Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
8o. ano Volume 4 ooo Filosofia Decidir como conviver 24 Livro do professor © Sh ut te rs to ck /Il lin D en is Livro didático 4 • Todos têm os mesmos direitos e deveres? • Quem pode ser considerado “autoridade”? • Por que existem regras? • A vida seria melhor ou pior sem regras? • Quem define as regras? • As pessoas são obrigadas a cumprir regras o tempo todo? • Devemos obedecer a todas as regras que existem? Decidir como conviver 1 Encaminhamento de atividade. © Sh ut te rs to ck /A rth im ed es 2 Objetivos • Diferenciar a ética de outras formas de regulação da conduta humana (moral, direito, tecnolo- gias de controle). • Perceber a importância da ética para as mais diversas áreas do conhecimento. • Compreender a política como uma questão de organização das coletividades. • Valorizar e aprimorar os princípios da democracia. • Assumir responsabilidades. • Reconhecer as consequências de suas ações e decisões. Viver com... Quando chegamos a este mundo, somos recebidos por nossos familiares, vizinhos e amigos de nossa família. Com o tempo, as relações com essas e outras pessoas revelam-nos a importância e os desafios de conviver – palavra que significa viver com os outros. Em meio a esses desafios, deparamo-nos com regras que, muitas vezes, contrariam nosso desejo de liberdade. Regras que já existiam antes mesmo de nascermos ou que vão surgindo no decorrer de nossa vida. Nem sempre gostamos delas, mas, frequentemente, sentimo-nos obrigados a obedecer a elas, a fim de evitar punições. Diante disso, você já se perguntou por que existem regras e leis? Por que devemos respeitá-las? Qual a diferença entre elas? Ou, ainda, por que algumas pessoas detêm a autoridade para exigir nossa obediência? Essas perguntas já provocaram reflexões em pessoas dos mais diversos períodos e lugares, entre elas os filósofos. Então, venha conhecer algumas ideias interessantes que esse tema já despertou no decorrer do tempo. VOCÊS VÃO FICAR SEM CELULAR POR TRÊS DIAS, POR NÃO VOLTAREM DO PARQUE NA HORA COMBINADA. AVANÇAR O SINAL VERMELHO É UMA INFRAÇÃO GRAVÍSSIMA, COM VALOR DE MULTA PREVISTO E O MOTORISTA PERDE 7 PONTOS NA CARTEIRA DE HABILITAÇÃO. 2 Encaminhamento de atividade. As regras são normas de conduta que foram combinadas ou estabe- lecidas e devem ser seguidas em determinados locais e/ou situa- ções de acordo com os costumes. As leis são regras elaboradas pelas autoridades, prevendo direitos, de- veres, proibições e punições para os membros de uma comunidade. DK O E st úd io . 2 01 9. D ig ita l. De ko . 2 01 1. D ig ita l. 3 Olhar de filósofo 3 Encaminhamento de atividade. Antes das mais antigas reflexões filosóficas de que temos notícia, os povos recorriam às histórias, como os mitos e as lendas, para explicar ou justificar aspectos da realidade. Muitas dessas narrativas descreviam, de maneira simbólica, as origens de algo. Porém, com o surgimento da Filosofia, novas for- mas de raciocínio e investigação da realidade foram utilizadas, com o intuito de buscar respostas coeren- tes às maiores dúvidas humanas. Ainda assim, muitos filósofos empregaram alegorias para tornar mais claras as suas ideias. Alegorias são histórias que se valem de imagens e símbolos para representar algo. Em alguns casos, esse tipo de narrativa utilizado pelos filósofos se assemelhava aos antigos mitos, chegando a mencionar certos personagens mitológicos. Isso ocorreu, por exemplo, entre alguns pensadores gregos. Assim, em uma das obras de Platão (que viveu no século V a.C.), encontramos uma alegoria que tem o objetivo de ressaltar os princípios fundamentais para a convivência social. Segundo Platão, essa alegoria foi contada por Protágoras, um famoso pensador que viveu algumas décadas antes dele, atuando como uma es- pécie de professor que ensinava jovens a participar de debates públicos e de decisões políticas da cidade. VOU CONTAR COMO OS SERES HUMANOS DESCOBRIRAM A POLÍTICA E PASSARAM A SE ORGANIZAR, TORNANDO POSSÍVEL A CONVIVÊNCIA SOCIAL. ESSA HISTÓRIA COMEÇA COM DOIS IRMÃOS: EPIMETEU E PROMETEU, QUE SÃO PERSONAGENS DE UM DOS MAIS ANTIGOS MITOS DA GRÉCIA. Antes que os animais e os seres humanos viessem da terra para a luz, Epimeteu e Prometeu foram encarregados por Zeus de garantir a sobrevivência de cada espécie. Para isso, deveriam distribuir, entre as espécies, diversos atributos. Apesar de ser um pouco atrapalhado, Epimeteu pediu ao irmão que o deixasse responsável pela distribuição e, depois, revisasse seu trabalho. Assim, deu a alguns animais a força, a outros, a pequenez ou uma gran- de capacidade de reprodução. Também distribuiu asas ou velocidade e a proteção de pelos ou de um couro resistente, além de estabelecer a alimentação e a moradia para cada espécie. Na mitologia grega, Prometeu pertence à geração dos titãs, que surgiram antes dos deuses do Olimpo. Seu nome significa “previdente”, ou seja, “aquele que vê antes”. Irmão de Prometeu, Epimeteu significa “imprevidente”, ou seja, “aquele que vê depois”. Entre os deuses olímpicos, aque- les que viviam no alto do Monte Olimpo, Zeus é o principal. mitos: narrativas sobre períodos divinos, fabulosos ou heroicos. lendas: histórias tradicionais, criadas e transmitidas pela imaginação popular. Da ni el K le in . 2 01 9. D ig ita l. • Protágoras A palavra “política” vem de pó- lis, que significa cidade, ou seja, uma comunidade organizada. Na Grécia Antiga, especialmente em Atenas, os assuntos da ci- dade eram debatidos em praça pública (ágora). Portanto, mui- tos cidadãos participavam das decisões políticas, ou seja, as que diziam respeito à organiza- ção da vida na cidade. 8o. ano – Volume 44 Ao final, todas as espécies estavam em condições de sobreviver, mesmo que alguns animais servissem de alimentos a outros. Mas Prometeu constatou que o irmão havia se esquecido dos seres humanos. Eles continuavam sem defesas naturais, frágeis, nus e incapazes de produzir o necessário para sua própria sobrevivência. No entanto, os atributos haviam terminado e o tempo também. Por isso, Prometeu buscou uma solução alternativa: roubou o fogo dos deuses para entregá-lo à humanidade, mesmo sabendo que sofreria um severo castigo de Zeus por essa atitude. O fogo representava a inteligência e as artes características da civilização. Com ele, os seres humanos puderam afugentar as feras, cozinhar seus alimentos, além de transformar barro em construções, metais em armas e confeccionar objetos úteis. Mesmo assim, viviam isolados, pois não detinham a sabedoria política, ou seja, a arte da convivência social organizada. En- tão, quando se aproximavam uns dos outros, envolviam-se em disputas e violências, correndo o risco de desaparecerem. Por isso, Zeus determinou que Hermes levasse o respeito e a jus- tiça à humanidade, distribuindo-os a todos os indivíduos, para que convivessem de forma organizada e pacífica. Assim nas- ceu a política, trazendo com ela as regras, as leis e as punições para quem praticasse atos desrespeitosos ou injustos. Muito tempo depois, na Inglaterra do século XVII, o filósofo Thomas Hobbes publicou uma obra que trazia uma nova ale- goria para explicar o surgimento das leis e das autoridades. CASTIGOS mitológicos impostos por Zeus. [ca. 550 a.C.]. 1 taça espartana. Museu do Vaticano, Roma. Essa taça foi produzida na cidade de Esparta, aproximadamente no ano 550 a.C. A imagem pintada representa os castigos impostos por Zeus a Atlas e Prometeu, da mitologia grega. Atlas (à esquerda) foi condenado a carregar o mundo nas costas. Prometeu (à direita) foi preso no alto de um monte, para que a águia de Zeus bicasse diariamente o seu fígado. Um dos deuses olímpicos, Hermes é tido como mensageiro deles em relação aos mortais. A pronúncia de Thomas Hobbes é Tômas Róbes. VOU CONTAR COMO ERA VIOLENTA E PERIGOSA A VIDA NO ESTADO NATURAL, ANTERIOR ÀS LEIS, QUANDO TODOS PODIAM FAZER TUDO, MAS TEMIAM AS AÇÕESDE QUALQUER UM. No início, a condição humana era a de guerra de todos contra todos. Afinal, cada um era livre para fazer o que qui- sesse e tomar para si aquilo que desejasse. Portanto, não havia paz nem segurança para ninguém e todos temiam o perigo de uma morte violenta. Os seres humanos, então, concluíram que seria melhor que cada um cedesse par- te da sua liberdade em favor de um líder. Desse momento em diante, o líder seria a autoridade máxima, um soberano, e todos seguiriam as leis por ele estabelecidas. Assim, todos perderiam parte de sua liberdade, mas tornariam possíveis a sua própria sobrevivência e uma convivência pacífica com os demais. Depois disso, para evitar punições, cada um poderia fazer o que o soberano permitisse, deveria fazer o que ele exigisse e teria de evitar o que ele proibisse, por meio das leis. Da ni el K le in . 2 01 9. D ig ita l. © M us eu d o V ati can o, R om a • Thomas Hobbes Filosofia 5 Depois de conhecer essas duas alegorias, preencha os quadros em branco com as informações solicitadas. Organize as ideias Encaminhamento de atividade.4 Alegoria contada por Protágoras Alegoria contada por Hobbes Autoridade Autoridade Zeus Soberano Criar as leis. Súditos, cidadãos, população, povo. Distribuir os atributos para os seres vivos poderem sobreviver. Fazer apenas o que o soberano permitisse. Prometeu Revisar a distribuição dos atributos feita por Epimeteu. Fazer tudo o que o soberano exigisse. Hermes Levar a mensagem de Zeus para a humanidade ter respeito e justiça. Evitar (não fazer) tudo o que o soberano não permitisse. Ajudantes Responsável por Responsável por Abriram mão das liberdades individuais Responsáveis por Responsável por Responsável por Epimeteu 8o. ano – Volume 46 Reflexão divertida Hora de filosofar Depois de conhecer essas duas alegorias, reflita e converse com os colegas sobre as seguintes questões, justificando suas opiniões com argumentos. • Protágoras sugere que há uma relação direta entre o respeito, a justiça e as regras que organi- zam nossa vida social. Você concorda com essa opinião? • Hobbes sugere que atribuir autoridade a alguém é um modo de garantir uma convivência pacífica entre os seres humanos. Você concorda com essa opinião? • Quem são as pessoas mais indicadas para estabelecer regras e exercer autoridade sobre as outras? • Quais as diferenças entre autoridade e autoritarismo? Agora, registre sua própria resposta à questão: Como podemos diferenciar autoridade de autoritarismo? Encaminhamento de atividade e atividade da seção Hora de estudo.5 Reúna-se com os colegas e, seguindo as orientações do professor, criem e apresentem alegorias. Estas devem contar, de maneira simbólica, como vocês imaginam que tenha sido a origem dos seguintes aspectos da vida social: CONFLITOS REGRAS LEIS OBEDIÊNCIA PODER AUTORIDADES Encaminhamento de atividade.6 Regras para quê? A convivência humana é um tema filosófico de grande importância. Você sabia, por exemplo, que certos filósofos nos definiram como seres sociais e políticos por natureza? Um exemplo das definições de ser humano como ser social e político aparece na Antiguidade grega, como mostra a célebre afirmativa: “O homem é um animal político”, presente na obra Política, de Aristóteles. Outro exemplo aparece na Modernidade, expresso na obra O espírito das leis, de Montesquieu, que afirmava: “O desejo de viver em sociedade é para os homens uma lei natural”. Essa concepção permanece em voga no pensamento contemporâneo, como ressalta a seguinte citação de Pons e González: “O ser humano é social por natureza e necessita dos demais desde o seu nascimento até o fim da vida. Os seres sociais não são completos se lhes falta a relação com os outros; sua dimensão grupal é básica para desenvolver- -se completamente”. Filosofia 7 Reflita um instante sobre essas definições, perguntando-se o que elas têm a ver com a sua própria vida. Talvez você não se identifique logo com as expressões utilizadas, supondo que a “vida social” pertence apenas às pes- soas ricas ou famosas, e a “vida política”, apenas aos governantes. Mas o que os filósofos quiseram ressaltar com essas definições é o fato de que nenhum ser humano sobreviveria em total isolamento nem em total desordem. Para alguns pensadores, isso teria levado nossos ancestrais a se reunirem, formando grupos, como famílias, comunidades e sociedades. Ademais, foi preciso estabelecer regras e autoridades que organizassem a convi- vência entre os seus membros, dando início a um modo de vida marcado pela convivência e pela presença de regras nos mais diversos contextos. Afinal, além de orientar nosso comportamento, as regras nos garantem a posse daquilo que compramos ou ganhamos e nos indicam de que modo participar de um jogo, como vencê- -lo e assim por diante. Então, é provável que as regras estejam presentes até mesmo nas situações em que você se sente mais livre e descontraído. Você já havia pensado nisso? Conexões Você já se perguntou quais os objetivos das regras que nos cercam e que funções elas desempenham em nossa vida? Para falar sobre isso, a professora Maria Helena Pires Martins, da cidade de São Paulo, apresentando exemplos e explicações, recorre ao contexto de um jogo mundialmente apreciado: o futebol. Sugestão de atividade.7 Por que tenho de fazer isso? A vida em casa, com a família, a vida na escola e mesmo a vida no lugar onde trabalhamos é mais ou menos como um jogo de futebol: existem determinadas regras a que precisamos obedecer. No jogo de futebol, como na vida social, é necessário que a convivência entre os jogadores seja amistosa, uma vez que vão jogar como um time, como um conjunto, em que o bom de- sempenho de cada um vai depender da ajuda dos outros. Vamos tomar como exemplo as vezes em que o jogador passa a bola a um companheiro: do ponto de vista da proteção, o jogador deve chutar só a bola, não o jogador do time adversário. Essa regra é para a proteção de todos os jogadores. Quanto à organização, o time se divide em atacantes e defensores, com funções e posições bem diferentes no campo. Além dessas regras, para que um jogador não seja punido, precisa obedecer às regras internacionais do futebol: não tocar a bola com a mão (exceto se ele for o goleiro, é claro), não chutar em gol se estiver impedido e assim por diante. Do ponto de vista moral, também existe uma regra fundamental: o time deve jogar cada partida o melhor possível, cumprindo o seu dever para com o clube e a torcida e para consigo mesmo. Tanto os jogadores de futebol, se quiserem jogar em um time, quanto nós, se quisermos viver em sociedade, precisamos aceitar muitas regras. A convivência social exige que respei- temos os outros enquanto indivíduos e como coletividade, que sejamos justos, solidários na hora do aperto, honestos e tantas outras coisas. Desde muito pequenos aprendemos as regras de convivência na vida cotidiana com a família, com os amigos, com os colegas, em todos os espaços em que vivemos. Essas regras, entretanto, não são as mesmas em todas as casas, em todos os países, em todas as culturas. Elas podem ser diferentes. O que não muda, porém, é o fato de que sempre existem regras. De algumas nós gostamos. De outras não. Além disso, toda regra tem uma razão de ser e, assim sendo, pode ser discutida e explicada. MARTINS, Maria H. P. Eu e os outros: as regras da convivência. São Paulo: Moderna, 2001. p. 8-9, 13, 45. (Aprendendo a com-viver). 8o. ano – Volume 48 A autora menciona quatro tipos de regras: de convivência, de proteção, de organização e de moral no con- texto do futebol. Em duplas, procurem lembrar exemplos cotidianos de cada tipo de regra para preencher a tabela com as informações solicitadas. Depois, troquem ideias com a turma e o professor apresentando suas respostas e ouvindo as dos colegas. Regras Objetivo Local de uso Exemplo Convivência Proteção Organização Moral Encaminhamento de atividade.8 Hora defilosofar Discutir sobre as regras é uma oportunidade para entendê-las ainda melhor. Então, participe deste diálogo: • É possível uma pessoa viver sem regras? • É possível uma sociedade existir sem regras? • Você consegue imaginar qual foi a primei- ra regra que existiu? • Você já propôs regras para si mesmo? E para os outros? • A existência de muitas regras facilita ou dificulta nossa vida social? • As regras nos ajudam a decidir sobre nos- sos atos ou nos impedem de fazer isso? • Diante de novos problemas, devemos criar novas regras? • Quem cria as regras também tem de cumpri-las? • Devemos respeitar todas as regras que nos são apresentadas? • Existe uma regra universal? Depois da discussão sobre regras, responda à questão a seguir pensando no que você refletiu. Argumente para justificar sua resposta. • Qual a regra mais importante que existe? Encaminhamento de atividade e atividade da seção Hora de estudo.9 Pensar na importância das regras antes de pensar nelas como dever ou arbitrariedade. Filosofia 9 Posso ou devo? Quando compreendemos a importância e a necessidade de regras, podemos verificar o quanto elas inter- ferem em nossas ações. As regras são necessárias e auxiliam na convivência, no aprendizado, no lazer. Mas e os deveres? Como são vistos? Regras estão relacionadas a deveres? O que podemos fazer é equivalente ao que devemos fazer? Será que o dever é um resultado das tentativas de organização, polidez, proteção e da prática moral que a sociedade nos apresenta ou pode surgir de outro modo, como de nossa consciência? Saiba + Você sabe o que é “netiqueta”? Essa palavra é um neologismo formado pelas palavras “net”, do inglês network, e “etiqueta”, do inglês etiquette, referindo-se às regras de etiqueta. Ou seja, o termo “netiqueta” significa regras de etiqueta aplicadas aos ambientes virtuais da internet. Leia a seguir algumas dicas para “fazer bonito” nas redes sociais: • evite escrever com letras maiúsculas, pois em geral elas representam “grito”; • respeite as regras dos grupos dos quais participa; • evite repassar a mesma mensagem repetidamente, pois isso caracteriza spam; • seja educado e respeitoso, mesmo quando quer apresentar um ponto de vista divergente; • expresse ideias de forma clara e objetiva, evitando o uso de gírias e palavrões; • evite erros ortográficos, especialmente em e-mails ou comentários em fóruns e grupos. Encaminhamento da atividade e sugestão de atividade complementar.10 Hora de filosofar 1. Para pensar sobre a palavra “dever” e o que ela representa, busque lembrar em que momentos e em que situações você já a ouviu. Depois, escreva o que você conseguiu “resgatar” em sua memória acerca desse tema. 2. Apresente aos colegas o que você escreveu e verifique o que percebeu de semelhante entre as suas anota- ções e as deles. Então, registre uma ideia diferente das suas, que encontrou nesse diálogo com a turma. Encaminhamento de atividade.12 Encaminhamento de atividade.13 Encaminhamento de atividade.11 8o. ano – Volume 410 3. Agora, observe as frases a seguir e marque X para sinalizar aquela(s) com que você mais se identifi- ca. Aproveite para trocar ideias com os colegas a respeito de suas escolhas e das deles. Olhar de filósofo Considerando essa visão de Kant, reflita e converse com os colegas sobre estas questões: • Sempre sabemos qual é o nosso dever? • Há situações em que temos o dever de rejeitar certas re- gras? Por quê? Kant acreditava que a vida social não deveria ser organizada apenas pelas regras. Ele desejava que as pessoas agissem corretamente por dever e não apenas pela obediência às regras ou pelo medo das punições. Segundo esse filósofo, agir por dever significava fazer o que sabemos racionalmente que é certo, mesmo que, em muitos casos, tenhamos o desejo de agir de modo diferente, movidos por sen- timentos ou interesses pessoais. Em outras palavras, significava fazer o que todos deveriam fazer, em vez de buscar privilégios, exceções ou mesmo recompensas. Encaminhamento de atividade.14 Embasamento teórico e atividade da seção Hora de estudo. 15 Encaminhamento de atividade.16 ( ) SOU OBRIGADO A CUMPRIR MEUS DEVERES. ( ) DEVERES TORNAM A VIDA MAIS FÁCIL DE SER VIVIDA. ( ) TODAS AS PESSOAS TÊM DEVERES. ( ) TODO DEVER É RUIM. ( ) TENHO O DEVER DE SER LIVRE. ( ) MEU DEVER É MINHA RESPONSABILIDADE. ( ) UMA SOCIEDADE NÃO EXISTIRIA SEM DEVERES. ( ) EXISTEM DEVERES QUE REALIZO COM SATISFAÇÃO. ( ) OS DEVERES SÃO IGUAIS PARA TODOS. ( ) UM DEVER NÃO É UMA COISA AGRADÁVEL. De ko . 2 01 1. D ig ita l. AGIR MORALMENTE É MAIS DO QUE SEGUIR REGRAS: É AGIR VOLUNTARIAMENTE CONFORME O DEVER! Da ni el K le in . 2 01 9. D ig ita l. • Immanuel Kant Filosofia 11 Reflexão divertida Leia o que o filósofo brasileiro Mario Sergio Cortella escreveu sobre a relação entre ética e desejos, deveres e possibilidades. Ética é o conjunto de valores e princípios que nós usamos para decidir as três grandes ques- tões da vida: “Quero?”, “Devo?”, “Posso?”. Tem coisa que eu quero mas não devo, tem coisa que eu devo mas não posso e tem coisa que eu posso mas não quero. CORTELLA, Mario S. Ética e educação. Disponível em: <http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/leia/reportagens-artigos/artigos/10388-%C3%A9tica- e-educa%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 19 out. 2018. Escreva pelo menos uma situação para cada item a seguir. • Quero, mas não devo: • Devo, mas não posso: • Posso, mas não quero: Encaminhamento de atividade.17 8o. ano – Volume 412 Organize as ideias Agora que você já pensou um pouco mais sobre o tema, elabore um conceito, respondendo a estas questões: • O que é um desejo? • O que é uma possibilidade? • O que é um dever? Encaminhamento de atividade.18 Provavelmente, desde o exercício de memória (da seção Hora de filosofar da página 10), você já tenha feito associação entre as palavras “dever” e “direito”. Afinal, as pessoas podem criar regras para melhorar a con- vivência levando em conta a importância de alguns deveres. Mas podem também melhorar a convivência estabelecendo alguns direitos. Sabendo disso, o que você acha possível ou relevante aprender e pensar so- bre os direitos? Será que eles sempre se referem ao que nos é imprescindível ou podem tratar simplesmente do que queremos, sem de fato necessitarmos dessas coisas? Que relações podem ser estabelecidas entre direitos e deveres? Conexões Encaminhamento de atividade.19 Filosofia 13 Utilize sua memória mais uma vez, mas agora procurando em suas “lembranças” quais palavras são pró- ximas do termo “direito”, ou melhor, quais valores ou assuntos sempre aparecem com ele. Escreva-os nos espaços a seguir. Assim como os deveres, os direitos também existem na sociedade, mas nem sempre são respeitados em sua integralidade. Você sabe por que algumas pessoas não conseguem ter seus direitos respeitados? Você sabe quais são seus direitos? Já parou para refletir que os direitos não surgiram todos ao mesmo tempo? Sabe ou pode imaginar, por exemplo, que o direito à educação, a estudar em uma escola, foi reconhecido há pouco tem- po e que ainda não é totalmente cumprido, pois existem pessoas que não podem frequentar escolas, mesmo que queiram? Encaminhamento de atividade.20 Hora de filosofar Participe deste diálogo filosófico e pense mais sobre os direitos e sua relação com os deveres. • Você considera os direitos mais importantes que os deveres? • Você acredita que tem mais direitos ou mais deveres? • Direitos e deveres mudam de acordo com o tempo, a idade, a condição social, a etnia, o gênero? • Algumas pessoas podem ter mais direitos e deveres que outras? • Os direitos de uma pessoa sofrem a influên- cia de fatores culturais, como religião, escola- ridade ou outros? • Podem existir direitos para quem ainda não nasceu? Considerando algumas ideias que surgiram no diálogo filosófico, responda à questão: • O que é um direito? Encaminhamentode atividade.21 8o. ano – Volume 414 Cidadania todo dia! Você já deve ter ouvido inúmeras vezes os termos “cidadão” e “cidadania”. Afinal, em nosso país, as leis afirmam que somos cidadãos, ou seja, pessoas com direitos e deveres iguais na sociedade. Para compreender melhor o que significa ser cidadão, leia estas informações: Você não está sozinho Você vive isolado do mundo e das pessoas, fazendo o que quer, na hora em que bem entende? Provavelmen- te não, certo? Mesmo sem perceber, você já sabe o que é cidadania: todo mundo que vive em sociedade tem deveres para cumprir e direitos para serem respeitados. Cidadania é justamente essa relação de respeito com o meio em que a gente vive e as pessoas que fazem parte dele. Os deveres existem para organizar a vida em co- munidade. Em casa, na escola, na rua, no shopping – em qualquer lugar a gente vai encontrar regrinhas, o que pode ser feito e o que não pode. Às vezes você perde a paciência com tudo isso... Mas, se não fosse desse jeito, a convivência ficaria impossível. Os direitos existem para que cada um de nós tenha uma vida digna e decente, ainda que nem sempre eles sejam respeitados. Como cidadão, todo ser humano já nasce com uma série de direi- tos: direito à vida, ao trabalho, à liberdade. Também as crianças têm direitos só para elas, assim como os consumidores, e até mesmo os animais. Ser cidadão também é bater o pé para que os direitos não sejam só leis no papel. VOCÊ não está sozinho. Disponível em: <http://www.canalkids.com.br/cidadania/genteboa/index.htm>. Acesso em: 20 fev. 2019. Historicamente, a primeira experiência de cidadania da qual temos notícia ocorreu na Grécia Antiga, em Atenas para ser mais preciso. Nessa cidade, era adotada uma democracia direta, ou seja, um regime em que as decisões não eram tomadas apenas por um governante, mas em debates públicos, dos quais os cidadãos participavam. Outro marco histórico para compreendermos o que significa a cidadania foi o período entre os séculos XVII e XVIII. Nesse período, importantes revoluções combateram o Absolutismo, no qual um governante (o rei) tinha o poder de vida e morte sobre os governados (o povo). Tais revoluções contribuíram para propagar a democracia, regime político cujo objetivo principal é garantir a participação dos cidadãos nas decisões que afetam a vida de todos. Essa participação ocorre de diferentes maneiras, entre elas o voto para eleger os governantes. Nesse caso, trata-se de uma democracia representativa e não direta, como a ateniense. Por outro lado, na Grécia Antiga, a cidadania não contemplava to- das as pessoas. Ficavam de fora do estatuto de cidadão os escravos, as mulheres, os jovens, os estrangeiros e, em muitos casos, os mais pobres. Mas as revoluções dos séculos XVII e XVIII inspiraram-se no ideal de estender a cidadania a todos, promovendo a igualdade de direitos entre as pessoas. As revoluções a que o texto se refere são as chamadas Revoluções Burguesas. A primeira foi a Revolução Gloriosa, ocorrida na Inglaterra, em 1689, que levou à proclamação da Bill of Rights (Declaração de Direitos). A segunda foi a Independência dos Estados Unidos, em 1776, que resultou no surgimento da United States Bill of Rights (Declaração dos Direitos dos Cidadãos dos Estados Unidos), em 1789. A última, e mais influente, foi a Revolução Francesa, de 1789, movimento que deu origem à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Esse documento, inspirado nos ideais iluministas, influenciou experiências de democracia e cidadania realizadas em outras épocas e lugares. O Absolutismo é o regime político em que o governante tem poderes absolu- tos sobre os governados. M ar co s G ui lh er m e. 2 01 1. D ig ita l. Filosofia 15 M ar co s G ui lh er m e. 2 01 1. D ig ita l. No Brasil, vivemos em uma democracia representativa, em que os cidadãos escolhem seus governantes para representar seus interesses. Informações complementares.22 Assim, com o tempo, em muitos países, a escravidão foi proibida, as mulheres reivindicaram maior espaço na sociedade e as pessoas mais pobres e não alfabetizadas passaram a ter direito ao voto. Isso ocorreu também no Brasil. Mas é importante lembrar que tais mudanças ainda são recentes em nossa história, assim como nas demais nações do Ocidente. Nas últimas décadas, nosso país vem participando de um movimento internacional pelo reconhecimento da cidada- nia de outros grupos de pessoas, como as crianças e os adolescen- tes. Esse movimento promove ações, documentos e leis para proteger os “pequenos cidadãos e cidadãs”, garantindo seus direitos e informando sobre seus deveres na convivência doméstica, escolar e comunitária. Mesmo assim, ainda encontramos em nosso país e em todo o mundo pessoas que sofrem exclusão, sendo privadas do exer- cício pleno de sua cidadania. Reflexão divertida Que tal “aquecer” o cérebro e resolver esse desafio de lógica? Destaque o tabuleiro e as peças do material de apoio, siga as orientações e boa sorte! O tabuleiro tem seis casas e cinco palavras, dispostas na seguinte ordem: RESPONSABILIDADE REGRAS CIDADANIA DIREITOS DEVERES Em cada casa cabe apenas uma palavra e as palavras não podem se amontoar de duas em duas. Você deverá arrumar as palavras de forma que responsabilidade e cidadania troquem de lugar, fazendo o menor número de movimentos possível usando o espaço vazio para movimentar as peças. Atenção: não vale movimentar as peças sem ocupar o espaço vazio nem movê-las na diagonal – apenas na horizontal ou na vertical. a) Quantos movimentos você fez? 17 b) Agora, escreva uma frase que contenha as palavras do tabuleiro na ordem em que ficaram após a mudança de lugares. Use a numeração que está no tabuleiro para se orientar. Informações complementares.22 Encaminhamento de atividades.23 8o. ano – Volume 416 Direitos para todos Pensar nos direitos pode nos fazer imaginar que eles são facilmente aplicados e que, uma vez estabelecidos, beneficiam todos de forma imediata, como se a igualdade fosse uma consequência natural da existência deles. Mas, na verdade, não é isso que acontece. “Direitos para todos” é uma frase que está presente nas reivindicações de muitas pessoas, de diferentes grupos. Ela aparece por causa da necessidade de lembrar que o pleno acesso aos direitos ainda não é realidade para todos, mas algo que permanece longe da vida de muitos indivíduos, de muitos cidadãos pelo mundo. As linguagens artísticas também contribuem para manifestar pensamentos de algumas pessoas sobre como a sociedade entende e trata os direitos, os deveres, a cidadania. A Arte surge, muitas vezes, como forma de protesto ou de alerta acerca das condições de vida dos seres humanos. Para isso, ela mostra e salienta as dificuldades, denuncia crimes ou expressa indignação quanto aos abusos e ao desrespeito. Quando ocorre a ausência ou a restrição de direitos, os artistas muitas vezes relembram, por meio de produções críticas, que todos precisam ter seus direitos respeitados. As manifestações coletivas podem contribuir para se con- quistar o cumprimento deles. Que tal conhecer alguns exemplos, representados por obras de artistas plásticos? Conexões A seguir, você encontrará imagens de obras de arte que retratam pessoas. Trata-se de seres humanos em situações específicas. Analise-as e reflita. • O que essas imagens revelam sobre os temas abordados até o momento neste capítulo? • O que os artistas querem transmitir? • Há outros temas presentes na expressão visual destes artistas? • Escreva o que cada obra o fez pensar. Encaminhamento de atividade.24 © M us eu d e Ar te d e Sã o Pa ul o As sis C ha te au br ia nd , S ão P au lo © Pa ul o So ar es A ug us to PORTINARI, Candido. Os retirantes. 1944. 1 óleo sobre tela, color., 190 cm × 180 cm. Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo. AUGUSTO, Paulo S. Enquadradros [1], Enquadradros [2], Enquadradros[3]. 2006. 1 fotografia digital, color., 88 cm × 54 cm. 1 .º salão de artes visuais de Uberlândia. Encaminhamento de atividade.25 Filosofia 17 A violência oculta [...] É evidente que sempre houve aqui e ali, em um momento ou outro, movimentos em defesa da igualdade entre os seres humanos, mas só a partir de uma época mais recente é que se começou a pensar seriamente nessa possibilidade. Não por acaso, o lema da Revolução Francesa, no século XVIII, foi “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. Além disso, os revolucionários redigiram a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789), precursora da recente Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela ONU, Organização das Nações Unidas, em 1948. É bem verdade, esses documentos não trouxeram definitivamente a igualdade sonhada, mas provocaram mudanças significativas, inclu- sive de mentalidade. São um marco para a reflexão, um horizonte a ser alcançado. Mostram que todo ser humano tem direito a uma vida digna. [...] – “Ser digno” significa “ser merecedor”. Portanto, ter uma vida digna é dispor daquilo que qualquer ser humano precisa, para não ser diminuído em sua humanidade. Não podem faltar, a quem quer que seja, os bens fundamentais como moradia, alimentação, saúde, educação, acesso à cultura, ao lazer e assim por diante. Na concepção democrática, ninguém é mais digno ou menos digno que outro, todos merecem ser respeitados, todos são cidadãos. Por isso, a escravidão, que em outros tempos já foi aceita e legalizada, hoje é condenada. O mesmo com relação à tortura e às penas cruéis: antigamente o povo se reunia em praça pública para assistir às punições, costume que ainda persiste em alguns países. Também o direito de votar, antes restrito aos mais ricos, hoje tornou-se universal na maioria dos países. ARANHA, Maria L. de A. Entre a espada e a palavra: violência ou diálogo? São Paulo: Moderna, 2007. p. 21-22. (Aprendendo a com-viver). Atividade da seção Hora de estudo.26 Atividades Podemos nos perguntar: Como ficamos sabendo da existência de direitos, deveres, regras? Em relação aos direitos, é válido lembrar que algumas pessoas, acreditando na importância de defendê- -los, na necessidade de registrá-los e divulgá-los, montaram listas e declarações a respeito deles. Assim, surgiram documentos internacionalmente reconhecidos e muito utilizados para defender os direitos fundamentais. A fim de conhecer esses direitos, pesquise declarações e documentos sobre eles e apresente as informações obtidas aos colegas. Encaminhamento de atividade.27 Ao nos depararmos com a existência de direitos e deveres estabelecidos, organizados sob a orientação de uma autoridade, podemos pensar: Como ainda existem pessoas que sofrem tanto no mundo? Por que alguns grupos e comunidades não têm os seus direitos respeitados? O que acontece na sociedade que impede a igual- dade de condições para os indivíduos? Essas preocupações surgem em alguns lugares do mundo e fazem com que pessoas se reúnam para discutir situações problemáticas que envolvem os cidadãos. Amadurecendo o seu pensar sobre a cidadania, algumas delas criam organizações para tentar ampliar sua força e combater as práticas de injustiça. Assim, instituições formadas por pessoas de várias nações foram surgindo, no decorrer da história, tendo como um de seus objeti- vos a elaboração de documentos para defender e divulgar os direitos humanos. Preocupados com as pessoas, os membros dessas instituições estabeleceram quais são as condições míni- mas de vida, dignidade e respeito dentro de uma sociedade. Dessa forma, registraram as condições em docu- mentos para orientar leis, a fim de promover mundialmente o acesso e o respeito aos direitos fundamentais de todos os seres humanos, garantindo-lhes a cidadania. Para conhecer alguns desses direitos tão essenciais, acompanhe o texto a seguir. 8o. ano – Volume 418 Liberdades que convivem... Responsabilidades que surgem... Durante o ano, vimos que a liberdade é um ideal compartilhado e um direito reivindicado por inúmeras pes- soas. Talvez possamos dizer que o desejo de nos sentirmos livres é algo que aumenta à medida que crescemos e amadurecemos. Afinal, como adolescente, é provável que você tenha uma grande expectativa de ampliar sua liberdade, uma expectativa nem sempre atendida por aqueles que exercem autoridade sobre você e cobram obediência a determinadas regras. No entanto, ao pensar acerca da liberdade, é necessário considerar o fato de que toda ação tem efeitos, pe- los quais alguém deve responder. Quando somos crianças, são nossos pais ou outros adultos que respondem pelo que fazemos. Porém, à medida que crescemos, respondemos cada vez mais pelo nosso próprio agir. Isso acontece até que, um dia, possamos responder pelos atos de uma nova geração, a qual, por sua vez, também vai crescer e conquistar sua autonomia. Você já ouviu ou utilizou essa palavra? Sabe o que ela significa? Autonomia é a prática do ser humano consciente de suas ações e que responde por suas escolhas. É como seguir uma lei própria, não respeitando as regras por sua obrigatoriedade, mas por reconhecer sua validade, colocando-se voluntariamente a favor daquelas que são justas. Portanto, conquistamos a autonomia quando nossas atitudes conciliam o exercício da liberdade com a responsabilida- de. Afinal, os efeitos dos nossos atos e escolhas podem atingir nós mesmos e também aqueles que estão à nossa volta. Daí o provérbio “Sua liberdade vai até onde começa a liberdade do outro”, e outras frases populares, como “Liberda- de e responsabilidade caminham juntas” ou “A outra face da liberdade é a responsabilidade”. Sendo assim, como pensar a responsabilidade em nossa vida social? Você utiliza- ria as palavras “responsabilidade” e “autonomia” para descrever aspectos do seu próprio modo de agir? A fim de responder a perguntas como essas, é preciso refletir um pouco mais sobre as relações entre autonomia, liberdade, responsabilidade e regras. Afinal, como seria a vida se todos agissem movidos so- mente pelos desejos, ignorando os deveres, as proibições e as regras que organizam a convivência ou protegem os indivíduos? Por outro lado, não podemos simplesmente obedecer a todas as normas sem questionar os seus objetivos e o seu valor, uma vez que nem todas são justas e benéficas. Portanto, agir com autonomia, ou seja, com liberdade e responsabilidade, exige muita reflexão sobre as regras e, até mesmo, nossa participação para elaborá-las ou corrigi-las, se necessário. Também exige autoavalia- ção a respeito de nossos atos e das possíveis consequências de cada um deles. Diante disso, vale a pena pensar: Será que a responsabilidade pode existir dissociada da liberdade? Ou, ainda: A liberdade sem responsabilidade é realmente uma opção? Em busca de respostas a essas e a outras dúvidas, aprofunde seus pensamentos com a atividade a seguir e o diálogo da seção Hora de filosofar da próxima página. Atividade da seção Hora de estudo.28 © Sh ut te rs to ck /T as se l7 8 Filosofia 19 O termo “responsabilidade” é usado no cotidiano em diversas situações. Relacione as frases com a legen- da correta, de acordo com o sentido desse termo. Frases: ( 3 ) O parque não permite a entrada de crianças sem a companhia de um(a) responsável. ( 1 ) Naquele momento, José não demonstrou ser uma pessoa responsável. ( 2 ) Ana é a funcionária mais responsável de toda a empresa. ( 4 ) Você é responsável pelo sucesso dessa comemoração! ( 1 ) Está na hora de tomarmos uma atitude responsável. ( 2 ) Meu pai disse que devo me tornar mais responsável. Legenda: ( 1 ) Prever os efeitos de um ato. ( 2 ) Responder pelos próprios atos. ( 3 ) Responder pelos atos de outrem. ( 4 ) Ser causa de algo. Encaminhamento de atividade.29 Hora de filosofar Chegou a hora de mais um diálogo filosófico. Troque ideias com os colegas e o professor usan- do estas perguntas como roteiro: • Existe mesmo relação entre liberdade e responsabilidade?• Quais as consequências da liberdade sem responsabilidade? E da responsabilidade sem liberdade? • As pessoas tornam-se naturalmente mais responsáveis com o tempo? • Desenvolver a responsabilidade depende da educação que recebemos? • O que favorece mais o desenvolvimento de nossa responsabilidade: conviver com muitas ou com poucas regras? Por quê? • As regras desenvolvem ou substituem a nossa responsabilidade? • O que é mais importante para o desenvolvimento da responsabilidade: as regras ou os valores? • O que é responsabilidade? Encaminhamento de atividade.30 8o. ano – Volume 420 Atividades Conexões A adolescência é um momento de descobertas e mudanças, marcado por novas possibilidades e desejos, para alguém que, até bem pouco tempo, era visto como uma criança. Nessa fase, são comuns os desacordos com os adultos acerca das doses de liberdade e responsabilidade que o adolescente já está preparado para receber. Converse sobre isso com os colegas e outras pessoas da sua idade. Então, elabore um texto falando a res- peito dos sentimentos dos adolescentes em relação à liberdade e à responsabilidade nessa etapa de sua vida. Encaminhamento de atividade e atividade da seção Hora de estudo.31 Hora de estudo 1. O filósofo Thomas Hobbes acreditava que o ser humano era egoísta por natureza. Essa condição gerava violência generalizada entre as pessoas e, por isso, elas decidiram firmar um pacto para se sentirem mais seguras. Foi quando inventaram as leis. Mas será que a humanidade se livrou totalmente de pensamentos e atitudes egoístas? Pensando nisso, leia o texto a seguir. Encaminhamento de atividade.32 Durante este ano, você pôde refletir sobre muitos aspectos relacionados à liberdade. Esperamos que a Filosofia tenha contribuído para amadurecer sua visão acerca desse grande ideal da humanidade, ajudando-o a exercer a liberdade sem prejudicar a si mesmo e aos outros. Esperamos ainda que o gosto pela reflexão continue direcionando o seu olhar em relação a outros assuntos que fazem parte da sua vida! Babuskas Eram três bonecas, uma vivendo dentro da outra: a Ganância, a Prepotência e a Arrogância. Eram ocas e cinzentas por dentro e muito coloridas por fora. [...] Viviam as três em relativa harmonia, até o dia em que apareceu uma quarta boneca, também muito colorida e oca, só que mais jovem. Poderia até ser confundida com uma fada, não fosse seu jeito autoritário e o seu nome: Intolerância. Falava uma língua enrolada e não fazia a menor questão de ouvir ou entender as outras bonecas que já estavam ali há (sic) muito tempo. No começo elas se estranharam, mas com o tempo a Ganância falou mais alto: “Por que nós não nos juntamos e ainda ganhamos alguma coisa com isso?” “Não sei, não”, disse a Arrogância com cara de nojo e começando uma briga. A Ganância, que era a mais esperta de todas, teve de intervir de novo. No fim, elas acabaram se entendendo. Juntaram-se então as quatro bonecas: a Ganância den- tro da Prepotência, a Prepotência dentro da Arrogância, a Arrogância dentro da Intolerância. Hoje elas ganham muito dinheiro e pensam em dominar o mundo. [...]. FRATE, Dilea. Babuskas. In: ______. Fábulas tortas. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2007. p. 40-41. a) O nome das babuskas se remete a pensamentos e atitudes humanas. Descreva as características de cada uma das babuskas de acordo com o nome delas. Ganância: desejo exagerado de ter ou de receber mais do que os outros. Prepotência: tendência para o mandonismo, em especial se inclui alguma vantagem, como riqueza, poder, força física, etc. Arrogância: ato de atribuir a si mesmo direito, poder ou privilégio. Intolerância: comportamento daquele que reprime por meio da coação ou da força as ideias que desaprova. e começando uma briga. intervir de novo. No fim, n- © Sh ut te rs to k/ Re dK oa la 21 b) Os sentimentos e as atitudes representados pelas babuskas ajudam ou atrapalham a convivência so- cial? Por quê? Esperamos que os alunos concluam que esses sentimentos e essas atitudes são nocivos para a convivência, uma vez que eles representam o egoísmo humano. c) Escreva outro final para essa história que represente a construção de um mundo melhor, em que esses sentimentos e essas atitudes não existam mais. 2. Um pai resolveu escrever um manual de regras para o filho que estava indo morar longe, depois que este ingressou na universidade. O objetivo do pai era fazer-se presente na vida do filho, apesar da dis- tância. Leia algumas das regras do manual. • Elogie três pessoas todos os dias. • Abrace as crianças quando for discipliná-las. • Diga “obrigado” muitas vezes. • Diga “por favor” muitas vezes. • Perdoe a si mesmo e aos outros. • Use fio-dental. • Devolva todas as coisas que você pedir emprestado. • Trate todas as pessoas que você conhecer como você gostaria de ser tratado. • Mantenha seu temperamento sob controle. • Nunca pense que sua saúde vai durar para sempre. • Seja pontual e insista que os outros também o sejam. • Mantenha uma agenda diária. • Deixe tudo melhor do que estava antes de você chegar. BROWN, H. Jackson. Pequeno manual de instruções para a vida. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2010. E-book. a) Organize as regras lidas de acordo com os critérios a seguir. Regras de convivência (polidez) Regras de proteção Regras de organização Regras morais Elogie três pessoas todos os dias. Use fio-dental. Seja pontual e insista que os outros também o sejam. Perdoe a si mesmo e aos outros. Diga “obrigado” muitas vezes. Nunca pense que sua saúde vai durar para sempre. Mantenha uma agenda diária. Mantenha seu temperamen- to sob controle. Diga “por favor” muitas vezes. Abrace as crianças quando for discipliná-las. Deixe tudo melhor do que estava antes de você chegar. Devolva todas as coisas que você pedir emprestado. Trate todas as pessoas que você conhecer como você gostaria de ser tratado. 22 b) Manual é um gênero textual que apresenta instruções de como realizar alguma coisa, como mon- tar e usar um equipamento ou como jogar um jogo. No caso do texto lido, trata-se de um manual para a vida, com os conselhos de um pai ao filho. Siga as orientações do professor e elabore um manual de instruções com o seguinte título: Manual de instruções para viver bem No dia combinado, apresente seu trabalho à turma e ao professor. 3. Kant dizia que cada um deve fazer o que é certo racionalmente. Assim, marque X nas alternativas que correspondem às ideias dele. a) ( ) Na hora de arrumar o quarto, Vítor escondeu a bagunça embaixo da cama para a mãe dele não ver. b) ( X ) Paulo recebeu, por engano, 5 reais a mais no troco da padaria. Ao conferir o dinheiro, devolveu a quantia excedente ao caixa. c) ( X ) Cristiane reserva uma hora por semana para trabalhar como voluntária em um asilo de idosos. d) ( ) Carolina só lava a louça quando quer alguma coisa em troca. e) ( ) Quando não tem ninguém olhando, Alex costuma jogar o lixo no chão. 4. Desde a Revolução Francesa (1789), a humanidade aspira pelos ideais de igualdade, liberdade e fraterni- dade; mas, infelizmente, eles ainda não foram conquistados por todas as nações e por muitos cidadãos que vivem próximo de nós. Analise a imagem a seguir para fazer o que se pede. a) Pesquise, em revistas, jornais ou na internet, pelo menos duas causas da pobreza no mundo e anote- -as nas linhas a seguir. Sugestão de resposta: má distribuição de renda, corrupção, violência, desrespeito à democracia, carência de bens e serviços, falta de recursos econômicos. b) De acordo com a pesquisa realizada, redija um texto dissertativo no caderno respondendo à pergunta de Mafalda: Por que tem gente pobre? QUINO. Injustiça: a pequena filosofia da Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 2014. s/p. © Fo to ar en a/ Q ui no 23 1 P O L I D E Z 2 D I R E I T O 3 O B R I G A Ç Ã O 4 D E V E R E S 5 R E S P O N S A B I L I D A D E 6 A U T O R I D A D E 7 N E T I Q U E T A 8 A D O L E S C Ê N C I A 9 R E G R A S 5.Leia esta tirinha: De acordo com a tirinha, assinale V para a(s) afirmativa(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s). a) ( V ) Calvin está se fazendo de vítima para a professora. b) ( V ) A professora deu um bom conselho para Calvin. c) ( F ) Calvin agiu com autonomia. d) ( V ) Calvin responsabilizou a professora pela nota baixa que tirou na prova. e) ( F ) A professora ficou com pena de Calvin. 6. Ao longo do ano, você teve a oportunidade de refletir sobre a liberdade em diversos aspectos. Neste ca- pítulo, especificamente, esse tema foi abordado do ponto de vista da convivência em sociedade. Preen- cha a cruzadinha abaixo seguindo as dicas dadas. 1. Tipo de regra cuja função é favorecer uma convivência saudável. 2. Aquilo que é facultado a um indivíduo ou a um grupo de indivíduos por força de leis ou dos costumes. 3. Disposição de retribuir ou prestar serviço a alguém; benefício, favor. 4. Regras impostas pela lei, pela moral, pelos usos e costumes. 5. Capacidade de responder pelas próprias ações. 6. Pessoa que tem permissão de exercer influência sobre pessoas, pensamentos e opiniões. 7. Conjunto de regras de etiqueta em ambientes virtuais. 8. Fase da vida em que a pessoa busca ter mais liberdade e autonomia, às vezes entrando em conflito com os adultos. 9. Normas estabelecidas para orientar o comportamento das pessoas em determinados locais. WATTERSON, Bill. Existem tesouros em todos os lugares: as aventuras de Calvin e Haroldo. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2013. p. 174. ©Calvin & Hobbes, Bill Watterson 1995 Watterson/Dist. by Andrews McMeel Syndication 24 Capítulo 4 – Página 16 – Reflexão divertida 1 3 5 2 4 6 8o. ano – Volume 4 Material de apoio Filosofia 1 RESPONSABILIDADE REGRAS CIDADANIA DIREITOS DEVERES Capítulo 4 – Página 16 – Reflexão divertida 8o. ano – Volume 4 Material de apoio Filosofia 3
Compartilhar