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FATO TÍPICO TEORIA DO CRIME 2020_2 CONCEITO ANÁLITICO DE CRIME • https://mm.tt/1622793544?t=3Fd 6KEew1U Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-SA https://mm.tt/1622793544?t=3Fd6KEew1U http://www.thebluediamondgallery.com/tablet/c/crime.html https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/ • O Brasil é dualista (ou binário), ou seja, prevê apenas duas espécies de infração penal: • CRIME (ou delito); • CONTRAVENÇÃO PENAL (ou “crime anão” – Nelson Hungria; delito liliputiano; crime vagabundo). A LICP diz que crime é punido com reclusão e detenção; contravenção penal é punida com prisão simples. O porte de droga para uso próprio (usuário – art. 28 da Lei 11.343/06) é crime ou contravenção penal? • Luiz Flávio Gomes entende que se trata de infração penal sui generis (simplesmente com base na LICP – não há pena de reclusão, nem de detenção, nem de prisão simples). O STF diz que é crime! Baseia-se a Suprema Corte na CF/88. Conceito de infração penal: • Conceito formal: é aquilo que está estabelecido em norma incriminadora sob ameaça de pena (crime é aquilo que o legislador diz que é crime). • Conceito material: é comportamento humano causador de relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado passível de sanção penal. • Conceito formal-material: une os dois conceitos anteriores. • Conceito analítico: leva em consideração os elementos que compõem a infração penal. Esse conceito (analítico) varia conforme a teoria adotada. Vejamos um “aperitivo” (visão panorâmica das teorias): FATO TÍPICO Conceito: é o fato material que se amolda perfeitamente aos elementos constantes do modelo previsto na lei penal. Elementos: são quatro: a) conduta dolosa ou culposa; b) resultado (só nos crimes materiais); c) nexo causal (só nos crimes materiais); d) tipicidade. CONDUTA É a ação ou omissão humana, consciente e voluntária, dirigida a uma finalidade. CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA • COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL A coação física irresistível é uma força física irresistível, ou seja, ocorre quando o corpo do coato (coagido) é utilizado como mera massa mecânica nas mãos do coator. [...] Consiste no emprego de força física, exclui a conduta pela absoluta falta de vontade. [...] não pratica crime, pois o fato será atípico. (CAPEZ, 2016). Qual é a diferença entre a coação física irresistível e a coação moral irresistível? COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL Ausência de conduta Atipicidade COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL Inexigibilidade de conduda diversa Exclusão de culpabilidade FORMAS DE CONDUTA • a) ação: comportamento positivo, movimentação corpórea, • b) omissão: comportamento negativo, abstenção de movimento. • a) Crimes omissivos próprios: inexiste o dever jurídico de agir, fal- tando, por conseguinte, o segundo elemento da omissão, que é a norma impondo o que deveria ser feito. • b) Crimes omissivos impróprios, • c) Omissivos por comissão: nesses crimes, há uma ação provocadora da omissão FATO TÍPICO • Os diversos fatos que ocorrem no mundo dividem-se em: Fatos da natureza: não interessam para o direito penal. Fatos humanos: dividem-se em: • Desejados: não interessam ao direito penal. • Indesejados: o direito penal não se preocupa com todos os fatos indesejados O direito penal se preocupa com uma conduta produtora de um resultado (nexo causal) que se adéqua a um tipo (adequação típica). Conceito de fato típico: • Conceito analítico: fato típico é o primeiro substrato (Bettiol) do crime. • Conceito material: fato típico é um fato humano indesejado, norteado pelo princípio da intervenção mínima, consistente numa conduta produtora de um resultado que se ajusta formal e materialmente a um tipo penal. •Conduta; •Resultado; •Nexo causal; •Adequação típica. Elementos ou requisitos do fato típico: CONDUTA • Conceito analítico: elemento do fato típico. • Conceito material: varia conforme a teoria adotada, no tocante ao conceito de crime (do causalismo ao funcionalismo). CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA: • Caso fortuito ou força maior; • Coação física irresistível; • OBS: coação moral exclui culpabilidade. • Atos reflexos (sujeito matou com o dedo na tomada) – ato reflexo provocado não exclui a conduta; • Estado de inconsciência (ex: sonâmbulo/hipnose); Caso fortuito ou força maior Atos reflexos Estado de inconsciência Consequência da exclusão da conduta: Sem conduta, não há fato típico, uma vez que ela é seu elemento. A consequência será a atipicidade do fato. ESPÉCIES DE CONDUTA: Dolosa/culposa; CRIME DOLOSO: • Previsão legal: art. 18, I do CP: Art. 18 - Diz-se o crime: I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. Conceito de dolo: é a vontade e consciente de dirigida a realizar (ou aceitar realizar) a conduta prevista no tipo penal incriminador. Livre? Teorias do dolo: • Teoria da vontade: dolo é a vontade consciente de querer praticar a infração penal. • Teoria da representação: nessa teoria o agente prevê o resultado como possível e, ainda assim, decide continuar a conduta. Crítica: abrange a culpa consciente. • Teoria do consentimento/ou do assentimento: essa teoria é um corretivo da anterior. O agente prevê o resultado como possível e, ainda assim, decide continuar agindo, assumindo o risco de produzi-lo (agora não está abrangida a culpa consciente). Espécies de dolo: Dolo direto (ou determinado): configura-se quando o agente prevê o resultado, dirigindo sua conduta na busca de realizar esse mesmo resultado. Dolo indireto (ou indeterminado): o agente, com sua conduta, não busca resultado certo e determinado. O dolo indireto tem duas subespécies: A. Dolo alternativo: o agente prevê uma pluralidade de resultados (ex: matar ou ferir) e dirige sua conduta na busca de um ou outro (com igual intensidade). B. Dolo eventual: o agente prevê pluralidade de resultados. Quer um, mas assume o risco de produzir o outro (ex: resultados previstos: morte e lesão; eu quero a lesão, mas assumo o risco de matar). • Dolo cumulativo: o agente pretende alcançar dois resultados em sequência. É o caso de progressão criminosa. • Dolo de dano: a vontade do agente é causar efetiva lesão ao bem jurídico. • Dolo de perigo: a vontade do agente é apenas expor a risco o bem jurídico tutelado (ex: art. 132 do CP – perigo para a vida ou saúde de outrem). • Dolo genérico (sem elemento normativo do tipo): o agente tem vontade de realizar a conduta sem um fim específico. • Dolo específico (com elemento normativo do tipo): o agente tem vontade de realizar a conduta típica buscando um fim específico. • Dolo de primeiro grau: é sinônimo de dolo direto. • Dolo de segundo grau: também é chamado de dolo necessário; o agente, para alcançar o resultado querido, realiza outro não diretamente visado, mas necessário para alcançar o fim último. NÃO SE CONFUNDE COM O DOLO EVENTUAL. AMBIENTE VIRTUAL LEITURA LEITURA DO CAPÍTULO 5 NO AMBIENTE VIRTUAL - AVA CRIME CULPOSO • Art. 18, II do CP: “culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.” • “Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.” (ART. 18. parágrafo único do CP). Conceito Consiste numa conduta voluntária que realiza um fato ilícito não querido pelo agente, mas que foi por ele previsto (culpa consciente) ou lhe era previsível (culpa inconsciente) e que podia ser evitado se o agente atuasse com o devido cuidado. Elementos da culpa: • Conduta (ação/omissão); • Violação de um dever de cuidado objetivo (o agente atua em desacordo com o que esperado pela lei e sociedade); ❑Imprudência (afoiteza) ❑Negligência (falta de precaução) ❑Imperícia (falta de aptidão técnica para o exercício de arte, ofício ou profissão). MODALIDADE • Imprudência (afoiteza) – o agente atua precipitação, afoiteza, sem os cuidados que o casorequer. (conduta positiva) • Negligência (falta de precaução) – é a ausência de precaução (conduta negativa) • Imperícia falta de aptidão técnica para o exercício de arte, ofício ou profissão. Resultado naturalístico involuntário CRIME MATERIAL CRIME FORMAL CRIME DE MERA CONDUTA O tipo penal descreve CONDUTA + RESULTADO NATURALÍSTICO O tipo penal descreve CONDUTA + RESULTADO NATURALÍSTICO (dispensável). O tipo penal somente descreve CONDUTA. • Nexo de causalidade entre conduta e resultado; • Previsibilidade: o resultado deve ter sido abrangido pela previsibilidade do agente (ou seja, possibilidade de conhecer o perigo). • Previsibilidade: o resultado deve ter sido abrangido pela previsibilidade do agente (ou seja, possibilidade de conhecer o perigo). Espécies de crimes culposos: • Culpa consciente: o agente, apesar de prever o resultado, decide prosseguir com a conduta, acreditando não ocorrer ou que pode evitá-lo com suas habilidades. É a culpa COM previsão. (O agente com culpa consciente prevê, mas não aceita, a superveniência do resultado de sua conduta.) • Culpa inconsciente: o agente não prevê o resultado, que, entretanto, era objetiva e subjetivamente previsível. Neste caso, qualquer outra pessoa, naquelas circunstâncias, poderia prever a ocorrência daquele resultado. É a culpa SEM previsão (porém, com previsibilidade). • Culpa própria: é aquela em que o agente não quer e não assume o risco de produzir o resultado. É gênero do qual são espécies a culpa consciente e a culpa inconsciente. • Culpa imprópria (ou culpa por extensão, por assimilação ou equiparação): é aquela em que o agente, por erro, fantasia certa situação de fato, supondo estar agindo acobertado por uma excludente da ilicitude (descriminante putativa) ________________________ PREVISÃO VONTADE DOLO DIRETO Prevê o resultado. Quer realizar o resultado. DOLO EVENTUAL Prevê o resultado. Assume o risco de produzir o resultado. CULPA CONSCIENTE (também chamada de culpa com previsão) Prevê o resultado. Não quer e nem assume o risco de produzi-lo (acredita que pode evitá-lo). CULPA INCONSCIENTE Não há previsão do resultado (que era previsível). Não quer e nem assume o risco de produzir o resultado. Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente. CRIME PRETERDOLOSO ou PRETEREVENTUAL] CONCEITO: • Conceito de preterdolo: crime preterdoloso é uma espécie de crime agravado pelo resultado, onde o agente pratica um crime distinto do que havia projetado cometer, advindo resultado mais grave, decorrência de negligência, imprudência ou imperícia. É um misto de dolo (na conduta) e culpa (no resultado). Dolo no antecedente e culpa no consequente. • Crime doloso agravado dolosamente (ex: homicídio qualificado); • Crime culposo agravado culposamente (ex: crime de incêndio qualificado pela morte); • Crime culposo agravado dolosamente (ex: homicídio no trânsito qualificado pela omissão de socorro); • Crime doloso agravado culposamente (ex: lesão corporal seguida de morte). Espécies de crime agravado pelo resultado: • Conduta dolosa visando determinado resultado (ex: lesão); • Provocação de resultado culposo mais grave do que o originalmente projetado (ex: morte); • Nexo causal entre conduta e resultado (ex: lesão corporal seguida de morte); Elementos do preterdolo: ERRO DE TIPO: Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. Conceito: erro de tipo é a falsa percepção da realidade. Entende-se por erro de tipo aquele que recai sobre as elementares (causa de atipicidade absoluta ou relativa), circunstâncias do crime (podendo excluir causas de aumento, agravantes ou presunções legais), justificantes ou qualquer dado que se agregue a determinada figura típica. ERRO DE TIPO X ERRO DE PROIBIÇÃO ERRO DE TIPO • A falsa percepção da realidade. • No erro de tipo o agente não sabe o que faz. ERRO DE PROIBIÇÕA • A falsa percepção da ilicitude. • Já no erro de proibição o agente sabe o que faz, mas desconhece sua proibição. • O erro de tipo pode ser: A Essencial: quando recai sobre dados principais do tipo! Exemplo da caça em local próprio de caça (vi um arbusto se mexendo e atirei; porém, era uma pessoa). • Inevitável→ exclui dolo (porque não há consciência) e excluir culpa (porque não há previsibilidade); o agente não responde por nada! • Evitável→ exclui dolo (porque não há consciência), mas permanece a previsibilidade (permanece a culpa); o agente responde por crime culposo! • Acidental: quando recai sobre dados periféricos / acidentais / secundários do tipo! Exemplo do furto de sal no supermercado (que eu troquei por açúcar). • Sobre o objeto • Quanto à pessoa • Na execução • Resultado diverso do pretendido • Erro sobre o nexo causal • Erro sobre o objeto: não tem previsão legal; trata-se de uma criação da doutrina. • Conceito: representação equivocada do objeto material “coisa”. Nesse caso, o agente faz sua conduta recair sobre coisa diversa da pretendida. Ex: o agente quer subtrair sal, mas acaba, por erro, subtraindo açúcar; o agente queria subtrair um relógio de ouro, mas acabou, por erro, subtraindo um relógio de latão. • Consequência jurídica (soluções apontadas pela doutrina): • Não exclui dolo nem culpa; • Não isenta o agente de pena; • O agente responde pelo crime - como o erro sobre o objeto é irrelevante, o agente responderá pelo crime considerando a coisa efetivamente atingida. • Erro quanto a pessoa: previsão legal, art. 20 p. 3º do CP. • Conceito: representação equivocada do objeto material “pessoa”. Nesse erro, o agente representa equivocadamente alguém, atingindo pessoa diversa da pretendida. Não há erro na execução! • Ex: quero matar meu pai. Representei mal quem entrou em casa e acabei matando meu tio (irmão gêmeo do meu pai). Consequência jurídica (solução dada pela lei): • Não exclui dolo nem culpa; • Não isenta de pena; • O agente responde pelo crime, porém considerando a vítima virtual (a vítima pretendida). • Erro na execução: tem previsão legal art. 73 (chamado pela doutrina “aberratio ictus”). • Conceito: o agente, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, atinge pessoa diversa da pretendida. Ex: o filho mira o pai, porém quando dispara, por erro no uso dos meios de execução, atinge o tio que está ao lado. • Consequência jurídica (solução): • Não exclui dolo nem culpa; • Não isenta de pena; • O agente responde pelo crime, porém considerando-se a vítima virtual (e não a vítima real). Espécies de “aberratio ictus”: • Por acidente - a vítima pode ou não estar no local. Ex: a mulher quer matar o marido e coloca veneno em sua marmita; porém, o marido esqueceu a marmita em casa e quem comeu o alimento envenenado foi o filho. • Por erro no uso dos meios de execução - a vítima está no local. OBS: Esta espécie de erro está umbilicalmente ligada à falta de perícia do agente. Ex: uma execução com arma de fogo; Resultado diverso do pretendido: previsão legal - art. 74 (é a chamada “aberratio delicti” ou “aberratio criminis”). O art. 74 também é uma espécie de erro na execução, porém com resultado diverso do pretendido! • Erro sobre o nexo causal: não há previsão legal → trata-se de uma criação da doutrina (é o chamado “aberratio causae”). DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ • A desistência pressupõe tenha o agente meios para prosseguir na execução. • No arrependimento, subentende-se que o sujeito já tenha esgotado todos os meios disponíveis e que, após terminar todos os atos executórios (mas sem consumar o fato), pratica alguma conduta positiva Requisitos: • Voluntariedade - vontade própria, preferiu desistir ou arrependeu-se, impedindo a consumação do delito. Pouco importa as razões internas que o motivaram a mudar seu propósito: súplica da vítima, arrependimento etc. • Eficiência(ou eficácia) - Significa que a consumação deve ter sido efetivamente evitada, caso contrário não incide o art. 15 do CP. Natureza jurídica • Muito embora a lei fale em exclusão da punibilidade, cuida-se, na verdade, de uma causa de • exclusão da adequação típica. Note-se que o sujeito dá início à execução de um crime, o qual não se consuma, por circunstâncias ligadas à sua vontade. Efeito • O sujeito só responde pelos atos já praticados (se forem típicos). O delito que o agente tentou praticar não será reconhecido como entidade autônoma, apenando ou praticar não será reconhecido como entidade autônoma, apenando-o somente pelos comportamentos anteriores que, por si sós, tenham lesado algum bem jurídico. ARREPENDIMENTO POSTERIOR (CP, ART. 16) • De acordo com o art. 16 do CP: “Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços”. Não se confunde com a desistência voluntária ou com o arrependimento eficaz, nos quais o agente impede, voluntariamente, a realização integral do tipo). É causa obrigatória de diminuição de pena. Requisitos: ❖Reparação integral do dano ou restituição da coisa como antes se encontrava. ❖Ato do sujeito ❖ Voluntariedade ❖crime sem violência ou grave ameaça à pessoa ❖reparação ou restituição anterior ao recebimento da denúncia ou da queixa (Súmula n. 554 do STF), CRIME IMPOSSÍVEL (CP, ART. 17) • Proclama a impunidade da tentativa quando, ao se pôr em prática o plano delituoso, vê-se impossível a consumação, em face da absoluta ineficácia do meio empregado ou da absoluta impropriedade do objeto material. • A consumação é completamente irrealizável. QUANTO AO MEIO • Alude o Código Penal, cuja absoluta ineficácia é prevista como condição para a impunidade da tentativa, é o meio executório da infração. • Por exemplo: tentar matar alguém disparando tiros com pistola d’água; tentar abortar por intermédio de crendices populares (ou “simpatias”); usar documento grosseiramente falsificado. QUANTO AO OBJETO • O objeto referido pela Lei é o objeto material da infração, ou seja, a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta. • Por exemplo: disparar com animus necandi contra quem já morreu; ingerir medicamento abortivo para interromper a gravidez que, na verdade, é meramente psicológica. Impropriedade ou ineficácia relativas • Se a impropriedade ou ineficácia forem somente relativas, haverá crime tentado (ex.: acionar o gatilho de arma de fogo sem que os projéteis disparem ou tentar furtar levando as mãos ao bolso vazio da vítima). Natureza jurídica • O crime impossível configura causa de exclusão da adequação típica do crime tentado. RELAÇÃO DE CAUSALIDADE • ART. 13 DO CP CONDUTA RESULTADO NEXO CAUSAL Conceito: • é o elo de ligação concreto, físico, material e natural que se estabelece entre a conduta do agente e o resultado naturalístico, por meio do qual é possível dizer se aquela deu ou não causa a este. Teorias para apontar o nexo causal • Teoria da equivalência dos antecedentes (conditio sine qua non): causa é toda ação ou omissão anterior que contribui para a produção do resultado (art. 13, caput). Superveniência causal • Causa: é toda condição que atua paralelamente à conduta, interferindo no processo causal. Espécies de causas: as causas podem ser classificadas, basicamente, em duas espécies: • a) dependentes; • b) independentes. Causa dependente: • é aquela que, originando-se da conduta, insere-se na linha normal de desdobramento causal da conduta. • Exemplo: na conduta de atirar em direção à vítima, são desdobramentos normais de causa e efeito: a perfuração em órgão vital produzida pelo impacto do projétil contra o corpo humano; a lesão cavitária (em órgão vital); a hemorragia interna aguda traumática; a parada cardiorrespiratória; a morte. Causa independente: • é aquela que foge ao desdobramento causal da conduta, produzindo, por si só, o resultado. Seu surgimento não é uma decorrência esperada, lógica, natural do fato anterior, mas, ao contrário, um fenômeno totalmente inusitado, imprevisível. • Exemplo: não é consequência normal de um simples susto a morte por parada cardíaca. Causa independente: • Relativamente independente - conforme se origine ou não da conduta. Subespécies: • a) causa absolutamente independente: não se origina da conduta • b) causa relativamente independente: origina-se da conduta Espécies de causas absolutamente independentes • Preexistentes: existem antes de a conduta ser praticada e atuam independentemente de seu cometimento, de maneira que com ou sem a ação o resultado ocorreria do mesmo jeito. • Exemplo: o genro atira em sua sogra, mas ela não morre em consequência dos tiros, e sim de um envenenamento anterior provocado pela nora, por ocasião do café matinal. • Concomitantes: não têm qualquer relação com a conduta e produzem o resultado independentemente desta, no entanto, por coincidência, atuam exatamente no instante em que a ação é realizada. • Exemplo: no exato momento em que o genro está inoculando veneno letal na artéria da sogra, dois assaltantes entram na residência e efetuam disparos contra a velhinha, matando-a instantaneamente. • Supervenientes: atuam após a conduta. • Exemplo: após o genro ter envenenado sua sogra, antes de o veneno produzir efeitos, um maníaco invade a casa e mata a indesejável senhora a facadas. O fato posterior não tem qualquer relação com a conduta do rapaz. • Consequências das causas absolutamente independentes: rompem totalmente o nexo causal, e o agente só responde pelos atos até então praticados. Causas relativamente independentes: • como são causas independentes, produzem por si sós o resultado, não se situando dentro da linha de desdobramento causal da conduta. Espécies • a) Preexistentes: atuam antes da conduta. “A” desfere um golpe de faca na vítima, que é hemofílica e vem a morrer em face da conduta, somada à contribuição de seu peculiar estado fisiológico. b) Concomitantes: “A” atira na vítima (COM DOLO DE MATAR), que, assustada, sofre um ataque cardíaco e morre. c) Supervenientes: a vítima de um atentado é levada ao hospital e sofre acidente no trajeto, vindo, por esse motivo, a falecer. • No caso das causas preexistentes e concomitantes, como existe nexo causal, o agente responderá pelo resultado, a menos que não tenha concorrido para ele com dolo ou culpa • Na hipótese das supervenientes, embora exista nexo físico-naturalístico, a lei, por expressa disposição do art. 13, § 1º, que excepcionou a regra geral, manda desconsiderá-lo, não respondendo o agente jamais pelo resultado, mas tão somente por tentativa (teoria da condicionalidade adequada).
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