Até aproximadamente 200 km) – Modelo Pi Z = R + j.X X c = reatância capacitiva (shunt) total da linha C C YCf X 1 ...2 1 == π Para Linhas de Transmissão Longas Para as linhas longas, a representação torna-se mais complexa. Pode-se, entretanto, fazer um modelo Π equivalente (como para as linhas médias) com os valores Z e Yc corrigidos: l l . ).senh(.)(' γ γZcorrigidoZ = 2. )2.tanh()(' l l γ γ CYcorrigidoYc = Onde, l = comprimento da linha de transmissão (km) zy.=γ y = Admitância shunt por km z = Impedância série por km (r + jx) CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Representação de Sistemas 25 de 148 2.2.4 Circuito Equivalente para Transformador de 2 enrolamentos Uma representação relativamente completa para um transformador de dois enrolamentos é mostrada na figura a seguir. R1 j X1 R2 j X2 Rp j XM N1:N2 Ideal Figura 2.4 – Circuito Equivalente de um Transformador de Dois Enrolamentos Onde: R1, R2 = Resistências representando as perdas nos enrolamentos 1 e 2 (perdas no cobre), em ohms. X1, X2 = Reatâncias representando os fluxos dispersos nos enrolamentos 1 e 2, em ohms. Xm = Reatância de magnetização (representando o fluxo no núcleo), em ohms. Rp = Resistência representando as perdas no núcleo (perdas no ferro), em ohms. Essas resistências e reatâncias indutivas podem ser representadas em um dos lados do transformador: R1+[N1/N2]2.R2 j (X1+[N1/N2] 2.X2) Rp j XM N1:N2 Ideal Figura 2.5 – Circuito Equivalente visto do Lado Primário Esta representação, entretanto, é demasiadamente complicada para aplicação nos cálculos para o sistema de potência. É de senso comum e tecnicamente aceitável e desejável a simplificação deste modelo. CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Representação de Sistemas 26 de 148 Representação Simplificada R1, R2 e Rp = desprezados, para transformadores de potência Xm = considerado infinito (corrente de magnetização desprezível com relação à corrente de carga. j (X1+[N1/N2] 2.X2) N1:N2 Ideal Figura 2.6 – Circuito Equivalente Simplificado, visto do Lado Primário Ou, visto do outro lado: j (X2+[N2/N1]2.X1) N1:N2 Ideal Figura 2.7 – Circuito Equivalente Simplificado, visto do Lado Secundário Ensaio de curto-circuito As reatâncias indicadas anteriormente podem ser medidas através do ensaio de curto- circuito como o mostrado na figura a seguir. TRAFO TRIFÁSICO CURTO- CIRCUITO Icc2Icc1 FONTE TRIFÁSICA Figura 2.8 – Ensaio de curto-circuito em transformador trifásico CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Representação de Sistemas 27 de 148 Neste ensaio, aplica-se uma tensão Vcc1 para que se tenha corrente nominal do transformador, isto é: Icc1 = Inom 1 e Icc2 = Inom 2 j (X1+[N1/N2]2.X2) N1:N2 Ideal Icc1 Icc2 Curto- circuitoVcc1 Figura 2.9 – Ensaio de curto-circuito pelo lado primário Xcc1 = [X1 + (N1/N2)2.X2] = 1 3 1 Inom Vcc ohms (visto do lado 1) Caso o ensaio de curto-circuito seja feito pelo outro lado do Transformador, teríamos: j (X2+[N2/N1] 2.X1 ) N1:N2 Ideal Icc1 Icc2Curto-circuito Vcc2 Figura 2.10 – Ensaio de curto-circuito pelo lado secundário Xcc2 = [X2 + (N2/N1)2.X1] = 2 3 2 Inom Vcc ohms (visto do lado 2) Valor Percentual da Reatância Nota-se que os valores Xcc1 e Xcc2 são valores em ohms, numericamentediferentes. Ambos representam a impedância de dispersão total do transformador, referidos a lados diferentes. Para se evitar dois valores, a impedância do transformador é indicada em valor PERCENTUAL (%). Este valor (%) é único para o transformador de dois enrolamentos, independente do lado. CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Representação de Sistemas 28 de 148 Todo valor percentual tem como referência uma BASE. Neste caso, esta base dever ter a dimensão de impedância (ohms). Para um transformador, toma-se como BASE seus valores nominais. Assim, Zbase = kVnominal 2 / MVAnominal (ohms) Zbase(lado1) = kV1 2/MVAnominal = [ (Vnom1 / 3 ) / Inom1] Zbase(lado2) = kV2 2/MVAnominal = [ (Vnom2 / 3 ) / Inom2] E os valores Xcc1 e Xcc2 podem ser calculados, agora, com relação às respectivas bases: Xcc1 (%) = [ Xcc1 (ohms) / Zbase1 ] x 100 % Xcc2 (%) = [ Xcc2 (ohms) / Zbase2 ] x 100 % Pode-se provar que: Xcc1 (%) = Xcc2 (%) valor percentual da impedância do transformador. ( ) 1 31)1/2( 10011/2 1 31 1001 1 100)(1(%)1 2 2 Inom VnomxNN xxXccNN Inom Vnom xXcc Zbase xohmsXccXcc === = (%)2 3.2/2 1002 1.3).2/1( 1).1/2( 1002 Xcc InomVnom xXcc InomNN VnomNN xXcc === Diagrama de Impedância do Transformador em p.u. Finalmente, como Xcc1 (%) = Xcc2 (%), pode-se representar um transformador de dois enrolamentos através da sua impedância percentual (ou p.u. = % / 100): j X (% ou pu) Figura 2.11 – Circuito Equivalente de Transformador de Potência de Dois Enrolamentos CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Representação de Sistemas 29 de 148 O modelo anterior vale para transformadores de potência. Para transformadores de menor potência (transformadores industriais e de distribuição), não se pode desprezar o valor da resistência. Então, o modelo será: R (pu ou %) j X (pu ou %) Figura 2.12 – Circuito Equivalente de Transformador de Distribuição de Dois Enrolamentos 2.2.5 Circuito Equivalente para Transformador de 3 enrolamentos Um transformador de 3 enrolamentos apresenta tem 3 enrolamentos por fase, com 3 níveis de tensão: Lado p Lado s Lado t Neste caso é como se existissem três transformadores de dois enrolamentos cada: Lado p Lado s Lado p Lado t Lado s Lado t+ + Xps (pu ou %) Xpt (pu ou %) Xst (pu ou %) Figura 2.13 – Unifilar de Transformador de Três Enrolamentos Os valores Xps, Xpt e Xst são determinados através de ensaios de curto-circuito, par a par. Consequentemente, haverá 3 reatâncias percentuais: Xps (%), Xpt (%) e Xst (%). Esses valores são referidos a uma mesma potência base: Zbase(p) = kVnom(p) 2/MVAbase Zbase(s) = kVnom(s) 2/MVAbase CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Representação de Sistemas 30 de 148 Zbase(t) = kVnom(t) 2 / MVAbase E a representação deste transformador de 3 enrolamentos será: p s t j Xp j Xs j Xt Xp + Xs = Xps Xp + Xt = Xpt Xs + Xt = Xst Figura 2.14 – Circuito Equivalente de Transformador de Três Enrolamentos Ou: Xp = ½ (Xps + Xpt – Xst) Xs = ½ (Xps + Xst – Xpt) Xt = ½ (Xpt + Xst – Xps) 2.2.6 Circuito Equivalente para Geradores e Motores Síncronos Um problema importante na determinação das impedâncias seqüenciais de um sistema de potência refere-se às impedâncias de máquinas. O problema é especialmente difícil pois as máquinas rotativas são dispositivos bastante complexos para serem descritos matematicamente, com muitos aspectos a considerar como: velocidade, grau de saturação, linearidade do circuito magnético e outros fenômenos. Uma máquina síncrona é as vezes denominada “circuito dinâmico” devido ao fato de ser constituída de circuitos que estão em movimento entre si, de modo que a impedância vista por correntes entrando ou saindo de seus terminais muda constantemente. Assim as indutâncias vistas do ponto de vista do estator variam com o tempo. Para que os cálculos sejam simplificados, há um método matemático que transforma valores vistos do lado do estator em valores vistos do lado rotor, denominado “Transformação de Park” ou método “0-d-q”. Através desse método, as indutâncias que eram tão complicadas, variando no tempo, são transformadas em constantes. Para se modelar uma máquina para estudos de curto-circuito ou fluxo de potência, o circuito equivalente dessa máquina é estabelecido, através da análise de diagramas fasoriais decorrentes de grandezas derivadas da Transformação de Park. As constantes típicas (0-d-q) de uma máquina síncrona é mostrada na tabela a seguir: CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Representação de Sistemas 31 de 148 Turbo geradores (rotor sólido) Geradores hidráulicos (com amortecedores) # Compensador Síncrono Motor Síncrono (Uso Geral) REATÂNC. (p.u.) Baixo Médio Alto Baixo Médio Alto Baixo Médio Alto Baixo Médio Alto xd 0.95 1.10 1.45 0.60 1.15 1.45 1.5 1.80 2.20 0.80 1.2 1.50 Xq 0.92 1.08 1.42 0.40 0.75 1 0.95 1.15 1.40 0.60 0.90 1.10 X’d 0.12 0.23 0.28 0.20 0.37 0.50 0.30 0.40 0.60 0.25 0.35 0.45 X’q 0.12 0.23 0.28 0.40 0.75 1.00 0.95 1.15 1.40 0.60 0.90 1.10 X’’d 0.07 0.012 0.17 0.13 0.24 0.35 0.18 0.25 0.38 0.20 0.30 0.40 X’’q 0.10 0.15 0.20 0.23 0.34 0.45 0.23 0.30 0.43 0.30 0.40 0.50 Xp 0.07 0.14 0.21 0.17 0.32 0.40 0.23 0.34 0.45 X2 0.07 0.12 0.17 0.13 0.24 0.35 0.17 0.24 0.37 0.25 0.35 0.45 X0 * 0.01 0.10 0.02 0.21 0.03 0.15 0.04 0.27 RESIST. (p.u.) ra (dc) 0.0015 0.005 0.003 0.020 0.002 0.015 r (ac) 0.003 0.008 0.003 0.015 0.004 0.010 r2 0.025 0.045 0.012 0.200 0.025 0.070 Cte. Tempo (s) τ’d0 2.8 5.6 9.2 1.5 5.6 9.5 6.0 9.0 11.5 τ’d 0.4 1.1 1.8 0.5 1.8 3.3 1.2 2.0 2.8 τ’’d =τ’’q 0.02 0.035 0.05 0.01 0.035 0.05 0.02 0.035 0.05 τ’a 0.04 0.16 0.35 0.03 0.15 0.25 0.1 0.17 0.3 Notas: # Para geradores hidráulicos sem enrolamentos amortecedores, o X0 é como mostrado, sendo que: X’’d = 0.85 X’d X’’q = X’q = Xq X2 = (X’d + Xq) / 2 * X0 varia de 0.15 a 0.60 de X’’d, dependendo do passo do enrolamento. Fonte: “Analysis of Faulted Power Systems” – Chapter 6 – Paul M. Anderson. Terminologia: xd = reatância síncrona de eixo direto. xq = reatância síncrona de eixo em quadratura. x'd = reatância síncrona transitória de eixo direto. x'q = reatância síncrona transitória de eixo em quadratura. x'’d = reatância síncrona subtransitória de eixo direto. x'’q = reatância síncrona subtransitória de eixo em quadratura. CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Representação de Sistemas 32 de 148 Xp = reatância X2 = reatância de sequência negativa. X0 = reatância de seqüência zero. τ’’d =τ’’q = constantes de tempo do período subtransitório τ’d = constante de tempo do eixo direto – período transitório (armadura curto- circuitada. τ’d0 = constante de tempo do eixo direto – período transitório (armadura aberta). τ’a = constante de tempo da armadura. Períodos transitório e subtransitório: c b a i tempo Figura 2.15A – Componente AC de corrente de curto circuito aplicado aos terminais de uma máquina síncrona – Períodos subtransitório e transitório Se um curto circuito é aplicado a uma máquina em vazio, aparece uma corrente como o mostrado na figura 2.15A (mostrada sem a componente dc). A corrente tem um alto valor inicial (0 – c) que decai em alguns ciclos para uma outra faixa com menor taxa de queda (0 – b). Com o tempo a corrente se estabiliza num valor (0-a) – em regime de curto. O período inicial é denominado subtransitório, com as constantes de tempo τ’’ no período subtransitório e τ’ no período transitório. Não é objetivo desta apostila explicar as constantes da máquina síncrona. Procura-se apenas mostrar o circuito equivalente para cálculos de curto-circuito envolvendo máquinas síncronas. Para proteção e para equipamentos costuma-se calcular a corrente no período subtransitório. CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISERepresentação de Sistemas 33 de 148 Uma máquina síncrona pode, então, ser representada por: j Xd” ou j Xd’ Figura 2.15 – Circuito Equivalente de uma Máquina Síncrona Onde os valores X”d e X’d são as reatâncias subtransitória e transitória respectivamente. Um ou outro valor deve ser utilizado, dependendo do tipo de cálculo que se deseja. Para curto-circuito utiliza-se X”d. Para estudos de estabilidade, X’d. O diagrama acima está desprezando a resistência. Se esse valor for significativo, pode-se incluir no modelo 2.2.7 Circuito Equivalente para Motores de Indução Quando se aplica um curto-circuito nos terminais de um motor de indução há a remoção da fonte de alimentação e seu campo decai muito rapidamente. A literatura mostra que essa queda ocorre com uma constante de tempo aproximada de: ( ) R rs R R XX .1ω τ += Onde: Xs = reatância do estator. Xr = reatância do rotor (com o rotor bloqueado) Rr = resistência do rotor. w1 = velocidade síncrona em radianos por segundo. Esta constante de tempo é, em geral muito pequena (menor que 1 ciclo em 60 Hz). Então o motor de indução pode e deve ser considerado no período subtransitório, através do modelo: j (Xs + Xr) Em Figura 2.15B – Circuito Equivalente de um Motor de Indução CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Representação de Sistemas 34 de 148 2.2.8 O Diagrama de Impedâncias do Sistema Baseado no diagrama unifilar e conhecendo os circuitos equivalentes de cada elemento do Sistema de Potência, pode-se montar o chamado diagrama de impedâncias. Por exemplo, para o sistema a seguir: A A B B C C D D E E F F j Xd” j Xd” j X j X j XR j Xb j Xc j Xd j Yc / 2 j Yc / 2 G1 G2 M TR2 TR1 TR3 LT j Xd” Figura 2.16 – Diagrama Unifilar e respectivo Diagrama de Impedâncias O diagrama de impedâncias mostrado é para condições equilibradas (diagrama de seqüência positiva - a teoria de componentes simétricos será vista posteriormente). CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Grandezas por Unidade 35 de 148 3. GRANDEZAS POR UNIDADE 3.1 INTRODUÇÃO Para a resolução de um circuito elétrico simples já existe um certo grau de dificuldade se o mesmo apresenta um ou mais transformadores. Mesmo com um transformador, há necessidade de referir as impedâncias do sistema a um dos lados do transformador (lembrando que a impedância vista de um lado é igual à impedância do outro lado multiplicada pela relação de transformação ao quadrado). Ainda, num sistema trifásico equilibrado há o fator 3 que relaciona tensões de linha (fase-fase) com tensões de fase (fase-neutro), bem como as correntes de linha com as correntes de fase (dentro de um triângulo). Com a representação das tensões, correntes, potências e impedâncias de um Sistema Elétrico em valores p. u. (“por unidade”), referidos a BASES (referências) previamente adotadas para cada grandeza, aquelas dificuldades desaparecem, simplificando radicalmente os cálculos para um determinado estudo, mesmo para sistemas bastante grandes (centenas ou milhares de nós). Essa ferramenta de representação associada à teoria de circuitos elétricos e à matemática matricial permite o uso de computadores para o cálculo de circuitos elétricos de grande tamanho e complexidade. Para se calcular o valor p.u. de uma grandeza, tem-se a seguinte expressão básica: spectivaeValorDaBas oValorDeFatupValor Re .._ = O valor percentual é o valor p.u. multiplicado por 100. Por exemplo: a) Uma tensão de 207 Volts numa base de Vbase = 220 V 207 / 220 = 0,941 pu de tensão b) Uma potência aparente de 80 MVA numa base de 100 MVA 80 / 100 = 0,8 pu de potência aparente c) Uma potência de 50 MW + j80 MVAr numa base de 100 MVA (50 + j80) / 100 = 0,5 + j0,8 pu de potência d) Uma impedância de 30 + j70 ohms numa base de 100 ohms (30 + j70) / 100 = 0,3 + j0,7 pu de impedância e) Uma corrente de 1000 A numa base de 4183 A CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Grandezas por Unidade 36 de 148 1000 / 4183 = 0,239 pu de corrente 3.2 BASE NUM PONTO DO SISTEMA ELÉTRICO A fixação das BASES para um determinado estudo é arbitrária, levando-se em consideração as relações básicas entre as grandezas elétricas que são: - Potência / Tensão = Corrente - Tensão / Corrente = Impedância. Das duas relações acima, chega-se a: - (Tensão)2 / Potência = Impedância Isto é, há quatro grandezas relacionadas em duas expressões básicas. Pode-se, então, fixar arbitrariamente (num dado ponto do sistema elétrico delimitado por transformadores) duas das grandezas. Assim, as BASES para as duas grandezas restantes serão calculadas através das relações básicas. Deve-se notar que para sistemas monofásicos ou trifásicos, o termo corrente corresponde à corrente de linha, o termo tensão corresponde à tensão fase-neutro e o termo potência corresponde à potência de uma fase. Exemplo: Num dado trecho do sistema elétrico de potência trifásico, escolhe-se arbitrariamente as seguintes bases: Pbase = 100 MVA trifásico = 100.000 / 3 MVA por fase (adotado) Vbase = 138 kV de linha = 3 138 kV fase para neutro (adotado) Donde: 44,190 100 138 3 100000000 3 138000 2 2 == ⎥⎦ ⎤ ⎢⎣ ⎡ =Zbase ohms por fase (calculado) 38,418 1383 100000 3 138 3 100000 === x Ibase A de linha (calculado) Assim, para um dado ponto (trecho delimitado por transformadores) num sistema trifásico pode-se adotar as seguintes fórmulas: Dados: kVBase (tensão de linha) e MVABase (potência trifásica) CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Grandezas por Unidade 37 de 148 Calcula-se: MVABase kVBaseZbasse 2 = ohms xkVBase kVABaseIBase 3 = Amperes 3.3 ESCOLHA DE BASES PARA UM SISTEMA ELÉTRICO Para todo o sistema elétrico adota-se o seguinte roteiro: a) Escolhe-se uma Potência Trifásica Base arbitrária, que é válida para todo o sistema elétrico de potência (Nota: costuma-se adotar 100 MVA). b) Escolhe-se uma Tensão de Linha Base para um dado trecho do Sistema. As tensões de base em outros trechos se relacionam-se à essa base através das relações de transformação nominais dos transformadores de interligação dos trechos. (Nota: costuma-se adotar a tensão Nominal de Operação do trecho). c) Para cada trecho, tem-se então a Potência Base e a Tensão Base. Para cada trecho calcula-se a Impedância Base e a Corrente Base, pelas fórmulas anteriores. Exemplo: Dado o sistema abaixo, determinar as bases de impedância e de corrente em cada trecho, adotando-se uma base de potência de 100 MVA (válido para todo o sistema) e base de tensão de 138 kV no trecho da LT: LT jX = j80 ohms TR1 - 35 MVA (Trifásico) 13,2 / 115 kV x = 10% 115 / 13,2 kV x = 10% M1 20 MVA - 12,5 kV x”d = 20% M2 10 MVA -12,5 kV x”d = 10%G30 MVA - 13,8 kV x”d = 15% TR2 - 35 MVA (Trifásico) A B C D Figura 3.1 – Diagrama Unifilar de Sistema Exemplo Verifica-se os transformadores têm as seguintes relações de transformação: Transformador Relação (tensões de linha) Relação TR1 13,2 / 115 1:8,712 TR2 115 / 13,2 8,712:1 CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Grandezas por Unidade 38 de 148 Escolha das BASES: Trecho do Gerador Trecho da LT Trecho dos Motores Base de Potência 100 MVA * Bases ADOTADAS (*arbitrárias) Base de Tensão (kV) de linha 138 / 8,712 = 15,84 kV 138 kV * 138 / 8,712 = 15,84 kV Base de Corrente (A) de linha 3.645 418,38 3.645 Bases CALCULADAS como conseqüência Base de Impedância (Ω) 2,509 190,44 2,509 MVABase = 100 MVA KVABase = 100.000 kVA Base de Impedância = (kVBase)2 / MVABase Base de Corrente = KVABase / (√3 x kVBase) Nota-se que as bases de tensão em cada trecho são determinadas pelas relações nominais de transformação dos transformadores, a partir da base inicial adotada (138 kV) na Linha de Transmissão. Tendo-se as bases de tensão em cada trecho e a base de potência queé válida para todo o sistema, usa-se as fórmulas mostradas para calcular as bases de corrente e de impedância em cada trecho. 3.4 DIAGRAMA DE IMPEDÂNCIAS EM P.U. Para o mesmo sistema do exemplo anterior, uma vez que as bases em cada trecho já foram calculadas, calcular as impedâncias em p.u. (por unidade) de todos os componentes, montando o diagrama de impedâncias em p.u. na base 100 MVA. O seguinte roteiro deve ser adotado: a) Com base dos dados nominais (“placa”) dos equipamentos, calcular suas impedâncias em p.u. (por unidade) na base adotada para o estudo (100 MVA e 138 kV na LT). b) Conhecidas as grandezas p.u. de todos os componentes do sistema, montar o diagrama de impedâncias, tomando-se o cuidado de mostrar todas as barras (nós) do sistema. CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Grandezas por Unidade 39 de 148 Para o Gerador: X”d = 15% a 13,8 kV e 30 MVA (dados de “placa” – nominais) Lembrando que,: )( )(" ohmsZBase ohmsoValordefatdx = pu Tem-se: X”d = 0,15 x (13,82 / 30) ohms (valor de fato) Impedância pu na BASE DO ESTUDO: 3795,0 84,15 8,13 30 10015,0 100 84,15 30 8,1315,0 )( )(" 2 2 2 2 ==== xx x ohmsudoZBasedoEst ohmsoValordefatdx pu Para o TR1: Escolhe-se um dos lados para o cálculo (pode ser qualquer, por exemplo o lado da LT). X = 0,10 x (1152 / 35) ohms (valor de fato) Impedância pu na BASE DO ESTUDO: 1984,0 138 115 35 10010,0 100 138 35 11510,0 )( )( 2 2 2 2 ==== xx x ohmsudoZBasedoEst ohmsoValordefatx pu Se fosse utilizado o outro lado para os cálculos, teríamos o mesmo resultado: 1984,0 84,15 2,13 35 10010,0 100 84,15 35 2,1310,0 )( )( 2 2 2 2 ==== xx x ohmsudoZBasedoEst ohmsoValordefatx pu Para a LT (Linha de Transmissão): O valor dado já é o valor de fato: x = 80 ohms Impedância pu na BASE DO ESTUDO: 42,0 138 8000 100 138 80 )( )( 22 ==== ohmsudoZBasedoEst ohmsoValordefatx pu CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Grandezas por Unidade 40 de 148 Para o TR2: Escolhe-se um dos lados para o cálculo (pode ser qualquer, por exemplo o lado da LT). X = 0,10 x (1152 / 35) ohms (valor de fato) Impedância pu na BASE DO ESTUDO: 1984,0 138 115 35 10010,0 100 138 35 11510,0 )( )( 2 2 2 2 ==== xx x ohmsudoZBasedoEst ohmsoValordefatx pu Para o M1: X”d = 0,20 x (12,52 / 20) ohms (valor de fato) Impedância pu na BASE DO ESTUDO: 6227,0 84,15 5,12 20 10020,0 100 84,15 20 5,1220,0 )( )( 2 2 2 2 ==== xx x ohmsudoZBasedoEst ohmsoValordefatx pu Para o M2: X”d = 0,10 x (12,52 / 10) ohms (valor de fato) Impedância pu na BASE DO ESTUDO: 6227,0 84,15 5,12 10 10010,0 100 84,15 10 5,1210,0 )( )( 2 2 2 2 ==== xx x ohmsudoZBasedoEst ohmsoValordefatx pu Pode-se agora montar o diagrama de impedâncias em p.u. na base 100 MVA e 138 kV na LT. Trata-se do diagrama de “seqüência positiva” que representa um sistema trifásico equilibrado: j 0,3795 j 0,1984 j 0,1984j 0,42 j 0,6227 j 0,6227 A B C D Figura 3.2 – Diagrama de Impedâncias em pu na Base do Estudo CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Grandezas por Unidade 41 de 148 3.5 CÁLCULO DE IMPEDÂNCIAS P.U. DE UM TRANSFORMADOR DE TRÊS ENROLAMENTOS NUMA DADA BASE DE ESTUDO Roteiro Um transformador de três enrolamentos tem potências nominais para cada enrolamento. Por exemplo: p s t 440/138/13,8 kV p s t 189/150/50 MVA Figura 3.3– Transformador de três enrolamentos Observa-se que o enrolamento primário tem potência de 189 MVA enquanto que o secundário tem 150 MVA. Então, entre o primário e o secundário, a potência está limitada pelo enrolamento secundário. A mesma coisa ocorre entre o primário e terciário (limitado pelo terciário) e o secundário e terciário (limitado pelo terciário). Através de ensaios de curto-circuito podem-se determinar as impedâncias Zps, Zpt e Zst. Os mesmos podem ser expressos em % ou p.u. em bases de potência diferentes (dados de placa). Para a determinação do circuito equivalente: Zp Zs Zt p t s Figura 3.4 – Diagrama de Impedâncias em pu na Base do Estudo e a utilização do mesmo para cálculos, deve-se reduzir os valores à uma MESMA BASE DE ESTUDO e determinar Zp, Zs, Zt. A seqüência de cálculos é a seguinte: a) Zps (fato em ohms) = Zps (p.u. na base nominal) x Zbase (base nominal) Zpt (fato em ohms) = Zpt (p.u. na base nominal) x Z’base (base nominal) Zst (fato em ohms) = Zst (p.u. na base nominal) x Z’’base (base nominal) CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Grandezas por Unidade 42 de 148 Onde Zbase, Z’base e Z’’base são as eventuais bases de impedância, para bases de potência diferentes (dados de placa – fabricante). b) Zps (p.u. do estudo) = Zps (fato em ohms) / Zbase (estudo) Zpt (p.u. do estudo) = Zpt (fato em ohms) / Z’base (estudo) Zst (p.u. do estudo) = Zst (fato em ohms) / Z’’base (estudo) Onde Zbase, Z’base e Z’’base (estudo) são as bases de impedância, na potência base adotada para o estudo, dos lados dos transformadores. c) Finalmente: Zp = ½ (Zps + Zpt – Zst) pu Zs = ½ (Zps + Zst - Zpt) pu Zt = ½ (Zpt + Zst - Zps) pu Valores estes que são utilizados no diagrama de impedâncias. Exemplo: Para o transformador de três enrolamentos, cujos valores de placa são mostrados a seguir, calcular as impedâncias em p.u. numa base de estudo de 100 MVA e base de tensão de 69 kV no lado de Alta Tensão. p s t 66 / 13,2 / 2,3 kV p s t 10 / 7,5 / 5 MVA Figura 3.5 – Exemplo de transformador de três enrolamentos Desprezando-se as resistências, as impedâncias de dispersão são dadas pelo fabricante: Zps = 7% numa base de 7,5 MVA – 66/13,2 kV Zpt = 9% numa base de 5,0 MVA – 66/2,3 kV Zst = 6% numa base de 5,0 MVA – 13,2/2,3 kV Determinar as impedâncias p.u. do circuito equivalente de seqüência positiva, para uma base de 100 MVA – 69 kV no lado p. CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Grandezas por Unidade 43 de 148 Solução: Lado p Lado s Lado t Tensão 66 13,2 2,3 Base Nominal Potência Dados do fabricante – Valores % numa potência Tensão 69 13,8 2,4 Base do Estudo Potência 100 MVA a) Valores em ohms (fato) 5,7 6607,0 2 xZ ps = ohms visto pelo lado p 0,5 3,209,0 2 xZ pt = ohms visto pelo lado t 0,5 2,1306,0 2 xZ st = ohms visto pelo lado s b) Valores em p.u. na base do estudo 8539,0 100 69 5,7 6607,0 2 2 == x Z ps pu 6531,1 100 4,2 0,5 3,209,0 2 2 == x Z pt pu 0979,1 100 8,13 0,5 2,1306,0 2 2 == x Z st pu c) Valores em p.u. do diagrama de impedâncias 7045,0)0979,16531,18539,0(2 1)(2 1 =−+=−+= stptpsp ZZZZ pu 1493,0)6531,10979,18539,0(2 1)(2 1 =−+=−+= ptstpss ZZZZ pu 9485,0)8539,00979,16531,1(2 1)(2 1 =−+=−+= psstptt ZZZZ pu CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Grandezas por Unidade 44 de 148 3.6 EXEMPLO DE CÁLCULO COM DIAGRAMA DE IMPEDÂNCIAS EM P.U. Dado o sistema descrito nos itens 3.3 e 3.4 anteriores e considerando que a tensão na barra comum dos motores esteja em 13 kV (tensão de linha), com cada motor consumindo 10 MVA com f.p. = 0,9 (indutivo), determinar a tensão nos terminais do gerador. Bases do Estudo Trecho do Gerador Trecho da LT Trecho dos Motores Base de Potência 100 MVA * Base de Tensão (kV) de linha 138 / 8,712 = 15,84 kV 138 kV * 138 / 8,712 = 15,84 kV Base de Corrente (A) de linha 3.645 418,38 3.645 Base de Impedância (Ω) 2,509 190,44 2,509 Nos motores Vfato = 13 kV Vm = 13 / 15,84 = 0,8207 /0o pu na base do estudo (trecho do motor) Pfato = 10 MVA (cada motor) Pm = 10/100 = 0,1 pu de potência na base do estudo (cada motor) o mi 8,251218,09,0arccos8207,0 1,0 −∠=∠= pu de corrente (cada motor) Para os dois motores: oom xi 8,252436,08,251218,022 −∠=−∠= pu de corrente j 0,3795 j 0,1984 j 0,1984j 0,42 A B C D vg = ? vm = 0,8207 /0 o pu i (2 mot) = 0,2436 /-25,8o pu Figura 3.6 – Diagrama p.u eAlimentação de Motores Cálculos: ∆v = (j 0,1984 + j 0,42 + j 0,1984) x 0,2436 /-25,8o ∆v = 0,8168 /+90o x 0,2436 /-25,8o CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Grandezas por Unidade 45 de 148 ∆v = 0,1990 /+64,16o vg = vm + ∆v vg = 0,8207 /0o + 0,1990 /+64,16o vg = 0,8207 + 0,0867 + j 0,1791 = 0,9074 + j 0,1791 = 0,9249 /+11,17o Como a base de tensão no trecho do terminal do gerador é 15,84 kV, tem-se: vg = 0,9249 /+11,17o x 15,84 = 14,65 /+11,17o kV de linha Fator de potência nos terminais do gerador: Cos [-25,8 – 11,17)] = Cos –36,8 = 0,8 indutivo Observa-se que o problema foi facilmente resolvido mesmo com a existência de dois transformadores no circuito, com a utilização de grandezas p.u. CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Grandezas por Unidade 46 de 148 3.7 EXERCÍCIO PROPOSTO Dado o sistema a seguir, calcular as impedâncias em p.u. e montar o diagrama (sequência positiva) ma base de potência de 100 MVA e 400 kV na LT1. Considerar a LT1 como longa. Assim, no modelo Pi, corrigir os parâmetros. LT1 TR1 G1 B C TR3 LT1 r = 0,1 ohm / km x = 0,3 ohm / km Xc = 0,18 Mohm.km l = 300 km G2 A2 A1 TR2 TR4 TR5 LT2 LT3 D E FG H I Reator 100 MVA 13,8 kV X”d = 20% G1 = G2 112 MVA 13,8 / 400 kV X = 10 % TR1 = TR2 150/150/30 MVA 420/138/13,8 kV Xpt = 20 % na base 30 MVA Xst = 40% na base 30 MVA Xps = 5% na base 150 MVA p = barra C s = barra D t = barra E TR3 15 MVA 13,8 / 0,22 kV X = 5 % TR4 3X10 = 30 MVA 138 / 69 kV X = 5,5 % TR5 Reator: 150 MVA 400 kV LT2 x = 0,5 ohm / km l = 10 km LT3 x = 0,4 ohm / km l = 50 km Nota: Admitancia Shunt y = 1/Xc mho / km Componentes Simétricos 47 de 148 4. COMPONENTES SIMÉTRICOS 4.1 CONCEITO Cálculos envolvendo circuitos elétricos polifásicos tornam-se mais simplificados para sistemas EQUILIBRADOS, uma vez que os modelos (circuitos equivalentes) são feitos monofásicos, sabendo-se implicitamente que as duas outras fases não representadas têm o mesmo comportamento daquela fase representada, a menos dos defasamentos angulares entre elas. Para SISTEMAS TRIFÁSICOS DESBALANCEADOS os cálculos seriam demasiadamente complicados caso se procurasse fazer modelo trifásico, analisando fase por fase e o relacionamento entre elas. Em 1918 foi desenvolvido um método de cálculo de circuitos polifásicos desbalanceados pelo Dr. C. L. Fortescue, denominado “Método de Componentes Simétricos Aplicado à Solução de Sistemas Polifásicos”. Em resumo, o método consiste em decompor um sistema desequilibrado de N fases em N sistemas de fasores equilibrados. Um problema em análise poderia ser estudado e verificado dentro dos N sistemas e finalmente recompondo os resultados para se obter o resultado final para o sistema desequilibrado de N fases. No caso particular de sistema trifásico, ter-se-ia: Aplicação de Fórmulas de Transformação Aplicação de Fórmulas de Transformação Sistema Trifásico desequilibrado a resolver Solução para o Sistema Trifásico desequilibrado. Componentes de Sequência POSITIVA (que é um sistema trifásico equilibrado) Componentes de Sequência NEGATIVA (que é um sistema trifásico equilibrado) Componentes de Sequência ZERO (que é um sistema trifásico equilibrado) Figura 4.1 – Solução de Sistemas Desequilibrados CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Componentes Simétricos 48 de 148 Observa-se que dentro de cada seqüência (0, + ou -) há um sistema trifásico equilibrado, podendo-se ter, para cada uma delas, um circuito equivalente monofásico: Componentes de Sequência POSITIVA (que é um sistema trifásico equilibrado) Componentes de Sequência NEGATIVA (que é um sistema trifásico equilibrado) Componentes de Sequência ZERO (que é um sistema trifásico equilibrado) Impedâncias de seq. (+) Tensões de seq. (+) Correntes de seq. (+) Impedâncias de seq. (-) Tensões de seq. (-) Correntes de seq. (-) Impedâncias de seq. (0) Tensões de seq. (0) Correntes de seq. (0) Figura 4.2 – Cada seqüência é um sistema trifásico equilibrado Esses circuitos seqüenciais estão inter-relacionados, e o relacionamento depende do problema em análise no Sistema Desequilibrado. Verifica-se mais adiante que para um sistema equilibrado, não há componentes de seqüência zero ou negativa. CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Componentes Simétricos 49 de 148 4.2 CARACTERÍSTICAS DOS COMPONENTES SIMÉTRICOS A figura a seguir resume as características dos componentes seqüenciais: Sequência Zero (0) Sistema Trifásico Fasores iguais (módulo e ângulo) nas três fases. ia0 ib0 ic0 ia1 ib1ic1 Sequência Positiva (1) Sistema Trifásico Fasores iguais em módulo e defasados 120 graus Sequência de fases a, b, c (original do sistema) ia2 ic2ib2 Sequência Negativa (2) Sistema Trifásico Fasores iguais em módulo e defasados 120 graus Sequência de fases c,b,a (inversa ao original) Figura 4.3 – Características dos componentes simétricos Conhecendo as características das seqüências, verifica-se que basta conhecer apenas uma das fases de cada seqüência para se determinar as demais fases da mesma seqüência. EXEMPLO Dados: ia0 = 5 /30o pu ia1 = 5 /30o pu ia2 = 5 /30o pu Determinar os componentes simétricos das demais fases. Pelas características dos componentes simétricos pode-se compor os seguintes vetores: CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Componentes Simétricos 50 de 148 ia0 ib0 ic0 ia1 ib1 ic1 ia2 ic2 ib2 30o 30o 30o Figura 4.4 – Exemplo. Dados os componentes de uma fase determina-se os de outras fases Assim, tem-se: Na Fase b: Ib0 = 5 /30o pu ib1 = 5 /-90o pu ib2 = 5 /+150o pu Na Fase c: Ic0 = 5 /30o pu ic1 = 5 /+150o pu ic2 = 5 /-90o pu RELAÇÕES Cada um dos fasores do conjunto desequilibrado original é igual à soma vetorial de seus componentes: ia = ia0 + ia1 + ia2 ib = ib0 + ib1 + ib2 ic = ic0 + ic1 + ic2 va = va0 + va1 + va2 vb = vb0 + vb1 + vb2 vc = vc0 + vc1 + vc2 Essas relações são FUNDAMENTAIS. A expressão matricial para essa relação é: CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Componentes Simétricos 51 de 148 ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ = ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ 2 1 0 2 2 1 1 111 a a a c b a V V V x aa aa V V V Efetuando a multiplicação de matrizes, tem-se: 210 aaaa VVVV ++= 21021 2 0 .. bbbaaab VVVVaVaVV ++=++= 2102 2 10 .. cccaaac VVVVaVaVV ++=++= onde a = 1/+120o a2 = 1/-120o são os chamados operadores vetoriais. Têm módulo 1 e quando multiplicam um vetor, rodam esse vetor em 120 graus. Isto é: - Qualquer fasor multiplicado por a tem como resultante um outro vetor de mesmo módulo e defasado de +120 graus. - Qualquer fasor multiplicado por a2 tem como resultante um outro vetor de mesmo módulo e defasado de - 120 graus. Assim, va1 vb1 = a 2.va1 vc1 = a.va1 va2 vc2 = a 2.va2 vb2 = a.va2 Figura 4.5 – Uso do operador a As expressões acima, para tensão, são válidas também para corrente. RELAÇÃO INVERSA CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Componentes Simétricos 52 de 148 A relação inversa, isto é, dados os valores de fase, pode-se calcular os componentes simétricos através da expressão: ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ = ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ c b a a a a V V V x aa aa V V V 2 2 2 1 0 1 1 111 . 3 1 Efetuando a multiplicação de matrizes, tem-se: ( )cbaa VVVV ++= .310 ( )cbaa VaVaVV ..31 21 ++= ( )cbaa VaVaVV ..31 22 ++= Conhecendo-se os componentes da fase a, pode-se determinar os das demais fases, como já mostrado. As expressões acima, para tensão, são válidas também para corrente. EXERCÍCIO Dados: Ia = 10 /0o A e Ib = 10 /180o A (Trifásico desequilibrado) Determinaros componentes simétricos das fases a, b e c. ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ ∠ ∠ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ = ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ⎡ 0 18010 010 1 1 111 . 3 1 2 2 2 1 0 o o a a a x aa aa I I I ( ) 0018010010.310 =+∠+∠= ooaI ( ) ( )ooooooa xxI 6010010.3101201180101201010311 −∠+∠=−∠+∠∠+∠= ( )( ) ( ) oa jjjI 30755,5898,2.566,8.15.31866,0.5,01010311 −∠=−=−=−+= A ( ) ( )ooooooa xxI 6010010.3101201180101201010312 +∠+∠=∠+∠−∠+∠= CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Componentes Simétricos 53 de 148 ( )( ) ( ) oa jjjI 30755,5898,2.566,8.15.31866,0.5,01010312 +∠=+=+=++= A Conhecidos os componentes da fase a, pode-se determinar os das demais fases: Ia1 Ic1 Ib1 Ia2 Ic2 Ib2 30o Figura 4.6 – Componentes Simétricos das Fases a, b e c 00 =bI 00 =cI o bI 150755,51 −∠= o cI 90755,51 +∠= o bI 150755,52 +∠= o cI 90755,52 −∠= Isto é, houve a transformação de um sistema desequilibrado em componentes simétricos equilibrados. Somando-se os componentes simétricos, volta-se aos valores de fase, desequilibrados: Ia1Ib1 Ia2Ib2 Ic1 Ic2 Ib IaIc=0 Figura 4.7 – Determinação dos Valores de Fase a partir dos C. Simétricos ooo aI 01030755,530755,5 ∠=−∠++∠= A ooo bI 18010150755,5150755,5 ∠=−∠++∠= A 090755,590755,5 =−∠++∠= oocI A CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Componentes Simétricos 54 de 148 4.3 PARTICULARIDADES Vimos que: ( )cbaa IIII ++= .310 Assim, para um sistema trifásico equilibrado onde a soma das três correntes de linha é zero, tem-se: 00 =aI Quando de um desbalanço para terra: ( ) Ncba IIII =++ Donde: ( )Na II .310 = ou: 0.3 IIN = Vimos também que: ( )cbaa IaIaII ..31 22 ++= Num sistema equilibrado: bc IaI . 2= e cb IaI .= Donde num sistema equilibrado: ( ) 0.312 =++= cbaa IIII CONCLUSÃO - Quando num sistema trifásico existe qualquer desbalanço, com ou sem terra, aparecem componentes de seqüência negativa. - Quando num sistema trifásico existe desbalanço para terra, aparecem componentes de seqüência zero. CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Componentes Simétricos 55 de 148 4.4 CIRCUITOS EQUIVALENTES E IMPEDÂNCIAS SEQUENCIAIS 4.4.1 Seqüências Positiva e Negativa R j X Linhas Curtas (Até aproximadamente 80 km) R j X - 2.j XC - 2.j XC Linhas Médias (Até aprox. 200 km) – Mod Pi j X (% ou pu) Transf. de Dois Enrolamentos com R desprezada R (pu ou %) j X (pu ou %) Transf. de Distribuição de Dois Enrolamentos p s t j Xp j Xs j Xt Xp + Xs = Xps Xp + Xt = Xpt Xs + Xt = Xst Transf. de Três Enrolamentos com R desprezada Figura 4.8 – Circuitos Equivalentes de Seqüência Positiva e Negativa CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Componentes Simétricos 56 de 148 j Xd” ou j Xd’ Máquina Síncrona – SEQUÊNCIA POSITIVA j Xd” ou j Xd’ Máquina Síncrona – SEQUÊNCIA NEGATIVA j (Xs + Xr) Em Motor de Indução – SEQUÊNCIA POSITIVA j (Xs + Xr) Motor de Indução – SEQUÊNCIA NEGATIVA Figura 4.9 – Circuitos Equivalentes de Seqüência Positiva e Negativa de Máquinas 4.4.2 Seqüência Zero Para Linhas de Transmissão, os modelos são iguais aos de seqüência positiva ou negativa, porém com valores diferentes para R e X: CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Componentes Simétricos 57 de 148 R0 j X0 Linha Curta - 2.j X0C R0 j X0 - 2.j X0C Linha Média / Longa Figura 4.10 – Circuitos Equivalentes de Seqüência Zero de LT’s Para transformadores de potência, com alguma conexão triângulo, os circuitos equivalentes de seqüência zero são: Trafo de 2 enrolamentos - Triângulo / Estrêla Aterradaj X0 j X0p j X0s j X0t p s t Trafo de 3 enrolamentos - Estrela Aterrada / Triângulo / Estrêla Aterrada Trafo de 2 enrolamentos - Triângulo / Estrêla Trafo de 2 enrolamentos - Triângulo / Estrêla Aterradaj X0 3Rn Rn Figura 4.11 – Circuitos Equivalentes de Seqüência Zero de Transformadores com Delta CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Componentes Simétricos 58 de 148 Para transformadores trifásicos sem alguma conexão triângulo, com núcleo envolvido (3 pernas): Trafo de 2 enrolamentos - Estrela Aterrada / Estrêla Aterrada Trafo de 2 enrolamentos - Estrela / Estrêla Aterrada Rn Trafo de 2 enrolamentos - Estrela Aterrada / Estrêla Aterrada j X0 /2 Rn 3.Rn Rn 3.Rn Trafo de 2 enrolamentos - Estrela Aterrada / Estrêla Aterrada jXm0 Núcleo Envolvido Trafo de 2 enrolamentos - Estrela / Estrêla Aterrada Núcleo Envolvido jXm0 jXm0 j X0 /2 j X0 /2 Núcleo Envolvido Núcleo Envolvido j X0 /2 3.Rn jXm0 j X0 /2 Núcleo Envolvido j X0 /2 jXm0 j X0 /2 Figura 4.12 – Circuitos Equivalentes de Seqüência Zero de Transformadores Trifásicos com Núcleo Envolvido As justificativas para esses diagramas de seqüência zero estão no capítulo 5 do presente documento. CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Componentes Simétricos 59 de 148 Para transformadores trifásicos com núcleo envolvente, ou bancos trifásicos constituídos de transformadores monofásicos, sem alguma conexão triângulo: Trafo de 2 enrolamentos - Estrela Aterrada / Estrêla Aterradaj X0 Trafo de 2 enrolamentos - Estrela / Estrêla Aterrada Rn 3.Rn Trafo de 2 enrolamentos - Estrela Aterrada / Estrêla Aterrada j X0 Rn 3.Rn Rn 3.Rn Trafo de 2 enrolamentos - Estrela Aterrada / Estrêla Aterradaj X0 Núcleo Envolvente Núcleo Envolvente Núcleo Envolvente Trafo de 2 enrolamentos - Estrela / Estrêla Aterrada Núcleo Envolvente Figura 4.13 – Circuitos Equivalentes de Seqüência Zero de Bancos de Transformadores ou Transformadores Trifásicos com Núcleo Envolvente CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Componentes Simétricos 60 de 148 Para geradores e motores: Gerador ou Motor j X0 j X0 3Rn Gerador ou Motor Rn Gerador ou Motor Gerador ou Motor Figura 4.14 – Circuitos Equivalentes de Seqüência Zero de Máquinas 4.4.3 Exemplo Montar os diagramas de seqüência positiva, negativa e zero do sistema cujo unifilar está mostrado a seguir: 1 3 4 5 6 7 8 9 10 G1 G2 G3 M TR1 TR2 TR3 TR4 TR5 TR6 2 Figura 4.15 – Diagrama Unifilar do Exemplo CURSO DE PROTEÇÃO FERRAMENTAS DE ANÁLISE Componentes Simétricos 61 de 148 Diagrama de Seqüência Positiva: 1 2 3 54 6 7 9 8 10 Figura 4.16 – Diagrama de Seqüência Positiva do Exemplo Diagrama de Seqüência Negativa: 1 2 3 54 6 7 9 8 10 Figura 4.16 – Diagrama de Seqüência Negativa do Exemplo Diagrama de Seqüência Zero: 1 2 3 54 6 7 98 10 Figura 4.17 – Diagrama de Seqüência Zero do Exemplo Diagramas de Seqüência Zero de Transformadores de Potência 62 de 148 5. DIAGRAMAS DE SEQUÊNCIA ZERO PARA TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA 5.1 INTRODUÇÃO Para estudos de curto-circuito e outras condições de desequilíbrio no sistema, há necessidade do conhecimento dos diagramas de seqüência zero de transformadores de potência. Este capítulo tem a finalidade de explicar ou justificar os diagramas utilizados, dependendo dos tipos de conexão e dos tipos de núcleos utilizados nos transformadores trifásicos. Deve-se lembrar da teoria de componentes simétricos que, para seqüência zero: 000 cba III == e 000 cba VVV == O diagrama de impedâncias de uma dada seqüência deve representar o comportamento do transformador para as condições dessa seqüência. Nos exemplos a seguir, tem-se algumas condições impostas: Exemplo 1: Trafo Trifásico ou Banco Curto Circuito Fonte Trifásica Equilibrada ia ib ic va vbvc Figura 5.01 – Condição de Seqüência Positiva (ou Negativa) aplicada no Transformador Neste ensaio de curto-circuito, o transformador está sendo solicitado por uma fonte trifásica equilibrada:
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