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8o. ano Volume 1 ooo Arte Livro do professor Livro didático 2 1 Desenho de movimento 15 Amada imortal 2 © Sh ut te rs to ck /F ed or S el iv an ov 1 1. O trecho acima faz parte de uma correspondência. Alguém da turma poderia lê-lo em voz alta? 2. Em que contexto essa carta poderia ter sido escrita? 3. Você já escreveu uma mensagem declarando seu amor? Se sim, chegou a enviar ou não teve coragem? 4. É possível dizer que a carta que você acabou de ler foi enviada por uma pessoa romântica? 5. Para você, o que é ser romântico? Amada imortal Encaminhamento da atividade.1 • Retrato de Ludwig van Beethoven, por Johann Peter Theodor Lyser, publicado no periódico Caecilia, Hamburgo, 1833 Meu anjo, meu tudo, meu próprio eu [...] Espero que possa- mos nos ver logo [...] Meu cora- ção está repleto de muitas coisas para falar-lhe – ah – há momentos em que sinto que as palavras não dizem nada – Alegre-se – perma- neça meu verdadeiro, meu único amor, meu tudo como sou seu... Aula 1 ©S hu tte rst oc k/w an ch ai © Jo ha nn P et er Th eo do r L ys er 2 Objetivos • Estudar o movimento artístico conhecido como Romantismo. • Compreender que os compositores desse período se inspiravam, geralmente, nas próprias emo- ções ou em histórias românticas de sua época e buscavam produzir uma obra original, com sua marca. • Aproximar os alunos do universo da música clássica por meio da fruição de obras de Ludwig van Beethoven. • Descobrir qual o papel do copista na produção de uma partitura. Objetivos Após a morte do gênio em 1827, seu assistente, Anton Schindler, encontrou uma carta de amor guardada entre os pertences do compositor. Em 1840, Schindler publicou uma biografia sobre Beethoven e divulgou o material. Somente o dia e o mês estão registrados na carta. O local em que a carta foi escrita e o nome da destinatária – identificada na carta como “Amada Imortal” – não aparecem. A história inspirou o filme “Minha Amada Imortal” [...]. Em 1880, a carta foi com- prada pela Biblioteca Estatal de Berlim, onde permanece até hoje. [...] O trecho presente na abertura deste capítulo faz parte de uma carta escrita pelo compositor alemão Ludwig van Beethoven (1770-1827) para a sua amada. Acredita-se que ela nunca tenha sido entregue. Também não se sabe ao certo quem foi essa mulher, pois a carta não revelava o nome dela. VERRUMO, Marcel. 5 cartas de amor escritas por personagens históricos. Disponível em: <http://super.abril.com.br/blogs/historia-sem-fim/5-cartas- de-amor-escritas-por-personagens-historicos/>. Acesso em: 28 mar. 2016. Texto complementar.2 improvisação: arte de criar música de forma espontânea (mas com base em certas regras) à medida que a música está sendo executada, como uma fantasia livre, como variações sobre um tema (em geral, o tema é uma das partes mais importantes da melodia, no qual a obra, ou uma parte dela, está baseada) ou, ainda, como variações sobre uma frase musical (trecho) que faz parte da obra original. partituras: registros de uma música por escrito ou de forma impressa. DicionArte Cinema MINHA AMADA IMORTAL Direção: Bernard Rose Gênero: Drama Ano de lançamento: 1994 Duração: 115 minutos País: Estados Unidos © Sp ec tra F ilm es Sinopse: O filme mistura ficção e realidade ao retratar a busca de Schindler pela identi- dade da “amada imortal” de Beethoven. Ao assistir ao filme, é possível conhecer um pou- co do temperamento recluso do compositor e aspectos de seu dia a dia, como a forma como lidava com sua progressiva surdez. Embasamento teórico.3 Encaminhamento da atividade.4 Nascido na cidade de Bonn, Alemanha, Beethoven viveu a maior parte de sua vida em Viena, Áustria, na época, capital da música clássica ocidental. Vindo de uma família em que o pai e o avô eram músi- cos, iniciou seus estudos ainda criança, revelando-se excelente na improvisação ao piano, já com sete anos. Seu pai lhe im- punha uma rígida disciplina. Exigia que ele tocasse as músicas escritas nas partituras, em vez de criar livremente ao teclado, e muitas vezes o acordava no meio da noite para praticar. © W ik im ed ia C om m on s Ludwig van Beethoven (1770-1827) 3 De acordo com esse filme, Beethoven teria marcado um encontro decisivo com sua amada, mas não consegui- ra chegar a tempo. Toda sua frustração o teria mobilizado a compor a Sonata número 9 para piano e violino, Op. 47, conhecida como “Kreutzer”. Op.: abreviação de opus, é um termo em latim que indica a ordem de publicação dos trabalhos de um compositor. A sonata conhecida como “Kreutzer” foi a 47.ª obra de Beethoven a ser publicada. DicionArte ApreciArte Leitura complementar.5 Leitura complementar.6 Encaminhamento da atividade.7 Seu professor vai disponibilizar o áudio da Sonata número 9 para piano e violino. Ouça um trecho do primei- ro movimento dessa sonata. Fique atento às sensações que a obra lhe provoca. Após a audição, tente descrevê- -las para os colegas e observe se alguém teve uma percepção semelhante à sua. Agora assista ao trecho do filme Minha amada imortal em que o personagem Beethoven, ao referir-se à sua amada, diz o seguinte: “A música tem o poder de fazer a pessoa entender o que se passa na cabeça de um compositor. [...] Então... o que eu tinha em mente quando compus isso? Um homem está tentando chegar à sua amada. Sua carruagem quebrou na chuva. As rodas estão presas na lama. Ela não vai esperar mais. Este é o ruído de sua agitação.” MINHA amada imortal. Direção e roteiro: Bernard Rose. Produção: Bruce Davey e Stephen McEveety. Los Angeles: Icon Entertainment Internacional, 1994. 1 DVD (120 min). Escute novamente o mesmo trecho da “Kreutzer” e perceba se é possível relacioná-lo à descrição que você acabou de ler. Compartilhe as suas novas observações com a turma e com o professor. M at eu s Li ns . 2 01 8. D ig ita l. 4 8o. ano – Volume 1 1. Leia a seguir a descrição de três obras muito importantes na carreira de Beethoven. Se possível, tente ouvir trechos delas, que podem ser encontrados em diferentes gravações em bibliotecas e na internet. 2. Numere-as de acordo com a ordem em que foram publicadas. Para isso, observe o número do opus. 3. Escreva, nas linhas que seguem, para qual instrumento, ou conjunto deles, cada peça foi criada. ( 2 ) Sinfonia n. 6, “Pastoral”, Op. 68: “Embora as cinco cenas pastoris, incluindo uma tempestade, se inspirassem no amor de Beethoven pela natureza, ele afirmou que se tratava ‘mais da expres- são de um sentimento que de uma paisagem sonora’. Foi apresentada em dezembro de 1808 [...].” Orquestra. ( 3 ) Concerto para piano n. 5, “Imperador”, Op. 73: “[...] esta obra, a última de Beethoven no gênero, foi cognominada ‘Imperador’ [...], por causa de sua grandeza.” Orquestra e piano. ( 1 ) Sonata para piano em Fá menor, “Appassionata”, Op. 57: “Nessa sonata, composta em 1804-5, Beethoven levou o virtuosismo do piano a um nível superior de complexidade [...]. Essa peça vio- lenta e fervorosa era uma de suas favoritas no gênero.” Piano. Embasamento teórico.8 Uma sonata é um tipo de composição musical para um único instrumento ou para um pequeno conjunto. Normalmente, a sonata é dividida em três partes que se relacionam entre si. Já a sinfonia é uma forma de compo- sição executada por uma orquestra, ou seja, por músicos que tocam uma grande variedade de instrumentos. Todos tocam em conjunto, sem destaque para nenhum instrumento, na forma do que é chamado “massa orquestral”. A sinfonia difere do concerto, em que um instrumento solista (ou pequeno grupo de instrumentos solistas) “dialoga” com a massa orquestral, geralmente de forma harmônica. As diferentes partes que normalmente compõem a sonata são chamadas de movimentos. Durante sua apresentação, é comum haver uma pausa entre um movimento e outro – neste momento, muitas pessoas da plateia sentem vontade de aplaudir. Entretanto, é costume esperar o fim da execução de todos os movimentospara saudar os músicos com aplausos. Para saber quando a peça musical começa e termina, basta ficar atento ao programa entregue no início da apresentação, que, em geral, descreve cada movimento da obra selecionada. Organize as ideias Cartas de amor e música romântica D. A Pr es s/ EM /O C ru ze iro /In da le ci o W an de rle y • Um dos gênios da música brasileira, Pixinguinha (ao centro, com saxofo- ne), autor de Rosa, toca no Festival da Velha Guarda em 1955 Encaminhamento da atividade.9 Ouça a música Rosa na voz da cantora carioca Marisa Monte. Essa valsa- -choro foi composta por Pixinguinha em 1917, e em 1937 recebeu letra de Otá- vio de Souza. Observe tre- cho na página a seguir: Aulas de 2 a 4 5 Troca de ideias O que você sente quando escuta essa canção? Se já gostou de alguém, consegue se imaginar cantando-a para essa pessoa, ou ouvindo-a dela? Para você, essa música é considerada romântica? Por quê? Tem alguma outra música desse tipo de que você goste? Conte para a turma e para o professor. No senso comum, ser romântico tem a ver com provas de amor e formas de cortejar a pessoa amada. Beethoven era mesmo um romântico, como vimos na abertura deste capítulo. Mas isso não tem apenas a ver com o fato de ele escrever cartas de amor. O termo Romantismo refere-se a um movimento artístico bem mais amplo, que se desenvolveu no início do século XIX e do qual Beethoven foi um dos precursores. Em Rosa, obra posterior ao Romantismo, é possível observar algumas características desse movimento: a idealização da mulher amada e um amor que nunca se concretiza. Os trechos a seguir trazem algumas das falas do personagem Beethoven nos filmes Minha amada imortal e O segredo de Beethoven. Elas dão outras pistas do que foi esse movimento. Leia os textos e assista aos trechos indicados com a ajuda de seu professor. Texto 1: “Um erro não é nada demais, mas o fato de batucar as notas sem a menor sensibilida- de para seu significado é imperdoável. E sua ausência de paixão... é imperdoável”. Texto 2: “Estou abrindo a música ao feio, ao visceral. Como apreciará o divino, se não através das nossas entranhas? É aqui que Deus vive [tocando a barriga]. Não na mente, nem na alma. Nas entranhas, pois é onde as pessoas o sentem. Os intestinos se enrolam para o céu. As tripas atingem a iluminação antes do cérebro!” MINHA amada imortal. Direção e roteiro: Bernard Rose. Produção: Bruce Davey e Stephen McEveety. Los Angeles: Icon Entertainment Internacional, 1994. 1 DVD (120 min). O SEGREDO de Beethoven. Direção: Agnieszka Holland. Roteiro: Stephen J. Rivele e Chistopher Wilkoson. Los Angeles: MGM, 2006. 1 DVD (104 min). Leitura complementar.11 Encaminhamento da atividade.12 Rosa Pixinguinha/Otávio de Souza Perdão! Se ouso confessar-te Eu hei de sempre amar-te Oh! flor! Meu peito não resiste Oh! meu Deus O quanto é triste A incerteza de um amor Que mais me faz penar Em esperar Em conduzir-te Um dia ao pé do altar... SÈVE, Mário. Quatro rosas: mudanças interpretativas no fraseado de uma valsa-brasileira. Debates, Unirio, Rio de Janeiro, n. 14, jun. 2015. p. 92. Encaminhamento da atividade.10 © Sh ut te rs to ck /J iff y Av ril Atividades Vamos criar uma letra romântica? Com a ajuda do seu professor, utilize alguns métodos que os compo- sitores costumam empregar. 8o. ano – Volume 16 Texto 3: “É totalmente cerebral, não é? Esse trecho aqui é promissor. Mas este... Este aqui é... Tem um quê de flatulência intelectual.” O SEGREDO de Beethoven. Texto 4: “Pare de pensar em termos de início e fim. Não é uma ponte [...]. É algo vivo. Como nuvens em formação ou a mudança das marés. [...] A cada ideia que morre, uma nova nasce. Na sua música, está obcecada pela estrutura e pela forma correta. Precisa ouvir a voz dentro de você. O SEGREDO de Beethoven. Organize as ideias Leia novamente os trechos, observando o que Beethoven defende e o que ele recusa ao produzir sua música. Por meio deles, é possível fazer uma síntese dos ideais românticos que podem ser observados na música de Beethoven. Um compositor original Você consegue imaginar como seria tocar um instrumento sem conseguir ouvi-lo? Pois era dessa forma que Beethoven compunha ao piano e, até mesmo, regia orquestras. Conforme orientações de seu professor, assista a duas cenas do filme Minha amada imortal que mostram essa situação. Troca de ideiasTroca de ideias Encaminhamento da atividade.13 Leitura complementar.14 Uma das falas do personagem Beethoven no filme O segredo de Beethoven é: “Só consegui me ouvir depois de surdo.” O SEGREDO de Beethoven. Direção: Agnieszka Holland. Roteiro: Stephen J. Rivele e Chistopher Wilkoson. Los Angeles: MGM, 2006. 1 DVD (104 min.). Para você, qual o significado dessa frase? Converse com seus colegas e professor. O artista sofreu, ao longo da vida, uma perda gradual de audição, mas o que poderia ter posto fim à sua carreira parece ter dado o impulso para a produção de uma obra única na história da música ocidental. Ao “ouvir a si mesmo”, Beethoven iniciou uma produção musical bem diferente da de seus antecessores clás- sicos, como Wolfgang Amadeus Mozart e Joseph Haydn. Embora ainda utilizasse formas musicais consolidadas durante o Classicismo, como a sonata, é possível observar a singularidade do artista em suas obras. Por sinal, a busca pela originalidade é outra das características importantes do Romantismo. ©S hu tte rst oc k/ St ef an ie S ch ub be rt Pessoal. Beethoven defendia uma música carregada de sensibilidade e paixão, que refletisse a voz do próprio artista. Mesmo que isso significasse ir contra as convenções sociais e culturais da época, produzindo algo considerado “feio” para aqueles padrões. Ele era contra uma música puramente “mental” e técnica, servil a regras e princípios clássicos. No excerto, ele ironiza esse tipo de produção, chamando-o de “flatulência intelectual”. Arte 7 Você já assistiu a uma apresentação de música clássica? Se sim, onde ela foi realizada? Como foi a experiência? Qual era o programa do dia? Conte para os seus colegas. Caso nunca tenha ido a uma apresentação de música clássica, que tal se organizar para ir a uma com sua família ou seus amigos? Pesquise se existem orquestras (ou até mesmo orquestras jovens) onde você mora ou também pequenos grupos dedicados à música para concertos (por exemplo, formações com violinistas, violoncelistas, baixo acústico e piano). © SE CO M /C ar la O rn el as • Orquestra juvenil da Bahia em apresentação no Teatro Castro Alves, Salvador, 2015 Troca de ideiasTroca de ideias Música ao vivo Encaminhamento da atividade.15 • Adolescente escuta música individual- mente em seu celular, algo impossível em 1808, ano em que ocorreu o evento da imagem ao lado © Sh ut te rs to ck /K im ra w ic z Fo to ar en a/ Al bu m Em 1808, Beethoven faz homenagem a Haydn (em idade bem avançada) na ocasião de uma das últimas saídas públicas do velho mestre para a audição de sua obra Criação. Haydn está sentado ao centro da imagem, com chapéu. Estamos acostumados, na atualidade, a considerar que colocar um CD no aparelho de som para ouvir música é algo ultrapassado. O mais comum é escutar nossas canções preferidas em um celular ou em um tablet. Mas você já parou para pensar que essa é uma tecnologia muito recente na história da música e impensável nos séculos XVIII e XIX, quando viveu Beethoven? Naquela época, para ouvir música, era essencial ir ao teatro ou a uma sala de concerto. Aulas 5 e 6 © Sh ut te rs to ck /S un w ar d Ar t 8o. ano – Volume 18 Quando assistimos a um concerto, podemos observar a expressão dos músicos enquanto tocam e os movimentos do maestro em sua regência. Além disso, ao ver cada instrumento musical, fica mais fácil associá-lo à sua respectiva sonoridade. Você sabia que os instrumentos podem ser divididos em famílias? E nessas famílias estão, evidentemente, aqueles que compõem uma orquestra. Issofica mais claro quando observamos uma apresentação ao vivo, pois os instrumentos de cada família ficam agrupados em um espaço predeterminado. Uma das classificações tradicionais utilizadas para dividir os instrumentos de uma orquestra os dispõe nas famílias a seguir. Cordas: a família das cordas é a que mais tem instrumentos em uma orquestra. É composta de violinos, violas, violoncelos e contrabaixos. Entre eles, o violino tem o timbre mais agudo, e o contrabaixo, o mais grave. As harpas também fazem parte dessa família. maestro: também chamado de regente, é quem dá unidade à execução da orquestra. Os músicos olham atentamente para ele para saber em que momento devem começar a tocar e qual a interpretação mais adequada. DicionArte Sugestão de atividade.16 • Harpa les, o ília. • Violino • Viola • Contrabaixo Sopros: os instrumentos de sopro dividem-se em madeiras e metais. Madeiras: são instrumentos de sopro que recebem essa classificação por derivarem de flautas rudimentares feitas de madeira. Outra explicação para receberem esse nome é o fato de que muitos dos instrumentos dessa família produzem som por meio da vibração de uma palheta feita de madeira. Fazem parte das madeiras a flauta, o flautim (ou piccolo), o oboé, o corne inglês, o clarinete, o clarone, o fagote, o contrafagote e o saxofone. Instrumentos como o saxofone, embora sejam feitos de metal, fazem parte da família das madeiras. Isso porque produzem som por meio da vibração de uma palheta de madeira. Observe-a no detalhe, inserida na boquilha, onde o músico posiciona os lábios para tocar o instrumento. • Boquilha com palheta de madeira • Saxofone • Fagote • Flautim ou piccolo • Clarone • Corne inglês • Oboé • Clarinete Indicação de leitura complementar.17 • Violoncelo Fo to s: P. Im ag en s/ Pi th ; © Sh ut te rs to ck /A rte ne x/ An sis K lu ci s; Ge tty Im ag es /C S qu ar ed S tu di os ; © Ph ot od isc /C S qu ar ed S tu di os ; © Sh ut te rs to ck /R C ar ne r/ Dm itr y Sk ut in /M at th ia s G . Z ie gl er /m ph ot ; © W ik im ed ia C om m on s/ Hu st ve dt ; © Ph ot od isc /C S qu ar ed S tu di os Arte 9 Metais: os instrumentos desse naipe apresentam um tubo de metal que termina em uma abertura com um formato de sino, a campana. São eles (do timbre mais grave para o mais agudo): a tuba, o trombone, a trompa e o trompete. naipe: cada um dos grupos de instrumentos do mesmo tipo em que se costuma dividir a orquestra. DicionArte • Tuba • Trombone • Trompete • Trompa • Gongo • Pratos ou címbalos • Caixa• Carrilhão de orquestra • Triângulo • Tímpano • Pandeiro • Detalhe do martelo percutindo as cordas de um piano, ao acionar de uma tecla. Na região de sons mais agudos do piano (lado direito do teclado), são utilizadas três cordas para fazer soar uma única nota (acionada pela tecla) • Xilofone Fo to s: © Sh ut te rs to ck /H or at iu B ot a/ m ph ot / la lit o/ Dm itr y Sk ut in ; © Dr ea m st im e. co m /M la n6 1; P. Im ag en s/ Pi th ; © Ph ot od isc /C S qu ar ed S tu di os ; © iS to ck ph ot os /Y in Ya ng /H og ie ; © Sh ut te rs to ck /C om pu te r E ar th /K at rin a Le ig h/ pi xb ox 77 ; © Th in ks to ck /S to ck by te Percussão: na família da percussão estão os instrumentos que, em geral, ajudam a marcar o ritmo. Caracterizam-se pelo modo como são tocados: por fricção, batida ou agitação. Alguns deles, como o xilofone e o carrilhão de orquestra, são capazes também de produzir melodias. Fazem parte dessa família o gongo, o pandeiro, os pratos ou címbalos, o tímpano, a caixa, o triângulo, entre muitos outros. O piano entra nessa categoria, pois também pode ser considerado um instrumento de percussão. O tocar de suas teclas ativa um mecanismo em que martelos percutem as cordas, produzindo som. 8o. ano – Volume 110 Teclado: são aqueles em que os mecanismos de execução se originam em um teclado. Deles, o mais antigo é o órgão. Entre outros instrumentos desse tipo utilizados na orquestra, estão o cravo e o clavicórdio, comuns na música barroca. Atenção: o teclado eletrônico, que inclui os sintetizadores, não faz parte dessa família, mas da de instrumentos eletrônicos. © Dr ea m st im e. co m /L in da B uc kl in © W ik im ed ia C om m on s/ Gé ra rd Ja no t • Clavicórdio © W ik im ed ia C om m on s/ Gé ra rd Ja no t • Cravo• Órgão Organize as ideias Desde a década de 1940, a disposição dos instrumentos em uma orquestra segue um padrão internacional, conforme o diagrama a seguir. No material de apoio, há imagens de um exemplar de cada instrumento das famílias que você acabou de estudar. No jogo que será proposto pelo seu professor, localize as posições dos instrumentos em uma orquestra. A música apresenta três propriedades principais. 1. A intensidade, que se refere ao nível de amplitude da onda sonora e é popularmente conhecida como “volume”, possibilita ao músico produzir os sons de forma mais fraca ou mais forte. 2. A altura, que não tem nada a ver com o volume, refere-se à frequência do som: o ouvido humano percebe as baixas frequências como sons graves e as altas frequências como sons agudos. 3. O timbre, que nos possibilita distinguir notas produzidas por diferentes instrumentos (por exem- plo, a flauta e o piano) ou vozes (como a feminina e a masculina), mesmo que estejam na mesma intensidade e altura. • Representação dos instrumentos dispostos em uma orquestra Violinos Violas Violoncelos Flautas Oboés Clarinetes Fagotes Trompetes Trompas Harpa Piano Tuba Trombones Contrabaixos Percussão Ja ck A rt. 2 01 7. D ig ita l. Encaminhamento da atividade.18 Arte 11 Então, o “volume” (intensidade), em música, pode ir de fraco a forte, e a frequência pode variar entre alta e baixa! Em uma apresentação tradicional de música clássica, de maneira geral, pode-se perceber mais claramente a dinâmica de cada música – ou seja, as variações de intensidade (volume) dos sons. Em uma orquestra, a maioria dos instrumentos é acústica, isto é, não conta com a amplificação do som, como ocorre em uma banda de rock. Assim, o volume do som pode variar bastante de acordo com a intensi- dade que cada músico imprime no momento de tocar, geralmente orientado pelas indicações de sua partitura musical. Elas podem variar entre fortíssimo e pianíssimo (do italiano pianissimo, bem suave). Já os instrumentos eletroacústicos (como a guitarra) e eletrônicos (teclado sintetizador), mesmo quando tocados com pouca intensidade, apresentam um volume de som elevado e constante, por meio de regulagens na mesa ou caixa de som. É por isso que, quando ouvimos música erudita em casa, em CD ou MP3, o volume do som parece aumentar ou baixar de repente, e precisamos sempre “corrigi-lo” no aparelho de som. © Fl ic kr .co m /R af ae l A co rs i • À esquerda, músicos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp). À direita, a roqueira baiana Pitty É mais fácil detectar variações de dinâmica nos instrumentos acústicos, como os utilizados nas orquestras. Sugestão de atividade.19 Aulas 7 e 8 Registro para a posteridade As gravações são uma importante forma de registro, mas, como vimos, são algo recente na história da mú- sica. Um concerto inteiro somente pôde ser gravado a partir de 1948, com a chegada dos long-plays (LPs). E os compact discs (CDs) surgiram apenas em 1983! Então, como a obra de artistas como Beethoven conseguiu sobreviver até os dias atuais? A resposta é: graças aos sistemas de notação musical e seu registro em partituras! Em uma partitura tradicio- nal, estão presentes indicações de altura, ritmo, andamento, tonalidade e dinâmica. Isso possibilita a qualquer pessoa que conheça seu código executá-la, mesmo estando distante no tempo e no espaço do compositor da obra. Vamos desvendar esse código? AtividadesSiga as orientações do seu professor para identificar diferentes timbres, alturas e intensidades. Encaminhamento de atividade.20 Leitura complementar.21 Pu lsa r I m ag en s/ Jo ão P ru de nt e 8o. ano – Volume 112 Cinema © Eu ro fil m S tu di o Lt d. Fo to ar en a/ Gr an ge r • Rascunho de Beethoven para o final da Nona sinfonia PP Variação orquestral do Hino à Alegria ALLEGRO ASSAI VIVACE ALLA MARCIA. Clave de sol. A presença da clave define a altura de uma das linhas do pentagrama e, consequentemente, a de todas as outras, que estão em sequência. Por exemplo, na clave de sol, a linha “sol” é a segunda (contada de baixo para cima), na qual a clave se inicia. Além da clave de sol, existe também a clave de fá e a clave de dó. Este símbolo conta ao músico que é preciso pausar por um determinado espaço de tempo. Fórmula de compasso. Essa informação ajuda a definir a duração de tempo de cada compasso da música. Se binária (1 2, ou dois tempos) ou ternária (1 2 3, ou três tempos), por exemplo. Pianíssimo. É uma indicação de dinâmica. Significa que o trecho deve ser tocado de forma muito suave. Nota musical. Refere-se tanto ao sinal que representa o som quanto à sua altura (dó, ré...), que varia segundo a sua posição na pauta, como vimos na descrição da clave de sol. Sua figura muda de acordo com a duração do som, podendo ser composta de cabeça, haste e bandeirola. Pauta ou pentagrama: conjunto de cinco linhas horizontais em que as notas, barras de compasso e outros símbolos se inserem. Compasso é a divisão da música em pequenas partes ou medidas de tempo, por meio de uma linha vertical. Indica, em italiano, o andamento do trecho, ou seja, a velocidade e o espírito com o qual ele deve ser tocado. Neste caso, de modo “alegre, muito vivaz, como uma marcha”. Armadura de clave. Anuncia a tonalidade da música. MARTINS, A. de Rezende. As nove sinfonias de Beethoven. São Paulo, Rio de Janeiro: Irmãos Vitale, [19--]. p. 179. © Sh ut te rs to ck /S un w ar d Ar t Na época em que viveu Beethoven, e mesmo antes dele, o trabalho do copista era fundamental. Imagine que o compositor en- tregava a partitura, escrita à mão, dessa forma: Se quem não é da área não consegue en- tender uma partitura normal, imagine uma dessas! Por isso, era essencial que alguém com conhecimento em música e caligrafia musical passasse tudo a limpo e organizasse as vozes dos diversos instrumentos que compõem uma orquestra. O SEGREDO DE BEETHOVEN Direção: Agnieszka Holland Gênero: Drama Ano de lançamento: 2006 Duração: 104 minutos País: Estados Unidos Sinopse: Nesse filme, a copista e compositora Anna Holz ajuda Beethoven no trabalho com as partituras da Nona sinfonia, às vésperas de sua estreia. A história é fictícia, mas a perso- nagem é inspirada em diversas pessoas que fizeram parte da vida de Beethoven. • Trecho de partitura do “Hino à alegria”, Nona sinfonia de Beethoven (quarto movimento) Arte 13 Hora de estudo Leia alguns trechos da letra da canção, faça uma pesquisa e escute a música Último romântico, do cantor e compositor carioca Lulu Santos (1953-). ApreciArte Assista à cena em que a personagem Anna Holz rege a primeira apresentação da Nona sinfonia de Beethoven (Sinfonia número 9, Op. 125, conhecida também como “Coral”). Como o músico não podia mais ouvir nem reger adequadamente, pede ajuda à Anna, que, escondida no fosso teatral, orienta todos os gestos do maestro. O filme não apresenta a sinfonia completa (sua duração é de, aproximadamente, 70 minutos), mas assistindo a esse trecho é possível conhecer suas passagens mais importantes. Observe a presença do coral, grande dife- rencial dessa obra. Até então, a voz humana nunca tinha feito parte de uma sinfonia. Encaminhamento da atividade e texto complementar.22 Encaminhamento da atividade.24 Leitura complementar.23 c) Incorreta. Lulu Santos é um compositor contemporâneo de pop rock e MPB. Essa música dele apresenta versos que podem ser relacionados à temática, mas não à estética romântica. Faltava abandonar a velha escola Tomar o mundo feito Coca-Cola Fazer da minha vida sempre O meu passeio público E ao mesmo tempo fazer dela O meu caminho só, único Talvez eu seja o último romântico Dos litorais desse Oceano Atlântico Só falta reunir A zona norte à zona sul Iluminar a vida Já que a morte cai do azul Só falta te querer Te ganhar e te perder Falta eu acordar Ser gente grande Pra poder chorar [...] Deixa ser Pelo coração Se é loucura então Melhor não ter razão [...] SANTOS, Lulu; CÍCERO, Antônio; SANTOS, S. Último romântico. Intérprete: Lulu Santos. In: Último romântico. Brasil: Warner Bros Records, 1987. 1 LP, analógico, estéreo. Lado B, faixa 1 (4 min 10 s). Agora, assinale a alternativa INCORRETA. a) Se associarmos o verso “Faltava abandonar a velha escola” à obra de Beethoven, é possível afirmar que “a velha escola” refere-se à estética do Classicismo. Embora tenha sido um dos precursores do Romantismo, Beethoven não abandonou totalmente as formas musicais clássicas, como a sinfonia e a sonata. Correta. b) Os versos “E ao mesmo tempo fazer dela/O meu caminho só, único” podem ser relacionados a um dos pilares do Romantismo, que é a busca pela originalidade. Correta. X c) Por causa dessa música, Lulu Santos é considerado o último compositor romântico da história. d) O “Ser gente grande pra poder chorar” pode ser interpretado como uma qualidade dos artistas român- ticos. Eles permaneciam em contato com seus sentimentos ao produzir sua obra. Correta. e) Os versos “Deixa ser/ Pelo coração/ Se é loucura então/ Melhor não ter razão” traduzem o sentimento de muitos compositores românticos, que compunham com base em suas emoções e não de acordo com um esquema puramente racional e técnico. Correta. 14 2 © Bi bl io te ca N ac io na l d a Fr an ça /K at su sh ik a Ho ku sa i Desenho de movimento © Bi b © Bi b © Bi bb © B © lio t lio t lio tolio ec a ec a Na ci Na ci on al on al da da da a Fr an Fr an Fr an Fr a ça /K ça /K ça /Kaça at suts u a ikikikhi k sh ik sh ik sh ikkkik sh ikkhi k sh ik shsh a Ho aaaaaa kuu sa i Encaminhamento da atividade.1 1. Observe os desenhos desta página. O que eles indicam? 2. Você conseguiria imitá-los? Faça isso usando o leque presente no material de apoio. • Página do livro Manual de instrução de dança, criado pelo artista japonês Katsushika Hokusai, em 1835 Aula 1 HOKUSAI, Katsushika. Odori Hitori Geiko. 1835. 1 livro ilustrado em xilogravura. 18 cm × 12 cm. Biblioteca Nacional da França. 15 ©Shuttersto ck/Alhovik+ D46:D58 Objetivos Encaminhamento da atividade.2 • Estudar as origens do circo. • Fazer um número de mágica. • Investigar a arquitetura da Roma Antiga. • Refletir sobre a política do “pão e circo”. ObjetivosObjetivos • Conhecer os segredos do nô, uma arte teatral japonesa. • Entender o que são os katas, que também estão no caratê. • Assistir a uma animação japonesa. • Desenvolver uma criação coletiva em dança. • Ver xilogravuras japonesas, copiadas até por Van Gogh. • Refletir sobre o equilíbrio entre imitação e originalidade. Na dança e no teatro, muitas criações podem ser transmitidas por meio de algum tipo de partitura, assim como ocorre na música. O desenho do artista japonês Katsushika Hokusai (1760-1849) que você acabou de ver representa uma dança popular do início do século XIX no Japão. Ela pode ser aprendida se forem seguidas suas instruções. Você reparou nos círculos e traços desenhados por Hokusai, indicando os movimentos do dançarino de leque? Observe que há vários pequenos textos, em japonês, que oferecem informações sobre a dança. Especialmente em países orientais, como o Japão, muitas tradições das artes cênicas foram codificadas. Isso significa que técnicas de apresentação e um repertório de obras são difundidos ao longo de gerações, semmuitas alterações. Troca de ideias O que você sabe sobre o Japão? Conhece algum prato típico desse país? Já fez algum origâmi (arte em dobradura de papel)? Converse com a turma sobre seus conhecimentos e verifique se alguém sabe algo sobre as artes desse país. Pu lsa r I m ag en s/ Th om az V ita N et o O sobá (macarrão típico japonês), comido com hashi (os dois pauzinhos), tornou-se um monumento em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Na cidade, vivem muitos descendentes de japoneses que vieram da região de Okinawa. 16 Leitura complementar e encaminha- mento de atividade. 3 Nô: tradição teatral que atravessa séculos Reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como patrimônio imaterial da humanidade, o teatro nô (palavra japonesa que significa talento, habilidade) se desen- volveu a partir do século XIV no Japão e é praticado até hoje. Combinando elementos de música, dança e representação, o nô é formado por um repertório de cerca de 250 peças tradicionais, inspiradas em mitos e textos do Japão medieval. Seus personagens estão envolvidos em histórias poéticas, faladas em japonês antigo. Isso significa que é difícil até para os japoneses compreenderem o que os atores dizem e cantam em cena. A maioria do público procura pesquisar o conteúdo da peça antes da apresentação e, normalmente, recebe uma versão atualizada do texto para ser consultada ao longo do espetáculo. No palco, as tramas não apresentam grandes reviravoltas e as histórias se concentram basicamente em torno de dois tipos de atores (sempre homens). Um coadjuvante, chamado waki, e um protagonista, o shite. O uso de máscaras, comum nessa forma teatral, é destinado ao shite. Com esse adereço, eles se transformam em deuses, guerreiros, mulheres e fantasmas. Outro elemento fundamental para um espetáculo de nô é a música ao vivo. Ela é execu- tada por membros de um coro e ins- trumentistas que tocam três tipos de tambor e uma flauta. Fo to ar en a/ Al am y/ M as a Ue m ur a Cena do espetáculo Yuya, de teatro nô. Na frente do palco, à esquerda, está o ator protagonista (chamado shite); à direita, o coadjuvante (waki). Mais ao fundo, é possível ver músicos, sentados, com pequenos tambores. Sentados, à direita, estão membros do coro. m p de atividade. taiko (tambor tocado com baquetas) otsuzumi (tamboril grande) kotsuzumi (tamboril pequeno) nôkan (flauta) M at eu s L in s. 20 18 . D ig ita l. Aulas de 2 a 5 17 © Sh ut te rs to ck /S un w ar d Ar t Conexões 7 Leitura complementar. Cinema A VIAGEM DE CHIHIRO Direção: Hayao Miyazaki Duração: 125 minutos Gênero: Animação País: Japão Ano de lançamento: 2001 Sinopse: Chihiro é uma garota de 10 anos que está triste por mudar de cidade, deixando seus amigos para trás. No caminho, seus pais se atrapalham e param o carro em um estranho parque temático abandonado. O lugar se revela amaldiçoado e seus pais se transformam em porcos. Diversos espíritos e divindades habitam o lugar, dominado pela bruxa Yubaba. Com a ajuda de Haku, que tem poderes mágicos, Chihiro enfrenta vários desafios para salvar sua família e voltar para casa. Nesse filme, premiado com o Oscar de melhor animação em 2003, vários elementos da cultura japonesa são mostrados de forma divertida. © Eu ro pa F ilm es Encaminhamento da atividade.4 Encaminhamento da atividade.6 Atividades Hora do teatro! Siga as instruções do seu professor para criar uma cena inspirada no teatro nô. Use o Diário de bordo para planejar como essa história será contada. Encaminhamento da atividade.5 • Exemplos de máscaras de teatro nô: Ko-omote (representa figuras femininas) e Okina (uma divindade ligada à paz e à fertilidade) ma c Fo to ar en a/ Al bu m /a kg -im ag es Observe dois exemplos de máscaras de teatro nô. Em seguida, pesquise na internet imagens dos personagens Sem Rosto e o espírito do rio, da animação japonesa A viagem de Chihiro. Compare as máscaras com essas imagens. Anote as possíveis semelhanças entre elas em seu Diário de bordo. 8o. ano – Volume 118 © Sh ut te rst oc k/ Fe do r S el iva no v Saiba + Kyogen: risos para aliviar o ambiente As peças de nô costumam apresentar temas pe- sados e melancólicos, com a aparição de fantasmas atormentados e divindades. Por isso, para aliviar um pouco a tensão, normalmente há a apresentação de um tipo de comédia chamada kyogen entre duas peças de nô. Nesse gênero, considerado “irmão do nô”, os atores se envolvem em situações engraçadas ligadas ao cotidiano. O termo japonês nôgaku se refere à união do universo do nô e do kyogen. Ambos compartilham o mesmo palco e apresentam muitas técnicas de atuação em comum. © Fl ic kr .co m /C hr is Gl ad is • Cena de kyogen apresentada em Meiji Shrine, Tóquio, Japão Intertextualidade Observe alguns detalhes de um palco tradicional de nôgaku. Você percebe semelhanças entre essa construção e uma casa típica ja- ponesa, como o Palácio de Hyogo, localizado em Curitiba? Anote suas conclusões no Diário de bordo. Encaminhamento da atividade e leitura complementar.8 Leitura complementar.7 © G ov er no d e H yô go O Palácio de Hyogo, construído em estilo típico japonês, é sede do Instituto Cultural e Científico Brasil/Japão, em Curitiba, Paraná. Há quase 50 anos, os governos de província de Hyogo e do estado do Paraná mantêm laços de irmandade que se refletem em intercâmbios em várias áreas (educação, cultura, tecnologia, agricultura, saúde, etc.). p , y g , localizado em Curitiba? Anote suas conclusões no Diário de bordo. de Hyogo e do estado do Paraná mantêm laços de irmandade que se refletem em intercâmbios em várias áreas (educação, cultura, tecnologia, agricultura, saúde, etc.). Cortina colorida: local onde os atores entram em cena. Ponte por onde caminham os personagens. Pinheiro pintado: este símbolo sagrado está presente em todas as apresentações de nôgaku. Telhado antigo: referência à arquitetura tradicional do Japão, serve também para ampliar e propagar o som do espetáculo. Palco de madeira: mede cerca de 6 metros de cada lado. Pilares também orientam a movimentação do shite. Três pinheiros servem de orientação ao protagonista (shite), que fica com pouca visibilidade ao usar máscara. Público M at eu s L in s. 20 18 . D ig ita l. Arte 19 Protegido pela nobreza Um teatro circense e popular, o sarugaku deu origem ao nô, que também absorveu outras influências. Incor- porou, por exemplo, elementos das crenças e rituais do budismo e do xintoísmo (muitos atores eram ligados a santuários religiosos) e modos da nobreza militar dominante no Japão, que passou a patrociná-lo. O principal nome do teatro nô, Motokiyo Zeami (1363-1443), viveu em contato direto com essa nobreza. Aos 12 anos de idade, ele fez uma apresentação com seu pai Kan’ami (1333-1384) que encantou o xogum Yoshimitsu Ashikaga. Esse nobre então os convidou a viver em sua cor- te, sob sua proteção. Com esse apoio, ao longo de décadas, Zeami aprimorou a arte do nô escreven- do peças, dirigindo espetáculos e atuando neles. Para Zeami, a arte do ator era como o desabrochar de uma flor (hana, em japonês), que deveria ser cultivada ao longo de toda a vida, atingindo sua maior beleza na maturidade. Por ter escrito diversos livros sobre a arte teatral, esse mestre do nô influencia até hoje muitos artistas pelo mundo. O diretor paulista José Celso Martinez Corrêa (Zé Celso), por exemplo, transformou Zeami em seu perso- nagem na peça Taniko: o rito do mar, de 2008. Criado com base em um texto tradicional de nô, o espetáculo prestou homenagem ao centenário da imigração japonesa no Brasil. Leitura complementar.9 budismo: religião fundada por Siddharta Gautama (563-483 a.C.), o Buda, nascido no Nepal. xintoísmo: antiga religião japonesa, ainda praticada. Suas divindades representam as forças da natureza. xogum:chefe militar do Japão. DicionArte Fo to ar en a/ Al am y Samurais a cavalo: imagem do filme Trono manchado de sangue, do diretor japonês Akira Kurosawa. Os samurais eram semelhantes aos cavaleiros da Idade Média. Assim como os atores de nô, serviam aos xoguns (chefes militares) e a grandes donos de terra, que constituíam a nobreza do país. Fu tu ra P re ss / L ui z G ua rn ie ri Fu tu ra P re ss / L ui z G ua rn ie ri • À esquerda, vestido com uma espécie de quimono (roupa típica japonesa), o ator e diretor Zé Celso interpreta o papel de Zeami na peça Taniko: o rito do mar. À direita, outros atores do grupo paulistano Teatro Oficina interpretam a mesma peça 8o. ano – Volume 120 Hagoromo: uma peça de Zeami Escrita por Zeami, Hagoromo (O manto de plumas) é uma das peças mais encenadas do repertório de teatro nô. Nessa obra, um pescador chamado Hakuryô (interpretado por um ator coadjuvante) encontra um manto de plumas abandonado e deseja ficar com ele. Porém, logo surge uma linda divindade (interpretada por um ator protagonista, vestindo uma máscara), chamada Tennin, que pede ao pescador que lhe devol- va o manto. Afinal, sem isso, ela não consegue retornar ao céu. O pescador pensa em devol- ver, sob a condição de que ela lhe apresente uma dança ce- lestial. Ela aceita, desde que pri- meiro ele lhe devolva o manto. Desconfiado, o pescador teme que a divindade fuja sem aten- der ao seu pedido, mas é censu- rado por ela. Ge tty Im ag es /A FP /M an an V at sy ay an a • De máscara, com leque e figurino refinado, ator japonês encena espetáculo do teatro nô, em Nova Délhi, Índia © Ilu st ra çã o: C la ud io S et o • Hagoromo em versão para mangá, com ilustração de Cláudio Seto e tradução e adaptação de Laura Tamaru Cláudio Seto (1944-2008) viveu em Curitiba (PR) e deixou uma importante contribuição na preservação e divulgação da cultura japonesa. Foi o introdutor do mangá no Brasil (1967) e se consagrou como mestre dos sete instrumentos: desenhista (mangaká, quadrinista, ilustrador e chargista), artista plástico, pesquisador, escritor (jornalista e poeta),fotógrafo, bonsaísta e produtor cultural. Participou de diversas exposições coletivas e individuais em diversas áreas na Itália, França, Japão e Alemanha. 21 Arte © Sh ut te rs to ck /J ac ky B ro w n Em duplas, experimentem ler em voz alta os diálogos de um trecho da peça Hagoromo, traduzido pelo poeta paulista Haroldo de Campos (1929-2003). Depois, ensaiem as cenas criadas anteriormente! Hakuryô: [...] Ouvi contar das danças celestes dos anjos. Agora aqui se dançares essa dança-música terás de volta o manto. Tennin: Alegria! Poderei sem demora retornar aos céus! Para expressar o meu júbilo imenso: uma dança lembrança para os homens dançada ao redor do Palácio da Lua. Agora aqui vou dançá-la como um dom para os homens de coração sombrio. Antes devolve-me o manto: como sem asas dançar? Hakuryô: Não! Se recebes de volta o manto então revoas para o céu sem mesmo ensaiares um passo para mim de tua dança. Tennin: Só os homens duvidam. Falsidade não é coisa do céu. Hakuryô: Envergonho-me. Eis o manto de plumas. Toma-o de volta. Tennin: Revestindo o manto a donzela celeste dança o alado baile das plumas: a dança-arco-íris da veste-de-plumas. CAMPOS, Haroldo de. Hagoromo de Zeami. São Paulo: Estação Liberdade, 1993. p. 38-39. Atividades Formas definidas Em peças de teatro nô, como Hagoromo, há pouco espaço para improvisações e mudanças nas cenas. Suas ações e músicas seguem partituras criadas e fixadas em algum momento do passado, chamadas katas – palavra japonesa que significa “forma”. Troca de ideias Como é a linguagem usada pelos personagens? É parecida com a que você usa em seu cotidiano? De que forma você imagina a “dança-arco-íris da veste-de-plumas” feita pela Tennin? Troque com seus colegas as im- pressões que tiveram ao ler o texto. Leitura complementar e encaminhamento da atividade.11 Leitura complementar.12 Em artes marciais japonesas, o termo kata é usado para designar determinada sequência de golpes. Nessa foto, praticantes de caratê executam esses movimentos ao mesmo tempo. Fo to ar en a/ Al am y/ As ilis V er ve rid is Aulas de 6 a 8Encaminhamento da atividade.10 8o. ano – Volume 122 No teatro nô, o kata é transmitido ao longo dos séculos pelos atores mais experientes, con- siderados mestres, aos novatos. Sendo assim, existe um determinado modo de um persona- gem chorar, caminhar ou atirar uma flecha, por exemplo, e nenhum jovem ator pode, dentro de um grupo tradicional, inventar um jeito diferen- te de fazer tais ações. A maioria dos atores é treinada por mestres desde criança e aprende tudo por imitação. Em cena, o ator tem o desafio de perpetuar uma tradição com vitalidade. Afinal, ao apenas reproduzir no palco uma forma sem vida, o público perde o interesse por ele e sua tradição morre. Por outro lado, a tradição também termina se o ator fizer algo radicalmente novo. À esquerda, o mestre japonês Udaka Michishige pratica com um aluno (Diego Pellecchia) o kata chamado shiori. Nesse gesto, que indica choro, o ator leva uma das mãos ao rosto, como se fosse enxugar lágrimas. Em cena, um ator procura fazer esse kata exatamente como aprendeu com seu mestre, sem modificá-lo. Fo to s: © Fo to d e Ni co la S av ar es e. In : A a rte se cr et a do a to r, de E ug en io Ba rb a e Ni co la S av ar es e/ O di n Te at re t A rc hi ve s Para a ação de atirar uma flecha, em uma peça de kyogen, usa-se um leque, que faz alusão a um arco. Todas as ações são feitas com muita precisão. O modo mais básico de caminhar no teatro nô e kyogen é diferente do padrão cotidiano. A foto mostra os pés deslizando pelo chão (os atores usam meias, o que facilita o processo). Além disso, o tronco e o quadril formam um bloco e o resto do corpo não oscila durante o deslocamento. Fo to s: © Fo to d e Ni co la S av ar es e. In : A a rte se cr et a do a to r, de E ug en io B ar ba e N ic ol a Sa va re se /O di n Te at re t A rc hi ve s © Fa bi o M as sim o Fio ra va nt Arte 23 Imitação original Admirador das xilogravuras japonesas de estilo ukiyo-e, o pintor holandês Vincent van Gogh (1853-1890) “imitou” o artista japonês Utagawa Hiroshige (1797-1858). Abaixo, à esquerda, vemos o quadro de Van Gogh intitulado Ponte na chuva. À direita, a obra original de Hiroshige, chamada Chuva repentina sobre a ponte Shin Ohashi e Ataki. Leitura complementar.13 © M us eu V an G og h, A m st er dã © M us eu d o Br oo kl yn , N ov a Io rq ue HIROSHIGE, Utagawa. Chuva repentina sobre a ponte Shin Ohashi e Ataki. 1857. 1 xilogravura, 33,7 cm × 22, 2 cm. Museu do Brooklyn, Nova Iorque. VAN GOGH, Vincent. Ponte na chuva. 1887. 1 óleo sobre tela, 73,3 cm × 53,8 cm. Museu Van Gogh, Amsterdã. Organize as ideias Leia a seguir um relato do ator japonês Yoshi Oida sobre o de- safio de ser original no teatro nô. Procure ouvir também a canção Ser igual é legal, de Carlos Careqa, acompanhando sua letra. © M am or u Sa ka m ot o O ator japonês Yoshi Oida estudou teatro nô, mas tornou-se reconhecido mundialmente fazendo teatro contemporâneo na companhia do diretor britânico Peter Brook. 8o. ano – Volume 124 • O cantor, compositor e ator Carlos Careqa, catarinense radicado em São Paulo Meu professor de nô uma vez me disse que eu não deveria interpretar do meu próprio jeito. Em vez disso, devia tentar fazer exatamente o que o professor mostra. A maneira como a mão é levantada, o modo de dizer o texto, tudo deve ser feito exatamente como ele diz. Mesmo que achemos que não está certo. Não se deve alterar ou reinterpretar o que se aprendeu até que se atinja os sessenta anos. Depois disso devemos ser livres. Mas uma vez que se tenha iniciado um treinamento de nô, com idade entre cinco e seis anos, estamosna verdade falando sobre mais de cinquenta anos de estudo. [...] Encontrei meu mestre anos depois de ter me dito isso, quando ele estava com aproximada- mente 75 anos. Perguntei-lhe se sentia algo diferente agora que tinha atingido a idade da liber- dade. Ele respondeu: “Não. Aquilo que eu disse a você aplica-se somente aos gênios. Como sou um ator comum, não posso atingir a liberdade. Na verdade, é exatamente o contrário. Estou ficando velho e algumas vezes acho que vou perder o brilho ou que vai me dar um branco. Fico tão preocupado com esse negócio de esquecer o texto que não tenho tempo de me concentrar em atingir a liberdade. Minha tarefa principal é simplesmente fazer meu trabalho de maneira correta. É isso”. OIDA, Yoshi. O ator invisível. São Paulo: Estação Liberdade, 1993. p. 91-92. Carlos Careqa é um compositor irreverente e crítico que, na letra da canção abaixo, questiona o desejo de ser original. Siga as indicações do seu professor para escutar a canção e acompanhar a letra, da qual um trecho pode ser conferido a seguir. Ser igual é legal [...] Meio é melhor que inteiro Último nem primeiro Se é tão bom assim Pra que chegar ao fim E ser o suprassumo O rei do universo Pra que ser tão bacana Tão intelectual [...] suprassumo: o máximo, o grau mais elevado de alguma coisa. DicionArte Depois de ler o texto de Oida e os trechos da letra de Careqa, registre em seu Diário de bordo algumas reflexões sobre a busca da originalidade e a aceitação da tradição. Para ajudar, responda às questões a seguir. 1. De que forma você relaciona o texto de Oida e a música de Careqa com o movimento artístico do Ro- mantismo estudado anteriormente? 2. É possível a um artista ser completamente original? Por outro lado, alguém consegue imitar exatamente uma performance ou uma obra de outro artista? 3. Você já sentiu alguma cobrança para ser original ou para ser igual a outras pessoas? CAREQA, Carlos; SÁTIRO, Adriano. Ser igual é legal. Intérprete: Carlos Careqa. In: CAREQA. Música para final de século. São Paulo: ThanxGod Records, 1999. 1 CD. faixa 1 (4 min 19 s). © Ed so n Ku m as ak a Arte 25 O bailado de Hagoromo No teatro nô, a dança dos personagens, chamada shimai, é um momento aguardado e seus movimentos seguem um kata bastante preciso. Você lembra que, em Hagoromo, a ninfa Tennin apresenta ao pesca- dor uma “dança-arco-íris da veste-de-plumas”? Seguindo essa ideia, a turma vai desenvolver um bailado para a Tennin, por meio da criação de katas coletivos, em grupos de três ou quatro pessoas. O uso de leque é opcional para cada equipe. Primeira fase: estudo de movimento 1. Cada aluno escolhe uma única ação para trabalhar, como bater o pé no chão, abrir o leque lentamente, olhar para o céu ou girar o tronco. Depois de escolhida a ação, esse movimento deve ser estudado e repetido várias vezes, até que seja possível definir suas características com precisão. 2. Em seu Diário de bordo, descreva sua ação em detalhes (como e onde ela começa, de que forma se desenvolve e termina, com qual velocidade cada movimento é executado, etc.). Experimente também fazer desenhos explicativos, como os de Hokusai que você viu no início do capítulo. Observe o exemplo a seguir. Segunda fase: transmissão do kata 1. Depois que cada um dominar sua ação, o grupo forma um círculo. Um voluntário A vai ao centro apresentá-la ao grupo. Ao terminar, volta para o círculo. 2. Um aluno B vai ao centro e procura imitar, nos mínimos detalhes, o que A fez. No fim dessa ação, B precisa emendar e iniciar a ação que tinha criado, fazendo as adaptações que forem necessárias. B en- tão finaliza sua ação e volta ao círculo. Atividades Encaminhamento da atividade.14 3. Um aluno C vai ao centro e procura reproduzir exatamente o que B fez. No fim dessa ação, C também precisa emendar o movimento que tinha criado. C então finaliza sua ação e volta ao círculo. 4. Agora, o aluno A vai ao centro e imita exatamente as ações de C. Ao finalizar, volta ao círculo. B vai ao centro, imita A e retorna ao círculo. Por fim, C vai ao centro, imita B e retorna ao círculo. início desenvolvimento fim 5 segundos parado e olhando para cima! Começo em pé, olhando para a frente, com o leque fechado na mão direita. Ergo lentamente esse braço em um movimento circular, até minha mão atingir um ponto sobre minha cabeça. Nesse instante, olho para cima e permaneço imóvel por cinco segundos. Assim termina minha ação. 8o. ano – Volume 126 Troca de ideias Depois da apresentação, aproveite para bater um papo sobre as criações da turma. Compartilhe suas impressões sobre os desafios dessa atividade e seus momentos mais divertidos. Como foi ver um colega fazer o movimento que você criou? Na apresentação, quais características do seu movimento foram mantidas e quais foram alteradas? Terceira fase: apresentação Com uma partitura de movimentos definida, cada trio ou quarteto vai apresentar sua dança para a tur- ma. A forma de organizar a apresentação deve ser combinada antes: é preciso decidir se todos vão se apresentar em linha, um ao lado do outro, em círculo, etc. Que tal apresentar para os colegas das outras turmas as cenas inspiradas no teatro nô e as danças inspiradas na peça Hagoromo, do mestre de teatro nô Zeami? A música de Carlos Careqa Ser igual é legal pode muito bem ser usada para dar ritmo a esses bailados, criados com katas coletivos. E para homenagear um artista que definitivamente não queria ser igual a nenhum outro, a turma poderia convidar um músico da cidade para “dar uma canja” na escola só com músicas de Ludwig van Beethoven. Afinal de contas, seus sucessos não saem de moda há mais de 200 anos! Festival das Artes © W ik im ed ia C om m on s O Festival das artes é um espaço ideal para compartilhar as referências mais variadas. De Carlos Careqa, autor de Ser igual é legal, ao “original” Ludwig van Beethoven. © Ed so n Ku m as ak a Arte 27 Hora de estudo Leia a seguir uma notícia sobre um evento de teatro nô realizado em São Paulo, em 2014, no Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP): Imin nô – V encontro de nôgaku – outono [...] Há cinco escolas (estilos) de Nô: Kanze, Komparu, Hosho, Kongo e Kita, das quais a primei- ra é sensivelmente grande. A Kanze, a Kom paru, a Hosho e a Kongo foram fundadas no século XIV e a Kitano no início do século XVII. Esta arte também foi trazida ao Brasil pelos imigrantes japoneses, sendo que aqui existem representantes de quatro das cinco escolas. Em 1939, foi fundado o primeiro grupo de Nô, o Hakuyou Kai, pelo senhor Nobuyuki Suzuki. O Hakuyou Kai teve uma carreira profícua e representada por praticantes, em sua maioria, das escolas Kanze e Hosho. Ao longo de meio século, o grupo manteve a prática do Nô e realizou mais de uma centena de apresentações até a década de 1990, quando se extinguiu. Alguns de seus integrantes originais continuam em atividade e, hoje, integram a Associação Brasileira de Nôgaku (ABN). A ABN, ativa desde 2008 e oficialmente fundada em 2013, é formada por imigrantes japo- neses e atores brasileiros [...]. A junção de escolas distintas de Teatro Nô seria muito rara no Japão. No Brasil, representan- tes de diferentes estilos têm se unido desde 1939, fortalecendo, divulgando e dando expressão à cultura japonesa através desta arte clássica. A ABN tem compartilhado seu conhecimento com artistas brasileiros num diálogo intercultural, dando um aspecto singular às peças que apresenta. O termo Imin Nô, criado pelo diretor artístico do grupo, Jun Ogasawara, define o espírito da ABN: “Nô de imigrantes, por imigrantes e para imigrantes”. Como, de certa forma, somos todos imigrantes, o termo define um encontro-reencontro com a singularidade que nos universaliza. [...] Para a ocasião do V Encontro de Nôgaku, a peça escolhida foi a célebre Hagoromo, ou “O manto de plumas”, que será apresentada em uma versão reduzida. Hagoromo é de autoria de Zeami (1363-1443)e conta a história de um pescador que encontra um lindo manto de plumas pendurado sobre o ramo de um pinheiro, na Baía de Miho, perto do Monte Fuji. [...] Por uma feliz coincidência, esta foi a primeira peça encenada no Brasil (e na América Latina) pelo pioneiro Hakuyou Kai, em 1964, também em versão reduzida. Na apresentação da ABN, o manto e a coroa do anjo serão os mesmos utilizados há exatamente 50 anos. [...] Com base nesse texto e em outros conteúdos estudados neste capítulo, assinale com V as alternativas verdadeiras e com F as falsas. a) ( F ) De origem japonesa, o teatro nô é reconhecido em todo o mundo como um patrimônio ima- terial da humanidade, porém não é praticado em outros países. b) ( V ) No Brasil, o nô começou a ser praticado a partir de 1939 e desde 2013 a Associação Brasileira de Nôgaku (ABN) apresenta peças reunindo atores que seguem escolas japonesas tradicionais dessa arte. Verdadeira. c) ( V ) Junto com o teatro nô, costuma ser apresentado um tipo de peça cômica chamada kyogen. Para se referir à junção desses dois gêneros, usa-se o termo nôgaku. Verdadeira. d) ( V ) Em uma apresentação de nô e kyogen, há pouco espaço para improvisações. Todas as ações da peça seguem modelos preestabelecidos chamados katas. Verdadeira. e) ( F ) Hagoromo, de Zeami, é uma história repleta de reviravoltas, envolvendo samurais que lutam para obter um manto de plumas. IMIN NÔ – V encontro de nôgaku – outono. Disponível em: <http://fjsp.org.br/agenda/iminno-5encontro-outono/>. Acesso em: 20 fev. 2018. Falsa. O texto afirma que o nôgaku foi trazido ao Brasil pelos imigrantes e é praticado desde 2013 pela Associação Brasileira de Nôgaku (ABN). Falsa. Como foi estudado anteriormente, a peça não apresenta grandes reviravoltas nem samurais. Na história, um pescador devolve um manto de plumas a uma ninfa. 28 Capítulo 1 – Página 11 – Organize as ideias 11 9 5 6 10 13 1 2 3 4 7 8 12 18 19 20 17 14 15 16 Fo to s: © Ph ot od isc /C S qu ar ed S tu di os ; © Sh ut te rs to ck : C om pu te r E ar th /A ns is Kl uc is /A rte ne x/ M at th ia s G . Z ie gl er /D m itr y Sk ut in R . C ar ne r; © iS to ck ph ot os : H og ie / Yi nY an g; © Dr ea m st im e. co m /M la n6 1; © Th in ks to ck /S to ck by te ; © W ik im ed ia C om m on s/ Hu st ve dt ; Fo to ar en a/ In te rfo to ; P . Im ag en s/ Pi th ; G et ty Im ag es /C S qu ar ed S tu di os . 8o. ano – Volume 1 Material de apoio Arte 1 L E Q U E D E H O K U S A I N a c u l t u r a j a p o n e s a , o s l e q u e s n ã o s e r v e m a p e n a s p a r a a b a n a r . E l e s s ã o u s a d o s e m p e r f o r m a n c e s d e d a n ç a e t e a t r o . V o c ê a c a b a d e g a n h a r u m p a r a e s s a f i n a l i d a d e . B a s t a d e s t a c a r a p á g i n a s e g u i n t e e d o b r á - l a d e m a n e i r a s a n f o n a d a , s e g u i n d o a s i n d i c a ç õ e s . E s t e l e q u e , e m e s p e c i a l , p r e s t a h o m e n a g e m a u m d o s m a i s i m p o r t a n t e s a r t i s t a s v i s u a i s d o J a p ã o . E m u m a d a s f a c e s d o l e q u e , e s t á u m a u t o r r e t r a t o d e K a t s u s h i k a H o k u s a i ( 1 7 6 0 - 1 8 4 9 ) , q u a n d o e l e t i n h a 8 4 a n o s . N o o u t r o l a d o , e s t á i m p r e s s a a x i l o g r a v u r a A g r a n d e o n d a d e K a n a g a w a , u m a d a s o b r a s m a i s c o n h e c i d a s d e s s e a r t i s t a . E s s a i m a g e m m o s t r a , s o b r e t u d o , a f o r ç a d a n a t u - r e z a d i a n t e d o s h o m e n s e d a s m u l h e r e s . C o m u m a e s p u m a q u e l e m b r a g a r r a s a n i m a l e s c a s , u m a o n d a – m a i o r a t é q u e o M o n t e F u j i , n a p e r s - p e c t i v a a d o t a d a p o r H o k u s a i – e s t á p r e s t e s a n a u f r a g a r t r ê s b a r c o s d e p e s c a d o r e s . E s s a i m a g e m p e r t e n c e a u m e s t i l o a r t í s t i c o c h a - m a d o u k i y o - e ( “ f i g u r a s d e u m m u n d o f l u t u a n t e ” ) . E s s e t e r m o s e r e f e r e à b r e v i d a d e e à i n c e r t e z a d a v i d a . Di vo . 2 00 4. D ig ita l. Capítulo 2 – Página 15 – Desenho de movimento Decifre as instruções a seguir, escritas verticalmente, para fazer a atividade da página seguinte. 2 Recortar Dobrar Li br ar y Co ng re ss 8o. ano – Volume 1 Material de apoio Arte 3 © Ka ts us hi ka H ok us ai 4
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