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ANÁLISE E EFICÁCIA DO ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL ENTRE DIFERENTES ESPÉCIES DE PSITACÍDEOS NO FOZ TROPICANA PARQUE DAS AVES – FOZ DO IGUAÇU, PARANÁ. Jennifer Jaqueline Jacinto1; Tatiana Yumi Izutani¹; Roberto de Albuquerque Leimig2 RESUMO O enriquecimento ambiental é um princípio de manejo animal focado na melhoria da qualidade do cuidado aos animais cativos, da sua condição de vida e do seu bem-estar. Este manejo pode tornar os ambientes mais estimulantes e provocativos, permitindo que os animais expressem comportamentos naturais da espécie. Em vista disso o presente artigo teve como objetivo avaliar a eficácia, por meio de 3 escalas, de 9 métodos de enriquecimento ambiental oferecidos aos animais cativos de um viveiro com 73 psitacídeos distribuídos em 13 espécies distintas no Foz Tropicana Parque das Aves. Os dados foram registrados em etogramas a partir do método ad libitum. A observação e registro dos comportamentos listados tanto das observações preliminares, quanto das observações de enriquecimentos foram realizados em intervalos de 10 minutos assim, como a observação dos comportamentos durante os enriquecimentos ambientais. A efetividade foi medida de acordo com a comparação da resposta comportamental dos animais, registrados em etogramas, durante 3 períodos de observações preliminares e durante a realização dos enriquecimentos. A observação preliminar do período da tarde apresentou maior variação de comportamentos. Foi visualizado o aumento e diminuição de alguns comportamentos a partir dos enriquecimentos e todos se mostraram eficazes. Através da análise etológica foi possível constatar que os enriquecimentos ambientais de fato estimularam o aumento das atividades e oportunidades comportamentais variadas, afetando o bem-estar animal. Palavras-chaves: Psitacídeos, enriquecimento ambiental, comportamento animal. 1 Acadêmicas de Ciências Biológicas da Faculdade União das Américas – UNIAMÉRICA. Foz do Iguaçu – PR. 2 Professor Orientador Mestre em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais pela UEM. Faculdade União das Américas – UNIAMÉRICA. Foz do Iguaçu – PR. O Brasil está entre os países que abrangem a maior diversidade biológica do planeta. Além de deter 33% do que resta de matas tropicais, possui a maior diversidade de peixes neotropicais, 22% dos felídeos e o maior número de espécies de palmeiras, primatas e psitacídeos do planeta (MILANO, 2002 apud GALETTI; PIZO, 2002). A exploração e a degradação dos ambientes que a espécie humana vem promovendo põe em risco de extinção a expressiva diversidade de nossa fauna e flora. Os números da degradação são assustadores, como exemplos de destruição estão o Cerrado, as Florestas de Araucária e a Mata Atlântica. Estimativas indicam que pelo menos 12 milhões de animais são saqueados das florestas e matas brasileiras anualmente, por meio do tráfico de animais silvestres, que é o terceiro maior negócio ilícito do mundo ficando atrás somente do tráfico de drogas e de armas. O efeito deste comércio fez com que a biodiversidade do país fosse mensurada por inúmeros exemplos (MILANO, 2002 apud GALETTI; PIZO, 2002). Devido a este alto nível de interferência do ser humano nos ecossistemas naturais, a conservação da biodiversidade passa a ser um extenso desafio para sociedade atual, para isso cria-se uma vasta estratégia de investimento para minimizar os efeitos negativos ao meio ambiente. Entre tais estratégias podem-se criar trabalhos de conservações tanto para ambientes em in situ3, como também para ambientes ex situ4 (DIEGUES, 2008). Os zoológicos e parques têm como propósitos a pesquisa, a educação, a recreação, o lazer e a conservação da fauna e da flora nativa regional, além de dar apoio à reprodução, à criação e à reintrodução de espécies em seu ambiente natural. Estes estabelecimentos, através de uma qualidade de infra-estrutura favorável, permitem aos animais cativos condições adequadas de sobrevivência, conferindo a eles bem estar e maior longevidade, através de menor estresse, e o resultado é o aumento do sucesso reprodutivo (CAMASSOLA, 2005). Os cuidados de animais silvestres e o estresse gerado em cativeiro podem incentivá-los a desenvolver comportamentos anormais, e estereotipados. Dessa forma o animal passa a realizar funções estimuladas por outros indivíduos, para 3 In situ: espécie em seu ambiente natural. 4 Ex situ: espécie em ambiente cativo. assim cumprir suas atividades, diferente de seus comportamentos em seu meio natural (DIEGUES, 2008). Algumas estereotipias ocorrem como resultado da carência de estímulos e podem ser aliviadas com o aumento da complexidade do ambiente. São ainda interpretadas como um recurso para o animal suportar um ambiente turbulento, regulando o grau de perturbação (BLOOMSTRAND et al., 1986). O melhoramento das condições ambientais nos recintos em zoológicos e parques pode estimular os animais em diferentes expectativas, aumentando as atividades dos indivíduos, através de enriquecimento (LITTLE & SOMMER, 2002 apud BASHAW, 2003). As técnicas ambientais são utilizadas para reduzir o estresse causado pelo cativeiro e as visitações constantes de turistas, principalmente em viveiros de imersão5. O enriquecimento ambiental é um princípio de manejo animal que busca melhorar a qualidade de vida de indivíduos cativos pela identificação e pelo uso dos estímulos ambientais necessários ao seu bem-estar psicológico e fisiológico ótimo. Um processo dinâmico no qual mudanças na estrutura dos ambientes e nas práticas de manejo são feitas com o objetivo de aumentar as chances de escolha dos animais, promovendo comportamentos e habilidades apropriados à espécie, aumentando assim os níveis de bem-estar animal (VASCONCELLOS, 2004). Acredita-se que o enriquecimento ambiental proporcione aos animais de cativeiro a possibilidade de terem um comportamento o mais próximo possível do exibido no meio natural: a exibição de comportamentos típicos da espécie é um dos critérios para avaliar se um animal encontra-se em boas condições. Através do enriquecimento, proporciona-se ao indivíduo a escolha do tipo de ambiente a ser usufruído, maiores possibilidades de exploração, imprevisibilidade, um pouco de controle de sua dieta, companheirismo e privacidade. É também uma forma de otimizar o espaço disponível para os animais cativos, promovendo maior interação destes com o ambiente, respeitando as características da espécie em questão (VASCONCELLOS, 2004). Muitas vezes, a área de vida do animal em natureza é tão grande que seria impossível disponibilizar essa quantidade de espaço no cativeiro. Poderiam, inclusive, esses animais serem difíceis de visualizar pelo público caso este espaço fosse disponibilizado. Essa otimização prioriza espaço efetivamente utilizável para 5 Viveiro de imersão: viveiro em que os turistas, possam entrar. os animais, respeitando o uso tridimensional que estes fazem da área em suas atividades diárias (VASCONCELLOS, 2004). São usadas técnicas para aumentar o estímulo no ambiente através da introdução de objetos com os quais os animais podem interagir, devendo estes ter um significado e/ou serem úteis para a vida dos animais, como alimentos, brinquedos ou esconderijos. Deste modo o enriquecimento ambiental pode proporcionar situações parecidas com as quais os animais viveriam em um ambiente natural, amenizando o comportamento de cativeiro (BUMP, 2001). Na prática, abrange uma variedade de técnicas originais, criativas e engenhosas para manter os animais cativos ocupados através do aumento da diversidade de oportunidades comportamentais e do oferecimento de ambientes maisestimulantes (SHEPHERDSON, 1998). É possível que o estímulo escolhido para ser trabalhado, seja exagerado pelo animal (TINBERGEN, 1951 apud NEWBERRY; ESTEVEZ, 1997), o que indica a necessidade de compreender o comportamento dos indivíduos anteriormente ao enriquecimento, por isso foram realizadas observações preliminares para que haja a comparação inicial com a observação realizada durante o enriquecimento, analisando assim, se o seu comportamento foi o esperado e se os indivíduos obtiveram interação com o enriquecimento proposto. Assim, a efetividade das técnicas de enriquecimento ambiental depende do conhecimento de uma boa descrição do comportamento do animal. As atuações de enriquecimento têm de ser adaptadas a cada espécie considerada. Psitacídeos A ordem Psittaciformes está entre as mais ameaçadas da classe Aves (BIRDLIFE INTERNACIONAL, 2000). Atualmente, divide-se esta ordem em duas famílias: Cacatuidae, que inclui cerca de 21 espécies e a Psittacidae que compreende cerca de 332 espécies. A América do Sul está em primeiro lugar em diversidade de psitacídeos possuindo mais de 100 espécies das mais de 300 identificadas atualmente no mundo. O Brasil se destaca por possuir 72 espécies espalhadas em seu território, encontradas principalmente na Amazônia (SICK, 1997). Das 332 espécies de Psittacidae reconhecidas, 86 ocorrem risco de extinção, sendo que 36 estão próximas a esta condição (DEL HOYO et al., 1997; JUNIPER E PARR, 1998 apud GALETTI; PIZO, 2002). As aves desta família distribuem-se pela zona tropical do globo, irradiando-se para zonas subtropicais e frias como a Patagônia e a Nova Zelândia. A perda de habitat é o principal fator para o declínio de muitos psitacídeos, além de outras causas, como a introdução de espécies predadoras ou competidoras, endogamia, ou outros processos relacionados ao tamanho populacional reduzido, perseguição humana para comércio e arte indígena, caça e coleta de ovos e filhotes e destruição das espécies de árvores utilizadas para ninho (JUNIPER E PARR, 1998; SNYDER et al., 2000 apud GALETTI; PIZO, 2002). Algumas características, como baixa abundância, pequena distribuição geográfica, especialização de dieta ou hábitat, e grande tamanho corporal podem predispor uma espécie a extinção (BIBBY, 1996; BROOKS E BALMFORD, 1996; BROOKS et al., 1999; JOHNSON, 1998; RABINOWITZ et al., 1986 apud GALETTI; PIZO, 2002). Poucas são as ordens que possuem características tão distintas, sendo sua identificação quase que imediata, embora o tamanho dos representantes seja extremamente variado (SICK, 1997). Os psitacídeos possuem como principais características, uma cabeça larga e robusta onde se apóia um bico forte, alto e curvo especializado para quebrar e descascar sementes. Para ajudar na manipulação dessas sementes possuem uma musculatura na mandíbula e na língua muito desenvolvida. Os pés são curtos mas muito articuláveis, e além de sustentarem o corpo dos animais auxiliam na manipulação dos alimentos que eles consomem. Tanto os machos como as fêmeas possuem lindas plumagens com cores exuberantes, conferindo-lhes uma beleza inigualável. Geralmente há necessidade de exames aprofundados de DNA para saber o sexo do animal, pois a maioria das aves não possui dimorfismo sexual6 (PROJETO ARARA AZUL, 2009) . A pigmentação verde é predominante, servindo de camuflagem em seu hábitat natural, havendo frequentemente partes em vermelho no encontro e/ou na borda das asas, nas coberteiras (penas de cobertura) e nas rêmiges (penas dorsais das asas) (SICK, 1997). 6 Dimorfismo sexual: indivíduos do sexo masculino e feminino de uma espécie com caracteres físicos, não sexuais marcadamente diferentes. O presente artigo tem como objetivo avaliar a eficácia dos métodos de enriquecimento ambiental oferecidos em um viveiro contendo 13 espécies de psitacídeos no Foz Tropicana Parque das Aves (Foz do Iguaçu – PR), realizando um parâmetro de comparação do comportamento das aves no início e no final dos experimentos, contribuindo para o conhecimento dos comportamentos animais, através da interação com o enriquecimento ambiental proposto. MATERIAIS E MÉTODOS Caracterização da instituição O Foz Tropicana Parque das Aves é um zoológico particular que abriga cerca de 132 espécies divididas em 44 famílias. Dentre essas, pode-se observar que a maioria é de aves, principalmente da família Psittacidae. O Parque está localizado na cidade de Foz do Iguaçu, no estado do Paraná, a 25º de latitude sul e 55º de latitude oeste. Possui uma área de 17 hectares de Mata Atlântica, 4 dos quais abrigam viveiros e instalações. A área restante é destinada à proteção ambiental (IBAMA, 2004). Está situado no Terceiro Planalto do estado, o Planalto das Araucárias. As características do relevo residem na formação da Serra Geral, que constitui o substrato litológico fundamental (IBAMA, 2004). A área de visitação pública do zoológico possui diferentes tipos de recintos que são construídos em meio à mata nativa da região e procuram reproduzir o ambiente natural das espécies cativas, podendo abrigar indivíduos de mesma espécie, como também indivíduos de espécies distintas. A parte interna do parque abriga animais em reprodução, excedentes, em tratamento ou filhotes e é composta por viveiros tanto de chão quanto suspenso, alguns com vegetação e outros apenas com poleiros de madeira (BARROS, 2009). Descrição do recinto A área ambiente escolhida para a realização da pesquisa é um recinto temático relativamente grande, que permite aos visitantes percorrerem seu interior e ter um contato mais próximo dos animais. Atualmente abriga 73 indivíduos distribuídos em 13 espécies, sendo elas: 7 Papagaios Verdadeiros (Amazona aestiva), 3 Papagaio do mangue (Amazona amazonica), 3 Papagaios de cara roxa (Amazona brasiliensis), 5 Papagaios de peito roxo (Amazona vinacea), 4 Araras azuis grandes (Anodorhynchus hyacinthinus), 31 Araras canindé (Ara ararauna), 9 Araras vermelha (Ara chloropterus), 4 Araras canga (Ara macao), 1 Maracanã guaçu (Ara severus), 3 Periquitão maracanã (Aratinga leucophthalmus), 3 Príncipe negro (Aratinga nenday), 1 Ararinha nobre (Diopsittaca nobilis), 2 Ararinhas maracanã (Primolius maracana). A ambientação do local é feita a partir de galhos naturais e elementos artificiais, como ninhos feitos de madeira; vasilhas para comida (ração, frutas e grãos); um bebedouro em formato de um lago, construído com barro; troncos espalhados pelo recinto dando a oportunidade de escalada e brincadeira aos animais; áreas para promover vôo; variedade de poleiros; plantas e cobertura contra chuva; areia para banhos de poeira; além de várias alimentações ao dia. Estes elementos tentam recriar o hábitat natural das espécies e também possuem a função de enriquecer, permanentemente, o ambiente. O recinto em questão comporta grande quantidade de psitacídeos, e dentre eles, estão algumas das espécies mais conhecidas no mundo, como Anodorhynchus hyacinthinus, Ara ararauna, Ara chloropterus, que são a fonte de curiosidade da maior parte dos visitantes por sua beleza e pela intensidade de cores de suas penas. Por estarem abrigadas em um viveiro de imersão, o contato destas aves com os seres humanos é intenso, podendo provocar maior estresse ao animal em cativeiro, sendo este o maior motivo da escolha deste recinto para esta pesquisa. Metodologia de registro e observação A pesquisa foi realizada nos meses de maio e junho de 2010 (tabela 1). Para verificar o comportamento das aves, todas as atividades foram acompanhadas de observações e registros comportamentais. Estes registros foram anotados em etogramas, adquiridos do Programa de Enriquecimento do Parque das Aves, onde a partir de descrições das categoriasde comportamentos citados (figura 1), as anotações relevantes foram escritas no etograma em anexo (tabela 2). Já a eficácia de cada enriquecimento foi registrada na tabela de descrição de utilização do enriquecimento em anexo (tabela 3). A coleta de dados etológicos permite a uma posterior análise estatística das alterações comportamentais dos animais, avaliando assim a eficácia do enriquecimento. Figura 1: Categorização dos comportamentos (BARROS, 2009). Calmo (C) – Quando o individuo está parado, praticamente sem movimento em qualquer substrato Forrageamento (F) – Ato de alimentar-se Higienização (H) – Quando o individuo limpa ou organiza as penas (preening), limpa os pés com o bico, raspa o bico nos poleiros ou nas telas. Sono (S) – Quando o individuo está posicionado calmamente em algum substrato e boceja ou fecha as pálpebras por algum tempo. Interação Calma (IC) – Quando os indivíduos passam a se relacionar de maneira tranqüila, seja através de regurgitação do alimento um para o outro, higienização de penas umas das outras (allopreening), carinhos, entre outros. Interação Agressiva (IA) – Quando dois indivíduos se relacionam de maneira agressiva, podendo provocar brigas ou interações de fuga. Roendo Poleiro (RP) – Processo onde o individuo, com o bico, corta os poleiros ou galhos. Roendo Tela (RT) – Processo onde o individuo, com o bico, tenta cortar a tela. Interação de Fuga (IF) – Quando um individuo foge de outro por estar sendo ameaçado. Vocalização Calma (VC) – Individuo emite som, de tom baixo e calmo. Vocalização Agressiva ou de Alarme (VA) – Individuo emite som de tom alto e continuo. Beber Água (BH2O) – Ato de beber água Movimento com Cabeça (MC) – Movimentos repetitivos com cabeça em direções diferentes. Pêndulo (P) – Posição onde o individuo sobe até a grade superior e fica pendurado (por duas ou uma pata, com o bico, ou unha.) onde se balança ou brinca com folhas. Agitada (A) – Individuo faz movimentos rápidos, bruscos e deslocam-se com muita freqüência e rapidamente. Esticar (E) – Individuo passa a esticar alguns membros, como patas, asas, espreguiçando-se e eriçando as penas. Na descrição da utilização do enriquecimento (tabela 3 em anexo), este foi avaliado a partir de valores entre 1 e 5, sendo que o valor 1 representa o menor grau de interação e 5 o mais alto. Na escala de observações diretas foi analisada a quantidade de visitas ou minutos de interação diretamente com o enriquecimento. A escala de interação para observações indiretas indica se houve ou não alteração na estrutura do enriquecimento, se esta foi espalhada ou rasgada. Verifica-se na escala de metas se a interação do animal com o enriquecimento foi apropriada e ainda se as aves atingiram o comportamento alvo. Os dados foram registrados a partir do método ad libitum7 (ALTMANN, 1973), que consiste em uma técnica de observação direta a vista desarmada, onde o enfoque está relacionado ao comportamento dos indivíduos em relação ao tipo de 7 Ad Libitum: método sem limitações quanto ao que está sendo registrado e quanto ao tempo de observação. O observador anota o que lhe parecer relevante sendo este método bastante eficiente no registro de eventos raros, mas significativos . enriquecimento ambiental oferecido a estes. A observação e registro dos comportamentos listados (figura 1) tanto das observações preliminares, quanto das observações de enriquecimentos, foram realizados em intervalos de 10 minutos assim, como a observação dos comportamentos durante os enriquecimentos ambientais. Para os métodos de amostragem, sugere-se que as contagens durante o meio do dia (entre 10h e 14h) sejam evitadas, pois a atividade dos psitacídeos diminui bruscamente (MARSDEN, 1999 apud GALETTI; PIZO, 2002). Por esse motivo os psitacídeos costumam ser mais registrados no começo da manhã e no final da tarde em relação aos outros horários do dia (PIZO et al., 1997 apud GALETTI; PIZO, 2002). Vale ressaltar que os métodos de amostragem descritos por Pizo (1997) foram realizados em vida livre, onde podem apresentar variações quando comparado com a observação de animais cativos. Visando isso, foram feitas 3 observações preliminares para identificar o comportamento habitual das aves dentro do recinto sem nenhuma adição das técnicas de enriquecimento ou qualquer mudança dentro do viveiro. Sendo que estas observações foram realizadas para que se pudesse analisar a interação das aves com o enriquecimento em diferentes horários do dia. As observações foram denominadas de controle 1, 2 e 3, sendo uma na parte da tarde (das 15h00min às 16h50min), outra durante o meio do dia (das 12h30min às 14h20min) e uma pela manhã (das 9h30min às 11h20min), respectivamente. Após os registros do comportamento habitual das aves, com base no Programa de Enriquecimento do Parque, foram definidos os enriquecimentos a serem utilizados, baseando-se nos comportamentos que se pretendia estimular nos animais adequando as atividades as necessidades do viveiro. Levando em conta que o viveiro escolhido para a realização da pesquisa possui um grande fluxo de visitantes, os registros comportamentais tiveram de ser realizados no interior do viveiro a fim de impedir maior interação dos turistas com os animais enquanto as atividades de enriquecimento ocorriam, evitando assim, um maior nível de interferência no comportamento das aves, assim como nos resultados. Deve se levar em conta que condições adversas do tempo como chuvas, ventos fortes, temperaturas muito altas ou baixas podem interferir nos resultados do trabalho (BIBBY et al., 1992 apud GALETTI; PIZO, 2002). Isto porque elas afetam a atividade das aves e a eficiência de coleta de dados pelos observadores. Outros fatores devem ser levados em conta, como problemas intrínsecos da amostragem de aves, tais como variações do observador (treinamento e nível de atenção); do ambiente (dificultando ou facilitando a observação dos indivíduos); do clima (vento, chuva, temperatura); variações sazonais e de horário do dia entre outras, podem afetar drasticamente os resultados do levantamento. No caso dos psitacídeos, duas questões agravam estes problemas: são espécies muito móveis e quando pousadas podem se tornar pouco notáveis (NUNES; BETINI, 2002 apud GALETTI; PIZO, 2002). Para que a introdução de novos itens dentro do recinto não comprometam a segurança e o bem estar dos animais foi necessário adotar cuidados com a quantidade de itens oferecidos para que estes sejam em quantidades suficientes para todos os indivíduos a fim de evitar interações agressivas. O enriquecimento também não deve contribuir para a fuga do animal, bem como provocar qualquer ferimento a este. A permanência dos itens inseridos no recinto deve ser respeitada, não devendo permanecer muito tempo no recinto a fim de que o caráter de novidade seja mantido. Ferramentas de enriquecimento As categorias principais de enriquecimento são elas: social, ocupacional, nutricional, sensorial e físico. O enriquecimento social incide na interação entre indivíduos de uma mesma ou de várias espécies. O enriquecimento ocupacional conta de dispositivos mecânicos para os animais manipularem, são maneiras de instigar suas capacidades intelectuais. Os de categoria nutricional estimulam os animais a buscarem pelo alimento a partir do fornecimento de alimentações variáveis com graus de dificuldades diferentes, pois na natureza, quando estão com fome os animais precisam procurar pelo seu próprio alimento (BOSSO, 2009). O enriquecimento de categoria sensorial consiste em estimular os cinco sentidos dos animais: visual, auditivo, olfativo, tátile gustativo. Ervas aromáticas, urina e fezes de outros animais e vocalizações são exemplos de enriquecimento ambiental sensorial. E por último, o enriquecimento físico está relacionado à estrutura física do recinto, ao ambiente onde os animais estão inseridos. Desta maneira consiste na introdução de aparatos que deixem os recintos semelhantes ao hábitat de cada uma das espécies. Para tal podem ser inseridas vegetações, diferentes substratos (por exemplo, a terra, areia, grama ou folhas secas), estruturas para se pendurar ou se balançar (a exemplo de cordas, troncos ou mangueiras de bombeiro) entre outros (BOSSO, 2009). O uso do enriquecimento ambiental deve sempre levar em conta a natureza do animal trabalhado, pois só assim poderá desempenhar a função de tornar o ambiente cativo mais interessante, proporcionando ao animal maiores possibilidades de exploração do recinto de seus recursos, diminuindo assim seu estresse e comportamento estereotipado (GUILHERME; VIDAL, 2008). A meta fundamental é encorajar os comportamentos apropriados de cada espécie, dar aos animais algumas escolhas dentro de seu ambiente e prevenir ou reduzir a ocorrência de comportamentos estereotipados. Para se conduzir o comportamento deve-se realizar a identificação e categorização de comportamentos desejáveis e não desejáveis em um centro de reabilitação. O enriquecimento ambiental é utilizado na estimulação de comportamentos desejáveis ou desencorajamento dos anormais (BHAG, 1999). Foram realizadas 3 observações e após estas foram realizados 9 enriquecimentos, em intervalos de 1 dia cada. Vale ressaltar que o enriquecimento móbile de milho foi repetido. A tabela 1 mostra a data das observações e dos enriquecimentos oferecidos: Tabela 1: Data das observações e enriquecimentos DIA OBSERVAÇÃO / ENRIQUECIMENTO 09/05/2010 Observação - Controle 1 10/05/2010 Observação - Controle 2 11/05/2010 Observação - Controle 3 12/05/2010 Coco do Paulinho 14/05/2010 Rede de balanço 16/05/2010 Móbile de milho 18/05/2010 Galhos com pinhão e castanha 22/05/2010 Caixa surpresa 24/05/2010 Pirulito de gelo 28/05/2010 Saco de ração 30/05/2010 Móbile de milho 01/06/2010 Pirulito de frutas 03/06/2010 Melão com sementes e fatias de coco verde No decorrer do trabalho, foram oferecidos aos animais 10 itens de enriquecimento ambiental (figura 2) de diversas categorias, baseados no Programa de Enriquecimento Ambiental do Parque das Aves (BARROS, 2009), foram eles: Figura 2: Ferramentas de Enriquecimento: A – Caixa Surpresa; B – Pirulito de Frutas; C – Saco de Ração; D – Móbile de Milho; E – Coco do Paulinho; F – Melão com sementes e fatias de coco verde; G – Pirulito de Gelo; H – Roda de coquinho; I – Galhos com Pinhão e Castanha. Caixa Surpresa, onde caixas de papelão de tamanhos diferenciados, possuíam pequenos orifícios que permitem o acesso do animal ao seu conteúdo (sementes e frutas) escondido em meio à palha ou folhas secas. Pirulitos de Frutas, onde pedaços de frutas diversas (mamão, uvas, maçã e bananas) foram espetados em galhos secos com várias ramificações. Saco de Ração, onde sementes como pinhão e castanha foram embrulhados em pacotes de papel jornal junto com pequenos grãos e ração. Estes foram amarrados com barbante e foram pendurados nas telas laterais do recinto, assim como nos galhos. Móbiles de Milho, onde espigas de milho verde, com palha foram amarradas com cordas e pendurados nas telas laterais dos recintos, assim como nos galhos e poleiros. Cocos do Paulinho, onde cocos secos foram distribuídos pelo recinto e continham orifícios que permitem o acesso do animal ao seu conteúdo. Rede de Balanço são cordas espalhadas pelo recinto, amarradas tanto nas telas laterais dos recintos quanto nos poleiros, servindo como pequenos “balanços” para as aves. Pirulito de Gelo continham frutas, como mamão, uva, maçã e bananas cortadas aos pedaços e colocadas em copos descartáveis contendo água. Depois de congelados, estes foram espalhados no viveiro, colocados principalmente em pequenas fendas dos troncos do viveiro, mas também foram amarrados nas telas laterais ou depositados no chão do recinto. Galhos com Pinhão e Castanha uma grande quantidade de pinhões e castanhas foi espalhada pelo viveiro, colocados em locais estratégicos como fendas de troncos a fim de fazer com que as aves procurem seu alimento. Melão com sementes e fatias de Coco verde. Os melões continham orifícios que permitiam o acesso do animal ao seu conteúdo e assim como os outros itens oferecidos, estes foram espalhados pelo viveiro e colocados em diversos locais. Outro item oferecido aos animais foi a Roda de Coquinhos que na ocasião, por falta de pequenos coquinhos, foi utilizado psita sticks8. Este item é composto por um pedaço de tronco cortado com pequenos furos onde foram introduzidos os psita sticks juntamente com alguns grãos, como milho. Este foi utilizado em conjunto com outro enriquecimento, pois na ocasião havia somente uma roda de coquinhos, e que 8 Psita Sticks: Ração extrusada de alta digestibilidade que atende totalmente às exigências nutricionais de psitacídeos de médio e grande porte. se fosse inserido sozinho no viveiro, poderia causar interações agressivas entre os indivíduos. RESULTADOS E DISCUSSÃO O hábitat onde o animal vive é feito de uma rica mistura de diversas estimulações. O organismo tem que responder apropriadamente às mudanças do ambiente para conseguir sobreviver e reproduzir. Isto sugere que um organismo mantenha relações com os componentes bióticos e abióticos de seu meio, implicando em constantes alterações fisiológicas e comportamentais (DETHIER; STELLAR, 1970 apud LOZANO-ORTEGA, 1999). Por este motivo, o Parque das Aves implementou enriquecimentos permanentes em seus viveiros, transformando o recinto num local mais excitante e próximo do natural para os animais, fazendo com que estes tenham mais escolhas dentro de seu ambiente cativo. “O estudo e implementação do enriquecimento ambiental tem sido dominada por duas abordagens desde seu início: a abordagem naturalística, que se baseia em criar um ambiente selvagem dentro dos cativeiros proporcionando uma simulação do ambiente natural aos animais aprisionados (FORTHMAN-QUICK, 1984; HUTCHINS et al., 1984; O’NEILL et al., 1991; OGDEN et al., 1993; WORMELL & BRAYSHAW, 2000), e a engenharia de comportamento, baseada em fornecer dispositivos e máquinas os quais os animais operam para receber algum tipo de recompensa, normalmente comida.” (YOUNG, 2003) As tabelas 2 e 3 (em anexo), baseadas no Programa de Enriquecimento do Parque das Aves, foram utilizadas para registrar o comportamento dos animais durante as observações preliminares e durante os enriquecimentos, e posteriormente comparadas para análise. Na figura 3 podemos analisar os diferentes períodos de observação (controle 1, 2 e 3) e a soma do total de comportamentos visualizados de cada categoria (figura 1) durante estes horários. Figura 3: Representação numérica da soma dos totais de cada categoria comportamental de cada período de observação controle. No período de observação (controle 1) realizado no dia 09 de maio de 2010 das 15h00min às 16h50min notou-se que as aves estavam inquietas, resultando num grande número de indivíduos realizando comportamentos como vocalizações agressivas, roer tela, pêndulo, interações agressivas e consequente de fuga. Conforme Sick (1997), quando alguns psitacídeos se mostram ameaçados ficam às vezes pendurados em um galho, de ponta-cabeça e quando o perigo cessa-se as aves saem irrompendo em gritos. Este dado mostra que a atividade de pêndulo, sendo maior à tarde, pode indicar um tipo de stress causado pelo maior fluxode turistas e helicópteros rondando a região. Comparando com as observações durante o período da manhã e da tarde, ocorreram em menor escala comportamentos como: calmo, forrageamento, higiene, interações calmas, roer poleiro e vocalização calma. Vale ressaltar que quando as aves dos viveiros próximos ficavam agitadas e quando turistas entravam no recinto havia um aumento das vocalizações agressivas. É possível que este stress gerado explique a diminuição de alguns comportamentos (ex.: higiene, roer poleiro, etc.) e no aumento de outros (ex.: roer tela, interações agressivas, etc.). Sick (1997) diz que a ave no poleiro transmite sinal de satisfação e tranqüilidade através de um estalo produzido pela raspagem da mandíbula contra as ondulações da superfície do palato. Este processo é utilizado para retirar resíduos de alimentos que se acham depositado entre as ranhuras do bico. Em cativeiro o sinal de alerta é um sacudir vigoroso de toda a plumagem, usado também como uma espécie de cumprimento quando se aproxima uma pessoa que lhe é familiar. 0 50 100 150 200 250 300 350 400 C F H S IC IA RP RT IF VC VA BH2O MC E P A Controle 3 - manhã Controle 2 - meio dia Controle 1 - tarde A observação (controle 2) no dia 10 de maio de 2010 ocorreu das 12h30min às 14h20min e foi visualizado, em comparação às outras observações (controle 1 e 3), menor número de indivíduos realizando interações agressivas, roendo tela, interações de fuga, vocalizações agressivas, mexendo cabeça, esticando, pêndulo e agitados. Além disso, houve maior forrageamento e um ligeiro aumento nos comportamentos de sono e vocalização calma. Vale destacar que o indivíduo “Alice”, da espécie Anodorhynchus hyacinthinus, estava em outro recinto nos dias que antecederam esta observação e foi inserido ao viveiro a partir das 14h00min deste dia. Após a introdução deste animal foi notado um aumento nas interações agressivas e de fuga e vocalizações agressivas. No dia 11 de maio de 2010, que apresentava um tempo nublado, a observação (controle 3) foi realizada das 09h30min às 11h20min e durante este período foi visualizado que as aves apresentaram maior quantidade de comportamentos do tipo calmo, interação calma, roer poleiro, mexer cabeça e agitação em relação as outras observações. O comportamento de beber água não foi visualizado durante o controle 3 e durante dois dos enriquecimentos efetuados (pirulito de frutas e galhos com pinhão e castanha). Um reforço do bem-estar animal, que envolve ambas saúde física e psicológica, é proporcionado pelos enriquecimentos ambientais. Conseguimos saber se um animal está psicologicamente bem se este realiza seus comportamentos com motivação utilizando suas adaptações e habilidades cognitivas para superar os obstáculos e responder as condições ambientais do meio em que habita. (BHAG, 1999) No dia 12 de maio de 2010 foi realizado o enriquecimento Coco do Paulinho no mesmo horário da observação controle 1 (entre 15h00min e 16h50min). A figura 4 compara o total de comportamentos de cada categoria durante a observação (controle 1) e durante o enriquecimento (Coco do Paulinho). Figura 4: Comparação dos totais (em números) de cada categoria comportamental do enriquecimento Coco do Paulinho e da observação controle 1. Notamos a eficácia pelas evidências de interação e interações apropriadas com o enriquecimento, observando o aumento de alguns comportamentos, tais quais: calmo, higiene, sono, interação calma, roer poleiro, vocalização calma e mexer cabeça. Apesar de o enriquecimento estimular tanto interações calmas quanto agressivas este também se mostrou efetivo na diminuição de algumas atitudes negativas como: interação agressiva, roer tela, interação de fuga, vocalização agressiva e agitação, havendo uma melhora visível do bem-estar animal. Durante o enriquecimento observou-se que as araras canindés, sendo as primeiras a interagirem e a acharem mais facilmente os cocos escondidos, demonstrando um interesse maior pelo enriquecimento. Já as araras azuis adultas, apresentaram mais facilidade para abrir o coco, enquanto a híbrida se mostrou possessiva pelo enriquecimento, causando grande parte das interações agressivas e também de fuga. Apenas 3 aves de pequeno porte, como o papagaio verdadeiro, periquitão maracanã, e a ararinha nobre consumiram algumas sementes que caíram do coco e o resto dos psitacídeos de menor porte apenas observaram as outras aves. Passados 30 minutos de enriquecimento, grande parte das araras perderam o interesse pelo coco, deixando-o intocado, com isso as aves menores puderam interagir com o enriquecimento, isso fez com que 12 araras canindés e 1 filhote de arara azul voltassem a manipular o coco, expulsando-os novamente. 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 C F H S IC IA RP RT IF VC VA BH2O MC E P A Controle 1 - tarde Enriquecimento - Coco O enriquecimento Rede de balanço foi realizado no dia 14 de maio de 2010 no mesmo horário que a observação controle 1. A comparação dos etogramas é visualizada na figura 5, a seguir: Figura 5: Comparação dos totais (em números) de cada categoria comportamental do enriquecimento Rede de balanço e da observação controle 1. O gráfico aponta um aumento das atitudes: calmo, higiene, sono, interação calma, roer poleiro, vocalização calma, mexer cabeça e esticar-se. O comportamento de agitação foi bem visível, provavelmente pela entrada de crianças no interior do viveiro durante o período de enriquecimento. De acordo com a escala de interações e de metas, as aves chegavam até o enriquecimento e faziam um contato breve, tentando mover a estrutura, mas logo perdiam o interesse. Somente 2 araras canindés interagiram apropriadamente com o enriquecimento. É provável que as aves tivessem demonstrado maior importância pela Rede de balanço se caso fossem sido usadas cordas de diferentes diâmetros, comprimentos e cores. Os enriquecimentos Móbile de milho executados nos dias 16 e 30 de maio foram comparados com a observação controle 1, como mostra a figura 6. 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 C F H S IC IA RP RT IF VC VA BH2O MC E P A Controle 1 - tarde Enriquecimento - Rede Figura 6: Comparação dos totais (em números) de cada categoria comportamental do enriquecimento Móbile de milho do dia 16/05 e do dia 30/05 e da observação controle 1. Segundo a escala de metas e interações os animais interagiram apropriadamente, pois a estrutura apresentou várias visitas e houve evidência das interações nesta. O móbile de milho proporcionou um aumento dos comportamentos: calmo, forrageamento, higiene, sono, interação calma, roer poleiro, vocalização calma e mexer cabeça. Houve também uma redução das seguintes atitudes: interação agressiva, roer tela, vocalização agressiva e pêndulo. Porém o total de interações de fuga do enriquecimento realizado no dia 16 manteve a mesma quantidade do controle. O ato de esticar-se conservou o mesmo total durante o controle e os enriquecimentos. Não foram visualizadas aves bebendo água durante os enriquecimentos. Existiu um aumento da agitação nos dois enriquecimentos em relação ao controle, um ponto importante a ser destacado é que ocorreu a alimentação das aves de outros recintos causando agitação em todos os viveiros ao redor no período em que o enriquecimento estava sendo executado. No dia 16 de maio foi observado que as aves estavam bem agitadas antes do enriquecimento e ocorreram disputas assim que os móbiles foram colocados. Nos dois dias em que os móbiles de milho foram aplicados foi visualizado interesse de todos os psitacídeos do recinto, contudo os de menor porte tinham que esperar um móbile sem interação ou forragear os restos do chão. Ocorreram tanto interações calmas quanto agressivas entre várias espécies do recinto.0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 C F H S IC IA RP RT IF VC VA BH2O MC E P A Controle 1 - tarde Enriquecimento - Móbile de milho 16/05 Enriquecimento - Móbile de milho 30/05 No dia 11 de maio foi efetuado na parte da manhã a observação controle 3 que será comparada na figura 7 com o enriquecimento Galhos com pinhão e castanha, que foi realizado no dia 18 de maio. Figura 7: Comparação dos totais (em números) de cada categoria comportamental do enriquecimento Galhos com pinhão e castanha e da observação controle 3. O enriquecimento foi muito eficaz, atingindo a nota 5 nas escalas de metas e de interações (tabela 3 em anexo). É perceptível o aumento dos comportamentos de forrageamento, interação calma e vocalização calma. Interação agressiva, roer tela, interação de fuga, vocalização agressiva, mexer cabeça e esticar-se apresentaram nenhuma ou pouca variação. A queda dos comportamentos calmo, higiene, sono e roer poleiro também foram observadas. Visualizou-se que a maioria das aves participaram do enriquecimento devido à facilidade de adquirir as castanhas e os pinhões, o que pode explicar as poucas interações agressivas. De acordo com Sick (1997), os psitacídeos gostam das sementes e não da polpa das frutas, chegando até mesmo a desprezar estas. Ele ainda afirma que os psitacídeos trituram os caroços, destruindo as sementes, tornando-se “predadores”; não contribuindo à dispersão das plantas. A Caixa surpresa foi realizada no dia 22 de maio e será comparada com a observação controle 1, conforme mostrado na figura 8. 0 50 100 150 200 250 300 350 400 C F H S IC IA RP RT IF VC VA BH2O MC E P A Controle 3 - manhã Enriquecimento - Galhos com pinhão e castanha Figura 8: Comparação dos totais (em números) de cada categoria comportamental do enriquecimento Caixa surpresa e da observação controle 1. O enriquecimento foi eficaz, tendo nota 5 em todas as escalas, aonde a estrutura, que apresentou várias interações apropriadas, se prestava rasgada e espalhada pelo recinto. Segundo o gráfico, os comportamentos que aumentaram foram: calmo, forrageamento, higiene, interação calma, roer poleiro, vocalização calma e mexer cabeça. Nota-se um pequeno aumento nas interações de fuga, provavelmente por conta da dominância pela caixa grande, apresentada por algumas das araras. Quando estas se afastavam os psitacídeos de menor porte aproveitavam para interagir com o enriquecimento. As interações agressivas, vocalizações agressivas e agitação diminuíram, contudo a maioria das atitudes de agressão é realizada pelos indivíduos “Alice” e “Hibrida”. Visualizou-se o comportamento de mexer a cabeça de uma arara canindé para um turista. Outro turista tentou acariciar o indivíduo “Alice” apesar de este mostrar-se irritado. Segundo Sick (1997) os sinais agonísticos são representados pelo avanço do bico, arrepiar as bochechas e garganta, sibilando, elevando e abaixando o corpo e levantar o pé. Isto deve-se também ao fato de o turista mexer nas caixas do enriquecimento mesmo depois de ter sido alertado. No dia 24 de maio, durante o período da tarde, executou-se o enriquecimento Pirulito de gelo que é comparado com a observação controle 1, na figura 9. 0 50 100 150 200 250 300 350 400 C F H S IC IA RP RT IF VC VA BH2O MC E P A Controle 1 - tarde Enriquecimento - Caixa surpresa Figura 9: Comparação dos totais (em números) de cada categoria comportamental do enriquecimento Pirulito de gelo e da observação controle 1. Os valores para a escala de metas e de interações diretas foram 5, e 4 para a escala de interação indireta. Foi observado que a grande maioria dos psitacídeos participou do enriquecimento e as araras canindé foram as primeiras a se aproximar do pirulito de gelo. A arara vermelha grande ao observar a canindé se aproximando do enriquecimento foi até o pirulito e a canindé se afastou. A arara vermelha grande foi a primeira a achar o enriquecimento escondido. Os comportamentos como calmo, forrageamento, interação agressiva, interação de fuga, vocalização agressiva e pêndulo foram reduzidos. Roer poleiro, mexer cabeça, esticar-se e agitação não tiveram grandes variações. Apenas comportamentos como higiene, interação calma e vocalização calma apresentaram um aumento. O enriquecimento Saco de ração foi realizado no dia 28 de maio de 2010 durante o meio dia, mesmo horário que a observação controle 2. A comparação dos etogramas é visualizada na figura 10. O valor 5 foi atingido nas 3 escalas, mostrando uma ferramenta muito eficaz. Nota-se a diminuição dos comportamentos calmo, sono, roer poleiro e vocalização agressiva. Interação de fuga e mexer cabeça não tiveram grande variação. Houve uma maior frequência de forrageamento, higiene, interação calma, interação agressiva, roer tela, vocalização calma, pêndulo, esticar- se e agitação. 0 50 100 150 200 250 300 C F H S IC IA RP RT IF VC VA BH2O MC E P A Controle 1 - tarde Enriquecimento - pirulito de gelo Figura 10: Comparação dos totais (em números) de cada categoria comportamental do enriquecimento Saco de ração e da observação controle 2. As aves apresentaram-se muito calmas até notarem o enriquecimento. A maior parte das interações agressivas visualizadas foi devido às castanhas, gerando uma agitação no recinto. O indivíduo “Alice” se dirigia onde estavam as brigas, provocando interações de fuga. Neste dia, o clima apresentava-se mais quente e se pôde visualizar o banho durante o período do enriquecimento e notaram-se vocalizações diferenciadas durante o banho. Sick (1997), afirma que os psitacídeos gostam de se banhar na chuva, às vezes pendurados de cabeça para baixo no meio da folhagem molhada. O enriquecimento Pirulito de frutas foi realizado no dia 01 de junho e será comparada com a observação controle 3, conforme mostrado na figura 11: Figura 11: Comparação dos totais (em números) de cada categoria comportamental do enriquecimento Pirulito de frutas e da observação controle 3. 0 50 100 150 200 250 300 350 400 C F H S IC IA RP RT IF VC VA BH2O MC E P A Controle 2 - meio dia Enriquecimento - Saco de ração 0 50 100 150 200 250 300 350 400 C F H S IC IA RP RT IF VC VA BH2O MC E P A Controle 3 - manhã Enriquecimento - Pirulito de frutas Segundo as escalas de interação e de metas (tabela 3 em anexo) os psitacídeos manipularam o enriquecimento de modo apropriado durante até 10 minutos, havendo evidência substancial da interação. Segundo a figura 10, os comportamentos que aumentaram foram: higiene, interação calma, vocalização calma e pêndulo. Diminuíram comportamentos como calmo, forrageamento e roer poleiro. Comportamentos que apresentaram pouca ou nenhuma variação foram: sono, interação agressiva, roer tela, interação de fuga, vocalização agressiva, mexer cabeça, esticar-se e agitação. O barulho do funcionamento de uma das bombas de água do Parque, que fica próximo ao viveiro, ocasionou o aumento da vocalização agressiva, porém não superou a quantidade da observação controle do período da manhã. As aves do recinto estavam visivelmente alertas devido ao barulho causado pelos helicópteros e aviões da região o que dificultou nas interações com o enriquecimento. Por este motivo os pirulitos de fruta foram movidos para lugares mais altos no recinto, o que elevou muito as visitas ao enriquecimento. Segundo Sick (1997), os psitacídeos procuram por alimento tanto nas copas das árvores mais altas quanto em certos arbustos frutíferos e, se apoiando na ramaria, utilizam o bico como um terceiro pé. Um ponto importante a ser destacado foi que alguns psitacídeos utilizaram os galhos do pirulito de frutas para roer, mostrando mais uma vez a eficácia deste enriquecimento na estimulação de comportamentos adequados. No dia 09 de maio foi efetuadona parte da tarde a observação controle 1 que será comparada na figura 12 com o enriquecimento Melão e coco, realizado no dia 03 de junho. É perceptível o aumento dos comportamentos calmo, forrageamento, higiene, sono, interação calma, roer poleiro e vocalização calma. Vocalizações agressivas e agitação também tiveram um aumento significativo. Interação agressiva, mexer cabeça e o ato de esticar-se apresentaram nenhuma ou pouca variação. A queda de comportamentos como roer tela, interação de fuga e pêndulo também foi observada. Figura 12: Comparação dos totais (em números) de cada categoria comportamental do enriquecimento Melão e coco e da observação controle 1. O enriquecimento foi considerado eficaz, pois recebeu pontuação 5 na escala de metas e na escala de interação direta e indireta (tabela 3 em anexo), o significa que as aves apresentaram constante interesse, interagiram adequadamente e destruíram totalmente a estrutura do enriquecimento. Os cocos de muitas palmeiras, segundo Sick (1997), são o alimento predileto dos psitacídeos, sendo apanhados às vezes até mesmo no solo, tombados pelo fogo ou por estarem maduros. Visualizou- se que todas as 13 espécies de psitacídeos interagiram com o enriquecimento. A passagem de helicópteros causou o aumento das vocalizações agitadas e agitação. Alguns turistas mexeram no enriquecimento, bateram palmas e gritaram dentro do viveiro, provavelmente tendo provocado mais agitação. Foi observado na maioria dos enriquecimentos ambientais aplicados um aumento dos comportamentos calmo, forrageamento, higiene, interação calma e roer poleiro e a diminuição de comportamentos como roer tela, interação agressiva e pêndulo. Vale ressaltar que as alterações destes comportamentos se dão em virtude de variáveis como: o clima; o fluxo de turistas; reação dos turistas; quantidade de helicópteros e aviões na região; horário de alimentação; agitação de outros viveiros. CONSIDERAÇÕES FINAIS De maneira geral, os indivíduos do recinto estão bem adaptados ao cativeiro, visto que o viveiro possui diversificados itens de enriquecimento permanente que 0 50 100 150 200 250 300 350 C F H S IC IA RP RT IF VC VA BH2O MC E P A Controle 1 - tarde Enriquecimento - Melão e coco garantem aos animais envolvimento em atividades. Os animais cativos responderam a todas as propostas de enriquecimento adequadamente, atingindo o maior número de atividades e envolvimentos possíveis. De acordo com o esperado, o comportamento exploratório está intimamente relacionada com a obtenção de informações do ambiente, com a finalidade de verificar a disponibilidade de recursos para o futuro, descobrir esconderijos, encontrar rotas de fuga, além da captura de alimento Com a introdução de novas ferramentas de enriquecimento há um aumento de interações agressivas pelo fato das aves estarem curiosas, dominantes e também pela hierarquia do recinto. Após assimilarem o enriquecimento, iniciam-se as interações calmas entre os psitacídeos. Ao comparar os resultados com um mesmo trabalho de enriquecimento ambiental trabalho realizado no período de novembro de dezembro de 2009, é possível observar uma série de diferenças. Foi possível perceber que o clima deve influenciar no comportamento das aves, uma vez que o primeiro trabalho se deu no verão, e a presente pesquisa, no inverno. A hierarquia presente no viveiro não é tão rígida como nas observações feitas no ano de 2009, de modo que até os papagaios e periquitos aumentaram o grau de interação com o enriquecimento oferecido. Isto não ficou visível somente nos papagaios, mas também entre as araras, uma vez que nas observações de 2009, os menores davam seu lugar para as maiores. Os comportamentos de “Alice” se tornaram menos agressivos uma vez que os funcionários do parque deixaram de dar tanta atenção ao animal, mas que mesmo assim esta, ainda provoca uma mudança significativa no comportamento das outras aves presentes no recinto, já que esta é o individuo dominante do recinto. Foi observado também que a interação entre indivíduos de espécies diferentes aumentou bastante em relação ao ano passado, mas que interações que possuem maior freqüência, são as de indivíduos de mesma espécie, principalmente interações de araras canindé. Ainda comentando sobre interação, foi possível observar maior interação de arara azul, arara vermelha, arara canindé, papagaio de peito roxo, periquitão maracanã, e a ararinha nobre com os enriquecimentos oferecidos. Sendo que a arara canga interagia diretamente com o enriquecimento, mas perdia logo o interesse, procurando outras aves que já possuíam o alimento retirado do enriquecimento (geralmente canindé) para que estas dividissem com elas seus alimentos. Com isto o número de interações agressivas e interações de fuga tivessem suas frequências elevadas. Outras aves de menor porte ficavam nos poleiros mais altos e mais afastados apenas observando as outras. A observação de maior relevância, é que na pesquisa anterior, a ave dominante (Alice), não estava presente durante as atividades de enriquecimento e que isso dá uma mudança significativa no comportamento do recinto. A presença desta ave no recinto promovia as interações de fuga de outros indivíduos, quando outras aves que não fosse sua parceira, pousavam ao seu lado ou no poleiro onde esta estava presente. O estudo e a aplicação de técnicas apropriadas e específicas para uma determinada espécie, o acompanhamento cuidadoso dos resultados e sua posterior divulgação para que um número cada vez maior de instituições conservacionistas possa delas fazer uso em benefício dos animais, já que técnicas baratas e facilmente aplicáveis podem também ser executadas por instituições com poucos recursos. Embora a apresentação de comportamentos típicos da espécie represente uma medida razoável de bem-estar, é bastante provável que o animal cativo apresente comportamentos não vistos em natureza, mas seria precipitado classificar esses comportamentos como prejudiciais sem um estudo mais cuidadoso. Quando não se tem clareza a respeito dos tipos de estímulos que seriam benéficos para os indivíduos mantidos em cativeiro, torna-se vazia qualquer definição de comportamento anormal, visto que indivíduos que não tiveram contato com o ambiente natural de sua espécie estão há muito tempo no cativeiro do que aqueles que estiveram em vida livre. Acredita-se que os critérios para determinar que indícios comportamentais possam ser considerados positivos ou negativos devem surgir do próprio estudo da espécie escolhida. REFERÊNCIAS AAZK. Americam Association of Zoo Keepers. 1999. Disponível em: <http://aazk.org/>. Acesso em 14 de março de 2010. ALTMANN, J. Observational study o f behavior: sampling methods. Allee Laboratory of Animal Behavior, University of chicago, Chicago, Illinois, U.S.A. 1973. Disponível em: <http://bio.kuleuven.be/ento/courses/ethology_behavioural_ecology /altmann_behaviour_1974_observing%20behaviour.pdf>. Acesso em 22 de março de 2010. BARROS, Y. M. 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