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20 RESUMO O presente artigo apresenta uma análise investigativa sobre os processos metodológicos da aprendizagem na Leitura e Escrita dos alunos do Ensino Fundamental escolar. Portanto, o estudo se pautou em uma pesquisa bibliográfica com a contribuição de autores que abordam o tema, o que proporcionou melhor compreender o processo de aprendizagem da leitura e escrita. Durante o estudo constatou-se que as principais dificuldades que os alunos apresentam para ler e escrever, são decorrentes de vários fatores, dando ênfase aos mais importantes como: falta de acompanhamento individual tanto da família como da escola, recursos inadequados, bem como a responsabilidade da família em manter as crianças na escola. Sendo assim, considera-se que, o presente estudo, torna-se satisfatório para possíveis questionamentos a respeito dos processos que envolvem os alunos na aquisição da leitura e escrita. Palavras-chave: Leitura e escrita, dificuldades, processos metodológicos. ABSTRACT This article presents an investigative analysis about the methodological processes of learning in Reading and Writing of students from Elementary School. Therefore, the study was based on a bibliographical research with the contribution of authors who approach the theme, which provided a better understanding of the learning process of reading and writing. During the study it was found that the main difficulties that students present to read and write are due to several factors, emphasizing the most important ones such as: lack of individual monitoring of both the family and school, inadequate resources, as well as responsibility the family in keeping the children in school. Therefore, it is considered that, the present study, is satisfactory for possible questions regarding the processes that involve the students in the acquisition of reading and writing. Keywords: Reading and writing, difficulties, methodological processes. INTRODUÇÃO Muitos professores atribuem o fracasso do aluno em suas disciplinas ao fato destes não saberem ler nem escrever. Esse agravante problema é atualmente um dos maiores obstáculos enfrentados pelo professor no âmbito escolar, muitas vezes atribuídas a uma alfabetização deficiente, onde o professor tem suas práticas pedagógicas muito limitadas. Diante dessas deficiências são encontrados alunos que chegam ao ensino fundamental II, demonstrando grandes dificuldades de leitura e principalmente de escrita, pois alunos que geralmente não leem também não escrevem, ou seja, a escrita por muitas vezes, se torna uma mera repetição de copias ou apenas um amontoados de palavras ou frases soltas, sem nenhuma contextualização. Diante dessa compreensão, a escolha do tema: Processos Metodológicos da prática de leitura e escrita surge a partir de problemas que vivenciamos cotidianamente como professores do ensino fundamental, despertando um grande interesse em buscar entendimentos para compreender deficiência escritas e leitoras no cotidiano da sala de aula. Nesta perspectiva o domínio da língua, oral e escrita, torna-se fundamental para a participação efetiva do cidadão , pois é através dela que o homem se comunica, tem acesso às informações, expressa seus desejos e defende seu ponto de vista, enfim, produz o seu conhecimento. Desta forma o aluno desperta para interpretação dos fatos e ainda sente-se estimulado para desenvolver a aprendizagem, posto que a leitura encarrega-se de amadurecer o intelecto. Assim, ao se fazer uma retrospectiva da história, encontra-se elementos preponderantes que se associam ao fato do indivíduo desenvolver uma leitura que transcende os livros, documentos ou registros e se insere no contexto vivido. É bem verdade as dificuldades apresentadas pela aprendizagem ganham outra conotação, a partir do momento em que se identifica bloqueios referentes à leitura, o que evidencia uma certa deficiência no desenvolvimento da leitura como prática escolar. Sabe-se que a leitura no processo escolar é algo de fundamental importância para a prática de produção textual. O contato da criança desde muito cedo, com os diversos textos que circulam na sociedade se faz hoje de forma cada vez integrada, na qual os meios contemporâneos de comunicação estão articulados. Dessa forma, os livros não são mais vistos como uma única fonte de informação, mais eles apresentam juntamente com os jornais, revistas, entre outros. Diante desse aspecto, percebe-se que o professor é o agente imprescindível desse processo, cabendo a ele o dever de fomentar em seus alunos o gosto pela leitura. Apesar do contato com vários tipos de leituras e conhecimento que os educandos trazem a escola, é comum encontrar alunos com grandes dificuldades em produzir textos. É notória a apatia que eles demonstram em relação à escrita, os motivos, no entanto, são vários. Alunos especialmente que moram na zona rural tem menos contato, devido até mesmo com o próprio contexto sócio cultural em que eles se inserem. A escola tem um papel muito importante na tentativa de reverter esse quadro. Sabendo disso, nosso objetivo maior diante a realização dessa pesquisa é identificar as possíveis causas que levam alunos do ensino fundamental II, a terem dificuldades em produção textual. Com isso pretende-se resgatar a importância da leitura para a prática de produção de texto, pois o educador que tem condições de oferecer a seus alunos oportunidades de boas leituras fomente neste o desejo de ler e consequentemente de produzir textos, sendo que esta competência é fundamental para que possa alcançar pleno êxito nos diversos setores da vida em sociedade. Para isso esses indivíduos devem ser muito bem instruídos quanto à recepção e produção de textos e, para que os mesmo se tornem conscientes, melhore suas habilidades, pois a leitura e a escrita são grandes influenciadoras desse processo. O trabalho está dividido em três capítulos, o primeiro aborda os processos de leitura e escrita na escola e competências leitoras e escritoras, o segundo trata de reflexões sobre as práticas e ações metodológicase por fim o terceiro que discute a dificuldade de aprendizagem no processo de aquisição da leitura e escrita e o perfil do professor. 1 O PROCESSO DE LEITURA E ESCRITA NA ESCOLA O Processo de aprendizagem da línguanão está estritamente ligado a uma questão pedagógica ela está também vinculada com a esfera política, social e econômica, pois com a crescente complexidade de nossa sociedade os tempos modernos impõem a todos, sem exceção, a prática da língua escrita e falada, não só com o objetivo de conhecimento, mas como condição de sobrevivência e inserção social. Segundo Ferreiro (2001), a escrita é importante na escola porque é importante fora dela e não ao contrário. Assim aprender a ler e escrever não significa somente ter o conhecimento das letras e do modo de decodificá-las, mas em usar esse conhecimento em um contexto cultural e poder se engajar em práticas sociais letradas, interagindo-se com o meio numa conquista pela cidadania. De acordo esse mesmo contexto, Libâneo (1994, p.87) afirma que: A aprendizagem escolar tem um vínculo direto com o meio social que circunscreve não só as condições de vida das crianças, mas também a sua relação com a escola e estudo, sua percepção e compreensão das matérias. A consolidação dos conhecimentos depende do significado que eles carregam em relação à experiência social das crianças e jovens na família, no meio social, no trabalho. (LIBÂNEO, 1994, p. 87) Com isso o aprendizado acontece no momento em que se valoriza o conhecimento que o aluno trás na sua bagagem, ligando seus próprios conhecimentos e experiências com os transmitidos em sala de aula. Nota-se, contudo, que o papel do professor é desenvolver no aluno a capacidade de aprender, entendendo que se deve ter domínio da leitura e escrita, e não simplesmente a transmissão de informações. Deve-se assegurar o processo de transmitir e assimilar os conteúdos do saber escolar para que o aluno tenha a capacidade de produzir seu conhecimento através da suahabilidade leitora e escritora. Segundo Paulino (2001, p.28), no âmbito escolar, em que as atividades de leitura fazem parte de um projeto de ensino, de uma pedagogia, a leitura mostra-se como uma técnica e uma prática que não podem se exaurir-se na decodificação dos signos escritos ou nos limites impostos pela frase. O ler e escrever são partes inconstituíveis do saber construído, através do desenvolvimento e transformações progressivas das capacidades intelectuais dos alunos em direção ao domínio dos conhecimentos e sua aplicação. Sendo eles duas vertentes condicionadas na inclusão social. É no contexto escolar que o professor tem a responsabilidade de estimular e sugerir a atividade própria dos alunos, ligando o conhecimento novo com o que já se sabe. Cabe ao docente o compromisso de ensinar o ofício da leitura e da escrita que são partes necessárias para que se haja uma inclusão do individuo na sociedade, tendo como referência a prática social na qual o aluno e o professor são partes integrantes.Brito afirma que: O ensino de português, ou, mais exatamente, o ensino da escrita, pressupõe a introdução do sujeito no mundo da escrita, o que, por sua vez, só ocorrerá na medida em que se lhe permite o uso de sua palavra e houver razão para tanto. (2004, p. 110). Desse modo, a transmissão do conhecimento consiste na organização das experiências dos alunos, com base nas suas necessidades e interesses imediatos, a fim de que os mesmos se tornem cidadãos de valor, com capacidade de se inserir na sociedade com um discurso próprio, na busca por melhorias para si e para o meio em que vive. O papel da escola com relação à leitura e a escrita mudou nos últimos tempos, exigindo do educador a compreensão do contexto do mundo contemporâneo, onde a palavra escrita amplia os modos de atingir a população e exige de todos capacidade para agir com autonomia e criticidade frente a ela ou impõe-lhes uma atitude massificada e acrítica, relacionando à leitura e a escrita à condição de poder pensar, interagir a partir do lido e ser capaz de dizer a palavra a seu tempo por escrito. Analisando esse contexto, nota-se que a atividade leitora e escritora têm um papel de transformação de nosso tempo. Essas duas vertentes são ferramentas para que o indivíduo possa analisar criticamente todos os limites de uma sociedade democrática, valorizando seu conceito e impondo sua capacidade de pensar com um saber criativo e construtivo. Por tanto é necessário um trabalho minucioso por parte do corpo docente. A prática da leitura e escrita é compromisso de todas as áreas, não só do professor de língua portuguesa. Todos os educadores têm o compromisso e a responsabilidade de ensinarem a boa norma, visando à consciência da importância da leitura e da escrita na sala de aula, bem como fora dela. Assim, ao considerar o ato de ler e de escrever como aprendizagens significativas, cheias de sentido para o aluno, ampliam-se o alcance das palavras e da escrita, as quais, por sua vez, estão presentes em todos os momentos de nossas vidas. Sendo que é na escola, onde tem espaço para a leitura e pesquisas, e é com a instrução do professor que os alunos aprendem valores, como conhecer seus deveres, a questionar pelos seus direitos, aprendendo a exercitar sua cidadania, mas para isso, precisam ser leitores proficientes, capazes, críticos e hábeis. Sabe-se que a leitura fragmentada, resumida, geralmente, não leva o aluno a refletir sobre o que leu, nem a posicionar-se criticamente sobre o assunto lido, muito menos vão colaborar para que seus horizontes sejam ampliados ou vão servir como valiosos suportes para que ele se torne apto a realizar uma produção de qualidade. (Prestes, 2001, p. 16). Para este autor, quando se trabalha a produção escrita, essa de modo geral, é tratada como uma atividade a parte da leitura. O professor apenas dá o título ou tema para o aluno e pede que este redija um texto sem que haja uma preparação anterior em termos de leitura e de análise textual. E, na maioria das vezes a produção de textos feita pelo estudante visa cumprir a exigência do professor. Com isso, esse aluno provavelmente vai se sentir desmotivado a escrever ou deixa de ter estilo próprio, pois a sua intenção é só contentar eu único leitor, o professor e, conseguir uma boa nota. 1.1 COMPETÊNCIAS LEITORAS E ESCRITORAS Uma das discussões mais frequentes na área educacional é a prática da leitura e escrita em sala de aula e a relação dos profissionais da educação diante dessas duas vertentes. O âmbito escolar tem o compromisso de buscar ferramentas necessárias que desperte em seus alunos o gosto pela leitura e escrita, e, proporcione aos mesmos um aprendizado com mais qualidade. Diante deste discurso vem o compromisso do professor e a formação com uma das ferramentas mais necessárias para bem trabalhar as competências leitoras e escritoras na sala de aula, pois, a formação do professor e a qualidade do ensino brasileiro é uma realidade complexa e sempre esteve presente em todos os discursos políticos e pedagógicos. Muitas vezes o professor com uma formação qualificada não encontra nos espaços educacionais instrumentos necessários para expor a eficácia de seu trabalho. Outras vezes dispõe de todos os recursos, mas falta a competência do professor a qual, geralmente é conseguida através de uma boa formação. Diante destas complexidades, Perrenoud (2000) aponta a competência do professor como instrumento fundamental para o bom desenvolvimento do ensino e da aprendizagem do aluno. Sabemos que as denúncias a respeito da má qualidade do ensino e o despreparo de muitos profissionais aconteceram em vários momentos na história da educação, principalmente no que se diz a respeito ao ensino fundamental, o qual tem sua história demarcada no desenvolvimento do capital, na necessidade de qualificação da mão de obra trabalhadora, na proliferação da escola e o acesso fácil a toda população em idade escolar. Essa democratização de direitos iguais nas escolas trouxe uma série de fatores que marcou a história da educação no Brasil através de diversas associações, sociedade civil e leis governamentais com intuito de buscar mudanças na educação docente e, consequentemente, no ensino da leitura e da escrita. Com referência à prática do educador para a prática e produção de texto, vale ressaltar aqui a questão da importância do domínio de conhecimentos de conteúdos, como também a valorização das concepções ou dos saberes prévios que os estudantes trazem consigo. O trabalho com leitura e escrita, visando à produção de texto é um dos aspectos mais significativos para o desenvolvimento intelectual do aluno. E, como já foi mencionado, às práticas leitoras e escritoras de forma contextualizadas ou que têm significância real para o indivíduo que ai se insere são de fundamental importância para a qualidade do ensino e aprendizagem. O ensinar a escrever é uma tarefa de uma escola disposta a olhar para frente e não para a repetição do passado que trouxe a escola que temos hoje: trabalhar com o texto implica trabalhar com a incerteza e com o erro e não com a resposta certa, porque escrever é produzir e não reproduzir velhas certezas, pois certezas não deixam no mesmo lugar, é o erro que nos leva na direção do novo (Perrenoud, 2000). A importância da leitura e escrita de texto está em poder dizer alguma coisa a alguém. Para Luiz Percival Lemes Brito (in Gerald, 2004, p. 19), um dos obstáculos que os estudantes encontram na elaboração de suas redações é a dificuldade de saber exatamente para quem escrever. Daí decorre escrita sem sentido ou incoerentes. Nisso, sabe-se da necessidade que o professor tem em dispor de ferramentas necessárias para oportunizar aos alunos um maior contato na inserção do mundo letrado. Nota-se que a produção de texto nas escolas ainda está limitada à correção ortográfica e da norma culta, não valorizando o conhecimento, a ideia explícita no texto, negando assim a sua funcionalidade, o saber e o papel mediador da relação homem – mundo. Caberia a escola entenderque o uso da leitura e da escrita não implica somente no conhecimento das letras e da forma de decodificação, mas sim na possibilidade de usar esse conhecimento em benefício próprio em um determinado contexto cultural. Sobre esse assunto, Prestes (2001) afirma que: O professor deve repensar seu trabalho com leitura e produção de textos, desenvolvendo-os de maneira integrada e estimulando os alunos a serem efetivamente coparticipantes nesse processo, tendo a oportunidade de ler também o que seja do seu agrado e aproveito, não só para contentar o professor, e produzindo seus textos não só para o mestre, mas para estarem realmente preparados para produzirem com adequação qualquer tipo de texto em qualquer situação com a qual se deparem em sua vida (PRESTES, 2001, p.17). Desse modo é preciso uma reflexão por parte do corpo docente em relação à produção de textos em sala de aula, visando, em especial, o interesse do aluno, deixando-o livre para produzir de forma permanente e autônoma para que possa ter uma compreensão do mundo, encontrando, assim soluções para os problemas e consequentemente transformando a si e ao meio em que vive. Ser professor nos dias atuais, por tanto exige uma boa formação profissional e isso ultrapassa os tempos, surgindo assim à necessidade de se tornarem profissionais “eficientes” e “críticos” aptos para enfrentar uma sociedade onde o bom leitor e o bom escritor tenham privilégios primordiais. 2 REFLEXÕES SOBRE AS PRÁTICAS E AÇÕES METODOLÓGICAS A permitir que as pessoas cultivem os hábitos de leitura e escrita e responda o apelo da cultura grafo Centrica, podendo inserir-se criticamente na sociedade, a aprendizagem da língua escrita deixa de ser uma questão estritamente pedagógica para alcançar a esfera política, evidentemente pelo que representa o investimento na formação humana. Em uma sociedade constituída em parte por analfabetos e marcada por reduzidas práticas de leitura e escrita, a simples consciência fonológica que permite aos sujeitos associar os sons e letras para produzir e interpretar palavras ou frases curtas parecia ser suficiente para diferenciar o alfabetizado do alfabetizando. Porém o grande número elevado de analfabetos e a crescente complexidade de nossa sociedade fazem surgir as mais diversas práticas do uso da língua escrita. Os apelos que a sociedade exerce sobre as pessoas são tão fortes, que desenhar letras ou decifrar códigos da leitura já não são mais suficientes. No entanto no final do século XX impôs praticamente a todos os povos a exigência da língua escrita, não mais como meta de conhecimento desejável, mas como uma condição para a sobrevivência e a conquista da cidadania. Os estudos a cerca da psicanálise trouxeram aos educadores o entendimento de que alfabetizar envolve um complexo processo de elaboração de hipóteses sobre as representações linguísticas, assim o aluno entende que aprender a ler e escrever significa muito mais que decifrar um código. Ao permitir que o sujeito interprete, divirta-se, seduza, confronte, induza, documente, informe, oriente-se, reivindique, e garanta a sua memória, o efetivo uso da escrita garante-lhe uma condição diferenciada na sua relação com o mundo, um estado não necessariamente conquistado por aquele que apenas domina o código.(Soares, 1998 ). Por isso aprender a ler e escrever não significa apenas o conhecimento das letras e do modo de decodificá-las, mas a possibilidade de usar esse conhecimento em beneficio de formas de expressão e comunicação possíveis, necessárias e legitimas em um determinado contexto cultural. Por conta da transformação que tem ocorrido na educação ao longo dos anos, as práticas e ações metodológicas tem tido grandes modificações. A necessidade de se ter uma sociedade com indivíduos capazes de se instalar na mesma com um discurso próprio e que tem a capacidade de se articular em termos de linguagem, faz com que aconteça uma discussão sobre uma reflexão metodológica por parte do corpo docente, pois a educação é a principal responsável para a transformação de cidadãos. Com todas essas mudanças o educador tem a obrigação e o dever de rever suas práticas e sua postura, porque a escola de hoje se apresenta de forma deferente, inserida em um espaço muito homogêneo, tanto do ponto de vista cultural como social. Segundo Barbosa, é fundamental que o professor conheça os materiais e técnicas pedagógicas, assim como os programas de ensino. Mas para decidir como e quando utilizar cada um é necessário que o professor além desses conteúdos conheça o próprio aluno. Enfim para ajudar uma criança a aprender a ler, é fundamental estar sensibilizados pelas complexidades da infância e da leitura (1994: 139). Esse mesmo autor enfatiza que o professor não pode e não deve confiar em uma metodologia especial, milagrosa, e sim, na sua experiência apoiada em sua competência metodológica. É ele quem, observando seus alunos, refletindo sobre sua prática e aprofundando seus conhecimentos sobre a leitura e aprendizagem pode compreender e atender as necessidades, as dificuldades e ao interesse de cada criança num dado momento (Barbosa, 1994: 139). Analisando esse contexto nota-se que o professor deve basear-se na sua aptidão e experiência pedagógica; no seu conhecimento e capacidade de percepção para com as habilidades já existentes em seus alunos; no seu olhar critico frente às diversas transformações provocadas pelos avanços sociais e tecnológicos, pois é através do olhar que se determina o caminho por onde se pode andar. A leitura já se tornou obrigatória em se tratando das praticas e ações metodológicas, e a respeito dessa afirmação Lakatos (2003) diz que: A leitura constitui-se um fator definitivo de estudo, pois auxilia na ampliação do conhecimento, obtendo informações básicas e especificas, na abertura de novos horizontes para a mente, a sistematização do pensamento, o enriquecimento vocabulário e o melhor entendimento do conteúdo das obras. (LAKATOS, 2003: 19). A prática da leitura deve ser um processo continuo na vida do leitor, pois é ela que nos da à condição de poder pensar, interagir a partir do que foi lido, construindo assim um saber, consciente de que a cultura se faz com bons livros e que através deles possa da um novo significado ao tempo em que se está inserido. De acordo essa analise o desenvolvimento da capacidade linguística se faz desde os primeiros dias de vida. As experiências na escola e com os amigos, o acesso compreensível aos meios de comunicação e a leitura proporcionam grande variedade de conhecimentos e apresentam novos modelos de uso da linguagem. Esta, por sua vez exerce, desde a alfabetização, uma importância fundamental. Desse modo dependendo da maneira como uma pessoa interpreta o que a linguagem é, como funciona, que utilidades tem, pode-se ter um determinado comportamento pedagógico e métodos diferentes na prática escolar. Segundo Lakatos, o ato da leitura deve acontecer de forma freqüente e constante, pois a maior parte dos conhecimentos é obtido por intermédio da leitura: ler significa conhecer, interpretar, decifrar, destingir os elementos mais importantes dos secundários e, decidir pelos mais representativos e sugestivos utilizando-os como fonte de nossas idéias e do saber, através dos processos de busca, assimilação e integração do conhecimento ( 2003: 19). Referente a esse mesmo contexto e de acordo as diversas formas de leituras, Barbosa ressalta que: Para que aconteça a aprendizagem da leitura, a criança necessita reconhecer a língua escrita através de múltiplas atividades e inúmeros materiais. Podem-se utilizar os materiais que já existem, mas também é bom quando o professor e as crianças escolhem e fabricam os seus. Eles podem ser, por exemplo: versinhos escritos à mão para serem lidos pelos outros, textos de revistas, poemas para recitar, receitas de bolos, listas telefônicas, entre outros. Quanto mais diversificados e significativos, mais estimulantes serão as situações de leitura e contato com a escrita (1994: 139). A todo o momentoem nosso dia-a-dia são apresentados diversos tipos de leitura, por isso no método de leitura deve-se dar a devida importância a essas diversidades para que, se tenham aptidão nas estratégias da fala entendendo os diferentes gêneros, onde possam contribuir para uma sociedade democrática e crítica. Sem duvida, sabemos que o ato de ler e escrever esta intrínseca a pratica das produções textuais. O objetivo maior da aprendizagem da leitura e escrita consiste exatamente neste enfoque, o qual só terá real significância se partindo da vida dos alunos. 3 DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LEITURA E ESCRITA Atualmente, observa - se que a aprendizagem da Leitura e Escrita constitui uma tarefa fundamental na educação. Essa tarefa tem sido objeto de análise de investigação de muitos estudiosos que tentam explicá-la, como também investigar medidas e práticas para indicar as possíveis dificuldades de alunos e professores. É válido registrar que o termo dificuldades de aprendizagem surgiu em 1962, com fim de situar esta problemática num contexto educacional, tentando assim, retirar-lhe o “estigma clínico” que o caracterizava. Segundo Luís de Miranda & Ana Paula Martins (2000, p.4), surgiu assim, uma primeira definição proposta por Kirk (1962) em que era evidente a ênfase dada ao componente educacional e o distanciamento em termos biológicos de outras problemáticas (deficiência mental, privação sensorial, cultural entre outras). Por este viés, a criança com dificuldade de aprendizagem é aquela que apresenta bloqueios na aquisição do conhecimento, na audição, na fala, leitura, raciocínio ou habilidades matemáticas. Estas desordens são intrínsecas ao sujeito, presumidamente, devido a uma disfunção do sistema nervoso central, podendo ocorrer apenas por um período na vida. Ao reconhecer a importância de se discutir acerca das dificuldades de aprendizagem referentes à leitura e a escrita o aluno encontra-se inserido no contexto que exige uma interpretação sistemática advinda do hábito de ler e escrever, visto que, diante da necessidade de ter domínios na leitura e escrita, há também a dificuldade de aprender, uma vez que essa dificuldade é mal compreendida no contexto da sala de aula. Assim o trabalho da escola refere-se também aos conhecimentos e atitudes que se fazem necessários para o uso efetivo e competente dessas habilidades no contexto social. Entende-se, portanto, que o sucesso escolar e social dos alunos depende do sucesso no processo de escolarização. De acordo com Coelho (1991), as D.A. no processo de aquisição da leitura podem ser divididas em quatro categorias: Dificuldade na leitura oral: por percepção visual e ou auditiva alterada, a criança recebe informações cerebrais distorcidas e frequentemente confunde, troca acrescenta ou omite letras e palavras. Dificuldade na leitura silenciosa: Devido a distorção visual a criança apresenta lentidão e dispersão na leitura, perdendo-se no texto e repetindo palavras ou mesmo frases e linhas inteiras. Dificuldade na compreensão da leitura: Deficiência de vocabulário e a pouca habilidade reflexiva, a criança apresenta sérios obstáculos e em entender o que está escrito. Dislexia: Dificuldade com a identificação dos símbolos gráficos desde o inicio da alfabetização, acarretando fracassos futuros na leitura e escrita. Quanto à dificuldade de aprendizagem no processo de aquisição da escrita, encontramos: Disgrafia: Falta de habilidade motora para transpor através da escrita e o que captou no plano visual ou mental, a criança apresenta lentidão no traçado e letras ilegíveis. Disortografia: Incapacidade para transcrever corretamente a linguagem oral: Caracteriza-se pelas trocas ortográficas e confusões com as letras Erros de formulação e sintaxe: Apesar de ler fluentemente, apresentar oralidade perfeita, copiar e compreender textos, a criança apresenta grande dificuldade para elaborar sua própria escrita. Geralmente omite palavras, ordena confusamente as palavras, usa incorretamente verbos e pronomes e utiliza a pontuação de forma inadequada. Professores podem ser os mais importantes no processo de identificação e descobertas desses problemas, porem não possui formação para fazer tais diagnósticos, que devem ser feitos por médicos, psicólogos e psicopedagogos. 3.1 O PERFIL DO PROFESSOR Atualmente, percebem-se inovações, nem sempre perceptíveis ao observador desavisado, no novo perfil do professor que se concretiza no seu agir profissional. Temos a elaboração, por todos os integrantes da Escola, da Proposta Pedagógica, do plano de trabalho. Os educadores são desafiados a atuar criticamente na elaboração e execução dos projetos sociais, na indicação do material pedagógico que é proposto ao aluno, e decidir sobre metodologia na busca da construção do conhecimento em sala de aula, bem como no uso de outras tecnologias. Deseja-se um professor de bem com a vida, humano, feliz, idealista, capaz de dar sentido à vida e ao que faz. Que viva na linha do SER - objetivo máximo da Educação - que exercite a paciência cronológica e histórica. Tenha ele compromisso com a vida e os valores como a ética, a sensibilidade, a estética, a cidadania, a solidariedade, a verdade, o respeito e o bom senso. Norteie-se por três pilares de princípios, previstos na explanação dos parâmetros: Princípios estéticos: que desenvolvem a estética da sensibilidade estimula a criatividade e o espírito inventivo; Princípios Políticos: que propõem a política da igualdade, do direito e da democracia, cuja arte se expressa no aprender a conviver; Princípios que visam à ética da identidade: inserção no tempo e no espaço, onde aprender a ser é o objetivo máximo. Deseja-se um professor que se dirija pelos princípios norteadores da UNESCO para a Educação do Século XXI: Aprender a conhecer, unindo teoria e prática. Aprender a fazer, aprender a conviver, aprender a ser. A sua maior preocupação deve ser em formar seres humanos capazes e seguros, com valores solidamente construídos, não fixados no vestibular, mas voltados para a sociedade e seus desafios tecnológicos. O professor deve assumir um papel diferenciado, procurando estar sempre atualizado e consciente de que o melhor mestre é aquele que debate e questiona, não apenas introduzindo o aluno na matéria, mas também fazendo-o questionar, duvidar, pesquisar. O aprendizado em equipe e os trabalhos em grupo devem ser dos pontos fortes de sua metodologia de ensino. Seu papel educativo é entendido como o de preparar os alunos para o exercício da cidadania, para o trabalho em geral e para o desenvolvimento de habilidades e de competências, visando à intervenção ética positiva na sociedade, com argumentações conscientes, resultantes da aplicação de conceitos na resolução de problemas contextualizados e relevantes. O novo Profissional do Ensino é aquele que desenvolve as competências para continuar aprendendo, de forma crítica, em níveis mais complexos de estudos. Essas competências são de nível cognitivo, cultural, psicomotor e sócio afetivo. Segundo, Ruy Leite Berger Filho, "o conceito competências tem como referências básicas a epistemologia genética de Jean Piaget e a linguística de Noan Chomsky. Uma concepção básica os reúne entre os que formulam suas teorias a partir da noção de que a espécie humana tem a capacidade inata de: construir o conhecimento; de construí-lo na interação com o mundo; de referenciá-lo e significá-lo social e culturalmente; de mobilizar este conhecimento frente a novas situações de forma criativa, reconstruindo no desempenho as possibilidades que as competências, ou os esquemas mentais, ou ainda a gramática interna, permitem potencialmente." As competências, segundo o mesmo autor, são ações e operações que utilizamos para estabelecer relações com e entre objetos, situações, fenômenos e pessoas que desejamos conhecer. São operações mentais estruturadas em rede que, mobilizadas, permitem a incorporação de novos conhecimentos e sua integração significada a esta rede. As habilidades decorrem das competências adquiridase referem-se ao plano imediato do saber fazer. Pode - se enfatizar ainda que o Profissional do Ensino usa, ensina e propõe tecnologias básicas: redação - representação e comunicação; informação - investigação e compreensão; computação - contextualização sociocultural. Deduz-se que é um agente da revolução do conhecimento, alterando o modo de organizar o trabalho e as relações sociais do seu meio. Desenvolve conceitos, ideias, a investigação, a pesquisa e o questionamento. Levanta hipóteses, produz e faz produzir o conhecimento; promovem relações interdisciplinares, sociais, políticas, afetivas, de espaço e tempo. Faz pensar e procura soluções alternativas. Maneja a tecnologia do computador, dos microssistemas, microeletrônica, serve-se das linguagens icônicas, corporais, sonoras e formais. CONSIDERAÇÕES FINAIS A leitura e a escrita, quando significativas, partida da vida dos alunos, provocam a dizer desses sujeitos, pois com esses instrumentos conseguirão expressar aquilo que pensam e acreditam. Considerando que o papel da escola é o de sistematizar ou reorganizar as aprendizagens, assume a escrita a função de construção de significados para essas aprendizagens, por meio da instrumentalização de competências linguísticas que oportunizarão o entendimento das diferentes complexidades do mundo. É através do entendimento do funcionamento da língua que os sujeitos podem conviver participar do ambiente discursivo e dialógico em que vivem. Cabe à escola possibilitar aos alunos à compreensão critica das realidades sociais mediante o domínio da escrita para que possam entender o discurso do outro e se fazerem entender. Esta compreensão e valorização das funções sociais da escrita é uma aprendizagem ligada aos planos conceitual, procedimental e atitudinal, que pode ter inicio desde os primeiros momentos da chegada da criança à escola e deve continuar até o final de sua formação estudantil. A leitura e a escrita são dimensões humanas, possíveis de ser exercida por qualquer pessoa. No entanto, muitos professores complicam o caminho de acesso a elas, talvez pelas próprias frustrações leitoras ou escritoras na infância. Uma das mais importantes funções da leitura e escrita é possibilitar a comunicação entres pessoas distantes ou em situações em que não é possível falar, pois o que se escreve é para ser lido pelos outros ou por nós mesmos algum tempo depois. Considerando que os alunos vivem em uma sociedade letrada, mesmo vivendo hoje na zona rural, onde os meios de comunicação têm mais difícil acesso, a língua escrita está presente de maneira visível e marcante nas atividades cotidianas, inevitavelmente eles terão contato com diversos textos escritos e formulará hipótese sobre sua utilidade, seu funcionamento, sua configuração. Excluir essa vivencia da sala de aula, por um lado, pode ter o efeito de reduzir e artificializar o objeto de aprendizagem que é a leitura e a escrita, possibilitando que estes desenvolvam concepções inadequadas e disposições negativas a respeito desse objetivo. Por outro lado pode deixar de explorar a relação extraescolar dos alunos com os atos de ler escrever. Isso é, no entanto, significativa perda de oportunidades de conhecer e desenvolver experiências culturais ricas e importantes para integração social e exercício da cidadania. O professor, como um verdadeiro educador precisa repensar suas ideias e ações sobre as práticas de leituras e escrita em sala de aula, procurando sempre crescê-la e melhorá-la cada vez mais. Ele precisa ter liberdade de ação para que se possa exigir dele competência e desempenho profissional à altura dos ideais da verdadeira educação. Como diz Cagliari, “sem o professor, não há escola que sem escola, não há educação de massa, de que o Brasil tanto precisa”. É, portanto, importante como fundamental, que o educador trabalhe de forma contextualizada, visando, especificamente, a formação de sujeitos capazes de ler e escrever com autonomia. A importância da educação como uma das alavancas que possa contribuir para a formação de indivíduos mais participativos nas tomadas de decisões da sociedade é destacado como algo importante para o espaço educacional. O professor, por sua vez, engajado nesta dinâmica, precisa aceitar o desafio de uma prática em que assumindo uma postura dialógica com seus alunos possam contribuir para que eles cheguem a uma significativa aprendizagem e, por consequência, ao uso criativo e critico das práticas sociais de leitura e escrita. REFERÊNCIAS BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e leitura. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1994. BRITTO, Luiz Percival Leme. A sombra do caos: ensino x tradição gramatical. Campinas, São Paulo. Mercado de letras, 1997. et.al. O texto na sala de aula, São Paulo. Ática, 2004. FEREIRO, E. Cultura escrita e educação. Porto Alegre. Artes médicas, 2001. GERALDI, João Wanderley. O texto na sala de aula, São Paulo: Ática, 2004. LIBÂNEO, José Carlos. Didática. 1. ed. São Paulo: Cortez, 1994. MARCONI, Maria de Andrade. LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica, 6 ed. São Paulo: Atlas 2003. NOVA ESCOLA, abril. nº 204, agosto 2000. PAULINO, Graça. Tipos de textos. Modas de leitura. 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