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7- exceção de contrato não cumprido

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EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO "exceptio nom adimpleti contractus"
1- Conceito
	É um meio de defesa, através do qual a parte demandada pela execução de um contrato, pode arguir que deixou de cumpri-lo pelo fato da outra ainda também não ter satisfeito a prestação correspondente.
2- Natureza jurídica
		Trata-se de uma defesa indireta (exceção substancial), que, "a priori", não se discute o conteúdo do contrato, ou se nega a existência da obrigação ou, muito menos, pretende-se extingui-la, toda a questão gira unicamente em torno de sua exigibilidade (opera no plano da eficácia, sem afetar a existência ou validade), paralisa-se(retarda-se) a pretensão do autor de exigir a prestação pactuada, ante a alegação do réu de que não recebeu a prestação que lhe é correlata.
 A invocação de tal instituto somente se dará nos contratos bilaterais e de execução instantânea ou imediata, em que as prestações são recíprocas e simultâneas (princípio da simultaneidade das prestações), pois, caso contrário, sendo diferente o momento de sua exigibilidade, não pode ser oposta tal exceção. 
	A exceção do contrato não cumprido não é aplicável aos contratos de execução diferida ou de trato sucessivo, tendo em vista que é da natureza do negócio que uma das partes cumpra inicialmente a sua obrigação, para que, somente depois, a outra venha cumprir o que se obrigou, não existindo o requisito simultaneidade entre as prestações.
	Obs.: Se não foi estipulado no contrato o momento da execução, entendem-se simultâneas as prestações.
		Tendo uma prestação sua causa na outra, deixando ela de ser cumprida, seja qual for o motivo (até mesmo em virtude de caso fortuito ou força maior), cessa-se a exigibilidade da obrigação correspectiva.
3-Elementos caracterizadores
	1-Existência de um contrato bilateral de execução imediata/simultânea (Dependência recíproca de obrigações).
	2- Demanda de uma das partes pelo cumprimento do pactuado. (há uma provocação/ação)
	3- Prévio descumprimento da prestação pelo demandante. (O que autoriza a invocação do instituto).
	Obs.: Tendo a parte autora da ação adimplida sua obrigação, nos termos do contrato, a demanda exigindo o cumprimento da obrigação pelo outro contratante constitui regular exercício de um direito potestativo.
ATENÇÃO- 
Carlos Roberto Gonçalves- “Não basta qualquer falta do contratante para justificar a exceção do contrato não cumprido; é necessário uma “falta grave”, uma verdadeira inexecução da obrigação. Se o inadimplemento do credor for de leve teor, não poderá ele servir de fundamento ou justificar a oposição da aludida defesa”.
	O magistrado irá analisar caso a caso, conforme a casuística a ele submetida, a configuração ou não de “falta grave” na execução do contrato, utilizando-se do critério da razoabilidade. 
Na hipótese de a execução do contrato se afastar diametralmente do seu teor, cabe a invocação do instituto, uma vez que o contrato foi desrespeitado gravemente em seu conteúdo, e a prestação entregue não corresponde àquela que foi estabelecida pelos contratantes; todavia, caso a execução do contrato não tenha se distanciado a ponto de configurar “falta grave”, havendo um desvio em sua execução que não desconfigure o objeto do contrato (prestação), não é possível a utilização dessa defesa de mérito indireta, deve o réu defender-se, não pela exceção, mas reconhecendo em parte o cumprimento da obrigação pactuada pela parte autora, e afirmando a inexecução da outra, pleiteando, através de pedido contraposto, a adequação da execução ao conteúdo do contrato ou o abatimento do preço proporcional ao prejuízo suportado.
4- Restrição à aplicação do instituto (cláusula "solve et repete")
	Como decorrência do princípio da autonomia da vontade, admite-se a validade de cláusula contratual que restrinja o direito de as partes utilizarem o art. 476 do CC. Trata-se de cláusula "solve et repete", pela qual se obriga o contratante a cumprir a sua obrigação, mesmo diante do descumprimento da do outro, submetendo-se a, posteriormente, voltar-se contra este, para pedir o cumprimento ou as perdas e danos. Importa em renúncia ao direito de propor a exceção do contrato não cumprido.
	5- Contratos Administrativos
Fazemos aqui remissão à previsão do art. 78, XV, da Lei de Licitações (Lei 8.666/93), o qual elege como hipótese de rescisão contratual “o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou executados”. O dispositivo em comento vincula a rescisão do ajuste administrativo aos atrasos de pagamentos devidos pela Administração os quais sejam superiores a 90 (noventa) dias, o que permite a formação da presunção de que, ao se deparar com atrasos inferiores a 90 (noventa) dias, o particular não pode invocar a exceptio non adimpleti contractus, devendo, durante esse período, cumprir todos os seus deveres contratuais, inclusive a manutenção das condições de habilitação.
Apenas em caso de atrasos superiores a 90 dias é que seria admitido o pleito de paralisação das atividades e de rescisão do ajuste, com base na exceção do contrato não cumprido.
6- Garantia de cumprimento
	Se houver fundado receio de que uma das partes não cumpra sua obrigação, por ter havido diminuição posterior de seu patrimônio, pode a outra, invocando o art. 477 do CC, não cumprir a obrigação que lhe incumbe, até que o outro contratante cumpra a sua prestação ou ofereça garantia idônea. Protegendo-o contra as alterações da situação patrimonial do outro contratante.

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