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85
 Lendo um quadro
A arte é uma forma que o homem encontrou 
para marcar sua presença no mundo e fazer com 
que essa ação transforme sua interpretação do 
mundo. Dessa maneira, os objetos artísticos 
expressam a proposta de uma nova realidade e 
falam à nossa imaginação. A verdadeira arte não 
tem a intenção de mostrar o mundo como ele 
realmente é. Sua intenção, na verdade, é a de 
mostrar as coisas como o artista as interpreta, ou 
seja, como elas poderiam ser. Arte é um jogo.
Portanto, o valor desse jogo não está em 
copiar a realidade, mas na representação simbó-
lica que o artista faz do mundo. Essa é a razão de 
o fenômeno artístico ser tão importante. Usando 
a arte e fazendo dela o seu modo de revelar o 
mundo, o artista atribui significado às coisas 
que o cercam, modificando a sua realidade e 
transformando suas experiências em objetos 
simbólicos.
Há séculos os críticos procuram definir o 
que é arte. Na sequência, veremos as tentativas 
de conceituação desse termo sob o ponto de 
vista de dois pensadores em diferentes momen-
tos da história:
“A arte é aquilo em que o mundo se transformará, 
não naquilo que o mundo é”(KRAUS apud BARELLI, 
2001, p. 61).
“A arte é a mentira que nos permite conhecer a ver-
dade” (PICASSO apud BARELLI, 2001, p. 62).
Ao criar, o artista parte da intuição e percor-
re todo um caminho até finalizar sua obra. Esse 
caminho que o artista percorre passa pela capa-
cidade que ele tem de transformar experiências 
pessoais, alimentá-las de criatividade e torná- 
-las visíveis para o espectador. É uma interação 
entre razão e sensibilidade com um ingrediente 
fundamental: liberdade de expressão.
Já o observador faz um trajeto diferente, 
ele inicia seu conhecimento diante obra. Esse 
trajeto nem sempre é fácil, pois exige treinamen-
to de sensibilidade, disposição para entender 
a obra e algum conhecimento de História e de 
História da Arte. Portanto, entender a cadeia de 
ferramentas de interpretação é importante para 
a fruição estética.
Diante disso, o que você acha de fazermos 
algumas observações a importantes obras de 
arte da história da humanidade?
Viajando em um quadro
Para iniciarmos nossos estudos é neces-
sário, em primeiro lugar, que se estabeleçam 
algumas distinções entre as várias modalidades 
de arte: arte figurativa, arte abstrata, arte mo-
derna e arte contemporânea.
Arte figurativa • : retrata um lugar, um 
objeto ou pessoa de forma que possam 
facilmente ser identificados. Essa forma 
de arte tem sua origem na expressão dos 
primeiros homens das cavernas e perdu-
ra até nossos dias. Ela não se importa 
com a maneira de retratar; o essencial 
para ser reconhecida como arte figurativa 
é que seja possível reconhecer o objeto, 
seja uma mulher, uma árvore, um pássa-
ro ou uma flor.
Arte abstrata • : utiliza-se apenas de for-
mas e cores, sem qualquer menção a 
objetos reais. O movimento abstrato foi 
um acontecimento inédito e pretendia 
mostrar que a arte não é apenas um pro-
duto de concepção artística, mas sim um 
processo ativo de criação. As pinceladas 
fortes e manchas dos pintores abstracio-
nistas serviam para mostrar sentimentos, 
e estes não podem ser figurados, na 
opinião dos artistas dessa época. Essa 
arte começou a ser produzida no início 
do século XX.
O abstracionismo pode ser dividido em duas 
tendências: o expressivo e o geométrico. O abstra-
cionismo expressivo inspirava-se no instinto, na 
intuição e no inconsciente para produzir uma arte 
imaginária ligada a uma “necessidade interior”. 
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
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Arte moderna • : foi produzida a partir do 
final do século XIX e se estende durante o 
século XX. Os artistas modernos desafia-
ram com violência as convenções da épo-
ca e Paul Gauguin disse uma frase que 
pode ser entendida como porta-voz desse 
desejo: “quebrar as janelas velhas, ainda 
que cortemos os dedos nos vidros”.
Essa frase mostrou-se como o coração 
da filosofia artística da Arte Moderna, ou seja, 
a rejeição ao passado e a busca incessante 
de liberdade de expressão. Os artistas desse 
período lutaram para serem libertos de servir a 
um mecenas e elegeram sua imaginação e sua 
vontade como única mandatária da expressão.
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Composição com Amarelo, Azul e Vermelho, 1937. 
Piet Mondrian. Londres, Tate Gallery. Óleo sobre tela.
Um dos grandes artistas dessa tendência foi o russo Wassily Kandinsky (1866-1944). O abstracionismo 
geométrico, por outro lado, expressa uma racionalização, baseada na análise intelectual e científica 
do mundo. Um nome emblemático dessa linha foi o holandês Piet Mondrian (1872-1944).
Muitos artistas foram considerados, por diferentes críticos, como sendo os primeiros a ter 
pintado um quadro abstrato, entretanto essa discussão não tem fim, pois não há como sabermos 
quem se tornou o primeiro a explorar essa nova forma de expressão. Apenas podemos indicar que 
o Movimento Abstracionista Geométrico foi o primeiro a mostrar uma visão de mundo por meio de 
cores e isso ocorreu por volta da primeira década do século XX. Já o Expressionismo Abstrato foi 
identificado pela primeira vez entre os anos 1940 e 1950.
A seguir vemos duas obras desses artistas, com nomes similares, que demonstram a distinção 
dessas duas tendências da arte abstrata.
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Amarelo, Vermelho, Azul, 1925. Wassily Kandinsky. Paris, Centro Georges Pompidou. Óleo sobre tela. 
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
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Arte contemporânea • : é a produção ar-
tística dos últimos 40 anos que levanta 
questões ligadas à cultura contem-
porânea. Todas as formas, todos os 
materiais e linguagens são permitidos 
nessa nova modalidade artística e se ex-
pandem com velocidade incrível, criando 
um labirinto que muitas vezes confunde 
o espectador. Calcula-se que hoje em 
dia existam mais artistas estabelecidos 
trabalhando do que ao longo de todo o 
Renascimento, que durou mais de 300 
anos. Estamos numa nova situação em 
que correntes dominantes não existem 
e a arte contemporânea é quase indefi-
nível. Isso faz sentido no mundo em que 
vivemos que se mostra um mundo em 
constante mutação.
Já sabemos que a arte é uma linguagem 
universal e que para apreciá-la é necessário 
certo grau de conhecimento. A partir desse mo-
mento, vamos praticar a leitura de um quadro 
a partir de grandes obras de arte da história. 
Iremos aplicar alguns de nossos conhecimentos 
e descobrir, num exame mais detalhado, o que 
há de especial em alguns quadros. Dessa forma, 
pretendemos despertar emoções e mostrar um 
mundo novo que apenas as grandes obras de 
arte podem proporcionar.
Existe uma grande diferença entre olhar 
uma obra de arte e senti-la. O que pretendemos 
propiciar a você é um compromisso rico e estimu-
lante com a arte que lhe permita passar de um 
observador passivo para um debatedor animado 
com o mundo da arte. Vamos lá?
O Barroco Espanhol
até mesmo imperfeita e extravagante. Alguns 
estudiosos chegavam a considerar o estilo 
Barroco como a decadência do Renasci-
mento.
A origem da palavra Barroco: 
pérola imperfeita
A origem dessa palavra até hoje é incer-
ta, mas acredita-se que [...] seu significado, 
“pérola de formato irregular”, tenha tido 
inicialmente uma conotação negativa. Os 
críticos de arte começaram a usar esse 
termo para se referir a uma arte que muitos 
consideravam exagerada em suas formas, 
Esse movimento artístico foi muito influen-
ciado pela Igreja, pois a dinastia espanhola dos 
Habsburgo era muito religiosa. Os reis Filipe II, 
Filipe III e Filipe IV eram detentores do poder na 
Espanha em torno do século XVI e mantinham 
uma ortodoxia religiosa que perseguia com a 
Inquisição1 qualquer outra forma de religião. As 
obras do Barroco espanhol retratavam, além 
da religião, os interiores dos palácios, cenas 
mitológicas e naturezas mortas, entretanto 
havia visivelmente um componente de devoçãoreligiosa no clima de seus quadros.
Diego Velázquez (1599-1660) foi profun-
damente influenciado por Caravaggio, mas 
prontamente conseguiu impor um estilo próprio 
com domínio da luz, segurança de formas e 
composição, criando sua própria ambientação. 
Velázquez serviu à corte dos Habsburgo, mas 
não se limitou a glorificar o rei. Conseguiu criar 
um grau de amizade com o rei Filipe IV e foi re-
compensado com a facilidade de retratar uma 
atmosfera de intimidade dentro do palácio.
O quadro que vemos a seguir, As Meninas 
é um verdadeiro documento de uma época. Esse 
quadro mede 318 x 276cm e foi pintado em 
1656. Nessa época, mostrar a vida palaciana e 
os modos dos que rodeavam o rei e seus des-
cendentes era uma prática usual. Atualmente, 
esse quadro se encontra no importante Museu 
do Prado, em Madri, capital da Espanha, e está 
protegido por um vidro à prova de bala, por se 
tratar de um tesouro. Vamos ver alguns detalhes 
dessa obra que mostra uma cena íntima da corte 
do século XVII e é uma das mais importantes da 
história da arte.
1 A Inquisição foi instituída pela Igreja Católica no auge da Idade 
Média como forma de conter a diversidade de credos. Os que não 
apoiavam a Igreja eram implacavelmente perseguidos e os inte-
lectuais eram as maiores vítimas. Não se admitia pesquisas reli-
giosas ou especulações científicas. São exemplos de estudiosos 
perseguidos Giordano Bruno e Copérnico. Muitos acusados eram 
condenados por causarem desde terremotos até doenças. As 
penas variavam entre perda dos bens, prisão ou pena de morte.
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As Meninas, 1656. Diego Velázquez. Madrid, Museu do 
Prado. Óleo sobre tela. 
Ao centro vemos a princesinha Margarida 
Teresa rodeada por suas aias2, um tutor, a pa-
jem, uma anã e um cão. No reflexo do espelho, 
ao fundo, estão o rei e a rainha observando a 
cena. Essa obra foi pintada nos aposentos de 
verão do rei.
Ao lado esquerdo vemos um autorretrato 
do próprio Velázquez concentrado a pintar uma 
enorme tela. Em seu peito vemos uma grande 
cruz vermelha que significa que ele foi condeco-
rado com a Ordem de Santiago dos Cavaleiros 
da Corte.
A variedade de luzes desse quadro é enorme: 
vemos a luz saindo diretamente de uma janela à 
direita do quadro, outra luz que atravessa a porta 
ao fundo e ainda uma penumbra dentro da pró-
pria ambientação do quadro. As diversas formas 
de luz criam vários contrastes de cores, luzes e 
sombras que vão de delicadas velaturas até for-
tes pinceladas de tinta que permitem fazer a cor 
brilhar em pontos claros nas roupas da princesa, 
das aias e na manga do pintor. As cores quentes 
supõem um clima palaciano de movimento e ca-
lor. Inicialmente podemos ver que esse quadro 
2 Aia: encarregada doméstica da educação de crianças nobres. 
(FERREIRA, 1999, p.78).
é composto por uma paleta de pouquíssimas 
cores. Sua prioridade é retratar o ambiente em 
tons entre o branco, cinza e negro. Entretanto, a 
beleza das cores está nos detalhes.
O que faz com que essas cores tenham um 
grande valor é terem sido colocadas em pontos 
importantes e na quantidade certa. Veja que 
os vermelhos são colocados em detalhes de 
roupas em pontos fundamentais da composi-
ção do quadro: o peito de Velázquez, o peito da 
princesa, os punhos da princesa e da aia, uma 
cortina refletida no espelho, no entando, a maior 
concentração da cor está no canto direito inferior 
da tela, no vestido da criança. Essa habilidade 
de colocar no lugar certo a quantidade certa de 
cor é uma das grandes qualidades desse grande 
mestre da pintura.
O historiador da arte Ernest Gombrich fez 
uma análise desse quadro que vale a pena expor 
para finalizar nossa análise:
O que significa exatamente tudo isso? É possível que 
nunca saibamos, mas eu gostaria de imaginar que 
Velázquez fixou um momento real de tempo muito 
antes da invenção da câmera fotográfica. Talvez a 
princesa tenha sido trazida à presença de seus régios 
pais a fim de aliviar o tédio da longa pose do quadro, 
e o rei ou a rainha comentasse com Velázquez que 
ali estava uma tema digno do seu pincel. As palavras 
proferidas pelo soberano são sempre tratadas como 
uma ordem, e, assim, é provável que devamos essa 
obra-prima a um desejo passageiro que somente 
Velázquez seria capaz de converter em realidade. 
(GOMBRICH, 1999, p. 408)
Magritte e o 
Movimento Surrealista
O pintor belga René Magritte (1898-1967) 
foi um dos seguidores do Surrealismo, mas sua 
poética foi também influenciada por pintores 
metafísicos como de Chirico. Ele gostava de 
flertar com duplos sentidos e sua arte exem-
plifica a tendência dos pintores surrealistas 
de brincar com a dualidade de interpretações. 
Ele iniciou sua carreira como pintor comercial 
desenhando papéis de parede para decoração 
e até desenho de moda.
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dadaísmo e surrealismo
Durante a I Guerra Mundial alguns ar-
tistas exilados na Suíça fundaram um mo-
vimento artístico que refletia a descrença 
em valores que eram incapazes de evitar a 
grande destruição a que assistiam. Esse mo-
vimento foi chamado de Dadá, palavra que 
significava na linguagem infantil “cavalo”. Os 
dadaístas pretendiam fazer uma arte liberta 
dos pensamentos racionais e se apoia-
vam na difusão dos estudos de Freud que 
chamavam a atenção para o Inconsciente. 
Essa arte sugeria composições psíquicas, 
combinava elementos ao acaso e propiciou 
o surgimento do Surrealismo. Essas obras 
nada devem à razão, à moral ou a qualquer 
regra. Para os surrealistas as obras de arte 
são resultado de manifestações absurdas e 
ilógicas como sonhos e alucinações.
Magritte, como seguidor do Surrealismo, 
não era apenas contrário à racionalidade; havia 
em suas obras uma calculada libertação que 
levava a um resultado extremamente criativo 
que vinha diretamente de sua imaginação. 
Entretanto, para ele, a pintura não deve se 
confundir com algum aspecto do mundo, com 
alguma coisa palpável. Em um prefácio escrito 
para sua exposição em Dallas, nos EUA, em 
1961, Magritte dizia que não se deve tomar 
o desenho de um pão com geleia como algo 
comestível, pois a imagem pintada deve evocar 
um mistério. Esse é o espírito do quadro desse 
artista que estudaremos agora: ele se chama 
Isto não é um Cachimbo.
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A Traição das Imagens, 1928-1929. René Magritte. 
Museu de Arte de Los Angeles.
Leia o texto a seguir do filósofo Michel 
Foucault (1988, p. 19) que fala da ambiguidade 
dessa imagem: “O desenho de Magritte é tão 
simples quanto uma página tomada de um ma-
nual de botânica: uma figura e um texto que a 
nomeia. Nada mais fácil de reconhecer que um 
cachimbo desenhado como aquele [...]”. O que 
ocorre, segundo ele, é que logo depois vem a 
contradição de um texto escrito logo abaixo da 
imagem: “Isto não é um cachimbo”. O filósofo 
se diz desconcertado ao relacionar o texto ao 
desenho e era exatamente isso o que o pintor 
desejava, ou seja, romper com a racionalidade 
e causar essa espécie de desconforto.
Na citação a seguir você pode constatar 
nas palavras de Gombrich uma outra análise da 
obra de Magritte.
Ouvimos que quando o pintor belga René Magritte 
(1898-1967) viu pela primeira vez uma reprodução de 
sua pintura sentiu, como escreveu depois, “que ela 
representava uma completa ruptura com os hábitos 
mentais de artistas que são prisioneiros do talento, 
do virtuosismo e de todas as pequenas especiali-
dades estéticas: era uma nova visão...” Ele seguiu 
essa direção ao longo da maior parte de sua vida, 
e muitas de suas imagens oníricas, pintadas com 
meticulosa precisão e exibidas com títulos confusos, 
são memoráveis porque inexplicáveis.”(GOMBRICH, 
1999, p. 590)
Ao evocar o inconsciente em suas obras, o 
pintor surrealista procurava criar uma arte que 
simbolizasse um potencial oculto. Melhor dizen-
do, o Surrealismoqueria ir além do realismo, 
buscando o bizarro para expressar verdades 
ocultas. Magritte usava escancaradamente téc-
nicas ilusionistas e realistas para apresentar 
alucinações que desafiavam o senso comum. 
Colocando objetos cotidianos em situações 
incríveis, transformava-os em seu contexto e 
os levava a uma visão irreal que transcendia a 
lógica e os tornava inexplicáveis.
Vincent Van Gogh
Entrar em contato com a pintura de Van Gogh é 
estar diante de uma obra apaixonante. Esse artista 
se empenhou até as suas últimas forças para recriar 
a beleza da natureza por meio das cores e da força 
de suas pinceladas. Foi aos 27 anos que Vincent 
Van Gogh (1853–1890) decidiu tornar-se pintor 
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depois de inúmeras tentativas de encontrar uma profissão que lhe trouxesse alguma satisfação. Sua 
vida foi turbulenta e permeada por uma busca incessante por reconhecimento. Nascido na Holanda, 
ele foi contemporâneo de muitos mestres da pintura. Entretanto, foi um artista extremamente solitário. 
Sua única tentativa de aproximação com seus pares foi com Paul Gauguin3, experiência que lhe deixou 
profundas marcas emocionais e acabou levando-o à loucura.
Sua primeira fase relaciona-se com sua antiga profissão de pastor religioso, quando observava 
os mineiros e trabalhadores sofridos de sua época. Sua pintura era permeada por tons escuros e 
seus personagens sombrios eram frequentemente iluminados apenas por uma luz de lampião.
Depois de vários conflitos pessoais ele seguiu para Paris, onde teve contato com as cores 
do movimento Impressionista e isso foi decisivo para sua nova maneira de pintar. Foi então que 
o pintor reduziu os detalhes de seus quadros, eliminou os tons escuros e inundou seus quadros 
de luz. Em 1888, foi para Arles e passou a pintar ao ar livre. O Sol intenso da região que escolheu 
para morar interferiu definitivamente na luz de suas obras. O artista tornou-se, então, um colorista 
como nenhum outro.
Na época em que pintou o quadro que veremos a seguir, Trigal com Corvos, em 1890 (50cm 
x1m), Van Gogh pintou mais de 80 telas em três meses. Ele estava se recuperando de uma crise 
nervosa que o colocou internado numa clínica psiquiátrica. A representação turbulenta do campo 
de trigo pode ser interpretada como sinal de sua confusão interior. Em julho do mesmo ano, Van 
Gogh se suicidou, deixando uma quantidade incrível de trabalhos: mais de 800 pinturas e 1 800 
desenhos e gravuras.
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Trigal com Corvos, 1890. Vincent Van Gogh. Amsterdã, Museu Van Gogh. Óleo sobre tela.
As pinceladas da tela Trigal com Corvos são aplicadas lado a lado sem se misturarem, elas apenas 
servem de instrumento para modelar a paisagem. O fundo da paisagem mostra um céu revolto num 
conjunto de cores frias que vão de um azul-cinzento até um azul-marinho. Existe um grande contraste 
entre o amarelo do campo e o azul do céu, o fundo perturbado sugere a instabilidade emocional do 
artista. As poucas cores que se pode identificar no quadro fora o azul e amarelo estão em primeiro 
plano em verdes ácidos, vermelhos terra e negros que representam os corvos. A natureza atinge a 
alma de Van Gogh de maneira ameaçadora, mas ele se torna senhor da rebeldia dos ventos e mostra 
seu poder diante dessa força ao domar sua representação com pincéis e tintas. Van Gogh observava 
3 Paul Gauguin (1848-1903) era um homem desprovido de humildade, começou a pintar tarde, pois antes se tornou um próspero corre-
tor da Bolsa de Valores. Autodidata, abandonou a Europa e foi morar nas ilhas dos Mares do Sul, onde produziu suas mais importantes 
obras. Em 1888, Gauguin foi ver Van Gogh em Arles e o temperamento forte de ambos levou Van Gogh à mais grave de suas crises 
nervosas, quando num acesso de fúria decepou a própria orelha.
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a vida e a pintava da maneira que a sentia, o que 
é uma das características dos pintores do Movi-
mento Pós-Impressionista.
O brasileiro Candido Portinari
Portinari nasceu em Brodósqui, São Paulo, 
em 1903 e é o artista brasileiro mais conhecido 
do Movimento Modernista, que surgiu durante a 
Semana de Arte Moderna. Portinari dedicou sua 
vida integralmente à pintura e sua carreira ini-
ciou quando foi convidado por artistas italianos 
a ajudar a pintar o teto da igreja de sua cidade. 
Como tinha apenas nove anos, sua tarefa foi 
pintar as estrelas. Aos 16 anos mudou-se para 
o Rio de Janeiro para estudar na Escola Nacional 
de Belas-Artes. Lá se destacou como aluno e 
ganhou como prêmio uma viagem à Europa no 
ano de 1929.
A Semana de Arte Moderna provocou 
agitação no meio artístico brasileiro. Poucos 
artistas tiveram a coragem de aderir a esse 
movimento que tinha como característica 
expor e valorizar a cultura brasileira. Faziam 
parte desse grupo: Ismael Nery, Cícero Dias, 
Bruno Giorgi e Candido Portinari. A Semana 
aconteceu em 1922 no Teatro Municipal de 
São Paulo. A experiência não foi bem rece-
bida pela elite intelectual paulista que era 
simpatizante das estéticas conservadoras 
europeias. Na pintura, destacou-se Anita 
Malfatti, que realizou a primeira exposição 
modernista em 1917. Suas obras eram 
influenciadas pelo Cubismo e Futurismo 
e escandalizaram a sociedade da época. 
Monteiro Lobato não poupou críticas à jovem 
pintora e foi justamente essa atitude do inte-
lectual que provocou a união dos artistas que 
culminou na Semana de Arte Moderna.
que enfatizavam a temática social. Participou de 
inúmeras exposições no Brasil e exterior, sempre 
com sucesso de vendas e crítica. Em virtude 
desse sucesso e das encomendas, principal-
mente para prédios públicos, Portinari trabalhava 
incessantemente e sofreu envenenamento por 
tintas, falecendo em virtude disso em 1962.
A obra de Portinari que iremos analisar trata- 
-se de As Lavadeiras, pintada a óleo em 1944. 
Na tela, vemos duas mulheres lavando roupa. 
São figuras rudes, representadas com mãos 
desproporcionais e com certa deformação. O 
olhar baixo das lavadeiras não nos permite avis-
tar suas expressões, mas o ambiente ao redor 
delas revela suas condições de vida. Vemos 
recipientes de água, uma pilha de roupa suja 
e, na mesma medida de importância, vemos a 
figura de um menino raquítico, o que remete às 
crianças subnutridas e enfermas que vemos nas 
tragédias humanas.
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As Lavadeiras, 1944. Candido Portinari. Belo Horizonte, 
Coleção particular. Óleo sobre tela.
As cores do quadro variam entre um branco 
sujo, tons de terra com uma leve mistura de azuis 
que dão o tom frio à obra. A obra de Portinari tem 
uma ligação profunda com o povo e com os traba-
lhadores em geral e está vinculada ao lado social 
que o artista sempre se propôs a abordar. Suas 
obras podem ser lidas como símbolo do trabalho 
árduo do povo brasileiro e mostra inquietações 
desses atores sociais: suas telas são sobre a 
fome, a miséria e a seca nordestina.
Quando voltou ao Brasil, Portinari trouxe 
inspiração dos grandes artistas europeus como 
Picasso, Cézanne e Matisse. O artista foi logo 
reconhecido como grande talento, conheceu a 
notoriedade e foi contratado para pintar murais 
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Turner e as 
paisagens românticas 
do movimento romântico
As pinturas de paisagem são uma das ca-
racterísticas da arte do século XIX. A França e a 
Alemanha foram grandes forças desse movimen-
to que surpreendeu pela consciência de um novo 
olhar para a natureza. A sensibilidade especial 
pela expressão romântica nas paisagens tem 
seu auge nas telas de Joseph Mallord William 
Turner (1775-1851). Filho de um barbeiro pobre 
de Londres, Turner faltava às aulas para ficar 
na barbearia de seu pai fazendo esboços dos 
clientes. Aos 12 anos já vendia suas primeiras 
aquarelas e aos 15 teve sua primeira exposiçãona Academia Real.
Suas primeiras obras eram carregadas de 
uma atmosfera sóbria e expunham uma sensa-
ção dramática. Turner teve influência de um gru-
po de aquarelistas com quem conviveu durante 
uma época. Eles estudavam juntos uma arte 
baseada na atmosfera e na topografia. Depois 
de estudar essas técnicas, decidiu libertar-se 
de seus mestres e desenvolveu uma lingua-
gem particular, que tinha especial liberdade de 
expressão. Essa liberdade, entretanto, é fruto 
das técnicas aquarelísticas transportadas para 
as pinturas a óleo. Suas telas são vibrantes e 
inundadas de luz na sua fase mais importante. A 
luz agita-se na tela branca e projeta sombras que 
tornam o movimento das tintas fascinante.
As guerras de Napoleão que terminaram 
em 1812 permitiram a Turner iniciar uma longa 
jornada pela Europa e foi principalmente na 
Itália que ele conheceu a maior influência que 
assinalou sua última fase, a mais importante 
de sua carreira.
Barco a Vapor numa Tempestade de Neve, 
a obra que vemos a seguir, é justamente dessa 
época. Pintada em 1842 e medindo 91 x 122 
cm. é uma tela que apresenta uma imagem fre-
nética de uma tempestade no mar. A neve que 
dá força a essa tempestade tem uma opacidade 
que não deixa de ter certo peso e juntamente 
com as nuvens densas mostram a agitação e a 
fúria das águas. Ela deixa o espectador diante 
de um realismo assustador.
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o.
Barco a Vapor em Tempestade de Neve, 1842. William 
Turner. Londres, Tate Gallery. Óleo sobre tela. 
A luz de Turner é o que se mostra mais en-
volvente e forte em sua pintura e domina seu tra-
balho até sua velhice. No quadro que analisamos, 
vemos o amor pela dramatização da natureza e o 
caráter poético de suas obras. Nessa tela, vemos 
pontos dourados e não se sabe onde inicia o céu 
e onde começa o mar. Não há profundidade, mas 
há espaço e movimento. A impressão que nos 
transmite é de força intensa do poder da natu-
reza e Turner fez o mundo se incendiar pintando 
paisagens inundadas de cor e magia.
Normalmente Turner preparava suas telas 
com uma grossa camada de tinta branca para 
dar maior textura à tela. Sobre essa superfície 
aplicava camadas transparentes de cor produ-
zindo uma sensação de que a luz vinha do fundo 
do quadro.
À medida que o tempo passava suas telas 
iam ficando cada vez mais abstratas e ele já 
tentava fazer com que apenas a cor falasse em 
suas obras. No final de sua vida, suas telas 
quase abstratas não agradaram à crítica e ao 
público e Turner passou a pintar pessoas dentro 
das paisagens para torná-las um pouco mais 
compreensíveis. Suas telas foram atacadas e 
consideradas incompletas. Seus últimos traba-
lhos eram uma antecipação da Arte Moderna e 
foram isolados e escondidos dos conhecidos. 
Ele rejeitou altos preços e vendeu apenas pintu-
ras que ele considerava de segunda linha. Dizem 
que em seu leito de morte, Turner pediu que 
fosse levado perto da janela para que morresse 
observando o pôr do sol.
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Para saber mais
A mais violenta crítica à exposição de Anita Malfatti, uma das mais importantes artistas mo-
dernistas do Brasil, foi a de Monteiro Lobato, publicada em dezembro de 1917, no jornal O Estado 
de S.Paulo intitulada: “Paranoia ou mistificação?”. Veja um trecho do original no texto a seguir e 
no endereço que segue você terá acesso ao texto integral.
Paranoia ou mistificação
(MONTEIRO LOBATO, 2009)
Há duas espécies de artistas. Uma 
composta dos que veem normalmente as 
coisas e em consequência disso fazem arte 
pura, guardando os eternos ritmos da vida, 
e adotados para a concretização das emo-
ções estéticas, os processos clássicos dos 
grandes mestres. [...]
A outra espécie é formada pelos que 
veem anormalmente a natureza, e inter-
pretam-na à luz de teorias efêmeras, sob 
a sugestão estrábica de escolas rebeldes, 
surgidas cá e lá como furúnculos da cultura 
excessiva. [...]
De há muito já que a estudam os psiquia-
tras em seus tratados, documentando-se nos 
inúmeros desenhos que ornam as paredes 
internas dos manicômios. A única diferença 
reside em que nos manicômios esta arte é sin-
cera, produto ilógico de cérebros transtornados 
pelas mais estranhas psicoses; e fora deles, 
nas exposições públicas, zabumbadas pela im-
prensa e absorvidas por americanos malucos, 
não há sinceridade nenhuma, nem nenhuma 
lógica, sendo mistificação pura. [...]
Estas considerações são provocadas pela 
exposição da Sra. Malfatti, onde se notam 
acentuadíssimas tendências para uma atitude 
estética forçada no sentido das extravagâncias 
de Picasso e companhia. [...]
Há de ter essa artista ouvido numerosos 
elogios à sua nova atitude estética. Há de 
irritar-lhe os ouvidos, como descortês imper-
tinência, esta voz sincera que vem quebrar a 
harmonia de um coro de lisonjas. Entretanto, 
se refletir um bocado, verá que a lisonja mata 
e a sinceridade salva. O verdadeiro amigo 
de um artista não é aquele que o entontece 
de louvores e sim o que lhe dá uma opinião 
sincera, embora dura, e lhe traduz chãmente, 
sem reservas, o que todos pensam dele por 
detrás. [...]
Dos seus apologistas sim, porque tam-
bém eles pensam deste modo... por trás.
Dicas de estudo
Se em sua cidade existem instituições 
culturais ou museus, vale a pena visitá-los. Os 
que não têm acesso a esses lugares, podem 
encontrar a seguir os endereços de sites dos 
mais importantes museus do Brasil e do mundo. 
Escolha um deles e analise uma obra de arte 
usando os conhecimentos que você adquiriu. 
Com certeza você perceberá seu progresso.
Museus no mundo
Alemanha: <www.smb.spk-berlin.de>
Canadá: <www.national.gallery.ca>
China: <www.chinapage.com>
Estados Unidos: <www.artic.edu>
Israel: <www.imj.org.il>
Suécia: <www.nationalmuseum.se>
Museus no Brasil
Rio de Janeiro: <www.visualnet.com.br/
cmaya/>
São Paulo: <www.masp.art.br>
Exercícios de aplicação
As três pinturas a seguir são obras dos artis-1. 
tas apresentados neste capítulo. A partir da 
observação das mesmas, identifique seus 
autores e sua principal característica.
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Tableau 2, 1922. Museu Nova York, 
Girassóis, 1888. Museu Amsterdam. 
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o.
Reprodução proibida (Retrato de Edward 
James), 1937. Roterdã, Museu Boijmans 
Van Beuningen.
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o.
A pintura a seguir foi a última obra de Ma-2. 
nabu Mabe (1924–1997), um dos pioneiros 
da arte abstrata no Brasil. Tem 20 metros 
quadrados e pode ser vista na Fortaleza 
da Barra Grande de Santos, São Paulo. 
Agrega, com a liberdade do abstracionismo, 
elementos culturais relativos à ambientação 
do forte e à cultura regional. Entre as duas 
tendências da arte abstrata estudadas, a 
obra de Manabu Mabe poderia ser associa-
da a qual delas?
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Vento Vermelho, 1997. Manabu Mabe. Fortaleza da Barra 
Grande de Santos.
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Gabarito
Exercícios de aplicação
A primeira obra é de Piet Mondrian (1872-1. 
1944), representante do abstracionismo ge-
ométrico, que expressa uma racionalização, 
baseada na análise intelectual e científica 
do mundo. A segunda é de Vincent Van Gogh 
(1853-1890), que recriava a beleza da natu-
reza por meio das cores e da força de suas 
pinceladas. A terceira é de René Magritte 
(1898-1967), e exemplifica a tendência 
dos pintores surrealistas de brincar com a 
dualidade de interpretações.
Ao 2. abstracionismo expressivo, do russo 
Wassily Kandinsky.
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