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O Ateneu: Resumo Por Capítulo Paráfrase da obra “O Ateneu” de Raul Pompéia, por Bruno Alves Todos os direitos reservados. © 2012-2017 ResumoPorCapítulo.com.br contato@resumoporcapitulo.com.br http://resumoporcapitulo.com.br/ mailto:contato@resumoporcapitulo.com.br http://resumoporcapitulo.com.br/ ÍNDICE PARA ENTENDER A OBRA 2 Capítulo 1 2 Capítulo 2 3 Capítulo 3 4 Capítulo 4 4 Capítulo 5 5 Capítulo 6 6 Capítulo 7 7 Capítulo 8 7 Capítulo 9 8 Capítulo 10 8 Capítulo 11 9 Capítulo 12 10 QUESTÕES DE VESTIBULAR 11 O ATENEU: RESUMO POR CAPÍTULO ResumoPorCapítulo.com.br 2 PARA ENTENDER A OBRA Publicado na forma de folhetim, em 1888, O Ateneu é um dos mais importantes exemplares do Realismo brasileiro e a principal obra de Raul Pompéia. De cunho autobiográfico, o texto remete à formação do narrador em um colégio interno, expondo as incoerências morais da sociedade brasileira do final do século XIX sob o olhar da criança que sai do aconchego doméstico e é entregue ao “mundo”, que é representado pelo próprio Ateneu. Este resumo destina-se a contar o livro em uma linguagem mais acessível e concisa, sem deixar de lado os episódios que sustentam a obra como um todo e explicando alguns pontos que podem não ficar claros apenas com a leitura do texto original. Em alguns casos, para explanações mais completas sobre fatos históricos e expressões da época, há links que podem ser acessados diretamente no texto. Caso restem dúvidas quanto à obra ou ao próprio resumo, entre em contato pelo site ResumoPorCapítulo.com.br ou envie um e-mail para contato@resumoporcapitulo.com.br. Teremos prazer em ajudar! Boa leitura! Capítulo 1 O narrador relata momento de sua vida em que entra no internato “Ateneu”, um dos mais famosos da época, comandado pelo famoso pedagogo Dr. Aristarco Argolo de Ramos, autor de inúmeros livros didáticos que eram distribuídos pelos colégios públicos de todo o império. Essa passagem marcaria o fim das ilusões infantis, alimentadas pelo ambiente doméstico cercado de amor, e o encontro com “o mundo”. Aos onze anos, Sérgio experimentara alguns meses uma escola familiar, da qual se lembra somente do lanche servido ao meio-dia e das características de alguns colegas, e também tivera aulas em domicílio. A vida no internato era encarada como uma evolução, sua transformação em “homem”. Antes de ser matriculado no Ateneu, Sérgio visitara a instituição algumas vezes. Numa delas, uma festa de encerramento de trabalhos, houve a presença do ministro do império e um inflamado discurso do professor Venâncio, que exaltava Aristarco como uma criatura inferior somente a Deus. Outra ocasião fora a festa de educação física, na qual houve grandes demonstrações da força física e da desenvolvida habilidade motora dos internos. A ocasião da matrícula de Sérgio se deu na própria casa de Aristarco, cuja figura mais humana causou uma impressão conflitante com a imagem de superioridade que havia sido alimentada até então. O pedagogo censurou os cachinhos de cabelo do futuro estudante, informando que seria necessário cortá-los. Sua esposa, Dona Ema, agradou ao garoto, comentando que poderia entregar os cabelos à sua mãe. Aristarco estendia http://resumoporcapitulo.com.br/ mailto:contato@resumoporcapitulo.com.br O ATENEU: RESUMO POR CAPÍTULO ResumoPorCapítulo.com.br 3 com autoridade sua narrativa que unia seu passado ilustre, responsável pela formação de jovens que se tornaram influentes no Estado, e sua visão de futuro que contava com reformulações educacionais que transformariam a sociedade. Capítulo 2 No dia 15 de fevereiro Sérgio apresentou-se para o início das aulas. Aristarco, que se dividia entre as posturas de administrador e educador, adotou esta última para recebê-lo, junto de seu pai, apresentar as instalações e regras do local, sempre enfatizando o árduo trabalho que realizava no combate das imoralidades. Com natural timidez, Sérgio foi apresentado por João Numa, inspetor de alunos, a alguns colegas. Em seguida dirigiu-se à sala do Professor Mânlio, com quem teria as aulas de primeiras letras, e que o recomendou ao seu discípulo mais sério, Rebelo, muito compenetrado nos estudos. Há uma breve descrição de outros colegas de sala, que serão citados conforme surgirem no enredo. Na primeira vez em que Sérgio é chamado à frente da sala, a ansiedade da situação domina seu corpo e ele desmaia, acordando somente na rouparia, onde fora acompanhado por Rebelo. Num momento de solidão o calouro apanhou um folheto que havia sobre uma mesa e se surpreendeu com ilustrações indecentes de frades despidos tocando-se. O roupeiro, ao perceber o que ocorria, arrancou o livrinho de sua mão dizendo que aquilo não era para crianças. Recuperado, Sérgio caminhou pelo pátio com Rebelo, que o alertou sobre os perigos que guardava a vida no internato: garotos perversos, mentirosos, traidores, hipócritas... Era necessário ser forte, independente, fazer-se homem. No caminho um garoto gorducho puxou a blusa de Sérgio, rindo sarcasticamente, ao que ele revidou atirando- lhe um pedaço de telha. Rebelo, após elogiar a rápida vingança do amigo, identificou o garoto zombeteiro, Barbalho, como um futuro marginal. De volta à sala de aula Sérgio foi recebido com carinho pelos colegas, exceto Barbalho, e pelo professor. No intervalo, sem a companhia de Rebelo, o novato procurou chamar o mínimo de atenção possível e tentou conversar com Franco, um garoto que estava sempre de castigo. Perguntado sobre qual teria sido sua falta, o menino disse que nem sabia o motivo. Franco, que sempre apresentava um mal desempenho nos estudos, era desprezado e vitimado pelos professores diariamente. Por várias vezes barbalho caçoou de Sérgio, que acabou partindo para uma briga, numa oportunidade em que não eram vistos por nenhum adulto, da qual saiu com onariz sangrando. O ATENEU: RESUMO POR CAPÍTULO ResumoPorCapítulo.com.br 4 À noite Sérgio refletia, deitado no dormitório, sobre as várias divergências encontradas entre suas expectativas e a realidade do internato, a solidão e a falta da segurança familiar. Seu sono foi rondado por pesadelos em que era atormentado por Barbalho, pelas figuras dos frades indecentes e pela deprimente realidade de Franco, à qual ele experimentava como sua. Capítulo 3 No primeiro dia na “natação”, como era chamado o banheiro no qual havia um tanque em que os garotos lavavam-se juntos, Sérgio foi puxado pelos tornozelos e quase se afogou, sendo “salvo” por Sanches, um rapaz cuja fisionomia a princípio o havia repugnado, mas que desde então se tornou seu companheiro constante. Mais tarde haveria motivos para acreditar que havia sido o mesmo Sanches que lhe derrubara. Sanches era um dos garotos escolhidos, por ordem aristocrática, como “vigilante”, responsável por averiguar a conduta de seus companheiros, auxiliando na manutenção da ordem do internato. Sua companhia, portanto, trazia benefícios a Sérgio, que também teve seu apoio na introdução às diversas matérias escolares. Por conta disso e de um incômodo mau hálito, Rebelo fora deixado de lado pelo calouro. Após meses de contato direto com Sanches, reavivou-se em Sérgio a impressão inicial que tinha em relação ao colega: o hábito de Sanches manter um contato físico intenso quando estavam juntos já era desagradável, mas revelou-se constrangedor quando o menino fez uma proposta de maior intimidade a Sérgio, que riu e abismou-se da ideia. A relação entre os amigos perdurou por algum tempo, com Sanches apresentando a Sérgio um novo mundo de conceitos e palavras que desafiavam conceitos religiosos mais tradicionais. Certa vez, porém, o veterano voltou a se colocar como pretendente de uma relação mais íntima, causando extrema repulsa em Sérgio, que se afastou definitivamente do preceptor. Para compensar o vazio deixado pelo fim da primeiraamizade, Sérgio apegou-se às aulas de astronomia, ministradas pelo próprio Aristarco. Capítulo 4 Com o afastamento de Sanches, Sérgio entrou num período de descrédito escolar que logo resultou em más notas e repreensões de Aristarco. Por outro lado ele encontrava na religiosidade um apoio para este período em que recusou a companhia de qualquer colega. Invejava somente o aluno Ribas, menino que possuía uma voz celestial, admirada pelo próprio diretor. Franco continuava sendo alvo das maiores punições do colégio, motivadas por consideráveis acusações: certa vez fora pego prestes a urinar no poço cuja água se usava O ATENEU: RESUMO POR CAPÍTULO ResumoPorCapítulo.com.br 5 para lavar os pratos. Atraído pelas desventuras do colega, Sérgio aproximou-se do malfeitor, sentindo certa identificação com ele. Como vingança pelos recentes castigos, Franco decidiu ir escondido à “natação” e jogar cacos de vidro na água. Perturbado por ser cúmplice de tamanha maldade, Sérgio passou a noite na capela, rezando por uma solução que não ferisse seus colegas, nem incriminasse Franco. Despertado na manhã seguinte, tido como sonâmbulo, Sérgio alegrou-se ao saber que o banho do dia tinha sido realizado em outro local, com a água da chuva, e alertou o inspetor sobre uma garrafa que teria deixado cair na “natação”. Era a providência divina! Acompanhando Franco em suas punições, certa vez, Sérgio surpreendeu-se ao perceber que o amigo alisava sua mão. Assim como havia feito com Sanches, o menino fugiu imediatamente do contato com mais um pervertido. Incomodado por não conseguir se identificar com nenhum dos exemplos de comportamento que encontrava em seus companheiros de escola, Sérgio concluiu que o que lhe restava era ser completamente independente. Capítulo 5 A fase religiosa de Sérgio, com grande empenho nas missas, nos cânticos e procissões, lhe rendeu tranquilidade de espírito por algum tempo. Nessa fase a influência de Barreto, jovem que viera de um rigoroso seminário, foi muito marcante: ele falava do inferno e das punições aos pecados com extrema vivacidade. Tal período, entretanto, pouco durou após o caso dos cacos de vidro. A cada quinze dias havia uma folga da escola com o retorno dos estudantes às suas casas. Sérgio reencontrou os familiares com muita satisfação e pediu ao seu pai conselhos sobre sua postura no internato perante os colegas e professores. A orientação foi de não se comprometer tanto com as diretrizes do ambiente e criar seus próprios princípios de comportamento. Cada vez mais alinhado com sua própria personalidade, baseado na independência e na liberdade, Sérgio desvinculou-se de vez das antigas influências e conquistou o respeito dos professores, mas também adquiriu a inimizade de alguns colegas. As figuras femininas do Ateneu, as funcionárias Ângela e Dona Ema, excitavam a imaginação dos rapazes ao mesmo tempo em que eram tidas como precursoras do mal: atraentes e perigosas. Houve na época um assassinato que corroborou esta tese: o jardineiro da escola esfaqueou um funcionário da casa de Aristarco por conta do ciúme originado pelas relações que Ângela mantinha com ambos. O ATENEU: RESUMO POR CAPÍTULO ResumoPorCapítulo.com.br 6 Sérgio aproveitou a ocasião do crime para realizar o desejo mórbido de ver um corpo defunto. A situação também originou um herói no Ateneu: Bento Alves, jovem forte que se incumbiu de imobilizar o jardineiro quando este entrou na escola ensanguentado e com a faca em punho. O rapaz, entretanto, era um “misterioso”: destacava-se dos demais por suas qualidades, mas não fazia questão de se promover. Diferente deste, surgiu no internato um rapaz vindo de Pernambuco, Nearco da Fonseca, cujo pai ressaltou suas habilidades atléticas. A demonstração pública de tais potências, porém, deixou a desejar. Capítulo 6 O destaque de Nearco se deu, entretanto, em outro aspecto: sua habilidade verbal era constantemente elogiada no “Grêmio Literário Amor ao Saber”, instituição que reunia professores e estudantes em torno de longas e profundas digressões filosóficas, históricas e artísticas. Tal organização possuía sua própria publicação periódica e uma biblioteca reservada, muito utilizada por Sérgio. O responsável pela biblioteca era Bento Alves, “herói” do capítulo anterior. Sérgio habituou-se a frequentar o local, motivado pelas leituras de Júlio Verne, e logo se tornou objeto de admiração de Bento, que o presenteava com livros e flores. Calejado pelos eventos anteriores, Sérgio cedeu ao romance platônico considerando o respeito com que era tratado e a proteção que lhe era garantida. Havia eventos oficiais do “Amor ao Saber” que contavam com a presença de familiares e discursos de professores. No primeiro deles a crítica contundente do Dr. Cláudio à literatura nacional rendeu deselegantes trocas de acusações entre pais de alunos. Num segundo encontro o professor optou por discorrer sobre a arte em geral: tratou desde as pulsões animais às elevações espirituais do homem, passando por transformações sociais e culturais. Ao final deste último evento ocorreu uma briga entre Bento Alves e Malheiro, valentão que há tempos procurava uma maneira de materializar um confronto com o admirador de Sérgio. Para isso contou com a ajuda de Barbalho, que relatou a Bento as zombarias de Malheiro contra seu protegido – ele lhe perguntava “quando seria o casamento”. O combate acabou com Malheiro desmaiado e Bento Alves ferido e aprisionado. Sérgio incorporou o papel de “dama romanceira”, permanecendo em vigília juntos às grades do cárcere de seu defensor. O ATENEU: RESUMO POR CAPÍTULO ResumoPorCapítulo.com.br 7 Capítulo 7 A monotonia escolar, tanto pelo excesso de tarefas como pela falta do que fazer, gerava um tédio que era suplantado com diversas atividades “extracurriculares”: jogos de peteca, amarelinha, bolas de gude, caça a passarinhos... Jogos de baralho driblavam as regras do internato e ganhavam importância com apostas de cigarros e selos (colecionados com orgulho pelos estudantes). Deboches manuscritos e livros “proibidos” eram contrabandeados. Complexos sistemas de comunicação eram estabelecidos entre os alunos dentro da sala de aula. Com a proximidade das férias a vigilância dos dormitórios era atenuada e os jovens agrupavam-se para discussões variadas: desde curiosidades sexuais a especulações filosóficas sobre a vida. Rômulo, um aluno gorducho, membro da banda escolar e que fora escolhido por Aristarco como candidato a genro, era alvo de pilhérias de todos seus colegas. Certa vez Sérgio cruzou seu caminho e repetiu a zombaria, levando uma surra em seguida. Após realizar os exames finais, dos quais saiu com algumas boas notas, Sérgio refletia como, em poucos meses, tantas impressões sobre o Ateneu e sobre a vida se modificaram, ganhando contornos reais que em muito diferiam do que se idealizava. Ao final do período organizou-se uma tradicional exposição artística da qual Sérgio retirou sua obra: uma paisagem tibetana habitada por uma cabra havia sido profanada por algum outro estudante, que traçara uma cruz sobre o desenho. Neste evento também era costume que todos os estudantes expusessem versões de um retrato do diretor. Depois Aristarco recolhia as obras para sua casa, guardando-as com intensa vaidade de mestre. Capítulo 8 Os dois meses de férias serviram ao autor como oportunidade para enxergar o mundo a partir das novas perspectivas aprendidas pela vivência no internato. Sua condição de pequeno colegial, no entanto, ainda era um limitador de sua existência. O Ateneu, passadas as primeiras impressões de novidade, tornou-se símbolo das privações juvenis. Para compensar essa sensação, havia passeios cada vez mais consideráveis: subiam o Corcovado ainda de madrugada para apreciar a paisagem matinal, faziam piquenique no Jardim Botânico, com direito a um jantarfarto, regado a vinho. Certa vez, após um dia de passeios, Aristarco surgiu com um ar sombrio e uma ameaça geral: ele encontrara uma correspondência de “pouca-vergonha”, assinada por Cândida, endereçada ao Cândido, na qual era sugerido um encontro romântico no bosque. O ATENEU: RESUMO POR CAPÍTULO ResumoPorCapítulo.com.br 8 Haveria punição a todos que estivessem envolvidos no caso e não assumissem sua culpa. Sérgio preocupou-se ao considerar seu histórico de intrigas com o diretor. Há algum tempo um encontro fortuito com Bento Alves resultou numa inexplicável luta – até então Sérgio continuava a ser “cortejado” pelo rapaz. O diretor flagrou a briga e acabou sendo alvo da fúria de Sérgio, que lhe arrancou alguns pelos do bigode. Aristarco prometeu uma punição severa que, no entanto, nunca ocorreu. Após este incidente Bento Alves saiu do colégio e Sérgio acredita que o “perdão” do diretor era devido ao cuidado para não perder mais uma mensalidade certa. No dia seguinte dez alunos foram chamados para o “julgamento” do caso. Franco gozava de Silvino por não estar envolvido na história e acabou gerando uma briga que resultou em mais vinte alunos levados à diretoria – entre eles Sérgio. Aristarco e seu funcionário discutiam quais medidas deveriam ser tomadas para solucionar o caso, considerando que não poderiam perder muitos alunos pagantes, quando um novo tumulto emergiu: os internos protestavam contra a goiabada que estava sendo servida no refeitório, que na verdade era de banana. O diretor adotou uma postura submissa para se justificar perante os rapazes, esclarecendo que também estava sendo enganado pelos fornecedores de goiabada. Capítulo 9 Considerando a contrariedade que haveria em expulsar tantos estudantes, o castigo aos revolucionários e revoltosos se resumiu a algumas páginas escritas e três dias de reclusão em sala de aula. Nessa época o narrador nutria uma nova amizade, muito mais profunda e recíproca do que aquelas ocorridas com Sanches e Bento Alves: era Egbert, de origem inglesa, aluno mais adiantado que Sérgio conheceu no início das aulas secundárias. A simpatia imediata entre os dois proporcionou inúmeros momentos compartilhados, passeios, estudos e leituras. O narrador relata uma relação de dependência completa desta amizade. Certo dia, porém, convidados os dois amigos a um jantar de honra, na casa de Aristarco, Sérgio sentiria o encantamento por Egbert se esvair: as atenções, os olhares e as carícias de Dona Ema despertaram no narrador uma sensação de engrandecimento que fizeram ver seu amigo como parte do passado. Capítulo 10 No dia anterior ao tal jantar Sérgio passou por outro momento marcante: os exames na Secretaria de Instrução Pública, dos quais se saiu com sucesso. O ATENEU: RESUMO POR CAPÍTULO ResumoPorCapítulo.com.br 9 Após o jantar Sérgio teve sonhos de intimidades com Dona Ema, nos quais ela lhe permitia calçar os pés. Egbert parecia-lhe cada vez mais um estranho. O distanciamento definitivo do amigo se deu quando Sérgio foi movido para quarto dos maiores. No chalé, como era chamado o novo dormitório, Sérgio não se envolvia nas discussões, que sempre lhe pareciam desinteressantes. A reclusão do colégio e as limitações de sua idade o atormentavam. Alguns dos colegas do quarto de Sérgio conseguiram abrir um vão nas grades da janela que os permitia passar noites ao relento, usando de lençóis para escalarem a parede quando retornavam. Aderindo ao grupo, Sérgio aproveitou a oportunidade para vingar- se da surra que levou de Rômulo meses antes: quando este saiu para o passeio noturno, Sérgio recolheu a corda de lençóis e deixou o rival do lado de fora até a manhã, quando foi flagrado pelo diretor e “sogro” Aristarco. Capítulo 11 Aos sábados Dr. Cláudio dava palestras sobre assuntos gerais, desde a origem dos planetas, passando pelas primeiras formas de vida microscópica, até o advento da humanidade e da cultura. Certa vez, focando no tema da educação, o professor defendeu a instituição do internato, que era alvo de frequentes críticas: os vícios observados neste tipo de estabelecimento seriam apenas reflexos dos vícios próprios da sociedade, que permitiriam ao jovem um contato direto com a realidade que enfrentará pela vida e uma base moral mais sólida para medir suas ações. Ao ouvir estas palavras Sérgio pensou em Franco, que estava doente desde quando fora à prisão escolar pela última vez. A insalubridade do cárcere somou-se a uma predisposição do rapaz para usar do seu sofrimento como forma de punição aos colegas, que considerava culpados por sua situação. Um dia após uma breve visita do narrador ao seu colega, ele faleceu. Recuperando-se do luto, o Ateneu passou por um período de muita animação durante os preparativos da festa bienal em que se entregavam prêmios aos estudantes de destaque. O evento teria seu ápice com a entrega de um busto de bronze de Aristarco, encomendado por seus alunos. Sob uma enorme tenda armada nomeio do pátio do Ateneu, milhares de convidados, familiares e autoridades, reuniram-se para prestigiar a obra do famoso pedagogo, que discursou cheio de orgulho. Após a entrega de medalhas e coroas de carvalho aos premiados, Dr. Venâncio versou sobre as supremas qualidades do diretor da instituição e exibiu o eterno busto. Aristarco, surpreendentemente, sentiu inveja daquela obra de O ATENEU: RESUMO POR CAPÍTULO ResumoPorCapítulo.com.br 10 metal e incomodou-se por sentir que todos os elogios proferidos por seu funcionário dirigiam-se a ela, não a ele. À noite, quando os convidados se retiravam, Sérgio reparou na presença dos familiares de Franco, cabisbaixos. Capítulo 12 Certo tempo depois da festa de premiação Sérgio adoeceu de sarampo e recebeu os tratamentos especiais da mulher de Aristarco. Dona Ema criou um forte laço de intimidade com o garoto, confidenciando-lhe sua solidão e desconfiança de todos os que se aproximavam dela. Sua família partira para a Europa e o deixara sob os cuidados do Ateneu também no período de férias. Do pai, Sérgio recebeu apenas uma correspondência na qual havia frustrantes considerações sobre a vida no estrangeiro e conselhos existenciais em que era ressaltada a importância de se viver o momento presente, sem prender-se ao passado nem esperar muito do futuro. Sérgio vivenciava com Ema uma experiência profundamente amorosa quando um evento trágico interrompeu o romance: um incêndio no Ateneu. As férias haviam dispensado a maioria dos funcionários e o esforço tardio dos bombeiros não permitiu que muito se salvasse. Aristarco assistiu pasmo à sua desgraça, procurando manter uma postura calma, que convinha à sua dignidade. Mais tarde Sérgio soube que Dona Ema desaparecera, assim como Américo, um calouro problemático que foi apontado como responsável pela tragédia. Aristarco continuava observando os restos de sua obra sem conseguir responder a qualquer indagação. O narrador encerra suas recordações, às quais pondera que podem ser entendidas como saudades, considerando que o tempo passageiro nada mais é que “o funeral para sempre das horas”. FIM O ATENEU: RESUMO POR CAPÍTULO ResumoPorCapítulo.com.br 11 QUESTÕES DE VESTIBULAR 1. (UDESC 2008) Assinale a alternativa incorreta, em relação à obra O Ateneu. (A) Franco, jovem agressivo e problemático; Barbalho, balofo e vesgo, e Sanches, primeiro aluno da classe, são alguns dos meninos que dividiam com Sérgio o dia-a-dia do internato. (B) Entre os traços em comum entre esse romance e Menino de engenho há o fato de em ambos haver narrador de 1ª pessoa, e de os narradores irem para um internato. (C) Em linguagem otimista, o narrador revela os muitos anos passados em uma instituição modelar de ensino, cujo diretor era severo, porém compreensivo com os alunos mais fracos e desamparados. (D) Sérgio, personagem central de O Ateneu, impressionara-sefavoravelmente com o internato para onde foi levado pelo pai; a realidade, no entanto, mostrou que o lugar era hostil, e que não havia consideração com os fracos. (E) Há um momento da história em que Sérgio se apoia nos astros e na devoção a Santa Rosália. 2. (UDESC 2008) Analise as afirmações abaixo, em relação ao O Ateneu. I - O diretor que esse fragmento menciona foi sempre um homem magnânimo e justo, atento às necessidades dos educandos de seu colégio. II - O Ateneu é um romance memorialista, com as ações acontecendo em tempo anterior ao da narração dos fatos. III - Apresentando características do Romantismo, em seu lançamento o romance foi saudado pela forma como o autor urdiu uma história repleta de intrigas. IV - O Ateneu representa um mundo fechado; ao querer moldar os meninos que ali estudam, acaba por deformar-lhes a personalidade. V - Ema, esposa de Aristarco, transforma se em dedicada professora para os alunos. VI - A história aborda dois anos da vida do narrador, em um internato masculino. É narrada em primeira pessoa, por Sérgio já adulto. Assinale a alternativa cujas afirmações se justificam pelo texto. (A) Somente as afirmativas II e V são verdadeiras. O ATENEU: RESUMO POR CAPÍTULO ResumoPorCapítulo.com.br 12 (B) Somente as afirmativas I, III e V são verdadeiras. (C) Somente as afirmativas II, IV e VI são verdadeiras. (D) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras. (E) Somente as afirmativas IV e VI são verdadeiras. Leia o trecho abaixo para as questões 3 a 5. “Abriram-se as aulas a 15 de fevereiro. De manhã, à hora regulamentar, compareci. O diretor, no escritório do estabelecimento, ocupava uma cadeira rotativa junto à mesa de trabalho. Sobre a mesa, um grande livro abriase em colunas maciças de escrituração e linhas encarnadas. Aristarco, que consagrava as manhãs ao governo financeiro do colégio, conferia os assentamentos do guarda-livros. De momento a momento entravam alunos. Alguns acompanhados. A cada entrada, o diretor fechava lentamente o livro, marcando a página com um espadim de marfim; fazia girar a cadeira e soltava interjeições de acolhimento, oferecendo episcopalmente a mão peluda ao beijo contrito e filial dos meninos. Os maiores, em regra, recusavam-se à cerimônia e partiam com um simples aperto de mão. O rapaz desaparecia, levando o sorriso pálido na face, saudoso da vadiação ditosa das férias. O pai, o correspondente, o portador, despedia-se, depois de banais cumprimentos, ou palavras a respeito do estudante, amenizadas pela bonomia superior de Aristarco, que punha habilmente um sujeito fora de portas com o riso fanhoso e o simples modo de segurar-lhe os dedos. A cadeira girava de novo à posição primitiva, o livro da escrituração mostrava outra vez as páginas enormes e a figura paternal do educador desmanchava-se, voltando a simplificar-se na esperteza atenta e seca do gerente. A este vaivém de atitudes estava tão habituado o nosso diretor que nenhum esforço lhe custava a manobra. Soldavam-se nele o educador e o empresário com uma perfeição rigorosa, dois lados da mesma medalha: opostos, mas justapostos. Quando meu pai entrou comigo, havia no semblante de Aristarco uma pontinha de aborrecimento. Decepção talvez de estatística: o número dos estudantes novos não compensando o número dos perdidos, as novas entradas não contrabalançando as despesas do fim do ano. Mas a sombra do despeito apagou-se logo e foi com uma explosão de contentamento que o diretor nos acolheu. O ATENEU: RESUMO POR CAPÍTULO ResumoPorCapítulo.com.br 13 Sua diplomacia dividia-se por escaninhos numerados, segundo a categoria de recepção que queria dispensar. Ele tinha maneiras de todos os graus, segundo a condição social da pessoa. As simpatias verdadeiras eram raras. No âmago de cada sorriso, morava-lhe um segredo de frieza que se percebia bem. E duramente se marcavam distinções políticas, distinções financeiras, distinções baseadas na crônica escolar do discípulo. Às vezes, uma criança sentia a alfinetada no jeito da mão a beijar. Saía indagando consigo o motivo daquilo, que não achava em suas contas escolares... O pai estava dois trimestres atrasado.” (Raul Pompéia, O Ateneu. Texto editado) 3. (FMTM) Sobre a obra de Raul Pompéia, Mário de Andrade escreveu:” O Ateneu é uma caricatura sarcástica [...] da vida psicológica dos internatos. Digo caricatura no sentido de se tratar de uma obra em que os traços estão voluntariamente exagerados numa intenção punitiva.” Pela leitura do trecho do romance, pode-se considerar como caricatural e sarcástico: I. o modo pelo qual Aristarco é descrito pelo narrador, oferecendo de maneira episcopal a mão peluda ao beijo contrito e filial dos alunos; II. o modo pelo qual o narrador observa que Aristarco consagrava as manhãs ao governo financeiro do colégio, conferindo as anotações feitas em um grande livro que se abria em colunas maciças de escrituração e linhas encarnadas; III. o fato de o narrador ter associado os movimentos da cadeira giratória ocupada por Aristarco às mudanças de atitude deste, a cadeira funcionando como metáfora da personalidade do diretor. Está correto o que se afirma em: (A) II, apenas. (B) I e II, apenas. (C) I e III, apenas. (D) II e III, apenas. O ATENEU: RESUMO POR CAPÍTULO ResumoPorCapítulo.com.br 14 (E) I, II e III. 4. (FMTM) “Quando meu pai entrou comigo, havia no semblante de Aristarco uma pontinha de aborrecimento. Decepção talvez de estatística: o número dos estudantes novos não compensando o número dos perdidos, as novas entradas não contrabalançando as despesas do fim do ano. Mas a sombra do despeito apagou-se logo e foi com uma explosão de contentamento que o diretor nos acolheu.” No trecho, os termos em destaque constituem uma antítese. Esse recurso estilístico foi utilizado pelo autor para: a) ressaltar o fato de que Aristarco colocava as questões pedagógicas acima dos problemas financeiros do colégio. b) demarcar o caráter ambíguo e a oscilação de comportamento do diretor do colégio. c) mostrar que Aristarco dava pouca importância aos problemas financeiros do colégio. d) caracterizar o temperamento desconfiado de Aristarco como diretor do colégio. e) demonstrar que Aristarco tinha poucos aborrecimentos à frente da instituição. 5. (FMTM) Quanto à maneira de recepcionar pais e alunos, pode-se afirmar que Aristarco os recebia: (A) com uma explosão de contentamento. (B) com expressão de aborrecimento. (C) de maneira espontaneamente acolhedora. (D) de maneira habilidosa e calculada. (E) com um desprezo que ele não se preocupava em ocultar. 6. (ESPM) Leia o texto: “Aristarco, sentado, de pé, cruzando terríveis passadas, imobilizando-se a repentes inesperados, gesticulando como um tribuno de meetings, clamando como para um O ATENEU: RESUMO POR CAPÍTULO ResumoPorCapítulo.com.br 15 auditório de dez mil pessoas, majestoso sempre, alçando os padrões admiráveis, como um leiloeiro, e as opulentas faturas, desenrolou, com a memória de uma última conferência, a narrativa dos seus serviços à causa santa da instrução. Trinta anos de tentativas e resultados, esclarecendo como um farol diversas gerações agora influentes no destino do País! E as reformas futuras? Não bastava a abolição dos castigos corporais, o que já dava uma benemerência passável. Era preciso a introdução de métodos novos, supressão absoluta dos vexames de punição, modalidades aperfeiçoadas no sistema das recompensas, ajeitação dos trabalhos, de maneira que seja a escola um paraíso; adoção de normas desconhecidas cuja eficácia ele pressentia, perspicaz como as águias. Ele havia de criar... um horror, a transformação moral da sociedade!” (O Ateneu, Raul Pompéia) O trecho descreve a personagem Aristarco, diretor do colégio Ateneu. Assinale a afirmação ERRÔNEA: (A) expressões como “terríveispassadas”, “repentes inesperados”, “majestoso” caracterizam o autoritarismo da personagem. (B) expressões como “leiloeiro” e “opulentas faturas” conotam o interesse comercial do diretor, preocupado com os lucros da escola. (C) a expressão “transformação moral da sociedade” confirma a séria preocupação com um projeto pedagógico e social, apesar de seu autoritarismo. (D) expressões como “abolição dos castigos corporais” e “supressão absoluta dos vexames da punição” conferem ao diretor certo caráter de liberalismo. (E) depreende-se que expressões como “serviços à causa santa da instrução” e “esclarecendo como um farol diversas gerações” são irônicas, pois incompatibilizam com a característica autoritária e interesseira do diretor. 7. (MACKENZIE - 2003) “‘Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta.’ Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico, diferente do que se encontra fora, tão diferente, que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental, com a vantagem única de fazer mais sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento, têmpera brusca da vitalidade na influência de um novo clima rigoroso. Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob O ATENEU: RESUMO POR CAPÍTULO ResumoPorCapítulo.com.br 16 outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam. Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo apenas, igual aos outros que nos alimentam, a saudade dos dias que correram como melhores. Bem considerando, a atualidade é a mesma em todas as datas. Feita a compensação dos desejos que variam, das aspirações que se transformam, alentadas perpetuamente do mesmo ardor, sobre a mesma base fantástica de esperanças, a atualidade é uma. Sob a coloração cambiante das horas, um pouco de ouro mais pela manhã, um pouco mais de púrpura ao crepúsculo - a paisagem é a mesma de cada lado beirando a estrada da vida. Eu tinha onze anos.” Raul Pompéia, O Ateneu Depreende-se do fragmento em negrito que: (A) não há razão para idealizar o passado, já que todas as épocas propiciam momentos felizes. (B) há pessoas hipócritas que negam a felicidade dos tempos antigos. (C) experimentam-se angústias e decepções em qualquer que seja a época de nossa vida. (D) as lembranças do passado amenizam as dores do presente. (E) devemos esquecer que a vida é marcada por incertezas e decepções. 8. (FUVEST) Assinalar a afirmação correta a respeito de O Ateneu, romance de Raul Pompéia. (A) Romance de formação que avalia a experiência colegial, por meio de Sérgio, alter ego do autor. (B) Romance romântico que explora as relações pessoais de adolescentes no colégio, acenando para o homossexualismo latente. (C) Romance naturalista que retrata a tirania do diretor do colégio e o maternalismo de sua mulher para com os alunos. (D) Romance realista que apresenta um padrão de excelência da escola brasileira do final do império. (E) Romance da escola do Brasil no final do império, cuja falência vem assinalada pelo incêndio do prédio, no final da narrativa.
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