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Utilização de micro-organismos fotossintetizantes na produção de bioplásticos Os micro-organismos fotossintetizantes (microalgas e cianobactérias) podem se tornar fontes bastante interessantes na produção de bioplásticos, agregando valor ao produto, uma vez que não competem espaços com a agricultura para realização do seu cultivo, são um grupo de micro-organismos que possuem um curto tempo de geração, não necessitam de fontes nutricionais onerosas para seu crescimento, apenas água, sais, energia luminosa proveniente do sol ou lâmpadas artificiais e fonte de carbono proveniente dos gases atmosféricos (CO2), transformando o dióxido de carbono em oxigênio, essencial para os humanos, o que também enriquece a possibilidade do seu uso, como agente redutor dos gases do efeito estufa. O uso de resíduos industriais também pode ser interessante no cultivo desses micro-organismos para produção de biomoléculas de interesse comercial, como os PHAs. Essa possibilidade também torna esses micro-organismos atrativos no tocante ao aproveitamento desses resíduos, evitando que esses, sejam descartados no meio ambiente e venham futuramente causar diversos danos, como por exemplo, a eutrofização dos leitos d’água. Costa et al., 2018 – UFBA – Brasil Influence of nitrogen on growth, biomass composition, production, and properties of polyhydroxyalkanoates (PHAs) by microalgae - Chlorela minutissima, Synechococcus subsalsus e Spirulina sp. - Este estudo buscou avaliar a influência da disponibilidade de nitrogênio no crescimento celular, composição da biomassa, produção e as propriedades de polihidroxialcanoatos durante o cultivo das microalgas. - Chlorella minutissima não produziu esses polímeros mesmo em um ambiente deficiente em nitrogênio. Os maiores acúmulos do polihidroxialcanoatos ocorreram após 15 dias de cultura, com concentração de 16% (peso celular seco) produzida pela cepa Synechococcus subsalsus e 12% pela Spirulina sp. LEB-18. Poli-hidroxialcanoatos produzidos por Synechococcus subsalsus e Spirulina sp. LEB-18 apresentou diferentes propriedades térmicas e físicas, indicando a influência da produção de cepas nas propriedades dos poli- hidroxialcanoatos. Os polímeros obtidos consistiam em monômeros de cadeia longa com 14 a 18 átomos de carbono. - Uma nova composição, uma vez que não foram encontrados PHAs a partir dessas cianobactérias. Costa et al., 2019 – UFBA – Brazil Microalgae as source of polyhydroxyalkanoates (PHAs) — A review - Vários estudos sugerem que as microalgas são um tipo de micro-organismos que podem ser usados para obter PHAs a um custo mais baixo porque têm requisitos mínimos de nutrientes para o crescimento e são fotoautotróficos por natureza, ou seja, usam luz e CO2 como suas principais fontes de energia. - Estudos de estimulação da síntese de PHA por microalgas ainda são considerados incipientes. Ainda assim, é claro que as microalgas têm potencial para produzir biopolímeros com menor custo e podem desempenhar um papel vital no meio ambiente. - Quando as microalgas estão em circunstâncias extremas causadas por estresse nos fatores bióticos e/ou abióticos, elas podem produzir PHAs como uma forma de armazenamento de energia, para superar e/ou aclimatar essas condições. Fatores abióticos são os que mais interferem e estimulam a síntese de biopolímeros. - Uma série de estudos sugeriu que a produção de PHA por microalgas ocorre quando esses microrganismos crescem em um ambiente com deficiência de nutrientes. - Quando as microalgas crescem em ambientes deficientes em compostos tais como nitrogênio e/ou fósforo, suas vias metabólicas são desviado para produzir compostos ricos em carbono, como PHAs, que atuam como fonte de armazenamento de energia. - A obtenção de PHAs a partir de microalgas pode ser caracterizada como uma importante ferramenta para reduzir os custos de obtenção dos polímeros e, portanto, para proporcionar uma maior competitividade em relação aos sintéticos. As microalgas são consideradas uma fonte promissora para a produção de PHAs, pois são os únicos micro-organismos que acumulam PHAs por fotossíntese, e podem desempenhar papel vital para o meio ambiente. Gonzáles-Balderas et al., 2020 – México Influence of mold temperature on the properties of wastewater-grown microalgae-based plastics processed by injection molding - Este estudo avalia o desenvolvimento de plásticos de base biológica de Desmodesmus sp. e biomassa Tetradesmus obliquus cultivada em águas residuárias. Além disso, avalia os efeitos de temperatura do molde sobre as propriedades mecânicas e viscoelásticas dos bioplásticos por mecânica dinâmica análise (DMA), testes de tração e capacidade de captação de água (WUC). Mathiot et al., 2019 – França Microalgae starch-based bioplastics: screening of ten strains and plasticization of unfractionated microalgae by extrusion - Dez cepas de microalgas foram selecionadas para a produção. - Ankistrodesmus falcatus (NIES-2195), Chlamydomonas reinhardtii (strains DW15 e 11-32A), Chlorella sorokiniana (NIES-2173), Chlorella variabilis (NC- 64A), Chlorella vulgaris (NIES-227), Parachlorella kessleri (NIES-2152), Scenedesmus acutus (NIES-94), Scenedesmus obliquus (NIES-2280) and Scenedesmus sp. - Microalgas foram consideradas neste trabalho como um novo recurso para o desenvolvimento de bioplásticos à base de amido. - Este estudo deixa perspectivas abertas para o desenvolvimento de bioplásticos à base de amido de microalgas como uma nova plataforma. Toh et al., 2008 – Malásia Comparison of polyhydroxyalkanoates biosynthesis, mobilization and the effects on cellular morphology in Spirulina platensis and Synechocystis sp. Uniwg - Spirulina platensis e Synechocystis sp UNIWG mostrou capacidade de sintetizar poli (3-hidroxibutirato) [P(3HB)] sob condições de deficiência de nitrogênio com um acúmulo máximo de até 10 e 14% do peso seco, respectivamente. - As cianobactérias são de particular interesse como produtoras de PHA, por causa de suas necessidades mínimas de nutrientes para o crescimento e capacidade de acumular PHA por fotossíntese oxigenada. Kovalcik et al., 2017 – Áustria Characterization of polyhydroxyalkanoates produced by Synechocystis salina from digestate supernatant - Esta pesquisa se concentra na investigação das propriedades térmicas e reológicas dos polímeros PHA acumulados por Synechocystis salina, que foram cultivados em sobrenadante digerido e um meio mineral. As células apresentaram conteúdo de polímero de 5,5-6,6%. - Polímeros P3HB acumulados por S. salina em meio mineral e o sobrenadante digerido tem características de peso molecular semelhante, bem como propriedades térmicas e reológicas semelhante ao P3HB comercial, que foi usado como referência. Combinar a engenharia genética moderna com inovações em técnicas de cultivo, tem o potencial para aumentar a produção de bioprodutos em microalgas. Como a demanda por produtos plástico continuam a crescer, haverá lugar para bioplásticos derivados de microalgas. Seja usando diretamente biomassa de microalgas, derivados de biomassa de microalgas ou engenharia genética de cepas de microalgas. Existem várias rotas que podem ser tomadas para alcançar um bioproduto economicamente viável. O trabalho futuro pode consistir em cepas híbridas de microalgas para produzir PHAs e misturar com plásticos petroquímicos ou outros plásticos de base biológica. A combinação de macroalgas com PHBs já foi relatada na literatura e o uso de abordagens semelhantes com microalgas também pode ser considerado. Um modelo de biorrefinaria, onde vários bioprodutos são produzidos a partir de uma única fonte de microalgas, parece o processo mais provável pelo qual os bioplásticos derivados de microalgas entrarão no mercado em um futuro próximo. Além disso, matérias-primas de microalgas que sãocultivadas em fluxos de resíduos fornecerá o menor custo para um sistema de biorrefinaria.
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