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Resumo_ Sistema Imunológico

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Resumo
Sistema Imunológico
Doenças Imunológicas
As doenças imunológicas podem ser divididas em 2 grandes grupos: 
· Doenças provocadas pelo sistema imune (hipersensibilidade); 
· Doenças do próprio sistema imune (imunodeficiências, doenças linfoproliferativas e autoimunes)
Doenças por Hipersensibilidade 
Hipersensibilidade Tipo I ou Imediata 
· Asma brônquica e Rinite alérgica: 
Na asma brônquica, a liberação de histamina, leucotrienos e prostaglandinas nos tecidos pulmonares é a causa do broncoespasmo, do edema da parede brônquica e da hipersecreção de muco, alterações que se exteriorizam por dispneia, broncoespasmo e tosse com expectoração mucosa. O aparecimento de outros fatores (p. ex., infecção secundária) modifica a evolução das crises de asma, criando condições para que se acentue a insuficiência respiratória. 
· Inflamação Crônica ação de citocinas como a interferona gama, a interleucina-2 e o fator estimulador de colônias de granulócitos e macrófagos (GMCSF) relação com estímulo alergênico contínuo (poeira doméstica)
Outros Fatores podem influir na eclosão de uma crise de asma ou rinite como exercício físico, diminuição da temperatura do ambiente, ansiedade e exposição a irritantes da mucosa respiratória (tabaco e poluição ambiental).
· Rinite Alérgica prurido e obstrução nasal, espirros em salva e coriza
· Diagnóstico:
· Testes Cutâneos: procura definir os alergénios de maior importância. Os mais utilizados são os de puntura, pela simplicidade, rapidez, baixo custo e elevada sensibilidade. 
· Dosagem de IgE específica pode contribuir nos casos em que o componente alérgico seja duvidoso, especialmente em crianças < 3 anos, nas quais os testes cutâneos podem ser negativos. 
· O exame radiológico dos seios paranasais e do tórax é obrigatório, especialmente em crianças com tosse noturna seguida de broncoespasmo. 
Frequentemente encontra-se inflamação dos seios paranasais, de onde se originam as secreções que escorrem para a faringe posterior, ocasionando a tosse e o broncoespasmo
· Urticária e Angioedema
Urticária e angioedema, quando são de origem alérgica, costumam apresentar algumas semelhanças. A urticária compromete as camadas superficiais da pele, enquanto o angioedema, as mais profundas, chegando à submucosa.
Classificam-se as urticárias em agudas e crônicas, tendo estas duração > 6 semanas. A urticária se apresenta clinicamente como lesões papulares circundadas por um halo eritematoso. É extremamente pruriginosa. Histopatologicamente, caracteriza-se por edema, dilatação dos vasos superficiais e presença de escasso infiltrado celular perivascular, no qual podem ser encontrados eosinófilos, linfócitos e neutrófilos. A histamina e o fator quimiotático para eosinófilos, liberados no local, são provenientes dos mastócitos sensibilizados com IgE específica e reexpostos ao antígeno. 
Qualquer medicamento pode induzir um quadro de urticária e angioedema, mas os mais importantes são: AAS, pirazolona, dipirona, penicilinas, sulfas, AINE e barbitúricos (fenobarbital e tiopental). Dentre os alimentos, destacam-se: leite, ovos, trigo, soja, amendoim, frutos do mar (camarão, lagosta, siri, caranguejo, polvo, lula e marisco), além dos conservantes e corantes muito usados na indústria de alimentos.
As picadas de insetos e os parasitas intestinais podem desencadear quadros semelhantes. São mais graves as reações por picadas de inseto, pois podem ocasionar inclusive choque anafilático com desfecho fatal. 
Além das reações tipicamente alérgicas, mediadas pela IgE, existem urticárias decorrentes de substâncias que liberam histamina por mecanismo não imunológico. Neste caso, inclui-se a urticária causada pela morfina, codeína e compostos iodados, utilizados em exames radiológicos e AINE. As urticárias provocadas por agentes físicos, estímulo mecânico (dermatografismo), térmico (calor ou frio) e solar parecem não depender de fatores imunoalérgicos.
· Alergia a picada de insetos
Pode-se dividir a hipersensibilidade à picada de insetos em 2 tipos: alergias a insetos sugadores (estrófulo) e a insetos que ferroam. O estrófulo é provocado por picada de insetos, principalmente das ordens Diptera (pernilongos, borrachudos, mosquito-pólvora ou maruim, palha e mutuca) e Syphonaptera (pulgas).
As manifestações cutâneas são caracterizadas por lesões eritematopapulares pruriginosas, inicialmente com ponto hemorrágico central, que se transformam em microvesículas com o clássico aspecto de gota chamada seropápula de Tomazoli, a qual se rompe espontaneamente, ou pelo ato de coçar, formando crostas, às vezes com infecção secundária. Podem deixar como sequela manchas hipo ou hipercrômicas, até cicatrizes, caso atinjam a derme. 
· Prurigo Estrófulo ocorre em qualquer idade, sendo mais comum nas crianças, na faixa etária dos 2 meses aos 7 anos
Localiza-se em áreas expostas (superfícies de extensão dos braços e pernas, regiões abdominais, glútea e dorsal), sendo menos frequente em face, couro cabeludo, órgãos genitais e região palmoplantar, em que se apresenta, geralmente, na forma de bolhas não são observadas lesões nas axilas. 
· O diagnóstico é feito pela história e exame das lesões. São fundamentais o prurido intenso, a localização característica, a evolução por surtos e a presença de lesões em diversas fases evolutivas (pápulas urticariformes com ou sem vesícula central, lesões papulocrostosas, máculas e cicatrizes residuais).
O prurido generalizado e urticária são as manifestações mais comuns das reações sistêmicas à ferroada, seguidas por dispneia, fraqueza, sensação de ansiedade, náuseas, dores abdominais e perda de consciência (choque anafilático).
Outras respostas imunológicas mais raras e tardias são a síndrome nefrótica e a púrpura de Henoch-Schönlein. Algumas pessoas que recebem múltiplas ferroadas podem sofrer choque anafilático, devido à atividade de aminas vasomotoras, principalmente histamina. Isso justifica o fato de alguns pacientes apresentarem reações sistêmicas com testes cutâneos negativos ou ação tóxica dos componentes do veneno.
Hipersensibilidade Tipo II ou Citotóxico-citolítica
O tipo II de hipersensibilidade se relaciona com os anticorpos (IgG e IgM) dirigidos contra antígenos existentes na membrana celular ou em outras estruturas, como a membrana basal glomerular ou alveolar. Tais anticorpos estimulam o sistema do complemento, culminando com lise celular e inflamação, dependendo do tipo de reação. Além disso, os anticorpos podem ativar células natural killer (NK) e fagocíticas. 
· A doença hemolítica do RN é causada pela passagem transplacentária de IgG materna antiRh, consequente da sensibilização da mãe, provocada por um filho Rh positivo anterior, nos casos de mãe Rh negativa
· Anemia hemolítica, leucopenia e trombocitopenia autoimunes podem ocorrer por conta de anticorpos dirigidos contra antígenos celulares, inclusive substâncias medicamentosas aderidas a estas células. 
· A glomerulonefrite da síndrome de Goodpasture (síndrome pulmão-rim) é determinada por anticorpos antimembrana basal glomerular. As hemoptises que aparecem nestes pacientes se originam nas lesões causadas por anticorpos antimembrana basal alveolar
· Anticorpos citotóxicos contra antígenos das células da tireoide podem ser observados na tireoidite de Hashimoto. 
· Anticorpos antimúsculo cardíaco aparecem na síndrome pós-infarto agudo do miocárdio e pós-cardiotomia. 
· Anticorpos antiespermatozoides podem ser a causa da infertilidade masculina ou feminina.
· Anticorpos contra o receptor da acetilcolina podem provocar a miastenia grave
Hipersensibilidade Tipo III ou Por Complexos Imunes 
As doenças por imunocomplexos dependem da deposição de complexos antígenoanticorpo (AgAc) em tecidos, especialmente nos endotélios dos vasos. A ativação do sistema do complemento por estes complexos os torna intensamente patogênicos, originando inflamação aguda ou crônica nos locais em que se depositam. As doenças que têm origem nos imunocomplexos se acompanham de inflamação em diversos órgãos. Dentre estas, destacam-se: LES, doençado soro, glomerulonefrites, doença reumatoide, arterites, vasculites e lesões teciduais de origem infecciosa.
As doenças ocasionadas por imunocomplexos podem ser divididas em 2 grandes grupos: com excesso de antígeno (p. ex., doença do soro) e com excesso de anticorpo (p. ex., reação de Arthus). 
· Doenças Ocasionadas por Imunocomplexos com Excesso de Antígenos
Contato inicial com antígeno, em geral introduzido no organismo em quantidades consideráveis, como o que ocorria frequentemente no passado ao injetar-se soro heterólogo para tratamento da difteria. A ativação do complemento ocasiona fenômenos inflamatórios nesses órgãos, traduzidos por febre, artralgia, lesões renais com hematúria e manifestações cutâneas. Esta enfermidade, chamada de doença do soro, pode ser provocada também pela administração de medicamentos ou por microrganismos. 
· Doenças Ocasionadas por Imunocomplexos com Excesso de Anticorpos
No segundo grupo, existe formação de imunocomplexos em um indivíduo previamente imunizado, ou seja, com grande quantidade de imunoglobulinas contra o antígeno. No local em que penetra, formam-se imunocomplexos insolúveis que aí permanecem, ativando o sistema do complemento, que vai causar inflamação com suas manifestações clínicas. Como exemplos clássicos, citam-se o pulmão do lavrador (alveolite alérgica extrínseca) e o eritema nodoso (frequente na evolução de algumas doenças granulomatosas crônicas, infecciosas ou não, como a tuberculose, a hanseníase e a sarcoidose). Os agentes causais são variados, desde autoantígenos, de natureza desconhecida, até medicamentos. 
· Vírus e antígenos parasitários ou microbianos também podem induzir a formação de imunocomplexos, como acontece em glomerulonefrite pós-estreptocócica (GNPE), malária, hepatite e sífilis. A ativação do complemento pode ser tanto pela via alternativa como pela via clássica, constatando-se tal fato pelo consumo de seus componentes (diminuição de C3 e C4). A detecção de imunocomplexos circulantes constitui valioso auxílio no diagnóstico de algumas enfermidades. No entanto, tal achado nem sempre pode ser considerado como o mecanismo patogênico, pois imunocomplexos de diversas naturezas podem existir em pessoas clinicamente normais
Hipersensibilidade Tipo IV ou Tuberculínica 
Neste tipo de hipersensibilidade, as células diretamente responsáveis pelas lesões são linfócitos T sensibilizados, em especial a subpopulação de linfócitos T secretores de linfocinas. Estes linfócitos, junto a macrófagos, são também os responsáveis pela formação de granulomas. 
As dermatites de contato são tidas como protótipo de reações tipo IV. Além disso, reações a medicamentos, traduzidas por este tipo de hipersensibilidade, apresentam-se com manifestações cutâneas, por vezes bizarras. 
A dermatite atópica apresenta algumas características de hipersensibilidade tipo IV. Vários agentes infecciosos, principalmente intracelulares, produzem doenças cujo substrato é uma reação de hipersensibilidade do tipo IV. Como exemplos clássicos, mencionam-se a tuberculose, a hanseníase, a leishmaniose, a blastomicose e a sarcoidose.
· Dermatite atópica trata-se de uma dermatose inflamatória crônica, às vezes recorrente, caracterizada por lesões eczematosas, intensamente pruriginosas, podendo estar associada a outras manifestações de atopia, tais como asma e rinite alérgica. Em 85% dos casos, iniciase até os 5 anos de idade. Observa-se uma resposta bifásica, inicialmente do tipo TH2 e, posteriormente,TH1/TH2
· Dermatite de contato é uma reação inflamatória da pele mediada por células T (reação do tipo IV na classificação de Gell e Coombs) e caracterizada por uma resposta eczematosa retardada (48 a 72 horas), resultante da sensibilização da pele, como regra, pelo contato com substância não proteica de baixo peso molecular ou por simples produtos químicos
As substâncias sensibilizantes incluem diferentes substâncias químicas, tintas, óleo, resina de plantas, substâncias preservativas e metais. As substâncias constituídas de moléculas não proteicas de baixo peso molecular (hapteno) não são capazes, por si sós, de funcionar como antígenos. Contudo, ao se ligarem a proteínas da pele, forma-se o conjunto hapteno-proteína, que tem capacidade imunogênica. É necessária uma primoexposição e um período de latência, variável de indivíduo para indivíduo, de vários anos. O processo alérgico é desencadeado após um novo contato com a substância sensibilizante.
A lesão eczematosa não é patognomônica da dermatite de contato. Reações cutâneas semelhantes ocorrem na aplicação tópica de substâncias químicas alcalinas, cáusticas, solventes, adstringentes (dermatite por irritante primário), nas quais não há substrato imunológico, não havendo, portanto, necessidade de sensibilização prévia.
· A fase aguda é caracterizada por eritema, edema, vesiculação e exsudação. 
· Na fase crônica, predominam descamação, crosta e liquenificação. 
O prurido é intenso nas 2 fases, em especial na fase aguda. A localização das lesões da dermatite de contato é variável, sendo mais frequente em mãos, face, pescoço e pés. A localização do eczema é de grande importância no diagnóstico, principalmente no início da erupção, quando a lesão é autolimitada à área de contato. Assim, as lesões das mãos, geralmente, estão relacionadas com fatores ocupacionais; na face, com cosméticos; e nos pés, com produtos usados na confecção de calçados.
· Diagnóstico
É confirmado pelo teste de contato (patch-test), que consiste na aplicação da substância suspeita, em baixa concentração, na pele do paciente, cobrindo-se com esparadrapo e retirando-se 48 a 72 horas depois. Uma reação eczematosa no local do teste constitui uma resposta positiva. A interpretação dos testes de contato é feita da seguinte maneira: 
· (–) não houve reação 
· (?) eritema pálido – reação duvidosa 
· (+) eritema – reação fraca 
· (+ +) pápula com eritema, edema ou vesículas – reação forte
· (+ + +) pápula com edema mais vesículas grandes ou agrupadas – reação muito forte
· (IR) reação irritante. 
A positividade do teste de contato no momento da leitura nos dá a ideia da precisão ou acurácia do teste, por exemplo: 
· (+) testes fracos: 5 a 50% de precisão 
· (++) testes fortes: 80 a 90% de precisão 
· (+++):testes muito fortes: 95 a 100% de precisão. 
Um teste de contato positivo forte ou muito forte, com história clínica sugestiva, pode indicar, com precisão de 90 a 100%, a etiologia da dermatose.
	Doenças por Imunodeficiência (ID)
· Imunodeficiências Primárias
Existem anomalias intrínsecas, de origem genética, as quais traduzem-se por defeitos das células imunocompetentes, levando a alterações que surgem principalmente em crianças. 
· Imunodeficiências Secundárias 
Ocorrem alterações imunológicas decorrentes de outras enfermidades ou de medicamentos. A doença de base pode ser consequência de um micro-organismo (HIV), neoplasia (doença linfoproliferativa), imunossupressão (transplante de órgãos), entre outras causas
As imunodeficiências primárias são doenças raras, enquanto as imunodeficiências secundárias são mais frequentes, principalmente se levarmos em conta a incidência de casos de AIDS e o aumento do número de transplantes de órgãos sólidos e de medula óssea. As consequências, tanto das imunodeficiências primárias como das secundárias, são similares, traduzindo-se por infecções repetidas, persistentes, de tratamento por vezes difícil, provocadas, em geral, por agentes oportunistas.
As imunodeficiências podem ser classificadas de acordo com o defeito celular predominante: 
1. Dos linfócitos T (imunodeficiências celulares) 
2. Dos linfócitos B (imunodeficiências humorais) 
3. Dos fagócitos 
4. De fatores do complemento
Os padrões podem ser típicos de certas imunodeficiências. Assim, os defeitos nos linfócitos B e nos anticorpos resultam em infecções por microorganismos piogênicos. A deficiência de linfócitos T se associa a infecções por fungos, protozoários e microorganismos intracelulares, como vírus e micobactérias, enquanto infecções cutâneas profundas,abscessos e osteomielite são frequentemente observados em pacientes com defeitos dos fagócitos. Embora o número de células comprometidas possa estar diminuído, é frequente a ocorrência de imunodeficiência com número normal de populações celulares, porém com função alterada. Os defeitos podem ocorrer em diferentes níveis da diferenciação das células imunes, desde as células primitivas linfoides (disgenesia reticular) até defeitos na síntese de IgA que podem ser assintomáticos
Deficiências da Imunidade Humoral 
A deficiência de anticorpos pode ser de origem congênita ou adquirida. Na maioria dos casos, predominam os sintomas de infecções piogênicas recorrentes. Contudo, algumas pessoas com deficiência seletiva de IgA ou com hipogamaglobulinemia transitória da infância podem ter pouca ou nenhuma manifestação infecciosa
· Agamaglobulinemia congênita ligada ao X 
Este tipo de imunodeficiência, chamada doença de Bruton, tem herança recessiva ligada ao cromossomo X, afetando somente crianças do sexo masculino. O gene responsável se chama TK (Bruton tyrosine kinase). § As manifestações clínicas aparecem em torno dos 6 meses de idade, quando diminuem os níveis de IgG materna transferidos por meio da placenta
· Agamaglobulinemia congênita ligada ao X 
As crianças começam a apresentar repetidas infecções por bactérias piogênicas, como Streptococcus pyogenes, S. pneumoniae, Staphylococcus aureus, Neisseria meningitidis, Haemophilus influenzae, que se traduzem por pneumonia, otite, sinusite, furunculose, meningite e sepse. A pneumonia por Pneumocystis jiroveci não é frequente, bem como as infecções por fungos. As infecções virais, assim como a vacinação com vírus vivos, são bem toleradas. O crescimento costuma ser normal, mas podem ocorrer complicações em alguns casos, como artrite (joelho e tornozelo), diarreia por giardíase ou por Cryptosporidium e linfomas. A morbidade e a mortalidade se relacionam principalmente com a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)
· Agamaglobulinemia congênita ligada ao X 
Os níveis de IgG geralmente ficam abaixo de 100 mg/dℓ, com ausência de IgM, IgA e IgE. Os títulos de isso-hemaglutininas (anti-A e B), assim como de anticorpos contra antígenos de vacina (difteria e tétano), encontram-se ausentes, o que torna possível diferenciar esta entidade da hipogamaglobulinemia transitória da infância. O número de linfócitos B circulantes é extremamente baixo ou ausente, contrastando com o número normal de linfócitos absolutos e de LT. Existe hipoplasia de tecido linfoide, em particular das amígdalas e adenoides.
· Agamaglobulinemia congênita ligada ao X 
Nas biópsias de linfonodos, não há plasmócitos nem centros germinativos. O prognóstico depende do diagnóstico precoce e do início da administração de gamaglobulina como terapia de substituição.
	Hipogamaglobulinemia Comum Variável
Como seu nome indica, é a mais frequente e heterogênea. Seu início é tardio na infância ou aparece apenas na idade adulta, em ambos os sexos, com alterações na imunidade humoral. As manifestações clínicas consistem em infecções recorrentes das vias respiratórias superiores e inferiores por micro-organismos piogênicos, doença pulmonar crônica com bronquiectasias, má absorção intestinal e diarreia secundárias à giardíase. Ao contrário do tipo ligado ao X, os pacientes costumam apresentar esplenomegalia e linfadenomegalias. As infecções por Pneumocystis jiroveci são mais frequentes. 
· Os níveis de imunoglobulinas costumam estar < 300 mg/dℓ com IgG < 250 mg/dℓ. 
· A IgM é detectável, embora em níveis baixos
O número de linfócitos B geralmente é normal, assim como a distribuição nos folículos linfoides, porém não há diferenciação para plasmócitos, defeito que pode ser investigado in vitro pela ativação com mitógenos B, como o pokeweed. Em alguns casos, ocorre aumento de LT supressores (CD8+), o que pode explicar a diminuição da função dos LB.
Hipogamaglobulinemia Transitória da Infância 
Clinicamente similar à doença de Bruton, apresenta, porém, número normal de LB e regride espontaneamente ao redor dos 2 anos de idade. Trata-se de um retardo na maturação dos LB que, em geral, não requer reposição de gamaglobulina, a não ser durante as infecções, se prolongadas
Hipogamaglobulinemia com Hiper-igM 
Os linfócitos B apresentam IgM em sua membrana, sendo a primeira imunoglobulina a ser produzida quando o sistema imunológico é estimulado por uma infecção. Para que essa célula sintetize IgG, ela precisa interagir com o linfócito T helper (CD4), que passa a mensagem para que o LB faça a mudança na produção de IgM para IgG. A hipogamaglobulinemia com hiper-IgM resulta da deficiência na expressão da molécula CD40L no LT CD4 ativado. Essa molécula deveria reagir com o CD40 no linfócito B, induzindo a troca na produção de IgM para IgG. Como isso não ocorre, os pacientes nascem sem imunoglobulina IgG em circulação e propensos a infecções graves.
O tipo ligado ao X se caracteriza por crianças com suscetibilidade ao Pneumocystis jiroveci. Os centros germinativos são precários, denotando falta de LB. A produção de células de memória está prejudicada, possibilitando que o paciente apresente as mesmas infecções de modo repetido.
Deficiência Seletiva de IgA
É a imunodeficiência caracterizada por níveis séricos de IgA < 5 mg/dℓ, com níveis normais de IgG e IgM. A deficiência de IgA pode ser assintomática ou estar associada a infecções recorrentes por micro-organismos piogênicos que afetam as mucosas, predominantemente nas vias respiratórias superiores (sinusite e otite) e no sistema digestório (diarreia e giardíase). Os sintomas podem aparecer em qualquer idade e costumam estar associados a doenças autoimunes e alergia. § Nesses casos, não devemos utilizar imunoglobulina intravenosa para reposição, pois, além de ser desnecessária, os pacientes podem reagir com choque anafilático, tendo em vista o fato de não conhecerem a proteína IgA, sendo que o resto de seu sistema imunológico é normal e reativo contra proteínas estranhas
Deficiência Seletiva de Subclasses de IgG 
A resposta de anticorpos a certos antígenos bacterianos pode pertencer a uma determinada subclasse de IgG, devido a suas funções efetoras peculiares. Por conseguinte, a incapacidade de responder mediante a produção dessa proteína pode resultar em imunodeficiência. 
A deficiência mais frequente é de IgG2, cuja atividade normal é contra antígenos de polissacarídeos bacterianos, como os de Haemophilus influenzae. As manifestações clínicas são infecções recorrentes das vias respiratórias superiores e inferiores. Os níveis de IgG costumam ser normais. 
É necessário avaliar os níveis de subclasses de IgG e as respostas dos anticorpos a uma variedade de patógenos potenciais (toxoide tetânico e diftérico, assim como polissacarídeos capsulares pneumocócicos e de Haemophilus influenzae tipo B).
Deficiências da Imunidade Celular 
As deficiências da imunidade celular costumam ser mais graves que as de anticorpos (imunidade humoral) e a maioria dos pacientes não ultrapassam os primeiros anos de vida. Defeitos parciais ou totais dos linfócitos T propiciam infecções repetidas, inclusive por agentes infecciosos pouco patogênicos e germes oportunistas, como alguns fungos, vírus e Pneumocystis jiroveci. 
Deficiências exclusivas de imunidade celular com resposta humoral intacta são raras, dada a interação dos linfócitos T com B e pela importância do linfócito T auxiliar na síntese de anticorpos. Assim, os defeitos dos linfócitos T geralmente são acompanhados de deficiência de anticorpos
Existe anergia cutânea aos diversos antígenos usados para testar a imunidade celular (reação de Mantoux), assim como atraso do crescimento, emagrecimento, diarreia e elevada incidência de neoplasias. Reação enxerto contra hospedeiro pode ocorrer em casos de transfusão de sangue. Podem surgir reações fatais ao se aplicarem vacinas com vírus vivos ou BCG.
Hipoplasia Tímica 
A hipoplasia tímica ou síndrome de DiGeorge decorre de defeito na formação da 3ª e 4ª bolsas faríngeas, ocasionando hipoplasiaou aplasia do timo e das paratireoides. Outras estruturas formadas na mesma época podem estar afetadas, aparecendo, então, anormalidades dos grandes vasos (arco aórtico à direita), atresia esofágica, úvula bífida, lesão cardíaca congênita (defeito de formação nos septos atriais e ventriculares), hipertelorismo, hipoplasia mandibular e orelhas com implantação baixa que determinam fácies característica. É comum que a anomalia se manifeste no período neonatal em consequência de tetania hipocalcêmica ou de defeitos cardíacos, mais do que em decorrência de episódios de infecção. 
Os lactentes apresentam retardo do crescimento. Hipoplasia de graus variáveis é mais frequente que a aplasia total do timo e das paratireoides.
Candidíase Mucocutânea Crônica 
Caracteriza-se pela infecção crônica de pele e mucosas pela Candida albicans. O distúrbio está associado, em grau variável, a insuficiência dos órgãos endócrinos, afetando as glândulas paratireoides e suprarrenais. As infecções sistêmicas são frequentes, mas não tão graves como as encontradas nas deficiências da imunidade celular. 
Em geral, as imunoglobulinas estão em níveis normais ou aumentados. Em raros casos, há deficiência de IgA. O defeito básico é a ausência de resposta imunocelular à Candida. Não há resposta de hipersensibilidade tardia in vivo, nem em testes laboratoriais.
Imunodeficiência e Timoma 
Nesta síndrome, os pacientes, geralmente adultos, desenvolvem imunodeficiência e timoma benigno. A deficiência imunológica costuma ser celular e humoral e se caracteriza por infecções sinusais e pulmonares recorrentes e, ocasionalmente, por candidíase mucocutânea crônica e infecção por citomegalovírus. Também pode estar associada à miastenia grave. 
O nível das imunoglobulinas geralmente é baixo e a produção de anticorpos encontrasse prejudicada; no entanto, o número de linfócitos B quase sempre é normal. O funcionamento dos linfócitos T também está comprometido, com inversão da relação CD4/CD8. 
Imunodeficiência com Nanismo e Membros Curtos 
Estes pacientes apresentam nanismo com membros curtos e cabeça de tamanho normal, sendo comum a associação com hipoplasia de cartilagens e dos cabelos. 
· Ao nanismo, associam-se mãos e pés curtos e gordos, com dobras redundantes da pele em volta do pescoço. Os cabelos são claros, finos e escassos. 
As alterações imunológicas podem variar da deficiência grave no número e função das células T e B (semelhante à imunodeficiência combinada grave), imunodeficiência moderada de células T ou, ocasionalmente, defeitos isolados das células B com hipogamaglobulinemia.
Imunodeficiências Combinadas Graves 
As imunodeficiências combinadas graves (SCID, severe combined immunodeficiencies) se referem a um grupo heterogêneo de anomalias genéticas, que resultam da deterioração da imunidade das células T e B. A deficiência combinada de células T e B relacionasse com a suscetibilidade de início precoce a infecções por praticamente todos os tipos de microrganismo. Existem vários tipos de SCID, um deles é ligado ao sexo e os demais são autossômicos recessivos.
· Cerca de 50% dos casos de SCID resultam de um distúrbio de linfopenia ligado ao X, com baixos números de células T, porém com número normal de células B. 
· Em 25% dos pacientes, há deficiência da enzima adenosina deaminase (ADA), necessária tanto para os LB como para os LT. 
Há necessidade de herdar o defeito em dose dupla (ambos os cromossomos), para que a doença seja clinicamente aparente. 
Imunodeficiências Combinadas Graves 
Ainda no grupo das SCID, existe uma síndrome caracterizada pela ausência de antígenos leucocitários humanos (HLA) de classe II (DR, DP e DQ). Nesta deficiência, o número de linfócitos é normal, assim como a resposta a mitógenos, porém não há resposta a antígenos nem produção de anticorpos. Em todos os tipos de SCID, observa-se o desenvolvimento de infecções persistentes em torno de 3 meses de idade. 
As manifestações iniciais típicas consistem em infecções da boca e da pele por cândida, diarreia prolongada e retardo de crescimento. É frequente a pneumonia por Pneumocystis jiroveci. 
Deficiência de Fagócitos 
A disfunção dos neutrófilos costuma causar infecções recorrentes da pele e infecções sistêmicas graves, geralmente causadas por bactérias piogênicas e fungos, como ocorre na doença granulomatosa crônica. 
Doença Granulomatosa Crônica (DGC) 
O defeito básico está na produção de peróxido de hidrogênio, comprometendo a capacidade bactericida dos neutrófilos e determinando um quadro de infecções piogênicas recorrentes e abscessos múltiplos com supuração crônica, em particular osteomielite. Em 2/3 dos casos, a herança é ligada ao cromossomo X, com sintomas que surgem a partir dos 2 anos de idade. A contagem de neutrófilos se mostra normal ou aumentada em resposta a infecções recorrentes. 
Síndrome de JOB 
Caracteriza-se pela ocorrência de infecções estafilocócicas recorrentes, eosinofilia e aumento da IgE. Abscessos cutâneos por estafilococo são frequentes, podendo ocorrer também infecções mais graves, como pneumonia com pneumatoceles, mastoidite, osteomielite e artrite séptica. Dermatite pruriginosa aparece em alguns casos, assemelhando-se ao eczema atópico. 
Os achados laboratoriais incluem hiper-IgE, níveis normais de IgG, de IgA e de IgM, eosinofilia, defeito na imunidade celular, quantidade normal de linfócitos T, cultura normal de linfócitos com mitógenos e ausência de estimulação adequada com antígenos e células alogênicas. Há acúmulo de eosinófilos nos cortes histológicos de linfonodos, baço e cistos pulmonares.
Deficiência de Componentes do Complemento 
Deficiências mais frequente é a deficiência do componente C3, que é o eixo do sistema. Acompanha-se de infecções graves, principalmente por bactérias, como o pneumococo e o meningococo, que frequentemente levam à morte. Deficiências de outros componentes do complemento têm sido associadas a síndromes lúpicas, assim como alterações articulares e infecções disseminadas por Neisseria. 
Assim como há deficiência dos fatores do complemento, podem existir deficiências das proteínas reguladoras destes fatores. A deficiência de C1esterase ocasiona o angioedema hereditário, caracterizado por episódios de edema progressivo dos tecidos subcutâneo e submucoso, afetando a face, o tronco, as vísceras e as vias respiratórias. O edema de laringe pode ser fatal. A herança é autossômica dominante, sendo comum a existência de vários casos na mesma família.
Imunodeficiências Secundárias 
Dentre as mais frequentes, estão: AIDS, neoplasias, calazar, síndrome nefrótica, enteropatia perdedora de proteínas e distrofia miotônica. Dentre as doenças iatrogênicas, deve-se lembrar o emprego de radioterapia, tratamento com imunossupressores, tanto citostáticos como corticosteroides. 
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida 
A síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) é uma afecção de etiologia viral, que causa progressiva supressão do sistema imunológico em indivíduos previamente sadios. 
O vírus da imunodeficiência humana (HIV) é um retrovírus que infecta e destrói os linfócitos T auxiliares (CD4), ocasionando defeitos na imunidade celular. 
A maneira mais comum de transmissão é por contato sexual, a segunda por via parenteral, em consequência do uso compartilhado de agulhas, transfusão de sangue e hemoderivados contaminados. Outros modos de transmissão são a maternofetal e a transmissão da mãe para a criança durante a amamentação. 
O HIV se une especificamente aos linfócitos T auxiliares por meio da ligação entre a gp120 do envelope viral e os receptores CD4 da superfície desses linfócitos. Assim que penetra no linfócito, o RNA viral é integrado ao genoma pela enzima transcriptase reversa. As células infectadas permanecem em estado latente por período variável de tempo. Estas células podem ser ativadas por respostas imunes normais ou por fatores estimuladores como proteínas de estresse (HSP – proteínas de choque térmico) ou fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa). Na célula ativa, o vírus pode replicare destruir o linfócito infectado, assim como infectar outros linfócitos T auxiliares. 
A principal característica imunológica da infecção pelo HIV é a progressiva redução dos linfócitos T auxiliares (CD4), invertendo a relação CD4/CD8 e causando imunodeficiência. Na maioria dos indivíduos, a resposta imune humoral aparece entre 2 e 6 meses após a infecção. Os anticorpos são dirigidos contra o envoltório do vírus (gp41 e gp120) e o núcleo (p24 e p17), estando presentes em níveis elevados na maioria dos indivíduos infectados. Aproximadamente 15% dos indivíduos, ao serem infectados pelo HIV, apresentam sintomatologia transitória caracterizada por febre, linfadenopatia, exantema e inflamação meníngea. Um certo número de pacientes permanece assintomático, após a infecção inicial. Com o passar do tempo, o indivíduo pode desenvolver linfadenopatia generalizada. 
A progressão da infecção pode ocorrer com febre, sudorese noturna, perda de peso e infecções oportunísticas, principalmente por Candida albicans. As infecções vão se tornando prolongadas e de difícil tratamento, recidivantes, caracterizando a imunodeficiência de tipo celular. Diarreias rebeldes ao tratamento, consequentes a protozoários (giardíase ou criptosporidiose), também são frequentes. Alguns pacientes apresentam manifestações neurológicas, por vezes com encefalopatia e atrofia cerebral. As manifestações clínicas mais frequentes incluem pneumonia por Pneumocystis jiroveci, presente em cerca de metade dos casos, que pode ser abrupta e fulminante ou insidiosa, com dispneia e hipoxemia. 
Infecções por herpes simples e varicela-zóster costumam ser graves e muitas vezes fatais. A infecção por Toxoplasma gondii pode provocar lesões cerebrais ou coriorretinite.
Transplante de Órgãos 
Os transplantes envolvem desde as clássicas transfusões sanguíneas até a substituição de órgãos como rins, fígado, coração, córneas, pâncreas, intestino, pulmão e medula óssea (TMO). O grande empecilho aos transplantes é o sistema imunológico do paciente que não reconhece os tecidos transplantados do doador, especialmente as moléculas HLA da superfície celular. Assim, obtêm-se melhores resultados quando se transplantam órgãos com identidade HLA entre doador e receptor. 
De maneira geral, os órgãos sólidos podem ser transplantados sem uma perfeita compatibilidade HLA, devido à melhor qualidade da imunossupressão; entretanto, o TMO exige essa compatibilidade, caso contrário, ocorre a doença enxerto contra hospedeiro, que é a rejeição do paciente pelas células do doador. Nesse caso, deseja-se uma compatibilidade total ou, apenas, duas incompatibilidades no sistema HLA, analisados todos os loci. Os transplantes com células-tronco hematopoiéticas do sangue proveniente de cordões umbilicais têm se mostrado efetivos em restabelecer a medula óssea dos pacientes. 
Nos transplantes de rim, também é desejada a histocompatibilidade e, para tanto, procuram-se doadores entre os familiares dos pacientes. No transplante renal, a presença de anticorpos anti-HLA pré-formados no sangue do paciente contra o HLA do doador é contraindicação para o transplante, pois a rejeição hiperaguda irá acontecer com perda do órgão transplantado. Esses anticorpos existem quase sempre como resultado de reatividade contra transfusões sanguíneas ou por gestações prévias. O último caso acontece quando a mãe produz anticorpos contra o HLA paterno existente nas células do feto. 
Os testes imunológicos que se realizam para o transplante renal são a tipagem HLA de doador e receptor e a pesquisa de anticorpos antidoador no sangue do receptor no pré-transplante e também ao longo do tempo que permanece em lista de espera. Portanto, é necessário conhecer a presença desses anticorpos prejudiciais, especialmente os de classe IgG antidoador, sua especificidade ou contra quais antígenos HLA são específicos. 
Os métodos usados na histocompatibilidade são as provas cruzadas pré-transplante, sorológicas, entre o soro do paciente e os linfócitos do doador (linfocitotoxicidade e citometria de fluxo); as provas de identificação de anticorpos específicos, assim como os testes de análise HLA por amplificação do DNA (reação em cadeia da polimerase com análise em gel de agarose, citômetro Luminex ou por sequenciamento). Em todos os casos, a imunossupressão é necessária para não permitir a produção de anticorpos IgG e de linfócitos T antidoador.

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