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Pelas Selvas e Rios do Paraná

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Fichamentos aula Paraná I – 11/09/2017
Pelas Selvas e Rios do Paraná – Coelho Junior
O autor inicia o texto com uma dedicatória de seu trabalho, direcionada à Moiysés Lupion, que, segundo ele, promoveu um desenvolvimento da região Oeste do Paraná, por meio da criação de uma rede de estradas, à qual atribuí grande importância, e, consequentemente, à relaciona a Lupion.
O trabalho consiste na narrativa de uma campanha empreendida pelo autor e seu grupo de desbravadores, constituído por 9 sertanejos e 1 topógrafo (JUNIOR, 1946, p.16). Este grupo, seguindo em grande parte o curso de rios, como o Paranapanema, o Paraná e, principalmente, o Ivaí, avança sobre a floresta do Oeste paranaense, considerada, como demonstra diversas vezes o texto, despovoada, como expõe Coelho Junior: “[...] mata virgem, sem vivalma, secularmente abandonada pelos jesuítas espanhóis” (JUNIOR, 1946, p.15).
Com isso, ainda que a natureza da região seja detalhadamente descrita pelo autor, tendo em nota muitas das dificuldades que enfrentavam nela, ou até mesmo eventos que os encantavam, ao tratar da região, o autor ignora a população que lá habitava. Os indigenas estão, contudo, presentes em seu trabalho. Em um breve relato, Coelho Junior demonstra uma forma de relação entre os dois grupos, que consistia na troca de presentes. Estes eram utilizados pelos sertanejos para conquistar a confiabça do cacique de determinada tribo, que, por sua vez, retribuía com presentes seus (JUNIOR, 1946, pp.23-25).
O texto é, portanto, interessante para a compreensão da visão deste homem que participara ativamente no início do processo de colonização do Oeste paranaense. O seu relacionamento com os indígenas, com a natureza, e com as doenças e perigos enfrentados por seu empreendimento, em especial a Malária, estão presentes em seu trabalho.
Toca Mercer, um livro só para nós. – Luiz Leopoldo Mercer
Este trabalho apresenta excertos referentes à colonização do Oeste Paranaense, com grande foco às obras de estradas ligando o Paraná ao Mato Grosso, acompanhando também discussões relativas ao trabalho e o papel do sertanejo paranaense neste processo. Muitos outras temáticas são abordadas, relacionadas também à este processo, mas detalharemos aqui as duas já citadas.
A estrada entre o estado do Paraná e o estado do Mato Grosso não foi, como exposto, planejada sem controvérsias e discussões. Ainda que outros planos de ferrovias existissem, as impossibilidades estruturais que outros modais apresentavam, como no caso da navegação de rios como o Paranapanema, levaram, contudo, à sua elaboração. Destacaremos os principais itens levantados pelos defensores de seu empreendimento no livro. Primeiramente, era esperado que a estrada colaborasse com o transito de gado vindo do Mato Grosso, o que seria de extrema importância, dada a escassez de rebanhos nos Campos Gerais. A estrada colaboraria, ainda, no comércio do Paraná, que exportaria para o estado do Mato Grosso cavalos e mulas, os quais seriam escassos nestet ultimo, e, portanto, muito valorizados. O terceiro grande fator seria a intensificação da colonização da região Oeste do Paraná, pela qual a estrada veio a percorrer, em especial Campo Mourão. A rodovia contribuiu, assim, para o desenvolvimento econômico e demográfico dessa região.
O segundo tema aqui privilegiado trata-se da discussão sobre o papel do sertanejo paranaense na economia do estado. Levantamos, também, os principais pontos à esse respeito. A discussão apresentada pelo livro segue um embate entre a suposta superioridade dos colonos europeus e da aptidão dos colonos caboclos. O autor se apresenta contrário à qualquer suposta superioridade física, ou étnica, que se acreditava possuir os colonos europeus sobre os caboclos. Ao dividir estes últimos em dois grupos: os que adquiriam alguma posse considerável, minoria, e os que viviam em estado de miséria, a maioria; o autor desenvolve sua argumentação em torno de uma noção essencial: a influência do meio. Segundo sua argumentação, portanto, o caboclo não possuía as condições adequadas para se desenvolver, mas, como expõe, com orientação seria tão apto no processo de colonização quanto qualquer outro colonizador europeu. Assim, como em outros excertos do texto, que criticam empreendimentos estrangeiros no Oeste paranaense, esta discussão apresenta um forte ideal nacionalista, que defende o fornecimento de condições prioritariamente para os brasileiros e, no caso, paranaenses, e só então para quem viesse de fora.

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