Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Patologia Geral Fisiopatologia da Aterosclerose Principal causa de morte no mundo em 2017: 15 milhões de mortes, principalmente por: IAM e AVC. A base da patogenia das doenças cardiovasculares e cerebrais, doença silenciosa multifatorial que atinge principalmente as artérias que irrigam o cérebro, o coração e os membros inferiores. Relembrando: Constituíntes básicos da parede dos vasos sanguíneos: ● Endotélio; ● Músculo liso; ● Matriz extracelular; Estrutura das artérias de médio e grosso calibre: ● 3 túnicas: ○ Íntima; ○ Média; ○ Adventícia; Arterioesclerose X Aterosclerose Arterioesclerose - é termo usado para descrever qualquer espessamento e/ou endurecimento da parede arterial ou da perda de sua elasticidade. Aterosclerose - ocorre quando há formação de placa de ateroma com redução na luz da artéria. É um padrão mais frequente e clinicamente mais importante por suas consequências. É uma doença inflamatória crônica, sistêmica e progressiva com múltiplos estágios caracterizada por um endurecimento e estenose da camada intimal com acúmulo de placa contendo partículas de lipoproteínas intra e extracelular e macrófagos. É uma doença imunoinflamatória e fibroproliferativa, ela vai ser modulada por alguns fatores de risco que a pessoa pode adquirir ou vai ser inata a ela. Estrutura da placa ateroma Também chamada de placa fibrogordurosa, onde possui uma capa fibrosa, o núcleo lipídico e o lúmen. Essa placa localiza-se na camada íntima das artérias, local de ramificação das artérias. A placa de ateroma deposita-se, principalmente, nos locais de ramificações das artérias. Constinutíntes da placa de ateroma Na camada média existem células musculares lisas; Na camada íntima também existem poucas células musculares lisas, além de fibroblastos, leucócitos, mastócitos, etc, além disso existem as células endoteliais; ***A aterosclerose, hoje em dia, é aceita como uma doença que também causa inflamação, isso por causa das ROS, que são um dos primeiros componentes produzidos na camada íntima. Evolução da Placa Ateromatosa – envolvimento de ROS A placa de ateroma gera inflamação devido a produção de ROS, principalmente pelos miofibroblastos na camada íntima. O acúmulo de lípides, células inflamatórias e elementos fibrosos, que se depositam na parede das artérias, são os responsáveis pela formação de placas ou estrias gordurosas, o que geralmente ocasiona a obstrução das mesmas. A aterosclerose é uma resposta crônica inflamatória e reparativa da parede arterial à lesão endotelial. A progressão da lesão ocorre pela interação entre lipoproteínas modificadas, macrófagos derivados de monócitos e linfócitos T, com células endoteliais e células musculares lisas da parede arterial. Na camada íntima existem os Aterófilos, que são células musculares lisas ou macrófagos modificados (do remodalamento/reparo tecidual), que irão produzir ROS, e dentro da placa de ateroma esses ROS dentro das células cheias de lipídeos vão causar um depósito de plaquetas, que por sua vez vai bloquear a difusão de oxigênio (O2), ocasionando o acúmulo dos lipídeos extracelulares (LDL e HDL). Entretanto, esses lipídios também podem ir para o lúmen do vaso. Além disso, esses lipídios são dosados em exames para avaliar o colesterol alto. Quanto maior for a quantidade de LDL ou VLDL (dependendo do peso molecular) circulante no plasma, maior o risco de acarretar doenças cardiovasculares. Locais de risco para a formação da lesão ateromatosa Áreas de ramificações dos vasos sanguíneos onde o fluxo é turbulento. Existem regiões mais resistentes à formação da placa de ateroma, onde nestas regiões há uma produção maior de NO (óxido nítrico), o endotélio é mais resistente. Patogenia da Aterosclerose (etapas) 1. Desequilíbrio hemodinâmico em locais de fluxo desordenado; 2. Agressão ao endotélio pelo colesterol e ésteres de colesterol; 3. Acúmulo de lipídeos na parede das artérias; 4. Hiperlipidemia crônica; 5. Inflamação; 6. Vulnerabilidade da placa (estabilidade/instabilidade, ruptura, hemorragia); Esquema: Sequência de interações celulares na aterosclerose. Hiperlipidemia, hiperglicemia, hipertensão e outras influências causam a disfunção endotelial. Isto resulta na adesão plaquetária e recrutamento de monócitos circulatórios e células T, com subsequente liberação de citocinas e fatores de crescimento pelas células inflamatórias, acarretando a migração e proliferação das células musculares lisas, além da subsequente ativação de macrófagos. As células espumosas nas placas ateromatosas derivam de células musculares lisas e macrófagos que acumularam lipídios modificados (p. ex., lipoproteínas de baixa densidade agregadas e oxidadas [LDL]) através dos receptores depuradores scavengers e dos receptores de proteínas relacionadas à LDL. Lipídios extracelulares são derivados da insudação pela luz vascular, em particular na presença da hipercolesterolemia, e pela da degeneração das células espumosas. O acúmulo de colesterol nas placas reflete o desequilíbrio entre o influxo e efluxo; a lipoproteína de alta densidade (HDL) também ajuda a retirar o colesterol desses acúmulos. Em resposta às citocinas e quimiocinas elaboradas, as células musculares lisas migram para a íntima, proliferam e produzem matriz extracelular, incluindo colágeno e proteoglicanas. IL-1, Interleucina-1; MCP-1, proteína quimioatrativa de monócitos-1. Fontes, vias e metabolismo do colesterol (lipoproteínas e apolipoproteínas) O colesterol tem duas origens: ● Endógena - Em torno de 70% do colesterol produzido pelo próprio corpo, principalmente pelo fígado; ● Exógena - Em torno de 30%, adquirido através dos alimentos, principalmente de origem animal (carnes, ovos); A ApoA1 é a principal proteína da partícula do HDL de alta densidade, sendo responsável por estimular o transporte reverso do colesterol, remover seu excedente dos tecidos e direcioná-lo para o fígado. Além disso, inibe a oxidação do LDLc, auxilia na remoção de produtos tóxicos e é antiinflamatória. A ApoA1 é a principal proteína do HDL “ateroproteção”, sendo sintetizada pelo fígado (70%) e intestino (30%). No fígado há excreção de colesterol, já nas células intestinais há estimulação da produção de NO. No pâncreas, a interação ApoA1 com o ABCA1 (transportador A1 da ligação de trifosfato de adenosina) aumenta a síntese de insulina e a sobrevida da célula pancreática. Pacientes com mutações que diminuem a função do ABCA1 têm secreção de insulina prejudicada. Como o HDL “freia” (diminui) a Aterogênese? O HDL ao entrar nas células endoteliais ocasiona a diminuição da expressão de moléculas de adesão, como MCP-1 (para monócitos). Os monócitos vão encontrar as células espumosas cheias de LDL, porém o HDL inibe o receptor de adesão (MCP-1). Através da ApoA1, o HDL inibe a oxidação de LDL, além de promover o efluxo de colesterol para o lúmen do vaso sanguíneo. ***Para que ocorra o aumento do HDL circulante no sangue é necessário muita atividade física. Quanto mais alto for a [HDL], menor a [LDL]. Nossos antepassados: coletores/caçadores X Atualmente: sedentarismo, obesidade, etc. Século XIX: com a industrialização, a doença cardiovascular já era considerada problema grave de saúde relacionada à morbimortalidade. Na primeira metade do séc. XX, seestabelecia como a principal causa de morte no mundo industrializado. Fatores de Risco para a Aterosclerose ● Irreversíveis ou não modificáveis: ○ Idade: influência mais dominante, aumento gradual após 40 anos; 5 X risco > após 60 anos; ○ Gênero: predominância no sexo masculino; ○ Genético: hiperlipidemia, hipertensão crônica e diabetes familiares; ● Reversíveis ou modificáveis: ○ Hiperlipidemia: Principal fator de risco; ○ Hipertensão: risco 40%>; associada à hipertrofia do ventrículo esquerdo 60%; Tabagismo: risco 2X>; ○ Diabetes: risco de AVC 2X>; risco de gangrena de membros inferiores 100X>; ○ Inflamação: risco global; Ptn C Reativa como marcador de risco (principal marcador para doença cardiovascular, entretanto a ptn C reativa está aumentada em qualquer resposta inflamatória); Hipercolesterolemia/Hiperlipidemia Quando o LDL entra na parede arterial e pode ser modificada (Lox), tornando-se altamente pró-inflamatória. Hipertensão Arterial A hipertensão diminui em 22% após crises hipertensivas em pacientes de alto risco tratados com inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) pelo relaxamento dos vasos sanguíneos. Diminui em 50 % o risco relativo de IC, 30 a 40 % DE AVC e 20 a 25% de IAM. Diabetes Mellitus ● O diabetes está associado com o aumento do risco de doença coronariana, cerebral e doença arterial periférica (2 a 4X); ● De 70 a 80 % dos diabéticos morrem por doenças relacionadas à aterosclerose; ● Aterosclerose se desenvolve mais cedo e progride mais rapidamente nos indivíduos com diabetes;, ● A exposição prolongada a hiperglicemia, a hiperinsulinemia e resistência insulínica exacerbam o curso clínico da aterosclerose, principalmente pela diminuição na produção de NO, aumento na produção de superóxido (O2-) e inibição da PI3-K; Obesidade como fator de risco ligado ao Diabetes Mellitus Na obesidade associada ao DM temos a resistência insulínica aumentada, assim como a susceptibilidade à trombose também é aumentada. Os marcadores inflamatórios também ficam aumentados, ocasionando um risco maior as doenças cardiovasculares. Tabagismo Dentre os fatores de risco é aquele com valor preditivo independente mais forte para doença coronariana prematura. ● Causa de lesão endotelial difusa; ● Redução da vasodilatação dependente do endotélio (diminuição de NO); ● Diminuição do HDL, aumento de triglicerídeos, VLDL e LDL; ● Inibição de PGE2, aumento da síntese de TXA2 , aumento de PCR, aumento de IL-6,aumento de TNF,aumento de moléculas de adesão; ● Monóxido de carbono reduz a oferta de O2, levando ao espasmo coronariano, que por sua vez leva a isquemia miocárdica; ● Meta-análise de 20 ensaios clínicos: deixar de fumar - ↓ 36% a mortalidade total de pacientes com CVD; Proteína C reativa: É o mais sensível preditor sérico de risco cardiovascular. Sendo produzida pelo fígado e dentro da placa por células vasculares ativadas, e tem sua expressão aumentada por mediadores inflamatórios (IL-6), além de aumentar a resposta imune inata e ativar cascata do sistema complemento. A aterosclerose confirma sua evolução inflamatória com a participação dos monócitos/macrófagos e das moléculas de adesão. As selectinas: E-selectina e P-selectina medeiam o rolamento inicial de células inflamatórias ao longo das células endoteliais. A VCAM-1 (molécula-1 de adesão de célula vascular) e ICAM-1 (molécula-1 de adesão intercelular) medeiam a adesão e transmigração dos monócitos no endotélio. Mas e os linfócitos T? Os linfócitos T são recrutados para a camada íntima e interagem com macrófagos contribuindo para o estabelecimento da cronificação da inflamação, principalmente pela produção de citocinas pró-inflamatórias (IFN-gama e IL-17). Estabilidade/Instabilidade da placa de ateroma O rompimento da lesão não é apenas um processo mecânico, tendo a inflamação é muito importante nesse processo! Lesões propensas à ruptura exibem: ● Grande núcleo lipídico (> 40% do tamanho); ● Fina capa fibrosa; Quando se tem uma lesão com a capa fibrosa (fibrose) menos espessa (fina) (porque o remodelamento tecidual não funciona bem), muito inflamada tendo uma alta ativação de macrófagos e outras células inflamatórias, a placa se torna instável, e com mais chances de se romper e se deslocar para o pulmão, coração ou para o cérebro. Prevenção ● Dieta saudável; ● Exercícios físicos; ● Consumo moderado de álcool; ● Controle da pressão arterial; ● Abstenção do fumo; ● Controle de peso;
Compartilhar