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EDITAIS (PATROCÍNIO EMPRESARIAL) M Ó D U LO 3 CAPACITAÇÃO DE AGENTES CULTURAIS ESTRATÉGIAS DE CULTURA E ARTE PARA O FUTURO 9 ESSA P UBLICA ÇÃO NÃO P ODE S ER COME RCIALI ZADA GRATU ITA APRESENTAÇÃO Este fascículo tem como objetivo possibilitar a você uma vantagem competitiva na participação de editais empresariais, por meio da apresentação de estudos e práticas de referência na área, a partir de experiências reunidas em 15 anos de carreira em captação de recursos, tanto em renomadas instituições de cultura do Brasil quanto em pequenas iniciativas regionais. Inicialmente, apresentaremos a estrutura básica desses editais e você saberá o porquê que as instituições têm utili- zado de forma crescente essa ferramenta para seus chama- mentos de investimento social e patrocínio. Saiba que, em pesquisa recente realizada pela startup Prosas, principal plataforma de gestão de editais do Bra- sil, a área de cultura e artes foi o foco de 64,2% dos 1.675 editais mapeados em 2019. Compreendendo esse cenário, proporemos uma visão mais profunda dos arquivos e materiais que compõem os editais, procurando estabelecer uma participação estraté- gica e assertiva por parte dos proponentes. Depois dessa primeira abordagem, você poderá ter acesso a dicas para estruturar a elaboração de seu pro- jeto, a partir de informações e pesquisas realizadas com alguns dos maiores investidores do país, que indicaram boas práticas, conteúdos imprescindíveis e os erros mais comuns cometidos em preenchimento de editais. Esse conteúdo também trará como base a experiência adquiri- da na prática da elaboração de projetos para leis de incen- tivo, criação de materiais comerciais e participação em concorrências públicas. Para fortalecer o seu potencial de êxito nos editais que irá participar, você verá também modelos de contraparti- das e como estruturá-las de uma forma interessante, pro- curando, além de demonstrar a qualidade técnica e artís- tica do seu projeto, as oportunidades que ele oferece em termos de comunicação e marketing. PARA CURIOSOS Confira dados completos da referida pesquisa em www. editaisbrasil.com 130 Fundação Demócrito Rocha Universidade Aberta do Nordeste 1 O QUE É UM EDITAL? Na sua forma básica, o edital é um chamamento público em que uma instituição apresenta de forma democrática seus crité- rios de seleção de projetos a serem inves- tidos/ patrocinados. Os interessados enviam propostas se- guindo esses critérios, que são avaliadas por um comitê de aprovação, na gran- de maioria híbrido, composto por áreas de interesse da instituição e consultores externos com notório saber na temática principal do edital. O comitê pontua e escolhe os projetos de acordo com cro- nograma e condições pré-estabelecidas no regulamento. Parece simples, não? Para ter uma visão mais ampla e poder suportar tanto as empresas interessadas em utilizar esse mecanismo quanto os proponentes que pretendem ter êxito nesses editais, Lárcio Benedetti, autor de Editais de Patrocínio Empresarial, realizou uma rica pesquisa que envolveu alguns dos maiores investi- dores de cultura do país, além de produ- tores e gestores culturais. A partir desse estudo, serão subsidia- das informações sobre como as empresas e instituições chegam ao mecanismo do edital como uma forma estratégica de encontrar projetos que façam sentido com seus valores e atendam suas ex- pectativas de posicionamento. Enten- dendo como a empresa se organiza, você terá mais facilidade para destacar no seu projeto o que há de mais relevante, am- pliando as oportunidades de sinergia do seu projeto com o que está sendo propos- to por meio do edital. Mas não faça, como outros, que for- çam para caber no edital um projeto que não atende aos seus critérios bá- sicos de seleção. Falaremos mais sobre isso no decorrer do conteúdo. 131 EDITAIS PATROCÍNIO EMPRESARIAL 2 ENTENDENDO COMO AS EMPRESAS ESTRUTURAM SEU EDITAIS Para ilustrar cada uma das eta-pas que as empresas costumam seguir para chegar à estrutura-ção de um edital, faremos uma alusão à figura da matrioska, um conhe- cido brinquedo artesanal tradicional da Rússia, que reúne uma série de bonecas de tamanhos variados colocadas uma dentro das outras. Primeira Camada Na primeira etapa, a empresa se de- bruça sobre seu papel como patrocina- dor, entendendo em qual estágio se en- contra: beneficente, reativo ou ativo. Esses estágios têm relação direta com a maturidade do processo de patrocínio dentro da empresa, representando uma sequência evolutiva. Fonte Ilustrações: Livro Editais de Patrocínio Empresarial. SESI-SP Editora, 2014 • No estágio beneficente: as decisões são tomadas primordialmente por gosto pes- soal e o investimento é feito de forma des- vinculada do negócio. Ações com objeti- vos filantrópicos são mais comuns nesse estágio e não há intenção de visibilidade. • No estágio reativo: os projetos são sele- cionados mediante a oferta e os critérios de escolha passam a ser adequação à marca e as contrapartidas que são oferecidas. As ações focam em objetivos táticos de re- lacionamento, reforço da imagem e há intenção de visibilidade da marca pelo projeto apoiado. • No estágio ativo: a orientação de esco- lha dos projetos é por estratégia e política de patrocínio, havendo uma integração às ferramentas de comunicação da empresa. As ações têm objetivos estratégicos e são criadas de acordo com o posicionamento da marca, sendo a visibilidade um compro- misso tanto do projeto apoiado quanto do programa de patrocínio da própria empresa. É importante compreender esses estágios de patrocínio empresarial, pois é no momento do patrocínio ativo onde normalmente as empresas optam pelo chamamento público por meio dos edi- tais. Dessa forma, cada um de vocês irá compreender, entre as empresas que buscam, em qual estágio de patrocínio ela se encontra no momento. 132 Fundação Demócrito Rocha Universidade Aberta do Nordeste 3 Segunda Camada Na segunda etapa, a empresa traça sua estratégia de patrocínio, ou seja, forma- liza um documento para uso interno e para balizar todas as áreas envolvidas no processo, apontando os objetivos corpo- rativos ou de marca que serão alcançados por meio do patrocínio. Aqui, vale destacar os três principais objetivos apontados pelas empresas: 1º Objetivo: Engajamento A empresa procura estabelecer relacio- namento com governo local, ter uma influ- ência junto a investidores, motivação para funcionários, relacionamento com a comu- nidade, cidadania corporativa, alianças de copatrocínio e gestão de reputação. Exemplo: empresas com contratos junto a governos, concessões, geralmen- te estabelecem sua política de patrocínio vinculada a engajamento. Um exemplo de projeto que atrai esse perfil de investimen- to é a Banda Sinfônica de Barra Mansa, um projeto da Prefeitura que já contou com o patrocínio da Light, Concessionária de Energia do Estado do Rio de Janeiro, Ins- tituto Votorantim e Grupo CCR, todas que buscam claramente estabelecer um bom relacionamento com o governo e a manu- tenção de uma boa reputação na cidade. 2º Objetivo: Marca Associação, percepção, preferência, relevância, consideração, experimenta- ção e lealdade. Exemplo: o Banco Itaú tem um histó- rico de patrocínio em que busca associar sua marca a projetos que tragam a per- cepção de sua imagem unida a paixões nacionais e regionais, como a seleção brasileira, o Carnaval de Salvador, o Fes- tival de Teatro de Curitiba e o Festival de Dança de Joinville. 3º Objetivo: Comercial Aumento de vendas, plataforma para promoções, construção de banco de da- dos, programa de fidelização, incentivo para a cadeia de suprimentos, oportuni- dade de venda direta, mídia alternativa e penetração em um novo mercado. Exemplo: Patrocínio da Nestlé a uma turnê de 50 anos do Roberto Carlos por cidades do interior do Brasil. Esses shows foram realizados em estádios de futebol de municípios onde a Nestlé tinhabaixa penetração comercial e os ingressos para os shows eram vendidos nos mercados das cidades, em que era necessária a tro- ca de embalagens Nestlé mais um valor simbólico para a aquisição dos ingressos, 133 EDITAIS PATROCÍNIO EMPRESARIAL fazendo com que os mercados quisessem rapidamente ampliar seus estoques de produtos Nestlé. Mediante o reconhecimento desses que são os principais objetivos de marca dos patrocinadores, você poderá fazer um exercício para entender quais deles seu projeto atende com mais propriedade, procurando reforçar esse seu diferencial desde a etapa de planejamento/elabora- ção até a estruturação do plano de cotas e contrapartidas, pontos que logo mais serão abordados com mais profundidade. Terceira Camada Na terceira etapa, a empresa estabele- ce a política de patrocínio, um desdobra- mento em termos práticos e gerenciais das estratégias e objetivos definidos. Em com- paração com a segunda etapa, a diferença é que dessa vez o documento é idealizado para ser divulgado externamente, tendo como principais componentes: histórico e visão de patrocínio da empresa, conceitos e focos, públicos de interesse, abrangên- cia geográfica, formas de seleção, critérios de escolha, nível de exclusividade, valo- res, restrições, contrapartidas e formas de acompanhamento. É importante que você saiba como é es- truturada uma política de patrocínio, quais as informações que normalmente com- põem este documento, sendo um conteú- do fundamental de ser pesquisado, pois é por meio dele que você poderá avaliar se o seu projeto está alinhado às diretrizes de investimento da empresa e se vale a pena seguir prospectando uma possível parceria. Este documento normalmente é publicado no site da empresa e nas plata- formas de chamamento público. Quarta Camada Na quarta etapa, a empresa avalia quais serão as formas de seleção dos projetos. No mercado existem quatro princi- pais formas: • Projeto próprio: criação de projeto pró- prio ou aquisição de um projeto (exemplo: abertura de um Instituto/Fundação). • Escolha direta: recebimento e seleção perante oferta. • Seleção dirigida: não há um canal ofi- cial aberto para recebimento de propos- 134 Fundação Demócrito Rocha Universidade Aberta do Nordeste tas, porém, a equipe responsável vai a mercado buscar projetos que se enquadrem aos interesses e objetivos da empresa. • Seleção pública (edital): processo aberto a todos os interessados. As pesquisas indicam que a maioria das empre- sas não se utiliza de uma única forma de seleção. Por isso, vale a pena conhecer quais são utilizadas, pois seu projeto pode não caber nas diretrizes do edital, mas pode ter potencial de ser recebido por outras vias. Quinta Camada Quando a empresa chega a quinta e última eta- pa é que se dá a opção pela forma de seleção por meio de editais ou não. Essa escolha normalmente é pautada por empresas que possuem políticas de patrocínio que busquem: (1) mapear grande núme- ro e variedade de projetos, (2) organizar e qualificar todo o processo de seleção, (3) utilizar recursos de leis de incentivo de forma responsável, (4) dar vi- sibilidade à política e (5) obter reputação frente a variados públicos. O edital não só democratiza o acesso dos propo- nentes ao recurso de patrocínio, mas também gera benefícios à empresa patrocinadora, pois propi- cia ativos de comunicação em diversos momentos (exemplo: lançamento do edital por meio de asses- soria de imprensa), define processo e responsáveis pela seleção, orienta o envio das propostas, facilita a gestão das propostas recebidas e, com comissão técnica, dá maior segurança quanto à implementa- ção dos projetos. PARA CURIOSOS Para se aprofundar nessa pesquisa, uma fonte interessante é o Versalic, ferramenta de transparência da Lei de Incentivo Federal à Cultura, em que é possível visualizar o histórico das empresas no uso da lei e os projetos apoiados, procurando entender seus perfis de investimento. versalic.cultura.gov.br/ 135 EDITAIS PATROCÍNIO EMPRESARIAL 136 Fundação Demócrito Rocha Universidade Aberta do Nordeste 4 BENEFÍCIOS DO EDITAL PARA O PROPONENTE DE PROJETOS Até o momento, foi apresentada toda a estru-tura da área de patrocínio até chegar à forma de seleção por edital, objetivo nosso. Agora é hora de abordar as vantagens do mecanis- mo de edital para os proponentes que buscam nele a captação de recursos. Algumas delas são: • Conhecimento prévio do foco e das regras, o que aju- da a direcionar esforço; • Envio do projeto na forma e com as informações que a empresa espera receber; • Conhecimento dos períodos de análise e divulgação dos resultados; • Maior segurança de que o projeto será avaliado por instâncias e critérios técnicos, e não por influ- ência e relacionamento. Lembre-se que a experiência com o preenchi- mento de editais estimula os proponentes a revisi- tarem o conteúdo de seu projeto, oportunizando análises e levantamentos ainda não pensados. Não há um padrão de formulário de editais, cada empresa destaca os campos que são estratégicos para seus critérios de avaliação. Para que você te- nha mais facilidade em adaptar o conteúdo do seu projeto às questões levantadas nesses formulários, entenda por que algumas informações são solicita- das e veja se seu projeto cumpre o escopo que será apresentado a seguir: a) Descrição: Contempla o título, conceito, objetivo geral e específicos, metodologia, plano de ação, resultados esperados, localização, período, cronograma, equi- pe, parceiros e orçamento. Além de levantar esses dados, vale a pena uma dedicação especial na de- finição de metas e indicadores, já que é um ponto geralmente frágil nos projetos e uma demanda re- corrente nos editais. O indicador, já vimos no curso, nada mais é do que a forma definida para acompanhar/monitorar as metas do seu projeto. Ele pode ser qualitativo e/ou quantitativo e deve ser indicado juntamente aos meios de verificação. Exemplo: no caso de um projeto de oficinas culturais, você pode ter um indi- cador quantitativo de frequência, que é monitorado pelas listas de presença, e um indicador qualitativo de satisfação, cujo meio de verificação pode ser fei- to por pesquisa ou coleta de depoimentos dos parti- cipantes desta oficina. Outro ponto fundamental é a elaboração do orça- mento. Ele está dentro das práticas de mercado? Você já executou um orçamento parecido? É necessário vis- lumbrar o percentual que será destinado para cada finalidade: produção, comunicação, agenciamento e gestão. Além disso, sempre é indicado que se leve em consideração seu histórico de execução para que se- jam números factíveis e comprováveis. PARA REFLETIR Crie um cronograma dos editais que você participa, normalmente eles são lançados em períodos estratégicos para as empresas e que se repetem ano a ano. Assim, você pode se planejar melhor e trazer os aprendizados do ano anterior. 137 EDITAIS PATROCÍNIO EMPRESARIAL Caso se depare com um orçamento muito superior com tudo que já tenha realizado até o momento, que tal fasear a execução? Isso pode demonstrar sua seriedade e comprometimento com a execução total do projeto. b) Público A definição do público do projeto, além de traçar o perfil demográfico, que envol- ve idade, sexo, classe social e localização, deve considerar também a quantidade impactada e o alcance. O investimento em um projeto regional é diferente de um projeto com abrangência estadual, por exemplo. Muitos proponentes ao preen- cherem um edital informam no campo do público-alvo que aquele projeto “conversa com público geral”. Mas será que um único projeto é capaz de falar com a criança e o idoso? Com público A e E ao mesmo tem- po? Tome cuidado e seja bem preciso em sua informação. Lembre-se que essa empresa patroci- nadora busca nessa informação o fit (co- nexão) do projeto com o público que ela pretende se relacionar, sendo este um dos pontos-chave na seleção depatro- cínio. Além da definição do público ser importante para a defesa da sua propos- ta perante o preenchimento de um edi- tal, ela também é fundamental na cons- trução da estratégia de comunicação e divulgação do seu projeto. Atualmente, uma das fontes de pesquisa para enten- dimento do público-alvo são as redes so- ciais. Por meio de ferramentas gratuitas disponibilizadas para consulta é possível levantar dados ainda mais específicos quanto ao comportamento do público, engajamento e interesse. c) Qualificação Inclui histórico do projeto e do propo- nente, contexto, ou seja, em qual situação se insere, relevância, reconhecimento (prê- mios e cases de sucesso), penetração na mídia comprovada por clipping, diferencia- ção (porque seu projeto é único/especial/ inovador) e atributos, que são os valores agregados que seu projeto traz. Com relação aos atributos, eles de- vem funcionar como palavras-chave na redação do projeto como um todo e pensados desde o planejamento. Re- conhecendo os reais atributos/valores do seu projeto, eles facilitarão sua argu- mentação no preenchimento de campos estratégicos dos editais. Exemplos de atributos são: regionalidade, inovação, tradição, erudição, vanguarda, trans- gressão, brasilidade, paixão, democrati- zação entre outros. É também através desses atributos/ valores que empresas reconhecem as co- nexões dos valores do projeto com os valores que desejam para a marca e se isso fizer sentido a possibilidade de pa- trocínio é maior. Outro importante ponto que faz par- te da qualificação, sendo cada vez mais requerido pelos editais, é a conexão do projeto com os ODSs. d) Comunicação A comunicação muitas vezes é trata- da de forma simplificada na elaboração de um projeto. Quando um projeto está sendo analisado, além de se esperar um conteúdo de excelente qualidade técnica e artística, também se avalia o quanto ele consegue de fato gerar impacto e alcan- ce junto ao seu público de interesse. ODS Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são uma métrica universal criada e pactuada pela ONU a fim de estabelecer um compromisso de sustentabilidade entre as nações até 2030. Ao todo são 17 objetivos, cada um desdobrado em metas específicas. Saiba mais em: www. agenda2030.com.br 138 Fundação Demócrito Rocha Universidade Aberta do Nordeste Um plano de comunicação estraté- gico é fundamental nesse processo e ponto-chave para a criação do plano de cotas e contrapartidas. Faz parte de um plano de comunica- ção bem estruturado a definição dos ob- jetivos, dos canais, das mensagens e da cobertura (extensão). Explore seus canais próprios (site, redes sociais, Youtube, blog etc.), inclua mídias pagas (anúncios em veículos de referência, veículo de massa, posts patrocinados etc) e trabalhe para conquistar mídias espontâneas (engaja- mento nas redes sociais, assessoria de imprensa, parcerias de divulgação etc.). Lembrando que, com relação às redes sociais, mais vale ter poucos canais bem tra- balhados (com programação de conteúdo, interação com o público e monitoramento) do que diversos sem a devida atualização. Em todos os editais é de praxe a solici- tação dos canais oficiais do projeto/propo- nente, sendo mais bem avaliados aqueles que tratam a comunicação de forma pro- fissional, afinal serão esses canais que le- varão a assinatura da empresa. e) Contrapartidas O proponente deve oferecer benefí- cios à marca patrocinadora. No mercado de patrocínio, esses benefícios são deno- minados contrapartidas ou reciproci- dades. Nada mais são que uma forma de reconhecer o investimento realizado, por meio de créditos à marca patrocinadora, ações de comunicação, relacionamento e responsabilidade social e ambiental. Além disso, as contrapartidas podem ser um importante diferencial no seu projeto para torná-lo atrativo e, por que não, competitivo perante os demais pro- jetos do mercado. Para verificar se você está aproveitan- do todo o potencial do seu projeto, se- guem alguns tipos de contrapartidas que podem ser apresentados ao seu patroci- nador, lembrando que você não deve se restringir a elas. Seja criativo. Vamos lá: Comunicação Inserção da marca patrocinadora em: • Materiais publicitários veiculados em TV, jornal, revista, rádio e internet. • Materiais gráficos: cartazes, folders, convites etc. • Merchandising: cenografia, projeções, locu- ções, placas de sinalização, banners etc. • Mídias próprias: site, mídias sociais, blog e e-mail marketing. • Imprensa: releases, coletivas e entrevistas. Relacionamento • Cotas de ingressos. • Acesso ao camarote. • Eventos exclusivos. • Visitas guiadas. Promoção • Amostras, degustações e demonstrações para o público do projeto. • Encartes em materiais gráficos do projeto. Permissões • Uso de espaços (teatros, auditórios etc.) sob concessão do proponente. • Serviços que podem ser realizados pelo pro- ponente (palestras, oficinas, consultorias). • Endomarketing: participação dos fun- cionários, voluntariado da empresa e vi- sitas exclusivas. • Uso de imagem: da marca do projeto, dos protagonistas do projeto e de obras. • Comercial: licença para venda no local do projeto, pré-venda de ingressos exclusiva etc. Comprovação • Pesquisas de impacto e satisfação. • Clipagem (clipping). • Relatório de prestação de contas. • Fotos e vídeos. Sociais e Ambientais • Indicação de uma instituição social, por parte do patrocinador para que participe do projeto como convidada. • Ações que promovam acessibilidade no seu projeto, como: impressão dos mate- riais de comunicação em braile, tradução 139 EDITAIS PATROCÍNIO EMPRESARIAL das apresentações em libras, disponibili- zação de audioguias etc. • Ações que promovam a responsabilida- de ambiental do seu projeto, como: im- pressão dos materiais de comunicação em papel reciclado, separação dos resíduos, uso de novas tecnologias que diminuam o consumo de energia etc. f. Plano de Cotas Se seu projeto pretende ter um único patrocinador, você oferece todas as contra- partidas a ele. Porém, na prática, visando a sustentabilidade do projeto e a não depen- dência de um único parceiro, é esperado que se tenha vários patrocinadores. Para que isso seja feito de forma organizada e pla- nejada, utiliza-se o plano de cotas, em que se define quais contrapartidas serão oferecidas para qual tipo de patrocinador, de modo que aqueles que investem maior valor recebem as contrapartidas mais valorosas. Existem alguns padrões no mercado de como se organizar um plano de cotas. Um deles é matemático, em que você di- vide o valor total do seu projeto em ní- veis de cota, indicando que o maior nível possa ser cota única, oportunizando uma boa negociação. Por exemplo, em um projeto que se pretende arrecadar R$ 200.000,00 em patrocínio, é possível dividir as cotas da seguinte forma: • 1 cota Diamante: R$ 80.000 • 2 cotas Ouro: R$ 40.000 • 4 cotas de Apoio: R$ 10.000 Perceba que as cotas maiores pos- suem menor disponibilidade justamen- te para que se possa ser oferecida con- trapartidas mais exclusivas e atrativas. Também é possível dividir o projeto em temáticas, e, assim, cada uma delas pode ter um plano de cotas próprio. Isso vai depender do seu projeto. Por exemplo: um Festival de Literatura poderá vender sua programação adulta com plano de co- tas específico e separadamente trabalhar um plano de cotas para sua programação infantil, o que pode oportunizar também uma maior sinergia do projeto com o pa- trocinador pretendido. No exemplo ci- tado, o plano de cotas da programação adulta pode ter como foco de captação uma universidade, enquanto a programa- ção infantil ter como foco de captação um colégio ou algum outro negócio lúdico que trabalhe diretamente com crianças. Vale a pena lembrar que a maioria dos editais apresenta a possibilidade de envio de anexos, então, aproveite esse espaço para incluir seu plano de cotas e contrapartidas,o que demons- tra que seu projeto tem coerência entre as contrapartidas oferecidas para cada nível de patrocínio. 140 Fundação Demócrito Rocha Universidade Aberta do Nordeste 5 DICAS PARA INSCRIÇÃO DE PROJETOS EM EDITAIS C onfira a seguir 20 dicas para a sua participação em editais, que foram elaboradas com base em experiências práticas e em per- cepções de patrocinadores que atuam na avaliação das propostas. 1 Não se limite ao edital. Busque in-formações sobre a empresa, sua política de patrocínio e projetos já apoia- dos: aqui vale a pena também, além de visitar todos os canais da empresa (sites e redes sociais), pesquisar a ferramenta de transparência da Lei Federal de Incentivo Fiscal à Cultura, o Versalic. 2 Atente ao conteúdo do edital e o compare com as características do seu projeto. Só siga em frente se houver afinidade, se não houver, você poderá co- locar foco em um outro edital mais opor- tuno ao seu projeto, e também poupará a empresa patrocinadora de avaliar essa proposta que você mesmo já compreendeu que pode não cabe nele. 3 O edital pode estimular adequa-ções. Mas cuidado para não desca- racterizar o seu projeto. Essa dica é muito importante, pois essas adequações não devem comprometer o seu escopo (essên- cia de seu projeto), resultados artísticos e a própria justificativa do seu projeto. 4 Leia atentamente e destrinche o re-gulamento e os materiais de apoio antes de fazer a inscrição. Essa informação é muito valiosa, uma vez que, se a empresa pre- parou um regulamento e outra série de ma- teriais de apoio a um edital de chamamento público, certamente é neles que ela deixará todas as informações fundamentais que não poderão faltar em seu preenchimento. 5 Siga rigorosamente todas as instru-ções, guie-se pelos critérios de se- leção e enfatize as características que res- pondem a eles. Lembre-se de revisitar os “atributos e valores agregados de seu proje- to”. Se tiver feito um bom dever de casa na elaboração, esta etapa será fundamental e assertiva para o sucesso do preenchimento. 6 Inclua e dê destaque a ações que diferenciem seu projeto. Tente em poucas palavras dizer por que o seu projeto é único, lembre-se, este é um processo de concorrência. 7 Sugira contrapartidas sociais e/ou ambientais reais. Além de ser uma prática que inclusive tornou-se obrigató- ria em algumas das principais leis de in- centivo, este pode ser um grande diferen- cial de seu projeto. Vale lembrar, nesta etapa, do uso dos ODSs. 8 Sugira parcerias viáveis. Somente inclua parcerias já confirmadas, ou mesmo as que já tenha realizado em outras edições, pois entre as funções do comitê de avaliação está a verificação da veracidade e exequibilidade da sua proposta. 9 Mantenha toda sua documentação em dia. Como a opção pelo uso dos editais é muitas vezes realizada para dar se- gurança e transparência ao investimento, o mesmo passa a ser cobrado de quem parti- cipa. Por isso, os editais costumam solicitar certidões, documentos financeiros e jurí- dicos que precisam estar atualizados. Não deixe para regularizar seus documentos apenas quando for participar de um edi- tal, o prazo pode não ser suficiente. 10 Não deixe ações em aberto (a pen-sar após a seleção) e não dê traba- lho ao patrocinador (definição de aspec- tos do projeto ou uso de contrapartidas). Pode acontecer de você querer dar flexibi- 141 EDITAIS PATROCÍNIO EMPRESARIAL lidade à proposta enviada no edital e aca- bar deixando em aberto informações, de modo que possam ser possivelmente ne- gociadas posteriormente com o patroci- nador. Porém, isso não é bem visto pelos comitês de avaliação. Ao contrário, a au- sência de informações pode ser encarada como projeto inconsistente. 11 Preencha o formulário de forma técnica, clara, simples, sucinta e objetiva. “Menos é mais”. Muitos dos for- mulários de editais hoje em dia são cria- dos inclusive em sistemas com campos restritos, com contagem de caracteres, justamente para que se possa limitar as informações essenciais solicitadas. Vale a pena, antes de efetuar o envio do projeto no formulário de inscrição, copiar todas as questões existentes nele e preparar o arquivo que irá enviar em um editor de texto, como o Word. Isso lhe poupará de passar por problemas de inconsistência do sistema de gestão do edital, ou mesmo contratempos como perder o que já fez por queda de energia etc. 12 Evite textos muito conceituais e ex-cesso de informações que possam tirar o foco da ideia principal. Lembre- -se de que as empresas recebem muitas propostas e buscarão aquelas que sejam apresentadas de forma clara e objetiva e que, de fato, tenham sinergia com suas políticas de patrocínio. 13 Atenção aos campos críticos do formulário de inscrição: Descrição/ Apresentação /Resumo /Justificativa / Metas /Metodologia /Plano de Ação Esses campos foram apontados pelas empresas como informações críticas para a avaliação do projeto. Entenda o que é esperado em cada um deles: Descrição/Apresentação/Resumo: • Resumo geral do projeto: deve sintetizar todos os principais tópicos do regulamento. • Explicitar com clareza a que se destina o patrocínio. • Enfatizar os aspectos diferenciadores do projeto. • Em muitos casos, este campo já define se o projeto continuará a ser lido ou se será descartado. Justificativa: • Por que o projeto deve ser realizado? • A que demanda o projeto vai atender? • Qual a importância desta demanda para o público-alvo do projeto? • Que benefícios serão alcançados? Objetivos: • Para que e para quem o projeto será realizado? • Especificar o que se pretende atingir. 142 Fundação Demócrito Rocha Universidade Aberta do Nordeste • Apresentar soluções para a demanda identificada. • Objetivos gerais (longo prazo) e específi- cos (ao término do projeto). Importante: deve haver coerência entre ambos. Metas: • Detalhamento quantitativo e qualitativo dos objetivos do projeto. • Quantas pessoas serão beneficiadas pelo projeto? Com que grau de envolvimento? Por quanto tempo? • Itens pelos quais o projeto será monitora- do (indicadores e meios de verificação). Metodologia/Plano de Ação: • Como o projeto vai alcançar seus objeti- vos e suas metas? • Descrever as estratégias e as técnicas que serão empregadas • Como será a abordagem e a interação com o público-alvo? • Como será a gestão do projeto? Como se- rão viabilizadas outras parcerias? 14 Evite adjetivos e autoelogios: “o projeto é revelador, espetacular”, “esta minha pesquisa é fundamental para...” Procure defender sua proposta com resultados já conquistados, dados de pesquisa e informações fundamentadas. 15 Não cometa erros de português! Desqualificam o projeto, por mais in- teressante que ele possa parecer. Isso nem deveria ser uma dica, mas infelizmente é algo apontado como recorrente pelos avaliadores. 16 Antes de enviar, confronte nova-mente o formulário com o regula- mento e, principalmente, com os critérios de seleção. Procure avaliar se você atendeu a todas as exigências e se o seu conteúdo está valorizando o que foi apontado como prioritário nos critérios de seleção do edital. 17 Antes de enviar, leia todo o texto e peça a revisão de alguém que não conheça o projeto. Essa revisão faz com que você perceba como realmente seu pro- jeto será recebido, uma vez que você e as pessoas envolvidas diretamente no projeto podem não ter uma visão crítica. 18 Mesmo que não sejam obrigató-rios, envie anexos que qualifiquem e ilustrem o projeto: fotos, portfólio, cartas de intenção, links na internet etc. Aqui vale a pena lembrar de nomear os ar- quivos de forma adequada e organizada para facilitar o recebimento e compreen- são por parte do avaliador. Selecione aque- les materiais que realmente qualifiquem e comprovem o conteúdo que foi defendido em sua proposta. 19 Em caso de dúvidas, leia os mate-riais de apoio e contate a equipe de suporte do patrocinador. Aproveite a dis- ponibilizaçãodesses canais e levante suas dúvidas com antecedência, assim terá tem- po para possíveis revisões e adequações. 20 Não deixe a inscrição para a últi-ma hora. Não é à toa que essa é a última dica apresentada. Como pôde ver ao longo deste fascículo, a participação assertiva em editais depende muito de dedicação, organização e planejamen- to e, infelizmente, a grande maioria dos proponentes participa do edital próxi- mo ao prazo final de inscrição. Deixando para a última hora, além de você não ter tempo hábil para a leitura do edital e seus anexos e para a elaboração adequada da proposta, ainda corre o risco de não con- seguir enviar seu projeto diante de qual- quer imprevisto. 143 EDITAIS PATROCÍNIO EMPRESARIAL 6 Esperamos conseguir abrir os seus olhos para es-sas possibilidades de editais de patrocínio priva-do. Muito do que se falou aqui também é útil para editais públicos, não resta dúvida. A partir dessas dicas, e entendendo tudo que en- volve a utilização do mecanismo edital, esperamos contribuir com sua percepção em relação ao mercado de captação de recursos. Nosso fascículo propõe tam- bém uma reflexão com relação ao conteúdo de seus projetos, no intuito de contribuir para a elaboração de projetos mais maduros, seguros e exitosos. Referências OLIVIERI, Cristiane; NATALE, Edson. Guia brasileiro de pro- dução cultural: ações que transformam a cidade. São Paulo: Edições SESC, 2016 REIS, Ana Carla F. Marketing cultural e financiamento da cultura. Ed. Thomson Pioneira, 2002 BOTELHO, Isaura. Dimensões da cultura: políticas culturais e seus desafios. São Paulo: Edições SESC, 2016 ABONG/AFINCO. Manual de administração jurídica, contábil e fi- nanceira para organizações não-governamentais. São Paulo: Peiró- polis, 2003 VALIATI, Leandro; FIALHO, Ana Letícia do Nascimento (ORG). Atlas econômico da cultura brasileira: metodologia I. Porto Alegre: Edi- tora da UFRGS/CEGOV, 2017 WEIKART, Lynne A. e CHEN, Greg G. Budgeting and Financial Mana- gement for Nonprofit Organizations: using money to drive mission success. California: Sage, 2013. JORDÃO, G.; ALLUCCI, R. R. Panorama setorial da cultura brasileira. São Paulo: Allucci & Associados, 2012. CEREZUELA, David Rosselló. Planejamento e avaliação de projetos culturais: da ideia à ação. São Paulo: Edições SESC, 2015. BENEDETTI, Lárcio Editais de Patrocínio Empresarial. Sesi-SP Edi- tora, 2014. Jaeger, W. Paideia: a formação do homem grego. Martins Fontes, 2013. Sesi. O desafio de elaborar e viabilizar projetos culturais sob as diretrizes da tecnologia Sesi Cultura. 2007. Acesso livre em: http://www.sesipr.org.br/cultura/uploadAddress/2._O_ D E S A F I O _ D E _ E L A B O R A R _ E _ V I A B I L I Z A R _ P R OJ E T O S _ CULTURAIS%5B59197%5D.pdf Votorantim. Manual de apoio à elaboração de projetos de demo- cratização cultural. 2007. Acesso livre em: www.blogacesso.com.br/ forum/manual.pdf Comgás. Guia do empreendedor sociocultural. 2012. Acesso livre em: www.socioculturalemrede.com.br/encontros/guia-do-empre- endedor-sociocultural/ Sebrae/CE. Captação de recursos: coletânea de instituições nacio- nais e internacionais com linhas de financiamento para elaboração de projetos. 2007. Acesso livre em: http://www.fenas.org.br/downlo- ads.aspx?id=29&ext=PDF Matravolgyi, J. Investimento requer estratégia definida. Valor se- torial comunicação corporativa nº 6, pp. 80-82, 2013. Acesso livre em: www.revistavalor.com.br/home.aspx?pub=27&edicao=6 CONCLUSÃO Guabiras (Ilustrador) É cartunista, autor de histórias em quadrinhos e de muitos personagens. Publicou mais de 5 mil tirinhas em veículos como jornais, fanzines, livros (antologias), revistas (MAD-SP, Gibi Quântico-SP, Tarja Preta-RJ, entre outras) e na web, entre eles, no jornal EXTRA de Nova York (EUA) e na obra Marcatti 40 (Ugra/SP). Recebeu, em parceria, 3 troféus HQMIX e o Troféu Ângelo Agostini de “Melhor Cartunista de 2016”, as maiores comendas de quadrinhos do país. REALIZAÇÃOAPOIO CAPACITAÇÃO DE AGENTES CULTURAIS ESTRATÉGIAS DE CULTURA E ARTE PARA O FUTURO Marcos Henriques Librantz (autor) Formado em Relações Públicas, pós-graduado em Gestão de Marketing de serviços pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), com especialização em gestão de projetos pela FGV. Foi gerente de mobilização de recursos na Associação Amigos do Projeto Guri e atuou na Osesp como supervisor de marketing, produtor de eventos e membro do conselho administrativo. É consultor cultural e sócio da Agência NTZ Comunicação e MKT, participando de projetos como: criação do ementário do curso de pós-graduação em gestão cultural do Senac e palestrante e professor em eventos e disciplinas sobre pioneirismo na cultura e gestão cultural na FAAP, Casper Líbero e Unip. FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) Presidente: Luciana Dummar Diretor Administrativo-Financeiro: André Avelino de Azevedo Gerente Geral: Marcos Tardin Gerente Editorial e de Projetos: Raymundo Netto Gerente Canal FDR: Chico Marinho Analistas de Projetos: Aurelino Freitas, Emanuela Fernandes e Fabrícia Góis | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE (UANE) Gerente Pedagógica: Viviane Pereira Coordenadora de Cursos: Marisa Ferreira Designer Educacional: Joel Bruno | CURSO CAPACITAÇÃO DE AGENTES CULTURAIS Coordenador Geral, Editorial e Estabelecimento de Texto: Raymundo Netto Coordenadora de Conteúdo: Daniele Torres Assistente Editorial Emanuela Fernandes Projeto Gráfico e Edição de Arte: Andrea Araujo Designer Gráfico: Carlos Weiber Ilustrador: Guabiras Roteirista, Locutora e Mediadora (radioaulas): Lílian Martins Produtora: Luísa Duavy ISBN: 978-65-86094-49-7 (Coleção) ISBN: 978-65-86094-42-8 (Fascículo 9) Todos os direitos desta edição reservados à: Este fascículo é parte integrante do projeto Estratégias de Cultura e Arte para o futuro: capacitação de agentes culturais, em decorrência do Termo de Fomento celebrado entre a Fundação Demócrito Rocha (FDR) e a Secretaria Municipal de Cultura de Fortaleza (SecultFOR), sob o nº 02/2020. Fundação Demócrito Rocha Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora CEP: 60.055-402 - Fortaleza-Ceará Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 fdr.org.br fundacao@fdr.org.br
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