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Constitucional II @piluladc Princípios Fundamentais I Princípios Fundamentais São os artigos iniciais do texto da CF 1º a 4º. É a estrutura, o alicerce, a base do Es- tado brasileiro. “Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indisso- lúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou direta- mente, nos termos desta Constituição.” Se referem aos fundamentos. Muitas vezes nos voltamos pra essa parte inicial da CF pra tentar extrair princípios que possam servir de funda- mento para a resolução de casos com- plexos/difíceis. O Art 4º tem essa finalidade quando se trata de relações internacionais das quais o Brasil faz parte. Esse pedaço tem muita incidência em prova de primeira fase, onde você não pode usar Vade Mecum, e cai o texto literal. República = forma de governo (FG) Federativa = forma de Estado (FE) Estado Democrático de Direito (EDD) = estrutura do ordenamento jurídico FG - Princípio Republicano Traz algumas características, expressa a ideia de igualdade formal, res pública, que é a coisa pública. O que deve im- perar entre os cidadãos dessa forma de governo é a igualdade. Diferente da Monarquia, há uma certa transitoriedade em quem ocupa o po- der. A partir de 1891, é republicana. Eletividade, eleição de seus represen- tantes. Representatividade, que diz que não existe a participação direta do povo ne- cessariamente, o povo não precisa opi- nar em cada lei, ele escolhe represen- tantes para isso. Responsabilidade civil é evidente (Art 37 par 6o) e objetiva. O respeito ao princípio republicano é muito importante e relevante, se houver ofensa a ele, podemos ter a decretação da intervenção federal - é chamado de princípio constitucional sensível, e to- das as suas alíneas a-e tem essa de- nominação porque uma vez violados acarretam a decretação da intervenção Constitucional II @piluladc federal. Por meio dessa decretação há uma restrição à autonomia dos estados e do DF. Princípio Republicano é cláusula pé- trea? As cláusulas pétreas expressas estão no Art 60, par 4o da CF, que tem 4 in- cisos. “§ 4º Não será objeto de delibe- ração a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, univer- sal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias indi- viduais.” Bem literais. Não tem o princípio repu- blicano como cláusula pétrea expressa, MAS além delas a doutrina costuma apontar as implícitas, inerentes ao pró- prio sistema constitucional. Há uma parte da doutrina que considera sim o princípio republicano como cláu- sula pétrea implícita, sobretudo depois do plebiscito gerado pelo art 2o do ADCT “Art. 2º No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de plebiscito, a forma (república ou mo- narquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presiden- cialismo) que devem vigorar no País.” Como o povo, que é o poder consti- tuinte originário, disse que não queria alterar a forma de governo, então não é pra alterar mais. Discutem que não é cláusula pétrea justamente porque o próprio consti- tuinte deixou essa opção. Até pode passar de volta pra monarquia, desde que o povo seja novamente consultado, e opte por retornar à monarquia. Sendo uma prova objetiva, o ideal é que responda que não é cláusula pétrea, mas não pode ser alterado por emenda constitucional por si só, apenas com consulta ao povo, como foi feito no plebiscito previsto na CF. FE - Federativa Adoção do princípio federativo, o que caracteriza é a autonomia dos entes fe- derados. União, Estados, DF e Municí- pios. União está no art 18 explicitamente como igualmente integrante da forma federativa adotada em 88. “Art. 18. A organização político- administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Es- tados, o Distrito Federal e os Municí- pios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.” União indissolúvel, não pode haver se- paração/secessão. Quem tentar se se- parar sofrerá intervenção federal. Art 34, inciso I. “Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: I - manter a integridade nacio- nal;” Forma federativa de Estado É cláusula pétrea, está especificada no Art. 60. Não dá pra mudar pra confederados ou unitários. Nota - Ver depois: Teoria da responsa- bilidade do Estado, rei nunca erra. Constitucional II @piluladc “A dita responsabilidade civil do Es- tado, ou da Administração Pública, é a obrigação que ele tem de reparar os danos causados a terceiros em face de comportamento imputável aos seus agentes.” “O fundamento para a teoria da irres- ponsabilidade civil estatal era simples: como o Estado e o monarca represen- tam a mesma pessoa e, partindo do pressuposto que o monarca não erra, seria inconcebível atribuir responsabili- dade ao Estado.” Princípio da Constitucionalidade Os cidadãos e os poderes estatais de- vem se pautar pelos princípios da constituição, que é a lei fundamental, sob pena de invalidade. Outra característica do EDD - sistema de proteção de direitos fundamentais. Temos um sistema de direitos funda- mentais quando abrimos o Título II da CF - Direitos e Garantias Fundamen- tais, que vem depois da fundamentação da Constituição, do Art 5º ao 17. Do EDD resulta como corolário/deriva- ção o princípio da legalidade da admi- nistração - ela só deve atuar nos limites da lei. Este é o princípio pelo qual se obriga a administração pública a se pautar pelos limites da lei. Art 37 caput - moralidade, publicidade e eficiência. “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Pode- res da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impesso- alidade, moralidade, publicidade e efi- ciência e, também, ao seguinte:” Ainda que não tivéssemos de maneira expressa o princípio da legalidade, pelo princípio democrático adotado pela CF vigente, teríamos como derivado o princípio da legalidade da administra- ção pública. Direito administrativo trata disso. Cumprimento da Lei como um todo. Princípio da Segurança Jurídica Quarta característica do EDD é a ado- ção do princípio da segurança jurídica. Deriva do princípio do EDD, ela é a cer- teza do direito e proibição do arbítrio (estatal). Prescrição é um exemplo disso, pra evitar a eternização da ação da pessoa. Isso é próprio da segurança jurídica. Na LINDB, ato jurídico perfeito, direito adquirido e coisa julgada são institu- tos/fenômenos derivados da segurança jurídica. É uma amostra da segurança jurídica, é por isso que precisam ser respeitados pela lei. No Art 5o inciso XXXVI, aparecem estes três institutos explicitados. “XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;” A prescrição significa que o poder de punir do Estado demorou, manteve uma inércia longeva. Princípio da proteção jurídica e das garantias processuais Quinta característica do EDD. O EDD no âmbito das ações judiciais deve ser cumprido com respeito às garantias processuais, como o devido processo legal, o princípio do contraditório, am- pla defesa, inadmissibilidade da utiliza- ção de provas ilegais, etc. Constitucional II @piluladc Por meio da CF de88, adotamos no or- denamento jurídico brasileiro a demo- cracia semidireta ou participativa. Por meio do princípio democrático, não exercemos as deliberações de maneira direta, escolhemos nossos represen- tantes para votar as leis. Muito comum a doutrina falar que na CF de 88, além de termos adotado o prin- cípio do EDD, adotamos o modelo de estado democrático E SOCIAL de di- reito. Estado social é aquele que exige pres- tações por parte do Estado. O particular pressupunha no estado li- beral uma inércia no poder, a liberdade sem interferências por parte do estado, que é absenteísta, se omite, não faz, e no estado social a ideia fundamental é justamente a prestação estatal. Temos inúmeras políticas públicas de- terminadas na CF, portanto exigindo prestações por meio do Estado, como o direito à saúde - direito de todos e DEVER do Estado -, então se discute que se trata de estado social, muitas vezes contra os direitos individuais, como, por exemplo, com a pandemia do CoVID-19, em que o estado pode determinar uso de máscaras, pode de- terminar fechamento de estabeleci- mentos, e possibilita o auxílio emergen- cial. Os fundamentos são os 5 incisos. Soberania Brasil tem independência na ordem in- ternacional, não podemos ou não de- vemos ter uma ingerência externa, e no âmbito interno também tem a suprema- cia do Brasil. No caso de um tratado internacional, o Brasil se compromete a cumprir esse tratado, mas isso não significa que há uma diminuição nesse princípio, porque o Brasil, dentro da sua independência, ESCOLHEU celebrar esse tratado. Não existe uma obrigatoriedade. Cidadania 4 tópicos. Relevância no estudo dos di- reitos políticos, ativa e passiva. Por ci- dadania aqui entendemos que o cida- dão do brasil é o nacional - Art 12 CF, quem é brasileiro nato, naturalizado - e eleitor - devidamente cadastrado pe- rante a justiça eleitoral, com o seu título de eleitor. A cidadania é ativa e é passiva, falamos da capacidade eleitoral dos dois tipos. Ativa é o direito de votar, e a passiva é o direito de ser votado. Entre 16 e 18 anos pode votar, não é obrigatório, mas se quiser pode votar, mas não pode ser votada. Com 18 anos, você passa a poder ser votado, pode concorrer a vereador. Para pre- feito ou deputado é 21, pra presidente e senador é 35 anos. Então, na ver- dade, aos 18 é uma capacidade passiva parcial. Vários direitos vinculados à cidadania, instrumentos/direitos de participação nos negócios do estado. Os cidadãos também têm deveres, como por exem- plo o dever de votar, entre 18 e 70 anos, Art 14 par I. - Jurisprudência do Su- premo sobre essas modalidades: "Além das modalidades explíci- tas, mas espasmódicas, de democracia direta – o plebiscito, o referendo e a Constitucional II @piluladc iniciativa popular (art. 14), – a Consti- tuição da Repu ́blica aventa oportunida- des tópicas de participac ̧ão popular na administrac ̧ão pu ́blica (v.g, art. 5o, XXXVIII e LXXIII; art. 29, XII e XIII; art. 37, § 3o; art. 74, § 2o; art. 187; art. 194, parágrafo u ́nico, VII; art. 204, II; art. 206, VI; art. 224)" (STF, ADI 244, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 11-9- 2002, Plenário, DJ de 31-10- 2002.)” V.g. verbo agracia - ou seja, por exem- plo. • Tribunal do júri, • Ação popular, • Organização do município e par- ticipação de associações, • Possibilidade de apresentação pelo povo de projeto de lei no âmbito municipal, • Gestão democrática de serviço público, • Apresentar denúncia ao tribunal de contas quanto à alguma irre- gularidade, • Várias outras São algumas das participações do povo nos negócios do estado. Não é um rol exaustivo, tem outros dispositivos, mas são exemplos importantes. A ideia é de exercício da cidadania. Valor social do trabalho Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa - ou seja, adotamos no Es- tado uma economia capitalista. Nos leva para um estado social, ou seja, que tem obrigações de fazer, obrigações prestacionais. Apesar de ser uma economia capitalista, o estado tem obrigações com a sua população, como por exemplo garantir acesso ao trabalho. Em prova: normalmente aparece de forma literal na primeira fase de algum concurso. Se uma interpretação for contra o in- ciso III do art 1º, contra a dignidade da pessoa humana, ela não poderá ser considerada. Se for um valor econômico, isso tam- bém vale, é necessário existir um equi- líbrio entre os valores do trabalho e da livre iniciativa e o princípio da dignidade humana. “III - a dignidade da pessoa hu- mana;” Baixa densidade normativa por ser uma norma muito subjetiva. É necessária a análise do caso concreto. 5 Possíveis conceitos da dignidade da pessoa humana: 1- Respeito ao outro - não é algo individual e que se relaciona com a autodeterminação. 2- Questão de violação física ou moral, direito à imagem, etc. O respeito à integridade moral também compõe uma das defi- nições possíveis. 3- Respeito à autonomia da von- tade. Autodeterminação, por exemplo, no credo religioso, ou ausência deste. Orientação se- xual também. Se um terceiro desrespeitar a autonomia da vontade, isso pode levar à even- tual reparação de dano, inclu- sive moral. 4- Não-coisificação do ser hu- mano. O homem não é uma coisa, é um fim em si mesmo - Kant. Constitucional II @piluladc 5- Respeito ao mínimo existencial. NC de eficácia jurídica limitada. Vários exemplos de casos concretos. Está dentro do núcleo existencial do constitucionalismo moderno. Para al- guns é um sobreprincípio - acima de todos os outros princípios. É um prin- cípio em permanente discussão e de- senvolvimento. Profa. Ana Paula de Barcellos – diz que os direitos que compõem o núcleo do mínimo vital: Saúde básica, educação fundamental, assistência social e acesso à justiça. Nessas situações, para ela, esses direitos devem prevale- cer sobre a reserva do possível. Como é um conceito em permanente construção, pode ser que daqui um tempo haverá a obrigação da inclusão cibernética - pra quem não tiver condi- ções de ter um plano de internet, por- que essa pessoa vai ficar fora do mundo. Temos já documentos digitais, como CHN, CPF, Certificados digitais na profissão, etc. O mínimo existencial tem também a ver com o que é necessário para poder fa- zer valer os seus direitos.
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