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Daniela Carvalho - TLVI DIABETES MELLITUS GETACIONAL • Definição: Qualquer grau de intolerância ao carboidrato diagnosticada durante a gravidez, levando ao aumento de açúcar no sangue, com remissão após o término da gestação. o Obs: Existe a possibilidade de não ter sido diagnosticada previamente ou iniciou concomitantemente a gravidez. • Atinge 7% a 13%; no Brasil chega a 7,6%. • É uma patologia do 3º trimestre causada pelo aumento da resistência periférica à insulina (obesidade) e aumento dos hormônios: lactogênio placentário (HLP), GH, estrógenos, progesterona e cortisol. REGULAÇÃO GLICÊMICA Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/60/Glicemia.svg/1200px-Glicemia.svg.png TIPOS DE DIABETES • Tipo 1 (destruição de celulas β): imunomediada, atinge 5% - 10% da população. • Tipo 2 (resistência à insulina e relativa deficiência na secreção): atinge 90% a 95% dos diabéticos. o Pode ou não estar relacionada a deficiência de secreção da insulina. • Outros tipos específicos de diabetes: defeito genético da cels β e da ação insulínica; doenças pancreáticas; endocrinopatias; drogas; infecciosas; diabetes imuno mediadas, síndromes genéticas. • Diabetes gestacional: intolerância a glicose diagnosticada durante a gravidez. GRUPOS DE RISCO • Idade > 35 anos o Pacientes com idade avançada aumenta o risco para várias patologias durante a gestação. • Sobrepeso ou obesidade e ganho de peso. IMC ≥ 25 o Obesidade ou ganho de peso excessivo durante a gestação por aumentar a resistência à insulina. • Antecedente familiar de 1º grau de DM o Antecedentes familiares de DM tipo 2. • DMG ou intolerância em gravidez prévia • Macrossomia fetal, mal formações e cardiopatia e óbito fetal de causa desconhecida, polidrâmnio, aborto. Daniela Carvalho - TLVI • SOP o Síndrome dos ovários policísticos pois uma das intercorrências é a resistência à insulina • Uso de drogas hiperglicemiantes: diuréticos tiazídicos, corticosteróides e hormônios tiroidianos. o Paciente lúpica com uso de prednisona por exemplo terá risco aumentado para DMG. TRIAGEM o Não entram na rotina de pré natal das pacientes de baixo risco. • HB glicada • Proteinúria de 24 h e microalbuminúria • Lipidograma -> colesterol total e frações. • Ureia e creatinina • Sódio e potássio • Ácido úrico • Urina I e urocultura • Fundoscopia • ECG CUIDADOS PRÉ-CONCEPÇÃO (O QUE PODE COMPLICAR A DIABETES) • Prevenção de hipoglicemia e cetoacidose • Controle de PA • Proteinúria 24h < 250 mg/24h • Controle tireoidopatias o Pacientes com hipotireoidismo podem evoluir com DMG. • Avaliação de doenças auto-imunes • Seguimento multidiciplinar o Orientar quanto atividade física, perda de peso e alimentação adequada. FISIOPATOLOGIA Ocorre um aumento importante do lactogêneo placentário com pico por volta das 36 semanas (por isto é considerada uma doença do terceiro trimestre). Este pico causa aumento da resistência periférica a insulina e uma redução da secreção de insulina pelo pâncreas, causando uma hiperglicemia materna pós prandial. Fonte: https://image.slidesharecdn.com/gdmdrselim2018-180217182344/95/hyperglycemia-in-pregnancy-by-dr-selim-18-638.jpg?cb=1518891887 Daniela Carvalho - TLVI DMG causa riscos fetais: glicose atravessa a barreira placentária, neste caso a hiperglicemia materna causa hiperglicemia fetal e como o feto está com o pâncreas funcionando bem, irá entrar em quadro de hipoglicemia. Por este motivo que o risco de óbito fetal nas pacientes diabéticas descompensadas é alto. Além disto, a hiperglicemia materna irá estimular aumento do metabolismo da glicose no organismo fetal, causando a macrossomia. DIAGNÓSTICO • Diabetes gestacional: glicemia de jejum ≥ 92 e ≤ 125 mg/dl. o Na rotina de primeiro trimestre é feito para todas as gestantes a dosagem da glicemia de jejum e se for ≥ 92 e ≤ 125 mg/dl, será diagnósticada com diabetes gestacional, porém se for ≥ 126 mg/dl será diagnósticada com overt diabetes. • Não diabética: glicemia de jejum < 92 → TTOG 75 g entre 24-28 semanas; o Para as pacientes que fazerm a primeira rotina e tem valores normais, é feito o TTGO com 75 g na segunda rotina, entre 28-32 semanas (protocolo novo). o Valores normais do TTOG: ▪ Jejum ≤ 92 mg/dl ▪ 1ª hora ≤ 180 mg/dl ▪ 2ª hora ≤ 153 mg/dl Fonte: https://www.scielo.br/img/revistas/aem/v63n5//2359-4292-aem-2359-3997000000171-gf01.jpg DIABETES MELLITUS: PRÉ-GESTACIONAL • DM II ou “Overt Diabetes”: o HbA1C ≥ 6,5% o Glicemia de jejum (8 horas) ≥ 126 mg/dl o Glicemia aleatória ≥ 200 mg/dl + sintomas ▪ Sudorese, polidipsia, náuseas, vômitos e mal estar geral. ▪ Para as pacientes que não tinham o diagnóstico de DM II antes da gestação. Daniela Carvalho - TLVI Fonte: https://cdn.cosmicjs.com/b1c548c0-95e4-11ea-9747-6342177db90e-1589462003013.jpg SEGUIMENTO • Equipe multiprofissional: médico, enfermeira, nutricionista, assistente social e psicólogo. o Orientação para atividade física e dieta. • Pré-natal quinzenal o Pré natal terá retornos mais precoces -> vem a cada 15 dias se o diagnóstico foi feito no terceiro trimestre, mas se for antes e a paciente estiver com a DMG controlada, pode – se ter um intervalo maior nos retornos. • HbA1C no momento do diagnóstico e a cada 2 a 3 meses • Urocultura bimensal o Pois a DM é fator de risco para infecção de urina e bacteriúria assintomática. • PBF simplificado após 28ª semana o Deve ser semanal e dependendo do caso da paciente, pode – se fazer a cada 3 dias próximo do parto. • Ecocardiograma fetal no terceiro trimestre: 24-26 sem o Eco pois a DM aumenta o risco de mal formações. • US mensal após 28 sem → peso fetal Daniela Carvalho - TLVI o Para avaliar o peso pois é um critério para saber se ta compensado (presença de macrossomia ou polidrâmnio). • Motivar a adesão: +/- 70% aderem ao tratamento → dieta, exercício físico e insulinoterapia. o Motivar a adesão -> explicar para a paciente que o a DM traz repercussões para a gestante e para o feto. o Dieta + Atividade física → monitorização glicêmica → Insulinoterapia. • Dieta: o Fracionada: café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia. o Trocar açúcar por adoçante: aspartame, sucralose. o Dieta balanceada: 1800 a 2200 cal/dia – 50% carboidratos, 30 a 35% de lipídeos, 15 a 20% de proteínas o 1800 Kcal costuma ser suficiente para a maioria das pacientes, mas tem variações. o Peso ideal será definido com o IMC. Fonte: https://ufrjmidiasaudavel.files.wordpress.com/2015/07/tabela-gpg.jpg • Exercício físico de 30 min 3x/semana: caminhada, alongamento e hidroterapia o Exceto se contraindicações como partos prematuros anteriores, cerclagem de colo uterino, etc. o A atividade física promove aumento da afinidade da insulina por sal receptor, reduzindo a resistência a insulina. Além disto, aumento GLUT4 nos músculos, promovendo aumento do consumo de glicose. • Em geral DIETA + ATIVIDADE FÍSICA será suficiente para o controle glicêmico de 60% das pacientes, sem a necessidade de insulinoterapia. • Monitorização do perfil glicêmico através da dosagem capilar (Dextro) o Simplificado: 4X/ dia – jejum e 1 hora após refeições principais. o Completo - se usuária de insulina 7x/dia: simplificado + glicemia pré-almoço e pré-jantar e as 3 da manhã. - Valores de referência para os controles de dextro: Horário da coleta Limite inferior Limite superior Jejum 70 95 Pós-café, almoço e jantar (1h) 70 140 Pré-prandiais e 3h da manhã 70 100 - Obs: Abaixo do limite inferior também é considerado alterado. - Diabetes mellitus gestacional: seguimento -> considera – se controle glicêmico adequado quando se observa no mínimo 70% dos valores dentro do padrão. Daniela Carvalho - TLVI INSULINOTERAPIA • Indicada quando após dieta e exercício físico não se observa um controle adequado(70 % dos valores alterados). • Preferencialmente NPH fracionada em 3 doses diárias o 0,4 a 0,5 UI até 1 UI/ Kg. • Fracionamento o ½ da dose total antes do café da manhã: o ¼ antes do almoço o ¼ às 22 horas • Insulina Regular (R): se necessário. o Para as pacientes já com DM II já se insere a insulina NPH + Regular; para as pacientes só com DMG, inicia – se o tratamento com NPH + dieta e se não for suficiente para regular a glicemia, adiciona – se a Regular. • DM1: diminuição da dose de insulina basal (fase anabólica da gestação → hipoglicemia materna). o DM1: em geral estas pacientes já fazem uso de insulina no geral é necessário diminuir a dose já usada pois algumas cursam com hipoglicemia; as doses são ajustadas de acordo com os controles de dextro. Fonte: https://lh3.googleusercontent.com/proxy/feKbj92cLvfLSIimYa6cUSFmp19gNwWC4u- zES5VGM7TleOaQTmzT0iqDz2lJvB_ThuJDHrvYz9LrIzUFLUWDLY2A- 1sPFsYR8PVn3kEhYl3lvV8vg - Regular e NPH são usadas no pré natal das pacientes com DMG. Fonte: https://www.endocrinologiacuritiba.com.br/images/insulina-600x300.png Daniela Carvalho - TLVI - NPH -> a que fará efeito durante a manhã é a que ela tomou as 22 hs da noite. - Tenta – se manter níveis basais de insulina. - Regular -> faz – se no momento das refeições, tentando mimetizar os picos. - As que fazem insulinoterapia com os 2 tipos -> NPH+R no café e almoço, R no jantar e NPH as 22h. - As insulinas Lispro, Asparte e Glargina não estão disponíveis na rede. - Insulinas de curta duração (Lispro e Asparte) -> início de ação em 15 min após a aplicação e duração de 4 a 5 horas. - Insulinas de longa duração (Glargina) -> duração de 24 horas (sem pico). SEGUMENTO PRÉ-NATAL DA GESTANTE COM DM2 • Consultas semanais ou quinzenais. • Avaliação de lesões em órgãos-alvo: fundoscopia, avaliação odontológica, ECG, ecografia, avaliação da função renal (uréia, creatinina, microalbuminúria e/ou proteinúria de 24h). • Exames complementares: hemoglobina glicada, urocultura (2/2 meses), perfil lipídico, ácido úrico, TSH/T4 livre. COMPLICAÇÕES o Riscos que podem ocorrer em todas as pacientes com DMG, mas que são maiores para as pacientes descompensadas. • Complicações maternas: o Infecções: urinárias, corrimento vaginal ▪ Aumentam as chances de TPP e aborto. o DHEG – 30% ▪ Risco para DHEG aumenta em 30% -> aferir a PA em todas as consultas; avaliar a necessidade de profilaxia com carbonato de cálcio e AAS. o Polidrâmnio o TPP ▪ Principalmente devido a macrossomia e o polidrâmnio (pela distensão uterina). o Rotura prematura das membranas o Atonia uterina o > chance de cesariana ▪ Aumento da chances de cesária devido a macrossomia e sofrimento fetal. o Risco de continuar DM: 5% o Risco de intolerância a glicose: 25% o Hipo/hiperglicemia/coma ▪ Riscos maiores nas pacientes que necessitam de insulinoterapia. o Alterações vasculares principalmente renais e retinianas ▪ Necessidade de investigação em órgãos alvos → faz – se fundoscopia e avaliação da função renal em todas as pacientes. • Complicações fetais: o Aborto o Hipoglicemia Daniela Carvalho - TLVI ▪ Pois a insulina não passa a barreira placentária, diferente da glicose em caso de hiperglicemia. o Stress respiratório o Alteração no peso: macrossomia o Tocotraumatismo ▪ Pois a macrossomia e o polidrâmnio aumentam o risco de distócia de ombro, dificuldade de parto vaginal e desproporção céfalo-pélvica. o Cardiopatia: miocardiopatia hipertrófica e septal ▪ Aumento do risco de cardiopatia fetal -> necessidade de investigação ecocardiográfica com 28 semanas. o Hiperviscosidade: policitemia (para o feto) o Hipocalcemia, hipomagnesemia ▪ Pelo aumento da glicemia fetal devido a hiperglicemia materna. o Hipóxia fetal o Icterícia • Riscos futuros para o RN: o Risco aumentado para síndrome metabólica e obesidade ainda na infância. o Síndrome metabólica o Obesidade o Hipertensão e DM MOMENTO DO PARTO • RCIU: 37 semanas o É raro em pacientes diabéticas • Macrossomia fetal (p> p97 no USG): 37 semanas ou antes se controle glicêmico inadequado ou mudança no padrão da curva de crescimento. • Feto GIG (< 4000 g): indução com 38 semanas ou cesárea 39-40 semanas o Acima de 4 Kg é indicação absoluta para cesária • Piora do controle glicêmico após 37 semanas: internação para controle e tentativa de seguir até 39 semanas o Internação para controle com adequação da dieta -> se ainda sim não conseguir controlar, resolução imediata, se conseguir controlar, espera se até 39 semanas. • Controle glicêmico inadequado mesmo após otimização do tratamento: 37 semanas • Paciente nefropata: 37 semanas ou antes se piora progressiva da função renal • Demais condições: igual à DMG, mesmo insulinodependentes. PUERPÉRIO • Benefícios da amamentação para a melhora do controle glicêmico: a prolactina promove aumento da proliferação das células beta pancreáticas e por este motivo há um aumento na produção de insulina; há aumento do consumo de glicose para a produção de leite. • Retira insulina se DMG sem complicações o Suspende a insulina e faz um TTOG 6 semanas após o parto (ao final do puerpério; para avaliar se era diabética pré gestacional ou DMG mesmo). • Manter 50% da dose se controle ruim • Retorno às doses de insulina, se DM pré gestacional o Para as diabéticas que já usavam insulina antes -> retorno para o que utilizava anteriormente imediatamente após o parto.
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