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Daniela Carvalho – Turma LVI IMUNODEFICIÊNCIAS PRIMÁRIAS - IMUNODEFICIÊNCIA DE ANTICORPOS (IMUNIDADE HUMORAL) • Abrange de 50 a 60% das imunodeficiências primárias. • Papel do anticorpo em um indivíduo normal: o Faz parte da resposta imune específica. ▪ O anticorpo está presente no plasma ou na membrana celular. o Papel importante para bactéria extracelular – opsoniza, facilitando a fagocitose. o Ativa a via clássica do sistema complemento – tem como produto o MAC (forma poros na membrana dos microorganismos extracelulares). o Neutraliza toxina bacteriana. o Neutraliza vírus -> liga a vírus que está no meio extracelular impedindo que este entre em novas células. • Clínica destes pacientes: o Paciente com deficiência de anticorpo terá infecção por bactérias extracelulares (principalmente no sistema respiratório – otite, sinusite, pneumonia) e predominância de infecção por enterovírus (por não possuírem imunoglobulinas de mucosa – maior tendência por ter gastrenterocolite e predisposição para giardíase de repetição que culminará síndrome da má absorção intestinal e com isto em desnutrição proteica, piorando ainda mais a deficiência de anticorpos). o Infecções de via aérea e por enterovírus de repetição. o Normalmente a clínica destes pacientes irá se manifestar entre 6 meses a 1 ano de vida (os anticorpos maternos suprem a deficiência do bebê), mas existe um grupo específico que se manifestará mais tardiamente. • Quando desconfiamos da presença da imunodeficiência de anticorpos: o Desconfiamos pela faixa etária e pelo tipo de infecção. o Para diagnosticar devemos dosar os anticorpos totais (usar a tabela com valor de normalidade para os pacientes em cada faixa etária), mas nem sempre a dosagem de anticorpos totais irá evidenciar todos os tipos de imunodeficiência. ▪ Quando dosamos avaliamos as 3 principais: IgG, IgM e IgA (acima de 4 anos, pois terá o materno) → se estes vierem normais, não excluímos a deficiência de anticorpos, devemos investigar as subclasses (subclasses de IgG – IgG1, IgG2 – mais comum em criança e a IgG 3 – mais comum em adultos). ▪ Mesmo que a dosagem de subclasses estiver normal, pode ainda ocorrer deficiência para antígenos específicos. o A assintomática mais prevalente é a deficiência de IgA -> a investigação deve ser feita acima dos 4 anos, pois até antes disto é fisiológico a deficiência de IgA. o O que rege a gravidade da imunodeficiência de anticorpos, é a quantidade de IgG comprometida. O que vai reger o tratamento é a quantidade de IgG também pois é o anticorpo mais importante. • Tratamento: o Para estes pacientes que tem a produção de anticorpos comprometida, podemos repor os anticorpos (são antígeno específicos) – fazer um pool de IgG e repor via endovenosa. ▪ Se o paciente ficar bem -> irá repor anticorpo por toda a vida. ▪ Se o paciente não ficar bem -> aumenta a quantidade de anticorpos reposta ou diminui o intervalo da reposição. Daniela Carvalho – Turma LVI o Normalmente quando demora o diagnóstico nestes pacientes, ele vem com pneumopatia crônica pois fazem infecções pulmonares de repetição → (é o que sela o diagnóstico). HUMOR • Humor → Latim: Umor (líquido corpóreo). • Na medicina antiga e medieval: o Doenças, principalmente as emocionais → Desequilíbrio dos líquidos do corpo. o Humor como estado de espírito (bom humor/mau humor). IMUNIDADE HUMORAL • São proteínas que estão presentes no sangue ou na superfície celular (servindo como receptores para as células para ampliar a resposta imune). • São importantes para o combate de organismos extracelulares. • Resposta imunológica realizada por moléculas/proteínas existentes no sangue (anticoprpos/imunoglobulinas), produzidos pelos linfócitos B. o São secretados pelo linfócito B ativado que se transforma em plasmócito (passa a ter IgM ligada a sua superfície) -> a partir daí ocorre um rearranjo das cadeias e ele passa a secretar IgM, IgG, IgA, IgE e IgD. ▪ IgE -> não há imunodeficiência dela pois só é produzida em condições patológicas (verminoses por exemplo). • O plasmócito secreta as imunoglobulinas, e estão irão atuar na neutralização, opsonização e ativação do sistema complemento. ANTICORPOS/ IMUNOGLOBULINAS/ GAMAGLOBULINAS • Lembrar que as imunoglobulinas são estruturadas por uma cadeia única, que tem 2 cadeias idênticas pesadas de aminoácidos e duas cadeias idênticas leves de aminoácidos. o Porção Fc -> porção fixa que se liga aos receptores específicos celulares. o Porção Fab -> porção variável que se ligará a antígenos. ▪ Esta variabilidade é que da especifidade a resposta imune em relação a produção de anticorpos -> esta variabilidade é feita pelas enzimas Rag1 e Rag2. • Quando o paciente possui deficiência de Rag1 e Rag2, além da deficiência de anticorpos, também terá deficiência em receptores de células T -> imunodeficiência combinada. Fonte: https://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/04/anticorpos.jpg Daniela Carvalho – Turma LVI • Há cinco classes de imunoglobulina: IgA, IgM, IgD, IgE e IgG - Tipos se diferenciam pelas propriedades biológicas, localizações e funções. o IgA → Encontrado em mucosas (intestinos, trato respiratório e trato urogenital). Ativação do complemento pela via da Lectina ou via Alternativa. o IgD → Receptor de antígeno nas células B naïve. Papel discreto, não tem papel fisiológico. o IgE → Se liga a alérgenos e ativam os mastócitos -> Alergia. Também protege contra parasitas helmintos. ▪ Prevalente principalmente em infecções intestinais por parasitas e processos alérgicos. o IgG → Participa da opsonização; ativação do sistema de complemento; citotoxicidade mediada por células dependentes de anticorpo; Inibição por feedback das células B. Única capaz de ultrapassar a barreira placentária. ▪ É a mais importante; ▪ Também tem papel para agentes intracelulares – vírus. o IgM → Receptor de antígenos das células B naïve. Ativação da via clássica do complemento. ▪ É a primeira produzida pela célula inativa/ nula (que não se transformou em plasmócito ainda). MATURAÇÃO DO LINFÓCITO B Fonte: http://www.profbio.com.br/aulas/inunologia_1_aula_03.pdf • Stem cell -> célula pré-B -> célula B imatura -> célula B ativada -> plasmócito. • Pode – se ter defeitos na produção de anticorpos em qualquer estágio desta diferenciação (quanto mais próximo da stem cell, pior a imunodeficiência). o A imunodeficiência de anticorpos mais grave é a Agamaglobulinemia de Burton -> defeito na maturidade da maturação da célula pré-B para a célula B devido a deficiência de uma enzima – leva ao comprometimento de todos os tipos de anticorpos, se tiver a forma mais grave, terá hipoplasia ou órgão linfóide secundário ausente. o A segunda mais grave é a imunodeficiência comum variável, em que ocorre um defeito nos plasmócitos para secretar as Ig. Causa grande comprometimento de anticorpos, que pode ocorrer em graus variáveis para cada paciente. o A terceira é a dificuldade de • Dificuldade na secreção de anticorpos pelo plasmócitos de cadeias simples de Ig, causando a síndrome da hipo IgM (assintomática; nesta os plasmócitos não agrega pentâmeros) e a síndrome da hipo IgA ou deficiência total de IgA (mais prevalente; assintomática; nesta os plasmócitos não agrega dímeros). o Há também defeitos de anticorpos em que o plasmócito não secreta anticorpos apenas para determinado antígeno (o exemplo mais clássico é a deficiência de anticorpos para antígenos polissacarídeos). • Também há deficiência de subunidades do IgG dos plasmócito – são defeitos mais leves. Daniela Carvalho – Turma LVI Fonte: https://o.quizlet.com/XREXJ3QQEy--5H7pYUpCXg.jpg • Os defeitos podem ser na proliferação de células B, ou específico na agregação das imunoglobulinas para uma subclasse só -> caracteriza o grau e a gravidade do comprometimento da resposta imune. DEFICIÊNCIASPREDOMINANTEMENTE HUMORAIS • São as mais prevalentes de todas. • Em um trabalho da USP -> 61% das imunodeficiências primárias é por deficiência de anticorpos. • No HC da FMUSP: o 1.008 pacientes com diagnósticos bem definidos o Deficiências humorais -> 61% o Maioria IDCV (imunodeficiência comum variável), deficiência de IgA e deficiência de IgM. • Espectro amplo: o Redução severa de todas as classes de Igs e ausência de células B -> Deficiência seletiva de Acs. • Fenótipo clínico (semelhante p/ muitas desordens) o Infecções crônicas e recorrentes. o Inflamação crônica. o Autoimunidade. OBS: Quando mais grave o defeito imunológico, pior a imunodeficiência. • As infecções mais prevalentes são as respiratórias. • Quando suspeitar? o Infecções Respiratórias recorrentes. ▪ OMAs (infecções de ouvido de repetição), Sinusites, PNMs (pneumonias). ▪ Geralmente após os 6 meses de idade. ▪ Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae, Staphylococcus e Pseudomonas. • Apesar de na infâncias recebermos imunização para algum destes agentes, estes pacientes não respondem a imunização. ▪ Como o agente é extracelular, as pneumonias normalmente são lobares (pode ter inclusive derrame pleural). o Diarréia de repetição (> 25%) ▪ Giardia lamblia, rotavirus, enterovirus, Campylobacter, Salmonella e Shigella. Daniela Carvalho – Turma LVI o Manifestações Autoimunes (> 25%). ▪ Anemia hemolítica autoimune e trobocitopenia autoimune. CONSIDERAÇÕES • IgG trofoblasto materno transferido feto 3o trimestre. • Feto produz Ac 20a semana, significativa 2-3 meses. • IgG materno desaparece após nascimento (30 dias), lactentes iniciam produção IgM, IgG, IgA em níveis reduzidos 3-7 meses idade (Hipogamaglobulinemia fisiológica). • Concentrações normais são definidas conforme valores normais utilizados em laboratório, conforme método, população e faixa etária. • IgA indetectável ou muito baixo é normal em lactentes. • IgG4 está indetectável até 10 anos. • Títulos baixos de hemaglutininas é normal até 1 ano. IMUNOGLOBULINAS EM ADOLESCENTES E ADULTOS (IgG) • Reduções leves a moderadas- 300 a 600 mg/dl → imunodeficiência leve. • Reduções significativas- 100-299 mg/dl → imunodeficiência significativa. • Reduções profundas- < 100 mg/dl → imunodeficiência grave (urgência médica). o IgG é o mais importante dos anticorpos e caracterizamos a gravidade por ele. IMUNODEFICIÊNCIAS DE ANTICORPOS • Primária • Secundária: o Antes de falar que é primária, devemos afastar todas as condições que causam depleção de anticorpos. o Drogas: anti-maláricos, captopril, carbamazepina, fenclofenaco, sulfasalazina, glicocorticóides, compostos de ouro, penicilina, fenitoína, valproato. o Doenças infecciosas: CMV, Toxo, HIV, Rubéola congênita, EBV. o Tumores: leucemia, neoplasia cels B, timoma, leucemia linfóide crônica, linfoma não-Hodgkin o Distúrbios sistêmicos: hipercatabolismo, pan-hipopituitarismo, perda de imunoglobulinas( nefrose, queimaduras (perda de proteínas), linfangectasia, diarréia grave), enteropatia perdedora de proteínas. HIPOGAMAGLOBULINEMIA TRANSITÓRIA DA INFÂNCIA • Descrita em 1956. • Atraso anormal e prolongado na produção de IgG pela criança após a diminuição da IgG materna. o Pode durar até o 2º ou 3º ano de vida. • IgG < 2dps para a idade em uma criança com mais de 6 meses de idade e após exclusão de outras causas de hipogamaglobulinemia. • Sem sintomas e desaparece com o tempo (autolimitada). DEFICIÊNCIA DE IgA • É a imunodeficiência primária humoral mais frequente e a imunodeficiência primária assintomática mais prevalente. Daniela Carvalho – Turma LVI • É uma imunodeficiência assintomática mais prevalente -> por ser um anticorpo de mucosa, a IgA tem maior predisposição de aparecer associado a doenças alérgicas (como renite alérgica, asma e dermatite atópica). ▪ Grupo de risco para imunodeficiências: pacientes com asma devem dosar imunoglobulinas (todas a Ig), renite alérgica (dosar somente IgA). o É assintomática (pois normalmente aumenta – se o nível de IgM o que controla infecções), mas tem uma repercussão negativa pois o IgA contribui para o clareamento dos imunocomplexos, fazendo com que estes pacientes tenham maior propensão a ter doenças autoimunes (como LES, febre reumática, entre outras) e neoplasias (devido desajuste imunológico). Portando todo paciente com deficiência de IgA deve ser acompanhado a vida inteira, mesmo sabendo que ele não terá infecção de repetição. o 15 a 18% destes pacientes irão evoluir com imunodeficiência comum variável (plasmócito não secreta IgA e de uma hora para a outra ele passa a ter dificuldade de secretar as outras Ig) → pacientes com deficiência de IgA devem pelo menos uma vez por ano dosar as outras imunoglobulinas. ▪ Podemos também diagnosticar esta queda das Ig antes mesmo de desenvolvimento de infecção -> podemos iniciar, portanto, previamente a reposição de Ig. o Obs: na eletroforese os anticorpos migram na porção gama. o Obs: Ausência de anticorpos específicos ou IgG menor que 500 vai determinar a reposição de Ig independente da presença de infecção -> é a quantidade de IgG que determina a gravidade da deficiência de Ig e a necessidade de reposição de Ig. • Definição: IgA < 7 mg/dL e níveis normais de IgG e IgM em paciente maior que 4 anos de idade. o Lembrar: Até 4 anos é fisiológico o nível baixo de IgA. • Homens = Mulheres • Frequência é variável -> 1:142 – 1:15.000 (Dependendo da etnia) o No Brasil: 1:1000 brasileiros, 1:200 atópicos, 1:50 asma o Está presente em 1 a cada 200 pacientes que possuem renite alérgica. • Maioria assintomática, e a imunodeficiência primaria assintomática mais prevalente. • Infecções de mucosa recorrentes, alergias (dermatite atópica tem relação com a deficiência de IgA pois normalmente é ela que abre as alergias – paciente tem primeira a dermatite atópica para depois ter rinite e asma) e autoimunidade. • A herança genética pode ser autossômica dominante ou recessiva -> necessidade de investigar a família quando ela está presente. • Pode estar associada a subclasses de IgG, deficiência para antígenos específicos polissacarídicos (resposta T independente dos linfócitos B) e deficiência da fração C4b do sistema complemento. o Por ser assintomática, quando começa a apresentar muitos sintomas, devemos desconfiar da presença de outra imunodeficiência associada. • Precisamos fazer alguma coisa para o deficiente de IgA? R: não é possível repor IgA (pois a Ig humana que repomos tem praticamente só IgG), então repomos apenas IgG (se a Ig humana for contaminada com IgA aumenta o risco de reação alérgica e choque anafilático). A reposição de Ig humana endovenosa deve ser feita em hospital (não devemos agitar para não cristalizar e respeitar a dosagem de infusão pois se for alterada aumenta a probabilidade de reações alérgicas e choque anafilático). • Como não há como repor IgA as recomendações são evitar locais fechados, aglomerados e se expor em época de epidemias. • Diagnóstico: ▪ A deficiência de IgA nem sempre é caracterizada como deficiência total de IgA: Daniela Carvalho – Turma LVI • Pode - se ter a deficiência total de IgA, com a deficiência da IgA sérica. • Pode - se ter a deficiência de IgA, com a IgA total normal e a IgA salivar diminuída. • Pode - se ter a deficiência de IgA total diminuída com a IgA salivar diminuída. • Deficiência parcial de IgA -> é quando a IgA está abaixo do percentil 3 (normal é 50). o As vezes na vida adulta a parcial pode ser mais sintomática em adultos pois tende a ter menos auto cuidado com a saúde (crianças geralmente são cuidadas pelos pais). • Só consideramos deficiência de IgA acima de 4 anos (IMPORTANTE !!!!!!!!!!!!) • Slide: o Deficiência da IgA associada a ausência da IgA secretora o Poucos casos de IgA sérica normal com IgA secretora diminuídao Deficiência parcial - IgA dois desvios padrão abaixo da média. • Deve – se acompanhar todos os pacientes com deficiência total de IgA. Se o paciente tem IgA total, mas faz parte de grupo de risco para deficiência de IgA, podemos pedir a IgA salivar para ter certeza que está normal. Em pacientes com deficiência parcial de IgA podemos acompanha - lo a vida inteira (as vezes normaliza, as vezes continua assim, as vezes decai). • Epidemiologia: o 1:2.000 nascido vivos. o 1:1.000 são assintomáticos. o 1:50 tem associado também asma grave. o 1:5000 tem associado também hipotireoidismo o 1:200 tem associado também LES e artrite reumatoide. o Mais de 120 diferentes doenças. • Tratamento: o Não há como repor IgA. o O cuidado especial com a deficiência de IgA é a vacina Sabin (vacina para a poliomielite que possui o vírus atenuado) pois aumenta o risco de desenvolver poliomielite ou paralisia infantil como reação da vacina -> deve ser trocada pela vacina Salk (que não possui o vírus atenuado). ▪ Obs: crianças que tomam a vacina expelem o agente por 5 semanas subsequentes (contaminação de outras pessoas que tem contato com a criança – imunização em cadeia/ massa, além disto a vacina Sabin é mais barata também) → cuidado especial para os deficientes de IgA que convivem com outras pessoas que podem ter tomado a vacina recentemente (deve ser trocado pela vacina Salk para os familiares também). o A BCG (contém uma bactéria intracelular atenuada) não é uma preocupação para pacientes com deficiência de anticorpos pois Ig não atuam contra microorganismos intracelulares. o Para as deficiências de anticorpos em geral -> cuidado com vacinas que possuem microorganismo atenuado, que são a tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba), a da febre amarela e a da varicela -> o deficiente de anticorpos não poderia receber, pois pode complicar. Além delas, há a do rotavirus, que normalmente não complica pois é dada em período em que o paciente ainda recebe anticorpos da mãe (é feita com 2 e 4 meses de vida). Porém para o deficiente de IgA proibimos apenas a vacina Sabin, pois nesta imunodeficiência a IgG está normal (neste caso o paciente não é grave, pois o que determina a gravidade é a quantidade de IgG). Daniela Carvalho – Turma LVI o Só recolhemos Ig se o deficiente de IgA tiver associação com outras imunodeficiências, como a de subclasses ou a de anticorpos específicos. o As vezes o paciente entra em uma fase de infecção (rinite alérgica, asma e amigdalite de repetição). o A tendência é que ocorra uma evolução benigna, porém deve – se fazer um acompanhamento periódico devido ao risco de complicação (o principal é o risco de desenvolvimento de Imunodeficiência comum variável) -> uma vez por ano estes pacientes devem dosar todas a Ig. OBS: não devemos retirar as amigdalas sem grandes motivos, pois ela é rica em linfócitos T e B, neste caso não podemos retirar as amigdalas dos pacientes deficientes de IgA, pois pode complicar a doença. AGAMAGLOBULINEMIAS • São as deficiências de anticorpos mais graves (erro no desenvolvimento da célula Pré B para a B) -> muito próximo da stem cell. Nestes pacientes ocorre comprometimento da colonização dos órgãos linfóides secundários, que estarão ausentes ou hipoplásicos. o Compromete muito precocemente a produção de anticorpos, com queda significativa dos anticorpos e a contagem de linfócitos T diferencial (feita por imunofenotipagem de células T/citometria de fluxo) evidenciará um número reduzido de linfócitos B. ▪ Slide: Ausência de células B circulantes e redução severa de todas imunoglobulinas séricas. ▪ Slide: Início precoce das manifestações. (infecções bacterianas recorrentes). • A primeira a ser descrita foi devido a ausência de uma tirosina quinase de Burton que participa da maturação das células B (Agamaglobulinemia ligada ao X – prevalente no sexo masculino). o Slide: Ligada ao sexo -> Mutações em uma tirosina quinase citoplasmática (BTK) específica dos linfócitos B cujo gene está localizado em Xq21.3. • Outras defeitos que causam a agamaglobulinemia foram descritos mais tarde -> neste caso são autossômicas dominantes ou autossômicas recessivas. • Podem acometer qualquer sexo. • São raras -> 1:100.000 a 1:200.000 • Subsequente a ela ocorre um comprometimento dos plasmócitos em secretar Ig (CVID – imunodeficiência comum variável): o Do ponto de vista fenotípico ambas as imunodeficiência são muito parecidas, pois na CVID ocorre falha na produção de IgA, IgG e IgM, assim como no paciente que possui agamaglobulinemia, porém, como a deficiência é na secreção pelos plasmócitos, o paciente com CVID terá órgãos linfóides periféricos normais ou até hiperplásicos (devido as infecções recorrentes). o Podemos diferenciar facilmente também pelo fato de que, como na agamaglobulinemia o defeito é muito precoce, em torno de 6 meses a 1 ano a criança já começa a infectar; já na CVID como o defeito é tardio na produção das Ig pelo plasmócitos, pode – se ter 3 fenótipos de manifestação clínica: (1) de 1 a 6 anos de idade, (2) de 10 a 14 anos e (3) de 24 a 40 anos. ▪ CVID: Grande variabilidade de expressão clínica (diversidade de fenótipos, pois pode ocorrer defeitos na produção de anticorpos em diferentes proporções) .Grupo muito heterogêneo e com manifestação em diferentes idades (pois o defeito ocorre no plasmócito já maduro, demorando mais para manifestar). Daniela Carvalho – Turma LVI • Depois da deficiência de IgA (a mais prevalente das imunodeficiências primárias), esta a síndrome da hipo IgM (não estudamos pois não da quase complicações e não se tem sua prevalência) que é a segunda mais comum. Além da hipo, existe a síndrome da hiper IgM: o defeito é de um ligante de linfócito T (CD40 ligante) que estimula o linfócito B a produzir Ig → quando ausente o linfócito B não para de produzir IgM para produzir as outras Ig (paciente só produz IgM), ficando as outras Ig baixas. É uma imunodeficiência combinada, pois também ocorre comprometimento de linfócitos T → não está mais na classificação de imunodeficiência de anticorpos e sim combinada!! DEFICIÊNCIA DE SUBCLASSE DE IgG • Suspeitamos quando descartamos deficiência de IgA, agamaglobulinemia e CVID: paciente apresenta fatores que podem indicar presença de deficiência de anticorpos, mas ao dosar os anticorpos, estes estão normais -> devemos neste caso solicitar dosagem das subclasses), mesmo que o quadro seja alérgico (tratamos a alergia e investigamos). • IgG sérica total normal e uma das subclasses diminuída. • Prevalência de deficiência de cada subclasse: o 67% - IgG1 (produzida em resposta a antígeno proteico solúvel; pode estar zeradas até 10 anos de idade fisiologicamente). o 23% - IgG2 (resposta ao polissacáride capsular (pneumococo) → mais comum em crianças. o 7% - IgG3 (resposta a antígenos virais) → mais comum em adultos. o 3% - IgG4 (resposta a antígenos virais) • QC: assintomático até infecções bacterianas recorrentes sinusopulmonares (sinusite e pneumonias). • Patogênese: alteração da diferenciação das células B em secretar as subclasses de IgG (as demais Ig estarão normais). • Tratamento: o Só iremos tratar se o paciente tiver clínica significativa. o Pode – se fazer antibiótico profilático, mas não é corriqueiro (cria certa resistência bacteriana – devemos observar caso a caso), no geral é feito reposição de Ig (se o paciente tiver quadro de infecção recorrente ou grave), mas normalmente o paciente não precisará de reposição a vida inteira. o O tratamento geralmente é provisório/ temporário. o Prognóstico - a história natural mostra melhora na infância tardia o Obs: normalmente quando a IgG1 está diminuída, a IgG total também está -> neste caso terá que repor Ig de qualquer jeito pois a IgG total rege a gravidade das imunodeficiências de anticorpos. DEFICIÊNCIA SELETIVA DE ANTICORPOS ESPECÍFICOSCOM IMUNOGLOBULINAS NORMAIS – DEFICIÊNCIA DE ANTICORPOS PARA ANTÍGENOS POLISSACARÍDICOS ESPECÍFICOS DIMINUIDA OBS: A principal causa de infecção respiratória de repetição é a alergia (inflamação crônica que estimula a produção de secreção que diminui a defesa mucociliar). Todo paciente com infecção respiratória de repetição deve ser investigado -> mas apenas 10% será imunodeficiente. Daniela Carvalho – Turma LVI A reposta para antígenos polissacarídicos é T independente, ou seja, o linfócito B se transforma em plasmócito e passa a secretar anticorpos sem precisar do estímulo do linfócito T quando o antígeno é polissacarídeo. O principal antígeno polissacarídeo está presente na infecção por pneumococo (bactéria que mais está relacionada a otite, sinusite e amigdalite). • Resposta prejudicada a Ag polissacarídeo (pneumococo). • Clínica: infecções sinusopulmonares de repetição • Para diagnóstico deve ser feito dosagem de anticorpos específicos para polissacarídeos após 2 anos de idade (antes disto a criança não tem este tipo de resposta). o Dosamos os anticorpos para os antígenos polissacarídicos -> dosamos 7 sorotipos de anticorpos, e para considerar que o paciente está imune, ele deve fazer soroconversão para pelo menos 4. Se o paciente não tiver soroconversão (ou é imunodeficiente ou não foi imunizado), fazemos a vacina (mas um tipo que não precisa da resposta T para evitar mascarar o diagnóstico (pneumo 23 valente) -> dosamos novamente os anticorpos entre 4 a 6 semanas, e deve ter ocorrido soroconversão (anticorpos positivos) -> se não ocorreu, o paciente é imunodeficiente e deve repor Ig a vida toda. o SLIDE: Diagnóstico: titulação Ac anti-pneumococo após imunização (Aumento título vacinal 4 dos 6 Ag testados ou 2-4 vezes título Ac). • Nestes pacientes as outras respostas estão normais, inclusive a titulação de anticorpos destes pacientes estará normal, e só saberemos que o paciente tem este tipo de imunodeficiência se titulamos a sorologia para pneumococo. (Lembrar que na imunodeficiência de subclasses com deficiência de IgG2 o paciente terá prejuízo para resposta para antígenos polissacarídeos, no caso desta doença, o prejuízo da resposta é apenas para pneumococo – é o pneumococo pois é ele que da infecções nas vias respiratórias, mas talvez existam outras que ainda não foram bem esclarecidas). • SLIDE: o Diagnóstico: Níveis séricos IgG, IgA normais o Tratamento: ▪ Gamaglobulina EV, diminuindo risco complicações pulmonares ▪ ATB profilática SÍNDROMES DE HIPER IgM (HIM) • É caracterizada como uma imunodeficiência combinada. • Linfócito T não tem o CD40 ligante que é o que da o gatilho para o linfócito B produzir as outras imunoglobulinas depois da IgM (por liberação de interleucinas). o Existem outros defeitos que causam ela, mas o mais importante é o no CD40 ligante. • Sua expressão é autossômica recessiva. o Defeito de Switch-Class ▪ IgM elevada, IgG baixa. o Ligada ao sexo: ▪ Mutações em CD40L (CD154 ou TNFSF5). IMUNODEFICIÊNCIA COMUM VARIÁVEL/ HIPOGAMAGLOBULINEMIA • É uma das mais prevalentes Daniela Carvalho – Turma LVI • Não tem pico de gama na eletroforese. • Infecção respiratória de repetição associada a retardo no crescimento. • OBS: lembrar que deficiência de anticorpo está associado a doença neoplásica. • As imunodeficiências de anticorpos tem prevalência de infecções por microorganismos encapsulados. O mais frequente é o pneumococo. o Sempre que houve infecção de repetição por microorganismos encapsulados, devemos pensar em imunodeficiência de anticorpos (pelo papel destes na opsonização) e na deficiência do sistema complemento → para investigação devemos dosar as Ig -> se vierem normais dosamos as subclasses e as Ig específicas para pneumococo -> se não houver alteração, devemos também investigar a presença de defeitos no sistema complemento. • Normalmente ocorrer pneumonia lobar ou broncopneumonia (com mais de um lobo envolvido). Quando ocorre uma imunodeficiência combinada, geralmente o padrão é intersticial. • Também podem estar associadas a granulomas (não é tão prevalente em torno de 8 a 20%) → o granuloma pode estar em qualquer local. o Obs: a doença mais relacionada a granulomas é a doença granulomatosa crônica (deficiência de fagócitos). • Também podem ter enteropatia que pioram muito a evolução destes paciente por aumentar a perda proteica -> piora no prognóstico da doença. AVALIAÇÃO LABORATORIAL • Eletroforese de proteínas -> apresentará nestes casos uma hipogamaglobulinemia. • Dosagem das imunoglobulinas totais (IgG, IgA, IgM e IgE – esta última tem uma importância menor pois é sempre patológica). • Se a dosagem de Ig totais der normal podemos pedir a dosagem de subclasses de IgGs e a dosagem de anticorpos específico. o Os anticorpos específicos pode ser dosado por anticorpos vacinais, anticorpos de infecções prévias e anticorpos para pneumococo. • Imunofenotipagem de Linfócitos -> quando desconfiamos de uma agamaglobulinemia de Burton ou agamaglobulinemia autossômica recessiva. TRATAMENTO • IgIV: Existe um consenso que rege quando deve ser reposto gamaglobulina (o que regerá se a reposição deve ser feita ou não é o nível de IgG). É feita por pool de anticorpos sadios de aproximadamente 50 mil doadores (doam sangue na ausência de processo infeccioso agudo) -> depois é estratificado só a IgG e é feito o material puro para ser administrado por via endovenosa ou subcutânea. o Recentemente chegou ao Brasil a reposição subcutânea que é indicada para pacientes com dificuldade de acesso venoso ou risco de tromboembolismo. • Antibiótico profilático -> não é rotina. • Orientação alimentares: a alimentação deve ser de boa procedência e evitar alimentos crus – se for comer alimentos crus devem ser de boa procedência. • Orientação vacinal, proibindo vacinas com microorganismo vivo atenuado (exceto na deficiência de IgA que só não pode receber a vacina Sabin). Daniela Carvalho – Turma LVI • Acompanhamento clínico, laboratorial e radiológico a vida inteira (a cada 3 meses deve – se antes da reposição de Ig deve – se dosar a quantidade de anticorpos). o Conforme a faixa etária, devido o risco de neoplasia -> endoscopia (por causa da H. Pilory) e colonoscopia (risco de câncer retal principalmente nos maiores de 50 anos) de rotina. • O que determinará o prognóstico é a precocidade de início do tratamento. O QUE É A IGgIV? • Por ser um hemoderivado tem risco de contaminação (em caso de pacientes que recebam Ig contaminada, para saber se foi contaminado, deve – se fazer PCR pois não é possível fazer diagnóstico sorológico pois não produzem Ig adequadamente). o Estes pacientes também possuem o risco de receber durante a infusão um vetor de infecção -> por este motivo, antes de prescrever a Ig, deve – se fazer sorologia prévia (para não perder a segurança de que o paciente não estava infectado antes da infusão) -> atualmente este risco é menor devido aos avanços. • Processado industrialmente • Não há substituto. • Considerado medicamento essencial (OMS) → fornecimento obrigatório pelo SUS. • Componente plasmático mais usado no mundo. • Funções: o Neutralizam toxinas bacterianas, vírus, bactérias, partículas virais. o Participam da opsonização. o Ativam o complemento recobrindo a bactéria e depois destroem. • Não é só para deficiência comum variável e de anticorpos, pois também é utilizada para outras afecções. • Para a imunodeficiência de anticorpos é a mais indicada. • Critérios para reposição: o Ig < 200 iremos repor para todos. o 200 < Ig < 300 iremos repor se o paciente tiver infecção ou se tiver anticorpos específicos diminuídos (para antígenos vacinais ou para pneumococo). o Ig > 500 repomos se tiver anticorpos específicos diminuídos ou presença de infecção de repetição.
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