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Material de Saúde Mental

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1 
 
 
REPÚBLICA DE ANGOLA 
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 
INSTITUTO TÉCNICO MÉDIO PRIVADO DE SAÚDE 
GUILHERME HANDANGA 
 
 
 
MATERIAL DE APOIO 
DE SAÚDE MENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Elaborado por: Ana Zeferino Sebastião 
 Docente 
 
 
 
 
 
Luanda, Março ∕2020 
 
2 
 
 
 
SUMÁRIO 
UNIDADE I: APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 
1.1 Evolução histórica 
1.2 conceitos (Saúde ∕ Doente Mental) 
1.3 Política Nacional 
1.4 Organização, estrutura e funcionamento 
1.5 Níveis de atendimento 
UNIDADE II: SAÚDE MENTAL 
2.1 Fases do crescimento e desenvolvimento humano 
 Fisiológico, estrutural e psicológico 
2.2 Fatores que condicionam a Saúde Mental 
2.3 Situações que interferem na Saúde Mental 
UNIDADE III.RELACIONAMENTO DOS PROFISSIONAL COM O UTENTE E 
FAMÍLIA 
3.1 Importância da família na identificação precoce de sintomas e durante o 
tratamento 
3.2 Importância da cooperação do paciente na identificação precoce de sintomas e 
durante o tratamento 
3.3 Técnica de entrevista com o paciente e família 
 Colheita de dados individuais e familiares 
 Observação do comportamento 
3.4 Técnica de relacionamento com o paciente e família 
 Quando em tratamento ambulatório, hospitalizado e após a alta 
UNIDADE IV: TRANSTORNOS MENTAIS MAIS COMUNS 
4.1 Tipos de transtornos 
 Causas ∕ Factores de riscos 
 Cuidados de enfermagem integral e humanizada 
UNIDADE V: ESTUDO DAS DOENÇAS E DOS DOENTES MENTAIS E SUA 
ASSISTÊNCIA 
5.1 Tipos de doenças 
 Conceito 
 Sinais e sintomas ∕ Transtorno 
 
3 
 
 Educação para a saúde 
 
CAPÍTULO I. APRESENTAÇÃO DE DISCIPLINA 
 
Em um passado não muito distante, os pacientes doentes mentais não tinham 
sequer o direito de receber os cuidados necessários em relação ao seu sofrimento 
psíquico. Com o passar dos anos essa realidade foi sendo modificada, e esses 
pacientes foram adquirindo direitos que precisam ser respeitados. No Brasil, desde 
a época do império, a saúde mental já tinha certa atenção, decorrente da chegada 
da família real. 
As pessoas portadoras de algum transtorno mental que fossem oriundas de 
famílias tradicionais e ricas da sociedade carioca, eram tratadas em espécies de 
asilos ou intituladas Casas de Misericórdia para que fossem então afastadas do 
convívio social. Causava um grande espanto e vergonha às famílias abastadas ter 
em seu convívio um parente que fosse considerado doente mental ou, de acordo 
com o termo utilizado à época, loucos (SANTOS; MIRANDA, 2015). 
A assistência prestada ao indivíduo com problemas mentais surgiu quando se 
definiu a pessoa louca na sociedade. A partir do século XVII começou-se a ocorrer 
uma distinção entre as pessoas normais, das que não eram normais. Era preciso 
libertar a sociedade daqueles que a perturbavam. Se um indivíduo se diferenciasse 
dos padrões de normalidade da sociedade, ele era considerado como um louco, ou 
então improdutivo socialmente (CORDEIRO et al., 2012). 
De acordo com Santos, Miranda (2015), a forma de excluir os portadores de 
doenças mentais deu-se por anos e anos, em princípio pelo conceito de anormal e 
normal. Esta exclusão gerou a necessidade de abrigar os doentes mentais em 
ambientes segregadores, como uma forma de extirpá-los do meio social e, assim 
tratar as suas patologias em locais de contenção por suas subjetividades e 
diferenças. Todavia, o objetivo maior da criação desses locais, denominados de 
hospitais psiquiátricos era o de resolver os problemas gerados pelos anormais, o 
caráter de dar uma assistência humanizada ficou em último plano e, devido a isso, 
o surgimento dos manicômios, no Brasil, se associa em muito ao modelo prisional, 
e não terapêutico (SANTOS; MIRANDA, 2015). 
 Historicamente, durante muitos anos, havia várias suposições para a loucura 
aparecer, segundo Figueiredo, Delevati, Tavares (2014, p. 124): 
 Com a antiguidade clássica, até a era cristã, a loucura era vista sob alguns 
enfoques: o de Homero com um enfoque mitológico religioso; o de Eurípedes com a 
concepção passional ou psicológica; e o de Hipócrates e Galeno com o as disfunções 
somáticas (RAMMINGER, 2002). 
Na idade média iniciou-se a predominância da loucura como possessão diabólica 
feita por iniciativa própria ou a pedido de alguma bruxa. Havia duas 
possibilidades de possessão, sendo a primeira o alojamento do diabo no corpo da 
 
4 
 
pessoa, e a segunda a obsessão, na qual o demônio altera percepções e emoções da 
pessoa. 
 De acordo com Saraiva, Santos, Sousa (2016), historicamente, a partir do período 
em que o louco é definido como aquele que foge dos padrões de normalidade, esse 
indivíduo precisava ser excluído da sociedade. Desta forma, não havia a menor 
preocupação com a criação de propostas de tratamentos para a recuperação dessas 
pessoas, diferente do que acontecia nas outras especialidades médicas, onde os 
doentes recebiam seus cuidados. 
De 1950 em diante, as políticas de saúde mental passaram por muitas 
modificações, essas mudanças começaram em países como a Itália, a França e os 
Estados Unidos, que posteriormente influenciaram o Brasil. Essas mudanças se 
intensificaram nas décadas de 80, 90 e do século XX. O Movimento dos 
Trabalhadores em Saúde Mental reivindicava mudanças no modelo assistencial, 
que incorpora outros segmentos sociais, os usuários, suas famílias e associações, o 
que configura num movimento de luta antimanicomial que prega a 
desinstitucionalização, e focaliza no cuidar das pessoas com transtornos mentais 
(HIRDES, 2009). 
É importante frisar que a Reforma Psiquiátrica surgiu no bojo da Reforma 
Sanitária, a qual lhe deu sustentação política. Com o passar do tempo, a Reforma 
Psiquiátrica organizou-se como um movimento social independente que incluiu em 
seus princípios “o desenho de um novo modelo de serviços que tem como premissa 
fundamental a cidadania do usuário do serviço” (BARROS, 1996, p. 1). 
Essa luta pela cidadania necessita de redefinição política e ética do espaço público 
que garanta o direito à diferença pautada no direito de não sermos iguais uns aos 
outros, de termos nossas próprias indagações, escolhas e projetos; direito a sermos 
sujeito. Corroborando essa afirmação, Saraceno (1999, p. 18) afirma que “a 
cidadania do paciente psiquiátrico não é a simples restituição de seus direitos 
formais, mas a construção de seus direitos substanciais; e é dentro de tal 
construção (afetiva, relacional, material, habitacional, produtiva) que se encontra 
a única reabilitação possível”. 
Foi na década de 70 que se consolidou o movimento denominado Reforma 
Sanitária, caracterizado não apenas por fazer denúncias contra a ditadura e os 
interesses econômicos nela envolvidos, mas, ainda, por apresentar um projeto de 
transformação do sistema de saúde vigente, marcado pelo caráter centralizador, 
em nível federal, e por um modelo hospitalocêntrico de atenção. Com a superação 
do regime militar e o surgimento da Nova República em 1985, esse movimento 
social intensificou-se e a discussão sobre o projeto da Reforma Sanitária criou 
vulto. 
As principais propostas do Movimento da Reforma Sanitária, explicitadas na 8ª 
Conferência Nacional de Saúde – universalidade, integralidade, equidade, 
regionalização e controle social –, foram incorporadas ao texto Constitucional nos 
artigos 194 a 196 e regulamentadas pelas Leis 8.080/90 e 8.142/90, criando o 
Sistema Único de Saúde (SUS). 
 
5 
 
 O SUS pode ser definido como “uma nova formulação política e organizacional 
para o reordenamento dos serviços e ações de saúde estabelecida pela Constituição 
de 1988”. Esse sistema, portanto, define normas, princípios e diretrizes para a 
atenção à saúde em todo o país, inclusive na área de saúde mental. (SILVA, 1999.) 
O movimento preconizado pela Reforma Psiquiátrica vem cumprir um importantepapel nas transformações ocorridas na assistência prestada ao doente mental. 
Esse movimento é definido por Amarante (1995, p. 91) como “o processo histórico 
de formulação crítica e prática que tem como objetivos e estratégias o 
questionamento e a elaboração de propostas de transformação do modelo clássico e 
do paradigma da psiquiatria”. 
 A atual Reforma Psiquiátrica vem se contrapor ao modelo hegemônico de 
assistência centrado no hospital psiquiátrico e na exclusão social do doente mental. 
Rompendo paradigmas, criando novas formas de convivência com a loucura, 
buscando a transformação da realidade assistencial, inserindo novos atores em sua 
história, ela surge desestabilizando e criticando o modelo dominante da assistência 
na área da saúde mental. Reorientar esse modelo de atenção para fora dos 
hospitais psiquiátricos, desconstruindo saberes, criando novas culturas para a 
convivência com o doente mental, devolvendo-lhe o direito à vida, à liberdade e à 
cidade, além de garantir assistência à saúde de qualidade torna-se um grande 
desafio. 
A superação do aparato manicomial implica, sobretudo, a desestruturação de 
velhos fazeres e saberes sobre a loucura, no aprendizado do novo, na possibilidade 
da convivência, no estar fora. O caminho é longo e requer analisar as diferenças e 
as reais condições socioeconômicas e afetivas existentes em cada família, em cada 
comunidade. 
 
1.2 CONCEITOS (SAÚDE ∕ DOENÇA MENTAL 
Todo estado de saúde e doença é determinado, portanto, pela cultura na qual o 
sujeito se insere. 
Para Foucault (1978, p. 186), “o louco não pode ser louco para si mesmo, mas 
apenas aos olhos de um terceiro que, somente este, pode distinguir o exercício da 
razão da própria razão”. 
Portanto, a maneira como entendemos e lidamos com a saúde e a doença mental 
está inscrita no mundo social-histórico e é definida pela cultura e legitimada pelo 
senso comum. Nas relações que o sujeito mantém com o seu grupo e classe social é 
construída uma rede de significados que apontam a saúde e a doença como 
construções de sua cultura. 
A saúde mental é intrínseca à saúde e ao bem- -estar do indivíduo (Patel et al., 
2010; Prince et al., 2007). 
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6 
 
O entendimento da saúde mental não se esgota apenas na ausência de doença 
mental. Segundo a Organização Mundial de Saúde (2014), é um estado de bem-
estar em que cada indivíduo percebe o seu próprio potencial, conseguindo lidar 
com as tensões normais da vida, trabalhar de forma produtiva e frutífera e com 
capacidade de contribuir para a sua comunidade. 
Nesta definição estão incluídos conceitos de bem-estar subjetivo, auto-eficácia, 
autodeterminação, autonomia, competência social, dependência Inter geracional e 
autorrealização do potencial intelectual e emocional (WHO, 2001). Não existe 
apenas uma definição de saúde mental. 
Esta depende em muito da influência cultural na construção do conceito, da 
subjetividade do próprio conceito e das diversas perspectivas profissionais. 
OMS afirma que não existe definição oficial de saúde mental. Diferenças culturais, 
julgamentos subjetivos teorias relacionadas concorrentes afetam o modo como a 
‘saúde mental’ é definida. 
Saúde Mental é um termo usado para descrever o nível de qualidade de vida 
cognitiva ou emocional. A saúde mental pode incluir a capacidade do indivíduo de 
apreciar a vida e procurar um equilíbrio entre as atividades e os esforços para 
atingir a resiliência psicológica. Admite-se que o conceito de saúde mental é mais 
amplo que ausência de transtornos mentais. 
Saúde mental é estar bem consigo mesmo e com os outros, aceitar as exigências da 
vida. Saber lidar com as boas emoções e também com as agradáveis. (Alegria, 
tristeza, coragem, medo, amor ódio serenidade raiva, ciúme culpa frustrações). 
Reconhecer seus limites e buscar ajuda quando necessário. 
 
1.3 POLÍTICA NACIONAL 
 
A política Nacional de Saúde Mental é uma ação do governo federal coordenada 
pelo Ministério de Saúde, que compreende as estratégias e diretrizes adotadas pelo 
país para organizar a assistência às pessoas com necessidades de tratamento e 
cuidados específicos em saúde mental. Abrange a atenção a pessoas com 
necessidades relacionadas a transtornos mentais como depressão, ansiedade, 
esquizofrenia, transtorno afetivo bipolar, transtorno obsessivo compulsivo, etc, e 
pessoas com quadro de uso nocivo e dependência de substância psicoativas, como 
álcool, cocaína, crack, tabaco e outras drogas. 
Política e legislação são dois métodos complementares para melhorar a atenção e 
os serviços de saúde mental, mas, a menos que também haja vontade política, 
recursos adequados, instituições funcionando corretamente, serviços de apoio 
comunitário e pessoal de boa formação, a melhor política e a melhor legislação 
terão pouca importância. 
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Todas as políticas de saúde mental exigem apoio político para garantir que a 
legislação seja corretamente implementada. 
 O apoio político também é necessário para emendar a legislação, após ela ter sido 
aprovada, para corrigir qualquer situação indesejada que possam minar os 
objetivos da política. 
A política de saúde mental depende do marco legal para alcançar seus objetivos e 
proteger os direitos e melhorar as vidas de pessoas afetadas por transtornos 
mentais. 
 * O objetivo fundamental da legislação de saúde mental é proteger, promover e 
melhorar a vida e o bem-estar social dos cidadãos. 
A atual política do Ministério da Saúde para a área da saúde mental tem como 
diretriz a “implantação de uma rede integrada, de base comunitária, com ofertas 
complexas de atenção médico-social, sob a diretriz da reabilitação psicossocial” 
(DELGADO, 2001). 
O processo de elaboração de uma política de saúde mental deve incluir ampla 
variedade de interessados (usuários, familiares, profissionais), fixando prioridades 
e definindo objetivos de acordo com as necessidades identificadas na comunidade e 
estabelecendo os recursos disponíveis. 
Esse levantamento das necessidades da comunidade deve: 
a) identificar os determinantes psicossociais dos transtornos psíquicos; 
b) realizar o levantamento dos recursos e dos serviços existentes; 
c) detectar os grupos vulneráveis que apresentam necessidades especiais de 
assistência em saúde mental (crianças, idosos, adolescentes, mulheres). 
Embora o estigma e a discriminação acerca da doença mental tenham origem na 
comunidade, não podemos nos esquecer de que essa mesma comunidade pode se 
transformar em importante recurso para a reabilitação psicossocial do doente 
mental. 
 Além dos serviços governamentais, as organizações não-governamentais são 
recursos comunitários valiosos para a saúde mental, trazendo soluções inovadoras 
no nível local. Elas se mostram, muitas vezes, mais sensíveis às realidades dos 
municípios do que os programas de governo (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA 
SAÚDE, 2001). 
 Os formuladores de políticas nos governos (aos níveis nacional, regional e 
distrital), o setor privado e a sociedade civil, que podem ter relutado em buscar 
mudanças no status que, podem ser obrigados a fazê-lo com base em uma injunção 
legislativa; outros que podem ter sido restringidos de desenvolver políticas 
progressivas podem encontrar essa possibilidade mediante mudanças legislativas. 
As leis podem inibir objetivos da política por impor exigências que não permitem 
as modificações políticas desejadas ou efetivamente impedir tais modificações. 
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8 
 
 O desenvolvimento de políticas de tratamento comunitário para pessoas com 
transtornos mentais, por exemplo, tem sido impedido em muitos países por leis que 
não incluem disposições relativas ao tratamento comunitário. Além disso, até sob 
estruturas legais permissivas a política pode ser obstada devido à falta de poderes 
de aplicação. 
 Em suma, legislação de saúde mentale política de saúde mental estão 
estreitamente ligadas. A legislação de saúde mental pode influenciar o 
desenvolvimento e implementação da política, ao passo que o inverso também é 
verdadeiro. 
 
O Contexto da Legislação de Saúde Mental: Questões Centrais 
 • A legislação é complementar às políticas, planos e programas de saúde mental, 
e pode servir para reforçar metas e objetivos das políticas. 
 • Pessoas com transtornos mentais são um segmento vulnerável da sociedade e 
necessitam de proteções especiais. 
 • A legislação de saúde mental é necessária para proteger os direitos das 
pessoas com transtornos mentais em ambientes institucionais e na comunidade. 
 • A legislação de saúde mental é mais do que apenas legislação de “atenção e 
tratamento”. Ela propicia um marco legal para tratar de questões críticas de saúde 
mental, tais como o acesso a atenção, reabilitação e cuidados na convalescença, a 
plena integração das pessoas com transtornos mentais à comunidade e a promoção 
da saúde mental nos diferentes setores da sociedade. 
 •. Os governos têm obrigação de respeitar, promover e cumprir os direitos 
fundamentais das pessoas com transtornos mentais, conforme definidos em 
documentos internacionais e regionais de direitos humanos. 
 • Questões legislativas pertinentes à saúde mental podem ser consolidadas em um 
único estatuto ou podem ser distribuídas em diferentes documentos legislativos. 
 • A legislação progressista de saúde mental deve incorporar proteções aos 
direitos humanos, tais como incluídos em documentos e normas técnicas 
internacionais e regionais de direitos humanos. 
 A legislação também deve possibilitar a consecução de objetivos da política de 
saúde pública e da saúde em geral. 
 
1.4 ORGANIZAÇÃO, ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO 
 
Modelo de atenção em saúde mental. Todo modelo de atenção em saúde 
mental estabelece intermediações entre o aspecto técnico e o político e nele devem 
estar presentes os interesses e as necessidades da sociedade, o saber técnico, as 
 
9 
 
diretrizes políticas e os modos de gestão dos sistemas públicos. Isso implica um 
processo de contínua criatividade voltado para as necessidades mutáveis dos 
usuários, para as características sócios regionais e para o oferecimento dos 
serviços. 
Para Merhy (1991, p. 84), “ao se falar de modelo assistencial estamos 
falando tanto da organização da produção de serviços de saúde a partir de um 
determinado arranjo de saberes da área, bem como de projetos de construção de 
ações sociais específicas, como estratégia política de determinados agrupamentos 
sociais”. É por meio da definição de um modelo assistencial que elaboramos as 
ações de saúde a serem desenvolvidas, delimitamos o seu universo de atendimento, 
traçamos o perfil dos profissionais e os objetivos a serem alcançados. 
O modelo é, portanto, a mola mestra para a organização e direcionamento 
das práticas em saúde. 
Modelo assistencial e atenção básica à saúde. 
 Em saúde mental precisamos saber, por exemplo, se a construção do 
projeto terapêutico será centrada nas necessidades do usuário levando em conta 
sua opinião e de seus familiares, se a prioridade de atendimento será definida pela 
gravidade e não pela ordem de chegada, se há o compromisso do município de 
promover ações intersectarias possibilitando novas formas de inserção 
sociofamiliar, etc. Estes são alguns aspectos que caracterizam o modelo proposto 
pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e que, também, contemplam os princípios 
propostos pelo Movimento da Reforma Psiquiátrica Brasileira. 
Na sociedade contemporânea, torna-se cada vez mais difícil praticar a 
ciência na certeza da estabilidade e do enquadramento. Somos, cada vez mais, 
propensos a entender os fenômenos de nossa vida cotidiana como algo em 
constante transformação e movimento. Nenhum fenômeno, por menor que seja, 
tem sua origem definida por uma única matriz. 
 Compreender o mundo atual nos direciona, com mais frequência, a 
percorrer caminhos diversos: o social, cultural, biológico, econômico e psíquico. 
Entretanto, ainda existe a tendência a buscarmos a causa biológica como o fator 
desencadeante da maioria das doenças em detrimento de outras causas de igual 
importância. Mas podemos afirmar que qualquer doença só pode ser entendida 
quando inserida na sociedade em que ocorre, considerando a classe social do 
indivíduo. 
Explicar a origem e o curso da doença referenciando-os apenas no biológico 
é fechar os olhos para a inserção do sujeito na cultura e nas redes de relações 
sociais das quais participa como produtor e como produto. Pense nisso... Não 
podemos reduzir a saúde mental à ausência de transtornos psíquicos. Ela vai mais 
além. 
 
1.5 NÍVEIS DE ATENDIMENTO 
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a) Nível Primário: 
1- Unidade Básica de Saúde: usuários com transtornos mentais leves recebe 
matricialmente do NASF e CAPS porta de entrada para a Rede referência e 
contra referência AMENT e CAPS 
b) Nível Secundário: 
 1- Assistência Multidisciplinar de Média Complexidade em Saúde Mental 
(AMENT) - usuários com transtornos mentais moderados cuidado intermediário 
entre a Atenção Básica e o CAPS não é porta de entrada para a Rede 
(necessidade de encaminhamento) necessidade de encaminhamento da Atenção 
Básica e CAPS funcionamento em Unidade própria ou em Ambulatório 
Especializados já existentes 
2- Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) - Centros de Atenção Psicossocial 
(CAPS) usuários com transtornos mentais graves agudizados ou cronificados 
acompanhamento intensivo reabilitação psicossocial porta de entrada para a 
Rede atendimento em crise matriciamento para a Atenção Básica 
3- Serviços de Urgência e Emergência- usuários com transtornos mentais graves 
agudizados UPA e Portas de Pronto Socorro em geral (que tenham ou não médico 
psiquiatra no plantão) atendimento por demanda espontânea atendimento 
referenciado por outros Serviços atendimento por encaminhamentos do SAMU. 
 
c) Nível Terciário: 
 1- Hospitais Gerais: pacientes com transtornos mentais graves agudizados 
preferência a pacientes COM risco ou presença de comorbidade clínica 
internações breves com encaminhamento para outros pontos de atenção da Rede 
para seguimento 
2- Hospitais Psiquiátricos Especializados: pacientes com transtornos mentais 
graves agudizados preferência a pacientes SEM risco ou presença de 
comorbidade clínica internações breves com encaminhamento para outros pontos 
de atenção da Rede para seguimento 
d) Serviços com Fins à Saúde: 
1- Unidade de Acolhimento (UA) - (Adulto e Infantil juvenil) usuários com 
transtornos mentais graves relacionados ao uso de álcool e drogas baixo suporte 
social e familiar vinculada a um CAPS AD 
2- Serviço Residencial Terapêutico (SRT) - moradores egressos de internações 
longas em Hospitais Psiquiátricos processo de Desinstitucionalização. 
3- Comunidade Terapêutica - usuários com transtornos mentais graves 
relacionados ao uso de álcool e drogas história de múltiplas recaídas insucesso de 
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tratamentos prévios necessidade de acolhimento de longo prazo necessidade de 
manter contato com Serviços de Saúde da RAPS para articular encaminhamento 
apropriado do usuário (PORTAS DE ENTRADA DA REDE) Equipes AMENT 
(Assistenciais) Atenção Básica SRT CAPS (INTERNAÇÕES) Hospital 
Psiquiátrico Hospital Geral Serviços de Urgência e Emergência Unidade de 
Acolhimento (UA) Comunidade Terapêutica. 
 
 
 
 
CAPÍTULO II. SAÚDE MENTAL 
2.1 Fases do crescimento e desenvolvimento humano 
 Fisiológico, estrutural e psicológico 
 
2.1.1. Ramos da psicologia do desenvolvimento 
 Ao falar do crescimento e desenvolvimento humano estamos diante de uma fase 
que começa desde o nascimento até a velhice. A Psicologia do Desenvolvimento 
vem interferir neste processo com o objetivo analisar e investigar as mudançaspsíquicas ao longo do desenvolvimento e divide-se nos seguintes ramos: 
 
2.1.2Psicologia Infantil 
 
 - Recém-nascidos (primeiros dias) 
 a) Infância - lactente – até 1 ano 
 - 1ª Infância – 1 a 3 anos 
 
 
a) Pré-escolar – 4 a 6 anos 
 
b) Escolar – 7 a 10 anos 
 
2.1.3. Psicologia do Adolescente – 11 à 14 anos 
 
2.1.4. Psicologia do Jovem – 15 à 17 anos 
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2.1.5. Psicologia do Adulto – 18 à 64 anos 
 
2.1.6. Geronto Psicologia – 65 anos em diante 
 
 2.1.7. Importância do desenvolvimento 
O Desenvolvimento é de grande importância, porque nos dá a conhecer as 
características de cada etapa do desenvolvimento humano de acordo com a idade. 
 
 2.1.8. Desenvolvimento humano 
O desenvolvimento humano é a evolução progressiva da estrutura do sujeito e da 
sua personalidade, através dos diferentes estádios, consistindo dum determinado 
número de princípios a saber: 
 
• Do simples para o complexo; 
• Do geral para o específico; 
• Do sensório-motor para o operativo. 
 
Todo este processo de desenvolvimento assenta na inteiração de dois grandes 
pilares: a hereditariedade e o meio. 
 
 2.1.9. Aspectos do desenvolvimento humano 
Os aspectos do desenvolvimento humano mais relevantes são os seguintes: 
 
1. Aspecto físico-motor – refere-se ao crescimento orgânico, a maturação 
neurofisiológica. Ex: A criança que leva a chupeta a boca. 
 
2. Aspecto intelectual – é a capacidade de pensamento e raciocínio. Ex. a 
criança de dois anos que usa um cabo de vassoura para puxar um 
brinquedo que está debaixo dum móvel. 
 
3. Aspecto afetivo-emocional – é o modo particular de o indivíduo integrar as 
suas experiências. A sexualidade faz parte desse aspecto. Ex A vergonha 
que sentimos em algumas situações. 
 
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4. Aspecto social é a maneira como o indivíduo reage perante as situações que 
envolvem outras pessoas. Ex. quando num grupo, há uma criança que 
desamparada. 
 
 2.1.10. Critérios, diversão e carácter histórico dos períodos 
Vimos anteriormente que a personalidade do sujeito é determinada em cada 
período de desenvolvimento e, é nos primeiros tempos predominam os aspectos 
psicomotores; afetivos; os cognitivos, por último os axiológicos (morais) e de 
relacionamento social. 
 
Os analistas do desenvolvimento utilizam com frequência diferentes 
nomenclaturas como: período, estádio, sub-estádio, fase e etapa. 
Atualmente os mais usuais e considerados fundamentais em Psicologia do 
Desenvolvimento são os termos: fase etária e estádio. 
 
 2.1.11. Fase etária 
Fase estaria é uma etapa ou período de desenvolvimento que se determina a partir 
da idade. Por exemplo, o período dos 0 aos 2 anos ou dos 10 anos aos 15 anos. Esta 
divisão assenta-se apenas no critério das idades. Também poderíamos fazer a 
divisão tendo em conta os meses, o que acontece normalmente nas primeiras fases 
de desenvolvimento devido à aceleração que se verifica nesse período. 
 
 
 
2.1.12. Estádio ou estágio 
 
Trata-se uma fase ou período de desenvolvimento pelo qual se pretende 
determinar momento de evolução em que se encontra uma criança ou adolescente. 
O estádio insere-se no tempo como uma determinada fase que pressupõe por parte 
do sujeito uma determinada estrutura que lhe permite realizar um número 
considerável de tarefas ou atividade possíveis. 
 
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A determinação de um estádio implica a existência de um modelo de evolução e a 
estabilidade sujeita segundo a ordem de aparição das características dos diferentes 
estádios. 
 
Para definir o estádio de desenvolvimento Piaget indica as seguintes 
características: 
 
• Que a ordem de sucessão das aquisições seja constante e não penas 
cronológica; 
• Que tenha carácter integrador (as estruturas construídas num dado estádio 
integram-se nas estruturas do estádio seguinte); 
• Que corresponda a uma estrutura de conjunto (não seja mera justaposição 
de partes distintas); 
• Que se possa distinguir um momento inicial e um final; 
 
• Que apresente na sua ordem de sucessão um processo de formação e suas 
formas de equilíbrio final. 
 
2.1.13. PERIODIZAÇÃO DOS ESTÁDIOS (Piaget, Wallon Freud e Erik Erikson) 
 
 2.1.14. Periodização dos Estágios Segundo Piaget 
 
Numa perspectiva interativa, Piaget defendia que a transição de um estádio para o 
outro ocorria quando a criança atingia um nível adequado de maturidade e estava 
exposta a tipos de experiências relevantes. Assim, a evolução dos estádios reflete-se 
no funcionamento intelectual, nas capacidades de linguagem, no desenvolvimento 
social e emocional. Os quatros estádios de Piaget são conhecidos como períodos 
sensório-motor, pré-operatório, operações concretas e das operações formais. 
 
1º Período sensório-motor (do nascimento aos 2 anos); durante o qual a criança 
tem pouca aptidão para representar o contexto utilizando imagens, linguagem ou 
outros símbolos. 
 
2º Período pré-operatório (dos 2 aos 7 anos) é caracterizado pelo desenvolvimento 
da linguagem. As crianças desenvolvem sistemas representacionais internos que 
lhes permite descrever, pessoas, acontecimentos e sentimentos. Chegam mesmo a 
utilizar símbolos quando brincam. 
 
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3º Período das operações concretas (dos 7aos 12 anos) é caracterizado pelo 
pensamento lógico e pela perda do egocentrismo. 
 
4º Período das operações formais (dos 12 até a idade adulta) nesta etapa marca 
início da adolescência e, é caracterizado por um novo tipo de pensamento abstrato, 
forma e lógico. O pensamento deixa de estar associado a acontecimentos que são 
observados no contexto, e recorre a técnicas lógicas para solucionar problemas. 
 
 2.1.15. Periodização dos Estágios Segundo Sigmund Freud 
 
A teoria psicanalítica de Freud diz que antes de atingir a maturidade a crianças 
passa por 5 fases de desenvolvimento psicossexual. Cada fase é definida pela fonte 
de gratificações predominante para as necessidades instintiva do indivíduo. Assim 
sendo, propôs as seguintes fases: 
 
 *1ª Fase oral (primeiro ano de vida) a criança satisfaz as suas necessidades pela 
boca através do movimento de sucção. É importante a satisfação das necessidades 
nesta fase caso contrário, pode provocar na criança sensação de frustração e 
fixação. Exemplo: fumar, roer as unhas. 
 
 *2ª Fase anal (segundo e terceiro ano de vida) o centro das experiências 
agradável fixa-se na região anal do corpo. A criança obtém prazer ao controlar os 
movimentos intestinais e a bexiga. Grande parte deste prazer deriva da resposta 
dos pais a nova habilidade adquirida pela criança. A não satisfação do prazer 
nesta fase provocar comportamentos inadequados. 
 *3ª Fase fálica (terceiro ao quinto ano de vida) o prazer da criança centra-se na 
genitália. De acordo como Freud, os interesses da criança focalizam prazer sexual. 
É nesta fase que nasce o complexo de édipo e Electra por parte das meninas e dos 
meninos com seus progenitores. As frustrações que nascem deste relacionamento 
mãe-filho, são consideradas pelos psicanalistas como as pedras fundamentais da 
identificação de papéis do sexo e do desenvolvimento moral. 
 
 *4ª fase latência (quinto ao décimo segundo ano de vida) é um período de calmo 
em que as necessidades intensas de prazer são recalcadas. Nesse período a criança 
adquire as habilidades e crenças que lhe vão permitir adaptar-se à sociedade.PAI CELESTIAL
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 5ª Fase genital (inicia aos 12 anos com a adolescência) é caracterizada por 
impulsos sexuais. Durante este período o objetivo da satisfação já não é a mãe, mas 
sim os outros membros da sociedade. 
 
2.1.16. Periodização dos Estágios Segundo Wallon 
 
A teoria de Wallon analisa do desenvolvimento a partir dos transtornos 
patológicos; descrevendo assim as etapas do desenvolvimento da criança. Esta 
teoria apresenta dois fatores importantes para explicar desenvolvimento. 
1º análise genética e a 2º concepção de homem social. 
Wallon considera que o início do desenvolvimento da inteligência da criança está 
na motricidade que, é sempre sinónimo de psicomotor; classificando o movimento 
quanto as formas de deslocamento e musculatura. 
 
Quanto à forma de deslocamento existem três tipos: passivo ou exógeno, ativo ou 
autógeno e de reações posturais, 1º deslocamento refere-se aos automatismos de 
postura, responsável pela compreensão e o reajustamento do corpo em ação na 
gravidade, por exemplo, as mudanças da cabeça em relação o tronco; o 2º 
deslocamento refere-se às respostas de compreensão dos objetos e à locomoção do 
corpo no espaço; o 3º refere-se aos deslocamentos dos segmentos corporais em 
relação aos outros corpos, tendo carácter mais psicológico. 
 
Quanto à musculatura existem duas funções: cinética ou clônica e postural ou 
tónica. 
 
A função clônica refere-se aos alongamentos e encurtamento dos músculos, e 
implica um nível de tenção muscular exigido pelo movimento. A função tónica do 
movimento é a mais importante, pois expressa as atitudes, as mímicas as posturas 
e, é a expressão da vida afetiva. É também o resultado da maturação do sistema 
nervoso, através da maleinizarão das fibras nervosas que apresentam 
características individuais para se desenvolver. As variações dos tónus musculares 
podem provocar estados hipertónico e hipotônico. O 1º referem-se ao aumento do 
tónus, como na cólera, na ansiedade, no esforço físico ou reflexão; o 2º refere-se ao 
baixo nível de rigidez do tónus, como no estado de depressão, medo e tristeza. 
 
2.1.17. Desenvolvimento psicomotor de Wallon (7 estádios) 
 
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1º Estádio da motilidade pré-natal (período anterior ao nascimento) neste período 
embrionário ocorrem as contrações autónomas e, no período fetal os primeiros 
movimentos ativos. 
 
2º Estádio da impulsividade (do nascimento até ao primeiro mês de vida) aqui os 
movimentos são automáticos e ligados às reações reflexas. As atividades 
musculares tónicas e clónicas estão indiferenciadas. A simbiose é característica 
predominante, inicialmente é orgânica e posteriormente, passa a ser afetiva. 
 
3º Estádio emocional (do segundo mês e o primeiro ano de vida) caracteriza-se pela 
maturação dos centros corticais, que regulam o comportamento afetivo e o 
relacionamento da criança com o meio familiar. É um período de subjetivismo 
radical e de sincretismo subjetivo. 
 
4º Estádio sensório – motor (vai do 1º ano de vida e prolonga-se até à metade do 2º) 
neste período a criança conquista a autonomia de andar e de manipular objetos. 
Em muitas crianças este estágio é exemplo, porque sentem a necessidade de ampla 
investigação do mundo à sua volta, por isso, as sensibilidades são exteroceptivas e 
os sentidos orientam as ações da criança. Para tal, a inteligência encontra-se 
associada às atividades de manipulação de objetos, por isso é chamada também 
inteligência pratica. A representação tem origens nesta fase, através da capacidade 
da criança em imitar e fazer uso da linguagem. 
 
5º Estádio projetivo ou de movimentos (começa na fase anterior e vai até ao 
terceiro ano), dá-se a maturação dos centros piramidais responsáveis pela 
motricidade e pela linguagem. Termina com o advento da consciência objetiva e da 
representação autónoma. Nesta fase a criança faz a descoberta de si, com 
assimilação progressiva e completa compreensão do seu próprio corpo. 
 
6º Estádio categorial manifesta -se pelo desaparecimento progressivo do 
sincretismo em virtude da entrada em ação da auto-disciplina mental e pelo 
aparecimento do pensamento categorial propriamente dito. Verifica-se o domínio 
do tempo. 
 
7º Puberdade-adolescência (11-15 ou 16 anos) caracteriza-se pela crise de um 
sentimento de instabilidade motivada por transformações somáticas, fisiológicas, 
pelo despertar de uma grande consciência de si e pela entrada na dimensão social 
de um modo mais determinante. 
 
 
18 
 
2.1.18. Periodização dos Estágios Segundo Erik Erickson 
 
De acordo com Erikson, as mudanças no desenvolvimento que ocorrem ao longo 
das nossas vidas podem ser vistas como oito fases de desenvolvimento psicossocial 
inclui as mudanças nas nossas interações e a compreensão uns dos outros, assim 
como o nosso conhecimento e compreensão de nós próprios como membros da 
sociedade. Assim sendo, personalidades de um indivíduo é um reflexo da maneira 
como cada conflito foi resolvido. Sugere ainda, que a potência máxima para o 
desenvolvimento da personalidade ocorre durante os seguintes período etários: 
 
1º. Fase da confiança e desconfiança (do nascimento aos 18 meses) a mãe 
representa a sociedade. É caracterizada pela confiança ou desconfiança. 
 
2º. Fase da autonomia, vergonha e duvida (dos18 meses aos 3 anos), nesta idade a 
criança caminha, corre, puxa, empurra, vive em movimento. Os pais devem 
respeitar os limites de segurança e deixar desenvolver atividades variadas. Se os 
pais forem muito exigentes na disciplina, repreendendo e castigando com 
frequência ela crescerá com vergonha e duvida. 
 
3º. Fase da iniciativa e sentimento de culpa (dos 3 aos 6 anos), a criança quer 
explorar o ambiente, faz perguntas sobre tudo e sobre todos, brinca e fala. Está 
cheia de curiosidade para explorar, conhecer e descobrir o mundo. Dependendo da 
atitude dos pais diante desses comportamentos a criança desenvolverá iniciativa ou 
ficará à espera de ordens para agir e desenvolverá sentimento de culpa. 
 
4º. Fase da competência e inferioridade (dos 6 aos 12 anos) é considerado como a 
idade da meninice intermédia, na qual o professor passa a ser uma espécie de 
agente da sociedade. A atenção está centrada nas tarefas escolares e no 
desenvolvimento das relações com os colegas do grupo. Com apoio dos pais e 
professores a criança desenvolverá o senso de realização. Ao contrário surgira o 
sentimento de inferioridade. 
 
5º. Fase da identidade e confusão de papéis (dos 12 aos 18 anos), abrange a 
adolescência. Se a criança desenvolver nos estádios anteriores a confiança, 
autonomia, iniciativa e atividades, teremos agora um jovem com uma identidade 
definida. Mas se as crises dos períodos anteriores não forem resolvidas teremos 
jovens que viverão uma crise de identidade e confusão totalmente depende dos 
grupos e multidões. Exibirão comportamentos de conformidade cega. 
 
 
19 
 
6º. Fase da intimidade e isolamento (dos 18 aos 45 anos) adulto-jovem. A 
intimidade caracteriza-se pela busca e realização de relações pessoais profundas, 
intimas e satisfatórias. Pode ser uma amizade profunda em sua forma mais 
comum, a união com um parceiro do sexo oposto. O isolamento é apresentado pela 
fuga e medo das relações pessoais, íntimas e pelo rompimento dos laços de união. 
 
7º. Fase da produtividade e estagnação (dos 45-65 anos) adulto-intermédio, é a 
idade da produtividade ou relatividade e estagnação. Esta fase no seu aspecto 
positivo caracteriza-se pelo sentimento de realização pessoal e pelo desejo de 
realizar algo pela comunidade e pela futura geração. Do lado negativo há a 
estagnação. A pessoa sente-se, inválida e inútil. 
 
8º Fase da integridade e desespero (65 anos em diante/envelhecimento), o senso da 
integridadeé vivido por aqueles que ao olhar para trás sentem-se ajustados as suas 
vitórias e aos seus fracassos. Aceitam o que são e o que conseguiram fazer. O 
desespero é vivido por que não sentem satisfação pelos anos vividos e passam o 
resto do tempo preocupados com o que poderiam ter feito e não o fizeram. 
 
2.1.19. PRINCIPIOS GERAIS DO DESENVOLVIMENTO CORPORAL DA 
CRIANÇA E DO JOVEM 
 
2.1.20. PRINCÍPIOS GERAIS 
 
O desenvolvimento é um processo contínuo que principia com própria vida, na 
altura da concepção e termina com a morte. Esse evento ocorre no momento em 
que o óvulo é fecundado. Imediatamente, após a concepção, inicia-se o processo de 
mitose. A medida que o desenvolvimento prossegue, as novas células assumem 
funções especializadas, convertendo-se em parcelas de vários sistemas do corpo. 
 
A sequência do desenvolvimento pré-natal é fixa e invariável. A cabeça, os olhos, o 
tronco, as pernas, os órgãos genitais internos desenvolvem-se na mesma ordem e 
idades pré-natais em todos os fetos. 
 
 
20 
 
Diversos e amplos princípios de desenvolvimento operam tanto no período pré-
natal como nos primeiros tempos do pós-natal. Todos os bebés podem mover a 
cabeça antes de poderem estender as mãos. Após o nascimento, o bebé cresce e as 
suas capacidades motoras aumentam de um modo padronizado. 
 
Embora o desenvolvimento seja contínuo, nem sempre é suave e gradual. Há 
súbitos impulsos no crescimento físico e no funcionamento psicológico como: 
Acentuado surto celular, durante os anos pré-escolares; aumento brusco na 
estrutura, no peso e nas dimensões dos órgãos genitais, assim como a súbita 
melhoria nas capacidades de resolução de problema durante a primeira fase da 
adolescência. 
 
Além disso, existem períodos críticos para o desenvolvimento de certos órgãos ou 
funções; a interferência no desenvolvimento normal em tais períodos pode resultar 
em deficiências ou disfunções permanentes. 
 
Erik Erikson sugeriu que o primeiro de vida é um período crítico para o 
desenvolvimento da confiança em outras pessoas. 
 
As experiências, numa dada fase de maturidade, afetam a evolução futura. Se uma 
mulher gestante, por exemplo, contrair doença infecciosa causada por vírus no 1º 
trimestre, pode causar malformação no feto fazendo com que a criança nasça 
defeituosa e assim permanecer até a morte. 
 
2.1.21. ORGANIZAÇĂO DO DESENVOLVIMENTO 
 
O desenvolvimento motor é caracterizado por três padrões organizacionais 
seguintes: Ação de massa para a ação específica, organização céfalo-caudal e a 
organização próximo distal. 
1ºAcção de massa para a ação específica. 
 
Inicialmente, os movimentos da criança utilizam somente os grandes músculos do 
corpo e envolvem o corpo todo, ao invés de partes específicas. Quando um braço se 
mexe, o outro braço e as pernas também se movimentam, isto significa, que para 
alcançar um objetivo envolve um movimento de balanço no braço inteiro, ou até 
mesmo do corpo todo. Quando a criança adquire mais idade, as ações motoras 
tornam-se mais específicas, isto é, são usados conjuntos menores de músculos para 
compreender uma ação. Por exemplo: um braço pode mover-se sem que outras 
 
21 
 
partes do corpo se movam. Estas mudanças em uso dos músculos e atividade 
motora representam uma mudança de ação de massa para a ação específica. 
 
 
2º Organização céfalo-caudal 
O desenvolvimento dos músculos começa com os que estão mais próximos da 
cabeça e prossegue para os dos membros inferiores. Este padrão de 
desenvolvimento é chamado Céfalo (cabeça) caudal (cauda). Por exemplo: o bebé 
primeiramente desenvolve o controlo dos músculos oculares e, pouco depois, ergue 
a cabeça (um mês de idade), mas é somente por volta de um ano de idade que se 
desenvolvem os músculos das pernas para que a criança possa andar. 
 
3º Organização próximo distal. 
O desenvolvimento da coordenação motora começa com os músculos mais 
próximos do tronco e prossegue para as extremidades do corpo. Este padrão de 
desenvolvimento é chamado de próximo (perto) distal (longe). Por exemplo: a 
criança desenvolve a capacidade de movimentar o braço todo, desde o ombro, 
antes de prender a manipular o punho ou os dedos. 
 
2.1.22. DESENVOLVIMENTO SENSÓRIO-MOTOR 
 
Os bebés adquirem um mundo de conhecimentos a respeito de si próprio e do 
ambiente em que vivem, durante os seus primeiros dois anos de vida. 
 
Piaget via o processo cognitivo dos bebés refletido em suas acções sensoriais e 
motoras organizadas. Ele descreve os seus estágios de desenvolvimento sensório-
motor, através dos quais as crianças possam durante os dois primeiros anos. 
 
1º Estágio (0-1 mês) - reflexos 
 
Durante este tempo as reacções do recém-nascido ao ambiente são reflexos 
naturais. É através da modificação desses reflexos que o bebé evolui para o 
segundo estágio do desenvolvimento cognitivo sensório-motor. 
 
2º Estágio (1-4 meses) - reacções circulares primárias 
 
22 
 
 
Neste estágio, o acto reflexo modifica-se dependendo da fonte de estimulação que o 
alicia. Os bebés estão ocupados com sua própria actividade e não com os efeitos 
que estas tenham sobre os objectos com que interagem. Reacção circular refere-se 
ao carácter repetitivo da acção. O bebé é capaz de exibir uma forma primitiva de 
descriminar e classificar os objectos e pessoas. 
 
3º Estágio (4-8 meses) - reacções circulares secundárias. 
 
Este é caracterizado, por um desinteresse total por parte dos bebés pelo seu 
próprio corpo e as suas acções; passando a interessar-se pelas características e 
acções de outros objectos que estão fora deles. Os comportamentos são repetidos, 
quando resultam em uma sequência positiva e interessante. Assim, a memória 
pode ser estudada como forma de reconhecimento ou de recordação. 
 
4º Estágio (8-12 meses) - coordenação sequencial de esquema. 
 
É caracterizado pela emergência de comportamento que reflecte a percepção do 
bebé do relacionamento entre meios e fins. Durante este tempo, o bebé consegue 
combinar duas acções separadas a fim de atingir um único objectivo. Ele pode 
empenhar-se em um padrão de acção que não resulta directamente o objectivo ou 
evento procurado mas, possibilita numa 2ª acção que ocasionará os objectos pelo 
seu aspecto físico e agrupa-los segundo essas características. 
 
5º Estágio (12 - 18 meses) - reacções circulares terciárias. 
 
É caracteriza-se pela emergência da verdadeira exploração entre o ensaio e erro. 
As crianças já não se contentam com o uso dos antigos padrões de acção em 
combinação para a consecução de objectivos. A criança tenta activamente 
descobrir o relacionamento existente entre causa e efeito e procura os objectos 
desaparecidos. Não tem ainda certas habilidades para compreender objectos 
falantes. 
 
6º Estágio (18-24 meses) - emergência de representação simbólica. 
 
 
23 
 
O sexo estágio diferencia-se do quinto pela capacidade da criança utilizar símbolos 
que são distintos dos objectivos e eventos que representam. Este estágio é de 
grande importância porque especificamente desenvolve-se a palavra como símbolo. 
Este desenvolvimento tem ramificações para quase o total do funcionamento 
cognitivo sensório-motor pra o pré-operacional. 
2.1.23. DESENVOLVIMENTO FÍSICO E MUDANÇAS PSICOLÓGICAS 
 
Pode-se verificar o crescimento de tecido cerebral com a idade e mudanças 
importantes como peso do cérebro. No que respeita a quantidade não haverá 
expressivas mudanças decorrentes no cérebro e no sistema nervoso da criança. Por 
exemplo: mudança de desenvolvimento no peso do cérebro não significa que as 
crianças mais velhas tenham mais neurónios (células básicas do sistema 
nervoso)com relação às mais novas. 
 
Quando fisicamente possível, a coordenação motora delicada por ser exercitada e 
desenvolvida de muitas formas. O desenvolvimento súbito de técnica e a 
capacidade é uma característica dos anos escolares que podem muito bem, 
depender do desenvolvimento neurofisiológicoestrutural. Portanto, a estrutura do 
cérebro é que desempenha um papel importante para a conservação da atenção e 
da consciência. A mielinização (cobertura de gorduras das células nervosas 
presente no nascimento) progressiva da estrutura importante para atenção pode 
incluir a capacidade crescente de concentração e atenção dirigida que aparece 
como característica da infância. 
 
2.1.24. CRESCIMENTO FÍSICO E MUDANÇAS NAS RELAÇÕES SOCIAIS 
 
Existem várias crenças a respeito da forma pela qual atributos físicos estão 
relacionados com o comportamento. Em sua maioria, essas crenças não têm 
fundamento. Mas, o conjunto dessas regras, ideia de constituição corporais ou 
físicos diferentes se associam a temperamentos característicos ou conjuntos 
atribuídos à personalidade do homem desde a Grécia antiga. Assim sendo, Sheldon 
fala de três composições corporais básicas que são: endomorfos, ectomorfos e os 
mesomorfos. 
 
1 - Endomorfos- são baixos, fortes e gordos; 
2- Ectomorfos - são altos e magros; 
3- Mesomorfos - são musculosos e comparados com outros tipos, têm largos e 
quadris estreitos. 
 
24 
 
 
Esses estereótipos porém não estão em si mesmo relacionados com idade. Há 
muitas formas pelas quais se espera que o comportamento das crianças mude à 
medida que amadurecem. 
 
O choro é um exemplo óbvio de comportamento diante do qual as expectativas 
mudam. Fry e Willis (1971) relatam sugestivo que demonstra uma alteração em 
uma categoria implícita de comportamento. Observaram reacções adultas a 
crianças desconhecidas de cinco, oito e dez anos de idade que invadiram o espaço 
individual dos adultos. 
 
Espaço individual é a zona de distância que as pessoas mantêm uma das outras 
mais ou menos de 45 cm. É tida como zona de privacidade. Só as pessoas íntimas 
podem penetrar essa zona. Se outra pessoa se aproxima, o indivíduo afastar-se-á 
ou mostrará sinais de desconforto. 
2.1.25.PROBLEMAS DE AJUSTAMENTO NA MENINICE 
Os problemas de ajustamento ocorrem quando surgem mudanças dramáticas na 
vida de um indivíduo. Assim, a idade escolar ou a meninice é iniciada por uma 
mudança cognitiva e social. A criança passa do período de pensamento pré-
operacional para as operações concretas; tipicamente, ingressa no mundo da 
educação formal. A fase intermédia da meninice termina com a chegada da 
puberdade e vai até aos vinte anos. Os problemas de ajustamento para as crianças 
nos anos escolares, surgem em consequência de tais mudanças. 
2.1.26.FONTES DE DIFICULDADES DE AJUSTAMENTOS NA MENINICE 
Existem três factores que contribuem para o surgimento dos problemas de 
ajustamento na meninice: a escola, os pais e os relacionamentos sociais. 
 
1- Escola – a escola faz exigências não sofridas anteriormente pelas crianças e 
muitas delas acham-na uma experiência de fracasso. Sempre que um indivíduo 
prevê um fracasso, naturalmente desenvolve defesas contra as emoções negativas 
geradas. Essas defesas, frequentemente resultam em problemas de 
comportamento. 
 
2 - Pais – nesta fase os pais devem reconhecer a independência dos filhos e 
encorajá-los ao desenvolvimento, autonomia e ao mesmo tempo proporcioná-los o 
apoio e aceitação. Neste período a criança começa a identificar-se pessoas e grupos 
fora da família. Tais relacionamentos se modificam frequentemente e resultam em 
conflitos entre as necessidades dos pais e as dos filhos. Estes o conflito podem 
produzir na criança emoções negativas, na qual terá de se defender. 
 
25 
 
 
3- Relacionamentos sociais – os anos intermediários da meninice são importantes 
para o desenvolvimento de relacionamentos sociais e, para a criança de seis aos 
doze anos o aspecto mais importante é ser aceite pelos outros. 
 
2.1.27.TIPOS DE PROBLEMAS DE AJUSTAMENTO 
Os conflitos na meninice média podem resultar em vários problemas 
comportamentais. 
a) Agressão: a agressividade física e verbal é um problema comum de 
comportamento durante esta etapa, muitas crianças estimadas em 8% exibem um 
acesso de raiva pelo menos uma vez por mês e para 10% das crianças tal acesso 
ocorre diariamente. Muitas vezes, o acto agressivo é uma resposta à raiva, gerada 
pela frustração da satisfação das necessidade que ela julga importante. Por vezes, o 
acesso é dirigido a pessoas ou propriedade não relacionadas à fonte da raiva ou de 
maneira indirecta. 
b) Retraimento: é natural que uma pessoa procure evitar emoções negativas. 
Portanto, a forma eficaz evitar tais emoções é fugir das situações que podem 
alimentá-las. Para algumas crianças, esta defesa resulta em retraimento de muitos 
contactos sociais ou desafios intelectuais. O retraimento pode assumir a forma de 
acanhamento ou resultar na criança um mundo do faz de contas, cuja a realidade 
não pode ser testada por falta de comunicação com outras pessoas. 
 c) Regressão: uma pessoa sob tensão pode exibir comportamentos referentes a 
fase anterior na qual se encontra. Esta regressão não é incomum nos anos 
intermediários da meninice. 
d) Medo: o medo nas crianças de seis a doze anos manifesta-se de maneira 
diferente com relação as de maior idade. Enquanto as crianças pequenas tendem a 
temer danos físicos e criaturas imaginárias, as da meninice média temem a rejeição 
social e o desconhecido. Com oito anos a morte é uma das principais fontes de 
medo. Estes medos fortes são chamados de fobias. 
e) Sintomas físicos: são reacções que causam maior stresse emocional e 
manifestam-se normalmente com uma erupção cutânea, dor de estômago e de 
cabeça, mas também, podem ser observados problemas maiores. 
 
2.1.28.ADOLESCÊNCIA 
CONCEITO 
Adolescência etimologicamente é uma palavra que provém do latim: adolescere 
que significa “crescer”. Pode-se definir a adolescência como sendo a fase do 
desenvolvimento do ser humano que inclui além das modificações corporais, 
psicológicas e sociais, a fase que sucede à infância e antecede a idade adulta. Uma 
 
26 
 
das dificuldades ao falar-se desta etapa reside na delimitação etária deste período, 
tendo em conta que existem vastas diferenças entre as etnias, meio geográfico, 
condições socio-económicas e até culturais. 
 
Nesta fase coabitam desejos ambivalentes de crescer e de regredir; de se sentir 
ainda criança e ao mesmo tempo adulto, de autonomia e de dependência ao 
passado e de vontade de se projectar no futuro. 
 
 O desenvolvimento mental, que se completa por volta dos 11 ou 12 anos, é 
acompanhado pela maturidade do instinto sexual e marcado por desequilíbrios 
momentâneos. A razão desse desequilíbrio provisório deve, necessariamente, ser 
associada à idade, segundo a qual todas as passagens de um estádio para outro são 
susceptíveis de provocar essas oscilações temporárias. 
 
No entanto, a adolescência não pode ser vista obrigatoriamente como uma fase de 
perturbações, porque as conquistas próprias deste período asseguram ao 
pensamento e à afectividade um equilíbrio superior ao que existia na fase anterior. 
 
STANLEY Hall afirmava que o adolescente opunha-se à criança pela intensa vida 
interior de reflexão sobre os sentimentos vivenciados e os factores sócio culturais 
que são importantíssimos para a caracterização desta fase. Deste modo, atingimos 
apenas um dos aspectos da revolução total que caracteriza o adolescente quando o 
reduzimos à puberdade. Durante todo este período dão-se profundas 
transformações fisiológicas, afectivas, intelectuais e sociais. 
 
2.1.29.CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DA ADOLESCÊNCIA 
As principais características do desenvolvimento na adolescência são: 
a) Aspectos fisiológicos: o crescimento estrutural é acompanhado por uma 
alteração do esquema físico que prepara as transformações fisiológicas da 
puberdade, isto é, a possibilidade de ejaculação, menstruação e consequentemente, 
a capacidade de procriação. A par destas transformações ocorrem também a 
ossificação da mão que se completa, bem como um aumento do tamanho do 
coração e dos pulmões. Frequentemente acontecem modificaçõesnos odores 
corporais manifestadas no suor. 
b) Aspectos afectivos: o adolescente vive conflitos intensos e as transformações 
corporais levam o jovem a voltar-se para si próprio procurando perceber o que se 
está a passar para se entender mais profundamente enquanto pessoa. Geralmente, 
os adolescentes acompanham com grande ansiedade as transformações que 
 
27 
 
ocorrem no seu corpo, sendo muito comum não apreciar algumas das 
características físicas ora apresentadas. 
 
Nota-se uma certa tendência do adolescente em libertar-se do adulto, embora na 
prática continue dependente deste. O facto de pretender ser aceite pelos amigos e 
pelos adultos é bastante promissor para a sua inserção na vida social. O melhor 
amigo, do mesmo sexo assume uma importância vital para muitos adolescentes na 
medida em que ajuda a encontrar respostas para várias inquietações e pode 
contribuir para trazê-lo de volta do estado de introversão em que se encontra. 
c) Aspectos intelectuais – o pensamento formal ou abstracto permite ao adolescente 
realizar as operações no plano das ideias sem necessitar de manipulação ou 
referências concretas. Progressivamente, o adolescente vai dominar a capacidade 
de abstrair e generalizar, criando teorias sobre o mundo, principalmente dos 
aspectos que gostaria de reformar. Em paralelo exacto com a colaboração das 
operações e o acabamento das construções do pensamento, a vida afectiva do 
adolescente afirma-se pela dupla conquista da personalidade de sua inserção na 
sociedade adulta. 
 
A aquisição da personalidade constrói-se no nível mental da adolescência, visto que 
supõe o pensamento formal e as construções reflexivas que derivam deste. Na visão 
de Piaget, poder-se-ia dizer que há personalidade, a partir do momento em que se 
forma um programa de vida, que seja ao mesmo tempo fonte de disciplina para a 
vontade e instrumento de cooperação. No entanto, a realização desse plano de vida 
supõe a intervenção do pensamento e da reflexão livre e, é por isso que só se 
elabora quando certas condições intelectuais são preenchidas, precisamente as do 
pensamento formal ou hipotético-dedutivo. 
d) Aspecto social – as relações sociais do adolescente são marcadas, inicialmente, 
por uma fase de interiorização com ralação a família e não aceita os conselhos dos 
adultos. Com a nova personalidade o adolescente coloca-se em plano de igualdade 
com os mais velhos, mas sente-se outro, diferente deles pela vida nova que se agita 
em si. 
 
 Isto, leva-o a pretender ultrapassá-los, espantá-los e ao mesmo tempo querer 
transformar o mundo, tendo como alvo de reflexão constante a sociedade. Na 
realidade, a sociedade que lhe interessa é aquela que ele quer reformar, pois nota-
se nele um certo desprezo e desinteresse pela sociedade real, que ele condena. 
A verdadeira adaptação à sociedade far-se-á finalmente quando atingir o 
equilíbrio entre o pensamento e a realidade, isto é, quando compreender a 
importância da reflexão da sua acção sobre o mundo real. 
 
28 
 
O grupo de amigos é de grande importância para o adolescente, pois determina o 
seu vocabulário, o seu vestuário e outros aspectos do seu comportamento. Ele 
começa a estabelecer a moral individual, que tem como base a moral do grupo e 
aos poucos a conquistar o estatuto de adulto. 
2.1.30.ETAPAS DA ADOLESCÊNCIA 
Geralmente as raparigas atingem a adolescência um ou dois anos mais cedo do que 
os rapazes. No entanto, é muito comum observar alguns adolescentes precoces bem 
como retardados. Por vezes dá-se um notável avanço físico acompanhado por um 
atraso intelectual ou o contrário. 
 
Tais variações aparecem condicionadas por qualquer doença, clima, meio 
ambiente, factores e hereditários. Para melhor entendimento, a adolescência foi 
dividida em três períodos, de acordo com as características inerentes a cada um 
deles. 
 
1º Adolescência inicial ou pré adolescência – vai dos 11 aos 13 anos nas raparigas e 
dos 12 aos 14 nos rapazes. Este tempo coincide com o máximo crescimento físico e 
sexual, processo que termina na menina com a primeira menstruação (menarca) e 
no rapaz com a ejaculação espontânea e mudança de voz. Todo este processo 
desencadeia-se quando as glândulas sexuais são estimuladas pela hipófise e 
começam a desenvolver-se provocando os caracteres sexuais secundários. 
 
2º - A adolescência média ou propriamente dita – vai dos 13, 15 ou 16 anos para as 
raparigas e dos 14, 16 ou 17 anos, para os rapazes. Trata-se de uma fase mais 
positiva e dinâmica que sucede o período turbulento e instável anterior. 
Entretanto, não está isento de crises, sendo um período de transição para a fase 
mais serena. 
 
3º Adolescência final ou alta – ocorre entre os 16 ou 17 anos na rapariga e no rapaz 
respectivamente; terminando aos 21 anos ou mais (dependendo muito da evolução 
psíquica do individuo). Trata-se de uma fase de encontro final consigo mesmo, de 
harmonização e objectivação após o desfasamento e desequilíbrio anterior. O 
jovem prepara-se para entrar no mundo dos adultos, com algumas dificuldades. 
 
2.1.31.MUDANÇAS FÍSICAS NA ADOLESCÊNCIA 
As mudanças físicas dividem-se em 4 (quatro) categorias, a saber: 
- Crescimento do corpo 
- Características sexuais primárias. 
 
29 
 
- Características sexuais secundárias. 
- Estimuladores bioquímicos. 
 
Crescimento do corpo 
A partir dos dois anos de idade as crianças crescem em uma taxa firme. Mas no 
início da idade têm um surto de crescimento rápido. Por exemplo, por ano o surto 
de crescimento nos rapazes é diferente em relação às meninas. Assim para os 
rapazes a média é de 10 cm e para as meninas 9 cm, fenómeno este que varia de 
um adolescente para outro, cuja taxa é de 7 a 12 cm para os meninos 6 a 11cm 
para as meninas. A idade média em que ocorre o pico do surto de crescimento é de 
aproximadamente 12 anos e meio para meninas é de catorze para os meninos. 
Características sexuais primárias (principais) 
Características sexuais primárias são as estruturas físicas envolvidas no processo 
de reprodução e que estão presentes quando a criança nasce. No sexo masculino 
incluem os testículos, o pénis, a glândula prostática e a vesícula seminal. No sexo 
feminino incluem os ovários, útero, vagina e o clítoris. 
Características sexuais secundárias 
O desenvolvimento das características sexuais secundárias indica a maturidade 
biológica da pessoa para a reprodução. Nas meninas, aparece a primeira 
menstruação, sinal de que o seu organismo já produz óvulos maduros. 
Estimuladores bioquímicos 
O crescimento acelerado observado na adolescência é o resultado impressionante 
de mudanças hormonais. Estas ocorrem em três níveis: no hipotálamo, hipófise, 
glândulas e nos órgãos periféricos. 
 
2.1.32.TIPO DE PROBLEMAS DE AJUSTAMENTO NOS ADOLESCENTES. 
 
Os conflitos e confusões que muitos adolescentes enfrentam, criam neles uma 
atmosfera propícia para o desenvolvimento de psicopatologia. Consideram-se duas 
influências principais para responder por um ajustamento considerado bem ou 
mau durante este período: os pais e os pares. 
 
Os pais maduros ou seguros envolvem os filhos na tomada de decisão e em 
assuntos da família. Apresentam razões para o que solicitem e proporcionem 
experiências graduais para a afirmação de independência. Os pais autoritários 
preferem tácticas punitivas e duras quando surgem conflitos. Insistem em 
obediência absoluta. Para os pais permissivos todos os membros da família são 
 
30 
 
livres para fazerem o que quiserem. Raramente estes pais tomam decisões ou 
aceitam responsabilidades. Os adolescentes filhos de pais autoritários e 
permissivos tendem especialmente a ter problemas de ajustamento. 
Durante a adolescência os pares tornam-se cada vez mais influentes quando há 
grandes diferenças em expectativas entre amigos e famílias; são mais influentes do 
que os pais; os amigos se empenham e apoiam comportamentos que constituem 
problemas. 
 
Quando as defesas contraos conflitos na adolescência resultam em problemas, são 
referidas como perturbações psicofisiológicas e reacções de retraimento. 
 
1- Perturbações psicofisiológicas 
 a) Hipocondria. 
 b) Anorexia nervosa. 
 c) Enuresia. 
2- Reacções de retraimento 
a) Depressão. 
b) Agressão. 
c) Regressão 
d) Medos 
e) Sintomas físicos. 
 
2.1.33.JUVENTUDE 
2.1.34.CONCEITO DE JUVENTUDE – LIMITES EVOLUTIVOS 
Em psicologia evolutiva define-se a juventude como estádio de desenvolvimento 
que inicia com a maturação sexual e termina com o advento da idade adulta. Esta 
definição em que o primeiro limite é o fisiológico e o segundo é o social, mostra que 
o fenómeno é complexo e pode ser considerado de diferentes maneiras. 
 
A atenção dos investigadores centra-se nos papéis que o homem deve assumir, na 
formação das sua orientação de valores e nos problemas vinculados com o ingresso 
na vida de trabalho, estes problemas psicológicos individuais derivam dos sociais. 
Olhando para a complexidade do problema da idade juvenil deve-se combinar o 
aspecto psicossociológico com a consideração das leis anteriores de 
desenvolvimento. 
 
31 
 
Isto, torna-se bastante difícil porque os ritmos e fases do desenvolvimento 
psicossociológicos nem sempre coincidem com os prazeres de maturidade social. E, 
como resultado da aceleração, há maior velocidade do desenvolvimento físico, as 
crianças actuais crescem mais rapidamente e alcançaram sua estrutura completa, 
assim como a sua maturação sexual, em média, um ou dois anos antes do que as 
duas ou três gerações passadas. Este processo de acordo com a aparição dos 
caracteres sexuais secundários, é dividido em três fases: pré-púbere, púbere, pós-
puber. 
Como resultado da velocidade do desenvolvimento físico, os limites da adolescência 
são alterados e iniciam antes da idade juvenil. O conteúdo concreto desta etapa do 
desenvolvimento é determinado pelas condições sociais, porque disto depende a 
posição da juventude na sociedade, o conjunto de conhecimento assimilar e uma 
série de outros factores. 
 
2.1.35.DESENVOLVIMENTO FÍSICO 
 
É na idade juvenil que termina o período de desenvolvimento físico do homem. O 
crescimento longitudinal do corpo faz-se mais lento em comparação com a 
adolescência. As raparigas atingem o seu crescimento completo entre os 16 e 17 
anos, os rapazes entre os 17 e os 18. Aproximadamente um ano depois de 
terminado o crescimento, o homem atinge a força muscular normal de um adulto, 
mas isto depende do regime alimentar e da prática de desporto. 
 
Sobre o desenvolvimento sexual, a maioria dos rapazes e raparigas nesta idade já 
se encontra no período pós-puberdade. Os prazos de maturidade sexual não 
dependem apenas de características racionais e do clima, mais sim, reflectem 
diferenças no carácter da alimentação e de outros factoressocio-económicos. 
 
É importante ter em conta a falta de consciência da norma geral com a norma 
fisiológica individual. Algumas pessoas completamente normais desenvolvem-se 
com grandes vantagens ou atraso em relação aos prazos médios gerais. Isto não 
quer dizer que se deva considerar um caso patológico. 
 
2.1.36.SITUAÇÃO SOCIAL DO DESENVOLVIMENTO JUVENIL. 
 
O jovem ocupa uma situação social intermédia entre a adolescência e a idade 
adulta, ao tornar-se complexa a actividade vital, opera-se nele, não só uma 
ampliação quantitativa de papéis sociais e interesses, mais também uma 
modificação qualitativa, uma vez que lhe são imposto cada vez mais papéis adultos 
com grau correspondente de independência e responsabilidade. 
 
32 
 
 
No nosso país os jovem aos 18 anos atingem a maior idade, passa a ser responsável 
pelos delitos que comete e nessa idade muitos deles começam a actividade laboral. 
Mas a par desses elementos do estado adulto, o jovem ainda conserva traços de 
dependência que aproxima sua posição ao da criança. 
 
Alunos com o curso superior ainda vivem sobre a tutela dos pais, e na escola por 
um lado recordam-lhes a cada instante que são adulto, mas por outro lado exigem-
lhes permanentemente obediência como se fossem crianças. 
 
2.1.37.ARTICULARIDADE DA ACTIVIDADE MENTAL DOS JOVENS 
 
Nesta etapa já não se observa no homem um crescimento tão rápido como na 
infância o denominado surto de crescimento, assim como o aperfeiçoamento das 
capacidades físicas e mentais. 
 
A assimilação de operações intelectuais complexas e enriquecimento conceptual, 
fazem com que a actividade mental dos jovens sejam mais estáveis e eficiente 
tornando-se aproximando-se mais da actividade do adulto. Desenvolvem-se com 
particular rapidez as capacidades especiais que combinadas com a crescente 
diferenciação na orientação dos interesses, faz com que a estrutura da actividade 
mental dos jovens seja muito mais complexa e individual que nas crianças. 
 
A especialização das capacidades e dos interesses é mais notória e significativa 
como também muitas outras diferenças individuais. É de considerar que a 
formação de capacidades individuais especiais está condicionada no mais alto grau, 
pelo carácter e orientação do ensino e educação. Podemos concluir que nesta fase 
termina a maturação e a formação da personalidade. O jovem procura conhecer as 
próprias qualidades, assimilar conhecimentos, valorizar-se e estruturar a sua 
conduta sobre a base de critérios e normas conscientemente elaboradas. Este 
fenómeno manifesta-se no desenvolvimento da autoconsciência. 
Desenvolvimento da autoconsciência 
A autoconsciência é uma estrutura psicológica complexa que envolve primeiro a 
consciência da própria identidade; segundo a consciência do próprio individuo (eu) 
como principioactivo; terceiro a tomada de consciência de sua própria qualidade 
psíquica; quarto o determinado sistema de auto-avaliação ético social. 
 
 
33 
 
Todos esses elementos estão vinculados entre si funcional e geneticamente, mais 
não se formam de modo simultâneo. Os germes da consciência de identidade 
aparecem durante o período de latência, a consciência do «eu» aproximadamente 
aos três anos ou quatro quando a criança começa a utilizar correctamente os 
pronomes pessoais. 
A tomada de consciência das suas qualidades psíquica e da auto-valorização têm a 
máxima significação na adolescência e na idade juvenil. A imagem do próprio 
corpo adquirido no período da adolescência continua a crescer e a conservar-se na 
juventude. A imagem do próprio corpo é o mais importante componente da 
autoconsciência juvenil. A auto-avaliação adquire a significação máxima na idade 
juvenil. 
 
A imagem do próprio corpo manifesta-se nas características da auto afirmação, no 
interesse próprio “eu” e suas propriedades. Em especial o jovem começa a 
perceber de um modo diferente o seu aspecto físico. Esse interesse conserva-se 
também na idade adulta. Ao estudar rigorosamente as mudanças da sua aparência 
rapazes e raparigas experimentam muitas vezes uma grande inquietude a este 
respeito. 
 
Para o jovem é importante a qualidade de que depende o prestígio e a 
popularidade entre os seus companheiros. Há muitos jovens inquietos a sua baixa 
estatura, gordura, acne na face (doenças cutâneas), particularidades penosas às 
vivências que fazem sofrer os rapazes que amadurecem tardiamente; o atraso na 
aparição dos caracteres sexuais secundários que os desprestigia entre os seus 
coetâneos, mais também provoca um sentimento de inferioridade pessoal. Estas 
vivências, geralmente mantém-se em segredo. A imagem do próprio corpo é uma 
componente de auto consciência juvenil mais importante. 
Tomada de consciência e auto-avaliação (qualidades pessoais) 
 
A tomada de consciência das próprias qualidades, especialmente de traços psico-
morais tão complexas como a valentia, fineza e a lealdade, a princípio, já inclui os 
aspectos de avaliação emocional e comparação social. Alguns psicólogos, as vezes 
criticam negativamente a auto-reflexão juvenil, pois só vêem nela o perigo do 
isolamento eda realidade face ao mundo imaginário dos sonhos. 
 
Existem duas formas modo de auto- avaliação: uma consiste em comparar o nível 
das pretensões com o resultado obtido. Mais a limitação da experiência juvenil 
dificulta esta comparação. A segunda forma de auto-avaliação é a comparação 
social e a confrontação de opiniões que se tem daqueles que se encontram à volta. 
Portanto não só as auto-avaliações pessoais deferem os indivíduos, como também 
 
34 
 
surgem os critérios da necessidade de se eleger, comprovar, e medir por si mesmo. 
A auto análise juvenil, é por um lado, a tomada de consciência do eu, por outro a 
sua posição no mundo. Para o jovem a auto-análise se converte em elemento de 
autodeterminação social e moral. É com frequência ilusória como são em muitos 
aspectos os planos de vida juvenil. 
 
A necessidade de auto-analise é um sintoma imprescindível duma personalidade 
desenvolvida com alta educação e determinado objectivo. A profundidade e 
intensidade da auto-reflexão juvenil depende de muitos factores sociais (origem, 
meio social e nível de ilustração), individuais tipológicos (grau de introversão e 
extroversão) e biográficos (condição de educação familiar, relações com os seus 
coetâneos, tipos de leitura) cujo relação ainda se encontra em estudo. 
Auto-estima e as suas funções 
 
Um traço excepcionalmente importante da personalidade que se forma em grande 
parte na idade juvenil é auto-estima, isto é, auto-avaliar o grau de aceitação ou não 
aceitação de si mesmo como personalidade. O grau de auto-estima próprio de cada 
personalidade, é diferente da auto-avaliação pessoal relativamente estável. 
 
Para a formação da auto-estima tem-se em conta os factores como: a atitude dos 
pais, a posição entre os coetâneos e outros colegas. Por mais desagradável que se 
seja a presunção juvenil, do ponto de vista psicológico é muito mais perigoso uma 
auto-estima diminuída. Quanto mais baixa for a auto-estima maior será a 
probabilidade do indivíduo isolar-se. Por não confiar nas próprias forças, este 
indivíduo não conquista os objectivos por ele traçados. 
 
2.1.38.O ADULTO 
2.1.39.A VIDA ADULTA 
 
A vida adulta, começou a ser estudada num período relativamente recente e, é 
pela gerontologia, embora não se passa negar que foram realizadas as primeiras 
investigações psicológicas com adultos. Hoje ainda sabe-se muito pouco sobre a 
etapa da vida adulta que vai dos 20 aos 60 anos ou dos 18 aos 65 anos. 
 
Na vida adulta ocorrem transformações associadas às mudanças biológicas dos 
organismos, mudanças sociais e culturais. Todavia, é comum associar a chegada à 
idade adulta somente com as mudanças biológicas. No dicionário Aurélio, por 
exemplo, encontramos a seguinte definição de alto: «é o ser vivo que atingiu o 
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máximo de crescimento» não encontrou-se, porém, referencias às dimensões 
culturais e sociais desta fase do desenvolvimento, que são tão importantes para 
determinação do desenvolvimento. 
 
Este capítulo tem como objectivo apresentar algumas questões relativas ao 
desenvolvimento na idade adulta e na velhice. Nos estudos anteriores, 
apresentamos as características do desenvolvimento em vários aspectos como: 
cognitivo, emocional, perceptor, linguístico e nas diferentes fases do 
desenvolvimento da criança áadolescência, apresentou-se esta transformação no 
psiquismo humano. Portanto, no estudo do adulto e da velhice, como se sabe estes 
aspectos encontram-se plenamente desenvolvidos ou construídos. Esta etapa da 
vida divide-se em três partes: adulta jovem, meia-idade e a velhice 
. 
Adulto jovem 
Por volta da segunda década da vida, a pessoa deixa a adolescência e entra na vida 
adulta. O jovem adulto passa por vários períodos e momentos em que aprenderam 
algumas tarefas importantes que devem ser enfrentadas e transpostas. Nesta fase, 
o desenvolvimento cognitivo e emocional já se encontra plenamente construído, 
mas o desenvolvimento psicológico do indivíduo continua. 
Podemos listar algumas questõesimportantes que influenciama actividade 
psicológica do jovem adulto: 
 Relacionamentos afectivos. 
 Escolha da profissão. 
 Os directos sociais. 
 
A meia-idade 
A meia-idade é o período compreendido entre os 40 e os 65 anos. Nesta fase, o 
ajustamento psicológico gira em torno da questão dos filhos, finanças da família, 
sucesso e do fracasso profissional, cuidados com o futuro individual e familiar e 
dos destinos da sociedade. Neste momento, as mulheres vivenciam a menopausa, 
que é o fim da capacidade de ovular ou menstruar e a consequente perda da 
fertilidade. 
 
A menopausa é apontada, por muitos, como um momento importante no 
desenvolvimento da mulher. É o resultado natural do envelhecimento. A mulher 
torna-se estéril, quando a quantidade de hormônios, fenómenos produzidos pelo 
ovário lentamente diminui e deixa de ovular. A redução na produção de hormônios 
se processa gradualmente através dos anos, mas os ovários continuam a produzir 
pequenas quantidade de estrogénios e o mesmo ocorre com as glândulas supra-
renais e outras. 
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Já a andropausa é a cessação da função sexual activa masculina da senescência e 
associada a manifestação de desequilíbrio neurovegetativo. Pois é gradual de 
forma que o idoso do sexo masculino continue a sua actividade sexual e uma certa 
percentagem conserve a capacidade de procriar. 
 
Assim foram encontrados espermatozóideactivo no sémen dos homens com mais de 
80 anos. Podem ocorrer conflitos emocionais associados à ansiedade sobre o 
desempenho sexual e o relacionamento familiar. As pesquisas apontam que 
características individuais podem influenciar positiva ou negativamente os 
conflitos emocionais neste momento. Por tanto, o trabalho de profissionais da área 
de saúde pode auxiliar na diminuição dos seus efeitos. 
 
A velhice 
O estudo do problema da velhice é muito recente na pesquisa científica do processo 
de envelhecimento, no desenvolvimento da medicina, na psicologia das 
especialidades de gerontologia e psicogerontologia. 
 
A psicogerontologiaou a psicologia evolutiva da velhice, desenvolveu-se 
praticamente a partir dos anos 60. Da mesma forma, a geriatria ou medicina 
gerontológica é uma disciplina que ganhou impulso depois da 2ª guerra mundial, 
com a consolidação das chamadas sociedades de bem-estar e consumo. 
 
O aumento da expectativa de vida provocou o prolongamento do estágio da velhice 
em alguns países, ao contrário do nosso em que se começou a distinguir etapas 
nesse estágio, como por exemplo, pré-senilidade, terceira e quartas idades (acima 
de 80 anos). 
 
O envelhecimento da população ocasiona modificações económicas como a 
diminuição do consumo, da produção e o aumento das despesas públicas. Com o 
crescimento da população idosa, aumentam também as pressões na esfera política 
e social para atender as necessidades específicas dos mais velhos. 
O envelhecimento não pode ser definido através da idade, pois factores biológicos e 
ambientais alteram o processo de envelhecimento no homem. Pode ser definido 
com o alterações biológicas de um organismo através do tempo; caracterizando-se 
pela diminuição das capacidade motoras, intelectuais e adaptativa em relações ao 
meio. Chamamos de senescência ao processo normal de envelhecimento, e de 
senilidade a desintegração orgânica e funcional que compromete 
significativamente as capacidades humanas. 
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O envelhecimento biológico manifesta-se através da diminuição da taxa metabólica 
e da capacidade da proliferação das células. Este processo é programado 
geneticamente (Pikunas, em 1979). Durante o envelhecimento todos os sistemas do 
organismo se debilitam estruturalmente e funcionalmente. O declínio fisiológico 
pode em muitos casos provocar perda das funções cognitivas, e também,

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