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OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 Diabetes Mellitus e Gravidez • Diabete melito é um distúrbio metabólico de etiologia múltipla, caracterizado por hiperglicemia crônica, com alteração do metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas → decorrentes de defeitos na secreção ou ação da insulina, ou de ambos • Nas 2 últimas décadas, houve aumento progressivo do nº de mulheres com diagnóstico de diabetes em idade fértil e, consequentemente, durante o ciclo gravídico-puerperal o O crescimento populacional, aumento da idade materna, falta de atividade física e o aumento da prevalência de obesidade são apontados como principais fatores responsáveis • Para mulheres e seus filhos, antecedente obstétrico de DMG é o principal FR para desenvolvimento de DM2 e síndrome metabólica o Essencial identificação da hiperglicemia durante o ciclo gravídico-puerperal tanto pelo risco de piores desfechos perinatais quanto para prevenção de distúrbios metabólicos maternos em longo prazo • A prevalência de hiperglicemia na gravidez varia dependendo dos critérios diagnósticos utilizados e a população estudada → no mundo, 1 em 6 nascimentos ocorre em mulheres com alguma forma de hiperglicemia na gestação o 84% desses casos seriam decorrentes do DMG o No Brasil, estima-se que a hiperglicemia materna esteja presente em 1 em 4 nascimentos • Fatores de risco para o desenvolvimento de DMG → utilizados como ferramentas para identificar casos com maior risco de desenvolver resultados adversos matemos e fetais durante o acompanhamento pré-natal o Idade materna > 25 anos, sobrepeso materno e/ou ganho excessivo de peso o Antecedente familiar de 1º grau de DM o Diabetes mellitus gestacional em gravidez prévia, Intolerância à glicose anterior à gravidez o Antecedente de macrossomia fetal e/ou feto grande para a idade gestacional o Hipertensão arterial, uso de corticosteroide Classificação ❖ DM-1 → ocorre pela destruição das células B-pancreáticas, que geralmente leva à deficiência absoluta de insulina o Autoimune ou idiopática → usualmente diagnosticado na infância o Pctes em geral apresentam os sintomas clássicos de polidipsia e poliúria e, muitas vezes, cetoacidose. ❖ DM-2 → causada pela redução progressiva da secreção de insulina subjacente ao estado de resistência à insulina o Usualmente apresentam poucos ou nenhum sintoma, o que dificulta e atrasa o diagnóstico → favorece que número significativo de pacientes só venha a ser diagnosticado no início da gravidez ❖ Overt diabets → identificada na gestação mas que já era previa ❖ DM-Gestacional → é a DM diagnosticada apenas durante a gravidez, ocorrendo no 2º ou 3º tri da gestação, mas que fora da gestação não alcança critérios → A1 dieta, A2 insulina ❖ Tipos Específicos Secundários → decorrentes de defeitos genéticos na função das células betapancreáticas ou na ação da insulina, doenças do pâncreas ou é induzido por drogas Fisiopatologia • Gestação é caracterizada por acréscimo na resistência periférica à insulina e mais produção de insulina pelas células b-pancreáticas • A resistência aumenta pela secreção placentária de alguns hormônios considerados diabetogênicos (contra insulínicos) → hormônio do crescimento, cortisol e hormônio lactogênico placentário (além de estrogênio, progesterona...) • Na gestação, o metabolismo energético pode ser dividido em duas fases distintas o Fase anabólica → glicemia das gestantes tende a diminuir, em especial quando ocorre jejum prolongado o Fase catabólica → crescente consumo de nutrientes pelo feto → torna-se evidente o aumento da resistência à insulina • Quando a função pancreática não é suficiente para vencer a resistência à insulina, ocorre DMG ❖ 1º trimestre → tendencia a hipoglicemia (principalmente em pctes com bastante intolerância gastrintestinal) • 2º trimestre → elevação das necessidades de insulina (pelos motivos supracitados) • 3º trimestre → elevação das necessidades de insulina, e diminuição próximo ao termo • Puerpério → queda brusca das necessidades, pela ausência dos hormônios Diabetes Pré Gestacional • Determina risco aumentado de desfechos adversos maternos e fetais • Complicações materno-fetais podem ser reduzidas com o adequado planejamento da gestação acompanhamento pré-natal • A glico-hemoglobina (medida integrada dos níveis de glicose nos últimos 90 dias) é o teste empregado para avaliar risco de malformações fetais (= ou < 6,1) o DM previa se associa a mal formações pois o que determina são os níveis glicêmicos periconcepcionais (antes da embriog) • Métodos anticoncepcionais seguros devem ser empregados até que o controle glicêmico satisfatório seja obtido • Automonitoração intensiva da glicemia capilar – antes de cada refeição, 1 ou 2 horas após as refeições e ao deitar – e ajustes nas doses de insulina são métodos mais utilizados OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 Complicações ❖ HAS → é complicação frequente em pacientes diabéticas → prevalência relacionada ao tipo, à obesidade, à idade e à etnia o Na DM1, hipertensão é usualmente manifestação de doença renal preexistente o Na DM2, é considerada parte da síndrome metabólica (obesidade, hiperlipidemia e hiperglicemia) ❖ Retinopatia Diabética → complicação vascular mais específica do DM, sendo sua prevalência relacionada à duração da doença • Controle glicêmico adequado é principal forma de prevenir ou retardar seu aparecimento o Caso a paciente apresente retinopatia, ela deve ser informada do risco de progressão dessa complicação e orientada a realizar tratamento prévio à gestação ❖ Nefropatia Diabética → acomete 20 a 40% do total de pacientes com diabetes, sendo uma das principais causas de IRC • Maior risco de desenvolvimento de pré-eclâmpsia, devendo ser avaliada em gestantes com diabetes pré-gestacional o Controle glicêmico e pressórico tem sido sugerido como a principal forma de interferir na evolução da nefropatia ❖ Malformações Fetais → a hiperglicemia nas primeiras 6 a 8 semanas de gestação aumenta o risco de malformações fetais • São mais comumente afetados o aparelho cardiovascular, SNC, sistema digestório, aparelho genitourinário e musculoesquelético o Uma das propostas para diminuir o risco é, durante o período pré-concepcional, ter como objetivo atingir valores de hemoglobina glicada < 6% • O hiperinsulinismo fetal se associa à hipertrofia do septo interventricular cardíaco o Normalização das glicemias maternas é o fator isolado mais importante na prevenção Avaliação das complicações crônicas do diabetes e outras comorbidades o Exame de fundo de olho realizado por oftalmologista, Pesquisa de albuminúria o Avaliação da função tireóidea (TSH e anticorpos), principalmente no DM1 (tireoidite concomitante) o Eletrocardiografia em repouso e de esforço, avaliação da PA o Avaliação da função renal com medida da creatinina e estimativa da TFG o Avaliação de imunidade contra rubéola, sífilis, toxoplasmose, hepatite e HIV • Orientações terapêuticas → perda de peso em mulheres com IMC 27 kg/m2 o Estímulo à prática de exercício físico o Substituição dos antidiabéticos orais por insulina em mulheres com DM2, exceto a metformina o Suspensão ou substituição de drogas → estatinas, IECAs e bloqueadores dos receptores da angiotensina II o BB, como o labetalol e o pindolol, podem ser mantidos ▪ Metildopa é o anti-hipertensivo de primeira escolha na gestação o Prescrição de ácido fólico (4 mg/dia) por, no mínimo, 1 mês antes da concepção até a 12ª semana de gestação Diagnóstico De Hiperglicemia Na Gestação • A presença de DM pode ser vista na anamnese da 1ª consulta, quando o objetivo será identificar casos cujo diagnóstico preceda a gravidez → ideal é ser identificada na consulta pré-concepçional,mas essa ocorre em muito poucos casos • Principais pontos da consulta são a avaliação do controle glicêmico, autocuidado em diabetes (automonitorização, dieta, habilidade para lidar com hipoglicemias e hiperglicemias) e otimização de complicações preexistentes e comorbidades • No atendimento, os objetivos são → hemoglobina glicada < 6, quando o risco para mal formações se iguala ao da população geral o Avaliação, otimização e tratamento de complicações do DM → retinopatia proliferativa e nefropatia... o Interrupção do uso de estatinas e IECA/ARA2 pelos riscos fetais o Autocuidado eficiente → automonitoramento glicêmico e dieta adequada • Para gestantes já sabidamente diabéticas, anamnese é suficiente para identificação da doença → para as demais, é essencial realizar o diagnóstico da hiperglicemia na gestação, classificada em o DM diagnosticado na gestação → hiperglicemia detectada na gestação segundo critérios OMS para DM em não gestantes ▪ Glicemia de jejum > 126mg/dL ou glicemia ocasional > 200mg/dL o DMG → hiperglicemia detectada pela 1ª vez durante a gravidez, com níveis glicêmicos sanguíneos que não atingem critérios diagnósticos para DM ❖ Reconhecer o momento de manifestação do diabetes (prévio ou durante a gestação) é importante, pois o mau controle da doença na fase periconcepcional aumenta o risco de malformações fetais • Quanto mais longe da gestação ocorreu o surgimento do diabetes, maiores as chances de que, na gravidez, já estejam presentes complicações de longo prazo da doença. Presença de glicosuria pelo aumento da TFG (em todas mas principalmente na DMG) → que vai predispor a ITU, candidíase, progressão de lesões vasculares e associação com pré-eclâmpsia OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 Diabetes Mellitus Diagnosticado na Gestação • Em 2010, a International Association of Diabetes and Pregnancy Study Groups propôs que o diabetes diagnosticado durante a gravidez fosse classificado de duas formas → diabetes pregresso desconhecido e diabetes mellitus gestacional • Seriam consideradas portadoras de diabetes pregresso e desconhecido as pacientes que na 1ª consulta de pré-natal, apresentassem um dos seguintes critérios de diagnóstico de diabetes fora da gravidez: o Glicemia em jejum > 126 mg/dL o Hemoglobina glicada > 6,5% o Glicemia ocasional > 200 mg/dL • Já o diabetes mellitus gestacional seria diagnosticado quando se observassem valores de glicemia de jejum na 1ª consulta entre 92 e 125 → ou por meio do teste de tolerância à glicose oral (TIGO) de 75 g • Atualmente, a tendência é que o teste diagnóstico (TIGO 75 g) seja realizado entre 24 e 28 semanas por todas as gestantes que apresentem resultado de glicemia de jejum da 1ª consulta de pré-natal < 92 mg/dL, ou seja, de forma universal. • TOTG → mede glicemia em jejum > toma 75g de xarope > mede glicemia pós 1h > mede glicemia pós 2h o GJ >= 92, G1H > 180, G2H > 153-199 → DMG ▪ Se mostrou o mais sensível e especifico ❖ Os protocolos, para serem aplicáveis no brasil, apresenta 2 propostas de diagnostico de hiperglicemia na gestação Em caso de viabilidade financeira e/ou disponibilidade técnica • Inicio do pré-natal < 20 semanas → glicemia de jejum imediatamente (92-125 ou > 126 DMG) → e programa TOTG entre 24 e 28 quando o resultado da primeira glicemia for < 92 mg/dL o Inicio do pré natal de 20 a 28 semanas → programa TOTG entre 24 a 28 sem o Inicio do pré natal > 28 semanas (tardio) → TOTG imediato • PS: se a primeira glicemia der entre 92 e 126 ou > 126 → já diagnostico Em caso de pouca viabilidade financeira/disponibilidade técnica • Inicio do pré natal em qualquer IG → glicemia de jejum pra diagnostico o Se 2 > ou = 126 → DMG o Se < 92 antes de 24 semanas → nova glicemia de jejum entre 24 e 28 sem o Se entre 92 a 125 → DMG • 6 semanas pós parto se repete TOTG e orienta pra dieta e atv física → pra ver se n se tornou DM o 50% chance de diabetes crônica OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 Seguimento Pré-Natal da Gestante Diabética METAS • Glicemia capilar → < 95 em jejum e < 100 pré prandial o Pós prandial → 1h < 140, 2h < 120 • Orientar realização do perfil glicêmico → 2 medidas por dia, alternando horários (jejum, 2h pós café, pré almoço, 2h pós almoço...) Dieta • Importante para controle glicêmico adequado → 70-85% conseguem fazer isso com a terapia nutricional • Preconiza-se a ingesta de 1.800 a 2.200 calorias diárias totais, sempre se levando em consideração o IMC e o trimestre da gestação • Essa dieta é fracionada e constituída por 45% a 50% de carboidratos (preferencialmente de absorção lenta – integrais), 30% a 35% de lipídios e 15% a 20% de proteínas o Fracionamento é feito em seis refeições → café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia. • Para cálculo das necessidades calóricas diárias, avalia-se o peso corporal ideal durante a gravidez o Mulheres com peso adequado necessitam de 30 kcal/kg/dia → sobrepeso 25 kcal/kg/d → obesas 20 kcal/kg/d (peso atual ▪ Levando-se em consideração uma ingesta mínima de 1.800 kcal/dia para evitar a cetose. o Para as mulheres abaixo do peso, a necessidade calórica é de até 40 kcal/kg/dia • No primeiro trimestre não se recomenda acréscimo de calorias, porém estima-se necessário acréscimo de 340 kcal/dia no segundo trimestre e de 452 kcal por dia no terceiro trimestre de gravidez Exercício • Exercícios físicos aumentam a sensibilidade periférica à insulina e consumo de glicose, importantes para o para o controle glicêmico • Na ausência de contraindicação e após avaliação individualizada, é recomendada a realização de exercício físico de baixo impacto durante 25 a 30 minutos em até 4X por semana o No DMG, recomenda-se 15 a 30 minutos de atividade física diária com automonitoração da atividade fetal • Para evitar a hipoglicemia, as gestantes com DM1 devem avaliar a glicemia capilar antes de iniciar atividades → quando < 100 mg/dL, realizar um lanche antes de iniciar a atividade o E a paciente deverá ser orientada quanto ao risco de cetoacidose quando a glicemia capilar for > 200 mg/dL → atividade física deverá ser suspensa. Tratamento Medicamentoso • Tto farmacológico padrão para DMG é a insulina, mas recentemente, medicamentos orais têm sido empregados no tratamento do diabete gestacional como a metformina e glibenclamida → pós 15-30 dias de dieta/atv física sem sucesso Medicamentos Orais ❖ Metformina • Não aumentou o risco de malformações congênitas, mas não há estudos a longo prazo para avaliar malefícios na vida adulta • Tal que ao usar medicamentos orais na DMG, deve-se orientar paciente sobre os riscos o Indicação → idade de 18 a 45 anos o Idade gestacional de 20 a 33 semanas o Glicemia de jejum < 140 mg/dL. o Efeitos adversos → náusea e desconforto gastrintestinal ❖ Glibenclamida → indicado a mulheres com gestação única, glicemia de jejum < 140 mg/dL, e IG entre 11 e 33 semanas o Seu principal efeito adverso da glibenclamida é a hipoglicemia Insulinoterapia • Tto padrão do DMG por ser eficaz e seguro → elevado peso molecular impede a passagem placentária em quantidades significativas • Indicado para gestantes que não atingem as metas de controle glicêmico com dieta • Nas que apresentam falha do tratamento com medicação oral ou naquelas com preditores de falha do tto oral o Glicemia de jejum > 140 mg/dL ou glicemia em 2 h no TTG 200 mg/dL. • Dose e tipo dependem do padrão da hipoglicemia o Hiperglicemia de jejum → insulina de longa ação (NPH) o Hiperglicemia pós-prandial → insulina de ação rápida o Hiperglicemias pré e pós-prandiais → esquema com 4 doses diárias ❖ Pacientes com DMG usualmente atingem controleglicêmico com insulina NPH, e em alguns casos necessitam de utilização de insulina regular → pctes com DM pré-gestacional, especialmente DM1, usualmente utilizam múltiplas doses diárias de insulina • Prescreve-se insulina NPH e regular na dose inicial de 0,5 UI/kg de peso (cada) → dose diária fracionada em 3 aplicações ao dia o Metade antes do café da manhã, 1/4 aplicado antes do almoço e 1/4 às 22h • Em intervalos de 1 a 2 semanas, avaliar o controle glicêmico e verificar a necessidade de ajuste da dose de insulina NPH. o Quando os valores pré-prandiais estão normais, mas nota-se hiperglicemia pós-prandial → prescrever insulina de ação rápida (insulina regular) ou ultrarrápida apenas para o horário da refeição em que o controle está insatisfatório. OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 ❖ Pacientes com DM2 podem ser controladas somente com dieta, uso de hipoglicemiantes orais ou já serem dependentes de insulina • Associação entre insulina humana de ação lenta (NPH) e de ação rápida (regular) ou ultrarrápida é bastante utilizada • Pctes que precisam de insulina podem utilizar → 0,5 unidade/kg/dia, no 1º tri, 0,7 u/kg/dia no 2º e 0,9 u/kg/dia no 3º tri o A proporção inicial é de 2/3 da dose total de NPH e 1/3 da dose total de insulina rápida ou ultrarrápida, que estão menos associados a episódios de hipoglicemias. • Durante a evolução da gravidez, doses crescentes de insulina são necessárias, especialmente a partir do final do 2º trimestre • A complicação mais comum no uso da insulina é hipoglicemia → familiares devem ser ensinados a identificar e manejar a hipoglicemia quando a paciente não puder fazê-lo sozinha ❖ SISTEMA DE INFUSÃO CONTÍNUA DE INSULINA → em alguns países a utilização ocorre em grande escala, especialmente se DM1 • Caso a paciente inicie seu pré-natal utilizando SICI, ele deve ser mantido com os ajustes que se façam necessários o Pacientes que, apesar de utilizarem doses fracionadas de insulina, não atinjam controle glicêmico adequado podem se beneficiar do SICI → da mesma forma que pacientes que apresentam nefropatia grave Outros Pontos Importantes A Serem Avaliados No Seguimento Pré-Natal • Pacientes com DM pré-gestacional precisam de avaliação quanto a possíveis lesões de órgãos-alvo e presença de malformações fetais (ultrassonografia morfológica e ecocardiograma fetal) • Em casos de vasculopatia materna pode ocorrer insuficiência placentária, sendo necessários o monitoramento da vitalidade fetal com Dopplervelocimetria e o perfil biofísico fetal para avaliar a função placentária • Há tambem maior risco de ITU ou bacteriúria assintomática, sendo importante a realização de urocultura a cada dois meses Avaliação Da Vitalidade Fetal • Gestantes são orientadas a observar a MF a partir da 28ª semana de gestação e a buscar atendimento obstétrico na eventualidade de movimentação fetal reduzida ou ausente o Morte intrauterina parece ser precedida por uma rápida diminuição dos movimentos fetais ao longo de 2-3 dias, seguida pela cessação de movimentos por 12-48 horas antes da morte • Após 32 semanas, sugere-se avaliação da vitalidade fetal semanal ou bissemanal → antecipada na presença de comorbidade • Nas gestantes com bom controle glicêmico em tratamento não farmacológico e sem comorbidades, a avaliação de vitalidade fetal não é necessária até o termo da gestação • Monitoração eletrônica fetal anteparto (MAP) e o perfil biofísico fetal (PBF) são os instrumentos mais utilizados para avaliação, apesar da baixa especificidade do MAP e da baixa sensibilidade do PBF nas gestações de risco Momento Do Parto • Diante de paciente com bom controle metabólico, sem repercussões fetais (peso fetal < 4kg), pode-se permitir a evolução da gravidez até 39-40 semanas • Se o controle glicêmico for insatisfatório (uso de insulina) → resolução da gestação entre 37 e 40 semanas (38) o Situações especiais como nefropatia diabética franca, retinopatia proliferativa, macrossomia fetal, associação com hipertensão arterial, restrição do crescimento fetal e tambem podem determinar a antecipação do parto • A via do parto vaginal preferencial, exceto quando existirem contraindicações como peso fetal > 4.000 g • Realiza-se o controle glicêmico a cada 3h em pacientes com DMG e a cada 1h em pacientes com diabetes pré-gestacional. • Orienta-se a infusão intravenosa de solução de glicose a 5% (60 mL/h ou 20 gotas/min) nas pacientes mantidas em jejum o Preconiza-se que a paciente receba, no dia do parto, 1/3 da dose de insulina NPH pela manhã → meta GJ 70-110 • Para correção da hipoglicemia, deve-se aumentar a velocidade de infusão do soro glicosado a 5% até que os valores de glicemia capilar estejam dentro dos limites Puerpério • No puerpério imediato, as pacientes com DMG voltam a receber dieta para não diabéticos e a insulinoterapia é suspensa. o Pctes com DM1 retornam a insulinoterapia pré-gravídica ou têm redução em metade da dose do final da gestação o Pctes com DM2 poderão utilizar metade da dose de insulina prescrita no final da gestação ou hipoglicemiantes orais para controle glicêmico no período pós-parto • A amamentação deve ser estimulada, pois traz benefícios para o recém-nascido e também para a mãe → diminuição da incidência de intolerância a glicose e DM2 ❖ Preconiza-se que todas as mulheres com DMG sejam reavaliadas e reclassificadas 6 semanas após o parto, utilizando-se os critérios padronizados para a população de não gestante • O perfil glicêmico ainda será mantido para verificar a manutenção da intolerância à glicose por 48h • Deve-se realizar teste de sobrecarga de 75 g em 6 semanas após o parto → se espera que o estado metabólico tenha retornado às condições prévias à gestação • Diagnóstico de DM é feito quando a glicemia em jejum é ≥ 126 mg/dL ou 2h após sobrecarga de 75g de glicose ≥ 200 mg/dL o Define-se ainda glicemia de jejum alterada (100 a 125 mg/dL) OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 o Caso jejum seja < 126 mg/dL, mas glicemia 2h após sobrecarga 75g for 140-199 → diagnóstico de intolerância à glicose • Em situações nas quais não seja possível a realização do TOTG, pode-se realizar apenas a glicemia de jejum → porém 34% dos casos de intolerância à glicose ou diabetes não serão diagnosticados • Caso o TOTG seja normal, a paciente deverá ser avaliada anualmente por meio de glicemia de jejum, TOTG ou • Todas as pacientes com DMG devem receber orientações sobre modificações de estilo de vida Cetoacidose Diabética • Cetoacidose diabética é uma emergência médica caracterizada por hiperglicemia e acidose desencadeadas pelo déficit de insulina • QC composto por náuseas, vômitos, dor abdominal, poliúria, polidipsia, fraqueza, perda de peso, desidratação, hipotensão, taquicardia e hiperventilação o Glicemia > 200 mg/dL, presença de corpos cetônicos na urina, acidemia (pH arterial < 7,30) e bicarbonato < 18 mEq/L • Em 60 minutos, devem-se obter os resultados da gasometria para confirmação de cetoacidose diabética e dosagem dos eletrólitos (sódio e potássio) para definição da conduta a ser adotada o Cetoacidose não confirmada → repetir glicemia capilar e, se necessário, realizar insulinoterapia para controle glicêmico o Cetoacidose diabética confirmada → a conduta é baseada na tríade hidratação, reposição de potássio e insulinoterapia • Reposição de bicarbonato → só está indicada quando o pH < 7,0 • Sua concentração deve ser reavaliada a cada 2h por gasometria venosa o pH entre 6,9 e 7,0 → infundir 50 mL (50 mEq) de bicarbonato de sódio a 8,4% em 200 mL de água destilada em 1h o pH menor que 6,9 → infundir 100 mL (100 mEq) de bicarbonato de sódio a 8,4% em 400 mL de água destilada em 2h OBSTETRÍCIAKamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 Filhos De Mães Diabéticas • Complicações perinatais que respondem pela maior parte da morbidade neonatal Hipoglicemia Fetal • Valores de glicemia sérica < 40 mg/dL no RN de termo durante as primeiras 12 horas de vida • Hiperglicemia materna acarretaria hipoglicemia fetal, estimulando o pâncreas fetal e resultando em hipertrofia e hiperplasia das células-beta, com aumento dos níveis de insulina fetal o Com a separação do binômio materno-fetal no nascimento, a transferência de aporte glicêmico é interrompida, levando à hipoglicemia neonatal Macrossomia (>4000g) • Hiperinsulinemia traz a aceleração do crescimento fetal levando à macrossomia • Fetos macrossômicos apresentam aumento das necessidades de oxigênio, hipoxemia crônica e aumento do número de hemácias (policitemia) para compensação do transporte de oxigênio o Aumento das taxas de hemoglobina glicada fetal, ávida por oxigênio, favorece a diminuição do oxigênio sanguíneo livre e a hipoxia tecidual → pode acarretar óbito fetal, o que pode explicar o sofrimento do feto o Acarreta riscos principalmente pelo parto vaginal → distocia de ombro, tocotraumatismos e óbito perinatal • A hiperglicemia é também responsável pela ocorrência de diurese osmótica fetal → leva ao aumento do volume de líquido amniótico e, consequentemente, a polidrâmnio ❖ Há associação entre a glicose materna e a adiposidade fetal, gradiente dependente, com evidências de que a insulina de produção fetal seja a mediadora dessa relação Policitemia Neonatal • Complicação comum do diabetes e é decorrente tambem de hiperglicemia e hiperinsulinemia, que levam a diminuição do conteúdo de oxigênio livre arterial e estímulo da eritropoiese Síndrome Do Desconforto Respiratório • Taquipneia, retração da musculatura intercostal, hipoventilação, hipoxia, evidência de broncogramas e densidades granulares finas no parênquima pulmonar no RX → ocorre mais em casos de diabetes com controle glicêmico irregular • Hiperinsulinemia inibe a ação do cortisol no pulmão fetal, levando à inibição da produção de lecitina pelo pneumócito tipo 2 LITERATURA: - Tratado de Obstetrícia da FEBRASGO - Obstetrícia – Zugaib (3ª edição)
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