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são determinadas por diversos fatores de ordem cultural, pelo ciclo de vida, pela etnia, por opção pessoal, entre outros, que favorecem a exclusão de grupos afetados, indivíduos, famílias, na satisfação de seu bem-estar e de qualidade de vida. Já as situações sociais de risco envolvem aspectos e condições mais extremas, no sentido de não ter condições dignas de vida, de sobrevivência, de UNI Você sabe a diferença entre vulnerabilidade e risco social? TÓPICO 4 | A TIPIFICAÇÃO NACIONAL DE SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS 151 saúde física e psíquica, são casos extremos que inabilitam e invalidam, de maneira imediata ou no futuro, pessoas, grupos ou famílias, envolvendo violência, maus tratos, abandono, negligência, desnutrição, privação de bens, vivência na rua, dependência química, dentre outras situações desumanas (KAUCHAKJE, 2011). A pobreza, por exemplo, é uma vulnerabilidade efetiva, mas a condição de vulnerabilidade, embora a inclua, não se esgota na pobreza. São consideradas em situações de vulnerabilidade social ou em condições de risco social pessoas e famílias nas seguintes condições: QUADRO 15 – DIFERENÇA ENTRE VULNERABILIDADE E RISCO SOCIAL SITUAÇÕES DE VULNERABILIDADE SOCIAL CONDIÇÕES DE RISCO SOCIAL Fragilidade de vínculos de afetividade /relacionais; de pertencimento sociabilidade. Perda total ou parcial dos bens – vítima de sinistros (desabamento / enchente/ incêndio). Discriminação por: etnia, gênero, orientação sexual / opção pessoal, faixa etária, deficiências. Exploração no trabalho; Trabalho infantil; Trabalho escravo. Redução da capacidade pessoal / Desvantagem. Violência doméstica (física e/ou psicológica), maus tratos. Discriminação de deficiência (auditiva, física, mental, visual e múltiplas). Em situação de rua / população de rua, situação de mendicância/ sem domicílio fixo/ sem moradia. Assédio sexual. Problemas de subsistência, ausência de renda; desnutrição. Desemprego de longa duração. Privação de condições dignas de sobrevivência. Conflito com a lei (no caso dos adolescentes infratores). Dependentes químicos/usuários de drogas. Inserção precária ou não inserção no mercado de trabalho formal e informal. Violência física, abuso sexual, pedofilia. Negligência; descaso; falta de cuidados. Abandono. FONTE: A autora, 2015 (adaptado) É imprescindível que o Serviço Social intervenha na esfera das desigualdades sociais, no que diz respeito às mais diversas expressões da questão social, pois sua atuação se dá intrinsecamente na busca constante das transformações da sociedade, através da garantia dos direitos sociais e da cidadania, objetivando o equilíbrio e a mediação dos conflitos advindos da relação do trabalho versus capital, por meio de diversas políticas sociais (PIERITZ, 2013). 152 UNIDADE 2 | O NEODESENVOLVIMENTO NO CAPITALISMO E O ACIRRAMENTO DAS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL Agora, especificando sobre a abrangência do CREAS – Centro de Referência Especializada de Assistência Social, o mesmo tem como foco a Proteção Social Especial tendo por referência quando o risco já se instalou, e evidencia a ocorrência de situações de vulnerabilidade social ou violação de direitos. A Política Nacional de Assistência Social (MDS, 2015) É uma política que, junto com as políticas setoriais, considera as desigualdades socioterritoriais, visando seu enfrentamento, à garantia dos mínimos sociais, ao provimento de condições para atender à sociedade e à universalização dos direitos sociais. O público dessa política são os cidadãos e grupos que se encontram em situações de risco. Ela significa garantir a todos, que dela necessitam, e sem contribuição prévia, a provisão dessa proteção. O CREAS é uma unidade pública estatal, faz parte da Proteção Social Especial do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), oferecendo apoio e orientação especializados a indivíduos e famílias vítimas de violência física, psíquica e sexual, negligência, abandono, ameaça, maus tratos e discriminações sociais. A Proteção Social Especial deve garantir o acolhimento e desenvolver atenções socioassistenciais a famílias e indivíduos, para possibilitar a reconstrução de vínculos sociais e conquistar o maior grau de independência individual e social. Assim o trabalho do CREAS baseia-se em: • Acolher vítimas de violência; • Acompanhar e reduzir a ocorrência de riscos, seu agravamento ou recorrência; • Desenvolver ações para diminuir o desrespeito aos direitos humanos e sociais. Para aprofundar o tema e ampliar seus conhecimentos sobre a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, sugerimos a leitura e estudo da Resolução nº 109, de 11 de novembro de 2009: UNI Foi possível compreender a diferença entre o CRAS e o CREAS? TÓPICO 4 | A TIPIFICAÇÃO NACIONAL DE SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS 153 FONTE: BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Resolução nº 109, de 11, de novembro de 2009, que aprova a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais. Brasília, 2009. Disponível em: <http://www. mds.gov.br/assistenciasocial/protecaobasica/servicos/protecao- e-atendimento-integral-a-familia-paif/arquivos/tipificacao- nacional.pdf/download>. Acesso em: 15 jan. 2015. Para ampliar ainda mais seus conhecimentos, analise este parecer do Conselho Federal de Serviço Social (2011, p. 29-30): O conhecimento da legislação social é um pré-requisito para o exercício do trabalho. No caso do Serviço Social, esta é uma matéria obrigatória prevista nas Diretrizes Curriculares. A atualização do conhecimento dos marcos legais, contudo, é uma necessidade contínua de todos/as/ os/as trabalhadores/as e deve ser buscada conjuntamente pelas equipes do SUAS. Entre as principais legislações que são instrumento de trabalho dos profissionais, destacam-se: Constituição Federal – CF, 1988; Lei Orgânica da Saúde – LOS/1991; Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS/1992; Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS / 1993; Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA/1990; Estatuto do Idoso – Lei 10741/2004; Política Nacional de Assistência Social – PNAS/2004; Política Nacional do Idoso – PNI/1995 Política Nacional de Integração da Pessoa com Deficiência – PNIPD/1999; Norma Operacional Básica de Assistência Social – NOBSUAS/2005; Novo Código Civil; Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS – NOB-RH/ SUAS/2007; Decretos e Portarias do Ministério de Desenvolvimento Social; Programa Brasil sem Homofobia. UNI Foi possível compreender um pouco mais sobre a amplitude das políticas públicas, especificamente sobre a política de assistência social no Brasil? Esperamos que sim! 154 UNIDADE 2 | O NEODESENVOLVIMENTO NO CAPITALISMO E O ACIRRAMENTO DAS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL LEITURA COMPLEMENTAR ANÁLISE DO SERVIÇO SOCIAL NA ASSISTÊNCIA SOCIAL Thiago Bazi Brandão Adriana Alves dos Reis Almeida A partir da Lei 8.742/1993, que dispõe sobre a Assistência Social, é criado em 2004 o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), pela união dos assistentes sociais, profissionais, militantes da assistência e usuários na participação nos Conselhos, Conferências, movimentos sociais e outros. Segundo o Conselho Federal de Serviço Social- CFESS e ABEPSS (2009, p. 468): Esse é, certamente, um dos maiores desafios dos assistentes sociais em relação à tendência referida, considerando-se reafirmação da assistência como o espaço privilegiado da prática profissional a partir da Lei Orgânica da Assistência (LOAS) e agora do Sistema Único da Assistência Social (SUAS), com o qual avançou entre os assistentes sociais a perspectiva da luta pela assistência como direito, cuja centralidade merece atenção em relação à luta pelo direito ao trabalho, fundamental na sociedade capitalista e à organização da classe