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Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF Autor: Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) 9 de Julho de 2020 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto [Nome da empresa] [Título do documento] [Subtítulo do documento] Ricardo Torques [Data] Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 1 47 Sumário LISTA DE QUESTÕES ........................................................................................................................................................... 3 DIREITOS HUMANOS ..................................................................................................................................................... 3 DIREITO PROCESSUAL PENAL ............................................................................................................................... 6 ESTATÍSTICA.......................................................................................................................................................................... 9 QUESTÕES COMENTADAS ........................................................................................................................................... 13 DIREITOS HUMANOS ................................................................................................................................................... 13 DIREITO PROCESSUAL PENAL ............................................................................................................................ 23 ESTATÍSTICA...................................................................................................................................................................... 40 Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 2 47 APRESENTAÇÃO DO CURSO Olá, pessoal! Tudo bem? Essa é a 3ª Rodada do “Projeto Rodadas Avançadas PCDF”. São 45 questões inéditas das disciplinas Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística. Esse curso destina-se a você aluno intermediário ou avançado e que pretende fazer uma preparação de alto nível nessa reta final da PCDF. Os cadernos de questões serão disponibilizados todos os dias em nosso Sistema de Questões, às 08:00h da manhã. Gostaríamos de sugerir que faça as questões em nosso SQ e que participe do nosso Ranking. Iremos sempre disponibilizar aqui na área do aluno um arquivo em PDF com as questões comentadas, bem como a correção em vídeo pelos professores. Nas videoaulas, além de corrigir as questões, os professores também irão aproveitar para abordar pontos relevantes de suas disciplinas. Esse arquivo em PDF é dividido em 2 (duas) partes: • Lista de Questões: nessa parte, vocês encontrarão as questões sem os comentários. • Questões comentadas: nessa parte, vocês encontrarão os comentários feitos pelos professores a cada uma das questões. Esperamos que esse projeto “Rodadas Avançadas PCDF” seja o grande divisor de águas na sua aprovação!!! Conte conosco nessa jornada!!! Abraços e bons estudos, Ricardo Vale Acesse a Rodada 3 no Estratégia Questões: https://bit.ly/Rodada-PCDF-03 Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 3 47 LISTA DE QUESTÕES DIREITOS HUMANOS Ricardo Torques Julgue os itens com base na Teoria Geral dos Direitos Humanos, sua evolução e características: 1. Os direitos humanos podem ser corretamente conceituados como o conjunto de faculdades e instituições que, em cada momento histórico, concretizam as exigências de dignidade, liberdade e igualdade humanas, que devem ser reconhecidas positivamente pelos ordenamentos jurídicos em nível nacional e internacional. 2. Os conceitos de direitos humanos e direitos fundamentais são praticamente idênticos, distinguindo-se no plano de positivação, e não em razão do conteúdo. 3. A Teoria dos Status de Jellinek classifica os direitos humanos em direitos-pretensão, direitos- liberdade, direitos-poder e direitos-imunidade. 4. O Caso Lüth, julgado pelo Tribunal Constitucional Alemão, classifica os direitos humanos, como Jellinek, de forma subjetiva, considerando a relação do sujeito com o Estado. 5. Conforme a doutrina de André de Carvalho Ramos, os direitos-liberdade impedem que uma pessoa ou Estado ajam no sentido de interferir o exercício de tal direito, enquanto os direitos- imunidade impõem a abstenção ao Estado ou a terceiros, de modo que estes não atuem como agentes limitadores. 6. Quanto à fundamentação dos direitos humanos, pode-se dividir, inicialmente, a corrente negativista que nega a possibilidade de ser definido um fundamento para os Direitos Humanos e a corrente que estabelece que tais direitos apresentam fundamentos diversos, a exemplo do jusnaturalismo e positivismo. Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 4 47 7. O fundamento jusnaturalista dos direitos humanos compreende que os direitos humanos se baseiam em normas anteriores e superiores ao direito estatal positivado, podendo advir de origem divina ou como fruto da natureza humana. 8. O fundamento racional dos direitos humanos, ainda influenciado pela natureza, busca vincular tais direitos à razão humana, elemento que distingue o homem dos demais seres vivos. 9. O fundamento positivista contrapõe-se fortemente ao fundamento jusnaturalista pois nega a pré-existência de direitos humanos, seja por origem divina ou natural, e prevê que estes são decorrentes das normas estatais. 10. Pela fundamentação moral dos direitos humanos entende-se que tais direitos consistem num conjunto de direitos subjetivos originados diretamente dos princípios, embora dependam de regras prévias para que possam ser reconhecidos. 11. Contemporaneamente, entende-se que o fundamento dos direitos humanos é a dignidade, como qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano, inerente à sua condição humana. 12. Os direitos humanos, em razão da influência positivista, manifestam-se principalmente por meio de regras. No que diz respeito às características dos Direitos Humanos, julgue os itens subsecutivos. 13. Os direitos humanos decorrem de m processo de formação histórica, de modo que, com o tempo, os direitos humanos surgem e se solidificam em razão das lutas da sociedade em defesa da dignidade. Justamente em face dessa característica, aceitamos avanços e retrocessos na evolução dos direitos humanos. 14. A atual doutrina de Direitos Humanos é dividida em duas grandes correntes: a dos universalistas e a dos relativistas, não havendo possibilidade de serem conciliadas ambas as concepções. Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 5 47 15. Não obstante os direitos humanos tenham surgido como mecanismo de proteção da pessoas privadas frente a possíveis arbitrariedades do Estado, atualmente concebemos a aplicação dessas normas nas relações entre pessoas privadas (eficácia horizontal) e, até mesmo, nas relações de emprego (eficácia diagonal). Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 6 47 DIREITO PROCESSUAL PENAL Renan Araújo 16. O Código de Processo Penal se aplica como regra a todos os processos que tramitam em território nacional, com exceções, dentre as quais se encontra a hipótese de crimes de competência da Justiça Militar. 17. A lei processual penal tem aplicação imediata, inclusive aos processos em curso, mas somente se aplica aos atos processuais futuros, não prejudicando, portanto, a validade dos atos processuais já realizados sob a vigência da lei anterior. 18. Situação hipotética: José foi denunciado pelo Ministério Público pela suposta prática do crime de estelionato (pena: reclusão de 01 a 05 anos e multa). Recebida a denúncia, o Juiz ordenou a citação de José para apresentar resposta à acusação, no prazo de 10 dias. José apresentou resposta à acusação e o Juízo designou audiência de instrução e julgamento. Uma semana antes da audiência, sobreveio nova lei processual alterando o prazo para resposta à acusação, que passou a ser de apenas 05 dias. Na véspera da audiência o MP aditou a denúncia, para incluir Pedro, por ter restado comprovada sua participação no crime. O Juízo recebeu a denúncia contra Pedro, cancelou a audiência designada e determinou a citação de Pedro para apresentar resposta à acusação. Assertiva: nesse caso, Pedro deverá apresentar resposta à acusação no prazo de 10 dias, previsto na lei anterior, por ser mais benéfica. 19. Sobrevindo nova lei processual penal que altere o prazo para interposição de determinado recurso, esta nova lei não será aplicável aos prazos recursais já iniciados sob a vigência da lei anterior. 20. O princípio do efeito imediato da lei processual penal, ou tempus regit actum, aplica-se às normas puramente processuais e às normas híbridas (ou mistas). 21. A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito, desde que favoráveis ao réu. Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 7 47 22. A Lei 13.964/19 incluiu no Código de Processo Penal a figura do juiz das garantias, responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário. Tal previsão, contudo, encontra-se suspensa por força de decisão do STF em Ação Direta de Inconstitucionalidade. 23. O princípio da inércia veda ao Juiz, ex officio, dar início ao processo, exigindo-se que o titular da ação penal ofereça denúncia ou queixa-crime, exceto na hipótese de crimes hediondos ou equiparados. 24. Uma das vertentes da ampla defesa é a autodefesa, aquela realizada direta e pessoalmente pelo réu, notadamente quando tem a oportunidade de, durante o interrogatório, dar sua versão dos fatos. 25. O princípio da presunção de inocência estabelece que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, motivo pelo qual o STF, revendo posicionamento anterior, voltou a não admitir execução provisória de pena criminal. 26. O princípio da presunção de inocência, nos moldes estabelecidos na Constituição Federal, é incompatível com a existência de prisões cautelares, ou seja, prisões processuais antes do trânsito em julgado. 27. O princípio do Juiz natural, que, dentre outras coisas, impede a criação de Juízo ou Tribunal de exceção, está previsto expressamente na Constituição Federal. 28. A Constituição Federal estabelece expressamente a vedação à utilização de provas ilícitas no processo penal, mas tal vedação não pode ser considerada uma mitigação à busca pela verdade. 29. O direito ao silêncio é manifestação mais evidente do princípio da vedação à autoincriminação, ou nemo tenetur se detegere, e engloba não só o direito de ficar calado, Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 8 47 mas também o direito de ser informado, antes do interrogatório, quanto à existência desse direito, bem como o direito de não ser prejudicado pelo exercício do silêncio. 30. Diferentemente do inquérito, no qual predomina o sigilo, no curso do processo deve haver publicidade, de forma que a Constituição Federal estabelece que todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, vedada a restrição de publicidade. Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 9 47 ESTATÍSTICA Guilherme Neves O gráfico apresenta a distribuição dos salários dos funcionários de uma empresa. O valor da média aritmética dos salários dos funcionários foi obtido considerando-se que todos os valores incluídos em um intervalo de classe são coincidentes com o ponto médio deste intervalo. Os quartis foram obtidos por meio do método da interpolação linear. Com base no gráfico acima e nas informações, julgue os itens a seguir. 31. A mediana supera a média em mais de 220 reais. Um estudo foi realizado com uma amostra do número de acidentes em um determinado trecho de uma rodovia no ano de 2019, conforme tabela a seguir. Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Número de acidentes 36 28 12 5 3 2 2 4 9 11 22 38 Com base na tabela e nas informações acima, julgue os itens a seguir. Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 10 47 32. A média mensal dos acidentes registrados em 2019 é inferior a 15. Nota (X) Frequência Relativa 0 0,1 1 0,2 2 0,5 3 0,0 4 0,2 Total 1,0 Uma empresa realizou uma pesquisa de satisfação com todos os clientes que compraram um de seus produtos. Cada entrevistado dá uma nota de 0 a 4 ao produto. Com base nos dados da tabela apresentada, julgue os itens subsequentes. 33. A distribuição de X é assimétrica, apesar de a média e a mediana serem iguais. 34. A amplitude total da distribuição é igual a 5, pois há cinco valores possíveis para a variável X. 35. A moda da distribuição de X é igual a 4, pois essa é a maior nota que um cliente pode dar ao produto. 36. A mediana da distribuição das notas registradas é igual a 2. 37. O desvio quartílico é igual a 0,5. Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 11 47 No registro das quantidades de animais de estimação de 400 famílias, verificaram-se os valores mostrados na tabela a seguir. Quantidade de animais de estimação 0 1 2 3 4 Quantidade de famílias 75 150 100 50 25 Com base nas informações acima, julgue os itens a seguir. 38. O número médio de animais de estimação por família é inferior a 2. 39. O número mediano de animais de estimação por família é superior a 2. Com relação à definição das medidas de tendência central e de variabilidade dos dados em uma estatística, julgue os itens a seguir. 40. A moda representa o centro da distribuição, é o valor que divide a amostra ao meio. 41. A amplitude total, ou range, é uma medida de tendência central pouco afetada pelos valores extremos. Como o objetivo de analisar o rendimento dos alunos de um curso, um exame foi realizado e uma amostraaleatória com as notas de seis alunos apresentou os seguintes resultados: 8,10; 8,32; 8,12; 8,22; 7,99; 8,31, Julgue o item a seguir, relativo a esses dados. 42. O valor médio das notas dos alunos presentes na amostra foi superior a 8. Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 12 47 Ao terminar um atendimento com um colaborador do Estratégia, o aluno faz uma avaliação sobre o desempenho do colaborador com uma nota que varia de 0 a 5. O indicador de desempenho X permite avaliar a qualidade do atendimento. A tabela a seguir mostra a sua distribuição mediante estudo amostral feito por uma agência de pesquisa. A tabela apresenta estatísticas descritivas referentes a essa distribuição. Média amostral 3,98 Desvio padrão amostral 0,74 Primeiro quartil 3,6 Segundo quartil 4,35 Terceiro quartil 4,5 Mínimo 2 Máximo 5 Com base nessas informações, julgue os itens a seguir. 43. O coeficiente de variação é superior a 20%. 44. O intervalo interquartílico é inferior a 1. 45. X representa uma variável qualitativa ordinal. Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto ==18bd6c== 13 47 QUESTÕES COMENTADAS DIREITOS HUMANOS Ricardo Torques Julgue os itens com base na Teoria Geral dos Direitos Humanos, sua evolução e características: 1. Os direitos humanos podem ser corretamente conceituados como o conjunto de faculdades e instituições que, em cada momento histórico, concretizam as exigências de dignidade, liberdade e igualdade humanas, que devem ser reconhecidas positivamente pelos ordenamentos jurídicos em nível nacional e internacional. Gabarito: Certo Comentários: A assertiva está correta. A assertiva apresenta um conceito doutrinário sobre os direitos humanos e gostaríamos de destacar alguns elementos: tais direitos estão intrinsecamente relacionados ao momento histórico vivido (percebemos mais claramente quando do estudo das dimensões), sofrendo influências diretas e indiretas da realidade social, cultural, econômica do momento vivenciado; o fundamento primordial dos direitos humanos é a dignidade da pessoa humana e todos eles são derivações desse fundamento; prima-se pela positivação nos ordenamentos jurídicos, seja na ordem interna dos países (direitos fundamentais) ou na ordem internacional, por meio de tratados e convenções (direitos humanos); e os direitos humanos buscam, também, a limitação do arbítrio do Estado (recorde-se que tais direitos se originam face ao Estado Absolutista) e do estabelecimento da igualdade como o aspecto central das relações. 2. Os conceitos de direitos humanos e direitos fundamentais são praticamente idênticos, distinguindo-se no plano de positivação, e não em razão do conteúdo. Gabarito: Certo Comentários: A assertiva está correta. É pacífico o entendimento doutrinário que não há, em verdade, diferença de conteúdo entre os direitos humanos e os direitos fundamentais, mas os Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 14 47 primeiros referem-se aos direitos consagrados no plano internacional e os demais são direitos positivados na ordem interna dos Estados. Para fins de prova, você os considerará como sinônimos. Assim, se na questão vier: "de acordo com os direitos fundamentais" e cobrarem assunto de direitos humanos, não há problema. Também não haverá problema se mencionar: "de acordo com os direitos humanos" e cobrar algum artigo da CF. Você somente ficará atento à distinção se o examinador questionar a respeito da distinção entre um e outro. Nesse caso, você lembrará do esquema abaixo: 3. A Teoria dos Status de Jellinek classifica os direitos humanos em direitos-pretensão, direitos- liberdade, direitos-poder e direitos-imunidade. Gabarito: Errado Comentários: A assertiva está incorreta. Questão difícil! Misturamos as classificações decorrentes do pensamento de Jellinek com a classificação de André de Carvalho Ramos. A Teoria dos Status de Jellinek classifica os direitos humanos a partir da relação do homem com o Estado. Assim, existem quatro enquadramentos possíveis: (1) status subjectionis (status passivo): o indivíduo encontra-se em estado de sujeição em relação ao Estado; (2) status libertatis (status negativo): o sujeito detém tão somente a prerrogativa de exigir uma abstenção do Estado, um não-fazer estatal (ex. respeito às liberdades individuais); (3) status civitatis (status positivo): o cidadão tem a possibilidade de exigir prestações do Estado, um fazer estatal (ex. direito à saúde); (4) status activus (status ativo): a pessoa poderá participar na formação da vontade do Estado (ex. sufrágio). DIREITOS HUMANOS conjunto de valores e direitos na ordem internacional para a proteção da dignidade da pessoa DIREITOS FUNDAMENTAIS conjunto de valores e direitos positivados na ordem interna de determinado país para a proteção da dignidade da pessoa. Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 15 47 De acordo com a doutrina de André Ramos de Carvalho a estrutura dos Direitos Humanos é variada, podendo se caracterizar em: Cada um desses consectários impõe obrigações ao Estado. Confira: direito-pretensão: confere-se ao titular o direito a ter alguma coisa que é devido pelo Estado ou até mesmo por outro particular. Assim, o Estado (ou esse outro particular) devem agir no sentido de realizar uma conduta para conferir o direito. Por exemplo, o direito à educação, que deve ser prestado pelo Estado. direito-liberdade: impõe a abstenção ao Estado ou a terceiros, no sentido de se ausentarem, de não atuarem como agentes limitadores. Cita-se como exemplo a liberdade de credo. direito-poder: possibilita à pessoa exigir a sujeição do Estado ou de outra pessoa para que esses direitos sejam observados. O exemplo aqui é o direito à assistência jurídica. direito-imunidade: impede que uma pessoa ou o Estado haja no sentido de interferir nesse direito. Cita-se como exemplo vedação à prisão, salvo na hipótese de flagrante delito ou de decisão judicial transitada em julgado. 4. O Caso Lüth, julgado pelo Tribunal Constitucional Alemão, classifica os direitos humanos, como Jellinek, de forma subjetiva, considerando a relação do sujeito com o Estado. Gabarito: Errado ESTRUTURA DOS DIREITOS HUMANOS direito-pretensão direito-liberdade direito-poder direito-imunidade Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 16 47 Comentários: A assertiva está incorreta. O Caso Lüth oferece uma classificação objetiva dos direitos humanos, viabilizando a sua aplicação nas relações entre particulares, não em razão dos sujeitos que estão na relação, mas em face dos direitos abordados. Busca-se, portanto, apresentar os direitos humanos sempre com um viés negativo (abstencionista) e positivo (prestacional), porém com cargas diferentes de modo que os direitos prestacionais, por exemplo, seriam dotados de um viés positivo preponderante e negativo menos proeminente. 5. Conforme a doutrina de André de Carvalho Ramos, os direitos-liberdade impedem que uma pessoa ou Estado ajam no sentido de interferir o exercício de tal direito, enquanto os direitos- imunidade impõem a abstenção aoEstado ou a terceiros, de modo que estes não atuem como agentes limitadores. Gabarito: Errado Comentários: A assertiva está incorreta. Os conceitos apresentados foram invertidos. Se for o caso, retorne à questão na qual comentamos a classificação de André de Carvalho Ramos. Lembre-se: o direito-liberdade é aquele que impõe uma abstenção ao Estado ou a terceiros, fazendo com que não atuem como limitadores ao exercício dos direitos, a exemplo da liberdade de crença. O direito-imunidade, por sua vez, impede que uma pessoa ou o próprio Estado ajam interferindo nesse direito, como a vedação à prisão, salvo na hipótese de flagrante delito ou de decisão judicial com trânsito em julgado. 6. Quanto à fundamentação dos direitos humanos, pode-se dividir, inicialmente, a corrente negativista que nega a possibilidade de ser definido um fundamento para os Direitos Humanos e a corrente que estabelece que tais direitos apresentam fundamentos diversos, a exemplo do jusnaturalismo e positivismo. Gabarito: Certo Comentários: A assertiva está correta. A corrente negativista, que contam com nomes como Norberto Bobbio e Peres Luño, sustenta que não é possível estabelecer um fundamento para os direitos humanos, pois estes seriam consagrados a partir de juízos de valor e, por isso, não podem ser comprovados ou justificados, devem ser aceitos por convicção pessoal. Para Nobbio, por exemplo, há divergências quanto à definição de qual seria o conjunto de direitos abrangidos, a constante evolução da disciplina e a heterogeneidade de tais direitos. Basicamente são três as razões indicadas para a impossibilidade de definir fundamento dos direitos humanos: 1. Existem divergências quanto à definição de qual seria o conjunto de direitos abrangidos. Assim, não seria possível definir o fundamento, pois nem se sabe ao certo quais são os direitos compreendidos em nossa disciplina; 2. Em razão de sua historicidade, os Direitos Humanos constituem disciplina que está em constante evolução; e Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 17 47 3. Direitos Humanos constituem uma categoria de direitos heterogênea, por vezes conflituosa, exigindo do aplicador a técnica da ponderação de interesses. Por outro lado, existem doutrinadores que defendem que os direitos humanos podem ser fundamentados no jusnaturalismo, no positivismo, no racionalismo, na moral e da dignidade da pessoa humana. Lembre-se que prevalece a corrente segundo a qual o fundamento dos direitos humanos está na dignidade da pessoa, que constitui a reunião dos aspectos positivos das demais correntes. 7. O fundamento jusnaturalista dos direitos humanos compreende que os direitos humanos se baseiam em normas anteriores e superiores ao direito estatal positivado, podendo advir de origem divina ou como fruto da natureza humana. Gabarito: Certo Comentários: A assertiva está correta. Para a corrente jusnaturalista, os Direitos Humanos equivalem aos direitos naturais, ou seja, apresentam um cunho metafísico, fundamentado em Deus (Escola do Direito Natural de Razão Divina) ou na natureza inerente do ser humano (Escola do Direito Natural Moderna). Esse fundamento é criticado, mas recebe adesões. Em crítica a esse fundamento, argui-se que os direitos humanos são históricos, ou seja, conquistados pela sociedade em razão das confluências sociais e culturais, de forma que os Direitos Humanos não são pré-existentes a tudo que existe de normativo. Por outro lado, há precedentes do STJ que sugerem adotar a concepção jusnatural dos direitso humanos. É o que você encontra, por exemplo, na ADI 595/ES, de relatoria do Min. Celso de Mello, ao tratar do bloco de constitucionalidade, entre os quais estão os princípios de direitos natural que fundamentam os direitos humanos. 8. O fundamento racional dos direitos humanos, ainda influenciado pela natureza, busca vincular tais direitos à razão humana, elemento que distingue o homem dos demais seres vivos. Gabarito: Errado Comentários: A assertiva está incorreta. O fundamento racional constitui uma visão laica dos direitos humanos, ou seja, desvinculada da religião e também da natureza. Busca-se, nesse caso, vincular os direitos à razão humana. Tal fundamento ganha força com o Iluminismo, que centrou o foco da reflexão filosófica no homem (antropocentrismo). O fundamento racional constitui, em grande medida, uma reação à concepção jusnatural dos direitos humanos. Justamente com a pretensão de se afirmar que os direitos de dignidade decorrem daquilo que o homem elege como tal e não como algo determinado pela natureza ou divindades. Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 18 47 9. O fundamento positivista contrapõe-se fortemente ao fundamento jusnaturalista pois nega a pré-existência de direitos humanos, seja por origem divina ou natural, e prevê que estes são decorrentes das normas estatais. Gabarito: Certo Comentários: A assertiva está correta. O fundamento positivista estabelece que os direitos humanos são aqueles escritos em textos legais, principalmente constitucionais. Até a sua efetiva positivação, tais direitos não passam de valores e juízos morais. Aqui também há críticas e defesa. A normatização dos direitos humanos confere segurança jurídica as relações sociais, tendo finalidade pedagógica perante a comunidade na medida em que faz prevalecer valores éticos que estão positivados nas normas jurídicas. Por outro lado, essa corrente não pode ser considerada unilateralmente, pois a necessidade de positivação do direito enfraquece-o. Não é possível aceitar que somente os direitos humanos positivados no âmbito internacional ou internamente possam ser assegurados. Adotando-se unilateralmente a tese positivista, se a lei for omissa ou mesmo contrária à dignidade humana, estaremos diante de uma precarização dos Direitos Humanos, o que é inaceitável. 10. Pela fundamentação moral dos direitos humanos entende-se que tais direitos consistem num conjunto de direitos subjetivos originados diretamente dos princípios, embora dependam de regras prévias para que possam ser reconhecidos. Gabarito: Errado Comentários: A assertiva está incorreta. A fundamentação moral independe da existência de regras prévias, posto que os direitos humanos não aferem sua validade por normas positivadas, mas dos valores morais da coletividade. Nesse caso, os direitos estão fundamentados nas exigências de justiça, equidade ou outra dimensão da moral que represente um conteúdo ético que assegure dignidade às pessoas. 11. Contemporaneamente, entende-se que o fundamento dos direitos humanos é a dignidade, como qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano, inerente à sua condição humana. Gabarito: Certo Comentários: A assertiva está correta. Todos os fundamentos apresentados anteriormente (jusnaturalista, positivista, racional e moral) têm a dignidade da pessoa humana como ponto em comum. A dignidade, conceito multidimensional, constitui um valor ético, pelo qual a pessoa é considerada sujeito de direitos e obrigações, que devem ser assegurados para garantir a personalidade. Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 19 47 A dignidade manifesta-se pela vedação à imposição de tratamento discriminatório, ofensivo ou degradante (recorde-se da isonomia) e pela busca por condições mínimas de sobrevivência, da qual decorre a ideia de mínimo existencial. Em síntese, podemos identificar dois elementos da dignidade: 1º à elemento negativo: vedação à imposição detratamento discriminatório, ofensivo ou degradante; e 2º à elemento positivo: busca por condições mínimas de sobrevivência, da qual decorre a ideia de mínimo existencial. 12. Os direitos humanos, em razão da influência positivista, manifestam-se principalmente por meio de regras. Gabarito: Errado Comentários: A assertiva está incorreta. A estrutura normativa dos Direitos Humanos é formada principalmente por um conjunto de princípios, ou seja, de mandados de otimização que devem ser observados na maior medida do possível, aplicados com ponderação de interesses. Aproveitamos para distinguir regra de princípios, de forma direta e objetiva. As regras, por sua vez, são aplicadas a partir da técnica da subsunção, ou seja, se ocorrer a situação de fato haverá a incidência da consequência jurídica prevista. Ou a regra aplica-se àquela situação ou não se aplica (técnica do “tudo ou nada”). Para os princípios, ao contrário, a aplicação pressupõe o uso da técnica de ponderação de interesses, pois a depender da situação fática assegura-se com maior, ou menor, amplitude o princípio (técnica do “mais ou menos”). Retornando ao exemplo, para o processo do trabalho, o decurso de 2 anos poderá implicar violação ao princípio da celeridade; para o processo crime o decurso de 5 anos não implicará, necessariamente, violação do mesmo princípio. No que diz respeito às características dos Direitos Humanos, julgue os itens subsecutivos. 13. Os direitos humanos decorrem de m processo de formação histórica, de modo que, com o tempo, os direitos humanos surgem e se solidificam em razão das lutas da sociedade em REGRAS mandados de determinação aplicado por subsunção técnica do "tudo ou nada" PRINCÍPIOS mandados de otimização aplicado por ponderação de interesses técnica do "mais ou menos" Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 20 47 defesa da dignidade. Justamente em face dessa característica, aceitamos avanços e retrocessos na evolução dos direitos humanos. Gabarito: Errado Comentários: A assertiva está incorreta. Começou bem, concluiu mal. Na primeira parte da assertiva temos destacada a característica da historicidade. Eventos como a Revolução Francesa e as grandes Guerras Mundiais foram marcantes para o surgimento gradual e para a expansão de direitos humanos. É justamente em razão dessa característica que estudamos as dimensões dos direitos humanos. A segunda parte, entretanto, está incorreta. Entende-se que a proteção aos direitos da dignidade da pessoa é expansiva, ou seja, está sempre em progresso. Por exemplo, a vedação à tortura constitui um direito humano decorrente dos graves acontecimentos nas Guerras Mundiais e dos movimentos ditatoriais, inclusive no Brasil. Em razão desses eventos, a comunidade internacional voltou-se contra a prática militar e, atualmente, defende que a vedação à tortura é absoluta e universal. Assim, qualquer ato ou norma de Estado que viole a dignidade da pessoa consistente em impingir sofrimento em alguém de forma deliberada para o fim de obter informações políticas ou militares, constitui violação aos Direitos Humanos e não poderá ser permitido, sob pena de retrocesso. Por vedação ao retrocesso devemos compreender a proibição à supressão de direitos já reconhecidos em detrimento das conquistas históricas da humanidade. Não é possível, assim, que a tortura volte a ser aceita como mecanismo de obtenção de informação por militares em guerra, em nenhuma hipótese! 14. A atual doutrina de Direitos Humanos é dividida em duas grandes correntes: a dos universalistas e a dos relativistas, não havendo possibilidade de serem conciliadas ambas as concepções. Gabarito: Errado Comentários: A assertiva está incorreta. Não obstante se trate de visões opostas, a doutrina se manifesta no sentido de que é possível sim conciliá-las. Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 21 47 Antes, uma rápida revisão de ambas as correntes: A compreensão mais correta de universalidade dos direitos humanos remete à ideia de que devem ser levadas em consideração as particularidades locais, bem como os contextos históricos, culturais e religiosos de cada povo. Compete, contudo, a todos os Estados, sem exceção, independentemente de seu sistema político, econômico ou cultural, o respeito aos direitos humanos. A celeuma deve ser resolvida com equilíbrio, não é possível excluir um em total detrimento do outro. É necessário que haja uma convivência harmônica, desde que, evidentemente, seja assegurado aquilo que alguns doutrinadores denominam de “núcleo duro” dos direitos humanos, vale dizer, o conjunto de direitos humanos de suma importância e necessário, independentemente das particularidades dos diversos povos. 15. Não obstante os direitos humanos tenham surgido como mecanismo de proteção da pessoas privadas frente a possíveis arbitrariedades do Estado, atualmente concebemos a aplicação dessas normas nas relações entre pessoas privadas (eficácia horizontal) e, até mesmo, nas relações de emprego (eficácia diagonal). Gabarito: Certo Comentários: Está correta a assertiva. Os direitos humanos são compreendidos como um conjunto de regras ou garantias que envolvem relações com o Estado, para o fim de proteger tais direitos. Pela primeira dimensão diz-se que os direitos humanos imputam abstenção do Estado, que não poderá violar a liberdade das pessoas. Pela segunda dimensão estudaremos que o Estado deve atuar positivamente na consecução dos direitos humanos. E, por fim, pela terceira dimensão objetiva-se que o Estado atue na promoção coletiva dos UNIVERSALISMO Os direitos humanos destinam-se a todas as pessoas e abrangem todos os territórios. Não se deve desconsiderar as diferenças, mas com respeito às particularidades, objetiva-se encontrar um modo de proteger a condição humana, independentemente do sexo, da cor, da religião ou das condições econômicas e sociais. RELATIVISMO As concepções morais variam de acordo com as diversas sociedades. As diferenças não residem apenas na pessoa em si, ou seja, na condição humana, mas no contexto social perante o qual estão inseridos. Não existe como justificar a concepção moral da pessoal desprendido do contexto no qual ela está inserida. Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 22 47 direitos humanos. Portanto, em todas as três dimensões, percebe-se claramente que a aplicação dos direitos humanos foi pensada inicialmente para serem aplicadas às relações entre o Estado e a sociedade. Essa relação é dita vertical, pois o Estado assume posição hierarquicamente privilegiada em relação aos governados. A doutrina de direitos humanos, contudo, passou a vislumbrar outra relação que não apenas essa vertical, entre estado e sociedade, mas uma relação horizontal, envolvendo, também, a aplicação dos direitos humanos às relações entre privados. Além disso, segundo alguns autores de Direito do Trabalho com formação humanista, a eficácia diagonal é a que determina a aplicação dos direitos humanos nas relações entre empregado e empregador. Argumenta-se que a relação entre empregado e empregador, embora de natureza privada, não é horizontal como as demais relações entre privados. Na relação de emprego está presente a subordinação jurídica – requisito da relação de emprego – e o empregado encontra-se presumidamente em condição inferior ao empregado, razão pela qual não podemos afirmar que a relação de emprego implica uma relação horizontal, mas também não podemos afirmar que essa relaçãoé totalmente vertical, tal como a relação entre o cidadão e o Estado. Por isso se fala em eficácia diagonal dos direitos humanos quando se refere à aplicação da teoria às relações de emprego. Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 23 47 DIREITO PROCESSUAL PENAL Renan Araújo 16. O Código de Processo Penal se aplica como regra a todos os processos que tramitam em território nacional, com exceções, dentre as quais se encontra a hipótese de crimes de competência da Justiça Militar. Gabarito: Correta Comentários: Item correto. A norma processual penal (como qualquer outra) vigora em determinado lugar e em determinado momento. Nesse sentido, devemos analisar onde e quando a lei processual penal brasileira se aplica. O art. 1° do CPP diz o seguinte: Art. 1º O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados: I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2º, e 100); III - os processos da competência da Justiça Militar; IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, no 17); V - os processos por crimes de imprensa. Vide ADPF nº 130 Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso. Como se percebe, o CPP é a lei aplicável ao processo e julgamento das infrações penais no Brasil. Como disse a vocês, esta é a regra! Mas há exceções: Tratados, convenções e regras de Direito Internacional – A aplicação do CPP pode ser afastada em razão de alguma norma prevista em tratado ou convenção internacional. Jurisdição política – É o caso das prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade. Estes agentes são julgados de acordo com procedimentos próprios, previstos na Constituição Federal. Processos de competência da Justiça Eleitoral – Tais processos seguirão, como regra, Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 24 47 o Código Eleitoral, e apenas subsidiariamente, o CPP. Processos de competência da Justiça Militar - Tais processos seguirão, como regra, o Código de Processo Penal Militar, e apenas subsidiariamente, o CPP. Legislação especial – No caso de haver rito específico para o processo e julgamento de determinado crime, como ocorre na Lei de Drogas, deverá ser utilizado, primordialmente, o rito específico, cabendo ao CPP atuar de forma subsidiária. Desta forma se percebe, sem grande esforço, que os crimes de competência da Justiça Militar são uma exceção à regra de aplicação primária do CPP. Em casos tais, o CPP não é norma primária, atuando apenas de forma subsidiária, ou seja, quando as disposições contidas no CPPM (Código de Processo Penal Militar) forem insuficientes para regular determinada situação. Vale frisar, ainda, que o CPP só é aplicável aos atos processuais praticados no território nacional. Assim, ainda que se trate de processo que tramita no Brasil, caso seja necessário realizar ato processual no exterior, este ato processual será realizado de acordo com as leis locais, ou seja, do país em que forem praticados (ex.: oitiva de uma testemunha que reside no estrangeiro). 17. A lei processual penal tem aplicação imediata, inclusive aos processos em curso, mas somente se aplica aos atos processuais futuros, não prejudicando, portanto, a validade dos atos processuais já realizados sob a vigência da lei anterior. Gabarito: Correta Comentários: Item correto. Existem basicamente três teorias para resolver o aparente conflito de leis processuais penais no tempo: Teoria da unidade processual – A lei processual penal nova não poderia ser aplicada a processos criminais já em curso, somente sendo aplicável aos processos que viessem a ser instaurados no futuro. Teoria das fases processuais – A lei processual penal nova pode ser aplicada a um processo em curso, mas só seria aplicável na fase processual seguinte (fase postulatória, fase instrutória, fase decisória, etc.). Teoria do isolamento dos atos processuais – A lei processual penal nova pode ser aplicada imediatamente aos processos em curso, mas somente será aplicável aos atos processuais futuros, ou seja, não irá interferir nos atos processuais que já foram validamente praticados sob a vigência da lei antiga. Nos termos do art. 2° do CPP: Art. 2º A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. Como se vê, o CPP adota a teoria do isolamento dos atos processuais. Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 25 47 Por este artigo podemos extrair o princípio do tempus regit actum, também conhecido como princípio do efeito imediato ou aplicação imediata da lei processual. Este princípio significa que a lei processual regulará os atos processuais praticados a partir de sua vigência, não se aplicando aos atos já praticados. Desta forma, mesmo que o processo tenha se iniciado sob a vigência de uma lei, sobrevindo outra norma processual, ainda que mais gravosa ao réu, esta será aplicada aos atos processuais futuros. Ou seja, a lei nova não pode retroagir para alcançar atos processuais já praticados, mas se aplica aos atos futuros dos processos em curso. EXEMPLO: Imagine que José responda a processo criminal pelo crime de furto. No curso do processo, sobrevém norma processual alterando o prazo do recurso de apelação de 05 dias para apenas 03 dias. Quando José for condenado, caso deseje recorrer, deverá interpor o recurso de apelação no prazo de 03 dias, previsto na lei nova, pois é a norma vigente no momento em que o prazo recursal começou a fluir. Logo, assertiva correta. 18. Situação hipotética: José foi denunciado pelo Ministério Público pela suposta prática do crime de estelionato (pena: reclusão de 01 a 05 anos e multa). Recebida a denúncia, o Juiz ordenou a citação de José para apresentar resposta à acusação, no prazo de 10 dias. José apresentou resposta à acusação e o Juízo designou audiência de instrução e julgamento. Uma semana antes da audiência, sobreveio nova lei processual alterando o prazo para resposta à acusação, que passou a ser de apenas 05 dias. Na véspera da audiência o MP aditou a denúncia, para incluir Pedro, por ter restado comprovada sua participação no crime. O Juízo recebeu a denúncia contra Pedro, cancelou a audiência designada e determinou a citação de Pedro para apresentar resposta à acusação. Assertiva: nesse caso, Pedro deverá apresentar resposta à acusação no prazo de 10 dias, previsto na lei anterior, por ser mais benéfica. Gabarito: Errada Comentários: Item errado. Pelo princípio do tempus regit actum, a lei processual penal tem aplicação imediata aos processos em curso, mas só se aplica aos ATOS PROCESSUAIS FUTUROS, ou seja, não se aplica àqueles que já foram realizados. Nos termos do art. 2° do CPP: Art. 2º A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. Rodada 03 (Direitos Humanos, DireitoProcessual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 26 47 Assim, pouco importa se a nova lei processual é benéfica ou prejudicial ao agente. Ela será aplicada aos processos em curso, mas somente aos atos processuais futuros. Logo, a nova norma processual penal não se aplica aos processuais já finalizados e não se aplica também àqueles que já se iniciaram antes de sua vigência, mas ainda estão sendo realizados. No caso em tela, José validamente apresentou resposta à acusação quando o prazo para tanto ainda era estabelecido em 10 dias, motivo pelo qual não terá que reapresentar sua defesa, ainda que o prazo atualmente (de acordo com a situação hipotética) seja de 05 dias. Pedro, todavia, não terá mesma sorte. Como a citação de Pedro se deu após a entrada em vigor da nova Lei, o prazo para apresentação de sua resposta à acusação começou a fluir já sob a vigência da nova lei, motivo pelo qual deverá ser respeitado o novo prazo, ou seja, apenas 05 dias. Pouco importa, aqui, que a nova lei tenha reduzido o prazo anterior. Logo, errada a assertiva. 19. Sobrevindo nova lei processual penal que altere o prazo para interposição de determinado recurso, esta nova lei não será aplicável aos prazos recursais já iniciados sob a vigência da lei anterior. Gabarito: Correta Comentários: Item correto. Pelo princípio do tempus regit actum, a lei processual penal tem aplicação imediata aos processos em curso, mas só se aplica aos ATOS PROCESSUAIS FUTUROS, ou seja, não se aplica àqueles que já foram realizados. Nos termos do art. 2° do CPP: Art. 2º A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. No caso de alteração de um prazo processual, a nova lei somente será aplicável aos prazos que se iniciarem após sua entrada em vigor. Caso o prazo recursal já tenha se iniciado antes da entrada em vigor da lei nova, esse prazo será regido pela lei antiga (que vigorava quando o prazo começou a fluir), não importando aqui se a nova lei aumenta ou diminui o prazo recursal. Assim, a lei processual nova só se aplica aos prazos recursais FUTUROS, não àqueles que já se iniciaram antes de sua vigência, mesmo que estes prazos ainda estejam em curso. Logo, correta. Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 27 47 20. O princípio do efeito imediato da lei processual penal, ou tempus regit actum, aplica-se às normas puramente processuais e às normas híbridas (ou mistas). Gabarito: Errada Comentários: Item errado. Pelo princípio do tempus regit actum, a lei processual penal tem aplicação imediata aos processos em curso, mas só se aplica aos ATOS PROCESSUAIS FUTUROS, ou seja, não se aplica àqueles que já foram realizados. Nos termos do art. 2° do CPP: Art. 2º A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. Todavia, tais disposições se aplicam apenas às leis puramente processuais. O que são normas puramente processuais? Normas puramente processuais são aquelas que se referem a questões meramente relativas ao processo, ao procedimento em geral, como as normas relativas à comunicação dos atos processuais (citações e intimações), aos prazos para manifestação das partes, aos recursos, etc. Todavia, dentro de uma lei processual pode haver normas de natureza material. Uma lei processual pode estabelecer normas que, na verdade, são de Direito Penal, pois criam ou extinguem direito do indivíduo, relativos à sua liberdade, etc., como é o caso das normas relativas à prescrição, à extinção da punibilidade em geral, e outras. Nesses casos de leis materiais, inseridas em normas processuais (e vice-versa), ocorre o fenômeno da heterotopia. Em casos como este, o difícil é saber identificar qual regra é de direito processual e qual é de direito material (penal). Porém, uma vez identificada a norma como sendo uma regra de direito material, sua aplicação será regulada pelas normas atinentes à aplicação da lei penal no tempo, inclusive no que se refere à possibilidade de eficácia retroativa para benefício do réu. EXEMPLO: Imagine que uma alteração legislativa inclua no CPP uma nova hipótese de extinção da punibilidade. Nesse caso, apesar de estar inserida em uma lei processual (CPP), a norma em questão (extinção da punibilidade) é uma norma PENAL, pois afeta diretamente a punibilidade do fato criminoso. Desta forma, temos aqui uma norma heterotópica, pois possui conteúdo PENAL, ainda que esteja inserida em uma lei processual (CPP). Nesse caso, deverão ser aplicadas as disposições relativas à lei PENAL no tempo, e não as disposições relativas à lei processual no tempo. Assim, como a alteração é benéfica (pois facilita a ocorrência de extinção da punibilidade), será aplicável aos crimes já praticados; se fosse gravosa, não poderia ser aplicada. Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 28 47 Além das chamadas normas heterotópicas, existem normas mistas, ou híbridas, que são aquelas que possuem, ao mesmo tempo, conteúdo de direito processual e de direito material. No caso das normas mistas (ou híbridas) prevalece o entendimento de que, por haver disposições de direito material, devem ser utilizadas as regras de aplicação da lei penal no tempo, ou seja: se o conteúdo penal for benéfico, retroagirá para alcançar fatos criminosos já praticados; se o seu conteúdo penal for mais gravoso, não será aplicável a nova norma aos fatos criminosos já ocorridos. Frise-se que, no que se refere às normas relativas à execução penal (cumprimento de pena, saídas temporárias, etc.), a Doutrina diverge quanto à sua natureza. Há quem entenda tratar-se de normas de direito material, há quem as considere como normas de direito processual. O STJ e o STF entendem que são normas de direito material. 21. A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito, desde que favoráveis ao réu. Gabarito: Errada Comentários: Item errado. O art. 3° do CPP estabelece: Art. 3º A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito. A interpretação extensiva é uma atividade na qual o intérprete estende o alcance do que diz a lei, em razão de sua vontade (vontade da lei) ser esta. No crime de extorsão mediante sequestro, por exemplo, é lógico que a lei quis incluir, também, extorsão mediante cárcere privado. Assim, faz-se uma interpretação extensiva, que pode ser aplicada sem que haja violação ao princípio da legalidade, pois, na verdade, a lei diz isso, só que não está expresso em seu texto. A Doutrina processualista diverge um pouco com relação a isso. A aplicação analógica, ou analogia, por sua vez, é bem diferente. Como o nome diz, decorre da analogia, que é o mesmo que comparação. Assim, essa forma de integração da lei penal somente será utilizada quando não houver norma disciplinando determinando caso. Nesta situação, utiliza-se uma norma aplicável a outro caso, considerado semelhante. Na aplicação analógica (analogia), o Juiz aplica a um caso uma norma que não foi originariamente prevista para tal, e sim para um caso semelhante. A grande questão é saber o que se enquadra como “caso semelhante”. Para isso, a Doutrina elenca três fatores que devem ser respeitados: • Semelhança essencial entre os casos (previsto e não previsto pela norma). Desprezam-se as diferenças não essenciais. • Igualdade de valoração jurídicadas hipóteses Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 29 47 • Igualdade de circunstâncias ou igualdade de razão jurídica de ambos os institutos A Doutrina entende, ainda, que no caso de aplicação analógica (analogia) in malam partem, não pode haver lesão a conteúdos de natureza material (penal), pois não se admite analogia in malam partem no Direito Penal. Já os princípios gerais do Direito são regras de integração da lei, ou seja, de complementação de lacunas. Assim, quando não se vislumbrar uma lei que possa reger adequadamente o caso concreto, o CPP admite a aplicação dos princípios gerais do Direito. Esses princípios gerais do Direito são inúmeros, e são aqueles que norteiam a atividade de aplicação do Direito. EXEMPLO: Imagine que uma lei estabeleça a participação das partes em determinado ato processual, sem nada dizer em relação à ordem de participação das partes no ato processual. Nesse caso, deve-se permitir que a defesa atue por último, pelo princípio da ampla defesa. Todavia, como se vê pela redação do art. 3º do CPP, em se tratando de normas puramente processuais, é possível a analogia, a interpretação extensiva e a aplicação dos princípios gerais do direito, independentemente de a solução ser benéfica ou prejudicial ao agente. 22. A Lei 13.964/19 incluiu no Código de Processo Penal a figura do juiz das garantias, responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário. Tal previsão, contudo, encontra-se suspensa por força de decisão do STF em Ação Direta de Inconstitucionalidade. Gabarito: Correta Comentários: Item correto. A figura do Juiz das Garantias está prevista nos arts. 3º-A a 3º-F do CPP (todos estes artigos incluídos pela Lei 13.964/19). Vejamos o art. 3º-B do CPP: Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente: Em linhas gerais, a criação do Juiz das Garantias atende a um anseio antigo de boa parte da comunidade jurídica, que já enxergava a necessidade de um Juiz que atuasse exclusivamente na fase de investigação. Mas por qual razão seria necessário um Juiz apenas para a fase de investigação e outro para a efetiva instrução e julgamento do processo futuramente? A lógica é bastante simples. Durante a investigação, existem diversas situações nas quais é necessária a atuação de um Magistrado (autorizar busca e apreensão, interceptação telefônica, decretar prisão preventiva, etc.). Este Juiz que atua durante a investigação acaba se envolvendo demais com a atividade investigatória, acaba por atuar Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 30 47 durante meses (às vezes anos) “ao lado” dos órgãos da persecução penal (autoridade policial e membro do MP), ouvindo suas teses, suas conjecturas, etc. Isso faz com que este Magistrado muitas vezes se sinta “parte” da atividade persecutória (e não é), de maneira que a futura denúncia contra o réu seria, em grande parte, fruto também do seu trabalho durante a investigação. Assim, a criação do Juiz das Garantias acaba por distanciar o julgador (aquele Juiz que efetivamente irá julgar o caso) da investigação, o que o deixa ainda mais equidistante das partes (o Juiz deve ser imparcial, não pendendo nem para a acusação nem para a defesa). Mas quais são efetivamente as competências do Juiz das Garantias? O Juiz das Garantias tem competência para: Receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do caput do art. 5º da Constituição Federal Receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da prisão Zelar pela observância dos direitos do preso Ser informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal Decidir sobre o requerimento de prisão provisória ou outra medida cautelar Prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las Decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas urgentes e não repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em audiência pública e oral Prorrogar o prazo de duração do inquérito (por até 15 dias, como regra), estando o investigado preso Determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento razoável para sua instauração ou prosseguimento Requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de polícia sobre o andamento da investigação Decidir sobre os requerimentos de: ▪ interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática ou de outras formas de comunicação; ▪ afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico; ▪ busca e apreensão domiciliar; ▪ acesso a informações sigilosas; ▪ outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do investigado; Julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da denúncia (desde que, naturalmente, a autoridade coatora não seja de igual ou superior hierarquia) Determinar a instauração de incidente de insanidade mental Decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399 deste Código Assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito outorgado ao investigado e ao seu defensor de acesso a todos os elementos informativos e provas produzidos no âmbito da investigação criminal, salvo no que concerne, estritamente, às diligências em andamento Deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção da perícia Decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de colaboração premiada, quando formalizados durante a investigação Outras matérias inerentes às atribuições relativas à supervisão da investigação criminal Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 31 47 Como se vê, o Juiz das Garantias deverá atuar desde o início da investigação criminal até o recebimento da ação penal (denúncia ou queixa), e sua competência se estende a todas as infrações penais (exceto as de menor potencial ofensivo, de competência dos Juizados Especiais Criminais). É bom ressaltar que, uma vez recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão decididas pelo juiz da instrução e julgamento. Ademais, as decisões proferidas pelo juiz de garantias não vinculam o juiz da instrução e julgamento, que deverá reexaminar a necessidade das medidas cautelares em curso (prisão preventiva, medida cautelar diversa da prisão, etc.), no prazo máximo de 10 dias. Porém, tal previsão se encontra SUSPENSA pelo STF. A Lei 13.964/19, publicada em 24.12.2019, estabeleceu um prazo de 30 dias de vacatio legis, ou seja, período de vacância, ao final do qual a lei entraria em vigor. Ou seja, a lei foi publicada em 24.12.2019, mas com vigência a partir de 23.01.2020. Todavia, alguns dispositivos da Lei demandam uma reestruturação profunda por parte do Judiciário, como é o caso da figura do Juiz das Garantias. Por isto, alguns legitimados ajuizaram AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (ADI 6298/DF) perante o STF, questionando essa possível inexequibilidade em tão pouco tempo, bem como a possível inconstitucionalidade de alguns outros dispositivos da lei. Em 15.01.2020, o Ministro Dias Toffoli, em decisão monocrática proferida durante o recesso Judiciário (o relator da ADI é o Ministro Luiz Fux),entendeu por bem suspender a eficácia de alguns dispositivos da Lei, notadamente no que tange ao Juiz das Garantias. Em 22.01.2020, o Relator da adi 6298, Min. Luiz Fux, revogou a decisão liminar proferida anteriormente pelo Presidente do STF (decisão proferida durante o recesso Judiciário), proferindo NOVA decisão liminar, para suspender alguns dispositivos da Lei 13964/19. Especificamente no que tange ao Juiz das Garantias, o Relator decidiu por suspender a eficácia (até julgamento do mérito da ADI pelo Plenário) dos arts. 3º-A a 3º-F do CPP. Assim, o Min. Fux, relator da ADI 6298, entendeu por suspender sine die (sem prazo) a eficácia dos artigos relativos ao Juiz das Garantias. Frise-se, por oportuno, que se trata de decisão proferida liminarmente, ou seja, não se trata de decisão definitiva de mérito da ADI. Logo, a questão está CORRETA. 23. O princípio da inércia veda ao Juiz, ex officio, dar início ao processo, exigindo-se que o titular da ação penal ofereça denúncia ou queixa-crime, exceto na hipótese de crimes hediondos ou equiparados. Gabarito: Errada Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 32 47 Comentários: Item errado. O princípio da inércia estabelece que o Juiz não pode dar início ao processo penal, pois isto implicaria em violação da sua imparcialidade, já que, ao dar início ao processo. Trata-se de uma das materializações da adoção do sistema acusatório, ou seja, a clara separação entre as funções de acusar e julgar. Um dos dispositivos constitucionais que dá base a esse entendimento é o art. 129, I da Constituição Federal: Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; Percebam que a Constituição estabelece como sendo privativa do MP a promoção da ação penal pública. Assim, diz-se que o MP é o “titular da ação penal pública”. Na ação penal de iniciativa privada a legitimidade é conferida ao ofendido. Assim, o Juiz já não poderia a ela dar início por sua própria natureza, já que a lei considera que, nesses casos, o interesse do ofendido em processar ou não o infrator se sobrepõe ao interesse do Estado na persecução penal. Este princípio é o alicerce máximo daquilo que se chama de sistema acusatório, que é o sistema adotado pelo nosso processo penal. No sistema acusatório existe uma figura que acusa e outra figura que julga, diferentemente do sistema inquisitivo, no qual acusador e julgador se confundem na mesma pessoa, o que gera parcialidade do julgador, ofendendo inúmeros outros princípios. Além disso, este princípio irá embasar diversas outras disposições do sistema processual penal brasileiro, como aquela que impede que o Juiz julgue um fato não contido na denúncia (seria uma violação indireta ao princípio da inércia), que caracteriza o princípio da congruência entre a sentença e a inicial acusatória. A título de complemento, friso que este princípio não impede que o Juiz determine a realização de diligências que entender necessárias para elucidar questão relevante para o deslinde do processo, conforme previsão do art. 156, II do CPP: Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) (...) II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 33 47 Não há, porém, qualquer ressalva que autorize o Juiz a dar início ao processo caso se trate de crime hediondo ou equiparado. Portanto, errada a assertiva. 24. Uma das vertentes da ampla defesa é a autodefesa, aquela realizada direta e pessoalmente pelo réu, notadamente quando tem a oportunidade de, durante o interrogatório, dar sua versão dos fatos. Gabarito: Correta Comentários: Item correto. O princípio do Devido Processo Legal tem como corolários os postulados da Ampla Defesa e do Contraditório, ambos previstos na Constituição Federal, em seu art. 5°, LV: Art. 5 (...) LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; O princípio do Contraditório estabelece que os litigantes em geral e, no nosso caso, os acusados, tem assegurado o direito de contradizer os argumentos trazidos pela parte contrária e as provas por ela produzidas. Já o postulado da ampla defesa prevê que não basta dar ao acusado ciência das manifestações da acusação e facultar-lhe se manifestar, se não lhe forem dados instrumentos para isso. A ampla defesa se divide em: Defesa técnica – Aquela realizada por um profissional habilitado; e Autodefesa – Aquela realizada direta e pessoalmente pelo próprio réu, quando ele próprio, apenas na condição de réu, contribui para sua defesa no processo. A defesa técnica é absolutamente indispensável no processo, tanto que o art. 261 do CPP assim prevê: Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor. Caso o acusado não constitua um defensor, caberá ao Juiz nomear um para o réu. Aliás, cabe ao Estado fornecer assistência jurídica integral e gratuita, primordialmente através da Defensoria Pública. Vejamos: Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 34 47 Art. 5º (...) LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; Portanto, ao acusado que não possuir meios de pagar um advogado, deve ser garantida a defesa por um Defensor Público, ou, em não havendo sede da Defensoria Pública na comarca, ser nomeado um defensor dativo (advogado particular pago pelos cofres públicos), a fim de que lhe seja prestada defesa técnica. Além da defesa técnica, realizada por profissional habilitado (advogado particular ou Defensor Público), há também a autodefesa, que é realizada pelo próprio réu, especialmente quando do seu interrogatório, oportunidade na qual pode, ele mesmo, defender-se pessoalmente, dando ao Juiz sua versão dos fatos. Assim, se o Juiz se recusar a interrogar o réu, por exemplo, estará violando o princípio da ampla defesa, por estar impedindo o réu de exercer sua autodefesa. A autodefesa se desdobra, basicamente, em três vertentes: Direito de audiência – Direito de ser ouvido. Tal direito se materializa durante o interrogatório, oportunidade na qual o acusado pode apresentar ao Juiz, pessoalmente, a sua defesa, ou seja, sua versão acerca dos fatos. Direito de presença – Direito de estar presente. É assegurado ao acusado o direito de acompanhar os atos processuais. Capacidade postulatória autônoma excepcional – Ao acusado é conferido o direito de postular diretamente ao Juízo em determinados casos. Ao contrário da defesa técnica, que não pode faltar no processo criminal, sob pena de nulidade absoluta, o réu pode se recusar a exercer a autodefesa, ficando em silêncio, por exemplo, pois o direito ao silêncio é um direito expressamente previsto ao réu. Logo, correta a questão. 25. O princípio da presunção de inocência estabelece que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, motivo pelo qual o STF, revendo posicionamento anterior, voltou a não admitir execução provisória de pena criminal. Gabarito: Correta Comentários: Item correto. A Presunçãode inocência é o maior pilar de um Estado Democrático de Direito, pois, segundo este princípio, nenhuma pessoa pode ser considerada culpada (e sofrer as consequências disto) antes do trânsito em julgado se sentença penal condenatória. Nos termos do art. 5°, LVII da CRFB/88: LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 35 47 O trânsito em julgado da sentença penal condenatória é a situação na qual a sentença proferida no processo criminal, condenando o réu, não pode mais ser modificada através de recurso. Assim, enquanto não houver uma sentença criminal condenatória irrecorrível, o acusado não pode ser considerado culpado e, portanto, não pode sofrer as consequências da condenação. O STF, porém, havia decidido (a partir do HC 126.292) pela admissibilidade da execução provisória de pena criminal a partir da existência de decisão condenatória proferida por órgão colegiado de segundo grau de jurisdição. Assim, o STF havia relativizado o princípio da presunção de inocência. Porém, este entendimento (que se iniciou quando do julgamento do HC 12.292) foi posteriormente abandonado pelo STF, quando do julgamento definitivo das ADCs 43, 44 e 54, tendo o STF retomado seu entendimento clássico: a presunção de inocência deve ser compreendida nos exatos termos da CF/88, ou seja, até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, de forma que é vedada a execução provisória de pena criminal. Assim, atualmente o STF possui entendimento no sentido de que não é possível a execução provisória de pena criminal. 26. O princípio da presunção de inocência, nos moldes estabelecidos na Constituição Federal, é incompatível com a existência de prisões cautelares, ou seja, prisões processuais antes do trânsito em julgado. Gabarito: Errada Comentários: Item errado. O princípio da presunção de inocência ou presunção de não culpabilidade está previsto expressamente no art. 5°, LVII da CRFB/88: LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; Desta forma, enquanto não houver uma sentença criminal condenatória irrecorrível, o acusado não pode ser considerado culpado e, portanto, não pode sofrer as consequências da condenação. Este princípio pode ser considerado: Uma regra probatória (regra de julgamento) - Deste princípio decorre que o ônus (obrigação) da prova cabe ao acusador (MP ou ofendido, conforme o caso). O réu é, desde o começo, inocente, até que o acusador prove sua culpa. Uma regra de tratamento - Deste princípio decorre, ainda, que o réu deve ser, a todo momento, tratado como inocente. E isso tem uma dimensão interna e uma dimensão externa: a) Dimensão interna – O agente deve ser tratado, dentro do processo, como inocente. Ex.: O Juiz não pode decretar a prisão preventiva do acusado pelo simples fato de o réu estar sendo processado, caso contrário, estaria presumindo a culpa do acusado. Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 36 47 b) Dimensão externa – O agente deve ser tratado como inocente FORA do processo, ou seja, o fato de estar sendo processado não pode gerar reflexos negativos na vida do réu. Ex.: O réu não pode ser eliminado de um concurso público porque está respondendo a um processo criminal (pois isso seria presumir a culpa do réu) Porém, e aqui está a resposta mais precisa da questão, a existência de prisões provisórias (prisões decretadas no curso do processo) não ofende a presunção de inocência, pois nesse caso não se trata de uma prisão como cumprimento de pena, mas sim de uma prisão cautelar, ou seja, para garantir que o processo penal seja devidamente instruído ou eventual sentença condenatória seja cumprida. Ou seja, a prisão cautelar, quando devidamente fundamentada na necessidade de evitar a ocorrência de algum prejuízo (risco para a instrução ou para o processo, por exemplo), é válida. O que não se pode admitir é a utilização da prisão cautelar como “antecipação de pena”. Tanto que o próprio art. 313, §2º do CPP: Art. 313 (...) § 2º Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de antecipação de cumprimento de pena ou como decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Assim, o simples fato de existirem prisões cautelares não gera ofensa ao princípio da presunção de inocência, eis que as prisões cautelares não se configuram como antecipação de pena, motivo pelo qual não se fundamentam numa suposta culpabilidade antecipada do indiciado/acusado. Logo, errada. 27. O princípio do Juiz natural, que, dentre outras coisas, impede a criação de Juízo ou Tribunal de exceção, está previsto expressamente na Constituição Federal. Gabarito: Correta Comentários: Item correto. A Constituição Federal de 1988 estabelece em seu art. 5°, LIII que: Art. 5º (...) LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; Desse dispositivo constitucional se pode extrair o princípio do Juiz Natural. Tal princípio estabelece que toda pessoa tem direito de ser julgada por um órgão do Poder Judiciário brasileiro, devidamente investido na função jurisdicional, cuja competência fora previamente definida. Assim, está vedada a formação de Tribunal ou Juízo de exceção, que são aqueles criados especificamente para o julgamento de um determinado caso. Exige-se, ainda, que as regras de definição da competência (limites dentro dos quais cada Juiz pode atuar) sejam prévia e abstratamente Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 37 47 definidas. Tudo com um único propósito: evitar-se o casuísmo, ou seja, o estabelecimento a posteriori de um Juízo específico para um crime já ocorrido, para beneficiar ou prejudicar o réu. Logo, correta a questão. A título de complemento, vale ressaltar que a criação de varas especializadas, para otimizar o trabalho do Judiciário, não ofende tal princípio, pois a competência destes Juízos é definida abstratamente, para todos os casos que possuam as mesmas características. O que este princípio busca impedir é a manipulação das “regras do jogo” para se “escolher” o Juiz que irá julgar a causa. Boa parte da Doutrina sustenta, ainda, a existência do princípio do Promotor Natural. Tal princípio estabelece que toda pessoa tem direito de ser acusada pela autoridade competente. Assim, é vedada, exemplificativamente, a designação pelo Procurador-Geral de Justiça de um Promotor para atuar especificamente num determinado caso. 28. A Constituição Federal estabelece expressamente a vedação à utilização de provas ilícitas no processo penal, mas tal vedação não pode ser considerada uma mitigação à busca pela verdade. Gabarito: Errada Comentários: Item errado. Em nosso sistema processual penal vige o princípio do livre convencimento motivado do Juiz, ou seja, o Juiz não está obrigado a decidir conforme determinada prova (confissão, por exemplo), podendo decidir da forma que entender, desde que fundamente sua decisão em alguma das provas produzidas nos autos do processo. Em razão disso, às partes é conferido o direito de produzir as provas que entendam necessárias para convencer o Juiz a acatar sua tese. Inclusive, ao Juiz são conferidos meios para a obtenção da chamada VERDADE REAL (aquilo que de fato ocorreu no mundo real), não devendo o Juiz se contentar com a verdade formal (aquilo que está provado nos autos). Entretanto,esse direito probatório não é ilimitado, encontrando limites nos direitos fundamentais previstos na Constituição. Essa limitação encontra-se no art. 5°, LVI da Constituição. Vejamos: Art. 5º (...) LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; Assim, a vedação à utilização de provas ilícitas constitui-se como uma limitação à busca pela verdade, na medida em que se passa a estabelecer que nem tudo é admitido sob o argumento de “buscar-se a verdade dos fatos”. Frise-se, por fim, que a Doutrina dominante admite a utilização de provas ilícitas quando esta for a única forma de se obter a absolvição do réu, pois a condenação de um inocente deve ser evitada a todo custo. Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 38 47 Por fim, veda-se ainda a utilização de provas ilícitas por derivação, que são aquelas provas obtidas licitamente, mas que derivam de uma prova ilícita, adotando-se aqui a teoria dos frutos da árvore envenenada. 29. O direito ao silêncio é manifestação mais evidente do princípio da vedação à autoincriminação, ou nemo tenetur se detegere, e engloba não só o direito de ficar calado, mas também o direito de ser informado, antes do interrogatório, quanto à existência desse direito, bem como o direito de não ser prejudicado pelo exercício do silêncio. Gabarito: Correta Comentários: Item correto. O princípio da vedação à autoincriminação é conhecido também como nemo tenetur se detegere, e tem por finalidade impedir que o Estado, de alguma forma, imponha ao réu (ou ao indiciado) alguma obrigação que possa colocar em risco o seu direito de não produzir provas prejudiciais a si próprio. O ônus da prova incumbe à acusação, não ao réu. Este princípio pode ser extraído da conjugação de três dispositivos constitucionais: • Direito ao silêncio • Direito à ampla defesa • Presunção de inocência Assim, em razão deste princípio, o indiciado/acusado não é obrigado a praticar qualquer ato que possa ser prejudicial à sua defesa, como realizar o teste do bafômetro, fornecer padrões gráficos para realização de exame grafotécnico, etc. Como dito, o direito ao silêncio é manifestação clara de tal princípio. Essa garantia deve ser informada ao acusado antes do seu interrogatório, bem como o exercício do direito ao silêncio não poderá ser interpretado em prejuízo à defesa: Art. 186 (...) Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) Tal previsão é bastante lógica: se o silêncio pudesse ser interpretado em prejuízo da defesa, isso esvaziaria por completo o direito ao silêncio, já que o réu ficaria com medo de não falar em Juízo e ser considerado culpado apenas por não ter falado. Logo, correta. Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 39 47 30. Diferentemente do inquérito, no qual predomina o sigilo, no curso do processo deve haver publicidade, de forma que a Constituição Federal estabelece que todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, vedada a restrição de publicidade. Gabarito: Errada Comentários: Item errado. A publicidade dos atos processuais está prevista no art. 93, IX da CF/88: Art. 93 (...) IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Todavia, como se vê, essa publicidade NÃO é absoluta, podendo sofrer restrição. A isso se chama de publicidade restrita. Essa possibilidade de restrição está prevista, ainda, no art. 5°, LX da CRFB/88: Art. 5º (...) LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; Logo, errada a questão. Frise-se que que essa publicidade pode ser restringida apenas às partes e seus procuradores, ou somente a estes. Ou seja, alguns atos podem não ser públicos nem mesmo para as partes. Aos procuradores (advogados das partes e membros do MP), porém, nunca se poderá negar publicidade. Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 40 47 ESTATÍSTICA Guilherme Neves O gráfico apresenta a distribuição dos salários dos funcionários de uma empresa. O valor da média aritmética dos salários dos funcionários foi obtido considerando-se que todos os valores incluídos em um intervalo de classe são coincidentes com o ponto médio deste intervalo. Os quartis foram obtidos por meio do método da interpolação linear. Com base no gráfico acima e nas informações, julgue os itens a seguir. 31. A mediana supera a média em mais de 220 reais. Gabarito: Errado Comentários: Para calcular a média, devemos utilizar os pontos médios de cada intervalo. �̅� = 1.200 × 0,14 + 1.600 × 0,21 + 2.000 × 0,28 + 2.400 × 0,26 + 2.800 × 0,11 �̅� = 1.996 Vamos agora calcular a mediana. Os dois primeiros intervalos comportam 14% + 21% = 35% das observações. Precisamos de mais 15% para chegar à mediana. Vamos interpolar o terceiro intervalo. Amplitude Frequência 400 28% h 15% 28ℎ = 400 ∙ 15 Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 41 47 ℎ ≅ 214,28 Assim, a mediana é: 𝑀𝑑 = 1.800 + 214,28 𝑀𝑑 = 2.014,28 A diferença entre a mediana e a média é inferior a 220 reais. Um estudo foi realizado com uma amostra do número de acidentes em um determinado trecho de uma rodovia no ano de 2019, conforme tabela a seguir. Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Número de acidentes 36 28 12 5 3 2 2 4 9 11 22 38 Com base na tabela e nas informações acima, julgue os itens a seguir. 32. A média mensal dos acidentes registrados em 2019 é inferior a 15. Gabarito: Certo Comentário: Para calcular a média aritmética simples, basta somar os dados e dividir pela quantidade de termos. 𝑋 = 36 + 28 + 12 + 5 + 3+ 2 + 2 + 4 + 9 + 11 + 22 + 38 12 = 172 12 = 43 3 Como 43/3 é aproximadamente 14,33, o item está certo. Nota (X) Frequência Relativa 0 0,1 Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 42 47 1 0,2 2 0,5 3 0,0 4 0,2 Total 1,0 Uma empresa realizou uma pesquisa de satisfação com todos os clientes que compraram um de seus produtos. Cada entrevistado dá uma nota de 0 a 4 ao produto. Com base nos dados da tabela apresentada, julgue os itens subsequentes. 33. A distribuição de X é assimétrica, apesar de a média e a mediana serem iguais. Gabarito: Certo Comentários: Claramente a distribuição não é simétrica em torno da média. Basta observar que o número 3 tem frequência 0 enquanto o número 1 tem frequência 0,2. Vamos agora verificar se a média e a mediana são iguais. Para calcular a média, devemos multiplicar cada valor pela respectiva frequência. Como as frequências são relativas, basta somar os valores obtidos (não precisamos dividir pela soma das frequências, pois a soma das frequências relativasé sempre igual a 1). 𝑥 = 0 × 0,1 + 1 × 0,2 + 2 × 0,5 + 3 × 0,0 + 4 × 0,2 𝑥 = 2 Vamos agora calcular a mediana. Observe que 10% dos valores são iguais a 0 e 20% dos valores são iguais a 1. Precisamos de mais 20% de observações para chegar na mediana. Como 50% dos valores são iguais a 2, é no número 2 que atingiremos o patamar de 50%. Logo, a mediana é 2. Temos uma distribuição que possui 𝑀é𝑑𝑖𝑎 = 𝑀𝑒𝑑𝑖𝑎𝑛𝑎 = 𝑀𝑜𝑑𝑎, mas a distribuição não é simétrica. 34. A amplitude total da distribuição é igual a 5, pois há cinco valores possíveis para a variável X. Gabarito: Errado Comentários: A amplitude total é a diferença entre o maior elemento e o menor elemento. Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 43 47 𝐴𝑡 = 4− 0 = 4 O valor da amplitude total está errado e a justificativa também. 35. A moda da distribuição de X é igual a 4, pois essa é a maior nota que um cliente pode dar ao produto. Gabarito: Errado Comentários: A moda é o termo que possui a maior frequência. A moda é 2 porque possui a maior frequência (0,5). O 36. A mediana da distribuição das notas registradas é igual a 2. Gabarito: Certo Comentários: Já calculamos a mediana, que é igual a 2. 37. O desvio quartílico é igual a 0,5. Gabarito: Certo Comentários: O desvio quartílico é dado por 𝑄3−𝑄1 2 , em que 𝑄3 e 𝑄1 são os quartis (terceiro e primeiro). Observe a tabela com a frequência acumulada. Nota (X) Frequência Relativa Frequência Acumulada 0 0,1 = 10% 10% 1 0,2 = 20% 30% 2 0,5 = 50% 80% 3 0,0 = 0% 80% 4 0,2 = 20% 100% Total 1,0 = 100% Observe que o patamar de 25% foi ultrapassado em X = 1. Logo, o primeiro quartil é igual a 1. O patamar de 75% foi ultrapassado em X = 2. Logo, o terceiro quartil é igual a 2. Portanto, o desvio quartílico é igual a Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 44 47 𝐷𝑞 = 2− 1 2 = 1 2 = 0,5 No registro das quantidades de animais de estimação de 400 famílias, verificaram-se os valores mostrados na tabela a seguir. Quantidade de animais de estimação 0 1 2 3 4 Quantidade de famílias 75 150 100 50 25 Com base nas informações acima, julgue os itens a seguir. 38. O número médio de animais de estimação por família é inferior a 2. Gabarito: Certo Comentário: �̅� = 0 × 75 + 1× 150 + 2 × 100 + 3 × 50 + 4× 25 400 = 600 400 = 1,5 39. O número mediano de animais de estimação por família é superior a 2. Gabarito: Errado Comentário: Como são 400 famílias, devemos buscar os dois termos centrais, que são os termos de posição 200 e 201. Observe que há 75 famílias com nenhum animal de estimação e 150 famílias com 1 animal de estimação. Assim, 𝑥200 = 𝑥201 = 1 Logo, 𝑀𝑑 = 𝑥200 + 𝑥201 2 = 1 + 1 2 = 1 Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 45 47 Com relação à definição das medidas de tendência central e de variabilidade dos dados em uma estatística, julgue os itens a seguir. 40. A moda representa o centro da distribuição, é o valor que divide a amostra ao meio. Gabarito: Errado Comentários: Está errada, pois é a mediana que divide a amostra ao meio. 41. A amplitude total, ou range, é uma medida de tendência central pouco afetada pelos valores extremos. Gabarito: Errado Comentários: A amplitude total é uma medida de dispersão e não uma medida de tendência central. Além disso, ela é totalmente influenciada por valores extremos, já que ela é calculada como a diferença entre o maior elemento e o menor elemento. Como o objetivo de analisar o rendimento dos alunos de um curso, um exame foi realizado e uma amostra aleatória com as notas de seis alunos apresentou os seguintes resultados: 8,10; 8,32; 8,12; 8,22; 7,99; 8,31, Julgue o item a seguir, relativo a esses dados. 42. O valor médio das notas dos alunos presentes na amostra foi superior a 8. Gabarito: Certo Comentário: Observe que todos os números são maiores do que 8 e apenas um termo é um pouquinho abaixo de 8. A média certamente será superior a 8. O primeiro item está certo. Se quiser o cálculo: 𝑋 = 8,10 + 8,32 + 8,12 + 8,22 + 7,99 + 8,31 6 ≅ 8,17 Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 46 47 Ao terminar um atendimento com um colaborador do Estratégia, o aluno faz uma avaliação sobre o desempenho do colaborador com uma nota que varia de 0 a 5. O indicador de desempenho X permite avaliar a qualidade do atendimento. A tabela a seguir mostra a sua distribuição mediante estudo amostral feito por uma agência de pesquisa. A tabela apresenta estatísticas descritivas referentes a essa distribuição. Média amostral 3,98 Desvio padrão amostral 0,74 Primeiro quartil 3,6 Segundo quartil 4,35 Terceiro quartil 4,5 Mínimo 2 Máximo 5 Com base nessas informações, julgue os itens a seguir. 43. O coeficiente de variação é superior a 20%. Gabarito: Errado Comentários: O coeficiente de variação é o quociente do desvio padrão pela média. 0,74 3,98 ≅ 0,1859 ≅ 18,6% 44. O intervalo interquartílico é inferior a 1. Gabarito: Certo Comentários: O intervalo interquartílico é a diferença entre o terceiro quartil e o primeiro quartil. 𝑄3 −𝑄1 = 4,5 − 3,6 = 0,9 45. X representa uma variável qualitativa ordinal. Gabarito: Errado Comentários: A variável X é quantitativa e não qualitativa. Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto 47 47 NÃO É ASSINANTE? Confira nossos planos, tenha acesso a milhares de cursos e participe gratuitamente dos projetos exclusivos. Clique no link! https://bit.ly/Estrategia-Assinaturas CONHEÇA NOSSO SISTEMA DE QUESTÕES! Estratégia Questões nasceu maior do que todos os concorrentes, com mais questões cadastradas e mais soluções por professores. Clique no link conheça! https://bit.ly/Sistemas-de-Questões Rodada 03 (Direitos Humanos, Direito Processual Penal e Estatística) Rodadas Avançadas Agente PC-DF www.estrategiaconcursos.com.br 1621356 05183440107 - Wagter Douglas Bezerra Calixto