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2- Princípios fundamentais do contrato

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PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO CONTRATUAL.
	Princípios são ditames superiores, fundantes e informadores do conjunto de regras do direito positivo, que lhes confere significado legitimador e validade jurídica.
1-Princípio da autonomia privada ou autonomia da vontade ou do consensualismo.
	Contrato sem vontade não é contrato.
	O princípio da autonomia da vontade se alicerça exatamente na ampla liberdade contratual, no poder dos contratantes de disciplinar os seus interesses mediante o acordo de vontades, suscitando efeitos tutelados pela ordem jurídica. Corresponde a ampla faixa de autonomia conferida pelo ordenamento jurídico à manifestação de vontade dos contratantes. 
As partes possuem a faculdade de celebrar ou não contratos, a princípio, sem qualquer interferência do Estado, podem celebrar contratos nominados ou fazer combinações, dando origem aos contratos inominados.
	O presente princípio serve de fundamento para a celebração dos contratos inominados ou atípicos, já que estes resultam de um acordo de vontades que não possui regulamentação pelo ordenamento jurídico, gerado, unicamente, pelas necessidades e interesses das partes.
	VII jornada de Direito Civil, Enunciado 582- “ Com suporte na liberdade contratual e, portanto, em concretização da autonomia privada, as partes podem pactuar garantias contratuais atípicas”.
O contrato, desta forma, corresponde a um fenômeno eminentemente voluntarista, fruto da autonomia privada e da livre iniciativa. Essa liberdade contratual está prevista no art. 421 e 425, ambos do Código Civil.
A autonomia da vontade se particiona em duas faculdades: liberdade de contratar e liberdade contratual:
	a) Liberdade de contratar- Corresponde à faculdade que o indivíduo possui de escolher com quem vai contratar, podendo optar dentre aqueles que apresentarem a proposta mais vantajosa, assim como a possibilidade de escolher o melhor momento para contratar (quando vai contratar).
	b) Liberdade contratual- Refere-se à faculdade que os contratantes possuem de estabelecer livremente as cláusulas do contrato, paritariamente, ajustando-o conforme seus interesses (o que contratar).
	Carlos Roberto Gonçalves- "Essa liberdade abrange o direito de contratar se quiserem com quem quiserem e sobre o que quiserem...".
	Nos contratos de adesão, o âmbito de atuação da vontade é sobremaneira diminuído (mitigado), todavia, não podemos negar a sua ocorrência, pois, ainda assim, o aderente possui a liberdade de contratar. Nos contratos de adesão a parte aderente não possui liberdade contratual, somente liberdade de contratar. 
	Quando temos um serviço essencial prestado por um ente em regime de monopólio, p.ex., energia elétrica, há, igualmente, uma mitigação do princípio da autonomia da vontade, especificamente a liberdade de com quem contratar, todavia o princípio da autonomia privada ainda é observável.
Pergunta de concurso: Exemplo de contrato de adesão que não seja um contrato consumerista? Resp.: Contrato de franquia. 
	A autonomia da vontade (ressalte-se que a manifestação de vontade é elemento de existência do negócio jurídico) é elevada a condição de princípio no direito contratual, todavia essa liberdade negocial não pode ser exercida de forma absoluta, pois pode sofrer limitações e condicionamentos por normas de ordem públicas em benefício do bem-estar comum, em nome da efetivação da justiça contratual e respeito à supremacia da ordem pública.
	Informativo 582 do STJ (5/5/2016)- É licito as partes contratantes estipularem um 13º aluguel no mês de dezembro em contrato de locação de imóvel em shopping center, correspondendo a lídima manifestação de sua autonomia privada.
	A liberdade negocial existe, mas ela não é absoluta, pode sofrer limitações.
2- Princípio da força obrigatória do contrato (pacta sunt servanda)
	Segundo Orlando Gomes: "O princípio da força obrigatória consubstancia-se na regra de que o contrato é lei entre as partes. Celebrado que seja, com observância de todos os pressupostos e requisitos necessários à sua validade, deve ser executado pelas partes como se suas cláusulas fossem preceitos legais imperativos. Essa força obrigatória, atribuída pela lei aos contratos, é a pedra angular da segurança do comércio jurídico".
	Pacta sunt servanda- “Segurança para o comércio jurídico”- Orlando Gomes.
	Para Caio Mário, o princípio em comento significa, em essência, a “irreversibilidade da palavra empenhada”, e tem por fundamento a necessidade de segurança dos negócios jurídicos, pois caso fosse possível viveríamos em um estado de balburdia e caos. Para a corrente Clássica, a única limitação a este princípio seria a escusa por caso fortuito e força maior, previstas no art. 393 e parágrafo único do CC.
	Em verdade, o princípio traduz a natural cogencia que deve emanar dos contratos. Sem o reconhecimento da força obrigatória do contrato este poderia ser desrespeitado, e a palavra dos homens careceria de força jurídica, em franco prejuízo à segurança das relações negociais.
	Enquanto predominaram as ideias liberais e individualistas do século XIX, era natural e até compreensível que, partindo-se da ideia de que as partes são formalmente iguais, a vontade que delas emanassem poderia traduzir-se em lei imutável.
	Atualmente, as desigualdade sociais aumentaram, os contratos que antes eram "paritários" (igualdade formal entre as partes contratantes) cederam lugar aos contratos de adesão, nestes, percebemos ausente a liberdade contratual, representando, por vezes, um instrumento de opressão do fraco pelo forte.
	Nesse contexto, as leis perderam o seu caráter de neutralidade, passando a interferir na atividade econômica e negocial, mitigando, desta forma a aplicação do princípio da força obrigatória do contrato, que não pode ser levado às suas últimas consequências (não se admite que o pacta sunt servanda possua caráter absoluto), sendo relativizado por mecanismos jurídicos de regulação do equilíbrio contratual.
O que significa dizer que o principio do pacta sunt servanda é atualmente temperado?
	Significa dizer que hodiernamente é um principio que pode contar com alguma mitigação, não mais adotado em seu caráter absoluto como outrora, mas pautado em uma analise da proporcionalidade da relação jurídica, com vista a buscar uma aplicação mais equilibrada e justa do contrato, que respeite os valores instituidos. Existem exceções a força obrigatória do pacto, a exemplo da Teoria da imprevisão, a dignidade da pessoa humana, a função social do direito etc.
7.3- Princípio do relativismo ou princípio da relatividade subjetiva dos efeitos do contrato.
	Regra geral, as disposições do contrato somente geram direitos e deveres às partes nele envolvidas, vinculando os contratantes aos seus efeitos. Não alcançando terceiros estranhos à relação jurídica obrigacional. Razão pela qual se pode afirmar que a sua oponibilidade não é absoluta (erga omnes), mas, tão somente, relativa. Salvo quando tais contratos são passíveis de registro, ou no Cartório de Registro de Imóveis, ao no Cartório de Títulos e Documentos.
	Todavia, existem figuras jurídicas que podem excepcionar a regra. Ex.: Estipulação em favor de terceiro (seguro de vida) e contrato com pessoa a declarar.
	Verifica-se uma relativização do presente princípio quando se constata, por exemplo, a violação das regras de ordem pública e interesse social, como no caso da declaração judicial de nulidade de cláusula contratual abusiva, em atuação judicial do Ministério Público (Ex.: CDC e Lei antitruste). 
	Obs.: O efeito do contrato, via de regra, é relativo, somente as partes que efetuaram a sua celebração sabem de sua existência e seu teor, razão por que se pode afirmar que sua oponibilidade não é absoluta ou "erga omnes", mas, tão somente, relativa. 
	Ex.: Estelionatário que oferece o trator em garantia, afirmando ser proprietário, em contrato que extraiu árvores da propriedade do sitiante para comercialização, que aceitou, não sabendo que o trator oferecido em garantia é de terceiro, com quem foi celebrado anteriormente um contrato de locaçãodo bem.
4- Princípio da dignidade da pessoa humana
	O princípio da dignidade da pessoa humana é considerado cláusula geral de proteção e tutela da pessoa humana, tomada como valor máximo pelo ordenamento jurídico. Denominado de macro princípio constitucional ou super princípio ou princípio dos princípios.
		A dignidade da pessoa humana está prevista no inciso III do art. 1º da CF, é tida como fundamento da República Federativa do Brasil. (Elemento fundante). 
	“Corresponde ao direito de ser pleno, em sua dimensão absurdamente ampla. Abrange não somente o direito a vida, mas o direito “de vida”, de viver, garantido um patamar mínimo de direitos para uma existência digna, um mínimo existencial que um ser precisa para ter uma vida plena.
Não confunda o direito à vida, que prevê o nascimento de um ser, com o direito de vida, de viver, pois a dignidade da pessoa humana é muito maior do que isso. De nada adianta, ensina o Professor Nelson Rosenvald, o direito apenas à vida, e dali em diante ter uma vida miserável, sofrida e infeliz. Então, o princípio da dignidade da pessoa humana não se refere ao direito à vida, e sim o direito de vida. O direito à vida é um pequeno ponto, dentre vários outros que esse princípio observa, pois nele busca-se o direito de viver, ter uma vida plena”. Prof. Tiago Carapetcov.
Utilizaremos o conceito elaborado pelo Prof. Pablo Stolze "a noção jurídica de dignidade traduz um valor fundamental de respeito a existência humana, segundo as suas possibilidades e expectativas, patrimoniais e afetivas, indispensáveis à sua realização pessoal e à busca da felicidade".
O constituinte originário enumera uma seria de direitos fundamentais, previstos no art. 5º da CF (ressalte-se que o rol é exemplificativo- §2º do art.5º, da CF), muitos dos quais corolários do princípio da dignidade da pessoa humana, que correspondem a direitos inatos, imanentes, direitos que não deixariam de ser tutelados pelo ordenamento jurídico mesmo que não houvesse tal regulamentação, já que são afetos a própria existência do ser humano, pode-se dizer que indissociáveis a ela Dentre os direitos inatos podemos elencar os que protegem a integridade física, englobando o direito à vida e ao corpo, vivo ou morto, a integridade intelectual (liberdade de pensamento e direitos autorais) e a integridade moral, compreendida em liberdade política e civil, direito à propriedade, à intimidade, à vida privada, à imagem etc.
 Cármen Lúcia Antunes Rocha, "(...) não basta o viver-existir. Há que se assegurar que a vida seja experimentada em sua dimensão digna, entendida como qualidade inerente à condição do homem em sua aventura universal. Assim, os direitos humanos são concebidos na dimensão mais abrangente possível do seu significado: o caminho a seguir na busca da felicidade - direito de todos os seres humanos.
	Por esta razão, no Brasil, os direitos fundamentais, destacadamente constitucionalizados e capitaneados pela dignidade da pessoa humana, como se vê na CF/88, passam ao status de normas centrais do ordenamento jurídico, revelando a tábua de valores da sociedade a ser protegida e promovida, incondicionalmente, por todos aqueles submetidos à ordem constitucional, inclusive no momento da aplicação das demais normas desse sistema”.
	O Enunciado n. 274 da IV Jornada de Direito Civil, evento de 2006, um dos mais importantes enunciados doutrinários das Jornadas de Direito Civil, estabelece “Os direitos da personalidade, regulados de maneira não exaustiva pelo Código Civil, são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º, III, da Constituição (princípio da dignidade da pessoa humana)". Enunciado que guarda perfeita harmonia com o § 2º do art. 5º. da CF.
	O princípio da dignidade da pessoa humana acaba por descortinar a nova vocação do Direito Privado, qual seja, a de redirecionar o alcance de suas normas para a proteção da pessoa, sem prejuízo dos mecanismos reguladores de proteção ao patrimônio. 
	O patrimônio do devedor responde pelas suas dívidas, regra insculpida no art. 391 do CC. Nesse contexto, uma vez celebrado o contrato, as partes devem honrar o que foi avençado, cumprindo fidedignamente as obrigações contraídas, sob pena de serem responsabilizadas patrimonialmente pelo inadimplemento.
	Logo, em nome da segurança jurídica, uma vez celebrado o negócio jurídico (princípio da autonomia da vontade), este deve ser fielmente cumprido (princípio da força obrigatória do contrato). Excepcionalmente essa é regra pode ser relativizada, quando os efeitos contrato violem a dignidade da pessoa humana ou sejam nocivos a sociedade (função social do contrato). 
	Nesse diapasão, o tratamento dispensado ao contratante inadimplente não pode, de forma alguma, subjulgar o respeito que se deva ter em face da pessoa humana. Valores inatos, tais como a vida, a integridade física, a privacidade, a imagem etc, não podem ser desconsiderados a pretexto de se exigir determinada prestação. 
	Obs.: A teoria do estatuto jurídico do patrimônio mínimo, desenvolvida pelo professor Luiz Edson Fachin, afirma que à luz do princípio da dignidade da pessoa humana, todo o indivíduo deve ter preservado pelo ordenamento jurídico um patrimônio mínimo para que viva com dignidade. Ou seja, deve ser sempre preservado um patrimônio mínimo existencial para que o ser humano possa viver de forma condigna.
Exemplos dessa tutela:	
1- Interdição do pródigo- pois há um interesse social na preservação do seu mínimo vital. 
2- Lei do Bem de Família.
	2.1- Bem de família convencional ou voluntário (art. 1.711 do CC e seguintes)
	2.2- Bem de família legal ( lei 8.009/90).
	2.3- Os bens que guarnecem a residência do requerido (Parágrafo único do art. 1º, da lei 8.009/90). Obs.: A impenhorabilidade se estende a" todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa desde que quitados". A jurisprudência individualiza quais são os bens impenhoráveis.
	3- Vedação à doação universal- (Corresponde a espécie de doação que compreende todo o patrimônio do doador, sem reserva de parte mínima para a sua mantença, art. 548, do CC).
	Súmula. 364, STJ. O conceito de impenhorabilidade do bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas.
	Isso não quer dizer que, uma vez pactuado uma o contrato, este não deva ser cumprido, e que o princípio da autonomia privada e força obrigatória do contrato devam ser desprezados. Quer, sim, se explicar que, ao exigir o cumprimento forçado de uma prestação inadimplida, o credor não pode lançar mão de mecanismos atentatórios à dignidade da pessoa humana, senão quando a própria Constituição expressamente admitir o sacrifício de um valor individual tendo em vista fins superiores. 
	Obs.: O art. 8º do novo CPC ordena ao julgador ser guiado pelo princípio da dignidade da pessoa humana, ao aplicar o ordenamento jurídico.
7.5- Princípio da função social do contrato
	O princípio da função social do contrato é espécie de cláusula geral (janela aberta), que pode impor limites à liberdade de contratar, quando essa liberdade negocial esbarre nos limites traçados pela própria ordem social ou em valores constitucionais superiores. 
	 Por ser um conceito juridicamente indeterminado, é difícil estabelecer uma conceituação, buscando seu real sentido e alcance, tal tarefa deve ser feita pelo aplicador do direito, pelo juiz, que à luz do princípio da concretude, analisando a casuística a ele submetida, com todas as circunstâncias, observará se esse contrato traz efeitos positivos ou negativos para aquela sociedade, firmando decisão sobre o respeito ou não ao aludido princípio.
	O contrato é considerado não só um instrumento de circulação de riquezas, mas, também, de desenvolvimento social. Em um plano abstrato, se formos comparar duas sociedades exatamente iguais, todavia, uma que celebra mais contratos que a outra, poderíamos afirmar, observando detidamente, que aquela que celebra mais contrato é econômica e socialmente mais desenvolvida, pois o contrato e desenvolvimentosocial caminham lado a lado, por meio dele a riqueza circula, são gerados tributos, cujos benefícios são revertidos em favor da própria sociedade, o comércio se torna mais forte, há o estabelecimento de mais empresas, são criados novos postos de trabalho etc.
	O contrato não é apenas importante para as parte, mas para o desenvolvimento humano. Estar em sociedade, como dizem os filósofos, é estar em um contrato, temos um contrato social, desta forma, todo contrato interfere na vida de todos.
Pergunta. Comprar um lanche na cantina da Faar. Esse contrato, analisando a casuística, cumpre a sua função social?
R: Quando duas pessoas celebram um contrato, especialmente no âmbito cível, passam a dispor de interesses eminentemente particulares, todavia não se pode negar que tais indivíduos estão inseridos em um contexto social. Todo contrato, mesmo que de pequeno vulto, quando não viola a ordem social estabelecida, automaticamente cumpre a sua função social, pois a circulação de riqueza decorrente do negócio beneficia a própria sociedade, das várias vendas efetuadas na cantina são pagos impostos, realizado o pagamento do aluguel, os funcionários, os fornecedores, contas de energia etc. 
	Desta forma, por exemplo, celebrado um contrato em que se prevê a instalação de uma grande hidrelétrica, tal negócio não pode ser avaliado apenas sob o prisma formal de seus elementos de existência e pressupostos de validade, tendo em vista que esse contrato deve obedecer fins sociais. Cabe indagar sobre esse contrato:
	E os seus reflexos ambientais?
	E os seus reflexos trabalhistas?
	E os reflexos sobre a livre concorrência e as leis de mercado?
	E os seus reflexos sociais?
	E os reflexos sobre os postulados de defesa do consumidor?	
	E os seus reflexos morais (no âmbito dos direitos da personalidade)?
	Humberto Teodoro Júnior- "A função social do contrato consiste em abordar a liberdade contratual em seus reflexos sobre a sociedade (terceiros) e não apenas no campo das relações entre as partes que o estipulam (contratantes)."
	O princípio da função social do contrato não pretende aniquilar os princípios da autonomia da vontade e o "pacta sunt servanda", mas apenas direcioná-los ao bem-estar comum, sem prejuízo do progresso patrimonial pretendido pelos contratantes, na busca de que o contrato seja socialmente justo.
	PÚ do Art. 2.035 do CC, "Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar os preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos".
	A socialização do contrato está amparada no nosso sistema constitucional de forma implícita, inciso III do art. 170, e consagrada expressamente pelo art. 421 do CC, "A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato".
	Ao mencionar que a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites do contrato, o legislador estabeleceu, de uma só vez, um critério finalístico ou teleológico ("razão") e outro critério limitativo ("nos limites") para a caracterização desses princípio.
	No primeiro enfoque, a crítica que se faz é que o legislador não deve assumir o papel da doutrina, tentando apontar "razão ou justificativa" desse ou daquele princípio ou instituto, tarefa perigosa, pois poderá restringir indevidamente o campo de aplicação da norma.
	Sob o segundo aspecto, temos que essa liberdade negocial deverá encontrar justo limite no interesse social e nos valores superiores de dignificação da pessoa humana. Qualquer avanço além dessa fronteira poderá caracterizar abuso, judicialmente atacável. A liberdade existe no contrato, mas ela é toda em benefício da sociedade. 
*Enunciado 430 do Conselho de Justiça Federal- "A violação do art. 421 conduz à invalidade ou à ineficácia do contrato ou de cláusulas contratuais".
*Tríplice função da função social:
A função social do contrato se concretiza de 3 maneiras:
1- Um contrato entre duas partes não deve prejudicar terceiros;
2- Um contrato entre duas partes não deve prejudicar a coletividade
3- Terceiros não devem prejudicar contratos alheios. (dever jurídico de abstenção universal)
Por conta dessa tríplice função, terceiros e a coletividade (MP) passam a ter legitimidade para ajuizar ações de revisão ou de resolução de contratos alheios dos quais não sejam partes (efeitos exógenos). 
Súmula 302 STJ- É abusiva a clausula contratual de plano de saúde que limita no tempo a internação hospitalar do segurado.
	Os contratos trazem consigo eficácia interna e eficácia externa. 
	- nível intrínseco: Análise da função social entre os próprios contratantes, não se refere apenas ao objetivo contratual, não deve o contratante violar valores de interesses sociais ligados aos direitos e garantias da outra parte. Ex: Cláusula que impeça a teoria da imprevisão ou aplicação do CDC quando se perceba que naquela relação jurídica há uma pessoa vulnerável.
	- nível extrínseco: é compreendido na interface: contrato VS. Sociedade. Corresponde há uma exceção ao princípio do relativismo (efeitos entre as partes), em que o contrato vai repercutir em um plano social, devendo respeitar os valores socialmente consagrados. Ex: contrato entre A e B que desrespeita lei ambiental. Flávio Tartuce cita, o contrato de propaganda entre A e B, o qual é abusivo. 
	#Qual é a real função dos contratos?
	A função vai muito além do pactuado. A real função dos contratos é ter uma função social, além da prestação propriamente dita; é trazer algo positivo para a sociedade, além do que foi pactuado entre as partes.		 
Cristiano Chaves- A sociedade não é apenas obrigada a respeitar os direitos da personalidade e a propriedade alheia. O direito de crédito requer tutela ampla, verdadeira via de mão dupla, conjugando respeito mútuo entre os contratantes e a sociedade.
Demonstrando ainda a mais nítida preocupação socializante do legislador, o Novo CC tratou de disciplinar dois outros defeitos do negócio jurídico, intimamente conectados à ideia de solidarismo: a lesão e o estado de perigo.
	Ao prever essas duas espécies de vícios, pretendeu amparar um dos contratantes da esperteza ou ganância do outro, resguardando-se, assim, o propósito maior de se impedir, a todo custo, o abuso de direito.
	1- Lesão (art. 157 do CC)- Ocorre lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. Este vício do consentimento atua como uma verdadeira limitação à autonomia individual da vontade, uma vez que não se admite mais o chamado "negócio da china", uma vez que não se aceitará mais passivamente a ocorrência de negócios jurídicos com prestações manifestamente desproporcionais.
	2- O estado de perigo (art. 156 do CC)- Guarda características comuns com o estado de necessidade do direito penal. Configura-se quando o agente, diante de situação de perigo conhecido pela outra parte, emite declaração de vontade para salvaguardar direito seu, ou pessoa próxima, assumindo obrigação excessivamente onerosa.
	A disciplina desses dois novos defeitos do negócio jurídico, ensejadores da anulabilidade do contrato celebrado, coadunam-se com a moderna principiologia do direito contratual, que está não apenas voltado à manifestação volitiva em si, mas, sobretudo, a própria repercussão social (efeitos) do negócio jurídico.
I Jornada de Direito Civil – Enunciado 21 
A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, constitui uma cláusula geral a impor a revisão do princípio da relatividade dos efeitos do contrato em relação a terceiros, implicando a tutela externa do crédito. 
I Jornada de Direito Civil – Enunciado 22 
A função social do contrato, prevista no art. 421 do Código Civil, constitui cláusula geral que reforça o princípio de conservação do contrato, assegurando trocas úteis e justas.
I Jornada de Direito Civil - Enunciado 23 
A função social do contrato, prevista no art. 421 do Código Civil, não elimina o princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípioquando presentes interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana.
IV Jornada de Direito Civil – Enunciado 360 
O princípio da função social dos contratos também pode ter eficácia interna entre as partes contratantes.
V Jornada de Direito Civil – Enunciado 431 
A violação do art. 421 conduz à invalidade ou á ineficácia do contrato ou de cláusulas contratuais.
	7-7- Princípio da boa fé subjetiva
	A boa-fé subjetiva é também conhecida como boa-fé crença, isto porque, diz respeito a substâncias psicológicas internas do agente. 
Corresponde ao estado psicológico (estado de ânimo ou espírito) de inocência do agente, de verdadeiro desconhecimento, que realiza determinado ato sem ter ciência do vício que o macula. Esse estado subjetivo deriva do reconhecimento da ignorância do agente a respeito de determinada circunstância. 
A boa-fé exclui a mentira, e não o erro. Deriva de uma falsa percepção da realidade.
Alípio Silveira a chamou de boa-fé “crença”, conforme já citado. Segundo, Giselda Hironaka, "O homem de boa-fé tanto diz o que acredita, mesmo que esteja enganado, como acredita no que diz". Fábio Ulhoa Coelho definiu como “a virtude de dizer o que acredita e acreditar no que diz”. 
Assim, aquele que se encontra em uma situação real, e imagina estar em uma situação jurídica, age com boa fé subjetiva.
Cumpre mais uma vez salientar que apenas no que se refere à boa-fé subjetiva é que pode se utilizar do consagrado brocado do doutrinador Stoco de que "a boa-fé constitui atributo natural do ser humano, sendo a má-fé o resultado de um desvio de personalidade”.
Perante uma boa-fé puramente fática, o juiz, na sua aplicação, terá de se pronunciar sobre o estado de ciência ou de ignorância do sujeito. Trata-se de uma necessidade delicada, como todas aquelas que impliquem juízos de culpabilidade e, que, como sempre, requer a utilização de indícios externos, já que a boa fé subjetiva deriva do estado anímico do indivíduo, investigação eivada de incertezas e dificuldades.
Ex.: Parte que realiza a compra de um imóvel acima de 30 salários mínimos e não realiza a transferência no respectivo registro de matrícula do imóvel, entende que o contrato de compra e venda por si só já basta para transferir-lhe a propriedade.
		Diferente da boa fé objetiva, que se trata de uma regra de conduta.
7.8- Princípio da boa fé objetiva
A boa fé objetiva possui natureza de princípio jurídico, corresponde a uma cláusula geral (dicção normativa indeterminada quanto ao conteúdo do instituto, e quanto as consequências advindas), que possui a função de flexibilizar o direito contratual, permitindo que o juiz decida conflitos a partir de uma ideia de justiça no caso concreto. 
	A boa-fé objetiva compõe-se de regras gerais de conduta impostas aos contratantes, caracterizadas como um dever de agir de acordo com determinados padrões, socialmente recomendados, de eticidade, correção, lisura e honestidade.
	Trata-se de um parâmetro de caráter genérico, de índole objetiva, em consonância com as tendências do direito contratual contemporâneo. Significa bem mais que simplesmente a alegação da ausência de má-fé (ou da ausência da intenção de prejudicar) , denota, antes de tudo, uma verdadeira ostentação de lealdade contratual, pautada no comportamento comum do homem médio, padrão jurídico "standard".
		Desta forma, o contrato não se esgota apenas com cumprimento da obrigação principal (de dar, fazer ou não-fazer), ao lado do dever jurídico principal, a boa-fé objetiva impõe a observância dos deveres jurídicos anexos, laterais, invisíveis, de proteção ou satelitários, a exemplo dos deveres de informação, assistência, lealdade, confiança, segurança, confidencialidade etc. (rol exemplificativo).
	Ressalte-se que tais deveres são impostos tanto ao sujeito ativo quanto ao sujeito passivo da relação jurídica obrigacional. O instituto tutela a legítima expectativa do contratante, que acredita e espera que a outra parte atue em conformidade com o avençado e seguindo padrões socialmente recomendados.
	A boa-fé objetiva consiste em uma cláusula geral prevista no art. 422 do CC.
	"Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé."
Apontamentos:
1- Os princípios de probidade e boa fé foram elevados à condição de obrigação.
2- Observáveis durante a conclusão (momento em que se celebra o contrato) e na execução do contrato. 
	Obs.: Falhou o legislador, pois a boa-fé deverá ser respeitada mesmo antes da conclusão do contrato e até mesmo após a sua execução, nas fases pré e pós contratual. Em outras palavras, na fase das tratativas preliminares (fase de puntuação) a boa fé deve existir, assim como deve ser mantida após o termino do contrato, sob pena de responsabilidade civil. 
	Admitir o contrário seria defender, em última análise, que o sistema positivo brasileiro admitiria, em tais fases, a prática de condutas desleais, somente sancionando-as na fase contratual, o que seria um absurdo. 
	Por conta desses deveres ("obrigados") que vinculam os contratantes, conclui-se que a boa-fé objetiva é fonte autônoma de obrigações. 
A boa-fé objetiva faz nascer a violação positiva de contrato. Portanto, o adimplemento contratual abrange os deveres anexos (Resp 988595/SP).
Essa responsabilidade pelo descumprimento dos deveres anexos é de natureza extracontratual. 
Segundo o professor Nelson Rosenvald, temos:
“Com supedâneo da abstração e generalidade do princípio da boa-fé, alarga-se o conceito de inadimplemento. Adimplir significará atender todos os interesses envolvidos na obrigação, abarcado tanto os deveres ligados à prestação propriamente dita, como aqueles relacionados à proteção dos contratantes em todo o desenvolvimento do processo obrigacional. O descumprimento dos deveres anexos provocará inadimplemento, com o nascimento da pretensão reparatória ou o direito potestativo à resolução do vinculo”.
A doutrina moderna, conforme o enunciado 24 da 1ª JDC firmou a ideia de que, dado o seu conteúdo ético, em havendo descumprimento de deveres anexos (violação positiva do contrato), a consequência é a responsabilidade objetiva do devedor, ou seja, não se analisa culpa na quebra destes deveres. Se a parte cumpre todas as obrigações contratuais, mas descumpriu os deveres anexos, incorre em um tipo de "inadimplemento contratual" (que na verdade é extracontratual, pois os deveres anexos decorrem da lei).
É a lei que estabelece os direitos anexos. A responsabilidade civil pré ou pós-contratual decorre exatamente da violação dos deveres anexos, advindos da boa-fé objetiva.
	Ex: Dever de informação deve sempre estar presente na fase pré contratual. O dever de sigilo que deve ser mantido, em alguns caso, após o término do contrato, por exemplo, sócio retirado da sociedade não pode utilizar informações privilegiada, ou a extinção de um contrato de serviço advocatícios não acaba o dever de sigilo gerado pelo vinculo estabelecido.
*Funções da boa-fé objetiva
a) função interpretativa ou de colmatação.
A função interpretativa significa que toda e qualquer interpretação do sentido e do alcance de uma cláusula contratual deve se dar pelo seu sentido ético, ou seja, no sentido de que habitualmente o pacto teria no meio social.
O aplicador do direito tem, na boa fé objetiva, um referencial hermenêutico dos mais seguros, para que possa extrair da norma, objeto de sua investigação, o sentido moralmente mais recomendável e socialmente mais útil. 
	Essa base legal interpretativa está insculpida no art. 113 do CC: "Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração".
b) função integrativa ou criadora de deveres jurídicos anexos.
	A função integrativa estabelece deveres anexos/implícitos nas relações contratuais, ou seja, estabelece novas condutas contratuais, independentemente da vontade das partes. Os deveres anexos são deveres éticos que o senso humanopressupõe presente em todos os contrato. 
	Podem ser explicados como deveres "invisíveis", ainda que juridicamente existentes.
	Ressalte-se que o rol dos deveres derivados da força criadora da boa fé objetiva não é taxativo. Citaremos e exemplificaremos os mais conhecidos
*deveres de lealdade e confiança recíproca. 
	Lealdade é a fidelidade aos compromissos assumidos, com respeito aos princípios e regras que norteiam a honra e a probidade (Se isso não estiver implícito em qualquer relação jurídica, não se sabe o que poderia estar).
	Uma relação jurídica estabelecida com base na lealdade denota transparência e enunciação da verdade, correspondência entre a vontade manifestada e a conduta praticada, bem como a ausência de omissões dolosas, para que seja firmado um elo de segurança jurídica, calcada na confiança das partes que pretendem contratar, com a explicitação dos direitos e deveres de cada um.
	Confiança é a crença na probidade moral de alguém, algo que se conquista pela prática reiterada de condutas leais.
*dever de assistência
	Também conhecido como dever de cooperação. Por esse, os contratentes devem colaborar reciprocamente para o correto adimplemento da obrigação, facilitando o seu cumprimento em toda a sua extensão. Ex.: Não pode o credor dificultar o pagamento a ser realizado pelo devedor. Ação de consignação em pagamento.
	Exemplo, cartão de crédito que foi debitado duas vezes quando se comprou materiais escolares. Verificado pelo devedor o ocorrido na sua fatura, o proprietário da empresa informado, tentou resolver o problema junto à operadora de cartão de crédito, todavia obteve sucesso. Agindo de acordo com o comportamento esperado (homem médio), tentou devolver o valor recebido indevidamente, porém o comprador (agora credor) se recusou, alegando que iria ajuizar uma ação pleiteando danos materiais e morais. Não restando alternativa ao lojista senão propor uma ação de consignação em pagamento.
*dever de informação
	Dever ético de comunicar à outra parte todas as características e circunstâncias do negócio, bem assim, do bem jurídico, que é seu objeto. 
	Ex.: Casal que pede 2 sucos em uma lanchonete e a garçonete lhes serve dois copos de suco de 1 litro; casal que pede prato em restaurante e a garçonete informam que o prato serve 4 pessoas, daí pedem meio prato.
	A violação do dever anexo de informação não exige a ocorrência específica do dolo ou da culpa, uma vez que é obrigação do contratante dispor de todas as informações sobre o bem que comercializa (responsabilidade civil objetiva - Da relação de causalidade entre a conduta do agente e o dano causado surge o dever de indenizar, dispensa-se a investigação da culpa ou dolo).
*dever de sigilo ou confidencialidade
	Não pode ser revelado segredo que se conhece em virtude da estipulação contratual, seja no momento da execução do contrato, ou após o seu término.
	Ex: Duas empresas celebraram contrato para fornecimento de ração de pássaros, não se consignou cláusula no sentido de que as partes contratantes não poderiam durante a vigência do contrato, ou mesmo após, divulgar dados ou informações uma da outra.
Ex2: Dentista que comenta sobre a saúde bucal do paciente, mesmo após o termino do contrato.
Exemplos diversos:
	Paciente em hospital público. Médico realiza um tratamento e alcança a cura do paciente. Porém a técnica empregada é extremamente dolorosa, quando existiam meios alternativos na ciência para alcançar idêntico resultado sem que isso implicasse sofrimento ao paciente. (Dever principal adimplido; dever anexo violado- dever de informação (consequentemente de escolha) e direito de proteção (a que o medico está obrigado)
	Pessoa física contrata com a CEF financiamento habitacional, pelo SFH. Posteriormente, descobre que houve venda casada, sendo incluída a contratação de abertura de conta corrente, com a cobrança de tarifas de manutenção (Violação do dever de informação; são 2 contratos devendo ser devidamente informada quanto aos custos de ambas as contratações)
	Pessoa física no interior da CEF, na fila de depósito de valor em espécie, em conta corrente de sua titularidade, se surpreende com assalto na agência, sendo subtraídos todos os seus bens (violação do dever de segurança)
c) função delimitadora/ restritiva ou de controle do direito subjetivo (art. 187 do CC)
	Representa um freio no exercício da liberdade contratual quando o exercício desses direitos subjetivos se mostrem abusivos. Por esta função, não se reconhece a legitimidade das denominadas cláusulas "leoninas". Ex.: Juros extorsivos, cláusula que afaste a aplicação da teoria da imprevisão.
	O CC, no seu art. 187, faz expressa referência a esse efeito de contenção exercida pela boa-fé objetiva: 
	"art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, exceder manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes" 
* DESDOBRAMENTO DA BOA FÉ OBJETIVA (subprincípios da boa fé objetiva)
	São locuções ou expressões que são utilizadas como matéria de defesa, que denotam comportamentos desleais, que violam a boa-fé objetiva, de uso corrente no dia a dia das lides forenses. 
1- Venire contra factum proprium
	Na tradução literal significa "vir contra fato próprio", ou seja, não é admissível que pessoa atue com determinada linha de comportamento, depois, realize conduta diametralmente oposta. Reside na vedação de comportamento contraditório.
	Ex: art.973 do CC, estabelece que a "pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se exercer, responderá pelas obrigações contraídas". Ou seja, embora impedido de exercer a atividade, se o faz, gera expectativa, nos contratantes, do cumprimento do pactuado, não podendo o indivíduo invocar sua própria torpeza para se desvencilhar das obrigações contraidas.
2- Supressio
	Consiste em um comportamento omissivo que gera a perda (supressão) de um direito pela falta de seu exercício em tempo razoável. De forma que, o "movimentar-se" posterior se torna incompatível com a legítima expectativa gerada, de que o direito não seria mais exigido.
	Assim, na tutela da confiança, um direito não exercido durante determinado período, por conta dessa inatividade, perderia sua eficácia, não podendo ser mais exercitado.
	Embora evidentemente próximo, há diferença entre a supressio para a prescrição, visto que esta subordina a pretensão apenas pela fluência do prazo, aquela depende da constatação de que o comportamento da parte não era mais aceitável, segundo o princípio da boa-fé
	Ex: O uso de uma área comum por condômino em regime de exclusividade por tempo considerável, que implica a supressão da pretensão de cobrança de aluguel pelo período de uso.
3- Surrectio
	Corresponde ao surgimento de um direito exigível, que originariamente não era, em virtude do comportamento de uma das partes.
	Ex: Durante a execução de um contrato de pacto sucessivo, o credor sempre aceitou o pagamento em lugar diverso do convencionado no contrato, há, na hipótese, uma "supressio" do direito do credor de exigir o cumprimento do contrato, quanto uma "surrectio" do devedor de exigir que o contrato seja, agora, cumprido no novo lugar tolerado. 
4- Tu quoque
	Deriva da celebre frase, historicamente, atribuída a Julio César, na constatação da traição de seu filho Brutos "tu quoque, Brutus, fili mi!".
	A aplicação do "tu quoque" se constata nas situações em que se verifica um comportamento que viola o valor confiança, surpreendendo uma das partes da relação negocial, colocando-a em uma situação de desvantagem.
	Ex: art. 180 do CC, "menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de se obrigar-se, declarou-se maior”.
	Obs.: “duty to mitigate the own loss”. O “dever de mitigar” vem sendo acolhido pela jurisprudência do STJ como dever anexo da boa-fé objetiva imposto ao credor. Traduz-se no dever do credor de assumir condutas positivas e negativas para nãoagravar a sua situação e, consequentemente, a situação do devedor. (Resp 1.075.142/RJ – comportamento do credor que não executa a multa diária. O juiz deve diminuir de ofício a multa, recalculando o valor do título executivo).
Obs.: "substancial perfomance”/inadimplemento mínimo/adimplemento substancial: é a violação da boa-fé pela parte prejudicada pelo descumprimento mínimo de obrigações pela contraparte. O STJ vem entendendo que se o adimplemento for substancial, viola a boa-fé objetiva requerer a resolução do contrato (REsp 272.739/MG). Ex.: contrato de financiamento de automóvel.

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