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REDE DE DRENAGEM URBANA PLUVIAL – SANEAMENTO BÁSICO II Aula 4 1 DRENAGEM URBANA Drenagem nada mais é do que o gerenciamento da água da chuva que escoa no meio urbano. O aumento da população, principalmente em polos regionais de crescimento e a expansão irregular da periferia tem produzido impactos significativos na infraestrutura de recursos hídricos. E um dos principais impactos que tem ocorrido na drenagem urbana é a forma de aumento da frequência e magnitude das inundações e consequentemente a degradação ambiental. Na Drenagem Urbana, deve-se considerar o limite onde a água da chuva é levada, pelas ruas, praças, telhados, quintais e outros componentes urbanos para o ponto que está sendo estudado. Para exemplificar, deseja-se estudar a drenagem de um trecho de rua com intenção de instalar uma Boca de Loco (Ponto de Interesse), visto na Figura 1. Figura 1 A água que flui no Ponto de Interesse provém da rua e das casas, verifica-se que cada imóvel apresenta, fluxos distintos para as águas, apresentando partes que escoam para a via em estudo e partes que escoam para a rua de baixo. Na Figura 2 é possível observar as áreas que contribuem para o Ponto de Interesse. REDE DE DRENAGEM URBANA PLUVIAL – SANEAMENTO BÁSICO II Aula 4 Figura 2 2 SARJETAS Sarjeta é o canal longitudinal, em geral triangular, situado entre a guia e a pista de rolamento, destinado a coletar e conduzir as águas de escoamento superficial até os pontos de coleta (Figura 3). Figura 3 Limitadas verticalmente pela guia do passeio, têm seu leito em concreto ou no mesmo material de revestimento da pista de rolamento. A sarjeta deve ter uma inclinação transversal para acomodar a água da chuva. Quanto maior a inclinação e a largura da sarjeta maior será a capacidade de transportar água. A inclinação mais usada é de 20%. Não há limites para a largura da REDE DE DRENAGEM URBANA PLUVIAL – SANEAMENTO BÁSICO II Aula 4 sarjeta mas a largura mais utilizada é a de 40 centímetros. Na Figura 4 é possível observar um corte esquemático de uma sarjeta. Figura 4 DIMENSIONAMENTO Para obter a vazão máxima teórica de uma sarjeta trabalhando em seção plena (lâmina de água máxima de 13 cm), utiliza-se a seguinte fórmula: 𝑄 = 375 × √𝐼 × ( 𝑍 𝑛 ) × 𝑦 8 3⁄ Onde: Q – vazão em l/s; I – inclinação longitudinal da sarjeta (greide da rua) (m/m); Z – Largura de água na sarjeta sobre a lâmina de água y - altura máxima de água na guia (m). REDE DE DRENAGEM URBANA PLUVIAL – SANEAMENTO BÁSICO II Aula 4 Possuindo a vazão que uma sarjeta deverá escoar é possível encontrar a altura da lâmina teórica de água, que deverá ser menor do que 13 cm (altura máxima teórica para água). Para determinar a altura da lâmina teórica de água pode ser utilizada a seguinte fórmula: 𝑦 = [ 𝑄 375 × √𝐼 × ( 𝑍 𝑛) ] 3 8⁄ Onde: Q – vazão em l/s; I – inclinação longitudinal da sarjeta (do greide da rua) (m/m); Z – tangente ǿ (Largura da lâmina de água na sarjeta) y - altura máxima de água na guia (m). EXEMPLO DE CALCULO 1. Determinar a altura mínima da lâmina de água e a vazão máxima teórica na extremidade de jusante de uma sarjeta situada em uma área de contribuição com as seguintes características: A = 2,0 ha, i = 64,435 mm/h, C = 0,40 São dados da sarjeta: I = 0,01 m/m (inclinação longitudinal) z = 16 e n = 0,016 (canais de concreto com superfície regular) Solução: Sendo Q = (C . i . A) /360 Q = 0,40 x 64,435 x 2,0 = 0,143 m³/s.~ 143 l/s – vazão de deflúvio devido a área contribuinte. Altura da lâmina de água teórica: 𝑦 = [ 143 375 × √0,01 × ( 16 0,016) ] 3 8⁄ = 0,124 m – > 12,4 cm < 13 cm OK REDE DE DRENAGEM URBANA PLUVIAL – SANEAMENTO BÁSICO II Aula 4 Vazão máxima teórica da sarjeta: 𝑄 = 375 × √0,01 × ( 16 0,016 ) × 0,13 8 3⁄ = 162,63 𝑙/𝑠 A vazão de contribuição da área é de 143 l/s menor do que os 162,63 l/s suportados pela sarjeta, portanto a sarjeta está dimensionada de acordo com a sua solicitação. EXERCÍCIO 1) Uma sarjeta que possui declividade transversal de 12, declividade longitudinal de 2,5% e a rugosidade do acabamento da sarjeta de 0,016, atenderia a uma vazão de 64 L/s? Está sarjeta está superdimensionada para tal vazão? Comente e descreva como resolver o problema. Adotar yo = 13cm 3 BOCAS COLETORAS É uma estrutura hidráulica destinada a interceptar as águas pluviais que escoam pelas sarjetas para, em seguida, encaminhá-las às canalizações subterrâneas. São também frequentemente denominadas de bocas-de-lobo. As bocas de lobo podem ser de guia, de grelha, com fenda, combinada, com ou sem depressão, simples ou múltipla (Figura 5). REDE DE DRENAGEM URBANA PLUVIAL – SANEAMENTO BÁSICO II Aula 4 Figura 5 . DIMENSIONAMENTO Cada um dos tipos de bocas coletores tem suas características de dimensionamento, aqui serão apresentados apenas os mais básicos. a) Boca de lobo de guia (Y0 < 12 cm): Quando a água acumulada sobre a boca de lobo gera uma lâmina inferior à da altura da abertura na guia (h), a boca de lobo funciona como um vertedouro. Onde: Q - é a capacidade de “engolimento” da boca de lobo (m³/s); REDE DE DRENAGEM URBANA PLUVIAL – SANEAMENTO BÁSICO II Aula 4 L - é o comprimento de abertura da guia (m); y0 - é a altura da lâmina d’água (m). • Q = 1,60 * L * Y^1,5 b) Boca de lobo de guia Quando a água acumulada sobre a boca de lobo gera uma lâmina maior que a da altura da abertura na guia (h), a boca de lobo funciona como um orifício. Onde: h é a altura da abertura da guia. c) Boca de lobo de grelha (Y0 < 12 cm) Para essa profundidade a boca de lobo funciona com um vertedouro de soleira livre com equação semelhante a do item a, porém com L sendo substituído pelo perímetro da boca de lobo. Onde: P é o comprimento do perímetro da boca de lobo. d) Boca de lobo combinada A capacidade de “engolimento” das bocas de lobo combinadas é aproximadamente a soma das capacidades de “engolimento” pela grelha e pela abertura da guia, isoladamente. Desta forma, tem-se: REDE DE DRENAGEM URBANA PLUVIAL – SANEAMENTO BÁSICO II Aula 4 EXEMPLO DE CALCULO Qual deverá ser o comprimento mínimo de uma boca de lobo simples de guia para atender uma vazão de 80 L/s, sabendo que a lâmina de água é de 10 cm. 0,08 m3/s = 1,7 x L x 0,101,5 L = 1,48 -> 1,50 m EXERCICIO 2) Dimensione uma boca de coletora de guia dupla para a vazão máxima de uma sarjeta que possui declividade transversal (Z) de 10, declividade longitudinal de 1,0% e a rugosidade do acabamento da sarjeta de 0,016. Lâmina de água da boca de lobo de 10 cm. Q = 3,4 * L * yo^1,5 4 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA Para o dimensionamento (determinar as dimensões máxima e mínimas) dos componentes de uma drenagem de via pública, devemos compatibilizar as vazões das capacidades dos diversos componentes como o tamanho da via, a largura da sarjeta e o tamanho da boca de lobo. 4.1 ÁREA DE CONTRIBUIÇÃO DE CHUVA Qual é a distância máxima entre uma boca de lobo e outra? Posso ter uma boca de lobo aqui e a outra somente daqui a 100 metros? Loteamento com ruas estreitas e lotes pequenos irá exigir poucas bocas de lobo, isto é, as bocas de lobo poderão ficar longe uma das outras. Ao contrário, loteamento com ruas largas e lotes grandes irá exigir muitas bocas de lobo e até agrupamento de bocas de lobo no formato duplo, triplo e até mais. A largura da via L VIA e a distância L BOCA entre uma boca de lobo e outra determinam a área de contribuição A CHUVA. Na visão antiga, considerava-se como REDE DE DRENAGEM URBANA PLUVIAL – SANEAMENTO BÁSICO II Aula 4 área de contribuição apenas aquela delimitada pela via (de muro a muro). Modernamente considera-se como área de contribuiçãoos imóveis e outros que, pela declividade, as águas da chuva que neles caem fluem para a via em estudo. Este é o mais correto, porém para exemplificar iremos considerar, no presente dimensionamento, a área de contribuição apenas o espaço entre um muro e outro da via pública. Uma rua padrão, com duas faixas de rolamento de 3,00 metros cada, espaço para estacionamento longitudinal de 2,50 metros, canteiro central de 1,00 metro e calçada de 3,00 metros apresenta uma largura de 24 metros. A largura da via LVIA que consideramos como contribuinte da vazão de chuva é metade da largura da via, isto é LVIA = 12 metros. Como distância máxima entre uma boca de lobo e outra vamos adotar LBOCA = 60 metros. Temos, portanto, como área de contribuição da chuva: ACHUVA. = 720 m2 (não estamos considerando os lotes). REDE DE DRENAGEM URBANA PLUVIAL – SANEAMENTO BÁSICO II Aula 4 Nessa área cai uma chuva de grande intensidade (período de recorrência de 100 anos) de ICHUVA = 180 mm/h Considerando área central da cidade, se fosse pequeno loteamento a via seria menor e o TR = 25 anos. A vazão da chuva que vai escoar pela sarjeta se calcula Q CHUVA = c x I x A c = ? 3,0 m de calçada = 0,80 8,5 m de asfalto = 0,83 0,5 m de grama no canteiro central = 0,15 c = (3*0,8 + 8,5*0,83 + 0,5*0,15) / 12 m c = 0,79 é baixo para área central (3*0,80 + 8,5*0,83) / 11,5 m c = 0,82 Método racional Q = 0,278 * C * i * A Q = 0,278 * 0,82 x 180 x 0,00072 km2 Q = 0,030 m3/s ou 30 l/s (vazão de deflúvio) Importante é considerar a inclinação transversal para que a água da chuva não fique empoçada ou demorando para escoar. Lâminas de escoamento altas facilitam a ocorrência de aquaplanagem das rodas dos carros. A norma do DNIT determina que a inclinação transversal do leito carroçável seja de no mínimo 2% e de acostamentos de 5%. REDE DE DRENAGEM URBANA PLUVIAL – SANEAMENTO BÁSICO II Aula 4 Continua na vídeo aula ..... próxima aula!
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