Buscar

Adm J Lima Liderança Excelente, Maturidade Emocional pdf


Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 83 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 83 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 83 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

L iderança E xcelente
MATURJDADE
EMOCIONAL
Jo sadak L ima
í
Equilíbrio Entre 
o Ser e o Fazer
Emanuence Digital
L ideran ça E xcelen te
Equilíbrio Entre 
o Ser e o Fazer
]o sadak L ima
Copyright©2009 por 
Josadak Lima.
Todos os direitos em Língua 
Portuguesa reservados por:
A. D. SANTOS EDITORA
AL Júlia da Costa, 215 
80410-070 - Curitiba - 
Paraná - Brasil 
+55(41)3207-8585 
www.adsantos.com.br 
editora@adsantos.com.br
Capa:
Igor Braga 
Diagramação:
Impressão e acabamento:
Manoel Menezes
Gráfica Exklusiva
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
LIMA, josadak
MATURIDADE EMOCIONAL - Equilíbrio entre o ser e o fazer - Série Li­
derança Excelente/Josadak Lima - Curitiba: A.D. Santos Editora, 2009.
80 páginas.
ISBN-978.85.7459-195-7
1. Liderança Cristã 2. Discipulado
CDD — 253-2
l â Edição: Outubro / 2009: 2.000 exemplares.
Proibida a reprodução total ou parcial, 
por quaisquer meios a não ser em citações breves, 
com indicação da fonte.
Edição e Distribuição:
SANTOS
E D I T O R A
http://www.adsantos.com.br
mailto:editora@adsantos.com.br
A p r e s e n t a ç ã o
MATURIDADE EM OCIONAL - Equilíbrio Entre o Ser e o Fazer - 
foi elaborado visando o discipulado de líderes, no contexto da igreja 
local.
Quando falamos de discipulado, não estamos pensando em um 
curso de semanas ou meses para novos convertidos, e, sim, em uma pro­
funda formação da liderança da igreja para que se reproduzam nas vidas 
de outros, assim como Jesus fez no discipulado com os doze.
Esta é uma ferramenta para ajudar neste processo. Ela terá mais 
impacto se for utilizada como parte de um treinamento dos líderes em 
sua igreja, e não como uma matéria ou curso avulso.
Este terceiro livro da série “Liderança Excelente", reflete sobre a 
vida e ministério de Moisés, no livro de Números (capítulos 10 a 20), 
onde aprendemos que a maturidade não é uma posição a qual chegar, mas 
um processo, uma jornada para toda vida.
A partir de oito estudos práticos, você aprenderá a crescer em 
maturidade emocional, enfrentando os ventos contrários comuns no ofí­
cio da liderança cristã.
Além deste, outros três módulos da série, dão seqüência ao desen­
volvimento de outras áreas na vida de um líder: Excelência Vocacional, 
Atitude Pessoal e Legado Espiritual.
Que Deus nos abençoe e inspire nesta aventura, ajudando-nos a 
alcançar a excelência espiritual.
Josadak Lima
.
ÍNDICE
Introdução: Equilíbrio Entre o Ser e o Fazer..................................................1
1. Maturidade para Prosseguir na Longa Jornada.
Números 10.11-13, 33-36.............................................................................7
2. Maturidade para Lidar com “Pessoas Difíceis”.
Números 1 1 .1 -6 ...........................................................................................13
3. Maturidade para Lidar com Nossas Próprias Deficiências.
Números 1 1 .1 0 -1 5 ......................................................................................21
4. Maturidade para Compartilhar a liderança.
Números 1 1 .1 6 -2 5 ................................................................... ! ..............29
5. Maturidade para Lidar com o Sentimento de ser “Dispensável”.
Números 11.26-30 ......................................................................................37
6. Maturidade para Lidar com a Situação Quando se é “Mal Interpre­
tado”.
Números 1 2 .1 -1 0 ........................................................................................ 45
7. Maturidade para Lidar com a Concorrência por Liderança.
Números 16.1-7, 28-35...............................................................................55
8. Maturidade para Completar a Carreira, sem Perder a Fé e o Equilíbrio.
Números 2 0 .1 -1 3 ........................................................................................ 65
I n t r o d u ç ã o
EQUILÍBRIO ENTRE O SER E O FAZER
Filip en ses 3 .12-20
Maturidade cristã não é uma posição na qual chegar, mas um pro­
cesso pelo qual passar. A busca da maturidade é como uma corrida, e o 
que importa é receber o prêmio que o espera no final do percurso estipu­
lado.
O termo “perfeito" (v. 12) utilizado por Paulo é para comunicar o 
conceito de “maturidade”. Ele faz o mesmo em várias passagens de suas 
epístolas. Portanto, vamos refletir sobre esta passagem, tendo, em vista o 
conceito de maturidade cristã, ao invés de perfeição, pois nem mesmo os 
cristãos mais sinceros (como Paulo) alcançaram tal perfeição em vida.
Paulo, nesta passagem, está combatendo um “perfeccionismo” 
(perfeição segundo o padrão humano) que tinha suas raízes num lega- 
lismo exacerbado, que se revela através de uma “espiritualidade” orgu­
lhosa, superficial e irrelevante, no tocante ao processo de maturidade 
cristã. É por isso que o apóstolo inicia o texto declarando que não é “per- 
feito". Paulo sabia que a completa piedade, em sua forma final, não será 
alcançada por ninguém aqui na terra.
O SUPREMO PROPÓSITO DE DEUS EM CRISTO
Segundo outras passagens bíblicas, como João 1.14 e 1 Pedro 2.21, 
o padrão divino ou referencial, para nos modelar é Jesus histórico, o 
modelo definido de Deus, com o qual Ele quer que nos identifiquemos.
Através da “encarnação”, Jesus se tornou a demonstração viva do 
padrão que Deus quer ver em nós. Esta é a razão porque Jesus é chamado 
de “o primogênito”, ou seja: o primeiro de uma série de “muitos irmãos”. 
Jesus é perfeito. Este é o nosso alvo!
Nesta mesma linha, o autor Jack Hayford1 afirmou que “o plano de 
Deus para a redenção da humanidade não se limita a salvar o homem do 
pecado e da morte; vai mais além. O propósito divino é restabelecer sua 
imagem em cada um de nós. É recriar em nós aquilo que está faltando 
para completar a formação de nosso ser, conforme o propósito do Cria­
d o r- que conheçamos a Deus e revelemos Sua Pessoa e Sua presença em 
nosso viver, pela Sua plenitude em nós”.
Deus quer que sejamos tal como Seu Filho Jesus. Mas isso não é 
possível sem que estejamos num processo contínuo de crescimento espi- 
ritual, “transformados, de glória em glória, na sua própria imagem” 
(2 Co 3.18). Isto não quer dizer que vamos chegar a ser como Deus, pois 
só Deus é completamente perfeito. Sua perfeição é moral e absoluta.
TENHA A MATURIDADE COMO ALVO
Todos nós somos definitivamente seres imperfeitos - “pelo fato de” 
vivermos num mundo imperfeito, rodeados de pessoas imperfeitas. Mas, 
por outro lado, o texto nos mostra que estamos em processo de cresci­
mento: “não que já tenha alcançado”.
Além de Paulo estar fazendo uma profunda auto-avaliação de seu 
atual estado de maturidade, ele está também olhando para o futuro na 
expectativa do conhecimento completo e final da pessoa de Jesus nesta 
perspectiva. Um processo que partiu de um ponto no passado (a conver­
são) , e que vai até outro ponto no futuro (“o prêmio da soberana vocação 
de Deus em Cristo Jesus”) . Então, os “perfeccionistas” de Filipos (e os de 
hoje também), que tinham uma tremenda dificuldade de aceitar o con­
1 HAYFORD, Jack; A Imagem de Deus no Homem. Belo Horizonte: Betânia, 1998.
ceito do estado do “ainda não vivido”, não estavam crescendo em matu­
ridade.
Para entender a maturidade como um processo, leia novamente os 
versículos de 12 a 14. Observe que estes versículos destacam três verbos 
principais: “prosseguir”, “esquecer” e “avançar”, os quais mostram o 
quanto Paulo está sendo pessoal. Ele não está fazendo uma aplicação de 
natureza coletiva, focalizando a igreja local de Filipos, está falando de si 
mesmo.
Temos, aqui, o quadro de um corredor que coloca todo esforço em 
correr em busca de algo significativo. O fato é que Paulo não está satis­
feito com o que já alcançou. Ele quer mais, muito mais. O seu alvo é “o 
prêmio da soberana vocação de Deus”, ou seja: o próprio Cristo. Paulo 
queria conhecer a Jesus, tal como um atleta almeja a conquista. Para isto, 
ele, esquece tudo mais. em funcão do crescimento espiritual, e concentra 
a atenção na corrida,e fixa os olhos no alvo. .
Qual é a grande motivação de Paulo aqui? É o fato de ele ter sido 
“alcançado por Cristo Jesus” (salvação). Paulo teve um encontro com 
Jesus no caminho de Damasco (Atos 9). Agora, a sua prioridade de vida 
é “jzonheczux Cristo”, apropriar-se Dele cada vez mais (v. 10).
O CRITÉRIO BÁSICO DO CRESCIMENTO EM MATURIDADE
Como já vimos, dos versículos 12 a 14, a Bíblia diz que Paulo não é 
totalmente maduro; e dos versículos 15 a 17, afirma que Paulo é maduro. 
Na primeira parte, Paulo tem consciência que ainda não chegou ao 
ponto desejado.
Ser maduro é estar no processo de maturação. Baseado nisso, ele 
está andando segundo a luz que já alcançou. Portanto, não se encontra 
mais no ponto de onde começou.
No versículo 16, o apóstolo esclarece que “ser maduro” é estar 
andando segundo a luz que já alcançamos. Mas é no versículo 15, que ele 
estabelece o critério básico para o crescimento em maturidade: “ver as 
coisas desta forma". Que critério é esse? Consiste numa visão clara de que 
a maturidade é um processo, atiLude-de disposição, dedicação sem trégua 
em busca da maturidade.
O discípulo precisa ter sempre em mente o “sentimento” de que 
ainda não chegamos onde desejamos, mas que também não estamos 
onde estávamos quando começamos. O que estou querendo dizer é que a 
maturidade acontece no decorrer da caminhada. Portanto, é indispensá­
vel prosseguir, esquecendo as coisas que ficaram para trás e avançar para 
as que estão à frente, e o necessário “também Deus vo-lo revelará’’. Nesta 
jornada, o estudo sistemático da.Palavra, a oracão. e a comunhão com os 
irmãos, são os elementos básicos que necessitamos para desenvolver uma 
maturidade saudável.
ASSUMINDO A RESPONSABILIDADE DE SER MODELO 
PARA OUTROS
No versículo 17, a palavra “modelo” (grego “typos"), é como se 
fosse um carimbo. Isto significa que nesta jornada devemos imprimir ou 
carimbar a imagem de Cristo nos irmãos.
Para o líder cristão servir de modelo, é indispensável:
*► Ter recebido muito de Cristo para poder mostrar.
*► Receber mais e mais de Cristo para poder servir de exemplo a um 
número cada vez maior de discípulos.
O elemento chave do relacionamento de Jesus com Seus discípu­
los, foi a “imitação”, o exemplo vivo. Os discípulos aprenderam através 
da imitação. O çui
A palavra “imitadores” está no singular, com referência a Paulo. 
Mas, ele não estava só, no tocante a ser exemplo de vida cristã para os 
Filipenses. Havia alguns outros, como Timóteo e Epafrodito, líderes bem 
conhecidos da igreja de Filipos, que também eram referenciais de vida 
cristã para aquela comunidade. Mas, não há dúvida que, além desses, 
havia muitos outros irmãos que faziam parte desse maravilhoso time.
O termo “observais” foi utilizado para indicar a ideia de “observar 
para seguir". Portanto, a igreja local “não pode” ter uma figura pastoral 
única como padrão (modelo) a ser seguido. É necessário muitos outros 
irmãos e irmãs piedosos, cujas vidas com Deus, sejam exemplos dignos de 
serem imitados.
O convite de Paulo aos Filipenses a imitá-lo, é um desafio à igreja 
de hoje. Observando a vida de Paulo vemos que ele ensinava às igrejas 
mediante escritos e ensinos orais. Neste último tipo, ele dava um exem­
plo vivo, que era mais eficaz do que muitas palavras. Paulo estava com­
prometido pessoalmente com o desenvolvimento das pessoas que 
estavam sob sua responsabilidade pastoral.
Como seguidores de Cristo, devemos procurar ajudar as pessoas de 
nosso relacionamento a crescerem, de forma pessoal, em três áreas pri­
mordiais:
1. Na sua identidade cristã, como parte da família de Deus.
2. No seu caráter cristão, refletindo as virtudes cristãs.
3. Na sua habilidade ministerial, equipando-os para servir.
O grande problema na igreja de hoje é que, geralmente se invertem 
estas prioridades. Quando alguém é batizado ou vem de outra igreja, ou 
ele fica de “molho” no banco ou o enchemos de tarefas até afogá-lo. 
Raras vezes, se desenvolve nesse novo membro um profundo sentido de 
família, uma amizade verdadeira. Aliás, viver como família, é a base para 
o novo membro crescer nas qualidades de caráter. Já o caráter cristão,
por sua vez, é a base para o desenvolvimento das habilidades ministeriais 
desse novo membro.
Às vezes, para nos safarmos da responsabilidade cristã de sermos 
exemplo para outros, damos uma desculpa esfarrapada dizendo: 
“Não olhe para mim, não sou perfeito, Jesus é o nosso único modelo!” 
Mas não é isso que Paulo diz no versículo 17. Pelo contrário, ele foi inci­
sivo: “sede meus imitadores”. Ele se coloca como referencial para os Fili­
penses; mas quem era o referencial dele? Jesus! “Sede meus imitadores 
como eu sou de Cristo”. (1 Co 11.1).
Meu irmão, se você já tem uma boa caminhada de fé, não está mais 
no ponto de onde começou, então você já pode muito bem ser modelo 
para aqueles que estão começando esta caminhada.
,ííííí-?w
A p l i c a ç ã o P e s s o a l
1. Considerando os pontos abordados acima, destaque o que mais 
desafiou você nesta reflexão.
2. Como você poderia colocar isso em prática, durante os próximos 
dois meses de caminhada em seu grupo pequeno?
1 .
M a t u r i d a d e p a r a P r o s s e g u i r n a 
Lo n g a J o r n a d a
11 No vigésimo dia do segundo mês do segundo ano, a nuvem se levantou de 
cima do tabernáculo que guarda as tábuas da aliança. 12 Então os israelitas par­
tiram do deserto do Sinai e viajaram por etapas, até que a nuvem pousou no 
deserto de Parã. 13 Assim partiram pela primeira vez, conforme a ordem do
SENHOR anunciada por Moisés.
33 Então eles partiram do monte do SENHOR e viajaram três dias. A arca da ali­
ança do SENHOR fo i à frente deles durante aqueles três dias para encontrar um 
lugar para descansarem. 34 A nuvem do SENHOR estava sobre eles de dia, sem­
pre que partiam de um acampamento. 35 Sempre que a arca partia, Moisés 
dizia: "Levanta-te, ó SENHOR! Sejam espalhados os teus inimigos e fujam de 
diante de ti os teus adversários". 35 Sempre que a arca parava, ele dizia: 
"Volta, ó SENHOR, para os incontáveis milhares de Israel".
Números 10.11-13 e 33-36
Deus não deseja ver Sua Igreja parada, estacionada, sempre no 
mesmo lugar. O texto acima fala da mudança de acampamento do povo 
de Israel. O povo estava acampado neste local por quase um ano. 
De repente a nuvem se alçou, as trombetas soaram e o povo tinha que 
partir.
Esta seria uma partida singular. O cenário é dramático e vibrante: 
bandeiras tremulando, arca do conserto, coluna de nuvem e de fogo, 
ordem das tribos e seus respectivos líderes, orações cerimoniais, etc. 
Nos versículos 33 a 36 estão as orações cerimoniais. Moisés fazia orações
matinais e vespertinas. Quando a arca partia, ele orava (v. 35). Quando 
a arcar pousava, ele orava (v. 36). A arca do conserto, que simbolizava a 
presença de Deus, fonte de toda a força e vigor, ia à frente da multidão. 
Quando a nuvem parava, a arca repousava, então estava indicado o 
novo local de acampamento.
Devemos exercitar nossa fé, para desfrutar de todos os legados de 
Cristo. Não seja negligente quando a nuvem se alçar de sobre o acampa­
mento. Seja diligente, entre pela porta estreita e persevere; ande no 
caminho estreito da vontade de Deus.
“Siga em frente. Não existe nada que possa substituir a perseve­
rança. O talento não a substitui, não há nada mais comum do que 
os homens com talento que fracassam. O gênio não a substitui. 
O gênio mal recompensado é quase proverbial. Os estudos tam­
pouco a substituem; o mundo está cheio de incompetentes com 
estudo. Somente a perseverança e a firmeza constituem o poder 
que Vence tudo”. (Calvin Coolidge, presidente dos Estados Unidos, de 1923a 1929).
P R EP A R A N D O -SE PARA A JO R N A D A
Agora, já são quase catorze meses desde a saída do povo de Israel 
do Egito (v. 11). E onze meses depois da chegada ao Sinai (Êxodo 19.1), 
onde o povo ficou e construiu o tabernáculo. Então, Deus decide levan­
tar a nuvem e o que deveria ser feito agora? Marchar!Então, todo povo 
se prepara para deixar o Sinai e seguir para Canaã, a Terra Prometida.
De repente o povo olha e vê aquela “massa nebulosa”, amoldada 
ou com forma definida, cobrindo o tabernáculo e se movendo, indicando 
assim, que eles deveriam deixar o lugar em que se encontravam acampa­
dos por quase um ano e onde tudo havia sido estabelecido, quanto à 
maneira de como seria o culto no futuro.
Eles empreenderam a marcha em direção ao que Deus indicava 
pela nuvem. O plano de Deus é de acordo com seus propósitos eternos.
Aqueles que se submetem à direção da Palavra e do Espírito Santo, cami­
nham por rumo certo, ainda que com muitas dificuldades. O segredo é 
não perder Deus como guia!
O que vemos aqui é o princípio da soberania divina. Esta soberania 
revela-se na vontade livre de Deus de levantar e pousar a nuvem quando 
Ele deseja. O nosso papel no plano divino é o de reconhecer a soberania 
de Deus sobre todas as coisas e ser-lhe submisso, sem reservas: desarmar 
a nossa “tenda” e seguir rumo à direção que a nuvem está indicando. 
Mas as nossas responsabilidades não param por aí. Temos que começar e 
terminar nossas jornadas diárias com oração, assim como fez Moisés: 
“Sempre que a arca partia, Moisés dizia: “Levanta-te, ó SENHOR! 
Sejam espalhados os teus inimigos e fujam de diante de ti os teus adversários”. 
Sempre que a arca parava, Moisés dizia: “Volta, ó SENHOR, para os 
incontáveis milhares de Israel”.
O Deus Criador e Senhor de todas as coisas, sabe o tempo certo de 
erguer a nuvem, e vai à frente do Seu povo para encontrar lugar de 
repouso na caminhada árdua. Ele se interessa pelo bem-estar de Seus 
filhos. Todas as Suas ações são pautadas na misericórdia, justiça e santi­
dade. Não se apavore com os “meios”, o “final” será feliz! Aleluia!
L ID ER A N D O M U D A N Ç A S
A Bíblia é um compêndio de mudanças e realizações. De Gênesis a 
Apocalipse vemos grandes Possibilidades de mudanças, até mesmo onde 
não há mais esperança. O melhor exemplo disto é a visão de Ezequiel do 
vale de ossos secos: os ossos estavam sequíssimos (Ez 3 7). A vida havia se 
esvaído muito tempo antes. Contudo, havia uma esperança; ainda havia 
uma possibilidade dinâmica de mudança.
Mudança requer tomada de decisões! De modo geral, mudança é 
sinônimo de estresse, sobrecarga, transformações, instabilidade. 
Nos momentos de mudança o líder deve ser aplicado, zeloso e rápido.
Moisés foi tudo isto: ele esforçou-se pela missão de levar o povo à terra 
prometida; empregou meios para alcançar este objetivo; e se empenhou 
na sua incumbência de liderar com destreza. Moisés era um homem de 
decisão! “Tomar decisões é uma das prerrogativas principais da lide­
rança. Na verdade, a capacidade de tomada de decisões mostra a dife­
rença entre o líder fraco e o bom líder, entre o bom líder e o líder notável. 
As decisões revelam valores e inteligências. Elas exigem obediência a 
Deus, dependência Dele e sabedoria. Tomar decisões afeta quase tudo o 
mais que os líderes fazem”.2
Qual deve ser atitude do líder frente à mudança e inovação? 
Reismann3 dividiu as pessoas em três tipos:
* * Orientadas pela tradição. Para estas, “o que foi feito ontem, 
será feito hoje e sempre”.
Orientadas pelos outros. Querem mudar e estão prontas para 
novas experiências desde que alguém vá à frente.
* * Dirigidas por seu interior (ou por Deus). São aquelas pessoas 
que olham para dentro de si em busca de direção.
Foi Deus quem redirecionou Moisés e o povo, mandando-os por 
novos caminhos; havia uma nova estrada a ser trilhada. A Palavra de 
Deus, em Eclesiastes 3, diz que há tempo certo para que todo propósito 
de Deus se cumpra na Terra. Os israelitas estavam vivendo um momento 
peculiar em sua história: A primeira mudança depois da construção do 
tabernáculo.
Toda mudança é dolorosa e custa caro! É muito difícil abandonar 
as raízes, especialmente religiosas. Qual foi a última vez que você mudou 
de casa? Quais foram às implicações? Algumas coisas, marcam tempos de 
mudanças: a principal é a “desordem” ou bagunça. Mesmo quando a 
mudança é esperada, gera expectativas; mas quando é inesperada, gera
2 BOA, Kenneth, O Líder Perfeito, São Paulo: Vida, 2007, p. 147
3 Citado por P.K.D. LEE, em Liderando com Excelência. São Paulo: SOCEP, 2001. p.28 e 29.
instabilidade e uma insegurança paralisante. Além disto, em tempos de 
mudanças, experimentamos perdas de coisas - materiais e emocionais.
O melhor em tudo isto é que Deus é quem está agindo. É sempre 
difícil entender o agir de Deus, mas não há problema se não entendemos. 
No entanto, a pergunta é a seguinte: o que está acontecendo aponta a 
direção da ação de Deus sobre você? Veja se você está no centro da ativi­
dade de Deus! O primeiro passo é procurar discernir “onde” Ele está 
agindo e ajustar suas expectativas ao Seu agir. Cuidado com seus senti­
mentos. Deus tem um propósito para todas as coisas. Deus quer que 
cumpramos nosso papel dentro de Seu propósito divino. Como saber 
qual é o meu papel no Reino de Deus? Descobrindo e desenvolvendo 
seus dons espirituais.
Quando a nuvem se ergue sobre a nossa vida, há duas opções: 
1) rebelar-se, ficando onde se está, 2) obedecer e depender de Deus na 
nova caminhada. Qual tem sido a sua atitude ultimamente? O versículo 
12 diz que o povo saiu do Sinai para o deserto de Parã. Foi uma mudança 
radical; houve o “desmantelamento” do acampamento. Tudo deveria ser 
desmontado e organizado perfeitamente, pois lá na frente tudo seria 
novamente montado!
Moisés não foi negligente na hora de fazer a mudança que Deus 
exigiu e seguir rumo ao que Deus indicava! O senso íntimo de diligência 
de Moisés estava aguçado. Sua interação com Deus e o povo neste 
momento de mudança mostra a postura de um líder competente:
A primeira ação de Moisés foi o fator organização. Ele definiu 
papéis e manteve uma estrutura leve e ágil, algo que fosse funcional, sem 
muita burocracia. Observe que as tribos saíram em grupos de quatro, 
numa demonstração de planejamento e ordem. Infelizmente, muitos 
hoje em dia têm conseguido complicar a simplicidade do Reino de Deus, 
com estruturas pesadas que engessam, mais do que flexibilizam.
A segunda coisa que Moisés fez foi posicionar a Arca da Aliança à 
frente do povo - sinônimo de dependência da presença divina. Aliás, a
orientação divina é indispensável na hora das mudanças. A arca da Ali- 
ança, o centro de expressão do padrão divino para os israelitas, ocupava 
um lugar de suma importância no consciente coletivo do povo escolhido. 
A arca foi o centro do tabernáculo; ela ficava no Santo dos Santos - o 
lugar mais sagrado do tabernáculo.
A terceira grande medida de Moisés foi integrar à equipe, um 
estrategista chamado Hobabe, seu cunhado - alguém que conhecia bem 
o terreno (vv. 29-32).
O quarto ato de Moisés foi a prática da oração. Moisés orou antes, 
durante e depois. É isto que significa orar incessantemente! A oração 
para Moisés não era apenas um dever, mas uma aventura de fé.
Não espere ser transformado em instrumento notável nas mãos de
Deus, como foi Moisés, sendo negligente e ocioso, especialmente
na oração. “A diligencia elimina a ociosidade. O estado negativo da oci­
osidade é combatido pelo estado positivo da diligência”4.
LÍDER, SEJA D ILIG EN TE
A diligência tem a ver com disposição e conduta, diante da corrida 
que nos está proposta. Nosso desafio é saber lidar com os momentos de 
mudanças, reduzindo o estresse e superando as pressões da jornada. 
Como isso é possível?
1. Saiba onde você quer chegar. Qual é o seu propósito de vida? 
O que você quer alcançar?
2. Cadencie o ritmo da caminhada de acordo com suas priorida­
des. Faça uma coisa de cada vez, não supervalorize as novidades. Tenha 
cuidado com as expectativas muito altas (românticas).
3. Estabeleça uma “zona de estabilidade” para seu coração 
(sua vida emocional). Sobretudo, proteja seu coração!
4 NEE, Watchman; O Obreiro Cristão Normal. Belo Horizonte: Fiel, 1977
4. Defina bem quem são seus “Hobabes” (mentores).Esteja dis­
posto a pagar o “preço” que eles merecem. Enquanto você não tiver a 
visão clara de quem são seus “Hobabes”, não se aventure!
5. Oração... muita oração. Interceda pelo projeto e por sua vida, a 
fim de que os inimigos de Deus sejam todos dissipados por Ele. “Para se 
colocar a caminho, você encontrará toda a força, provisão e exemplo em 
Deus, que nos serve continuamente com o sol, a água, o ar e os frutos”5.
5 SOUSA, Dervy Gomes; Coragem para ser Feliz;. Belo Horizonte: Betânia, 1991
;|wSliSfew8
. : :
A p l i c a ç ã o P e s s o a l
rw*-t fi i^WwKw
1. Onde você quer chegar?
2. Onde você precisa diminuir o ritmo?
3. Como está o seu coração, agora?
4. Quem são seus “Hobabes”, cooperadores? «ES■ ’* «Ou*
5. Quanto tempo você está reservando diariamente para interceder
i?por isso:
M a t u r i d a d e p a r a L i d a r c o m 
" P e s s o a s D i f í c e i s "
7
Aconteceu que o povo começou a queixar-se das suas dificuldades aos ouvidos 
do SENHOR. Quando ele os ouviu, a sua ira acendeu-se e fogo da parte do 
SENHOR queimou entre eles e consumiu algumas extremidades do acampa­
mento. 2 Então o povo clamou a Moisés, este orou ao Senhor, e o fogo extin- 
guiu-se. 3 Por isso aquele lugar fo i chamado Taberá, porque o fogo da parte do 
SENHOR queimou entre eles. 4 Um bando de estrangeiros que havia no meio 
deles encheu-se de gula, e até os próprios israelitas tornaram a queixar-se, e 
diziam: "Ah, se tivéssemos carne para comer! 5 Nós nos lembramos dos peixes 
que comíamos de graça no Egito, e também dos pepinos, das melancias, dos 
alhos porós, das cebolas e dos alhos. 6 Mas agora perdemos o apetite; nunca 
vemos nada, a não ser este maná!"
Números 11.1-6
No final do capítulo 10 o clima é de otimismo e bravura, mas no 
início do capítulo 11, somos surpreendidos por um grotesco espetáculo 
de discórdias, lamúria e muita confusão.
Liderar pessoas assim exige paixão e generosidade. É conduzir às 
experiências com Deus, na trilha do fortalecimento e amadurecimento 
espiritual. Neste contexto, temos que manifestar não apenas diligência, 
mas também “violência santa”, bravura, guerra. Para tal, é necessário: 
Resolução da vontade: não importa o que venha acontecer, o 
discípulo de Jesus está decidido a possuir o Reino dos céus.
Esta convicção surge do poder de Cristo, não da engenhosidade 
humana.
*» V igor de desejos: a energia de uma alma faminta por Deus esti­
mula e impulsiona, com “violência santa”, o cristão, em direção 
a conquista do Reino de Deus.
* * Intensidade de esforços: é óbvio que necessitamos da ajuda de 
Deus, mas também exercemos as nossas forças para tomar posse 
do Reino (ver Fp 3.13-14).
Para tomarmos posse do Reino de Deus, devemos demonstrar, na 
prática da vida cristã diária, “violência santa”, em relação a nós mesmos 
(o ego), ao mundo corrupto e às astutas ciladas do diabo.
LID ER A N D O EM M EIO S AS D IF ICU LD A D ES
O versículo 1 descreve reclamações do povo numa perspectiva 
geral acerca de “desgraças/dificuldades”.6 Observe que o texto começa 
com a afirmação de que o povo estava passando por muitas “dificulda­
des". Jesus em Mateus 6.34 utilizou a palavra “mal" para indicar, do 
ponto de vista humano, “dificuldade”. Com isto, Jesus está nos ensi­
nando que a jornada cristã é algo árduo e custoso, que no caminho da fé 
há inúmeros obstáculos, estorvos, objeções, oposições e muitas outras 
complexidades.
Talvez, o fato do “fogo da parte do Senhor" haver queimado algumas 
extremidades (margens), mostra um forte indício de que o problema 
estava naquele local, especificamente. Normalmente, as “pessoas pro­
blemáticas” estão situadas e atuam nas regiões periféricas.
Mas o que chama atenção é que o fogo só se apagou com a súplica 
do líder.
Outra revelação que vemos neste texto, quanto ao povo, é que eles 
estão “encrencados” com Deus. Veja que quando Deus ouviu as queixas
6 HAMILTON, Victor P. Manual do Pentateuco. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 372
deles, a Sua ira acendeu-se e fogo da parte do SENHOR queimou entre 
eles e consumiu algumas extremidades do acampamento. O papel do 
líder nesse incidente é fundamental: Moisés intercedeu. Moisés inter­
cede, e Deus cessa o fogo. Mas isto durou pouco, o povo se “encrencou” 
novamente com Deus. Os versículos 4 a 6, mostram que agora o quadro 
se alastra ainda mais.
A afirmação “perdemos o apetite" (v. 6) é extremamente forte. 
O povo estava insatisfeito com o cardápio limitado; havia apenas um 
prato no cardápio: o maná. O que eles queriam era um cardápio mais 
variado como aquele do Egito. O contexto mostra que as queixas amar­
gas e generalizadas do povo contra o maná foi uma atitude de rejeição a 
Deus e Sua provisão. O povo está sem apetite espiritual.
O fato é que a vida natural, na carne, desse povo ainda está domi­
nando e separando-os de Deus. O véu ainda precisa ser rasgado para que 
eles tenham a revelação espiritual, e sejam levados ao encontro do 
Senhor. A pergunta é: como o líder deve cuidar desse tipo de gente? 
Ele não deve se concentrar nos problemas gerados pelo povo. Primeiro, 
ele deve identificá-las, para poder tratá-las pastoralmente, segundo suas 
necessidades (1 Ts 5.14).
Às vezes, as pessoas são “problemáticas” por falta de um ambiente 
familiar restaurado através da assistência pessoal. Portanto, o líder não 
deve “abandonar” ou rejeitar ninguém sem, antes, admoestar com base 
nos princípios estabelecidos por Jesus, em Mateus 18.15-17.
UM D IA G N O ST IC O M AIS PR O FU N D O DA 
S ITU A Ç Ã O
Nesta circunstância, o povo de Israel tinha alguma razão para quei- 
xar-se: estavam em dificuldades. Já havia três dias de jornada (Êxodo 
10.33). Mas, para Deus, essa queixa era prova de rebeldia e increduli­
dade nacional: rebelião contra Sua provisão e plano. Somente no versí­
culo 4, é que temos uma visão mais ampla da raiz do problema. Havia um 
segmento denominado de “estrangeiros” ou “populacho" (como diz a ver­
são da Bíblia Atualizada), que significa “plebe”, “povinho”, “ralé”.
Em Exodo 12.38, Deus chamou este mesmo grupo, de “misto de 
gente”. Em qualquer situação, esse tipo de pessoas “aponta” para os não 
convertidos, o homem natural. A Bíblia divide nosso ser em homem 
interior e homem exterior (2 Co 4.16). As atitudes do “populacho” indi­
cam o quanto o povo estava “preso” única e exclusivamente às categorias 
do homem exterior: “carne”, “peixes”, “pepinos”, “melancias”, “cebolas” 
e “alhos”.
Para o líder cristão, esse “populacho” gera algumas implicações 
negativas. A gula começou com o populacho, mas depois espalhou por 
todo acampamento dos israelitas. Observe que Inicialmente as queixas 
dos versículos 1 a 3 são baseadas nas dificuldades circunstanciais da 
caminhada de três dias pelo deserto. Mas as queixas dos versículos 4 a 6, 
são diferentes, são mais pesadas, pois se trata de apostasia. A troca do 
maná por pepinos, cebola, etc. Isto é apostasia.
Á luz de tudo isto, não é difícil diagnosticar a condição espiritual 
do povo de Israel. A falta de apetite espiritual deles era sinal de alma 
seca. O maná ou “cereal do céu”, o alimento milagroso, havia se tornado 
uma refeição monótona para o povo, indicando que lhes faltava confi­
ança em Deus; bem como entendimento espiritual e visão divina. 
Ao invés de olharem para frente, eles anelavam nostalgicamente pelo 
Egito. Mergulharam na cultura da transferência (acomodação), e por 
fim, tornaram-se ingratos. Uma igreja mal agradecida se auto-destrói.
O líder cristão precisa se conscientizar de que sempre haverá, 
gente se queixando de algo; sempre vamos ter na igreja gente de cara 
amarrada, nariz torto ou balançando a cabeça em sinal de reprovação. 
Por outro lado, precisamos saber que, as queixas nunca facilitam as coi­
sas, simplesmente acrescentam problemas e “dores de cabeça” para o 
líder.
Qual é a missão do líder? Agir com coração pastoral, ser longâ- 
nimo, mas confrontando o “populacho” com amor, sem descer ao nível 
deles. E mais: interceder em favor deles, paraque nenhum pereça.
Lembre-se: foi melhor para Moisés tratar com as pessoas problemá­
ticas depois do “fogo”.
a wma
A p l i c a ç ã o P e s s o a l
_______
■
. . . . ■ ------------------ --- -v ........... . ;
1. Há um tipo específico de “pessoas difíceis” que para você é mais 
difícil lidar? Qual? Por quê?
2. No momento, você está tendo que enfrentar algum tipo de “pessoas 
difíceis”? Como você está lidando com a situação?
3. Você está sendo uma dessas “pessoas” para alguém?
H M S i
M a t u r i d a d e p a r a L id a r c o m a s 
P r ó p r i a s D e f i c i ê n c i a s
10 Moisés ouviu gente de todas as fam ílias se queixando, cada uma à entrada de
sua tenda. Então acendeu-se a ira do SENHOR, e isso pareceu mal a Moisés.
11 E ele perguntou ao SENHOR: "Por que trouxeste este mal sobre o teu servo? 
Foi por não te agradares de mim, que colocaste sobre os meus ombros a respon­
sabilidade de todo esse povo ? 12 Por acaso fu i eu quem o concebeu ? Fui eu quem 
o deu à luz? Por que me pedes para carregá-lo nos braços, como uma ama car­
rega um recém-nascido, para levá-lo à terra que prometeste sob juram ento aos 
seus antepassados?13 Onde conseguirei carne para todo esse povo? Eles ficam 
se queixando contra mim, dizendo: 'Dê-nos carne para c o m e r! '14 Não posso 
levar todo esse povo sozinho; essa responsabilidade é grande demais para mim.
15 Se é assim que vais me tratar, mata-me agora mesmo; se te agradas de mim, 
não me deixes ver a minha própria ruína".
Números 11.10-15
O texto acima descreve um povo queixoso e um líder intercessor. 
O fardo chegou a um ponto de ser muito pesado para Moisés. Neste 
momento a queixa do povo “assumiu as proporções de uma ‘demonstra­
ção’ organizada com um padrão unificado de queixa por todo acampa­
mento. Todo homem chorou à porta de sua tenda (v. 10), para que fosse 
ouvido e todos vissem que ele estava a favor do protesto”.7
7 BOIS Lauriston J, Du. Comentário Bíblico BEACON, vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.
344
“Murmuração é contagiosa. Moisés rebaixou-se ao nível de sua 
congregação, adotando sua forma de pensar”.8 No incidente da lição 
anterior vimos Moisés intercedendo pelo povo, mas agora ele ficou abor­
recido e descontente com as demandas do povo.
Moisés expressou em oração, todo o seu aborrecimento e deses­
pero a Deus. Todo líder é de carne e osso. Como tal, ele é um ser bastante 
complexo. Assim sendo, nenhum líder está imune às enfermidades da 
alma, inclusive às emocionais. Portanto, como diz John Maxwell, como 
líder, a primeira pessoa a quem eu devo liderar é a mim mesmo. Se eu não 
seguir a mim mesmo, por que qualquer outra pessoa deveria fazê-lo? Por­
tanto, não tente mudar as pessoas para o que você quer, sem antes mudar 
a si mesmo. Nossa primeira preocupação como líder, não deveria ser 
saber para onde estou indo, mas quem realmente estou me tornando.
Em Êxodo 18, o conselho de Jetro foi de grande ajuda para Moisés, 
mas agora, um ano depois, a situação agrava-se; Moisés não conseguiu 
superar seus problemas de sobrecarga. A sobrecarga ministerial é uma 
realidade para a maioria dos líderes hoje. Espera-se que eles sejam bons 
pregadores, conselheiros e administradores; e ainda que tenham habili­
dade de publicidade e relações humanas. No geral, as pessoas o procuram 
para receber e não para dar. Então, não se deve estranhar que seus recur­
sos emocionais venham a se exaurir rapidamente, a ponto de chegar ao 
fundo do poço, como foi o Caso de Moisés, na passagem acima.
Pesquisas revelam que existe um fator comum à maioria dos líderes 
de sucesso: todos trabalham arduamente. Moisés estava neste time! Ele 
estava vivendo no limite! O problema agravou-se quando ele passou a 
ouvir as queixas de todas as famílias do acampamento, à entrada de sua 
tenda. Então, por conta disto, se acendeu a ira do SENHOR! Contra 
quem? Não se assuste, mas foi contra Moisés. É por isto que a Bíblia diz: 
“isso pareceu mal a Moisés’’.
No contexto anterior vimos que é o povo que estava encrencado 
com Deus. No entanto, agora é o líder Moisés que se encrenca, ao dei- 
xar-se envolver com as reclamações deles (v. 10). Por outro lado, “há 
uma diferença básica entre a queixa de Moisés e a do povo. Moisés quei­
xou-se a Deus. O povo queixou-se de Deus. Ao apresentar diretamente 
ao Senhor seus sentimentos, Moises honrou a Deus e demonstrou pro­
funda confiança Nele”.9
Ao perceber que a ira de Deus se acendeu contra ele, Moisés reage. 
E sua reação nos revela coisas até agora escondidas em seu coração. 
Moisés expressa sentimentos profundos de sua alma insatisfeita. A impres­
são é de que Moisés foi colocando tudo para fora - seus vales secos e ári­
dos; vales de dores e lágrimas; sem contudo discernir o que estava 
fazendo. Ele percorre os “caminhos” angustiantes do cansaço psicológico 
e da solidão; vasculha a fundo seu cotidiano existencial e comportamen- 
tal. Ao ponto da sua ansiedade pela “morte” ser maior do que pela vida.
O texto em foco revela outra história - a história do coração de 
Moisés:
L ID A N D O COM O SE N TIM E N T O DE D ECEPÇÃO 
COM DEUS
Um forte sentimento de abandono de Deus envolve a alma de 
Moisés. Ele passa a se enxergar num deserto e sozinho, sentindo-se não 
abençoado. Ele chegou a sugerir que Deus o afligira por não ter achado 
graça aos seus olhos. Sentia que Deus colocara o fardo de toda essa gente 
sobre ele. Nos versículos 11 e 12, Moisés faz algumas perguntas cruciais a 
Deus que eu e você sempre queremos fazer, mas não temos ousadia para 
tanto:
•> “Por que o Senhor me faz sofrer e não me ajuda”?
•> “Por que o Senhor me tem dado essa carga tão pesada de conduzir 
esse povo”?
•+ “Por acaso são eles meus filhos? Por acaso sou pai deles"?
*► “Por acaso tenho que carregar o povo no colo até a Terra Prometida, 
tal como uma enfermeira faz com a criancinha recém-nascida para 
levá-la até a mãe"?
Alguns entendem essas perguntas de Moisés como uma confissão 
sincera, mas o que elas expressam, vai além disto. Entendo que estas per­
guntas são desabafos de decepção e revolta. Moisés se tornou um questio- 
nador, querendo explicações para tudo. As perguntas mostram um 
homem vasculhando os recônditos de sua alma, as angústias mais vela­
das, e expondo para Deus seu coração cheio de inquietações e dúvidas.
Eu não tenho um temperamento fleumático como o de Moisés, 
mas de vez enquanto me sinto como ele: vacilante entre o desejo de fazer 
e de não fazer alguma coisa; distante e gélido; espectador da vida sem me 
envolver; disfarçando a minha obstinação e medos com o humor.
Um sentimento que tenho a respeito da crise de Moisés, é que ele 
está sendo levado a pensar que perdeu sua identificação com o seu 
momento histórico; perdeu o foco de sua vocação e, por isso, quer desis­
tir de tudo. Percebe-se em suas palavras algo, como uma panela de pres­
são, revolvendo-se dentro dele, com um calor terrível e pronto para 
explodir.
De perguntas a perguntas Moisés foi caindo num pantanal de ques­
tionamentos, imerso numa profunda angústia e monotonia. São aqueles 
momentos onde você quer dar um basta em tudo, mas não consegue.
O acúmulo de coisas, quando vem a gosta d’água, estoura.
LID AND O CO M O O SE N TIM E N T O DE 
IN A D EQ U A Ç Ã O
No versículo 13, vemos que as tensões de Moisés aumentaram. 
Ele explode num desabafo que, pelo que me consta, não havia feito algo 
parecido até o momento. Sua oração neste ponto revela uma mistura de 
dependência e importância.
A maioria das pessoas que ocupam posições de liderança na igreja, 
compõe-se de líderes intermediários, aqueles que agem como líderes e 
como servos. Ou seja: são liderados por outros líderes e tem que prover 
liderança para outros grupos. Esta situação cria uma pressão dupla: como 
líderes estão sujeitos aos sentimentos de inadequação, como servos tem 
que prestar contas do que são e do que fazem.
A Bíblia diz que muito se exige daqueles a quem muito se dá, pois 
sua responsabilidade é maior (Lc 12.48). Isto significaque quanto maior 
for as responsabilidades, maiores serão as preocupações e privações. 
O princípio é claro: todo crescimento gera desafios e produz mais neces­
sidades. Quanto mais você se dedicar, quanto mais você se expandir, 
mais pesado o fardo se torna e o estresse aumenta.
LID A N D O COM O SE N TIM E N T O DE SO LID ÃO
Agora, Moisés entra no abismo da solidão. No versículo 14, Moisés 
declara a Deus: “Nãoposso levar todo esse povo sozinho...”. Moisés se sente 
só. Já imaginou a pesada responsabilidade que estava sobre seus ombros? 
Já imaginou o que deve ter passado pela mente de Moisés, nesse 
momento, quando falava a Deus que se sentia só? Realmente, tudo que 
Moisés podia fazer para desabafar suas frustrações para com Deus, certa­
mente ele fez. Os bons líderes sentem-se mais solitários que qualquer 
outra classe de pessoas.
Moisés, sentindo-se sozinho? Cadê os líderes de 1.000, de 100, de 
50 e de 10, selecionados em Êxodo 18.24-25? Estes homens não foram 
selecionados para resolver os casos simples, pois os casos graves eram 
levados a Moisés, para que ele decidisse? Certamente, eles estavam cum­
prindo com sua parte, mas a parte que coube a Moisés estava lhe 
matando.
O processo no qual Moisés está mergulhado torna-se mais crucial 
quando ele assume um sentimento de solidão. Este sentimento torna-se 
uma verdadeira bola de neve, que vai incluindo outras coisas e crescendo 
até tomar proporções incontroláveis, chegando ao desgaste ministerial, 
evidenciado pela apatia em relação a obra de Deus e atitudes pessimista.
O quadro de Moisés é muito mais grave do que se pode imaginar. 
Ele está tomado por um sentimento de abandono, transformando-o em 
um individuo pessimista em relação à vida, de auto-reprovação e culpa. 
Talvez um dos piores sentimentos que um líder possa experimentar é do 
abandono. Na seqüência do texto, podemos verificar que Moisés estava 
envolto por uma angustiante sensação de que estava vivendo um “fune­
ral” psicológico sem trégua. Ele estava com medo, a ponto de, a qualquer 
momento sofrer um ataque cardíaco. Seu desânimo é profundo, as suas 
forças estão se esvaindo; ele se sente desamparado por Aquele que deve­
ria ampará-lo.
L ID A N D O COM O SE N T IM E N T O D EC O R R EN TE 
DA ESTAFA
O versículo 15 revela o fundo do poço em que Moisés chegou. 
Temos que ler este versículo com temor e tremor: “Se é assim que vais me 
tratar, mata-me agora mesmo; se te agradas de mim, não me deixes ver a 
minha própria ruína’’. Quem suporta tal exaustão?
Não importa a sublimidade da missão e a espiritualidade do líder. 
Para tudo há um limite. Moisés estava estafado. Estafa é decorrente de
uma pressão física, emocional e espiritual, repetida e constante. Os sin­
tomas emocionais e espirituais mais comuns de estafa, estão presentes no 
desabafo de Moisés, desde o versículo 11: sensação de perigo iminente; 
medo, especialmente de fracassar; irritabilidade ou perda do domínio 
próprio; perda da motivação e do otimismo, perda da auto-estima; res­
sentimento para com Deus; dúvidas quanto ao caráter de Deus; senti­
mento de culpa falsa; sensação de estar em um deserto - aridez espiritual; 
etc.
Este quadro gerou em Moisés uma perspectiva de que sua vida não 
tinha mais sentido para ser vivida. Quando alguém chega a esse ponto, 
torna-se negativo e pessimista, de tal maneira que suas esperanças e 
expectativas futuras se tornam utópicas e falidas. A pessoa entra num 
verdadeiro ostracismo, se “encaramuja” e começa a se enxergar como 
um caso perdido, sem saída. Sua alma é pura inquietação, profunda­
mente afligida e desassossegada.
A depressão nos torna impotentes até mesmo em relação às coisas 
óbvias.
“Quando afirmamos que o sofrimento e a morte podem ser reden­
tores, não estamos afirmando que não são odiosos ou excruciantes; 
não estamos afirmando que os sofredores não experimentam a ago­
nia. Não! Estamos expressando nossa fé em que Deus não permi­
tirá que o sofrimento fique sem um propósito, mas, com nossa 
permissão, fará com que seja o solo do qual brotarão coisas como 
compaixão, simpatia, coragem e serviço”.10
A p l i c a ç ã o P e s s o a l
1. Sabemos, através da Bíblia e da história, que muitos dos chamados 
“gigantes espirituais”, como Abraão, Paulo, Spurgeon e Wesley, 
sofreram doenças graves e até depressão. Como justificar a mescla 
de provações e bênçãos de Deus em suas vidas?
2. Com qual dos sentimentos expressos na vida de Moisés, você está 
lidando no momento?
- .
( ) b) Sentimento de decepção com Deus.
( ) a) Sentimento de inadequação.
( ) c) Sentimento de solidão.
( ) d) Sentimentos decorrentes da estafa.
3. Qual é seu sentimento depois de refletir sobre a experiência de Moi­
sés?
M a t u r i d a d e p a ra 
C o m p a r t i l h a r a L i d e r a n ç a
16 E o SENHOR disse a Moisés: "Reúna setenta autoridades de Israel, que \/ocê
sabe que são líderes e supervisores entre o povo. Leve-os à Tenda do Encontro,
17para que estejam ali com você. Eu descerei e falarei com você; e tirarei do Espí­
rito que está sobre você e o porei sobre eles. Eles o ajudarão na árdua responsabi­
lidade de conduzir o povo, de modo que você não tenha que assumir tudo sozinho.
18 "Diga ao povo: Consagrem-se para amanhã, pois vocês comerão carne.
O SENHOR os ouviu quando se queixaram a ele, dizendo: 'Ah, se tivéssemos carne
para comer! Estávamos melhor no Egito!' Agora o SENHOR lhes dará carne, e
19 *voces a comerão. Voces não comerão carne apenas um dia, ou dois, ou cinco,
ou dez ou vinte, 20 mas um mês inteiro, até que lhes saia carne pelo nariz e vocês 
tenham nojo dela, porque rejeitaram o SENHOR, que está no meio de vocês, e se 
queixaram a ele, dizendo: 'Por que saímos do Egito?" 21 Disse, porém, Moi­
sés:" Aqui estou eu no meio de seiscentos mil homens em pé, e dizes: 'Darei a eles
22carne para comerem durante um mês inteiro!' Será que haveria o suficiente
para eles se todos os rebanhos fossem abatidos? Será que haveria o suficiente
23para eles se todos os peixes do mar fossem apanhados?" O SENHOR respondeu
ff Moisés: "Estará limitado o poder do SENHOR? Agora você verá se a minha pala-
24vra se cumprira ou não . Então Moises saiu e contou ao povo o que o SENHOR 
tinha dito. Reuniu setenta autoridades dentre eles e as dispôs ao redor da Tenda.
25 O SENHOR desceu na nuvem e lhe falou, e tirou do Espírito que estava sobre 
Moisés e o pôs sobre as setenta autoridades. Quando o Espírito veio sobre elas, 
profetizaram, mas depois nunca mais tornaram a fazê-lo.
Números 11.16-25
Deus solucionou o problema de sobrecarga de Moisés exposto na 
lição anterior. “O problema mereceu solução um pouco diferente 
daquela apresentada por Jetro. O coração ferido do líder é tratado pelo 
próprio Deus. Ele sabe que agora Moisés precisa, mais do que nunca, ser 
cercado por gente cheia do Espírito. Não é disto que necessitamos tantas 
vezes? Gente ao nosso redor, capaz de orar, de interceder, de oferecer um 
ombro amigo e compreensivo, um conselho sábio, vindo do próprio Espí- 
rito?”11
Alguém pode ajudar um líder, mas não substituí-lo! O versículo 16 
diz que Deus ordenou que Moisés selecionasse setenta homens para 
repartir com eles a sua liderança. O próprio Deus derramaria sobre aque­
las novas lideranças o “Espírito” que pusera sobre Moisés. Isto mostra 
que nenhum líder é indispensável, mas o Espírito Santo, sim.
Engana-se quem pensa que exercer a liderança no Reino de Deus, 
de forma séria, é uma tarefa simples. Liderar implica em responsabili­
dade, cansaço físico, doação de tempo e a imprescindível doação de si 
mesmo. Significa “ver as coisas da perspectiva de Deus e permitir que Ele 
nos mostre a verdade, significa encontrar a luz no que parece ser uma 
situação tenebrosa”12.
Todos esperam que o líder seja perfeito em tudo que é ou faz. 
As pressões vêm de todos os lados. As pressões externas, por exemplo, 
provocam um alto nível de cobrança interna, gerando ansiedade e inse­
gurança no líder. Na maioria dos casos, o “desdobramento”desses pro­
blemas gera enfermidades da alma: medo, angústia e até depressão.
Na lição anterior vimos o diagnóstico de um Moisés estafado, e o 
seu pedido desesperado para Deus matá-lo. Ele chegou a ponto de perder 
a esperança da própria vida, tal como Paulo na Ásia (2 Co 1.8). De fato, 
Moisés estava exausto, desanimado e profundamente depressivo. O caso
11 ELIAS, Maria José Almeida, Propostas Bíblicas para Liderança Cristã. Rio de Janeiro: CPAD 
1999, p. 25
12 OMARTIAM, Stormie; Fé Crucial em Tempos Difíceis. São Paulo: Mundo Cristão, 2002
parecia sem solução. Mas Deus interviu com graça. “A exagerada tirada 
de Moisés não foi respondida na mesma moeda, com outra tirada e com repre­
ensão. Antes Yahweh fez o que Moisés queria que Ele fizesse; e levou Moisés a 
delegar autoridade, aliviando-o do excesso de trabalho; e deu ao bebê chorão 
(Israel) o que ele queria: um generoso suprimento de carne...”13.
O nome para tudo isso é GRAÇA! A solução de Deus para restau­
rar Moisés da sua depressão, e o povo de sua incredulidade chama-se 
GRAÇA. Deus mostra a eles “gestos da graça”. Deus não lhes exige 
nada. A graça é de graça.
GR A Ç A PARA DELEGAR
Neste texto Deus trata de duas coisas: com o líder do povo - Moi­
sés; e com o povo. Tanto o líder quanto o povo estavam carentes da 
graça divina. Eles não poderiam sobreviver sem experimentar a mila­
grosa ação da graça de Deus.
“Não é sábio fazer de si mesmo o responsável por todas as tarefas, 
tentando solucionar todos os problemas que surgem entre os lide­
rados. Com todos os riscos a que estamos sujeitos, devemos pôr em 
prática esse conselho: repartir tarefas”.14
O primeiro a experimentar a graça de Deus foi o líder Moisés; e o 
primeiro ponto marcante da manifestação da graça em sua vida é que ele 
não demonstrou ciúme quando Deus tirou “do Espírito que está sobre 
ti”, e deu poder a outros líderes da congregação (v. 17). O caso de Moisés 
era muito complicado. O próprio Deus disse que a responsabilidade de 
conduzir o povo era muito “árdua”. Na liderança, a situação se complica 
quando nossas atividades estão desassociadas da graça, quando são regi­
das apenas por regras e obrigações.
13 CHAMPLIN, N. Russell; O Antigo Testamento Interpretado, versículo por versículo. São 
Paulo: Candeia, 2000
14 ELIAS, Maria José Almeida, Propostas Bíblicas para Liderança Cristã. Rio de Janeiro: CPAD 
1999, p. 24
Deus atendeu as expectativas de Moisés do modo mais simples 
possível. Suas incumbências seriam divididas entre setenta homens 
capazes, de boa reputação e conselheiros pastorais. Não houve, entre­
tanto, em nenhum momento, juízo de Deus contra Moisés, devido seu 
pedido para morrer (v. 15). Deus não permitiu que Moisés morresse, 
nem tirou dele a posição de liderança. Ele só tinha que delegar responsa­
bilidade. Por que muitos hesitam em delegar? P.K.D. Lee, indica as 
seguintes razões:
Eles acham que podem fazer o trabalho melhor.
Falta de assistentes competentes.
•+ Insegurança e falta de confiança.
Pare e pense um pouco: setenta homens para aliviar a carga de 
Moisés! Este homem estava muito atarefado, não é mesmo? Quais as 
implicações de uma sobrecarga? Certamente que é ativismo e estresse. 
“Pode ser que este grupo fosse formado pelos setenta anciãos que subi­
ram a montanha com Moisés (Êxodo 24.9-10).”15
A Bíblia diz que o Espírito Santo viria com poder para capacitar 
esses homens, a fim de que pudessem partilhar da pesada responsabili­
dade que estava sobre Moisés. O apoio sistemático que eles trariam ao 
ministério de Moisés era de cunho espiritual, não administrativo, era 
uma mistura de experiência e unção. Por exemplo, o ato deles profetiza­
rem revela que o serviço era de ordem sobrenatural (v. 25). Nos tempos 
bíblicos a profecia pública era um indicativo de aprovação ministerial.
Delegar poder. Esta era a tarefa de Moisés agora, que significava 
oferecer oportunidade para outros assumirem responsabilidades e auxilia­
rem na promoção do bom funcionamento do povo. O ato de delegar 
mexe com o coração e com a auto-estima, pois, ao delegarmos, partilha­
mos nossa autoridade. Portanto, a segurança do líder, quanto aquilo que 
detém, é o ponto preponderante para delegar poderes.
15 BOIS Lauriston J, Du. Comentário Bíblico BEACON, vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.
345
Concordo com o historiador Britânico, Arnold Toynbee, quando 
divide os dirigentes em dois tipos: aqueles que dominam e aqueles que 
são criativos. A maioria dominante é formada por pseudolíderes que 
dominam a situação, mas não trazem melhorias para a nação. A motiva­
ção é a autopreservação e a continuação do domínio. A minoria criativa 
é formada por aqueles que têm ideias - uma visão. Enquanto o primeiro 
usa o poder para se manter, o último usa o poder para trazer melhorias à 
sociedade.
Lembre-se do que diz o versículo 16, Moisés tinha que sair à caça 
desses homens. Ele tinha que selecionar e se comprometer com esses 
homens. Isto foi, sem dúvida, um grande teste para sua liderança. 
Segundo o escritor Lyle Schaller, os líderes tendem a permanecer muito 
tempo num cargo ou nunca o tempo suficiente. Muitos líderes que per­
manecem muito tempo no cargo causam mais prejuízo do que aqueles 
que não permanecem o tempo suficiente.
“No momento em que você divide o poder, corre o risco de que o 
grupo veja essa atitude de maneira diferente da sua. E você tem 
que estar preparado para o caso disso acontecer. Então, para mim, 
como líder, não foi sem certo temor que entrei nessa... porque vai 
chegar o tempo em que eles não vão concordar comigo e com a 
direção que precisamos ir... Então eu vou admitir para vocês minha 
vulnerabilidade nessa circunstância”.16
Na verdade, o líder não tem que mandar nas pessoas, mas apenas 
mostrar-lhes o caminho mais excelente. O verdadeiro líder não é neces­
sariamente aquele que vai à frente, mas aquele que serve de exemplo.
S U R P R E E N D ID O PELA GR AÇA
Depois de trazer solução para o problema de sobrecarga de Moisés, 
Deus se volta para o povo, para solucionar também seu problema de falta
de carne. Deus encoraja o povo a se preparar para receberem Suas mise­
ricórdias (vv. 18-23).
“E dito ao povo que se santifique. Este serviço é, basicamente, um 
aviso para que se preparem. Estes preparativos podiam ser para o 
mal, como também para o bem. Haviam de receber carne no dia 
seguinte. O povo era cético, pois estava muito longe de qualquer 
via de suprimentos. Além disto, já tinha peregrinado por tanto 
tempo, e não conseguira carne alguma. Assim reiterou o dito que já 
quase se tornara em chavão, bem nos ia no Egito. Não julgava 
assim quando cativo no Egito. Porém, a fraqueza humana faz com 
que alguém com uma tendência para ter pena de si olhe para o 
capim verde do outro lado da cerca”.17
As Escrituras dizem que Deus garantiu que iria atender o clamor 
do povo, esta seria uma provisão de Sua graça. O povo viveria uma expe­
riência inédita. Eles teriam à disposição tanta carne para comer que aca­
bariam adoecendo. Todo excesso adoece! O fato é que esse povo não 
tinha fé em Deus. Como diz Joseph Stowwell, fé é a capacidade de con­
fiar visível e destemidamente em que Deus guarda Sua Palavra e cumpre 
Sua vontade por meio de nossa vida, a despeito de incerteza, dor ou pra­
zer que experimentamos no processo. É a capacidade de tornar real em 
nossa reação à vida o fato de que ele lidará com os nossos inimigos; 
suprirá nossas necessidades; sempre realizará seu projeto; de que sua 
Palavra não retornará vazia...
Moisés não escondeu sua dificuldade em entender que Deus traria 
um suprimento de carne para tanta gente. Ele até chegou a “lembrar” ao 
Senhor que, era tanta gente que, só os homens de guerra eram seiscentos 
mil. Mas Deus lhe repreendeu, declarando que nada há de impossível 
para Seu poder (vv. 21-23).
O contexto revela que o ambiente estava propício para aplicação 
da lei, das regras: o povo havia insultado a Deus com suas queixas e cho­
ros e o líder queria morrer. A atmosfera impossibilitavaa visualização de 
qualquer gesto da misericórdia divina. Qual foi, então, a resposta de 
Deus? Sua graça restauradora! Não há nada mais libertador num 
momento desses do que contemplar o extraordinário ato providencial da 
graça de Deus. Somente a graça anula as relações de causa e efeito.
O maravilhoso “gesto da graça” de Deus está revelado no versículo 
31, que diz que um vento soprou da parte do Senhor e trouxe uma 
imensa revoada de codornizes, que encheram a terra na distância de 
alguns quilômetros. Foi tanta fartura de carne, que o povo colheu codor­
nizes da manhã até à tarde, entrando pela noite, e no dia seguinte. Quem 
apanhou pouco, chegou ao equivalente a 3.600 quilos.
Mas o povo ainda não sabia lidar com a bênção da graça. Logo, 
surge a ganância, gula - as doenças da alma! A graça é vista em ação, mas 
não é vivida integralmente. O milagre da graça se “converteu”, pelas 
neuroses do povo, em objeto de culto a si mesmo. Ora, foi devido ao espí­
rito materialista que Deus se indignou com o povo e mandou uma praga, 
que matou muitos deles (v. 33). Por que Deus fez isso? Porque o povo 
adotou uma atitude de incredulidade. Ao apanhar tanta carne estavam, 
assim, admitindo que quem mandou a fartura, não poderia mandar 
outra.
A cura para o nosso “mal” da alma só acontece completamente 
quando somos capazes de enxergar, pelas lentes da misericórdia de Deus, 
quão ridículos são os nossos caprichos e desejos; e quão doentio é o nosso 
legalismo que impede de receber a graça livremente. Para a alma legalista 
a graça de Deus gera vertigem - tonteira - impressão que tudo gira em 
torno de si mesmo, ou que ele próprio gira.
O que nos “mata” não é o Senhor, mas as nossas concupiscências, 
desejos e caprichos pessoais. O que nos destrói não é a graça, mas nossa 
imaturidade em lidar com ela.
! S .■.;"- ■ « i 
A p l i c a ç ã o P e s s o a l
-%■ r - ^ ? •*•". ;
1. Segundo o que estudamos nesta lição, você sente que existe algo em
seu íntimo que lhe “prende” e lhe “afasta” de experimentar a graça?
4
U que/
2. Quando você pensa sobre o aceitar a liberdade oferecida pela graça, 
o que lhe parece mais perturbador?
( ) a) Que Deus me peça álgo que não posso fazer.
( ) b) Que Ele exija que desista de algo que eu gostaria de manter.
( ) c) Que eu faça tudo que Ele quer, mas depois me desaponte.
( ) d) O utro:____________________________________
M a t u r i d a d e p a r a L id a r c o m o 
S e n t i m e n t o de S er " D i s p e n s á v e l "
26 Entretanto, dois homens, chamados Eldade e Medade, tinham ficado no 
acampamento. Ambos estavam na lista das autoridades, mas não tinham ido
para a Tenda. O Espírito também veio sobre eles, e profetizaram no acampa-
27mento. Então, certo jovem correu e contou a Moisés: "Eldade e Medade estão
28profetizando no acampamento". Josué, filho de Num, que desde jovem era
29auxiliar de Moisés, interferiu e disse: "Moisés, meu senhor, proiba-osl" Mas Moi­
sés respondeu: "Você está com ciúmes por mim? Quem dera todo o povo do 
SENHOR fosse profeta e que o SENHOR pusesse o seu Espírito sobre eles!" 30 
Então Moisés e as autoridades de Israel voltaram para o acampamento.
Números 11.26-30
Na lição anterior, vimos que Deus nomeou setenta anciãos para aju­
dar Moisés a carregar a carga da liderança espiritual do povo. O Espírito de 
Deus desceu sobre esses homens, os quais profetizavam, talvez para exor­
tar o povo a ter mais fé e a obedecer, pois a profecia é um dom do Espírito 
que exerce um importante papel em tempos de apostasia e fracasso.
Depois que os setentas anciãos cessaram de profetizar, Eldade e 
Medade (líderes que faziam parte do grupo seleto dos setenta), começa­
ram a profetizar, fora do arraial - numa condição não oficial. Ou seja, “o 
Senhor os visitou com uma capacitação do Seu Espírito Santo, o mesmo 
Espírito que repousava em Moisés”.18
18 BOIS Lauriston J, Du. Comentário Bíblico BEACON, vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 345
O C O M PLEX O DE JO SU É
O versículo 27 afirma que certo jovem, correu para avisar Moisés 
do ocorrido, dizendo: “...Eldade e Medade estão profetizando....” (v. 27). 
E o versículo 28 diz que, diante disto, Josué ficou contrariado pelo fato 
de outros líderes estarem sendo usados por Deus. Então, ele recomendou 
que Eldade e Medade fossem proibidos de profetizarem. Será que Josué 
não sabia que a operação do Espírito de Deus não está condicionada a 
um grupo ou nível de liderança?
Como líder auxiliar Josué não deveria ficar com ciúmes. Esta ati­
tude de Josué foi infeliz. Apenas revelou sua insegurança e imaturidade 
espiritual. “O líder experiente está ansioso por ver outros desenvolverem 
e usarem seus dons espirituais, e não está receoso em perder sua posi­
ção”.19 Todo líder que serve na igreja precisa entender que os que servem 
a Deus, são chamados da mesma maneira, nem todos vão sob a mesma 
bandeira (Lucas 9.49-50).
“É surpreendente o quanto se pode fazer quando não se dá atenção 
a quem obtém o crédito”. (Abraão Lincoln)
Além de demonstrar insegurança e imaturidade, Josué revelou tam­
bém um espírito legalista. O excesso de zelo deixa a pessoa cega. 
Ao ouvir o jovem contando o fato a Moisés, Josué se sentiu ofendido. 
Ele deve ter pensado: o que está acontecendo lá no arraial é uma mani­
festação não-autorizada, portanto, é ilegal.
Josué era auxiliar direto de Moisés, o homem que mais tarde seria 
escolhido como sucessor de Moisés para levar o povo à terra Prometida. 
No versículo 28 Josué foi enfático: “Moisés, meu senhor, proíba-os”. 
Sua atitude foi sincera, mas errada! Josué estava sendo, regido por um 
esquema de regras que o aprisionou. Este tipo de rigidez é difícil de ser 
superada; as pessoas chegam a ser implacáveis e imperdoáveis.
Moisés, não teve uma visão limitada como seu discípulo; ele diz 
que Josué está tomado de “ciúmes”, inveja - doenças da alma (v. 29). 
O pedido de Josué indica que estava com a alma saturada de inquieta- 
ções, desejo de posse, competição e receio de “perder”. Thomas Calyle 
diz que para cada cem pessoas que podem lidar com a adversidade, há 
somente uma que pode lidar com a prosperidade.
É incrível, mas Josué pediu que Moisés proibisse uma novidade 
vinda de Deus! A reação dele revelou o que estava em seu íntimo, na 
alma cansada. O tiro saiu pela culatra, pois revelou suas doenças de 
alma, um legalismo punitivo, impregnado em seu ser. Qual foi a última 
vez que você adotou uma postura como esta de Josué?
O versículo 28 nos dá conta que enquanto o jovem falava, Josué 
“interferiu e disse...’’. Mas a sua ousadia não pára por aí. Sua declaração na 
seqüência é desastrosa: “Proíba-os”. O desejo de Josué torna-se exigência 
radical. Você teria outro nome para essa atitude senão legalismo?
Os sentidos de Josué foram cegados pela presunção gerada pelo 
sentimento de superioridade oriundos do seu preconceito exacerbado. 
Quando ficamos assim, como Josué, cria-se uma barreira invisível que 
impede de perceber o que Deus está fazendo através do outro. Quantas 
vezes, assim como Josué, nos mostramos ansiosos para trazer aos “Elda- 
des” e “Medades”, a culpa de que eles não são pessoas de Deus? Esse erro, 
sutil e terrivelmente atraente, é fatal.
Posturas como essa de Josué, anulam a graça em sua plenitude 
libertadora, e traz sérias conseqüências para a saúde da vida e do ministé­
rio na igreja local. O legalismo é diametralmente oposto à graça. No lega­
lismo o mérito ou performance é uma questão essencial; enquanto que 
na graça a questão essencial é a liberdade em Cristo. O legalismo pode, 
até certo ponto, esconder o rosto e camuflar as intenções, mas não dis­
farça nem camufla sua insuficiência para gerar vida. Josué é simbolismo 
de alguns de nós. Queremos impressionar com aparências; até agimos 
com paixão, mas somos insensatos. Temos que aprender, como Josué,
que o sucesso de qualquer projeto no Reino de Deus não está vinculado a 
proibir pessoas em sua individualidade e em seu chamado de Deus.
Outra implicação na objeçãode Josué foi o medo da novidade. 
O novo sempre desafia e assusta.
Josué, na sua obsessão de ser o dono da verdade, quis demonstrar 
diligência e sensatez. Mas ele desenvolveu uma diligência legalista, 
imposta como regulamento. O verdadeiro diligente exige mais de si 
mesmo, não dos outros.
A rigor, Josué foi superficial em sua avaliação da situação. Sua per­
cepção do “problema” não foi precisa. Sua objeção foi incoerente e 
incompleta. Ao ouvir o jovem que trouxe a notícia, foi logo esboçando 
sua opinião preconceituosa. O líder não pode tirar conclusões sobre pes­
soas ou assuntos de modo precipitado; ele deve ser capaz de esperar, pro­
curar ver o quadro todo para então emitir sua opinião, para não ser 
egoísta na avaliação.
Nesta mesma linha, Bill Hybels escreveu:
“O julgamento humano sempre é limitado e, às vezes, equivocado. 
Por vezes, a melhor noção que temos sobre o que deve ser dito ou 
feito é imprudente, perigosa e até mesmo destrutiva. Quando 
chega a hora de decisões cruciais na vida, quase sempre precisamos 
de um discernimento mais profundo e de uma perspectiva mais 
abrangente que aquela que a mera sabedoria humana pode nos 
oferecer. Precisamos desesperadamente da mente de Deus nas 
questões mais sérias da vida. É o que ele nos oferece nos ensina­
mentos da Palavra e na orientação interior do Espírito. Nossa 
tarefa não é questionar nem pressupor que somos mais espertos e, 
sim confiar que Deus é mais inteligente e sabe fazer a vida funcio­
nar. Uma regra espiritual, genérica e útil pode ser: Quando estiver 
em dúvida, sempre, sempre confie na sabedoria do Senhor”.20
20 HYBELLS, Bill, Fazendo sua vida s melhor, Campinas: United Press, 2002, p. 203
FRUTO S DA E STA B IL ID A D E INTERIO R
No versículo 29, Moisés revela sua grande diferença em relação a 
Josué; ele não via as pessoas do ministério como concorrentes. Como 
líder, Moisés colocava os interesses de Deus e dos outros em primeiro 
lugar, procurando discernir as situações. Quem recebe graça sabe dis­
pensar graça. Você pode imaginar o nível de estabilidade emocional e 
espiritual de Moisés imóvel enquanto ouve o precipitado Josué? Moisés 
não oscilou quando o moço lhe trouxe a notícia que os dois homens esta- 
vam profetizando fora do arraial. Uma pessoa oscilante não consegue dis­
cernir a vontade de Deus; tão pouco trabalhar, de forma saudável, com 
outras pessoas na igreja. Será que se fôssemos nós que estivéssemos 
naquela situação, teríamos saúde emocional para discernir e avaliar a 
questão coerentemente reconhecendo que aquela era uma expressão 
espiritualmente sadia? Sua avaliação foi saudável? Ou o episódio nos tra­
ria preocupações quanto a nossa posição de autoridade? Será que não 
veríamos nisto, como Josué, uma competição? Moisés manteve-se calmo 
na mente, emoção e vontade, agiu com sabedoria e discernimento. 
Demonstrou estabilidade emocional.
Ser estável não é ser lento. Lentidão é uma característica do tem­
peramento fleumático. Isto não significa dizer que todo fleumático é 
estável emocional e espiritualmente. Ser estável é ser sólido. A estabili­
dade é uma qualidade interior de alguém que não pode ser movido facil­
mente. Não se trata de teimosia ou obstinação.
“A perseverança é a prova máxima da liderança. È a prova do 
ácido. O que você faz quando o caminho se torna duro? Como 
você conduz as coisas quando alguém zomba de você? Talvez suas 
palavras firam você, mas não podem detê-lo. O segredo do sucesso 
consiste simplesmente em durar mais do que os seus críticos”.21
Como líder, Moisés tinha que ser um homem exato, preciso, tanto 
em palavra como em ação. Ele não podia fazer as coisas de improviso ou 
deixá-las “mais ou menos” feitas. Os liderados esperam dos seus líderes, 
precisão. A atitude de Moisés reconhecendo Eldade e Medade como 
homens de Deus e cheios do Espírito Santo, revela o quanto ele era pre­
ciso e coerente.
Moisés explica a Josué que o ministério de profetizar não era “só” 
dele, mas do Corpo de Cristo. Os versículos 29 e 30 mostram que Moisés 
está diante de uma situação de pressão, de sentir-se “dispensável”. Mas 
ele não se moveu; portou-se como alguém de visão ampla. Sua resposta 
mostra que estava seguro e consciente de seu chamado. Moisés era um 
homem livre de segundas intenções. Ele lidou com todas as questões 
imparcialmente; sua justiça o levou a aprovar e dar crédito, publica­
mente, a Eldade e Medade: “... Quem dera todo o povo do SENHOR fosse 
profeta e que o SENHOR pusesse o seu Espírito sobre eles!" (v. 29).
O que vemos em Moisés aqui não é uma postura de moralidade, 
mas de caráter. Além do mais, ele reconheceu as contribuições para o 
Reino de Deus de Eldade e Medade. Entretanto, não podemos confundir 
reconhecimento das contribuições de nossos liderados com aquelas ati­
tudes típicas dos apertos de mãos e tapinha nas costas, que servem ape­
nas de encorajamento. O verdadeiro reconhecimento tem que expressar 
expectativas positivas que levam a resultados positivos, celebrando valo­
res e vitórias, através de cinco práticas: modelo, inspiração, contestação, 
capacitação e estímulo.
Portanto, o líder não vai conseguir tratar uma questão como esta, 
desta forma, se existir em seu caráter o elemento injustiça e do jogo polí­
tico. Ser justo não basta, é necessário ter simplicidade e singeleza de 
coração, no trato com as pessoas. E assim que líderes mobilizam outros 
para se dedicar aos altos ideais do Reino de Deus.
“O líder torna o trabalho excitante. Além de dar sentido ao seu 
trabalho, um líder efetivo deve dar um senso de orgulho a sua
equipe. Este senso de orgulho pode vir de um grau de autonomia 
para tomar decisões ou na utilização de técnicas próprias no traba­
lho, etc. Onde os padrões são altos, as pessoas ficam felizes com sua 
atuação e envolvimento com a organização. Onde os padrões são 
baixos as pessoas ficam frustradas e infelizes”.22 
Por que nada ameaçava a posição de liderança de Moisés? Porque 
ele era, sobretudo, corporativo, e sabia trabalhar em equipe. Era também 
um homem aberto - capaz de receber ajuda espiritual de outro. Moisés 
demonstrou com esta atitude, que a estatura espiritual de um homem é 
medida pela altura em que levanta seus liderados.
Portanto, não seja individualista! Nunca queira trabalhar sozinho. 
“Nossa cultura foi construída sobre o incentivo para as pessoas permane­
cerem sós e traçarem seu próprio caminho. Esse valor social opera con­
tra o senso de comunidade que a igreja neotestamentária reflete. 
Os cristãos não são ferrenhos individualistas, mas sim um corpo de 
irmãos e irmãs em Cristo. Como cristãos, estamos ancorados nos valores 
bíblicos, dispostos a nos entregar em benefício da comunidade, a nos 
submeter à prestação de contas à coletividade e à sua disciplina, quando 
necessário, e a buscar o melhor para o corpo de Cristo - em oposição à 
atitude de buscar o melhor para nós mesmos”. 23
Desde cedo o líder precisa aprender que a obra de Deus necessita 
de colaboradores. Ser corporativo e aberto fará com que o líder não se 
sinta ameaçado por companheiros como os “Eldades” e “Medades” na 
caminhada.
Posicione-se a respeito de si mesmo. Quem é você? Você é aquilo 
que se vê! Aquilo que está dentro de você, de alguma forma, é exteriori- 
zado. Somente quando o líder se autoconhecer e se aceitar é que come­
çará a transmitir saúde para os que lhes cercam. Só então, é que os 
“Eldades” e “Medades” passarão de competidores a parceiros.
22 LEE, P.K.D., Liderando com Excelência. São Paulo: SOCEP, 2001, p. 99
23 ETOWELL, Josepk, Pastoreando a Igreja. São Paulo: Vida, 2000, p. 286
O medo de não ser aceito ou compreendido leva muitos líderes a se 
calarem, guardando consigo a sua dor e conflitos, gerando assim resulta­
dos drásticos para sua saúde física e psíquica.
Como diz Kouzes Posner: “Líderes exemplares defendem algumas 
coisas, acreditam em algumas coisas e se preocupam com algumas coisas. 
Encontram sua própria voz, deixando claro quais são seus valores pesso­
ais e expressandoesses valores a seu próprio estilo, único e autêntico. 
Líderes também sabem que não podem impor pontos de vista às outras 
pessoas. Ao invés disso, trabalham incansavelmente para alimentar o 
consenso ao redor de um conjunto de princípios comuns”.
A p l i c a ç ã o P e s s o a l
1. Qual foi a última vez que você se sentiu “dispensável”?
2. Como você lidou com isso? (Ainda está lidando com este senti- 
mento?)
. "Vásw. • - .ví.s- t j j ' S y S f t l « S i - ' ’ ■
3. Que lições você tirou desta experiência?
M a t u r i d a d e p a r a L i d a r c o m a 
S i t u a ç ã o Q u a n d o s e é " M a l 
i n t e r p r e t a d o "
1 Miriã eA rão começaram a criticar Moisés porque ele havia se casado com uma 
mulher etíope. "Será que o SENHOR tem falado apenas por meio de Moisés?", 
perguntaram. "Também não tem ele falado por meio de nós?" E o SENHOR
q
ouviu isso. Ora, Moisés era um homem muito paciente, mais do que qualquer
outro que havia na terra. 4 Imediatamente o SENHOR disse a Moisés, a Arão e a
Miriã: "Dirijam-se à Tenda do Encontro, vocês três". E os três foram para lá. 5 
Então o SENHOR desceu numa coluna de nuvem e, pondo-se à entrada da
Tenda, chamou Arão e Miriã. Os dois vieram à frente, 6 ele disse: "Ouçam as 
minhas palavras: Quando entre vocês há um profeta do SENHOR, a ele me 
revelo em visões, em sonhos fa lo com ele. 7 Não é assim, porém, com meu servo
O
Moisés, que é fie l em toda a minha casa. Com ele fa lo face a face, claramente, 
e não por enigmas; e ele vê a form a do SENHOR. Por que não temeram criticar 
meu servo M oisés?" Então a ira do SENHOR acendeu-se contra eles, e ele os 
deixou.10 Quando a nuvem se afastou da Tenda, Miriã estava leprosa; sua apa­
rência era como a da neve. Arão voltou-se para Miriã, viu que ela estava com 
lepra.
Números 12.1-10
O texto acima fala que o pecado de Miriã consistia em ciúme. 
“A passagem é bastante clara em mostrar que foi Miriã quem iniciou a 
crítica e que Arão, como sempre, foi mero porta voz. A crítica que fize­
ram de Moisés era dupla: o desgosto por ele escolher uma esposa e a
questão sobre por que Miriã e Arão não deveriam ser reconhecidos, ao 
lado de Moisés, como competentes para receber as mensagens de Deus”.
Uma série de fatores atua no ser humano e motiva cada pessoa a 
agir ou reagir dessa ou daquela maneira. Estes agentes atuantes podem 
ser de natureza interna, isto é, partindo do próprio indivíduo, como tam­
bém externos, que são os estímulos do meio ambiente. A natureza 
humana é assim,vive à procura de meios de dissimular a verdade para 
não obedecer à declaração direta de Deus.
O interpretar mal aos outros é natural no ser humano e este age ou 
reage segundo a sua interpretação. Portanto, como isto é uma possibili­
dade nas relações interpessoais, o líder não deve deixar esta pressão 
“pegá-lo” pelo coração. Ele não deve ficar retido ao ciclo das pressões.
A FA LÁ CIA DE UM C O R A Ç Ã O C IU M EN T O
A atitude inadequada adotada por parte de Miriã e Arão, auxilia- 
res de Moisés, resultou em juízo divino. Como podemos ver, o espírito de 
murmuração e crítica havia atingido também o alto escalão da liderança 
de Israel: questionaram a liderança de Moisés.
Observe que o texto começa sugerindo que a raiz do problema 
poderia ser a segunda mulher de Moisés. Esta era uma acusação de 
cunho de transgressão moral ou legal. Lembrando que a primeira esposa 
de Moisés, Zípora, possivelmente já tinha morrido, e ele deve ter-se 
casado novamente, com uma mulher cusita, etíope. Todavia, a partir do 
versículo 2, percebemos que a raiz do problema de Miriã era outro. 
A mulher de Moisés foi apenas um pretexto. Ela expressou uma mágoa 
alojada em seu coração há muito tempo, que brotou expressando um 
coração ciumento.
“A raiz dos conflitos internos e da discórdia sempre está no egoísmo.
Os conflitos sempre têm a ver com o egoísmo. Sempre! Quando há
um conflito entre o que eu quero e o que você quer, temos um pro-
blema, e esse problema, se não é resolvido, acaba em conflitos e 
divisões”.24
A segunda reivindicação de Miriã e Arão deixa clara a verdadeira 
intenção deles. O que eles queriam mesmo era remover Moisés do poder, 
ou no mínimo dividir sua autoridade. Pois o viam como um ditador, 
alguém que procurava controlar tudo ao seu redor. E, agora, queriam dis­
cutir seus direitos como líderes que eram. Como disse Lord Acton: 
“o poder corrompe, e o poder absoluto corrompe de maneira absoluta”.
O detalhe é que eles cometeram um erro de cálculo, pois a autori­
dade de Deus estava por trás de Moisés; opor-se a Moisés era opor-se a 
Deus. Que encrenca! Isto nos mostra que “nem Arão nem Miriã conhe­
ciam a autoridade de Deus. Eles alimentaram um coração rebelde por 
posicionar-se numa base natural. Moisés não respondeu; pois sabia que 
se ele era autoridade nomeada por Deus não havia necessidade de que 
alguém o protegesse. Qualquer pessoa que falasse contra ele tocaria 
morte. Moisés nem precisava abrir a boca. Desde que Deus lhe havia 
dado autoridade, ele não precisava falar. Um leão não precisa de prote­
ção, porque ele é autoridade”.25
Não podemos nos esquecer que Arão e Miriã eram irmãos e auxi- 
liares diretos de Moisés. Arão era o sumo sacerdote de Israel e Miriã a 
profetisa. No contexto da família, Moisés deveria estar debaixo da auto­
ridade de Arão e Miriã, pois era mais novo, mas no Reino de Deus, eles é 
que deveriam estar debaixo da autoridade de Moisés. Eles até poderiam 
repreendê-lo no âmbito dos relacionamentos familiares, mas não podiam 
ultrapassar a posição de autoridade de Moisés.
Arão e Miriã lideraram uma campanha de murmurações contra 
Moisés. O que eles estavam querendo? Uma posição ainda mais alta. 
Moisés foi traído e caluniado na sua privacidade doméstica; ele foi mal 
interpretado. Havia uma carência severa, até mesmo desesperada, no
24 WARREN, Rick, Liderança com Propósito. São Paulo: Vida, 2008, p. 123
25 NEE, Watchman; Autoridade e Submissão. São Paulo: Árvore da Vida, 2001
caráter deles. Para Miriã e Arão não havia a menor importância se a pes­
soa à sua frente era Moisés, o líder escolhido por Deus. A “obsessão” por 
querer ser líder a qualquer custo, vem sempre acompanhada de um espí­
rito crítico, gerado por uma compulsão destrutiva.
O modo grosseiro como Miriã e Arão agiram, nos choca e alerta; 
pois foram iguais a homens bombas, pilotos homicidas, opressores de si 
mesmo. Sempre que nos deixamos intoxicar por compulsões carnais, às 
vezes até praticadas em nome de Deus, negamos a graça e ficamos a 
mercê do juízo divino, sujeitos à “lepra” espiritual e aos distúrbios da 
alma.
Ninguém, exceto Deus, podia tirar a autoridade de Moi- 
séslQuando nos inclinamos para a carne cogitamos as coisas da carne. 
Não há nada mais carnal do que a sede por poder, status, autovalorização 
e superioridade. “Estar na carne”, portanto, é estar vivendo da presunção 
humana: iras, pelejas, dissensões, invejas, etc., são atitudes que “mor­
dem”, “devoram” e “consomem” uns aos outros.
O pastor Rick Warren diz que a liderança vem acompanhada de 
três vantagens primordiais:
Posição - Você pode chegar a estar mais alto. Você será tentado 
a fazer mau uso do poder.
•+ Poder - Você pode chegar a fazer mais. Você será tentado a abu­
sar do seu poder.
**■ Privilégio - Você pode chegar a ter mais. Você será atentado a 
tirar lucro dos seus privilégios.
CO M O SE PO RTAR Q U A N D O SE É MAL 
IN T ER P R ET A D O ?
Uma das principais tarefas do líder é proteger a unidade. O versí­
culo 3 diz que Moisés era “mui manso". Mansidão. Esta é a chave. Não 
basta disciplina, entusiasmo, persistência e competência. Outras virtu­
des são indispensáveis para um líder ser bem sucedido no Reino de Deus. 
E a mansidão é a principal delas. O termo “manso” no versículo acima se 
refere à virtude da ternura e modéstia em Moisés, que neste contexto sig­
nifica “força sob controle” diante das pressões.
Arão e Miriã falavam mal contra Moisés, a pessoa que represen­
tava a autoridade

Mais conteúdos dessa disciplina