Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Memória Histórica de Paranaguá Antonio Vieira dos Santos Cop i ado e dig i ta l izado p /316FF 20090502 Antônio Vieira dos Santos Memória Histórica da Cidade de Paranaguá e seu Município SEGUNDAPARTE Descrição geral da Cidade, suas igrejas, edifícios públicos e particulares, alfândega, fortaleza, casa da misericórdia, ruas, travessas, número de prédios urbanos; e população, força da guarda nacional e policial, série cronológica dos governos militares, civil e eclesiástico, instrução primária, comércio marítimo, exportações e importações, número da saída das embarcações, necrologia, e outros muitos objetos memoráveis dignos de história. Oferecido À ilustre Câmara Municipal 1850 DEDICAÇÃO À Santíssima Virgem Maria Senhora do Rosário que seus queridos Filhos paranagüenses lhe retribuem o heróico amor de sua cara Pátria pelo amor maternal que nela os criou. Laus & jubilatio, Patris honor Virgo Maria. A Cidade de Paranaguá, tendo um título tão glorioso em ter por sua padroeira e protetora a Santíssima Virgem Maria do Rosário, jamais nunca poderão ter seus filhos paranagüenses, nem essa desoladora peste e a devorante fome e nem a sangüinolenta guerra, com que muitas vezes a divina justiça envia ao mundo a certos países, em castigo de seus desgraçados habitantes, porque eles têm por seu escudo a Virgem Maria, que com sua valiosíssima intercessão e o grande merecimento que tem para com seu Santíssimo Filho, suas preces e rogativas sempre são atendíveis, e dele obtêm o despacho favorável de sua petição; repartindo com liberal mão, suas graças, dando saúde aos enfermos, consolação aos aflitos, socorros aos necessitados, finalmente, como Mãe carinhosa, volve seus olhos de ternura e cheios de piedade, para aquele filho paranagüense que invocando seu nome santíssimo vão valer-se de seu patrocínio, e ela prontamente o socorre espargindo o auxílio de suas divinas graças, nascido de puro Amor, de seu terno coração, e como verdadeira Mãe carinhosa, alivia as tristes lágrimas de uma esposa querida e de uma mãe afligida; e por isso deveis, ó caros compatriotas paranagüenses, retribuir-lhe com uma sincera adoração, um puro amor filial e esse amor seja o heróico que cada um tem pela Pátria. O solo paranagüense ainda está intato, desde que foi reproduzido pela natureza, ainda nele não teve a glória de pisar nenhum inimigo estrangeiro, que se atrevesse invadi-lo, profanando as suas plantas exóticas, ou neles barbaramente fazer derramar o sangue precioso do brasileiro; assim como o fizeram os ingleses na Vila de Santos, os franceses no Rio de Janeiro, os holandeses na Bahia, Pernambuco, Ceará e Paraíba do Norte; franceses em Itamaracá, e Maranhão, espanhóis em a ilha de Santa Catarina. Nessas antigas eras em que infestavam as costas brasileiras piratas levantados de outras nações, nunca se atreveram fazer seu ingresso nas baías paranagüenses, apesar de estar sempre com as suas barras abertas para o oceano e sem ter a menor defesa, mais do que o escudo de Maria; e ainda no tempo feliz, naquele tempo feliz em que havia grande abundância de metal precioso em que a natureza então quis abrir seus recheados cofres aos paranagüenses e que dariam grande motivo à ambição estrangeira, a fazer seu ingresso, nunca tiveram ânimo de entrar. Em 1659, até apareceram à vista da barra embarcações holandesas; como o participou o capitão-mor Gabriel de Lara ao Governo do Rio de Janeiro, a fim de que não mandasse retirar os índios aldeados, por ficar a terra despovoada e sem gente que a defendesse, por não haver nenhumas fortificações; aquelas embarcações não entraram, talvez mesmo do alto mar se lhes figurasse sobre a Cidade outra igual torre a de Babel, ou à montanha da Serra da Prata, a Virgem Maria - Fortitude Turris Davidica - a fortaleza a mais invencível que pode haver sobre a terra. Em 1718, o temerário pirata francês Mr. Bolorot teve a imprudência de fazer seu ingresso rapinoso atrás do galeão espanhol que vinha do Chile, carregado de prata, invadindo essas águas do terreno onde a Protetora da Cidade dominava, causando seu aparecimento imprevisto na ponta da Ilha da Cotinga, grande susto e terror aos paranagüenses indefesos; eles prontamente recorreram à sua Padroeira, e cheios de confiança e devoção a conduziram em triunfo, qual valorosa Judite, até ao lugar da ribanceira e prontamente em defesa de seus filhos, foi castigada tal ousadia, por meio dum repentino furacão furioso que fez levar o navio desses piratas contra um cachopo de rochedo que tem à flor d'água na ponta da Ilha da Cotinga, onde foi submergido nos profundos abismos; preso o chefe pirata e seus cúmplices; vitória que os paranagüenses alcançaram pela intercessão de Maria, no dia 9 de março do mesmo ano de 1718, ficando desde então eternizado o nome daquele rochedo, como memória perpétua de tal acontecimento e do quanto é valiosa sua intercessão para com o Senhor. Em 1726, entrando na baía de Paranaguá, outra nau francesa, vinda do Rio de S. Francisco, onde esteve de arribada, a Câmara teve a animosidade de proibir aos povos lhe não prestassem nenhuns socorros e ninguém com eles fizessem negócio algum; e o paranagüense Antônio de Lara, possuído de um verdadeiro amor da pátria, ofereceu generosamente à Câmara a sua pessoa e dinheiro e uma sumaca que tinha tripulada de gente para os irem prender. Nunca o solo paranagüense experimentou a horrível fome, como por muitas vezes assolaram as Províncias do Norte, como Pernambuco, Paraíba, Ceará e Piauí; e Paranaguá socorreu com suprimento de 30 a 40 mil alqueires de farinhas, estando no gozo da abundância, quando aquelas choravam em miséria; supriu por muitas vezes a praça de Santos e Rio de Janeiro, com mais de 20 a 30 mil alqueires; para o continente do sul a fornecimentos das tropas na guerra de 1777 mais de 10 a 12 mil alqueires; e até para a Bahia, e Nova Colônia do Sacramento, sempre o terreno de Maria foi fértil e abundante, e só em alguns anos foi mais escassa a produção, obrigando a necessidade de ser suprido este pão diário por importações trazidas de outros países do Brasil; esta falta nunca chegou a ser uma extraordinária fome. A peste geral, com que a divina mão quer castigar as culpas humanas, não tem sido no solo paranagüense de tão terrível malignidade, como em outros lugares do Brasil. Essa espantosa peste geral que houve no ano de 1686, que assolou famílias e povoações inteiras, Paranaguá também sofreu com mais moderação, permitindo a Virgem que fosse descoberta a erva do bicho, seu único remédio, denominando por isso a peste a da bicha. A grande peste que houve no ano de 1788 de disenterias sangüíneas amalignadas. e que dentro em poucos dias a morte ceifou perto de trezentas pessoas paranagüenses, recorrendo à sua boa Protetora logo fez cessar essa grande mortandade. Veja- se o que exarou nos livros da Câmara o 22 vereador alferes Manoel Tavares de Siqueira, num termo de memória; diz ele: "Em poucos dias já se contavam perto de trezentas pessoas falecidas e isto numa diminuta povoação que não chega a quatro mil almas, cujo furor se aplacou depois que a devoção e piedade dos habitantes foi freqüentada no terço do rosário da Mãe de Deus!". Exaltabo te, Virgines quoniam suscepisti me. Assim, paranagüenses, tributai-lhe o verdadeiro amor filial, o amor da Pátria que se leva, sabe donde brota esta qualidade exímia, esta virtude sublime, que tão doces recordações tem deixado sobre a terra em que têm florescido os impérios, feito progressos a maior civilização e obtido dignos alunos de Marte, imurcháveis louros. O amor que existe gravado em nossos corações para com o país natal é uma conseqüência preciosa daquele amor esclarecido e razoável que deveria a nós mesmos, pois que a felicidade do homem está estreitamente ligada à da sua Pátria; e como a poderá servir com zelo, com fidelidade e coragem se não concentrar impresso esse nobre sentimento? Por certo que o amor pátrio é uma virtudepolítica, que sublimando tanto o espírito do cidadão, faz com que este renuncie a si mesmo, preferindo o interesse público ao seu próprio, excitando ao mesmo tempo uma energia de ânimo e vigor tal que se torna a mais heróica das paixões. Os gregos e os romanos não conheciam nada tão amável, nem tão sagrado, os seus votos eram que tudo se devia sacrificar por estes, eis a voz geral dos magistrados, dos guerreiros e depois eis o grito da guerra quando Sirtes perigosas, no proceloso horizonte ameaçavam ruína à nau do Estado. A poesia, a escultura, a eloqüência abrirão todos seus tesouros para imortalizar a glória sua, e vós mais distantes ela presidia as determinações do Senado, ressoava entre mil hinos e cívicos aplausos, nos teatros, nos discos e nas assembléias do povo. Ah! Quão grandes recordações em nós ainda hoje excitam as cenas ditosas que patenteavam no mundo a brilhante marcha, os heróicos feitos que o amor da pátria produziu, em todo o seu esplendor e força. As estátuas, os monumentos no-lo mostram, os triunfos esculpidos por mão Argiva, esses mutilados restos da grandeza verdadeiramente nacional por si falam; os Sólons, os Licurgos, os Milcíades, os Temístocles preferiam sempre a esta a tudo quanto havia de mais caro sobre a terra; e se não foram tão poderoso móvel acaso venceriam os gregos nos campos maratônios e depois junto à Salamina sobre as águas egéias, as numerosas coortes e armadas dos persas? Mas que se a voz do patriotismo, qual eco marcial retinindo os vales e promontórios, chamava os homens livres, tornando-os corajosos ao passo que de outro lado os brados de um senhor imperioso que impelia as turbas ao combate, como escravos seus, aqueles pugnavam pela pátria, estes sem outras máximas que a adoração dos caprichos de Dario e Xerxes ignoravam o que esta era, tal a diferença, tal a glória e seguro triunfo, combatendo pels pessoas da independência e dignidade da pátria. Em Roma, Vetrória desarma a cólera, e a vingança de Coriolano, seu filho, apenas lhe mostra esta. Mânlio Camilo Cipião vence os inimigos do povo romano, escutando de amor pátrio os bons ditames. Que doces emoções pois excita a pátria nas almas bem formadas o teu nome apenas proferido! Que mágica virtude ela concentra! Que inúmeros prodígios tem obrado no espírito militar! Nada há tão heróico, nem tão sublime, como o desenvolvimento de afeições patrióticas e um zelo acrisolado pelo esplendor e ventura nacional; incapaz por certo destas tão nobres sensações é o cidadão apático e egoísta insensível. Observando pois a marcha do coração humano, em todos os tempos e em todas as idades, e percorrendo os anais dos povos, encontramos irrefragáveis testemunhas que altamente proclamam ser uma obrigação inata no coração do homem, amar este com decidido aferro à sua pátria, procurando-lhe quanto dela dependa a sua felicidade, tanto que aqueles que para a salvação da sociedade se expõem a grandes perigos e neles sucedeu bem, não são por certo homicidas de si mesmo, mas bem pelo contrário, desempenhando um dever igualmente necessário, que sobremaneira é um glorioso sacrifício que harmoniza com as vistas da Providência. Dulce est de coruno est, pro Patria mori - "Esta é a ditosa Pátria minha amada A qual se o céu me dá que sem perigo Torne eu com esta empresa já acabada Acabe-se esta luz ali comigo". Camões - Estância XXI. À ILUSTRE CÂMARA MUNICIPAL A vós é dedicado este segundo volume da Memória Histórica Paranagüense, fruto de meus incansáveis trabalhos; e por eles conhecereis quão longos foram; eu bem quisera levá-los ao maior grau de perfeição, mas bem conheceis sou um simples curioso e não professo na ortografia da língua nacional, e sujeito a cair em graves erros de letras e inúteis palavras (pleonasmo) que bem poderiam ser omitidas, mas se V. Senhorias algum dia mandarem redigir esta obra, ela ficará na devida perfeição. Desejoso unicamente em ser útil ao nosso país, encarei com firmeza um trabalho bastantemente espinhoso, juntando à história grande número de apontamentos mais singulares, descobertos nos arquivos desta Cidade, nas administrações civis, militares, religiosas e nas coletorias das rendas nacionais, adicionando à história diversos mapas demonstrativos que a ilustram e bem que entre alguns fatos apontados pareçam no presente de pouca monta, mas quem sabe se esses mesmos no futuro a Câmara desejaria sabê-los? Eis a principal razão que me fez vir à lembrança de organizar esta memória histórica, em ordem cronológica e que à maneira de um almanaque servisse no futuro dum farol iluminando os acontecimentos dos séculos passados. Na vossa sabedoria e generosidade deixo o árbitro de dar o verdadeiro merecimento a uma obra que é dedicada unicamente ao engrandecimento da nossa pátria, esperando portanto de vossa beneficência receber o galardão e prêmio de meus serviços. Deus guarde a V. Senhorias. Morretes, 30 de setembro de 1850. O cidadão ANTÔNIO VIEIRA DOS SANTOS. CAPÍTULO I Descrição topográfica e geral da Cidade de Paranaguá. Suas igrejas, edifícios públicos e particulares, ruas, travessas, população, comércio, famílias ilustres, civilização, gênio e costumes dos paranagüenses. 1 - PERNAGUÁ - Nome originário de suas baías, comunicado à antiga Vila de Nossa Senhora do Rosário e que ora vulgarmente se chama Paranaguá. Hoje é condecorada com o título de Cidade, pela Lei Provincial da Assembléia Legislativa na 5, de 5 de fevereiro de 1842. Situação - Sua situação se acha colocada na margem esquerda do rio Taguaré, e próxima à sua foz, distante meia légua da Ilha da Cotinga, que fica fronteira; seus edifícios se estendem sobre uma formosa planície de areia sobre uma alta ribanceira que ali o rio faz; não tem uma vista aparentosa ao longe porque a Ilha da Cotinga e os grandes matos dos mangais que bordam o rio do lado oposto a impedem, mas se a mesma Cidade fosse situada à beira-mar na costeira de Nossa Senhora do Rocio onde a grande baía ali passa, oferecendo uma longa e aprazível vista, mais de uma légua de largura, em contraste com o panorama das grandes montanhas fronteiras, certamente que essa tão decantada baía de Niterói não seria tão formosa e nem mostraria ao viajante um painel tão pitoresco como a de Paranaguá. Foi criada Vila em 1648, e antigamente enobrecida com o nome de Capitania, que lhe deu o Marquês de Cascais, considerando-a pertencente à sua donataria e brevemente se espera, seja elevada à Capital, de uma nova Província do Império, como desejam seus habitantes desde o ano de 1811: 6 desde então por muitas vezes, a Câmara e povo têm enviado suas representações à presença de S. Majestade Imperial, para que se digne a sua separação da Capital de S. Paulo, e aumentar-se mais uma estreia na esfera armilar do Brasil. Governo Civil e Militar - Seu governo civil e militar sempre esteve nos capitães-mores até o ano de 1765, em que passou a oficiais militares, sendo o primeiro o ajudante de ordens do General da Capitania, Afonso Botelho de Sampaio Paio e Sousa, seguindo-se-lhe os sucessores até ao presente sem contudo de haverem os mesmos capitães-mores que somente governavam seus corpos de ordenanças, veja-se os mapas n -1 da série deles. Igrejas e edifícios públicos - Tem a Cidade uma magnífica casa da - 10 - Câmara, obra de cantaria e reedificada no ano de 1844 com muito asseio, com o auxílio de um conto de réis que a Assembléia Provincial por Lei de 30 de março do mesmo ano mandou dar para os reparos da cadeia. O colégio dos antigos jesuítas onde está a alfândega e o aquartelamento da tropa de 1§ linha e guarda nacional; além destes há mais as casas Maçónica, do Baile da Amizade, da Pólvora, e o Hospital da Santa Casa da Misericórdia e Teatro Filarmônico Paranagüense, o Arsenal da Marinha e as igrejas: matriz, Ordem 3ã, capelinha do Senhor Bom Jesus e a de S. Benedito, e será descrito separadamente cada edifício em particular. Instrução primária - A instrução primáriatem na Cidade duas escolas de primeiras letras, para o ensino de meninos, outra de meninas; um colégio para meninas pensionistas e uma escola de latinidade e o liceu que a Assembléia mandou estabelecer na Cidade de Curitiba, antes fosse em Paranaguá, onde a mocidade é mais amante das ciências. População - Sua população vai crescendo progressivamente; em 1785, apenas contava 3.427 habitantes e presentemente se podem calcular para mais de onze mil no primeiro e segundo distrito da Cidade. O mapa n9 2, do ano de 1849, mostra que o primeiro distrito se divide em 20 quarteirões com 1.253 casas habitadas e 1.568 fogos e 6.155 habitantes, mas certamente deverão chegar ao número de 7.000 por não haver exatidão no arrolamento da Cidade e seus subúrbios. O segundo distrito é composto de 12 quarteirões com 620 fogos e 3.234 habitantes que no mesmo ano houve. O seu porto tem um bom surgidouro, e as embarcações estão ancoradas perto do cais, apesar de que o rio tem areado bastantemente, formando alguns baixios e bancos de areia, quando antigamente ancoravam as embarcações fronteiras à igreja da matriz e fonte grande. Comércio. O comércio marítimo é dirigido presentemente com mais freqüência aos portos de Montevidéu, Buenos Aires, Chile, Rio de Janeiro, Santos, Rio Grande, Bahia, Pernambuco, Ilha de Santa Catarina, Patagônia e Salado; e quando antigamente o comércio não se alongava mais do que aos portos do Rio de Janeiro e Capitania do Espírito Santo e os mais freqüentes eram Santos, Parati, S. Sebastião e Cananéia, e dos mapas ns 3 se verá as embarcações que saíram em diferentes épocas do porto de Paranaguá aos outros da costa do Brasil; exportava-se então farinha de mandioca, peixe, madeiras e embé, e que desde o ano de 1805 a 1807 se vê nos mapas da exportação que saiu do porto de Paranaguá o valor de Réis 51:428$530 nos gêneros de arroz pilado, farinhas de mandioca e de trigo em grão, erva-mate em bruto, madeiras, tabuados, bétas de embé e couros, meios de sola, feijão, toucinho, peixe e outras miudezas; e mesmo café, e apesar de que ao presente muitos destes gêneros não são exportados, e somente para o consumo do país, mas parte deles tem avultado na exportação como são a erva-mate, o arroz, madeiras e cal, como se verá do mapa ns 4, que no ano de 1848 a 1849 saíram do porto de Priscila Realce - 1 1 - Paranaguá 100 embarcações para os portos do Império, com 5.836 toneladas e 92 embarcações para outros portos fora do Império, com 22.940 toneladas, e neste mesmo ano se exportaram 366.713 mil arrobas de erva-mate, e as rendas que a alfândega arrecadou chegaram a Rs. 95:681 $086, e quanto não importariam o valor desses gêneros? Civilização, gênio e costumes. A civilização, gênio e costumes: os paranagüenses bastantemente se têm civilizado pela concorrência de diversas nações estrangeiras, que entram neste porto são muito urbanos, joviais, hospitaleiros e muito caprichosos, no bom gosto e asseio de suas pessoas e famílias e no interno de suas habitações, onde há muitas casas também mobiladas, como as da Corte, muitos jovens se apuram na gramática da língua nacional, outros falam a língua francesa e inglesa com a maior pureza; e os erros do vício pátrio se vão desvanecendo. Outros se têm aplicado à música e tocam a flauta, o violão, a rabeca e outros instrumentos com grande destreza e perfeição. Até mesmo as formosas damas paranagüenses têm realçado mais a formosura do seu belo sexo, com os costumes das modas e os adornos do grande luxo europeu; muitas valsam e bailam divinamente, são mui carinhosas, polidas, têm muito boas maneiras de agradar, são muito desembaraçadas nos atos públicos e em seus passeios pisam airosamente, e algumas dessas ninfas, imitando a Orfeu, tocam o piano divinamente, assim como ele tocara a lira. Ah! Que espanto não causaria agora àquelas antigas senhoras que sempre estavam reclusas em suas casas, não olhavam para as ruas senão por estreitas gelosias de madeira e se saíam era só ouvir missa na igreja, rebuçadas em baetas acobertando muitas vezes uma beleza digna de admirar-se e até seus passos eram envergonhados à vista dos homens! Ainda não há 50 anos que estes costumes eram vulgares. Sossego e tranqüilidade. Sobre o sossego e a tranqüilidade: se um partido chamado liberal e outro o da Ordem não fomentassem entre ambos intrigas e inimizades, que qual cholera morbus contaminaram a tranqüilidade das famílias, se houvesse uma sincera amizade fraternal entre as principais famílias da nobreza, se uma firme vontade e união fosse a base fundamental da sociedade, Paranaguá seria qual em outro tempo foi o seio de Abraão, e quando em Curitiba, Castro e outras Vilas da Comarca estavam na maior efervescência de discórdias, mortes, demandas, crimes e outros atentados, Paranaguá dormia em paz tranqüilamente, porque então não havia tais partidos e sim indissolúvel união e amizade. Santa paz! Doce amizade! Voltai aos lares paranagüenses; congratulai as famílias, tornai a reuni-las em fraternais laços de amizade!... Sim, desterrai os rancores... e volvei à alegria daqueles dias felizes em que todos reunidos nos bailes e teatros, com prazer se abraçavam! Famílias principais. As famílias mais principais que desde a antigüidade têm enobrecido Paranaguá e que seus descendentes devem ter ufania delas procederem, são a dos apelidos: Franças, Cordeiros, Correias, Carneiros, - 12 - Machados Limas, Matosos, Laines, Pereiras, Guimarães, Ferreiras, Mirandas, Munhozes, Pinheiros, Salgados, Buenos, Rochas, Vianas, Peniches e outros muitos da principal nobreza que serviram na Governança como se verão seus nomes na tábua ns 5. Foram condecorados por El-Rei D. João VI e Imperadores Dom Pedro I e II, muitos cidadãos beneméritos com comendas e hábitos das ordens do Cruzeiro, Cristo e da Rosa, como Manoel Antônio Guimarães, Joaquim Américo Guimarães, José Leandro da Costa, Antônio Pereira da Costa e outros mais, como se verá na relação nominal ns 6. Ciências e Literatura - Nas ciências e iiteratura os jovens paranagüenses que têm ido aos estudos dos colégios e academias neles fazem grandes progressos e alguns que foram formados nelas, ainda talvez foram a glória da pátria com a hábil pena de seus sábios manuscritos. Outros têm merecido os votos nacionais a ser eleitos Deputados à Assembléia Provincial; tais foram: o benemérito Padre João Crisóstomo de Oliveira Salgado Bueno, glória dos paranagüenses na legislatura de 1833 a 1837; o patriótico cidadão Manoel Francisco Correia Júnior, na legislatura de 1844 a 1846; o amável e patriótico brasileiro Leandro José da Costa, na legislatura de 1846 a 1849; o Comendador Manoel Antônio Guimarães no corrente biênio, e se não fossem as intrigas políticas que têm feito divergir os votos em cidadãos de outros lugares que nem se conhece sua sabedoria e patriotismo, muitos cidadãos paranagüenses ou da Comarca teriam sido Deputados à Assembléia, porque muitos há cheios de patriotismo e energia e que bem possam representar as necessidades de seu país natal de que outros que ignoram as localidades das estradas, do nosso país e olham para isso com a maior indiferença. Aplicação ao comércio. Os paranagüenses que se aplicaram ao comércio fora da pátria foram quase todos felizes; os exemplos se mostram nos cidadãos Fernando José da Rocha, Tristão Euclime d'Wduval, João Ferreira de Oliveira, Antônio Ferreira de Oliveira, estabelecidos na Cidade da Bahia e outros diversos no Rio Grande do Sul e outros. Agricultura. A maior parte dos habitantes do Município se exercitam na lavoura da cana, trabalhadas com fábrica e engenhocas para a aguardente, mandioca, café, arroz e milho de que há imensos agricultosos de grandes estabelecimentos. Náutica. Finalmente os paranagüenses que se aplicam à náutica são bons pilotos do alto mar, bons práticos na navegação da cabotagem, pois alguns não sabendo ler, nem observar o sol, levam com a maior certeza e segurança as embarcaçõesaos portos dos seus destinos; resta agora dar começo à descrição geral da Cidade de Paranaguá. - 13 - PARÁGRAFO I Descrição geral da Cidade de Paranaguá, suas ruas, travessas e edifícios públicos A Cidade de Paranaguá está situada num terreno plano; seus edifícios são quase todos de pedra de cantaria; tem muitas casas térreas airosas e feitas ao gosto moderno e envidraçadas. As de sobrado (à exceção das antigas) são também feitas à moderna, imitando no exterior as das Cidades. No ano de 1810 se contavam na Cidade só 12 moradas de casas de sobrado, inclusos algumas de sótãos; no ano de 1845 havia 45 moradas e presentemente tem 48. As ruas são quase todas em linha reta, com algumas curvaturas, lançadas de norte a sul, e as travessas que as encruzam pela mesma maneira de leste a oeste; nem todas são calçadas de pedra, mas seu terreno é de um saibro duro, em terreno plano, e sempre enxutas, apesar das grandes chuvas e bem limpas e asseadas, porque os fiscais da Câmara cumprem seus deveres, e nelas há colocados 36 grandes lampiões que se acendem nas noites escuras, dando suficiente claridade aos que de noite passeiam. A Cidade contém 10 ruas principais e 8 travessas que agora se descrevem e nelas perto de 500 prédios urbanos. 18 - Rua da Praia - É marginada à beira-mar por um cais de pedra e nela se vê um arruamento de casas unidas, com armazéns de diferentes gêneros e os estaleiros onde se fabricam as embarcações e onde tem as competentes pranchas para crenar (1) sendo o 1Q estaleiro do falecido Tenente-coronel Ricardo Carneiro dos Santos e hoje pertence a seus herdeiros; o 29 de José de Sousa Guimarães já falecido; o 32 do Tenente-coronel Manoel Francisco Correia e todos com casas próprias para estes trabalhos, marítimos e grandes armazéns. No mesmo arruamento se acham as casas de sobrado: 1ã do Tenente-coronel Manoel Francisco Correia; 2- de José da Cunha Mendes; 3- a do Capitão José Fernandes Correia; 4â a de Manoel Ricardo Carneiro dos Santos; 5® a do Capitão-mor Manoel Antônio Pereira; 6® e 7- duas do Comendador Manoel Antônio Guimarães e finalmente segue-se o majestoso e antigo edifício do colégio dos antigos Padres (1) Observação: Querenar, de querena, ato de encalhar o barco para conserto. N. J. - 14 - Jesuítas que por este lado faz frente para o mar; e pelo oposto com a rua da Cadeia, serve de casa da alfândega, de quartel militar e de depósito de artigos bélicos; há ali um trapiche sobre o mar com um guindaste para desembarcar as fazendas das embarcações e irem ao despacho da alfândega, e nele se embarcarem as que são exportadas; há nesta rua duas boas ferrarias, carpintarias, lojas de fazenda, de armazéns de bebidas e massames; as casas todas têm boa vista por estarem com a frente para o mar. 2- - Rua da Cadeia e da Ordem (1) - Tem o seu princípio próximo ao colégio e em meia curvatura vai finalizar na ribanceira junto ao estaleiro, toda é fechada de edifícios, entre os quais os mais notáveis são o dito colégio, a casa da Câmara (2) e um edifício antigo da casa da fundição do ouro, que existiu até 1819, ou 1820, e a capela da Ordem 3® de S. Francisco das Chagas. Na extensão desta rua dum e outro lado tem as casas de sobrado: 1ã do Capitão Hipólito José Alves, a de melhor perspectiva que tem a Cidade, tanto pelo seu local como por ser feita ao gosto moderno, por Caetano de Sousa Pinto; 2® a do Tenente-coronel João Antônio dos Santos, com sacadas de ferro e bom gosto; 3® a dos herdeiros do falecido Capitão Antônio José Pereira; 4ã a do Comendador Antônio José de Araújo; 5® a do Capitão Bento José da Cruz; 6® a do ajudante José Antônio Pereira; 7® a do Vice-cônsul português José Pinto de Amorim; 8® do Capitão Francisco Alves de Paula; 9- de José Luiz; 10ã de Antônio Maria; 11® de Manoel José dos Santos; 12a de Vidal da Silva Pereira; 13® e 14® duas do Tenente-coronel Manoel Francisco Correia; 15® do Comendador Manoel Francisco Correia Júnior; 16® a de Francisco Gonçalves de Araújo; 17® o magnífico palacete (assim denominado) meio assobradado, com bastantes janelas de peitoril, elegantemente envidraçadas, tendo um pátio ao lado, fechado com um portão, e na entrada de um formoso pórtico para o mesmo palacete, tem um escadório de cantaria lavrada em ordem circular, que faz realçar a beleza deste edifício; em cima tem um grandioso sótão com a vista para a Cotinga e baías; além dela o interior desse palacete tanto as portas, como os umbrais e janelas são feitas de cedro, araribá e outras madeiras de diversas cores, que envernizadas mostram sua beleza; foram mandadas fazer pelo bom gosto que tinha o cidadão paranagüense José Ricardo do Santos, proprietário dos bergantins Cacique e Caboclo e hoje pertencentes aquelas propriedades a seus herdeiros; nesse mesmo lugar do palacete existiu um pequeno hospício pertencente à religião Franciscana do Rio de Janeiro e onde moravam os religiosos que vinham servir (1) Observação: Antiga do Imperador e atualmente rua 15 de Novembro, em toda a extensão das duas antigas ruas. N. J. (2) Observação: Edifício demolido em 1912, da cadeia, em cujo pavimento superior funcionava a Câmara, ficando na parte térrea os cárceres. No local, vendido ao comerciante José Barbosa, foi construído o sobrado conhecido por Palais Royai. N. J. - 15 - de comissários da Ordem; esse edifício o Provincial o cedeu gratuitamente à Câmara como bens do Conselho e depois por ordem do Presidente da Província e a requerimento da mesma Câmara foi demolido o mesmo hospício e vendida a pedra em hasta pública. Na subida da barranqueira foi feito depois do ano de 1762 um fortim (1) com diversas linhas de paredes de pedra e cal, para a defesa, feitas contra o barranco e onde consta foram colocadas 12 peças de artilharia, havendo ali também a um lado um grande cruzeiro, ou padrão de pedra, e no seu pedestal com alguns degraus, também feitos de pedra em derredor dele; também havia um grande mastro de madeira, levantado onde se achava a bandeira nacional; as paredes desse fortim foram demolidas e arrematadas em hasta pública por ordem da Junta, e agora nesse lugar acham- se feitos grandiosos armazéns, que servem de depósito de carregamentos de embarcações, e pertencem aos herdeiros de José de Sousa Guimarães; nessa comprida rua da Ordem tem muitas lojas de fazendas, armazéns de molhados, de comissões, boticas, vendas, lojas de alfaiates, sapateiros e tamanqueiros. 3® - Rua do Ouvidor (2) - Antigamente denominada da baixa, atravessa o meio da Cidade, tendo seu princípio na fonte chamada do Doutor, e vai acabar nos fundos da igreja da Ordem 3®, quase toda é fechada de casas, com pequenos intervalos; no seu começo tem uma pequena fonte com um frontispício de pedra e nela gravada uma figura de vulto, lançando água por uma bica em um pequeno tanque feito pelo paranagüense o Doutor Antônio da Costa Rosa e ali deixou perpetuado seu nome de Doutor com que foi condecorado na Universidade de Coimbra, em Portugal. Tem nesta rua muitas casas com negócio de fazenda seca, armazéns e tabernas e as casas de sobrado: 1® de Tristão Euclime d'Wduval; 2® do Capitão João Machado Lima; 3® Do Comendador Manoel Francisco Correia Júnior; 4a de José Francisco Correia, uma boa casa abarracada e assobradada feita ao gosto moderno: nessa rua tem a casa do Teatro Filodramático Paranagüense, feito em 1839, por uma sociedade que tem mais de 200 acionistas e foram seus fundadores e diretores o Comendador Manoel Francisco Correia Júnior, Manoel Antônio Guimarães, o Tenente-coronel João Antônio dos Santos e o Capitão-mor Manoel Antônio Pereira. O edifício não é grande, nem aparatoso no exterior mas no interior muito decente e possui muitas vistas para as representações e outros misteres do seu exercício, ao presente (1) Observação: Esse fortim fechava a rua da Ordem; hoje 15 de Novembro, ao sair para o estaleiro, atual praça Acioli, sendo demolido em começo do século 19, para desobstruir o último trecho da referidarua. N. J. (2) Observação: Atualmente rua Faria Sobrinho, até a rua João Régis, continuando o trecho entre esta e a Fonte Grande a denominar-se Pêssego Júnior. N'. J. Priscila Realce Priscila Nota lojas de alfaiate - 16 - se acha fechado sem que tenha havido mais representações, motivadas pelas diferentes opiniões de partidos políticos que sempre trazem a divisão fraternal das famílias e o desgosto público. 4a - Rua Direita (1) - Tem seu começo no largo da igreja matriz e vai acabar em frente da capela do Senhor Bom Jesus dos Perdões; é bastante larga, mas alguma coisa em linha curva, não correspondendo ao nome de direita; é fechada de um e outro lado com moradas de casas térreas e muitas ao estilo moderno sobressaindo entre elas as que são de sobrado, sendo a mais nobre, formosa e por isso singularizada entre todas as da Cidade: 1ã a do Comendador Joaquim Américo Guimarães, feita à moderna no exterior com sacadas de grades de ferro, envidraçadas elegantemente mostrando uma aparatosa perspectiva, adjunta com a 2a morada assobradada do mesmo Comendador, arrematada por uma formosa sotéia circulada e avarandada com um gradil de ferro e ajardinado com riquíssimos vasos que mandou buscar na Europa, onde plantou lindas flores e sendo ladrilhada a mesma sotéia com mármores diferentes; apresenta um alegrete que serve de recreio à sua família e de aformoseamento à mesma rua, não faiando no grandioso asseio do interior de magníficas salas, acobertadas de tapetes e adornadas com as mais ricas mobílias; estas famosas propriedades consta importaram em mais de 30 contos de réis; 3a de Manoel Luizino de Nóris; 4a de Cipriano Custódio de Araújo; 5a de Manoel da Cunha Pacheco; 6a de José Tomás de Faria; no fim desta rua com a frente para ela está a capela da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia, antes denominada a capelinha do Senhor Bom Jesus, tendo anexo um pátio com o mesmo nome e o edifício do hospital da Irmandade. 5a - Rua da Gamboa (2) - Vulgarmente chamada de Fonte, principia no largo da igreja matriz e finaliza em frente da igreja de S. Benedito; é direita e a mais larga que tem a Cidade; seu começo principia no magnífico campo grande que tem mais de 50 braças em quadratura, terreno plano e mui direito acobertado sempre de verde relva, onde foi marcada a parada do batalhão dos guardas nacionais da Cidade que ali se reúnem a fazerem seus exercícios; nesse campo bem pode acomodar francamente de 6 a 8 mil homens; na entrada dele tem princípio a estrada geral chamada do Rocio Pequeno, em terreno areento, bordada lateralmente por árvores frutíferas silvestres, de goiabeiras, araçaieiros e outras árvores engraçadas, onde suas margens acobertando os raios do sol, dão abrigo ao caminhante a descansar às suas sombras... em alguns lugares bem pitorescos, ao mesmo tempo que muitas chácaras e cultivações da lavoura fazem um passeio delicioso; esta estrada segue em distância de 2.700 braças (1) Antiga da imperatriz e hoje Marechal Deodoro, denominação dada em 1889. N. J. (2) Hoje Conselheiro Sinimbu. N. J. - 17 - até ao rio Emboguaçu, onde se atravessa por uma ponte de madeira a entrar na estrada geral que foi aberta até ao lugar do Anhaia, no distrito de Morretes, a encontrar com a que desce de S. José dos Pinhais, pela serra do arraial. Ao lado do campo grande, da parte do nascente, se acha edificada desde a antigüidade a fonte d'água de beber a principal da Cidade, sendo o edifício dela feito de cantaria, lançando água por três bicas; tem a um lado escadório de pedra, por onde se desce ao seu pavimento ladrilhado de cantaria e bastantemente baixo que muitas vezes com as crescentes de grande maresias nas fases da lua, inundam o mesmo pavimento e quase alcançam os chafarizes das bicas; em derredor do pavimento em altos paredões de pedra a suster os barrancos para não desabarem; este edifício imensas vezes tem sido consertado, e reedificado novamente no ano de 1831, a expensas da Câmara Municipal, sendo fiscal o cidadão ajudante Vicente Ferreira Pinheiro. Fora do pavimento deste edifício se fez outro encanamento com as águas saídas do chafariz e no fim dele uma bica par servir as embarcações de ali mandarem fazer a aguada. Em distância de 50 a 60 braças do edifício dessa fonte, se acha outro edifício feito na antigüidade, de pedra de cantaria, com 5 bicas e um tanque, também de pedra para as lavadeiras irem nele lavarem a roupa; a esta fonte chamam vulgarmente Fonte de Cima. Próximo a ela se acha um grande rancho aberto por todos os lados e unicamente acobertado de telhas que a Câmara Municipal ali mandou fazer para servir de abrigo às lavadeiras nas ocasiões de chuvas ou tempestades. Nos fundos do campo e em meio dele se acha a casa chamada da pólvora, onde a mesma se deposita; do lado do ocidente dela tem um pequeno quartel onde estão os guardas; este edifício feito em 1828, por ordem da Junta da Fazenda de S. Paulo, e de acordo entre o Governador Coronel João Francisco Bellegarde e o coletor das diversas rendas. Da parte do ocidente e lado da quadratura do mesmo campo grande tem uma chácara intitulada de Maria Gomes e hoje pertence ao Tenente-coronel João Antônio dos Santos. Da parte do Oriente e quadratura do mesmo campo grande, que fica para o lado mar, tem outra chácara de José Pereira de Azevedo, onde há um engenho situado num istmo ou ponta de terra; e entre a distância da fonte grande e o mar tem outra chácara do capitão Manoel Inácio de Simas. Em frente da rua da Gamboa e com a frente que olha para o largo da igreja matriz e com os fundos para o campo grande está situada a igreja de S. Benedito, feita no mesmo lugar onde antigamente em 1704, foi ali feita uma capela dedicada a Nossa Senhora das Mercês, ou do Bom Sucesso, trasladada a imagem da capela da Ilha da Cotinga por Antônio Morato para esta que o mesmo depois fez doação dela aos extintos Padres Jesuítas, que próximos tinham a sua casa de missão onde moravam, Jeita de pedra, que depois sen/iu até 1812 de aquartelamento dos milicianos e foi demolida em 1828 e seus materiais empregados na casa da pólvora. Esta espaçosa rua tem a seu lado direito 1ã e 2- moradas de casas de sobrado sendo ao princípio uma só altas e elegantes com sacadas, as primeira pertencente aos herdeiros Priscila Realce - 18 - do falecido Capitão João Crisóstomo Salgado e a outra aos herdeiros de Ricardo Lustosa de Andrade; 3ã do falecido Tenente-coronel Francisco Gonçalves Cordeiro; fica no canto do beco dos pescadores, e a 4- as casas de sobrado do falecido Francisco José Correia Bittancourt, 5a do falecido Leandro José da Costa, 6- do Capitão Felipe Tavares de Miranda; estas duas moradas ficam do lado esquerdo da mesma e perto de seu começo do mesmo lado se acham dois pequenos e baixo sobrados que pela perspectiva de um gosto gótico antiquário parece foram feitas nos princípios da criação da Vila ou antes de 1660, porquanto sua baixa altura pouco excedente às casas térreas modernas, suas portadas e umbrais feitos de cantaria inteiras, tanto os do pavimento inferior como o do superior com a singularidade de uma só portada servir para duas portas, tudo isto mostra o indicativo da antigüidade em que foram feitas e talvez pertencentes a Antônio Morato, onde os Jesuítas ali moravam em seus cubículos. Vai a fechar- se esta formosa rua com a famosa e grande obra do cemitério que está em andamento, mandado fazer contíguo à igreja matriz pela Câmara Municipal, no mesmo terreno em que se enterravam os mortos; este terreno ocupava uma área de mais de 153 palmos de frente e ainda mais de 213 de fundos, ficando uma rua travessa entre o muro do mesmo cemitério e as casas de sobrado do Capitão Felipe Tavares de Miranda, o qual talvez se denominara a travessa do Cemitério, se esta grande obra sob cuja direção se acha encarregado o cidadão Simão José Henriques Deslandes, pessoa de bastante instrução e bom gosto de arquitetura, certamente delineará para o jazigo dos mortosuma morada aprazível que não causasse horror a quem nela entrar, ficando assim essa grande rua completamente aformoseada que até a Câmara Municipal deveria mudar o nome de Gamboa pelo de rua Formosa ou da Saudade. 6a - Rua da Matriz (1) - Tem princípio à beira do mar e finaliza no largo da mesma igreja que lhe fica fronteira; sua extensão não é muito grande, mas bastante larga e foi uma das primeiras da Cidade, onde haveria muito comércio em razão das embarcações fundearem, fronteiras a ela, tem muitas casas térreas baixas da antigüidade; mas as modernas que se vão levantando são feitas na competente altura que a Câmara estabeleceu em suas posturas; no fim da mesma rua está o pátio ou largo da matriz o qual não é muito espaçoso mas quase quadrado, defronte à igreja e com a frente para a mesma tem uma grandiosa casa de sobrado com sacadas de ferro, altas e airosas, pertencentes aos (1) Depois Rua João Alfredo e hoje João Régis. N. J. - 19 - herdeiros de José Rodrigues Branco; neste largo vêm desembocar várias ruas: pelo norte a rua Direita, do Sul a rua da Matriz e a Travessa da Senhora do Terço e pelo do oeste, da Misericórdia. 1- - Rua do Fogo (1) - Foi a primeira, a mais antiga que se fez e a mais freqüentada do comércio; estava cheia de edifícios mas pelo crescimento de outras novas ruas que depois se foram fazendo, ficou aquela em abandono, por mais decrépita, seu primeiro esplendor se eclipsou, seus edifícios se desmoronaram, e outros demolidos; ao presente tem medíocres casas, sem que a mesma rua se acha fechada e somente o que ela tem de mais notável é uma quinta ajardinada que ali fez o Vigário da matriz Antônio Pereira de Macedo, sendo para a frente da rua uma boa morada de casas térreas, com um sótão em cima e a um dos lados que olha para a quinta, uma grande varanda de peitoril com arcadas para se porem vasos de flores e se formarem caramanchões para aformosear as mesmas arcadas: o grande recinto que circunda a quinta é todo amurado de pedra em quadratura, dentro havia muitas laranjeiras, de diversas qualidades, limoeiros e limeiras e outras muitas árvores frutíferas, curiosamente plantadas, servindo de alamedas, aos raios do ardente sol, ao presente serve de quintal e plantações; fronteiro a esta quinta e a um lado dela no princípio da mesma rua do Fogo, a Câmara Municipal ali tem um bom edifício que serve de açougue e onde os marchantes vendem ao povo a carne verde. 8a - Rua da Misericórdia (2)-Antes chamada a Rua do Campo, também é uma das antigas e a mais direita que tem a Cidade, pois segue em linha reta e tem bastante extensão; ela tem seu princípio ao lado da sacristia da matriz e vai finar além do hospital da Misericórdia; é toda fechada de edifícios de casas térreas, antigas e baixas, mas entre elas tem algumas modernas e a mais notável de todas é a do Desembargador Agostinho Ermelino de Leão, feita à moderna, abarracada e de elegante gosto; do lado oposto tem o hospital da Misericórdia com seus fundos entaipados; esta formosa rua pelo tempo adiante pode ter seu seguimento até ao mar de fora. 9a - Rua da Boa Vista (3) - Merecedora deste nome porque dela se vê as estradas das embarcações, vindas pela baía de fora, da Ilha da Cotinga e as que entram pelo canal de dentro e se vê igualmente parte da costeira além da baía, (1) Atual Vieira dos Santos, nome aliás pouco mencionado pelo vulgo que continua a denominá- la do Fogo, por ter sido o que hoje chamaríamos a zona do pecado, ao que se opõe outra tradição da ocorrência ali dum grande incêndio ligado ao assassinato dum Padre em noite de S. João, fazendo supor que o incêndio fosse para ocultar o homicídio. N. J. (2) Atual Rua Dr. Leocádio. N. J. (3) Atualmente Visconde de Nácar. N. J. - 20 - tom seu princípio a um dos lados da igreja da Ordem 3a, e segue em linha reta e com bastante largura; tem algumas moradas de casas modernas, uma do Tenente-coronel Manoel Francisco Correia, já serviu de hospital e outra do Comendador Manoel Antônio Guimarães, está servindo de colégio de meninas pensionistas, onde dá ensino Madame Jessic James; há além destas, outras boas moradas José Joaquim de Oliveira, José Inácio de Simas... os terrenos devolutos a Câmara os tem distribuído por cartas de datas e depois de estar fechada de edifícios, será uma das boas da Cidade pela extensão de seus terrenos, até chegar ao mar de fora. 10a - Rua do Campo (1) - Tem seu princípio no lugar chamado o alto, por onde se vai pelo caminho chamado do Rocio Grande antigamente, próximo à entrada do dito caminho, ali se fizeram as antigas três moradas de casas, mas desprezando agora o alinhamento daquelas, se formou um novo alinhamento em linha reta, até ao campo grande, a qual será nos tempos futuros, a melhor e a mais direita de entre todas; está ainda na sua primeira infância mas já tem alguns pilares levantados e muitas sapatas de pedra. A Cidade consta de onze ruas, mas duas delas são unicamente nominais porque a rua chamada da Ordem a dividiram em dois nomes, sendo desde seu começo na travessa da Senhora do Terço, a travessa das Flores com o nome da Cadeia, e o restante com o nome da Ordem, quando é somente uma só rua; e a outra é a que está em seus primeiros princípios com o nome de rua do Campo. Resta agora descrever as ruas que as atravessam. RUAS TRAVESSAS DA CIDADE 1® - Rua travessa que não tem designação de nome (2), mas deveria chamar-se de S. Benedito, e tendo princípio à beira-mar, atravessa a rua da Gamboa, pela frente da igreja de S. Benedito, torna atravessar a rua do Fogo, e vai sair a um lado do campo grande; tem algumas casas de uma e outro lado, mas não está fechada. 2- - Travessa dos Pescadores - É estreita, tem seu princípio à beira do mar; atravessa as ruas da Gamboa e do Fogo e atravessa ainda para o campo grande, se continuar. 3a - Travessa ou rua do Rosário (3) - Tem seu princípio à beira-mar, próximo ao colégio; atravessa as ruas da Cadeia e do Ouvidor, largo da matriz, (1 ) Trata-se do antigo Alto da Independência, há poucos anos prolongado para IVE e SDO e que recebeu a denominação Júlia da Costa. N. J. (2) Atual Rua Antônio Bittencourt, hoje fechada ao sair na rua Júlia da Costa. N. J. (3) É hoje a rua Professor Cleto, atualmente prolongada até o Alto de S. Sebastião. N. J. - 2 1 - rua Direita e da Misericórdia, e vai sair no alto; nela tem as casas de sobrado: 1ã do falecido Hildebrando Gregoriano da Cunha Gamito; 2- de Prudente Xavier de Oliveira; 3- de Ângelo Machado Lima. 4a - Travessa da Alfândega - Principia à beira-mar e é um beco estreito e de curta extensão que finaliza no largo hoje chamado da Alfândega; divide unicamente o edifício do colégio das casas que se acham próximas; e pouco distante deste se acha a que se segue. 5§ - Travessa do Ipiranga (1) - Tem seu princípio na praia em frente das casas de sobrado do Comendador Manoel Antônio Guimarães e atravessa a rua da Cadeia, do Ouvidor, Direita e da Misericórdia, e vai subir ao alto na entrada do rocio; tem suas tortuosidades, mas é fechada de casas baixas de um e outro lado. 6a - Travessa das Flores (2) - Tem seu princípio no fim da rua da Cadeia e vai atravessar as do Ouvidor, Direita e da Misericórdia, e segue a sair ao alto. 1- - Travessa do Bom Jesus - Tem seu princípio no cais da Rua da Praia; é bastantemente larga e depois de subir uma ladeira calçada de pedra atravessa a rua da Ordem, do Ouvidor e vai finalizar na da Misericórdia; nessa travessa tem as casas de sobrado: 1a a de Joaquim Cândido Correia; 2a de João Alves Cardoso; as mais são casas térreas e muitas novas feitas à moderna; em frente do hospital da Misericórdia se acha a magnífica casa da Loja Maçónica, com a denominação de União Paranagüense. 8a - Travessa da Conceição (3) - ou da Ordem, principia a um lado da mesma igreja e rua da Boa Vista, e atravessando a da Misericórdia, vai sair no alto; na mesma tem 3 moradas de casas assobradadas, pertencentes ao Tenente-coronel Manoel Francisco Correia e outras diversas moradas casas térreas. Logradouros públicos - Pertencem à Cidade alguns pátios ou largos, sen/indo de logradouros públicos em virtude da portaria do Governo da Província, de 19 de novembro de 1832, de Rafael Tobias de Aguiar, que os confirmou, sendo o 12 o largo denominado do Arsenal que tem 50 braças de frente e 25 de fundo; 29 o do Estaleiro, com 250 palmos de frente e 226 de fundo; o 3a o do Pelourinho que tem 335 palmos de frente e 216 de fundo; nesse largo, abaixo do barranco da rua da Cadeia e no terreno plano e fronteiro do cais (4) foi colocado o poste do Pelourinho, feito de uma alta pedra de cantaria inteiriça, curiosamente (1) Depois Treze de Maio e hoje Fernando Simas. N. J (2) Depois Silva Lemos e hoje Desembargador Hugo Simas. N. J. (3) Hoje Rua Prisciliano Corrêa. N. J. (4) Antigo largo do Mercado e hoje praça Leôncio Correia, no local ocupado peio edifício do atual mercado erguia-se o pelourinho, símbolo da justiça. N. J. - 22 - lavrada de diversas faces com o seu remate em cima e posto em cima de quatro degraus nos quatro lados deles; tem em cima de tudo por timbre o cutelo da justiça feito de bronze. Se esta praça pudesse ser aformoseada com um pequeno muro de peitoril de cimalha, tendo seu princípio na subida da ladeira, bordando a ela e subindo em curvatura da rua à beira do barranco e formando um meio círculo fosse finar no princípio da ladeira do lado oposto, ficaria este largo bem formosíssimo e uma das melhores obras que na Cidade se fariam. A cerca que borda o rocio... quantos contos de réis a Câmara não tem despendido anualmente em cercas de madeira, desde o princípio da fundação da Vila? E que ainda continuará a fazer dora avante e cuja tapagem nem um ano atura, sofrendo os lavradores do rocio grande dano em suas lavouras e os moradores da Cidade a perda de suas vacas de criação e dos animais de seus misteres? Se as Câmaras antigas tivessem a estabilidade perpétua das coisas futuras em suas deliberações, certamente teriam determinado fazer cada ano dez ou 20 braças de muro de pedra que hoje se acharia esta grande obra completa ou do contrário fazer-se a mesma cerca de uma fileira de jarubás bem unidas, árvore que atura imensos anos, e servindo sua linda ramagem de formoseamento à Cidade, evitando-se assim uma despesa anual que a Câmara indispensavelmente tem de fazer podendo economizar estas a outras necessidades públicas. Quão formosíssimo não ficaria o campo grande se fosse bordada sua grande quadratura por uma ou duas fileiras de engraçadas e copadas árvores, como os jarubás, jacarandás e outras que há nessas matas, de agradável perspectiva, ainda mais que esses afamados olmos e carvalhos da Europa com que lá costumam a ornar as grandes praças e o mesmo se pratica no Rio de Janeiro, e porque em Paranaguá se não há de imitar aquelas, formando o mesmo campo uma alameda que é de necessidade não só para o formoseamento da Cidade, como para descanso dos guardas nacionais, que cansados do exercício e expostos aos raios do sol ardente não têm onde possam repousar alguns minutos à sombra duma alameda, de cuja causa muitos têm adquirido graves enfermidades; e mesmo servindo de um delicioso passeio, iriam as senhoras com suas famílias gozar deste prazer em utilidade de saúde familiar, não sendo isto novo; pois que antigamente já houve uma grande alameda, plantada de laranjeiras que tão úteis eram a seus habitantes, mandadas plantar pelo grande militar que então governava, o sargento-mor Francisco José Monteiro e que servia de grande refrigério às tropas milicianas; mas no ano de 1800 a 1801 a Câmara timidamente as mandou derrubar, cometendo um absurdo tão contrário à saúde pública, temerosa do déspota Ouvidor João Batista dos Guimarães Peixoto, por ordem dele; somente porque essa alameda impedia a vista do palácio desse pachá, que morava nas casas de sobrado próximas à igreja de S. Benedito. Mas a presente Câmara Municipal e as suas sucessoras de muito mais ilustração que as antigas, senão cada vez mais caprichosas no exato cumprimento de seus deveres, mais zeladoras em promover o bem público, mais cuidadosos no bom Priscila Realce - 23 - asseio, limpeza e formoseamento de uma Cidade marítima do Brasil, imitando a outras que se esmeram em suas decorações e adornos; e sendo o seu porto franco onde muitas nações estrangeiras concorrem à Cidade paranagüense se deve mostrar a eles bem formosa, onde a contemplem em claro espelho e não tenham nenhum motivo a notarem qualquer pequeno desalinho, antes enchendo- a de louvores e de bom gosto dos paranagüenses; se a localidade é melancólica e tristonha, a arte e a natureza lhe podem dar a graciosidade precisa; decorem- se as praças com ornamentos artísticos ou silvestres, faça-se um cais geral que borde a Cidade beira-mar desde o arsenal até a fonte, calcem-se algumas ruas mais precisas e ficará ornada de grande beleza e à maneira de um jardim que sem flores mostra parecer um deserto, assim é toda a povoação sem os necessários ornamentos que façam o seu enfeite. A Cidade de Paranaguá é bem merecedora de tudo isso e muito mais, e não faltarão patrióticos desejos da Câmara Municipal de mandar pôr em execução alguns planos semelhantes por conhecer que suas rendas não avultam a fazer tais obras, mas algumas já poderia pôr em prática, como as alamedas do campo grande; e rodear as duas fontes de chorões, árvores enfeitadoras e sombrias, a refrescarem as deliciosas águas em utilidade de saúde pública; e as Câmaras futuras farão o mais que seu heróico patriotismo lhes indicar, conforme lhes impõe a lei de 1s de outubro de 1828, no título 3e, artigo 66, e parágrafo 1s. Paranaguá enfim algum dia ainda chegará ao apogeu de sua maior grandeza. MAPA N2 1 2 CAPITÃES-MORES Dos capitães-mores, comandantes militares e governadores, ouvidores gerais e corregedores da Comarca, juízes de fora e municipais, e juízes de direito da 5â Comarca, delegados de polícia e subdelegados que tem havido em Paranaguá desde o ano de 1648 inclusive a 1850. 12 - Gabriel de Lara, alcaide-mor, Capitão-mor e Ouvidor e Povoador da Vila de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá, em nome de S. Alteza Real com os mesmos poderes lugar-tenente como Procurador Marquês de Cascais, desde 1648 até 1682. 29 - Tomás Fernandes de Oliveira, proposto pela Câmara, ele tinha sido soldado, alferes e capitão de infantaria em loloró do presídio de Angola, depois foi capitão de mar e guerra dum navio seu; serviu de Capitão-mor na Vila de S. Vicente, governou em Paranaguá de 1683 a 1689. 3S Gaspar Teixeira de Azevedo, nomeado por patente de 7 de maio de 1689. Confirmado por El-Rei D. Pedro II, a 20 de novembro de 1690 e governou até 1691. 4e - Francisco da Silva Magalhães tinha em seus títulos Capitão-mor e - 24 - Governador desta Capitania de Paranaguá, Curitiba e seus distritos por patente de 31 de dezembro de 1692 e governou até o ano de 1707. 59 - João Rodrigues França - por patente de 6 de dezembro de 1707 passada por D. Fernando de Mascarenhas e confirmação de El-Rei D. João V, de 19 de janeiro de 1711, governou até 1715 em que faleceu. 6S - Antônio Grácia, por patente de 20 de março de 1716, passada por D. Francisco de Távora, governou até 1718. 7° - André Gonçalves Pinheiro, por patente Del-Rei D. João V, de 15 de outubro de 1718; por patente que lhe tinha passado o Governador do Rio de Janeiro Antônio de Brito Freire de Menezes, teve 2ã patente de Capitão-mor passada pelo General de S. Paulo Rodrigo César de Menezes, a 25 de janeiro de 1722; ele alcançou Del-Rei D. João Vi a provisão de 15 de dezembro de 1723, não se fazer em Paranaguá nenhum recrutamento. Foi Provedor dos quintos da casa da fundição. Em virtude a resolução de 23 de abril de 1730 em que ordenava os capitães-mores não serviriam mais de 3 anos. O General de S. Paulo por uma portaria de 24 de novembro de 1731 o mandou suspender de seu posto.Fez muitos serviços relevantes a Paranaguá. 89 - Anastácio de Freitas Trancoso: Coronel do regimento das ordenanças de Paranaguá e Curitiba por patente de 17 de novembro de 1732. Aparece um interregno (1) de 12 anos entre 1731 e 1743, em cujo tempo prece que havendo extinguido os capitães-mores das ordenanças pela nova criação arregimentada dos mesmos corpos com oficiais superiores de Coronel, Tenente-coronel, Sargento-mor, etc, passaria o comando militar a esses coronéis das ordenanças e sendo depois extintos, estes postos volveram outra vez para os capitães- mores; não aparece neste interregno nenhum regimento de posse que se desse a algum Capitão-mor. 99 - D. João Francisco Laines foi nomeado pela Câmara e tomou posse a 22 de junho de 1743. 109 - Rodrigo Félix Martins foi Capitão-mor em 1751 mas não se sabe os anos que governou. 11s - Antônio de Sousa Pereira, Capitão-mor talvez até o ano de 1762. 129 - Antônio Ferreira Matoso por patente de 5 de setembro de 1763, tomou posse a 24 de dezembro do mesmo ano. 13e - Manoel Nunes Lima foi proposto pela Câmara por patente de 15 de dezembro de 1765, tomou posse a 15 de março de 1766. 142 - José Carneiro dos Santos por patente de 3 de setembro de 1766, tomou posse a 8 de outubro do mesmo ano. Teve 2- patente de Capitão-mor em 29 de janeiro de 1789. Governou até a sua morte em 6 de janeiro de 1811. (1) Interregno ou período de vacatura do cargo. N. J. - 25 - 15a - Manoel Antônio Pereira tomou posse a 22 de abril de 1815. COMANDANTES MILITARES 1 - João Rodrigues do Vale, cavaleiro professo na Ordem de Cristo. Ajudante do Tenente do Governador da Capitania desde agosto de 1730 até dezembro de 1731. Depois dele continuaram no governo da Vila os capitães-mores até o ano de 1765. 2 - Afonso Botelho de Sampaio e Sousa, ajudante do Governo desde 1765 a 1770; no seu tempo foi feita a fortaleza da barra. 3 - Francisco José Monteiro e Castro, de família ilustre em Portugal, Sargento-morpagodo regimento de milícias desde 1770 até 15 de novembro de 1801, em que morreu; sentou praça em 5 de agosto de 1765. 4 - Manoel da Cunha Gamito, Sargento-mor pago do mesmo regimento pela vacância do antecedente desde 1801 a 1804. 5 - Joaquim José Pinto de Morais Lemes, Sargento-mor, veio de S. Paulo, mandado pelo Governo, comandar a Vila de Paranaguá desde 10 de dezembro de 1804 até 30 de junho de 1805, em que foi para S. Paulo. 6 -Manoe l da Cunha Gamito, Sargento-mor pago de milícias desde julho de 1805 até janeiro ou fevereiro de 1806. 7-Fernando Gomes Pereira da Silva, Sargento-mor pago da Província de Santos, veio para Paranaguá em janeiro ou fevereiro de 1806 até o ano de 1808; morreu a 4 de janeiro de 1811. 8 - Joaquim José da Costa, Capitão nomeado por portaria do Governo de 7 de dezembro de 1808, morreu repentinamente em 31 de julho de 1809. 9 -José Carneiro dos Santos, Capitão-mor entrou no governo interinamente por deliberação da Câmara de 6 de agosto de 1809. Quando o governo pertencia à patente militar que houvesse qual era a do Sargento-mor Manoel da Cunha Gamito, havendo conflito de jurisdições entre ele e a Câmara por este motivo. 10 - Manoel da Cunha Gamito, Sargento-mor pago de milícias, entrou no governo em virtude da portaria de 18 de agosto de 1809 e esteve até a vinda do sucessor que foi em julho ou agosto de 1810. 11 - José Vitorino Rocha, Sargento-mor de infantaria de caçadores, da praça de Santos, confirmado por patente de 17 de março de 1810 pelo Príncipe Regente, com o governo da Vila de Paranaguá vago pelo falecimento de Joaquim José da Costa, sendo na ordem o 2° com o título de governador porque todos os mais antecedentes eram comandantes militares. Este governador era muito presunçoso, soberbo, incivil e vingativo; cometeu muitos erros e fez muitas injustiças; foi qual outro Nero, assim como Fernando Gomes Pereira da Silva um dos seus antecessores outro Átila, que assolou Paranaguá com - 26 - destacamentos continuados dos milicianos, ganâncias e extorsões que fez arruinar a agricultura e causar grande fome de farinhas de mandiocas e muitos prejuízos aos lavradores e comércio. Estes dois déspotas governadores os paranagüenses sempre se lembrarão das injustiças e atrocidades que fizeram, desolando os povos; durou o governo desse déspota até o ano de 1822. (1) 12 - Miguel Reinardo Belstein, Coronel de engenheiros tomou posse a 22 de setembro de 1822; era muito exato no cumprimento de seus deveres; fez bom governo; morreu repentinamente envenenado em 2 de fevereiro de 1824. (2) 13 - João Francisco Bellegarde, Coronel de engenheiros, hoje Brigadeiro, entrou no governo tomando posse a 28 de março de 1824 e serviu até 1832; era muito político, agradável e de boas maneiras, fez um ótimo governo, sua memória ficou gravada em todos os corações dos paranagüenses. MAPA Ns 1 Dos ouvidores e corregedores da Comarca, juízes de fora, juízes de direito municipais, delegados da polícia e subdelegados, ouvidores e corregedores do Rio de Janeiro. 3 - Não há nenhuma memória dos primeiros ouvidores e corregedores gerais que viessem do Rio de Janeiro fazerem suas correições a Paranaguá, antes da ereção da Vila em 1648, nem mesmo depois da criação dela, até 1675, em que consta ter vindo a fazer correição o bacharel Pedro d'Unhão Castelo Branco, que deixou provimentos; antes dele deveriam ter vindo outros mais, principalmente depois da criação da Vila, salvo se até aquele tempo era só corrigida pelos capitães-mores, ouvidores de S. Vicente, como foi Diogo de Escovar (3) que deixou seus provimentos ou outros que se ignoram. (1) O governador José Vitorino da Rocha tomou posse na Câmara em 19 de agosto de 1810. Do Autor. (2) O Governador Belstein, idade 51 anos, cadete n° 6 do regimento de infantaria em Portugal, alferes no 1s de março de 1893, ajudante em 5 de junho de 1797, capitão-mor por decreto de 17 de dezembro de 1806, major por decreto de 24 de junho de 1809, graduado em Tenente-coronel por decreto de 17 de dezembro de 1813, fez a campanha do Roussillon e a de 1801, contra a Espanha em que foi prisioneiro e por decreto de 3 de maio de 1822 foi promovido a Coronel graduado do Estado Maior do Exército e Governador de Paranaguá; e em 26 de agosto de 1822 saiu do Rio para Paranaguá. Do Autor. (3) Diogo de Escobar. N. J. - 27 - Ouvidores gerais do Estado que foram providos por El-Rei para as três Capitanias do Rio de Janeiro, S. Vicente e Espírito Santo, quando estavam unidas num só governo. 1e - Amâncio Rebelo, por provisão de 29 de maio de 1619. 2B - Paulo Pereira em 1632. 39 - Diogo de Sá Rocha, tomou posse a 19 de setembro de 1637. 4® - Francisco Taveira Neiva. 5S - Damião de Aguiar, tomou posse a 13 de julho de 1644. 69 - João Velho de Azevedo, por provisão de 10 de abril de 1654. 1- - Pedro de Mustre, português, por provisão de 29 de setembro de 1656. Este estando em correição em S. Paulo, pacificou um tumulto e uniu os seus moradores em 25 de janeiro de 1660. 89 - Sebastião Cardoso de Sampaio, tomou posse a 24 de janeiro de 1663. 9a - Manoel Dias Raposo, por provisão régia de 16 de janeiro de 1664. 109 - João de Abreu e Silva, por carta régia de 12 de dezembro de 1669. 119 - André da Costa Moreira, por provisão de 18 de janeiro de 1672. 129 - Pedro de Unhão Castelo Branco, por provisão de 5 de setembro de 1678. Este ouvidor fez sua correição na Vila de Paranaguá. 139 - André da Costa Moreira, segunda vez por provisão de 6 de outubro de 1699. 149 - Antônio Ridér por carta régia de 26 de maio de 1672. 159 - José de Sousa, por provisão de 20 de outubro de 1683. 169 - Tomé de Almeida, por provisão de 16 de outubro de 1687. 179 - Agostinho Pimenta de Morais em 1690. Ouvidores e corregedores da 5® Comarca da Província de S. Paulo Ouvidores e corregedores de S. Paulo - Provisão régia de D. Pedro II, de 22 de junho de 1700, criando um ouvidor geral para as capitanias do sul. 19 - O Doutor Ouvidor AntônioLuiz Peleja em 1703. 29 - O Doutor João Saraiva de Carvalho, 1709. 39 - O Doutor Desembargador Antônio da Cunha Souto maior, veio a Paranaguá fazer correição e proibir a saída de farinha de mandioca. 49 - O Doutor Desembargador Rafael Pires Pardinho, desde 1719 a 1721, veio em correição a Paranaguá e fez 178 provimentos, em 16 de junho de 1721, confirmados como lei. 59 - O Doutor Manoel de Melo Godinho Manço, por provação de 29 de abril de 1722. Em 10 de fevereiro de 1725 se fez em S. Paulo o termo da divisão da Comarca de Paranaguá. Ouvidores e corregedores diretos da Comarca de Paranaguá - Depois da separação da Comarca de Paranaguá da de S. Paulo foram ouvidores dela: - 28 - 12 - O bacharel Antônio Alves Lanhas Peixoto tomou posse em Câmara a 24 de agosto de 1724. Ele assistiu a Junta que se fez em S. Paulo para a divisão desta Comarca. Teve de ordenado 400$000. 2a - Doutor Antônio dos Santos Soares, teve posse a 7 de julho de 1730 até 1734. 3g - O bacharel Manoel dos Santos Lobato, foi juiz de fora na Vila do Torrão, em Portugal, tomou posse em 4 de maio de 1734. Casou na Vila de Paranaguá com D. Antônia da Cruz França, filha do Capitão-mor João Rodrigues França. 4S - O Doutor Gaspar da Rocha Pereira, em 1741 a 1743. 59 - O Doutor Manoel Tavares de Siqueira, de 1744 a 1747, ou 1748. Ignora-se os sucessores que houve até 1757, só se serviriam os ouvidores pela lei. 62 - O Doutor Antônio da Silva Pires Melo Porto Carreiro. Ignora-se o ano em que tomou posse, mas em fevereiro de 1755, rubricou livros em Curitiba. 72 - O Doutor Jerônimo Ribeiro de Magalhães foi o autor de se pagar nas comarcas da beira-mar custas dobradas, por representação que fez em 19 de julho de 1757. A resolução régia de 3 de setembro de 1760, onde tivesse havido minas de ouro como se costumavam pagar nas minas de serra acima mandando- se observar e pôr em execução a ordem de 23 de março de 1757. A este ouvidor o denominavam com a alcunha de Chato: fez muitas injustiças e despotismos e o governo de Lisboa o mandou buscar preso e morreu no Limoeiro. 89 - O Doutor Antônio Barbosa de Matos Coutinho, desde 1776 até 1783. 99 - O Doutor Francisco Leandro de Toledo Rendom, tomou posse a 21 de julho de 1785 até 178(9)? 102 - O Doutor Manoel Lopes Branco e Silva, por provisão régia da Senhora D. Maria I, de 12 de outubro de 1789, tomou posse em 9 de outubro de 1790; fez um bom governo e foi o criador da Vila Antonina. 119 - João Batista dos Guimarães Peixoto, pernambucano, tomou posse a 4 de dezembro de 1799; foi um déspota e justiceiro; em suas correições criminou a muitas pessoas de que se queixaram ao General da Capitania, Antônio Manoel de Melo Castro e Mendonça, que mandou suspendê-lo do seu exercício por portaria de 7 de janeiro de 1802, e conduzi-lo preso a S. Paulo, mas ocultou- se, evadindo-se para o Rio de Janeiro e dele requereram à Alteza Real mandasse tirar a sua sindicância. 122 - O Doutor Antônio de Carvalho Fontes Henriques Pereira, tomou posse a 11 de fevereiro de 1804, até 1807. 132 - O Desembargador sindicante Joaquim de Amorim e Castro. Em 5 de outubro de 1805 participou à Câmara que por real resolução de S. A. Real e portaria do Vice-rei, de 4 de março, tinha de vir fazer uma diligência do real sorviço para que se lhe aprontassem as aposentadorias, para que se recolheu om fins de 1806 para o Rio de Janeiro. - 29 - 149 - O Doutor Antônio Ribeiro de Carvalho, pela provisão régia de 11 de julho de 1804, tomou posse a 7 de março de 1807. Fez um bom governo. 159 - O Doutor João de Medeiros Gomes, por decreto de 6 de fevereiro de 1810, a carta régia de 7 de março do mesmo ano. Este Ouvidor foi o que transferiu o cartório e sua residência da Ouvidoria para a Vila de Curitiba. Foi muito agradável e político e sua memória deixou saudades na Comarca. 169 - Dr. José Carlos Pereira de Almeida Torres, baiano, parece que tomou posse no ano de 1816; foi suspenso do seu exercício por muitas queixas e representações que dos povos da Comarca contra ele fizeram em 13 de setembro de 1822. Foi depois disso Presidente da Província de S. Paulo, Ministro e Secretário de Estado e Visconde de Macaé. 179 - O Desembargador e Ouvidor subrogado José de Azevedo Cabral tomou posse a 13 de setembro de 1822. Era muito político e atencioso e civil e de todos estimado; fez bom governo. 18e - O Dr. José Verneque Ribeiro de Aguilar, tomou posse a 26 de julho de 1824 até 1826. Foi este o último ouvidor que houve na Comarca; casou em Curitiba com Dona Ana, filha do Coronel Inácio de Sá Souto Maior. Por decreto de 26 de julho de 1824, de D. Pedro I, passou a Desembargador da relação da Bahia. JUÍZES DE FORA DA COMARCA DE PARANAGUÁ FORMADOS 19 - O Dr. Francisco de França Miranda, fluminense, porcaria régia de 18 de junho de 1812, tomou posse a 14 de novembro do mesmo ano até 1815. (1) 29 - O Dr. Luiz José Correia de Sá, tomou posse em 15 de novembro de 1815. Natural do Rio de Janeiro, tinha um caráter incivil, desatencioso, fez mil asneiras e desacatos em Paranaguá. 39 - O Dr. Antônio de Azevedo Melo e Carvalho, por carta régia de 10 de fevereiro de 1820, tomou posse a 26 de junho do mesmo ano, e governou até 1824. Era de um gênio forte e arrebatado, soberbo e presunçoso, fez muitas desfeitas a diversos cidadãos e injustiças, e teve contínuas contestações sobre conflitos de jurisdições com o Governador José Vitorino Rocha; estava então Paranaguá sofrendo o despotismo de dois verdugos opressores da humanidade, em seu tempo serviram interinamente de juízes de fora (2) o Capitão Pedro Roiz (1) No tempo do Dr. Franco de França Miranda, servirão por lei 1.813 o alferes Manoel de Araújo França, Capitão José Luiz Pereira. Capitão Joaquim Antônio Guimarães. Do Autor. (2) 1816 - O Capitão Inácio Lustosa de Andrade, Capitão Francisco Ferreira de Oliveira, o Capitão Manoel Alves Carneiro, 1817. O Capitão Pedro Roiz Nunes, 1819, o Capitão Joaquim Antônio Guimarães. Do autor. - 30 - Nunes, em 1822, o Capitão Bento Antônio da Costa em 1823, o Capitão Antônio José Pereira, em 1824 (1). 49 - O Dr. João Capristano Rabelo tomou posse a 21 de março de 1824 e esteve até 1825, e é ao presente o que está servindo de Presidente na Relação do Maranhão. Em seu tempo serviram interinamente no ano de 1824: o Capitão- mor Manoel Antônio Pereira, no mês de agosto, o Sargento-mor Manoel Francisco Correia, no mês de outubro. 5S - O Dr. Agostinho Ermelino de Leão, baiano, por provisão régia de 25 de fevereiro de 1825, tomou posse a 9 de abril do mesmo ano e por carta régia de 21 de novembro de 1833 foi Juiz de Direito desta Comarca donde passou para Desembargador da Relação do Maranhão; e de lá para a de Pernambuco. Casou em Paranaguá com D. Maria Clara, filha do Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, em 8 de agosto de 1826. 69 - O Dr. Joaquim Teixeira Peixoto, pernambucano, por provisão de 15 de novembro de 1826, tomou posse a 17 de abril de 1827, governou até 1832, passou para Desembargador da Relação de Pernambuco. (2) 1° - O Doutor Francisco Alves de Brito, por provisão de 29 de março de 1832 até abril de 1833. JUÍZES DE FORA INTERINOS 89 - O Doutor Agostinho Ermelino de Leão, de maio de 1833. 9S - Leandro José da Costa, em junho do mesmo ano. 10S -Vicente Ferreira Pinheiro, em março de 1835. 11a- Tenente-coronel Francisco Correia, em agosto d 1835. 129 - O Sargento-mor João Antônio dos Santos, em julho de 1838. 139 - O Major Bento Antônio da Costa. 14a - O Capitão-mor Manoel Antônio Pereira, em maio de 1839. 159 - O sargento-mor João Antônio dos Santos, em outubro do mesmo ano. (1 ) Foi para Portugal onde é conselheiro do Tribunal Supremo da Justiça e foi Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Reino. Do autor. (2) No tempo do Dr. Joaquim Teixeira Peixoto serviram interinamente: 1827 o Capitão Felipe Tavares de Miranda, o Capitão Francisco Alves de Paula, o Capitão Joaquim Antônio Guimarães. 1828 Manoel Francode Mendonça, o Tenente-coronel Manoel Franco Correia. Do Autor. - 31 - 16e - O Capitão Antônio José Pereira, em fevereiro de 1840. 17® - Leandro José da Costa, em julho do mesmo ano. 18S - O Dr. João Crisóstomo Pupo, em janeiro de 1841. JUÍZES MUNICIPAIS 1 e - O Dr. José Matias Ferreira de Abreu, foi interino e depois efetivo. 29 - O Dr. Filástrio Nunes Pires, tomou posse a 2 de agosto de 1847, e em 3 de novembro de 1849 tornou a reassumir o mesmo emprego. DELEGADOS DE POLÍCIA 19 - o Dr. José Matias Ferreira de Abreu tomou posse a 24 de julho de 1849. 2- - Leandro José da Costa. 39 - Dr. Filástrio Nunes Pires, tomou posse a 17 de junho de 1848. 49 - Comendador Manoel Antônio Guimarães, tomou posse em 5 de dezembro de 1848. SUBDELEGADOS DO 19 DISTRITO 12 - O Comendador Manoel Francisco Correia Júnior. 2- - O Capitão Francisco Alves de Paula. 3S - Tristão Euclime d'Wduval. 4e - O Tenente-coronel Joaquim Cândido Correia. 59 - Francisco José Barroso. SUBDELEGADOS DO 2S DISTRITO 19 - O tenente Bento Gonçalves Cordeiro. 29 - O Capitão Floriano Bento Viana. 39 - José Alexandre Cardoso. 49 - Balduíno Cordeiro de Miranda. Mapa dos Juízes de Direito que têm sido nomeados para a 5® Comarca da Província de S. Paulo, extraída do arquivo da Câmara da Cidade de Paranaguá, em virtude do aviso da Secretaria de Estado dos Negócios da Justiça, de 25 de junho, p.p. 19 - O Doutor José Antônio Pimenta Bueno: foi nomeado Juiz de Direito da 5® Comarca pelo Conselho do Governo, segundo a participação do Ex.mo Presidente da Província, de 20 de abril de 1833; fez participação em data de 23 - 32 - de julho de 1833 de ter sido removido para a Q- Comarca de Santos, por definitiva nomeação do Governo Imperial. 29 - O Doutor Agostinho Ermelino de Leão foi nomeado Juiz de Direito da 5® Comarca pela Regência Permanente, por carta de 21 de novembro de 1833, que declarou sem efeito o decreto de 29 de novembro do mesmo ano, conferindo- se o referido emprego ao Dr. Francisco Lourenço de Freitas, e prestou juramento no Rio de Janeiro, a 4 de dezembro do mesmo ano de 1833. Apresentou a carta imperial em sessão extraordinária da Câmara Municipal desta Cidade, tomou posse e entrou no exercício do lugar em 15 de fevereiro de 1834. Enviou um ofício de 8 de fevereiro de 1840, uma portaria do Ex.mo Governo da Província acompanhado de um aviso da Regência concedendo-lhe 3 meses de licença para ir ã Corte tratar de sua saúde, que foi presente em sessão extraordinária do supracitado dia 8. Teve mais 9 meses de licença concedidos pela Regência além dos três meses antes concedidos, conforme a portaria do Ex.mo Presidente da Província de 23 de abril, mandando a cópia do aviso da Secretaria de Estado dos Negócios da Justiça, que foi presente à Câmara em sessão extraordinária de 23 de maio de 1840; participou em ofício de 23 de dezembro de 1842 ter passado a jurisdição do seu magistério ao Juiz Municipal respectivo por ter sido nomeado Desembargador da Relação do Maranhão, por decreto de 22 de novembro do mesmo ano. 3S - O Doutor José Alves dos Santos foi nomeado Juiz de Direito desta 5® Comarca, por decreto de 21 de maio de 1843, conforme a portaria do Ex.mo Governo da Província de 9 de agosto, comunicando ter apresentado sua carta e tomado posse. 42 - O Doutor Joaquim José Pacheco foi nomeado no ano de 1843 a 1844 e não veio tomar posse. 5e - O Doutor Antônio Francisco de Azevedo foi nomeado Juiz de Direito da 5® Comarca por decreto de 6 de agosto de 1847, conforme sua participação em ofício datado de S. Paulo, em 6 de setembro do mesmo ano, comunicando a Câmara Municipal ter prestado juramento, ante o Ex.mo Presidente da Província e de ter tomado posse do mencionado emprego. Participou em ofício de 27 de fevereiro de 1848 de utilizar-se da licença de dois meses que lhe concedeu o Ex.mo. Presidente da Província conforme um requerimento que apresentou à Câmara pedindo-lhe atestasse sua freqüência na Comarca desde o dia 5 de outubro de 1847, em que entrou no exercício de seu emprego. Participou de S. Paulo, em ofício de 19 de abril de 1848, ter sido sua licença prorrogada por mais um mês por despacho do Vice-presidente da Província, de 12 do mesmo mês. Participou da Vila de Castro em ofício de 7 de junho de 1848, de seguir para S. Paulo tomar assento na Câmara como Deputado suplente da Assembléia Legislativa Provincial para que foi convidado pela respectiva Câmara Municipal da Capital. Participou da Vila de Castro, em ofício de 15 de março do corrente ano, ir para a Capital tomar assento na Câmara como Deputado suplente, por - 33 - convite da respectiva Assembléia Legislativa Provincial de 25 de fevereiro próximo passado. MAPA Ne 2 Estatística da população do 1a e 29 distrito da Cidade de Paranaguá no ano de 1849, demonstrando o número de quarteirões, seus nomes, casas habitadas, fogos e almas e um cálculo aproximado das faltas prováveis da inexatidão de um verdadeiro recenseamento e bem assim as populações que houve em diversas épocas anteriores. 6 1o Distrito da Cidade Números Quarteirões Casas habitadas Fogos Faltas por inexatidões Almas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Do norte da Cidade Do centro da mesma Do centro da mesma Do norte da mesma Rocios grande e pequeno Rio e costeira do Emboguaçu Rio do Bucuí Ribeirão e ilha do Toral Ribeirão das Pedras e Ilha do Teixeira Ponta grossa, Itinga e Boguaçu Pessagüera Saco de Tambareataca Ilhas da Cotinga e Rasa Rio Taquaré e Valadares Rio dos Almeidas Rio dos Correias Rio do Gorguaçu Rio dos Maciéis Barra do sul e Pirequê Ilha do Mel TOTAL 69 91 133 130 97 25 20 73 48 19 80 45 79 41 31 34 86 46 47 79 1253 100 109 175 167 123 37 28 86 59 23 84 53 94 49 39 36 104 52 55 95 1568 50 50 50 50 25 20 10 25 20 10 20 10 10 10 10 10 25 10 10 20 155 288 435 684 509 360 168 120 406 335 142 391 219 351 141 150 189 443 253 187 384 6155 - 34 - População em Outras Épocas 1785 3.427 1808 4.221 1809 5.450 1820 6.183 1822 6.677 Advertência ao Mapa do 1e distrito da Cidade. Conhecendo-se pelas listas dos inspetores dos quarteirões não haver exatidão no arrolamento pois que em casas mesmo na Cidade se verificavam grandes faltas em pessoas bem conhecidas, por isso se fez um cálculo aproximado as faltas e por isso se dá o número de 6.600 almas, porém bem se pode calcular em 7.000 sem haver grande diferença para mais ou menos. O Barão de Bielford, Inst. Polit. Tit. 2S pág. 204 a 249, o modo de calcular o ns de fogos é dar-se de 6 a 8 habitantes por cada casa. 2° Distrito de Guaraqueçaba Números Quarteirões Fogos Almas 1 Peças e Guanandituba 67 316 2 Poruquara e Bertioga 60 311 3 Superagüi e Varadouro 62 300 4 Guaraqueçaba 45 249 5 Rio de Guaraqueçaba 44 240 6 Rio da Serra Negra 32 171 7 Idem o mesmo 34 195 8 Rio de Tagaçaba 36 217 9 Rio do Borrachudo 38 203 10 Rio do Itaqui 61 335 11 Rio de Medeiros 102 546 12 Ilha Rasa 39 151 TOTAL 620 3.234 - 35 - MAPA N2 3 7 - Das embarcações que saíram do porto de Paranaguá, carregadas para diversos portos do Império com gêneros de exportação do país, desde o ano de 1793, inclusive até 1825 e por ele se conhecer o progressivo aumento que tem tido o comércio nos últimos 10 anos decorridos de 1839 a 1849. A no s G al er as C or ve ta s B er ga nt in s E sc un as S um ac as La nc ha s e la te s C ha lu pa s G al io ta s To ta l 1793 - 1 2 _ 9 5 _ 17 1794 - 2 1 - 17 12 _ - 32 1975 - 5 - - 16 4 _ _ 25 1796 - 1 1 - 13 9 _ _ 24 1797 - 3 1 - 26 10 _ 40 1798 - - - - 13 5 _ _ 18 1799 - - - - 18 3 - _ 21 1800 - - 1 - 14 3 _ _ 18 1801 - - - - 10 1 _ _ 11 1802 - - 2 - 14 1 _ _ 17 1803 - - 1 1 20 6 - - 28 1804 - 1 3 - 18 5 - - 27 1805 - - 3 - 13 12 - - 28 1806 - - 1 - 10 11 1 - 22 1807 - - 4 - 17 10 - _ 32 1808 - - 5 -
Compartilhar