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Planejamento e gerenciamento de emergências, desastres e epidemias Brasília-DF

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Prévia do material em texto

Planejamento e gerenciamento de 
emergências, desastres e ePidemias
Brasília-DF.
elaboração
Luiz Henrique Horta Hargreaves
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Todos os direitos reservados.
W Educacional Editora e Cursos Ltda.
Av. L2 Sul Quadra 603 Conjunto C
CEP 70200-630
Brasília-DF
Tel.: (61) 3218-8314 – Fax: (61) 3218-8320
www.ceteb.com.br
equipe@ceteb.com.br | editora@WEducacional.com.br
SUMÁRIO
aPresentaÇÃo ..................................................................................................................................... 4
organiZaÇÃo do caderno de estUdos e PesQUisa ................................................................................. 5
introdUÇÃo ......................................................................................................................................... 7
Unidade única
EmErgência, dEsastrEs, tErrorismos E EpidEmias .................................................................................. 9
caPítUlo 1
sistEmas dE EmErgência E dEsastrEs ..................................................................................... 11
caPítUlo 2
EmErgências químicas, biológicas E radioativas...................................................................... 43
caPítUlo 3
tErrorismo .......................................................................................................................... 55
caPítUlo 4
EpidEmias ............................................................................................................................. 65
Para (nÃo) FinaliZar ......................................................................................................................... 74
reFerências ...................................................................................................................................... 75
4
APRESENTAÇÃO
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários 
para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica 
e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, 
adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a 
serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente 
e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios 
que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua 
caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como 
instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO 
DE ESTUDOS E PESQUISA
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma 
didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, 
entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, 
também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Pensamentos inseridos no Caderno, para provocar a reflexão sobre a prática 
da disciplina.
Para refletir
Questões inseridas para estimulá-lo a pensar a respeito do assunto proposto. Registre 
sua visão sem se preocupar com o conteúdo do texto. O importante é verificar 
seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. É fundamental que você 
reflita sobre as questões propostas. Elas são o ponto de partida de nosso trabalho.
Textos para leitura complementar
Novos textos, trechos de textos referenciais, conceitos de dicionários, exemplos e 
sugestões, para lhe apresentar novas visões sobre o tema abordado no texto básico.
abc
Sintetizando e enriquecendo nossas informações
Espaço para você, aluno, fazer uma síntese dos textos e enriquecê-los com sua 
contribuição pessoal.
6
Sugestão de leituras, filmes, sites e pesquisas
Aprofundamento das discussões.
Praticando
Atividades sugeridas, no decorrer das leituras, com o objetivo pedagógico de 
fortalecer o processo de aprendizagem.
Para (não) finalizar
Texto, ao final do Caderno, com a intenção de instigá-lo a prosseguir com a reflexão.
Referências
Bibliografia consultada na elaboração do Caderno.
7
INTRODUÇÃO
Estudaremos a organização do atendimento pré-hospitalar. Veremos situações chamadas de especiais, 
pois trataremos de condições que requerem atendimento altamente especializado, como nas emergências 
biológicas, químicas e radioativas. Nesse contexto, não poderíamos deixar de falar, ainda, sobre terrorismo 
e epidemias.
Um bom estudo para todos!
objetivos
 » Compreender os conceitos de atendimento pré-hospitalar.
 » Compreender conceitos de terrorismo e emergências químicas, biológicas e 
radioativas.
 » Compreender a importância do tema no gerenciamento de crises.
 » Apresentar conceitos e instrumentos para gerenciamento de emergências e 
desastres em saúde pública.
 » Compreender conceitos e respostas em epidemias
UNIDADE úNICAemergência, desastres, terrorismos e ePidemias
11
CAPíTUlO 1
sistemas de emergência e desastres
O atendimento pré-hospitalar, ou APH, como é conhecido no Brasil, é uma atividade relativamente 
recente, que data da década de 1960, nos Estados Unidos.
Provavelmente poderão ser encontrados muitos autores que datam o atendimento pré-hospitalar 
como sendo o correspondente ao das Guerras Napoleônicas, quando o médico militar de 
Napoleão, Dominique Jean Larrey, preocupado com a sorte dos soldados feridos abandonados 
no campo de batalha, desenvolve um sistema de transporte rápido para o atendimento precoce, 
o que seria um protótipo das ambulâncias atuais.
Dr. Dominique Jean Larrey
Fonte: napoleonbonaparte.wordpress.com
12
Veículo de transporte (ambulâncias voadoras) de feridos de Dominique Larrey.
Fonte: www.newscientist.com
Esse médico teve, ainda, o mérito de organizar equipes com médicos cirurgiões e ajudantes, que eram 
equipados com materiais para prestação de primeiros socorros. Isso no século XVIII, por volta de 1790.
O trabalho do Dr Larey foi importantíssimo; certamente ele revolucionou o atendimento médico nos 
campos de batalha e na chamada “medicina de combate”, mas considerar que o atendimento pré-hospitalar 
tem início com o Dr. Larey é discutível.
O trabalho do Dr. Larey era restrito à atuação em guerras para atender a soldados feridos. Seus conceitos 
naturalmente foram aproveitados para o aperfeiçoamento em guerras futuras, como nos grandes conflitos 
mundiais e, posteriormente, na Guerra da Coreia e do Vietnã, mas não podemos afirmar que, a partir 
do século XVIII, o APH passou a ser organizado nos grandes centros e a funcionar com objetivo de 
atendimento de pacientes de forma precoce até a remoção para o hospital. Esse conceito só vai surgir na 
década de 1960, em pleno século XX.
Há muitas ações colocadas em curso, ao longo da história, que inspiraram e contribuíram para diversas 
invenções modernas, mas não podemos fazer uma correlação direta dos fatos, pois há um enorme hiato 
entre a criação das ambulâncias do Dr. Larey e a organização dos serviços pré-hospitalares. Há quem 
considere o Dr Larey como sendo o fundador do Samu francês, o que é, no mínimo, absurdo, pois aquele 
serviço foi criado apenas em 1968, mais de 100 anos depois.
Na verdade, podemos situar o início da organização do atendimento pré-hospitalar na década de 1960, 
a partir do trabalho do Dr. Frank Pantridge, na Irlanda. Esse cardiologista foi o primeiro a utilizar um 
desfibrilador portátil e criou o conceitodeUnidade Coronariana Móvel, na cidade de Belfast. Ex-veterano 
da Segundo Guerra Mundial, quando, como militar britânico, foi prisioneiro de guerra dos japoneses. Em 
1967, publicou o artigo A Mobile Intensive-Care Unit in the Management of Myocardial Infarction, na 
conceituada revista Lancet.
UNIDADE úNIcA | EmErgência, dEsastrEs, tErrorismos E EpidEmias
13
Dr. Frank Pantridge
Fonte: http://www.heartsine.com/HeartSine%20story%20images/pantridge.jpg
Unidade Coronariana Móvel do Dr. Pantridge
Fonte: <www.nireland.com/gi4xfr/ambs.htm>
Os americanos, a partir de uma artigo publicado na revista Science, em 1966, demonstraram sua 
preocupação com as condições em que os pacientes chegavam aos hospitais, ficando claro que havia 
necessidade de um atendimento pré-hospitalar.
Os franceses, utilizando um modelo em que o atendimento é realizado inicialmente por uma central de 
regulação e a partir da avaliação do médico regulador, despacha o socorro mais adequado, criam o Samu, 
em 1968. No modelo francês, os médicos urgentistas tripulam as ambulâncias e promovem a estabilização 
do paciente no local do evento.
Os especialistas em reanimação na França são os anestesiologistas, que também são reanimatologistas. 
Na França não há paramédicos.
EmErgência, dEsastrEs, tErrorismos E EpidEmias | UNIDADE úNIcA
14
Samu francês
Fonte: les2secouriste.skyrock.com/
Os americanos, por sua vez, tinham uma realidade diferente dos franceses e dos irlandeses em diversos 
aspectos. O primeiro deles diz respeito à extensão territorial. Os Estados Unidos são muito maior do que 
esses dois países, e isso tinha implicações na formação de equipes médicas. A população era muito maior 
e o salário dos médicos nos Estados Unidosestava entre os maiores do mundo. Como colocar médicos 
em ambulâncias?
A partir desses e de outros questionamentos, os Estados Unidos abrem o primeiro programa de residência 
em Medicina de Emergência, na Universidade de Cincinnati, em 1970, e estabelece padrões para o 
atendimento pré-hospitalar.
Surge, então, a figura dos Técnicos de Emergência Médica (EMT), que são classificados em diferentes 
níveis: Básico, Intermediário e Paramédico. A forma e amplitude de atendimento dos EMTs varia de 
estado para estado americano. Em alguns, eles podem atuar no suporte avançado de vida com base em 
protocolos, em outros, necessitam de supervisão médica on-line. O paramédico, portanto, é o nível mais 
avançado do EMT e não existe equivalente em nosso país.
Símbolo dos EMTs americanos
UNIDADE úNIcA | EmErgência, dEsastrEs, tErrorismos E EpidEmias
15
Para saber mais sobre a história do APH, acesse:
<http://www.nemsmf.org/ (inglês)>
Atualmente, praticamente todas comunidades americanas possuem um serviço de emergência pré-
hospitalar, seja ele básico ou avançado, rural ou urbano. A atuação dos médicos nesses sistemas é voltada 
para o treinamento, a supervisão, o controle de qualidade e o gerenciamento de serviços. Os serviços 
existem como estruturas governamentais ou pertencentes a empresas privadas. Os profissionais possuem 
diferentes níveis de treinamento; muitos atuam também como bombeiros ou policiais e, em sua maioria, 
são contratados e recebem salários, mas alguns serviços, sobretudo os rurais, são conduzidos por 
voluntários (ARNOLD, 2006).
A ativação do serviço de emergência nos Estados Unidos é realizada pelo cidadão, a partir da ligação 
para um número único de emergência (911). A triagem é, então, realizada pelo operador da central de 
emergências, que definirá quais recursos serão despachados para o local (bombeiros, polícia, ambulâncias). 
Uma vez que o serviço é acionado, um profissional de emergência mantém contato permanente com o 
solicitante, por meio de ligação telefônica, de tal forma a orientá-lo até a chegada das equipes ao local. 
Frequentemente, policiais e bombeiros são os primeiros a serem despachados e os primeiros a chegarem, 
pois, usualmente, se encontram mais próximos, dada a distribuição das unidades de patrulhamentoe 
quarteis de bombeiros. 
Cartaz de divulgação do número único de emergências nos EUA.
Fonte: www.inewscatcher.com
O atendimento, por sua vez, é realizado de forma a estabilizar o paciente e a removê-lo sem demora até 
o centro de referência. Segundo o modelo anglo-saxônico, convencionou-se chamar de “hora de ouro” o 
tempo decorrido a partir do momento do trauma até o seu atendimento em uma unidade especializada 
e que não deve ser superior a uma hora. Dentro dessa chamada “hora de ouro”, convencionou-se que 
o pré-hospitalar não deveria ocupar mais do que 10 minutos, no chamado “10 minutos de platina” 
(HARGREAVES, 2000).
EmErgência, dEsastrEs, tErrorismos E EpidEmias | UNIDADE úNIcA
16
No modelo chamado franco-germânico, representado comumente pelo sistema adotado pelo SAMU 
francês, o médico faz a regulação das chamadas de emergência e é tripulante das unidades de atendimento. 
O conceito de estabilização e transporte rápido é substituído pela estabilização cuidadosa e pelo tratamento 
no local.
Segundo Dick (2003), as principais diferenças encontradas entre os modelos franco-germânico (FG) e 
anglo-saxônico(AA) são as seguintes.
 » No AA, o paciente é trazido até o médico, enquanto que, no FG, o médico é levado 
até o paciente.
 » No FG, pacientes em situação de urgência normalmente são avaliados e tratados 
por clínicos gerais em seus consultórios ou na residência do paciente, com muito 
pouca abordagem no serviço de emergência. A maioria dos pacientes tratados na 
emergência de hospitais nos Estados Unidos não vai para o hospital, na Alemanha.
 » Pacientes em situações de emergência (risco iminente de morte) são tratados 
por médicos de emergência no local do evento e durante o transporte, no FG. 
Paramédicos frequentemente chegam primeiro ao local do evento e, até a chegada 
do médico, ele realiza os procedimentos iniciais de ressuscitação, básico e avançado.
 » Pacientes em situações de emergência podem ter que aguardar até 10 minutos pela 
viatura e equipes apropriadas, em 80% das respostas, e até cerca de 15 minutos em 
95% dos casos, no FG.
 » No AA, o despacho é feito por um operador de emergência, que pode enviar 
suporte básico ou avançado de vida. No segundo caso, a autoridade técnica maior 
da tripulação é o paramédico, que deve conduzir a estabilização e o transporte da 
vítima o mais rápido possível até o hospital.
 » O tempo total de atendimento pré-hospitalar no modelo FG é superior ao do AA.
 » A Medicina de Emergência é uma especialidade médica no AA, enquanto que, no 
FG, é considerada como umtreinamento adicional para especialistas de outra áreas.
 » O atendimento de emergência no FG é conduzido não apenas por anestesistas, mas 
também por internistas, cirurgiões, pediatras e outros.
 » O sistema baseado em paramédicos, dos Estados Unidos, foi desenvolvido em 1973, 
não porque se acreditava ser superior ao FG, mas por razões econômicas e uma 
relativa deficiência de médicos disponíveis para a adoção de modelo similar ao 
FG. Em contrapartida, o modelo alemão foi desenvolvido em 1938, pelo cirurgião 
alemão Martin Kirchner, tendo sido adaptado, posteriormente, na década de 1950, 
para o atendimento dos pacientes em situações de emergência, que deveriam receber 
o melhor cuidado disponível, o que incluía o atendimento por médico qualificado. 
No modelo AA, o paramédico atua como uma extensão do departamento de 
emergência (por razões econômicas), enquanto que, no FG, o médico que atua 
UNIDADE úNIcA | EmErgência, dEsastrEs, tErrorismos E EpidEmias
17
no local do evento faz como extensão da unidade de terapia intensiva. O médico é 
capaz de avaliar e fornecer atendimento inicial a diversas situações críticas, tendo o 
paramédico como seu auxiliar.
Ainda de acordo com o mesmo autor, no FG, os médicos recebem um bom treinamento, embora o conceito 
e a estrutura utilizados sejam diferentes da padronização americana. No FG, a Medicina de Emergência 
é parte da grade curricular dos estudantes de Medicina,que devem, ao longo do curso, realizar cursos de 
suporte básico e avançado da vida, bem como treinamento específico para o atendimento de emergências. 
Além disso, a Medicina de Emergência é parte do exame final obrigatório. Após a conclusão do curso (6 
anos), cada médico deve atuar em um sistema semelhante ao internato americano, por 18 meses, em que 
são exigidas atividades práticas de emergência. 
No AA, a Medicina de Emergência é uma especialidade primária nos Estados Unidos (3 anos).
Na avaliação do estudo apresentado por Dick(2003), chega-se às seguintes conclusões.
1. No FG, o médico é levado até o paciente, enquanto que, no AA, o paciente é levado 
até o médico.
2. No FG, médicos de emergência e paramédicos fornecem atendimento de terapia 
intensiva aos pacientes, o que permite alta qualidade no atendimento de emergência.
3. No FG, se os paramédicos possuem treinamento especializado podem realizar alguns 
procedimentos, não apenas de suporte básico de vida, mas também avançado, sob 
supervisão médica.
4. No AA, o paramédico tem mais autonomia no atendimento do que no FG.
5. As taxas de morbidade e mortalidade têm decaído no FG e são semelhantes ao do 
AA, para as situações de emergência, compreendidas por aquelas conhecidas como 
“hora de ouro” do atendimento.
6. O custo per capita ou por atendimento de emergência, no FG, é similar ou até mesmo 
menor do que o do AA, com qualidade semelhante ou superior ao do AA.
7. Medicina de Emergência é uma especialidade médica no AA, enquanto, no FG, é 
uma supraespecialidade, ou seja, um treinamento adicional para especialistas de 
outras áreas.
O estudo em questão avalia, portanto, a questão da resposta pré-hospitalar, sem tecer maiores considerações 
a respeito do atendimento hospitalar que nos Estados Unidos é realizado por especialistas em emergência 
médica,enquanto, no FG, pelo próprio especialista que a patologia requer. O que poderia parecer uma 
vantagem, no caso de o atendimento, no FG, ser realizado pelo próprio especialista, recebe muitas críticas, 
pelo tempo e custo demandado, pois um paciente com traumatismo craniano leve, enquanto é muito 
bem atendido por um médico de emergência nos Estados Unidos, no modelo FG, é frequentemente 
avaliado por um especialista em neurologia ou em neurocirurgia, o que contribui para sobrecarregar 
EmErgência, dEsastrEs, tErrorismos E EpidEmias | UNIDADE úNIcA
18
o atendimento desses especialistas. Nos Estados Unidos, apenas casos referenciados pelos médicos de 
emergência são encaminhados aos outros especialistas.
A resposta em desastres no modelo francês é feita por intermédio do médico regulador do Serviço de 
Assistência Médicade Urgência (Samu), que despacha equipes médicas para avaliação da situação. É, então, 
acionado o chamado PlanoVermelho se a situação se configura como acidente com múltiplas vítimas. O 
atendimento no local do evento com o sistema de triagem é bem semelhante ao utilizado nos Estados 
Unidos, com a ressalva de que, no modelo FG, a avaliação e o atendimento inicial já são conduzidos por 
médicos, enquanto que, nos Estados Unidos, quem desempenha essas funções é o paramédico. O médico, 
naquele país, apenas em situações muito específicas e/ou graves, é deslocado para o local do evento, o que 
é feito em conjunto com o Corpo de Bombeiros. No modelo FG, uma vez acionado o Plano Vermelho 
(simultaneamente é acionado o chamado Plano Branco, destinado a colocar os hospitais em alerta), 
as equipes médicas passam a atuar em conjunto com os demais profissionais de socorro (bombeiros, 
polícia etc.)
aPH no Brasil
O modelo de resposta em emergências e desastres no Brasil possui algumas peculiaridades.
Não há um modelo nacional de Planos de Desastre, tampouco de resposta coordenada. Algumas poucas 
cidades possuem planos específicos , mas não há a cultura nem a doutrina do emprego do ICS (Incident 
Command System) no gerenciamento de crise, de um modo geral. A maioria dos hospitais sequer sabe o 
que é um Sistema de Comando de Incidentes.
Até pouco tempo atrás não existia, no Brasil, um sistema ou modelo predominante de atendimento de 
emergência pré-hospitalar e cada estado ou município adotava o que julgava ser melhor para sua região. 
Assim, enquanto no Rio de Janeiro predominava o modelo franco-germânico, na maioria das demais 
regiões existia um modelo misto, com utilização de socorristas, técnicos de enfermagem e médicos (que 
só eram deslocados após avaliação do suporte básico ou mediante protocolos) ou simplesmente não 
existia modelo algum e o atendimento era feito por bombeiros ou pela prefeitura (HARGREAVES, 2000).
Em 2003, com a criação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência Samu, no âmbito do SUS, o 
Brasil passou a adotar o modelo franco-germânico, com protocolos e estrutura semelhantes ao Samu 
francês. Segundo informações do Ministério da Saúde, disponibilizadas no site do Samu, atualmente há 
70 Serviços de Atendimento Móvel de Urgência implantados e em operação no Brasil. Ao todo, 266 
municípios são atendidos pelo Samu.
A Portaria no 1.863/GM, de 29 de setembro de 2003, do Ministério da Saúde, que “Institui a Política 
Nacional de Atenção às Urgências, a ser implantada em todas as unidades federadas, respeitadas as 
competências das três esferas de gestão”, estabelece, no inciso 4 do art. 2o:
Estabelecer que a Política Nacional de Atenção às Urgências, composta pelos sistemas 
de atenção às urgências estaduais, regionais e municipais, deve ser organizada de forma 
que permita:
UNIDADE úNIcA | EmErgência, dEsastrEs, tErrorismos E EpidEmias
19
[...]
4 – fomentar, coordenar e executar projetos estratégicos de atendimento às necessidades 
coletiva sem saúde, de caráter urgente e transitório, decorrentes de situações de perigo 
iminente, de calamidades públicas e de acidentes com múltiplas vítimas, a partir da 
construção de mapas de risco regionais e locais e da adoção de protocolos de prevenção, 
atenção e mitigação dos eventos.
A Portaria no 2.048/GM do Ministério da Saúde, de 5 de novembro de 2002, determina 
que:
Os Corpos de Bombeiros Militares (incluídas as corporações de bombeiros 
independentes e as vinculadas às Polícias Militares), as Polícias Rodoviárias e outras 
organizações da Área de Segurança Pública deverão seguir os critérios e os fluxos 
definidos pela regulação médica das urgências do SUS, conforme os termos deste 
Regulamento.
A Portaria no 2.072/GM, de 30 de outubro de 2003, institui o Comitê Gestor Nacional de Atenção às 
Urgências e determina, em seu art. 3o, que seja elaborado o “Plano de Atenção aos Desastres”.
Assim, o Brasil possui diretrizes nacionais para a resposta de emergência, segue o modelo franco-
germânico de resposta a emergências e urgências pré-hospitalares, possui órgãos estaduais para conduzir 
as operações de gerenciamento de crises e resposta estratégica de emergências, mas não possui um sistema 
de comando e controle de fato instituído(salvo em poucas cidades), tampouco um Plano de Atenção aos 
Desastres , como modelo nacional, e cada corporação e organização segue suas próprias orientações 
operacionais e administrativas, em alguns estados sob coordenação da Defesa Civil, mas sem que haja 
uma padronização de respostas para eventos críticos, como parte de uma doutrina ou cultura.
Ambulâncias do Samu no Brasil
http://www.es.gov.br
Não basta um serviço ter ambulâncias para ser considerado como APH. Sendo público ou privado, é 
necessário que haja algumas características presentes.
 » Ter equipe treinada em APH e unidades dedicadas a esse tipo de atendimento.
EmErgência, dEsastrEs, tErrorismos E EpidEmias | UNIDADE úNIcA
20
 » Ser apenas de Suporte Básico de Vida, situação de muitos Corpos de Bombeiros no 
país, de Suporte Básico e Avançado de Vida ou, ainda, apenas de Suporte Avançado 
de Vida, mais comumente encontrado em serviços privados.
 » Contar com a presença de regulação médica.
 » Possuir unidades especialmente equipadas para APH, podendo, no entanto, 
ser especializadaspara um tipo de atendimento (UTI Pediátrica, Coronária, de 
Trauma etc.).
 » Ter equipes em condições de atuação em sistema de pronto-emprego.
As unidades de suporte avançado de vida, obrigatoriamente, devem ser tripuladas com médico 
e enfermeiro.
Não existe, no Brasil, a atividade de Paramédico, nem de Técnico de Emergência Médica. Existem 
Técnicos de Enfermagem com treinamento de emergência, mas que em nada se assemelham, em termos 
de formação e função, aos do EMT americano. Os Técnicos de Enfermagem, no Brasil, não podem atuar 
sem supervisão de enfermeiro e nenhuma medicação pode ser fornecida sem a devida prescrição médica. 
Procedimentos invasivos, como a entubação orotraqueal, são privativos do médico. A desfibrilação externa 
automática pode ser realizada por qualquer pessoa que tenha sido treinada, no entanto, a desfibrilação 
convencional, apenas por médico. Acesso venoso periférico pode ser realizado por profissionais de 
enfermagem, desde que haja prescrição médica, e jamais por socorristas.
A atividade de socorrista é entendida como sendo a prestação de suporte básico de vida por pessoas que 
tenham sido treinadas em primeiros socorros. Não é profissão regulamentada em nosso país.
Com relação ao pronto-emprego, é importante que tenhamos em mente que, quanto mais rápido o 
atendimento inicial, maiores as chances de sobrevivência do paciente, no entanto, isso não autoriza a 
ambulância a se deslocar em alta velocidade. Sua localização deve ser devidamente estudada para que 
esteja próxima das ocorrências, quando existirem.
Embora o espaço seja produto da velocidade pelo tempo, o que nos incentivaria 
a correr, a energia cinética liberada, é igual ao produto da massa pela velocidade 
elevada ao quadrado, dividida por dois, ou seja, não é correndo que conseguiremos 
resolver a falta de planejamento ou de recursos materiais.
O tempo de resposta ao atendimento corresponde às seguintes fases.
 » Tempo decorrido do evento até a chamada de socorro.
 » Tempo decorrente do recebimento da chamada até o despacho do socorro.
 » Tempo do recebimento do despacho do socorro até o início do deslocamento 
das unidades.
 » Tempo do deslocamento das unidades até o local do evento.
UNIDADE úNIcA | EmErgência, dEsastrEs, tErrorismos E EpidEmias
21
Não é admissível que, pela falha na resposta nos itens de 1 a 3, o item 4 seja utilizado para compensar o 
tempo decorrido.
O item 1 é independente do serviço, mas os itens 2 e 3 são diretamente relacionados à organização e 
à disponibilidade de recursos materiais e humanos do serviço de APH. O iten 3 deve ser o mais curto 
possível. 
Assim, o serviço de APH é fundamental no atendimento a vítimas, decorrente dos mais variados agravos 
à saúde, mas há necessidade de organização, coordenação, treinamento e planejamento.
Para saber mais sobre Regulação Médica nas emergências acesse:
<http: / /porta l .saude.gov.br/porta l /arquivos/pdf/Manual%20de%20
Regulacao%20Medica%20das%20Urgencias.pdf>
O SAMU utiliza o termo “urgências” para toda situação crítica, mas, na literatura, encontramos a 
diferenciação entre emergência (risco iminente de morte) e a urgência (necessidade imediata de 
atendimento, mas sem risco iminente de morte). Seria a diferença do vermelho para o amarelo, na triagem.
Nosso país ainda tem muito no que avançar com relação ao APH. Há milhares de locais onde simplesmente 
inexiste um APH organizado, bem como há outros onde, inexplicavelmente, existe uma competição entre 
serviços públicos, com bombeiros, Samu e até mesmo polícia, atuando de forma contrária aos interesses 
da população. Esses serviços devem atuar de forma integrada, em que cada um responde por sua área 
de especialização. Em um incêndio, a autoridade é o bombeiro em uma ocorrência policial, é a polícia e, 
na emergência médica, é o médico. Simples assim. Há, também, muitos problemas envolvendo serviços 
públicos e privados e equipes de APH com profissionais que atuam apenas em hospitais.
É uma questão cultural, que deve passar por diversas modificações. Começa nos currículos escolares, com 
a população desde cedo aprendendo primeiros socorros e a acionar os serviços de emergência apenas 
quando necessário. Os profissionais de segurança pública e saúde, ao trabalharem de forma integrada, 
otimizam o atendimento de APH. É dessa forma que Seattle, nos Estados Unidos, possui um dos melhores 
serviços de APH do mundo.
Há necessidade de protocolos organizados, da utilização do Comando de Sistema de Incidentes (ICS) 
para eventos que o exijam, bem como da interação com os serviços hospitalares.
É um caminho que pode ser longo, mas que deve ser percorrido!
Desastre é qualquer evento crítico que excede a capacidade de resposta 
da sociedade.
Ciottone
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seguranças pública
Iniciaremos nosso estudo em Segurança Pública, falando da Prevenção e Resposta em Incidentes Críticos, 
como um dos elementos de Gestão de Crises em Defesa Civil.
O conceito de Defesa Civil é discutido, em diferentes países do mundo desde a década de 1920, 
objetivando preparar a população civil para ataques militares. Essa preparação foi fundamental ao longo 
dos anos, sobretudo durante a Segunda Guerra Mundial. Durante os anos 1950 e 1960 contudo, houve a 
organização de serviços de Defesa Civil em diversos países, motivados pela Guerra Fria e o medo de uma 
guerra nuclear.
Foi, no entanto, na década de 1970, mais precisamente durante a Conferência Diplomática para 
Reafirmação e Desenvolvimento da Lei Humanitária Internacional em Conflitos Armados (1974-1977), 
, que o papel da Defesa Civil, como instituição de proteção dos civis em situações de conflitos, foi não 
apenas reconhecido como importante, como inserido no Protocolo Adicional I das Convenções de 
Genebra.
 Este Protocolo define Defesa Civil (Proteção Civil) como “conjunto de ações humanitárias voltadas para 
a proteção de populações civis contra perigos oriundos de hostilidades ou desastres, de tal forma a assisti-
las em suas necessidades imediatas e assegurar as condições necessárias à sua sobrevivência”.
O símbolo internacional da Defesa Civil, também chamada de Proteção Civil em alguns locais, é um 
triângulo laranja em fundo azul, mas cada país fez suas adaptações a este símbolo.
O surgimento da Defesa Civil, no Brasil, dá-se a partir de 1942, com a entrada do Brasil na Segunda 
Guerra Mundial . 
Para conhecer mais sobre a história da Defesa Civil no Brasil, acesse o link abaixo:
<http://www.defesacivil.gov.br/historico/brasil.asp>
Desde então, diversas mudanças foram ocorrendo na estrutura da Defesa Civil, até chegarmos à 
configuração atual de Secretaria Nacional de Defesa Civil, órgão do Ministério de Integração Regional. 
O Órgão Superior da Organização do Sistema Nacional de Defesa Civil, no Brasil, é o Conselho Nacional 
de Defesa Civil (CONDEC), responsável pela formulação e pela deliberação de políticas e diretrizes 
do sistema. O CONDEC é composto por representantes de diversos órgãos governamentais do Poder 
Executivo.
A Secretaria Nacional de Defesa Civil é responsável pela articulação, coordenação e supervisão técnica do 
sistema, constituindo-se em Órgão Central.
Abaixo do Órgão Central, há os Órgãos Regionais, que, através das Coordenadorias Regionais de 
Defesa Civil (CORDECs), são responsáveis pela coordenação e pela articulação do sistema em nível 
regional e por esta razão estão presentes nas 5 macrorregiões brasileiras (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, 
Sudeste e Sul).
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Em nível estadual, essa coordenação está à cargo das Coordenadorias Regionais de Defesa Civil e do 
Distrito Federal (CEDECs) e, em nível municipal, das Coordenadorias Municipais (COMDEC) e Núcleos 
Comunitários (NUDECs) de Defesa Civil.
O instrumento legal que trata e dispõe sobre o Sistema Nacional de Defesa Civil e o Conselho Nacional 
de Defesa Civil é o Decreto no 7.257, de 2010, e a Leino 12.340, também, de 2010.
 » Legislação sobre Defesa Civil – <http://www.defesacivil.gov.br/
legislacao/index.asp>
 » Organização do Sistema Nacional de Defesa Civil – <http://www.
defesacivil.gov.br/sindec/organizacao.asp>
 » Política Nacional de Defesa Civil – <http://www.defesacivil.gov.br/
sindec/politica.asp>
 » Defesa Civil nos Estados – <http://www.defesacivil.gov.br/sindec/
estados/index.asp>
 » Objetivo da Defesa Civil – <http://www.defesacivil.gov.br/sindec/ 
index.asp>
Logo da Defesa Civil do Brasil
A Constituição Federal brasileira, em seu art. 144, assim dispõe:
Da Segurança Pública
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida 
para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos 
seguintes órgãos:
I – Polícia Federal;
II – Polícia Rodoviária Federal;
III – Polícia Ferroviária Federal;
IV – Polícias civis;
V – Polícias militares e corpos de bombeiros militares.
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Ao definir as ações dos corpos de bombeiros diz que: “aos corpos de bombeiros militares, além das 
atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil”.
Esta é uma discussão antiga em diversos meios, pois há muitas pessoas que enxergam nessa afirmação 
que a execução das atividades de defesa civil é prerrogativa exclusiva dos corpos de bombeiros. Não é. 
Uma vez que as ações de defesa civil são inerentes a vários órgãos e também à sociedade organizada; os 
corpos de bombeiros têm o dever constitucional de executarem as atividades de defesa civil (não podem 
deixar de fazê-lo), mas não é uma exclusidade. Mesmo porque, se assim fosse, estaríamos relegando o 
conceito amplo de defesa civil às atividades específicas de bombeiro. Naturalmente que, entre as ações de 
defesa civil, há algumas que são típicas da atividade de bombeiro como a de salvamento e de combate à 
incêndios e neste caso devem ser realizadas por bombeiros, sempre que possível. Infelizmente muitos são 
os municípios que sequer dispõem de um destacamento de bombeiros, além de temos, em nosso país, 
uma tradição forte de bombeiros voluntários, como em outros países, como o Chile. No Brasil, a maior 
parte dos bombeiros voluntários está no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
Nos Estados Unidos, a Defesa Civil foi transformada em Agência Federal de Manejo de Emergências 
(FEMA) e é parte do Departamento de Segurança Interna (Homeland Security Department), surgido 
após os atentados de 11 de setembro.
<http://www.dhs.gov/index.shtm> – Departamento de Homeland Security
<http://www.fema.gov> – FEMA
Ao colocar a FEMA no mesmo Departamento em que estão órgãos de combate ao terrorismo, os Estados 
Unidos centralizaram as ações de prevenção e resposta às mais diferentes situações críticas em uma única 
instituição, visando ao trabalho integrado e seguindo uma única política de ações. 
Isso já não ocorre no Brasil. Aqui temos diferentes ógãos, sob a responsabilidade de diferentes ministérios, 
muitas vezes tratando de temas comuns. Não é à toa que uma pergunta é sempre feita no Brasil, quando 
se trata de resposta a desastres. Quem assume a coordenação?
Embora o Sistema de Comando de Incidentes (ICS), que estudaremos em breve, seja uma excelente 
ferramenta, ainda é pouco utilizado no Brasil e não resolve todas situações de crise, estando mais 
indicado para resposta a emergências e desastres. Há, no entanto, outras crises a serem resolvidas em 
Segurança Pública.
Ao tratarmos de Prevenção e Resposta a eventos críticos e em particular a desastres e incidentes com 
múltiplas vítimas, é fundamental que primeiro saibamos definir essas situações.
Diante de incidentes com magnitudes diferentes, independente de sua natureza, há necessidade de 
resposta articulada e organizada. Sutingco (Ciottone, 2006, cap. 30) afirma que “muitos incidentes, 
independente de tratar-se de um desastre ou incidentes menores, frequentemente requerem resposta 
coordenada de uma variedade de agências ao longo de um já estabelecido sistema de comando e controle. 
O Incident Command System (ICS) foi criado para ser utilizado na cena de emergências e tem se tornado 
um instrumento-modelo de comando, controle e coordenação de uma efetiva resposta de emergência”.
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A maioria dos planos de atendimento de múltiplas vítimas é inadequada e usualmente inferior aos 
procedimentos adotados na resposta diária de emergências. Essa constatação ocorre tanto em comunidades 
com resposta avançada de emergência médica, quanto aquelas em que há apenas o sistema de resposta 
básico (BUTMAN,1982).
Os acidentes com múltiplas vítimas são aqueles em que, independente da natureza do evento, causam 
lesão à diversas pessoas simultaneamente. Nestas circunstâncias, é comum a resposta desorganizada por 
parte de equipes de emergência, seja no atendimento inicial, seja na definição do hospital de destino. 
Um exemplo de acidente com múltiplas vítimas foi o atentado de 11/09 ao World Trade Center em 
Nova York (EUA). Nos desastres, a situação é diferente. A capacidade de resposta é inferior à magnitude 
do evento e, assim, a maioria das decisões estratégicas é tomada com base na estrutura existente e, 
frequentemente, o caos é estabelecido. Há em comum, no entanto, com as duas situações, a necessidade de 
resposta organizada, gerenciada com base em conceitos estratégicos, gerenciamento de crise e qualidade 
no atendimento.
Os chamados eventos críticos de grande porte, como acidentes com múltiplas vítimas e desastres, além 
de causarem comoção popular, requerem atendimento básico e especializado, de forma coordenada e 
baseada em planejamento adequado à realidade local, bem como treinamento continuado das equipes de 
emergência e da população.
A resposta de emergência deve ser baseada nessas situações de forma integrada, com comando unificado 
pelo conceito internacionalmente conhecido como “Incident Command System”, ou seja um sistema de 
comando para incidentes, em que as diversas faces da resposta, como operações e logística, são tratadas 
de forma objetiva e com planejamento focado nas ações em curto, médio e longo prazo.
Em situações de desastre, como furacões, ou em grandes tempestades onde há isolamento e grande 
destruição de cidades, sobretudo no interior do país, frequentemente há um número de vítimas superior 
à capacidade de resposta das equipes de atendimento e hospitais da região. O atendimento é usualmente 
descoordenado e até mesmo improvisado. Poucas são as cidades preparadas para contingenciamento de 
emergências e desastres. Não há diferenças entre desastres e catástrofes. Ambas palavras possuem o mesmo 
significado. No entanto, encontramos com maior frequência, em inglês e em espanhol, o equivalente 
à desastre (disaster e desastre, respectivamente), enquanto os franceses preferem o equivalente à 
catástrofe (catastrophe).
Os nossos problemas começam a partir da definição. Não há um consenso, em nosso país, quanto a esses 
termos, apesar de internacionalmente consolidados.
A Defesa Civil brasileira considera desastre “o resultado de eventos adversos, naturais ou provocados 
pelo homem, sobre um ecossistema vulnerável, causando danos humanos, materiais e ambientais e 
consequentes prejuízos econômicos e sociais”. Esta é uma definição ampla demais e se a adotássemos, 
praticamente qualquer evento da natureza que provocasse qualquer tipo de dano ou prejuízo seria 
considerado um desastre, o que gera um grande problema, pois, assim, quando acionar um Plano de 
Desastres? A Defesa Civil (<http://www.defesacivil.gov.br/desastres/recomendacoes/declarar/index.
asp>) adota ainda os termos “Emergência em Desastre” e “Estado de Calamidade em Desastres”, o que 
acaba gerando alguma confusão e redundância, pois, por definição internacional, um desastre já é uma 
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situaçãode emergência e de calamidade pública. Seria muito importante que todos seguissem a mesma 
nomenclatura e doutrina, no caso, a internacional.
Uma situação de desastre requer o esgotamento da resposta local, pela superioridade da magnitude do 
evento. Assim, adotaremos a definição internacionalmente aceita de desastre, que é aquela definida por 
Ciottone, em seu livro Disaster Medicine (2007), “Desastre é qualquer evento que excede a capacidade 
organizada de resposta da sociedade”. Ou seja, não basta um evento ser de grande magnitude, nem crítico, 
nem que cause muitos danos ou muitas mortes. Para ser um desastre, a capacidade de resposta organizada 
deve ser excedida pelo impacto ocorrido. Do contrário, teremos acidentes com múltiplas vítimas ou 
mesmo grandes tragédias, que implicam dor e sofrimento, mas não se traduzem por planos específicos.
Os incidentes são definidos pela FEMA, como sendo “uma ocorrência, seja causada pelo homem ou por 
um fenômeno da natureza, que requer ações de resposta para prevenir ou minimizar perdas de vida ou 
danos à propriedade e/ou ao meio ambiente”. É com esta definição que iremos trabalhar.
A formação de Gabinete de Crise é comumente negligenciada e muitos são os mitos que envolvem 
o atendimento de emergências e desastres. O Gabinete de Crise, no entanto, deve providenciar o 
gerenciamento de informações e do conhecimento necessário ao gerenciamento completo do evento, 
bem como a integração e a coordenação da resposta como um todo.
Os desastres quanto à sua natureza podem ser os seguintes.
 » Naturais: tornados, furacões, terremotos etc.
 » Provocados pelo homem: terrorismo, incêndioss, acidentes aéreos etc.
 » Mistos: parte causada pelo homem e parte decorrente de fenômeno da natureza.
Ex.: Uma pessoa atira um cigarro aceso na mata, que, por estar muito seca e o vento 
favorável, produz incêndio florestal.
 » Siderais: Causados por elementos espaciais
Para fins didáticos, podemos dividir os eventos críticos e, particularmente, os encontrados em Emergências 
e Desastres.
 » Pré-Impacto
 » Impacto
 » Pós-Impacto
Fase pré-impacto
Fase em que não há situação de desastre declarada. Vai desde a completa ausência de indícios da iminência 
de um desastre até a sua ocorrência.
É nesta fase que trabalhamos na prevenção.
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Precisamos cultivar a cultura de que a ocorrência de um desastre em nossa comunidade, não é uma 
questão de “se”, mas de “quando”. Não há nenhuma comunidade ou região do mundo imune a um desastre.
Em emergência, a ocorrência de desastres no passado pode servir de alerta para o futuro, mas a 
ausência de desastres no passado serve apenas para estatística, não servindo como fator preditor para 
situações futuras. 
A fase de pré-impacto é assim constituída.
 » Análise de Vulnerabilidades, Ameaças e Riscos
 » Planejamento
 » Sistemas de Contingenciamento
 » Treinamento
 » Monitoramento de situações de risco potencial
 » Alerta
 » Alarme
análise de vulnerabilidades, ameaças e riscos
Este foi o tema de nossa primeira disciplina do curso, propriamente dito, dada a sua importância na 
prevenção de crises.
Não há hipótese de se realizar uma prevenção bem feita se não sabemos quais são nossos pontos fracos, 
fortes, nossas vulnerabilidades, quem nos ameaça e o risco a que estamos expostos.
Quem deve ser o responsável por este levantamento e análise? Em um nível micro, representado pelo 
ambiente de uma empresa, a própria instituição deve realizá-lo, por meio da Comissão de Prevenção de 
Acidentes e da Medicina e Engenharia do Trabalho. Mesmo porque além de ser obrigação legal, prevista 
na normativa do Ministério do Trabalho, é de total interesse da corporação a prevenção de acidentes e 
desastres. Infelizmente, na prática, as CIPAs com frequência se limitam a atender ou verificar os acidentes 
depois de ocorridos, algumas nem isso fazem. Poucas empresas possuem brigadas de incêndio e, menos 
ainda, análise de risco.
Em nível comunitário, municipal ou estadual, esta competência deve ser dos órgãos de Defesa Civil. 
Isso não significa que à própria Defesa Civil tenha que executar o trabalho em si, mas coordenar a 
sua elaboração e sua análise, visando à construção de mapas de risco, planos de contingenciamento, 
treinamentos e demais elementos desta fase. Aliás, um ponto precisa ser deixado claro: a Defesa Civil, não 
é órgão executor, mas de planejamento e coordenação, não faz sentido, portanto, como vemos em alguns 
locais do país, viaturas da Defesa Civil prestando atendimento de emergência, remoção de cadáver, entre 
outras ações que deveriam ser de responsabilidade de órgãos executores, como o Corpo de Bombeiros, 
por exemplo.
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O fato da Defesa Civil não ser órgão executor, não a exime de estar à frente das ações que precisam ser 
coordenadas, pois esta é a sua função e mais tarde veremos como isso deve se dar.
A forma mais fácil e prática de realizar mapas de risco nas comunidades é trabalhar em conjunto com os 
moradores locais. Os órgãos encarregados de fazerem o estudo de risco da região, para posteriormente 
encaminharem à Defesa civil, ao entrarem em contato com os habitantes da região, além de poderem 
obter apoio e confiança importante, que é recíproca, poderão conhecer, mais de perto, situações que 
não serão reveladas por mapa ou satélite, como pontos de alagamento. É importante, também, que a 
população veja nesses profissionais, um apoio e não a desconfiança. Podem achar, por exemplo, que trata-
se de fiscais do governo ou de pessoas com outros interesses. 
Nesse sentido, há muitas comunidades que possuem um Conselho Local de Segurança Comunitária, em 
que são discutidas temas relativos à Segurança Pública, com representantes do governo e da comunidade.
Uma vez que os dados são obtidos, devem ser analisados e mapas de risco construídos e encaminhados 
à Defesa Civil municipal, no caso do Distrito Federal, a estadual. Infelizmente não é assim que ocorre de 
forma rotineira em nosso país e ainda há muitos municípios que não possuem Defesa civil organizada.
Nessas situações, os mapas de risco devem ser construídos e encaminhados à Prefeitura, para serem 
consolidados, posteriormente, em um Plano de Contingências.
Planejamento 
A fase seguinte ao levantamento das vulnerabilidades e ameaças é a análise dos dados obtidos para a 
quantificação de risco e posterior elaboração dos mapas de risco da região.
Concluída essa operação, dá-se início ao Planejamento. O que será planejado? Serão construídos Planos 
de Contingenciamento e Planos de Desastre, que não são sinônimos.
Nos Planos de Desastre, são elencadas as condições para decretação de desastre e como se dá o 
desencadeamento das ações necessárias à sua resposta. (Na prática, quem faz o que, por que faz, quando 
faz, quem liga para quem e como é feito). De uma forma geral e integrada, sem pormenorizar os tipos de 
desastre e nem ações específicas.
É importante, no planejamento, que haja representantes, com formação na área, de diferentes órgãos 
executores, mas, obrigatoriamente, da Secretaria de Saúde, do Corpo de Bombeiros, da Polícia 
Militar, da Secretaria de Segurança, de Viação e Obras, entre outros que sempre precisam trabalhar de 
forma integrada.
O Plano de Desastres surgido deverá ser do conhecimento de todos os órgãos do sistema que, de alguma 
forma, participam da prevenção e resposta organizada a desastres.
sistemas de contingenciamento
A partir do Plano de Desastre, são elaborados Planos ou Sistemas de Contingenciamento. O que 
isso significa? 
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Nos Planos ou Sistemas de Contingenciamento, são elencadas hipóteses para cada tipo de situação 
prevista e priorizada, conforme o mapa de riscos. Por exemplo, em um plano destes, podemos ter como 
hipótese 1, incêndio na refinaria da região e, a partir dessa hipótese, é elaborado todo o planode ações a 
serem empregadas, de forma detalhada. Todos devem conhecer a fundo o Plano de Contingências? Não. 
Os responsáveis pelos órgãos , os planejadores e encarregados de coordenação, sim. Os operadores devem 
saber o que é de responsabilidade deles, executar, o que não deve ser confundido com o compartilhamento 
de informações, que deve ser do conhecimento de todos.
Esse compartilhamento significa que as informações com relação à evolução do incidente devem ser de 
conhecimento de todos os envolvidos na operação, mas não dá direito a eles, a repassá-las ao público, o 
que é prerrogativa de responsável pela Comunicação da Crise, o que será posteriormente estudado.
Conhecer a fundo um Plano de Contingências significa ter à mão todas ações a serem desenvolvidas por 
cada um dos órgãos do sistema e, portanto, esta é uma função e responsabilidade dos coordenadores do 
sistema de comando de incidentes (Incident Comanders), como estudaremos em outra disciplina.
treinamento
O treinamento é uma das atividades mais importantes, mas frequentemente negligenciada. Muitos 
profissionais entendem que, pelo fato de serem graduados em suas profissões, não precisam receber mais 
treinamentos, sobretudo de outras áreas.
A equipe médica, por exemplo, deve ser muito bem treinada não apenas em suporte avançado de vida, 
mas também em suporte básico de vida, pois, em uma parada cardíaca, as medicações e os procedimentos 
avançados são muito importantes. Se o paciente não recebe o suporte básico de forma adequada, não 
estará sendo atendido como deveria e as chances de insucesso são muito grandes.
O treinamento das equipes obrigatoriamente deve seguir dois caminhos. O primeiro é a seleção de quem 
será treinado e, em seguida, que tipo de treinamento será oferecido e com que frequencia.
No processo de selecionar quem será treinado, deve-se estabelecer uma prioridade. Profissionais da área 
de Saúde e de Segurança Pública devem ser os primeiros.
Todo servidor da área de Segurança Pública (incluindo policiais e bombeiros) e profissional de saúde 
(incluindo médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, terapeutas ocupacionais, odontólogos, 
fonoaudiológos) devem ser certificados em suporte básico de vida e revalidados periodicamente. Nenhum 
profissional dessas áreas poderia trabalhar sem sua certificação em dia, o que significa não apenas 
participar de um curso de suporte básico de vida, mas ser aprovado em questões teóricas e práticas.
Nesse treinamento deve estar incluído o uso do desfibrilador externo automático e suporte de vida 
no trauma, o que inclui atendimento com grande número de vítimas e desastres. Não é aceitável que 
um profissional de segurança pública ou de saúde não estejam preparados para atendimento de 
primeiros socorros.
A segunda fase do treinamento implica aprofundar os conhecimentos específicos e ampliar o básico. 
Assim, o suporte básico de vida deve ser extendido a professores, taxistas, motoristas de coletivos e, 
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posteriormente, à população como um todo. Não há explicação lógica do ensino de primeiros socorros 
não ser obrigatório no Ensino Fundamental e Médio, ao lado de aulas de cidadania. Como também 
o motivo de não se ensinar o suporte básico e o avançado na maioria das faculdades de Medicina. É 
absurdo, mas a maioria dos médicos sai da faculdade sem ter recebido treinamento teórico-prático em 
suporte avançado de vida.
O treinamento especializado passa a ser direcionado às equipes de socorro propriamente ditas. O 
ensinamento deve ser compartilhado. Um curso de Resposta a Desastres deve ser feito por equipes de 
bombeiros, policiais, SAMU, equipes de saúde dos hospitais, como também de serviços privados. É 
um grave erro acreditar que a rede privada de saúde, o que inclui serviços de emergência móvel, não 
contribuem ou não são necessários ao sistema de resposta em emergências e desastres. O que conta não 
é quem atendeu o paciente, mas se ele foi atendido dentro dos padrões de tempo-resposta preconizados.
Há muitos serviços privados de alto padrão e, com frequencia, os mesmos médicos que trabalham no 
SAMU também são plantonistas em serviços privados. O que falta, no entanto, é uma coordenação desses 
serviços na esfera do atendimento, em situações de múltiplas vítimas.Deve estar bem estabelecido, não 
apenas no papel, mas por intermédio de simulações e de treinamentos conjuntos, como esta coordenação 
se dará.
Planos só irão funcionar se forem testados. Simulados em que tudo “correu bem” devem ser vistos com 
desconfiança. Aliás, uma questão frequentemente levantada é : Qual o termo correto, simulacro ou 
simulado? O simulacro é algo que é falso, mas é feito para se passar por verdadeiro. Um simulacro de 
uma bomba, por exemplo, pode enganar muitos profissionais, que acabam levando o objeto para um 
local distante e explodindo-o. Um simulado, por sua vez, é um teste ou uma imitação de condições reais, 
para que possam ser avaliados diferentes aspectos. Um simulador de voo, por exemplo, faz com que 
as condições encontradas sejam as mais próximas do real, mas o piloto que está sendo treinado tem 
consciência de que não se trata de uma situação real.
Quando vamos fazer um treinamento com equipes de socorro, na resposta a desastres ou emergências, 
estamos diante de um simulado, pois todos têm a percepção de que é um treinamento e não uma situação 
real, do contrário estaríamos colocando em sério risco os participantes do simulado. Se um médico 
acreditasse que está diante de uma situação real, poderia iniciar um procedimento em um ator, alguém 
que está ali apenas para representar uma situação. O fato de ser um simulado, no entanto, (drill em inglês), 
não significa que as equipes que estão sendo treinadas não devem agir como se a situação fosse real. Pelo 
contrário. As ações devem ser as mais próximas da realidade possível, mas sempre com a limitação de 
tratar-se de uma simulação. É um erro muito grave realizar um simulacro de incêndio em um prédio, para 
se testar a evacuação. Ou seja, fazer com que as pessoas acreditem que de fato o prédio está pegando fogo, 
pois pode gerar consequencias desastrosas, como pânico. Nada impede que um serviço de resgate faça 
um simulacro, desde que sejam adotadas medidas rigorosas de segurança e dentro de um cenário isolado, 
para que não haja acionamento real de outros serviços e pânico na população.
As comunidades que vivem e/ou trabalham em locais de risco também devem ser treinadas, não apenas 
em primeiros socorros, mas na prevenção de acidentes e desastres. 
Cursos de longa duração são aceitáveis quando estamos fazendo uma graduação ou especialização, mas, 
para treinamento das equipes, o melhor é trabalhar com módulos de ensino.
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Equipes de saúde devem receber treinamento de resgate e salvamento? Não o mesmo recebido pelos 
bombeiros, que realizarão esses procedimentos, mas devem conhecer o trabalho dos bombeiros para que 
atuem em conjunto.
A responsabilidade dos treinamentos é de cada serviço, mas o órgão coordenador de prevenção e resposta 
a desastres, a Defesa Civil, deve garantir que os treinamentos estão sendo realizados e, com frequencia, 
patrocinar e promover a integração e a execução de simulados.
Simulado de Emergência Aeronáutica
Fonte: www.ms.gov.br
monitoramento
O monitoramento de qualquer situação com potencial de crise é que permitirá o conhecimento antecipado 
de que algo grave está para acontecer.
Em Defesa Civil, este monitoramento se dá sobretudo com relação aos fenômenos da natureza. O Brasil 
não está isento nem imune de ocorrências graves como tornados e furacões. O maior pecado a ser 
cometido no monitoramento é pensar que um fenômeno não pode ocorrer, simplesmente porque não há 
registro de ter ocorrido anteriormente naquela região.
O monitoramento e as consequentes ações de alerta, alarme e resposta ao furacão Catarina foi imperdoável.Até mesmo após a passagem do furacão, muitos meteorogistas brasileiros continuavam afirmando que se 
tratavade um ciclone extratropical, quando seus colegas americanos já haviam feito o alerta de furacão 
para região.
Haverá outros furacões que poderão ocorrer em qualquer parte do litoral brasileiro. Isto é fato, dada a 
questão do aquecimento global. Houve algum investimento ou ação destinada a promover a evacuação 
rápida da população? Podemos com segurança afirmar que não. Se há planos, não foram testados e nem 
a população informada. Se não foi testado, o plano não existe.
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Nas cidades americanas, mais sujeitas a furacões, há placas de sinalização, mostrando as rotas de evacuação 
a serem utilizadas em situações que requeiram a saída rápida da população do local de risco.
Meteorologista monitorando furacão
Fonte: Enciclopédia Britannica
A recente situação, ocorrida em Santa Catarina, mostra bem o que representa um monitoramento 
inadequado. Monitorar uma situação não é apenas checar como ela está, mas avaliar quais as chances de 
evoluir de forma desfavorável e emitir alertas e alarmes necessários.
Em Segurança Pública, outra forma de monitoramento é realizada por intermédio do emprego de 
câmeras de vídeo. Em diversas cidades, como Londres, por exemplo, há câmeras espalhadas por todas 
as regiões, o que permite o acompanhamento real e ao vivo de tudo que ocorre nas ruas. Há diversas 
cidades brasileiras, como também rodovias, que possuem câmeras. Aqui também é importante que haja 
a integração com a resposta rápida e eficiente, do contrário, os policiais apenas assistirão a ocorrência 
do crime e, quando muito, poderão, posteriormente, identificar os suspeitos mas o objetivo maior do 
monitoramento, é inibir a ação ou interromper a sua realização.
Outra forma de monitorização está no uso de GPS para identificação e localização das unidades móveis 
mais próximas da ocorrência, de tal forma a diminuir o tempo-resposta. 
alerta
Um sistema de alerta eficaz e eficiente é aquele que é iniciado em tempo adequado para as ações 
de prevenção tardia e resposta. Estamos aqui chamando de prevenção tardia aquela que deveria 
já ter sido realizada, não foi, mas ainda é possível de ser feita, não com os mesmos resultados, 
mas ainda importante. É o caso, por exemplo, do indivíduo que é avisado do risco de habitar uma 
região ribeirinha. Ele não aceita os avisos de abandonar a região e lá permanece. Surge, então, 
o aviso de que fortes chuvas na região poderiam provocar um aumento no volume de água do 
rio próximo à sua casa e ele acaba saindo antes que possa haver uma enchente devastadora. Ele 
agiu preventivamente, ainda que tardiamente. Por que a ação dele não foi uma resposta? Porque 
a enchente ainda não havia ocorrido. Estamos ainda na fase de pré-impacto, lembram-se?
Um alerta deve produzir um alarme de forma satisfatória. Infelizmente os sistemas de alerta em 
nosso país, são muito ruins, quando existem.
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Vejamos a situação da meteorologia. São emitidos alertas meteorológicos que são enviados para 
a Secretaria Nacional de Defesa Civil e, eventualmente, para as regionais ou municipais. Quais 
ações resultam a partir daí? 
Nenhum hospital, aliás, recebe alertas de fortes ventos, de possibilidade de tornados na região 
ou qualquer outro tipo de alarme.
Colocar a informação em sites da internet e nos noticiários de televisão, ainda mais quando não 
são acompanhados de informações relevantes para resposta, é extremamente ineficiente.
Quais medidas de prevenção tardia ou de resposta precoce foram adotadas na recente enchente 
em Santa Catarina? 
Falta a cultura da prevenção e das ações voltadas para a construção de cenários, sobretudo em 
emergências e desastres.
Nos Estados Unidos, são emitidos boletins meteorológicos várias vezes ao dia e, em casos de 
alerta de tempestades severas, são veiculadas informações precisas de como a população deve 
agir. As rádios recebem interrupção em sua programação, com informações urgentes sobre a 
tempestade que se aproxima. Nada disso ocorre no Brasil, apesar de termos tornados. Não com 
a mesma frequencia que nos Estados Unidos, mas nem um sistema de alerta semelhante ocorre 
por aqui.
Boletim meteorológico do National Weather Center (USA) com alertas 
Fonte: WWW.spc.noaa.gov
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alarme
Um sistema de alarme adequado é aquele que é facilmente identificado como sinal de 
que uma situação crítica está em curso e que todos devem seguir imediatamente um plano 
 bem estabelecido.
Todos hoteis devem possuir alarmes de incêndio, com planos de evacuação localizados nas 
portas de entrada de quartos, luzes e saídas de emergência, de fácil acesso, além de dispositivos 
de combate ao incêndio, como sprinklers, extintores, entre outros. 
Infelizmente há muitos hoteis em nosso país que não possuem alarmes, os dispositivos de 
combate e prevenção estão vencidos, o mesmo ocorrendo com prédios públicos e comerciais.
Em outros locais, o acesso às viaturas de incêndio está comprometido pelo alto fluxo de veículos 
na região, entre outros problemas.
Alarmes em Segurança Pública também são utilizados em bancos e locais onde haja necessidade 
de aviso imediato da polícia.
Ao falarmos de Defesa Civil, no entanto, preocupa-nos a falta de alarmes nas cidades, para aviso 
do impacto de fenômenos naturais de grave potencial de dano. Não há, de uma forma geral, 
qualquer tipo de alarme nas cidades, tampouco planos rápidos de evacuação e abrigos para a 
população em caso de graves tempestades , tornados e furacões, por exemplo.
Antes do furacão Catarina, havia a “desculpa” de que se acreditava que nosso país era imune a 
furacões. No entanto, houve o furacão, com sérios danos e nada de concreto mudou em termos 
de alerta e alarme. Em breve, teremos mais furacões, tornados e, infelizmente, mais danos. 
A falta de planejamento e prevenção, com frequencia são mais devastadores do que muitos 
fenômenos da natureza.
Quando assistimos pela televisão, em 11 de setembro de 2001, os atentados às torres gêmeas 
do World Trade Center e vimos, horrorizados, o segundo avião se dirigir-se a uma das torres, 
em transmissão ao vivo, estávamos presenciando aos momentos finais da fase de pré-impacto, 
quando mais nada poderia ser feito para impedir o impacto. Isto significa que as pessoas que 
morreram naquele atentado não poderiam ter sido salvas? Bom, isto já é uma outra história, pois 
há diversos trabalhos mostrando que foram cometidas falhas inaceitáveis de resposta, apesar do 
heroísmo de todos naquele dia.
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Atentado no WTC-11/09/2001
Fonte: http://www.youdecidepolitics.com
Fase impacto
A fase de impacto é o momento em que ocorre o evento crítico propriamente dito. Tanto pode 
representar uma situação verdadeira de impacto, como a queda de uma aeronave, quanto pode 
ser o momento em que se iniciou um ataque bioterrorista, que será mortal, mas silencioso, em 
que levará algum tempo até que todos percebam terem sido vítimas de um atentado.
Se a fase de impacto foi precedida por medidas preventivas adequadas, eficazes e eficientes, 
há grandes chances de minimização dos efeitos do impacto. Há situações que poderiam se 
transformar em um desastre, mas graças a medidas preventivas, ocorrem danos na região, 
possivelmente mortos e feridos, o que seria uma tragédia, mas não um desastre. Por outro lado, 
há desastres, que poderiam ter sido totalmente evitados.
Em 1989, na cidade de São Francisco, ocorreu um terremoto de grau 6,9 na escala Richter. Esta 
escala foi construída, em 1935, pelos sismólogos Charles Richter e Beno Gutemberg. Inicialmente 
esta escala ia de 0 à 9, onde 0 seria o menor terremoto possível e 9, o maior. No entanto, hoje 
se sabe que não há um número inferior ou superior que possa ser consideradolimite e a escala, 
muitas vezes, tem sido chamada de escala aberta de Richter. Em 1960, no Chile, foi registrado o 
maior terremoto da História, atingindo 9,5 nesta escala.
Terremotos como o de 1989, em São Francisco, ocorrem em média 100 a 120 por ano, em 
todo o mundo. Neste que ficou conhecido como terremoto de Loma Prieta (montanha negra, 
em espanhol), devido ao epicentro ter ocorrido perto desse local, deixou 63 mortos e quase 
3.800 feridos.
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Loma Prieta-1989
Fonte: www.nasa.gov
Em 2006, um terremoto de grau 6,2 na escala Richter matou mais de 6.000 pessoas na ilha de Java, na 
Indonésia, deixando cerca de 20.000 feridos.
<Leia mais em: http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2006/05/29/ult34u155379.
jhtm>
Faça uma análise de por que um terremoto com intensidade inferior ao dos Estados 
Unidos foi muito mais devastador. 
Durante a fase de impacto, são colocados em prática todos planos de Desastre e de Contingência.
A fase de impacto, é divida didaticamente assim.
 » Alarme
 » Resgate
 » Socorro
 » Busca e Salvamento
Uma vez que o alarme é acionado na fase de pré-impacto, só é desativado após a ocorrência do impacto 
e, por esta razão, começamos a fase de impacto com o alarme.
Tão logo o evento crítico tenha sido iniciado, as operações de resgate, de socorro e de busca e salvamento 
são disparadas. Tanto o resgate quanto o salvamento são normalmente praticados por bombeiros, mas 
há muitas regiões do Brasil, onde não há bombeiros militares. Em algumas cidades do sul do país, por 
exemplo, encontramos unidades de bombeiros voluntários muito bem organizadas e treinadas. Em 
muitos outros municípios, não há nenhum tipo de socorro organizado, o que complica muito a situação 
das vítimas, pois as operações de socorro, resgate e salvamento praticadas por profissionais acaba sendo 
realizada de forma tardia. É fundamental que as prefeituras assumam um papel de pró-atividade na 
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elaboração de Planos de Desastre e de Contingência para seus municípios, o que inclui a organização e o 
treinamento de equipes de pronto-emprego.
Bombeiros Voluntários do Rio Grande do Sul
O socorro às vítimas obedece a seguinte sequência.
1. Chegada ao local
2. Segurança do local e avaliação do cenário
3. Chamada de socorro adequado (reforço), se necessário
4. Isolamento
5. Contenção (evitar propagação do incidente)
6. Posto de Comando
7. Acesso às vítimas e triagem
8. Socorro às vítimas
9. Transporte das vítimas
10. Chegada ao hospital
Zonas
Em incidentes críticos, utiliza-se o conceito de zonas, da seguinte forma.
Zona Quente – local do incidente, onde há grave risco de lesões e/ou morte.
Zona Morna – local próximo ao incidente, onde há risco moderado para os que ali estão. Neste 
local é realizada a triagem e atendimento inicial de feridos.
Zona Fria – local seguro, para onde devem ser levadas as pessoas durante uma evacuação e onde 
devem permanecer as equipes de socorro que não estejam diretamente envolvidas nas operações 
de resgate das vítimas.
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Zona Quente
Zona Morna
Zona Fria
triagem
Em incidentes com múltiplas vítimas e desastres, há necessidade de avaliação das vítimas, com 
vistas a definir as prioridades de atendimento. Este processo é conhecido por triagem.
Na prática, de acordo com as recomendações internacionais, é estabelecida uma área segura para 
a realização da triagem, que deve ser em local próximo o suficiente para que as vítimas possam 
ser facilmente transportadas e distante o suficiente para não oferecer riscos aos que ali estão 
(Zona Morna).
As vítimas são classificadas conforme a gravidade.
 » Vermelho – risco iminente de morte
 » Amarelo – necessidade de atendimento urgente mas sem risco iminente de morte
 » Verde – necessita atendimento médico mas pode aguardar
 » Preto (mais comum), branco ou preto com branco – vítimas fatais 
Uma vez classificadas, as vítimas são transportadas para áreas identificadas com as respectivas cores e as 
vítimas passam a portar um cartão que define sua prioridade. Como a triagem é dinâmica, as prioridades 
podem mudar ao longo do atendimento. 
As vítimas são transportadas de acordo com as prioridades estabelecidas. As vítimas “amarelas”, só podem 
ser transportadas após as “vermelhas.”
O método de triagem mais utilizado no pré-hospitalar é conhecido por START e é, assim, esquematizado.
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A Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) oferece uma excelente 
simulação on-line de desastres, incluindo exercícios de triagem, que pode ser acessada gratuitamente em 
http://www.virtual.epm.br/cursos/desastre/index.php.
Baseado nas informações sobre triagem, classifique as seguintes vítimas, de acordo 
com as prioridades, no sistema de cores.
Vítima 1
Enchimento capilar = 6 segundos. 
A vítima encontra-se caída próxima aos escombros do desabamento. 
Confusa. 
A vítima respira. 
FR = 36 rpm. 
Não responde ordem verbal. 
É necessário imobilização completa da coluna cervical com colar semirrígido, 
coxins laterais e prancha longa. 
A equipe de segurança já entrou no local. Não há risco. 
Vias aéreas pérvias.
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Vítima 2
Enchimento capilar = 1,5 segundos. 
Achada escondida sob escombros. 
Orientada e muito gemente. 
A vítima será certamente avaliada posteriormente. 
Consegue falar. 
FR = 28 rpm. 
Obedece ordem simples. 
A vítima será encaminhada sozinha. 
Os bombeiros já retiraram todos os escombros que encobriam a vítima. 
Via aérea pérvia.
Vítima 3
Enchimento capilar ausente. 
Escondida sob muitos escombros, apresentando intenso sangramento na cabeça. 
Inconsciente. 
A vítima será avaliada posteriormente. 
Após o posicionamento das vias aéreas, a vítima continua em apneia. 
Respiração ausente. 
Não responde ordem verbal simples. 
A vítima está imóvel. 
A equipe de segurança já retirou os escombros próximos à vítima. 
Não respira.
socorro às vítimas
No atendimento às vítimas, não há diferença no Suporte Básico e Avançado de Vida a ser prestado, 
quando comparado àquele realizado rotineiramente pelos serviços de emergência.
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Uma vez definidas as prioridades, as vítimas devem ser atendidas de acordo com os protocolos 
internacionais.
Todos os profissionais de segurança pública, têm a obrigação de saber prestar o suporte básico de vida e 
todos os médicos e os enfermeiros devem estar aptos a prestar o suporte avançado de vida, dentro de suas 
competências profissionais.
Há diversos sites com informações sobre suporte básico de vida.
<http://www.bombeiros.go.gov.br/downloads/pdf/Resgate-Protocolo%20 
Basico.pdf>
As novas recomendações internacionais para suporte básico e avançado de vida 
podem ser encontradas, em português, no site da Associação Americana do 
Coração (American Heart Association):
<http://www.americanheart.org/downloadable/heart/1141072864029CurrentsPo
rtugueseWinter2005-2006.pdf>
Fase pós-impacto (pós-crise)
Didaticamente podemos afirmar que o pós-crise tem início após a ocorrência do impacto e o fim das 
operações de socorro, resgate e busca e salvamento.
Divide-se em dois momentos. 
 » Recovery
 » Reconstrução
Há ainda alguma controvérsia neste tema, pois muitos colocam o pós-crise em uma única fase de 
reconstrução.
Não há uma única palavra em português que possa, com exatidão, traduzir recovery, que significa voltar 
ao estado original, ou seja, voltar como era antes do impacto.
É importante que esta ação seja lembrada, pois há necessidade da população voltar aos afazeres normais, 
como parte de sua recuperação. Se imaginarmos que apenas depois da reconstrução, isto irá ocorrer, 
poderemos estar falando de vários meses ou anos.
No recovery,especial atenção é dada aos aspectos psicológicos, sociais e econômicos e não apenas à 
questão material, comum, na reconstrução.
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1. Sua cidade possui um Plano de Desastres e de Contingências?
2. Você já recebeu treinamento para saber agir nessas situações, 
como cidadão?
3. Os hospitais de sua cidade estão preparados para resposta a incidentes 
com múltiplas vítimas?
4. Os hospitais possuem Plano de Desastres? E se essas instalações 
sofrerem um incêndio como o do Hospital das Clínicas de São Paulo, 
que em poucos meses sofreu dois incêndios?
5. Há uma integração entre os serviços de pré-hospitalar em sua região? 
6. Há Defesa Civil em sua cidade? Como é a atuação dela?
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CAPíTUlO 2
Emergências químicas, biológicas e radioativas
Em situações de emergência, podemos nos deparar com eventos bem distintos daqueles que são 
encontrados rotineiramente – são as Emergências Químicas, Biológicas e Radioativas.
emergências químicas
Há diversas possibilidades e situações que podem ser consideradas como emergências químicas. Podemos 
defini-las como todos eventos críticos em que haja a presença de substância química exposta, colocando 
em risco iminente de morte ou de grave problema de saúde a comunidade.
As situações, a seguir, são exemplos de emergência química.
 » Vazamentos de produtos químicos (Ex.: vazamento de gás de amônia em indústrias).
 » Acidentes (Ex.: derramamento de produtos em laboratórios químicos).
 » HAZMAT – (sigla americana para Hazardous Materials ou produtos perigosos). 
Uma das ocorrências mais comuns com produtos químicos; envolve acidentes com 
veículos que transportam essas substâncias.
 » Terrorismo químico.
Em 1984, na cidade de Bophal, na Índia, houve um grave vazamento de pesticida (isocianato de metila), 
produzida pela empresa Union Carbide. A quantidade de substância química vazada foi próxima de 
40 toneladas. O número de mortos chegou a 5.000, com 500.000 pessoas expostas. A estimativa foi de 
que cerca de 20.000 pessoas tenham morrido ao longo dos anos. Mais de 120.000 pessoas podem ter 
apresentado doenças decorrentes desse vazamento. Este evento é considerado o maior desastre industrial.
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Capa da Revista Time de 17/12/1984
Maiores informações podem ser encontradas em:
<http://en.wikipedia.org/wiki/Bhopal_disaster>
<http://www.bhopal.com/pdfs/browning.pdf>
<http://www.dnsy.se/_upload/lfm/2006/bhopal%20gas%20disaster.pdf>
<http://www.ehjournal.net/content/4/1/6>
<http://webdrive.service.emory.edu/users/vdhara/www.BhopalPublications/
Health%20Effects%20&%20Epidemiology/Health%20Effects%20Review%20
articles/Health%20Effects%20Review%20AEH.pdf>
<http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI433281-EI294,00.html>
Vídeos on-line da BBC:
<http://search.bbc.co.uk/search?scope=all&tab=av&recipe=all&q=bhopal+fac
es+risk+of+’poisoning’&x=0&y=0/>
Os pesticidas são extremamente tóxicos ao ser humano de uma forma geral. Segundo matéria publicada 
em diversos jornais estrangeiros, entre os quais o conceituado canal de TV RTP de Portugal, o Brasil 
foi o maior consumidor de pesticidas do mundo em, 2008 (<http://tv.rtp.pt/noticias/?t=Brasil-maior-
consumidor-de-pesticidas-do-mundo-em-2008---Estudo.rtp&article=214378&visual=3&layout=10&
tm=6>). Com o uso cada vez menor de organoclorados, a maior parte dos pesticidas é de organofosforados, 
altamente tóxico para os seres humanos.
Intoxicações com organofosforados são muito comuns, sobretudo entre agricultores. Mas, e se houver 
uma intoxicação em massa por essas substâncias? Como em um ataque terrorista, por exemplo, no que 
os americanos chamariam de agroterrorismo (quando empregado contra a agricultura de determinado 
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local) ou com uso de armas químicas, como os chamados nerve gas, que nada mais são que potentes 
compostos organofosforados, como o soman, Vx, sarin e tabun.
Mais à frente falaremos de agroterrorismo e de terrorismo químico.
Com relação ao uso de armas químicas, não podemos nos esquecer da utilização de nerve gas e gás 
mostarda pelo siraquianos contra os curdos, em 1988, na chamada Operação Anfal. Foi, talvez, a primeira 
vez na História que um país utilizou armas químicas contra seu próprio povo. Durante toda a campanha 
iraquiana contra os curdos, estima-se que entre 50.000 e 100.000 pessoas daquela etnia tenham sido 
mortas. Cerca de 250 cidades e vilarejos foram expostos a armas químicas. Na cidade de Kalbja, mais 
de 5.000 pessoas, incluindo mulheres e crianças, foram vítimas de armas químicas, sob o comando de 
Sadam Hussein.
Saiba mais sobre armas químicas e biológicas em:
<http://www.bbc.co.uk/portuguese/especial/1221_mff_bio/page8.shtml>
<http://www.pgr.mpf.gov.br/pgr/saude/aarmas.htm>
<http://emergency.cdc.gov/>
Saiba mais sobre a Operação Anfal em:
<http://www.hrw.org/legacy/reports/1993/iraqanfal/#Table%20of>
<http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2006/08/21/
AR2006082100959.html>
Um estudo clássico da utilização de armas químicas contra civis obrigatoriamente nos leva ao atentado 
terrorista deTókio, em 1995, com uso do gás sarin.
Um novo termo passou a ser conhecido pelos estudiosos em Homeland Security. Trata-se da 
Farmacologia Tática.
Esse termo surgiu, em 2002, no Teatro de Moscou. Um grupo de 50 terroristas tchetchenos fez 700 
reféns. Durante as operações de resgate de reféns, o governo russo utilizou um produto químico, cuja 
composição até hoje desconhecemos acomposição, resultando em 168 mortos, dos quais 118 reféns. 
Por se tratar de uma situação completamente atípica, em que foi utilizada uma substância química com 
finalidade específica de atingir os criminosos (a ideia era realmente matar ou imobilizar?), passou-se a 
falar em farmacologia tática. Naturalmente que, sob esse aspecto, poderíamos considerar que a utilização 
dos gases CS, principalmente com efeito lacrimogêneo, em distúrbios civis, também se encaixaria nessa 
definição; contudo, foi o evento de Moscou que trouxe à tona a discussão desse conceito.
Para saber mais acesse o site a seguir.
<http://www.bma.org.uk/images/DrugsasWeapons_tcm41-144496.pdf>
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Com relação a acidentes com transporte de produtos perigosos, sabemos que o assunto é vasto e que 
muito se pode escrever sobre ele.
Na teoria, apenas veículos especialmente destinados a esse fim, conduzidos por motoristas com curso 
específico para transporte de cargas perigosas, podem realizar essa atividade, em nosso país. Na prática, 
sabemos que muitas vezes são transportados produtos perigosos em caminhões sem qualquer tipo de 
sinalização, em condições precárias e com motoristas sem a menor noção sobre o tema.
Nos sites abaixo, poderão ser encontradas, diversas informações
sobre legislação, sinalização e treinamento na área.
<http://www.produtosperigosos.com.br/>
<http://www.antt.gov.br/faq/produtos_perigosos.asp>
<http://www.abiquim.org.br/>
<http://www.cepis.ops-oms.org/tutorial1/p/clasiden/index.html>
emergências biológicas
Há diversas possibilidades de encontrarmos emergências biológicas.
 » Epidemias e pandemias
 » Intoxicações alimentares
 » Contaminações acidentais
 » Bioataque
 » Bioterrorismo
emergências radioativas
Podem ser decorrentes das seguintes situações.
 » Vazamento radioativo
 » Contaminação radioativa acidental
 » Bomba-suja e terrorismo
 » Explosões atômicas
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Em 1986, o mundo assistiu, atônito, ao pior vazamento radioativo da História, em Chernobyl, na antiga 
União Soviética. Foram evacuadas 200.000 pessoas, com 56 mortos na fase inicial e estimativa de cerca 
de 4.000 mortes ao longo dos anos.
Para saber mais:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Acidente_nuclear_de_Chernobil>
<http://ngm.nationalgeographic.com/2006/04/inside-chernobyl/stone-text>

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