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CADERNO DIR MATERIAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL 2 FASE-convertido-2

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1 
 
 
CADERNO DE DIREITO 
MATERIAL DE DIREITO 
CONSTITUCIONAL – OAB 
2º FASE 
MYLLENA LAUDICEIA SILVA ANDRADE 
2019 
2 
 
APRESENTAÇÃO 
Olá constitucionalistas! Tenho certeza que tomaram a melhor decisão ao 
escolherem Direito Constitucional como matéria da 2º fase. Direito Constitucional é só 
amor kkkk. Brincadeiras à parte, a matéria realmente é muito boa, não tem grandes 
complicações e com a legislação à mão tudo fica mais tranquilo. 
O caderno está totalmente baseado as aulas de Flávia Bahia. Então se você não 
consegue escrever rápido para acompanhar as aulas, ou já quer ter todo o material pronto 
na hora de acompanhar as aulas esse material é ideal. 
Além disso, é muito válido para as pessoas que não estão fazendo aulas de 
cursinho, ou esteja fazendo outro curso diferente e quer um material já pronto. 
Qualquer dúvida você pode entrar em contato comigo pelo instagram 
@cantinhodosoabeiros , ou pelo meu pessoal @myllenaandrade. 
Enfim, espero que ele te ajude muito nos seus estudos e que a aprovação venha! 
Beijos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
SUMÁRIO 
ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL .................................................................................. 4 
CONCEPÇÕES/SENTIDOS SOBRE A CONSTITUIÇÃO ................................................................... 5 
ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO ..................................................................................................... 6 
EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITTUCIONAIS ........................................ 7 
CLASSIFICAÇÃO/TIPOLOGIA DAS CONSTITUIÇÕES ................................................................... 9 
FENÔMENOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL INTERTEMPORAL .......................................... 13 
PODER CONSTIUINTE ....................................................................................................................... 16 
HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL ............................................................................................ 23 
MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL ........................................................................................................ 26 
HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS ....................................................................... 27 
NEOCONSTITUCIONALISMO ........................................................................................................... 29 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS ......................................................................................................... 29 
DIMENSÕES OU GERAÇÕES DE DIREITOS FUNDAMENTAIS .................................................. 32 
EFICÁCIA VERTICAL E HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS .............................. 33 
CONSTITUCIONALIZAÇÃO FORMAL DOS TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS ............... 34 
SUPRALEGALIDADE DOS TRATADOS SOBRE DIREITOS HUMANOS .................................... 35 
INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA PARA A JUSTIÇA FEDERAL ............ 36 
ART. 5º, CF/88 ...................................................................................................................................... 37 
VISÃO GERAL DOS REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS .................................................................. 42 
ALGUNS ASPECTOS SOBRE A LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO - LAI (Lei 12.527/2011) .... 45 
NACIONALIDADE .............................................................................................................................. 46 
DIREITOS POLÍTICOS ........................................................................................................................ 51 
PARTIDOS POLÍTICOS ....................................................................................................................... 56 
DIREITOS SOCIAIS ............................................................................................................................. 57 
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO ........................................................................................................... 59 
ORGANIZAÇÃO DE PODERES ......................................................................................................... 67 
PODER LEGISLATIVO ....................................................................................................................... 68 
FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL E ORÇAMENTÁRIA ......................................................................... 73 
ESTATUTO DOS CONGRESSISTAS ................................................................................................. 75 
PROCESSO LEGISLATIVO ................................................................................................................ 80 
PODER EXECUTIVO ........................................................................................................................... 95 
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE .................................................................................. 105 
PODER JUDICIÁRIO ......................................................................................................................... 113 
 
4 
 
 
ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
 
- PREÂMBULO 
- CORPO FIXO (PARTE DOGMÁTICA) 
- ADCT 
 
Preâmbulo: 
• NÃO possui normatividade! 
• NÃO é norma constitucional; 
• Tendo em vista que não é norma jurídica, NÃO serve como parâmetro de 
constitucionalidade das leis; 
• NÃO é de observância obrigatória nas Constituições Estaduais; 
• Utilizada de maneira INTERPRETATIVA; 
• A falta de preâmbulo nas Constituições Estaduais NÃO gera 
inconstitucionalidade por omissão; 
• Princípio da Laicidade: A menção à Deus não deve ser entendida como orientação 
religiosa. O estado brasileiro é LAICO (não há religião específica), o que também 
não significo que está alheio à religião, já que em várias passagens do texto 
constitucional demonstra-se o sentimento religioso. Ex.: art. 5ª, VI a VIII, CF/88 
(liberdade religiosa, escusa de consciência...). 
ADCT - Atos das Disposições Constitucionais Transitórias: 
• Sua finalidade é tratar assuntos de direito intertemporal. 
• Foram criadas para regulamentarem situações específicas, portanto, ao 
cumprirem a finalidade para a qual foram criadas, a eficácia de tais regras restará 
esgotada ou exaurida. 
• Natureza de normas de passagem; 
 
 
Normas Constitucionais = Normas do Corpo fixo + ADCT 
 
Estas servem como PARÂMETRO DE CONSTITUCIONALIDADES DAS LEIS 
Obs.: NÃO há hierarquia entre as normas do corpo fixo e as do ADCT! Caso haja conflito 
entre elas, a resolução se dará por meio da NORMA MAIS ESPECÍFICA, seja do corpo 
fixo ou do ADCT. 
As Normas Constitucionais subdividem-se em: 
5 
 
* Normas Constitucionais Originárias 
✓ Nasceram junto com a Constituição de 1988 
✓ Gozam de PRESUNÇÃO ABSOLUTA DE 
CONSTITUCIONALIDADE, portanto NÃO podem ser declaradas 
inconstitucionais! (ADI 815) 
*Normas Constitucionais Derivadas 
✓ Oriundas de Emendas Constitucionais; 
✓ Gozam de PRESUNÇÃO RELATIVA DE 
CONSTITUCIONALIDADE, uma vez que precisam respeitar os 
limites do art. 60 da CF/88; 
✓ Nascem produzindo efeitos jurídico, mas podem ser declaradas 
inconstitucionais. 
Obs.: Tendo em vista que as normas constitucionais derivadas, é possível que haja 
NORMA CONSTITUCIONAL INCONSTITUCIONAL, reitere-se, desde que seja 
norma constitucional derivada. 
 
CONCEPÇÕES/SENTIDOS SOBRE A CONSTITUIÇÃO 
 
OBS.: O STF adota múltiplas concepções, portanto não há “a concepção correta”. 
 
SENTIDO SOCIOLÓGICO 
• Ferdinand Lassale; 
• Parte da premissa de que a Constituição é uma soma dos fatores reais do poder, 
sob pena de não passar de uma mera folha de papel; 
• A Constituição é FATO, ela precisa representar a histórica, a política, a cultura... 
• Reflexo das relações sociais de poder, das questões socioeconômicas, das forças 
políticas que regem a sociedade.SENTIDO POLÍTICO 
• Carl Schmitt; 
• A Constituição é VALOR; 
• Aquilo que representa DECISÃO POLÍTICA FUNDAMENTAL é Constituição, 
ou seja, precisa representar as normas materialmente constitucionais; 
• Decisão política fundamental é conjunto de normas da Constituição que 
representam: a forma de estado, forma de governo, sistema de governo, sistema 
de separação dos poderes... São as normas que exprimes os princípios 
fundamentais e estruturais do Estado. 
6 
 
• Tudo aquilo que não fosse Decisão política Fundamental não seria considerado 
Constituição, mas sim LEI CONSTITUCIONAL, a qual apesar de integrar o texto 
constitucional, seriam dispensáveis, uma vez que não representam a Decisão 
Política Fundamental; 
• Norma Constitucional X Lei Constitucional 
 
Constituição Material X Constituição Formal 
 
Norma Constitucional/Constituição Material: normas essencialmente 
constitucionais, que representam a Decisão Política Fundamental. 
 
Lei Constitucional/ Constituição Formal:, são apenas formalmente constitucionais 
pois não representam a decisão política fundamental. 
 
Obs.: A CF/88 NÃO faz essa separação entre constituição material e formal. Tudo 
que está na CF/88 possui valor de Constituição. 
SENTIDO JURÍDICO- NORMATIVO 
 
• Hans Kelsen; 
• A Constituição é uma norma superior de observância obrigatória que fundamenta 
e dá validade a todo o restante do ordemento jurídico; 
• Nessa concepção prestigia-se a NORMA PURA, desapegada de qualquer questão 
sociológica, filosófica, histórica... É prestigiada a FORMA, o PROCESSO DE 
CRIAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO; 
Dentro desta concepção, foi desenvolvido 2 sentidos para a Constituição: 
• Lógico – Jurídico: Norma Fundamental Hipotética. Não é posta, mas 
SUPOSTA, que positiva apenas o “comando para obedecer a Constituição”; 
• Jurídico- Positivo: Norma Positiva Suprema. Elaborada por meio de um 
processo especial que só pode ser alterada de forma diferenciada. Está no topo 
do ordenamento jurídico, e é dela que as demais leis produzidas retiram o seu 
fundamento de validade. 
 
 
ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO 
 
São grupos de características distintas entre as normas constitucionais, o que 
NÃO significa que demonstram nenhuma hierarquia entre elas! 
 
❖ Elementos Orgânicos/ Organizacionais 
Representam a estrutura principal de características do nosso Estado. 
7 
 
Exs.: Titulo I (Princípios Fundamentais, forma de governo, forma de estado), Titulo III 
(Organização do Estado), Título IV (Organização de Poderes). 
❖ Elementos Limitativos 
São formados pelos direitos fundamentais que limitam a atuação do Estado. 
Ex.: Titulo II (Direitos e Garantias Fundamentais) – com exceção do cap. 2 que trata 
dos Dir. Sociais. 
❖ Elementos Socioideológicos 
São formados pelos direitos sociais. É o compromisso do Estado com a justiça social, 
com a a redução das desigualdades. 
Ex.: Direitos Sociais (cap. 2 do Título II), Título VII (Da Ordem Econômica), Título 
VIII (Da Ordem Social). 
❖ Elementos de Estabilização Constitucional 
São aqueles que visam defender a Constituição Brasileira e o Estado 
Exs.: art.60 (emendas constitucionais) art. 102 (ADI), art. 136 a 141 (estado de defesa, 
estado de sítio 
❖ Elementos Formais de Aplicabilidade 
São normas que estabelecem a forma de aplicação dos dispositivos. 
Ex.: art. 5º, §1º da CF/88 (aplicação imediata) 
 
EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS NORMAS 
CONSTITTUCIONAIS 
 
• Classificação de José Afonso da Silva; 
• NÃO se trata de relação hierárquica de normas, uma vez que TODAS servem 
como fundamento de validade de todas as demais normas produzidas no país, 
mas sim de diferenças no que tange à PRODUÇÃO DE SEUS EFEITOS 
JURÍDICOS. 
As normas constitucionais são classificadas do seguinte modo: 
 
 
 
 
 
 
8 
 
NORMAS DE EFICÁCIA PLENA 
NORMAS DE EFICÁCIA CONTIDA 
NORMAS DE EFICÁCIA LIMITADA 
➢ Programáticas 
➢ Princípio Institutivo 
 
 
Normas de Eficácia Plena e Normas de Eficácia Contida 
➢ Ambas são autoaplicáveis, pois produzem seus efeitos jurídicos desde a sua 
entrada em vigor; 
➢ Incidência DIRETA: NÃO dependem de atuação legislativa/administrativa do 
Poder Público, ou seja, ELAS SE BASTAM! 
➢ Incidência IMEDIATA: NÃO há lapso temporal entre a entrada em vigor dessas 
normas e a efetiva produção dos seus efeitos; 
➢ NÃO precisam de ADO e mandado de injunção pra que possam produzir os seus 
efeitos. 
DIFERENÇA ENTRE ELAS: 
As normas de eficácia plena possuem INCIDÊNCIA INTEGRAL, isto é, tais 
normas NÃO PODEM SOFRER RESTRIÇÃO no plano infraconstitucional. 
Ex.: separação de poderes – não há precisão de restrição infraconstitucional com 
relação a essa norma; art. 5º, III, CF/88 – essas normas se bastam e não há 
possibilidade de restrição; remédios constitucionais. 
Já, a norma constitucional de eficácia contida, prevê em sua redação, a possibilidade 
de restrição. É norma autoaplicável que PODE SOFRER RESTRIÇÃO. Portanto, ela 
se diferencia das normas de eficácia plena nesse ponto. Reitere-se que a norma contida 
não precisa de atuação do Poder Público para que possa produzir seus efeitos, é tão 
autoaplicável quanto a norma de eficácia plena, porém pode sofrer condicionamentos 
pelo Poder Público. Esse condicionamento poder ser feito por lei, atos administrativos 
ou até mesmo por outra norma constitucional. 
Ex.: art. 5º, III, CF/88 (liberdade profissional, atendidas as qualificações que a lei 
exigir) que é o caso do exame da OAB; art. 93, IX, CF/88 (publicidade das audiências, 
que podem ser restringidas pelo sigilo). 
 
 
 
Normas de Eficácia Limitada 
9 
 
➢ São mais dependentes, pois NECESSITAM DE ATUAÇÃO FUTURA DO 
PODER PÚBLICO (legislativa ou administrativa) para que possam produzir 
os seus efeitos jurídicos máximos; 
➢ Incidência INDIRETA, MEDIATA E NÃO INTEGRAL; 
➢ Mandado de Injunção e ADO possuem como objetivo defender a efetividade 
de normas de eficácia limitada. 
Dividem- se em: 
 Programática: estabelecem METAS, PROGRAMAS, DIRETRIZES que devem 
ser cumpridos pelo Poder Público. Normalmente tem um viés social. 
Ex.: saúde (art.196) – direito de todos que deve ser prestado mediante políticas de 
integração dos governos. 
Princípio Institutivo (Organizatórias): Criam órgãos, funções, institutos, serviços 
que dependem de lei para se tornar realidade. 
ex.: criação da Justiça do Trabalho (art. 112 e 113 da CF/88); criação da 
Defensoria Pública (art. 134, § 1º da CF/88) 
ATENÇÃO! Apesar das normas de eficácia limitada serem mais dependentes da 
atuação do Poder Público, é incorreto dizer que elas não produzem efeitos 
jurídicos. TODAS AS NORMAS CONSTITUCIONAIS PRODUZEM EFEITOS 
JURÍDICOS, o que pode variar é o grau efeitos (as normas de ef. plena produzem 
grau máximo de efeitos jurídicos). 
TODAS, as normas constitucionais estão aptas a produzir 3 efeitos, no mínimo, é 
a EFICÁCIA NEGATIVA: 
o Todas servem como PARÂMETRO DE CONSTROLE DE 
CONSTITUCIONALIDADE; 
o TODAS servem como PARÂMETRO DE RECEPÇÃO OU NÃO-
RECEPÇÃO das normas anteriores à CF/88; 
o Todas servem como FONTE DE INTERPRETAÇÃO. 
 
CLASSIFICAÇÃO/TIPOLOGIA DAS CONSTITUIÇÕES 
 
➢ QUANTO À SUA ORIGEM 
 
Promulgadas: São as democráticas, populares. Elaboradas por uma Assembleia 
Nacional Constituinte, composta por representantes do povo. 
 
Exs.: CF´s de 1891, 1934, 1946, 1988. 
 
Outorgadas: São as ditatoriais, isto é, impostas por ato unilateral do 
governante. 
10 
 
 
Exs.: Carta do Império de 1824, CF´s 1937 (polaca), 1967, EC 1/1969. 
 
Pactuadas/ Dualistas/Convencionadas: Elaboradas a partir de um pacto entre o 
soberano e seus súditos. 
 
Ex.: Carta Magna de 1215 
 
Cesarista/Bonaportista: Nasce de uma outorga mas passa pelo crivo popular 
(plebiscito/referendo) para dar certa legitimidade ao texto e contornos populares. 
 
➢ QUANTO À FORMA 
 
Escritas: Codificadas/sistematizadas em um documento intitulado“Constituição”. 
 
Ex.: CF de 1988 
 
Não-Escritas: Ela não é codificada, é constituída de documentos esparsos. 
Alguns países admitem traduções, costumes, leis esparsas... 
 
Ex.: Constituição Inglesa 
 
➢ QUANTO À EXTENSÃO 
 
Analítica: Sãos as constituições muito extensas, que falam sobre múltiplos 
assuntos. 
 
Ex.: CF de 1988 
 
Sintéticas: Concisas, reduzidas, enxutas, que discorrem apenas sobre os 
princípios estruturais do Estado. 
 
Ex.: Constituição dos EUA 
 
➢ QUANTO AO CONTEÚDO 
Material: Só será reconhecido como Constituição aquilo que dispuser sobre 
assunto materialmente constitucional. Normalmente são Constituições não-
escritas. 
 
Ex.: Constituição de 1824 
 
Formal: Adotada por Constituições que não fazem separação entre o conteúdo 
das suas normas. Todas as suas normas inseridas no texto escrito constitucional 
11 
 
são consideradas normas constitucionais. Normalmente são Constituições 
escritas. 
 
Ex.: CF de 1988 
 
➢ QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO 
 
Dogmáticas/Sistemáticas: Representam os dogmas existentes à época de sua 
elaboração. Mudam com as mudanças que o Estado sofre, são momentâneas, 
atuais. Refletem o máximo de ideiais políticos predominantes no momento de 
sua elaboração. São Constituições escritas. 
 
Ex.: CF de 1988 
 
Histórica: Reconhece toda a vivência do Estado, as suas tradições as suas leis 
esparsas... ou seja, ela possui compromisso com o TODO. Normalmente são 
mais estáveis e não escritas. 
 
Ex.: Constituição Inglesa. 
 
➢ QUANTO À SUA ALTERABILIDADE 
 
Flexíveis: Podem ser alteradas pelo mesmo procedimento das leis comuns. 
 
Semirrígida: Parte do texto constitucional só pode ser alterado por um processo 
mais rígido e as demais normas podem ser alteradas pelo mesmo processo das 
leis comuns. Adota um modelo misto de alteração. 
 
Ex.: Carta do Império de 1824 
 
Fixa: Só pode ser alterada pelo mesmo poder que criou a Constituição. 
 
Rígida: A Constituição só pode ser alterada por um procedimento mais 
dificultoso do que o existente para as demais normas jurídicas. 
 
Ex.: CF de 1988 
 
Super-Rígida: Há autores minoritários (Alexandre de Moraes) que defendem 
que a Constituição de 1988 não seria apenas rígida, mas super-rígida, tendo em 
vista as cláusulas pétreas, que tornam processo ainda mais dificultoso que o já 
existente. 
 
Imutável: Não são passíveis de qualquer modificação. 
 
➢ QUANTO À FINALIDADE 
12 
 
 
Dirigentes/Programáticas: Em regra são analíticas. Determinam atuação 
positiva por parte do Estado na concretização das políticas públicas, cria 
programas, metas, diretrizes... Sofrem com a inefetividade, já que o Poder Público 
nem sempre corresponde com a sua vontade. 
 
Ex.: CF de 1988 
 
Garantias/Negativas/Liberais: Cuidam apenas daquelas normas que não 
poderiam deixar de estar expressas numa Constituição. Deixam as políticas 
sociais para os poderes constituídos. Visam limitar e legitimar a atuação do Estado 
e trazem apenas a estrutura principal do país. Normalmente são sintéticas. 
 
➢ QUANTO À IDEOLOGIA 
 
Ortodoxas: Possuem apenas uma linha de pensamento. Não comportam muitas 
ideologias. 
 
Ex.: Constituição da China de 1982 
 
Ecléticas: Adota inúmeras ideologias, heterogênea. 
 
Ex.: CF de 1988 
 
➢ QUANTO À CORRESPONDÊNCIA OU NÃO COM A REALIDADE 
(CRITÉRIO ONTOLÓGICO) 
 
Normativas: É aquela que foi feita para regular um país e efetivamente conseguiu 
regular as principais questões. Há uma correspondência harmônica entre o que diz 
a Constituição e o que é vivenciado. 
 
Nominativas: A Constituição não conseguiu efetivamente regular a vida política 
do Estado. Existe uma “ponte” entre o que diz a Constituição e o que vive o 
Estado. 
 
Ex.: CF de 1988 
 
Semântica: Não possui compromisso com a realidade do país, não foi criada para 
corresponder aos anseios do país, mas sim para dar legitimidade formal aos atuais 
detentores do poder. 
 
➢ QUANTO AO LOCAL DE DECRETAÇÃO 
 
Autoconstituição: Elaborada dentro do próprio Estado que irá reger. 
13 
 
 Ex.: CF de 1988 
 
Heteroconstituição: Se origina em Estado diferente do qual irá reger. 
Ex.: Constituição Cipriota 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FENÔMENOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
INTERTEMPORAL 
 
➢ Revogação Global 
 
o Com a chegada de uma nova Constituição, a Constituição anterior pode ser 
completamente revogada. 
o Trata-se de normas de mesma hierarquia, e, portanto lei nova revoga lei anterior. 
o A revogação pode ser tácita ou expressa; 
o Este fenômeno também pode acontecer entre Constituições estaduais. 
 
➢ Desconstitucionalização 
 
o A nova Constituição mantém parte da constituição anterior sob a forma de lei 
ordinária; 
CLASSIFICAÇÃO DA CF/88 
AUTOCONSTITUIÇÃO 
NOMINATIVA 
ECLÉTICA 
DIRIGENTE 
RÍGIDA 
DOGMÁTICA 
FORMAL 
ESCRITA 
PROMULGADA 
 
14 
 
o Fenômeno EXPRESSO, isto é, é preciso que haja disposição constitucional 
expressa; 
o Pode acontecer no âmbito de constituições estaduais. 
 
➢ Vacatio Constitutionis ´ 
 
o Período de tempo entre a publicação da nova Constuição e sua entrada em vigor; 
o Via de regra não ocorre no nosso país, mas aconteceu com a Const. de 1967; 
o As normas infraconstitucionais criadas nesse período que contrariem as normas 
constitucionais já existentes (const. antiga) serão inválidas, ainda que em 
conformidade com a nova Constituição já promulgada, mas que ainda não está 
em vigor. 
Porém, se essas normas infraconstitucionais forem compatíveis com as normas 
constitucionais pré-existentes, bem como com a nova Constituição, agora em 
vigor, tais leis serão recepcionadas. Não sendo compatíveis com a nova 
Constituição, serão não-recepcionadas, o que gera a sua revogação. 
 
➢ Teoria da Recepção e Não-Recepção 
 
o São fenômenos que acontecem entre a Constituição nova e a legislação 
infraconstitucional anterior a ela. 
o Normas infraconstitucionais anteriores à nova Constituição, compatíveis 
MATERIALMENTE com a nova Constituição serão recepcionadas e 
continuarão a produzir seus efeitos. 
Insta salientar, que tais normas infraconstitucionais devem ser válidas em 
face da Constituição em que foram elaboradas (princípio da 
contemporaneidade), caso contrário serão consideradas nulas e não poderão ser 
recepcionadas ainda quem em conformidade com o novo texto constitucional. 
o Recepção/Não-Recepção são fenômenos MATERIAIS (se preocupa com a 
matéria, conteúdo) E AUTOMÁTICOS (não precisam que a Const. disponha 
expressamente que a norma foi recepcionada ou não)! 
o A Não-Recepção se opera quando uma norma infraconstitucional anterior a nova 
Constituição é INCOMPATÍVEL MATERIALMENTE com esta última. Enseja 
REVOGAÇÃO e não declaração de inconstitucionalidade. 
 
NÃO - RECEPÇÃO REVOGAÇÃO 
 
o Ressalte-se ainda que as normas infraconstitucionais anteriores NÃO podem 
ser declaradas inconstitucionais em face da Constituição em vigor, uma vez 
que elas retiraram seu fundamento jurídico de validade em outra Constituição. 
Assim, o Brasil não adota a teoria da inconstitucionalidade superveniente. 
 
o Os fenômenos da Recepção/Não-Recepção NÃO preocupa-se com FORMA, 
apenas com o conteúdo material. 
 
15 
 
Ex1.: CP e CPP são decretos-leis, que não existem mais, o que não impediu que 
estas leis fossem recepcionadas, as mesmas foram recepcionadas sob a forma de 
lei ordinária. Registre-se que, sob a égide da CF/88, suas alterações já se deram 
por lei ordinária, forma determinada pelo novo texto constitucional. 
 
 
Ex2.: O CTN foi produzido sob a forma de lei ordinária, no entanto a CF/88 exige 
que seja por lei complementar. Em que pese a incompatibilidade formal 
relacionada as espécies legislativas, isso não impediu que o CTN fosse 
recepcionado naquilo que fosse compatível com o texto constitucional. E assim, 
ele recepcionado foi sob a forma de lei complementar. Registre-se que,sob a égide 
da CF/88, suas alterações já se deram por lei complementar, forma determinada 
pelo novo texto constitucional. 
 
o O parâmetro de recepção/não-recepção não se esgota com a Constituição 
originária, ele vai seguindo de acordo com as alterações que o texto constitucional 
vai sofrendo ao longo dos anos. 
Supondo que uma norma produzida pós 1988, seja incompatível/compatível 
materialmente com uma emenda constitucional posterior a referida, não que se 
falar em inconstitucionalidade/constitucionalidade, mas sim nos institutos da 
recepção/não-recepção. Lembre-se o Brasil não adora a tese da 
inconstitucionalidade superveniente! 
Portanto, toda vez que a Constituição for emendada surge um novo parâmetro de 
recepção/não-recepção. 
 Obs.: É por meio de ADPF e pelo controle difuso que se discute se norma 
infraconstitucional pré-constitucional foi recepcionada ou não-recepcionada. 
 
➢ Repristinação 
 
o Fenômeno em que a norma revogada (lei 1) restaurará seus efeitos jurídicos, tendo 
em vista que a lei revogadora (lei 2) foi revogada por uma outra lei (lei 3). 
o Via de regra isso não ocorre, apenas de forma EXPRESSA. 
 
 
Repristinação 
 
 
 Efeito Repristinatório (estudado em controle de constitucionalidade) 
 
 
16 
 
PODER CONSTIUINTE 
 
Poder responsável: 
• pela criação de uma nova Constituição; 
• pela legitimação das alterações que ela receberá; 
• pela criação das Constituições estaduais e suas alterações (estados 
federativos). 
 
- Natureza Jurídica do Poder Constituinte Originário (poder responsável pela criação de 
uma nova Constituição). 
Sobre isso, existem duas teorias: 
1. Positivistas: É um poder de fato. Poder que se legitima no seu 
próprio processo de criação e que não há nenhum alicerce prévio 
efetivo, seja em direito natural ou em direito positivo anterior. 
 
2. Jusnaturalistas: O Poder Constituinte é poder de direito natural, ou 
seja, há valores que são superiores às leis escritas que o poder const. 
não poderá desrespeitar. 
 
Obs.: Não há teoria que se sobreponha a outra. 
 
- Titularidade/Exercício 
Titular do Poder Constituinte: POVO 
 Exercício: 
 
 Forma Direta: ação popular, plebiscito, referendo. 
 Forma Indireta: Representantes eleitos 
 
Obs.: As Constituições frutos de outorga continuam sendo manifestação do poder 
constituinte originário. 
 
 
 
 
 
17 
 
Espécies: 
❖ Poder Constituinte Originário 
 
❖ Poder Constituinte Derivado 
*Reformador 
*Decorrente 
❖ Poder Constituinte Difuso 
 
❖ Poder Constituinte Supranacional 
 
Poder Constituinte Originário (1º grau): 
o Poder criador; 
o Poder que elabora uma nova Constituição; 
o Inicial, pois é responsável por iniciar um novo ordenamento jurídico, uma nova 
Constituição; 
o Incondicionado, pois não há forma pré-determinada para a sua manifestação; 
o Ilimitado, em relação ao direito positivo anterior. Porém, CUIDADO, pois os 
jusnaturalistas entendem que tal poder enfrenta limites no direito natural 
(valores de igualdade, liberdade, vida). 
o Permanente, uma vez que não se esgota com a criação de uma nova 
Constituição, podendo manifestar-se novamente. É como se permanecesse 
latende para se manifestar diante de uma situação de ruptura que enseje uma 
nova Constituição. 
 
Poder Constituinte Derivado (2º grau): 
o Na verdade, é um poder constituído/instituído, vez que já existe com base 
numa Constituição; 
 
P.C.D. Reformador : relacionado às emendas constitucionais (art. 60); 
P.C.D. Decorrente (manifestação típica dos estados federativos): Criação das 
Constituições Estaduais e suas respectivas emendas; 
 
o Subordinado, pois as suas manifestações (reformadora e decorrente) encontram 
fundamento de validade na Constituição Federal e devem respeitá-la, sob pena 
de declaração de inconstitucionalidade; 
o Condicionado, pois ele está condicionado à forma pré-estabelecida na 
Constituição; 
18 
 
o Limitado, uma vez que a CF/88 limita materialmente a alteração do seu 
conteúdo – cláusulas pétreas. 
 
Obs.: ENTEDIMENTO MAJORITÁRIO: Não há direito adquirido em face de 
uma nova Constituição, uma vez que a Constituição originária goza de liberdade 
jurídica. Porém, salienta-se que existem entendimentos que versam que as emendas 
constitucionais/como normas infraconstitucionais não podem violar direitos 
adquiridos com o tempo em nome da seguração jurídica. 
 
✓ Poder Constituinte Derivado Decorrente 
É o que permite, nos Estados federativos, a auto-organização dos Estados-membros 
na forma dos arts. 25 da CF/88 e 11 do ADCT. Frise-se que essa manifestação de poder 
é peculiar aos Estados federativos diante da autonomia dos entes que os compõem, não 
existindo, em regra geral, nos Estados unitários, que não possuem Constituições 
Estaduais. 
 
Obs.: Levando em consideração que no Brasil, o DF e os Municípios também fazem 
parte da federação, a Lei Orgânica de Municípios e DF são manifestações de Poder Const. 
Deriv. Decorrente? 
Lei Orgânica do DF: 
- Retira fundamento jurídico de validade diretamente da Constituição Federal, por 
isso ela tem status de Constituição Estadual. 
- Serve como parâmetro de controle de constitucionalidade no DF, da mesma 
forma que as constituições estaduais nos demais estados. 
- Em que pese o art. 32 da CF/88 não mencionar que a Câmara Legislativa é dotada 
de poderes constituintes, o entendimento que tem prevalecido na doutrina e 
jurisprudencialmente é o de que a L.O.DF é manifestação do poder constituinte 
derivado decorrente. 
 Lei Orgânica do Município: 
- Retira fundamento jurídico de validade na CF/88 e na respectiva Constituição 
Estadual. 
- O entendimento do STF, é que a referida norma tem status de LEI, é norma primária 
de auto-organização do município. Assim, NÃO é manifestação poder constituinte 
derivado decorrente. 
- NÃO é parâmetro de controle de constitucionalidade. Se houver algum conflito 
entre lei orgânica e demais leis municipais, esse conflito será resolvido à luz de um juízo 
de legalidade e não da constitucionalidade. 
19 
 
 
✓ Poder Constituinte Derivado Reformador 
Núcleo: art. 60, CF/88 
Manifestações: 
*Emendas de Revisão 
*Emendas Constitucionais (EC’s) – art. 60 
Emendas de Revisão: 
o No ADCT, a CF/88 determinou que após 5 anos contados da sua 
promulgação fosse feito o procedimento de revisão constitucional, pelo 
voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em 
sessão unicameral; 
Obs.: nesse procedimento, deputados e senadores estavam na qualidade de 
congressistas, tendo em vista a sessão unicameral. Além disso, 
curiosamente, atente-se ao fato de que tecnicamente, foi possível que se 
aprovasse emenda de revisão sem a participação de nenhum senador, pois 
bastava a maioria absoluta de todos os congressistas. 
o Foram produzidas 6 emendas de revisão no ano de 1994; 
o O STF já se manifestou no sentido de que após a revisão constitucional de 
1994, não podem mais ser produzidas emendas de revisão, uma vez que a 
referida norma é de eficácia exaurida (art. 3º, ADCT); 
o Na redação do art. 3º ADCT, que prevê a revisão constitucional, não há 
previsão de respeito às cláusulas pétreas. Porém, isso não significa que as 
emendas de revisão poderiam desrespeitá-las, pois na falta de uma 
limitação específica, aplica-se aquelas previstas no art. 60, CF/88. 
 
Limitações ao Poder Reformador 
a) Temporais: 
 Período em que a CF não pode ser emendada. Segundo a doutrina majoritária não 
existem limitações temporais ao Poder Reformador na CF/88. 
 
Obs.: A Carta do Império de 1824 possuía previsão de limitação temporal, uma 
vez que esta não podia ser alterada por 4 anos contados de sua criação. 
 
Obs2.: Registre-se que a CF/88, por meio do procedimento do art. 60 CF/88 pôde 
ser alterada desde a sua entrada em vigor e por isso não há limites temporais! Não 
há queconfundir isso com a revisão constitucional, que exigia que fosse feita após 
5 anos. 
 
20 
 
b) Circunstanciais: 
A CF/88 não pode ser emendada na vigência de: 
Intervenção federal; 
Estado de sítio; 
Estado de defesa. 
(art. 60, §1º CF/88). 
Obs.: Intervenção estadual não obsta a criação de emendas constitucionais à CF/88. 
 
c) Formais: 
Diz respeito ao processo legislativo de criação das emendas constitucionais. 
➢ Legitimidade ativa para propor emendas constitucionais (Art. 60, I, II, III, 
CF/88): 
I- um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado 
Federal; 
II- do Presidente da República; 
III- de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, 
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. 
▪ Rol taxativo; 
▪ Iniciativa Concorrente; 
▪ NÃO há iniciativa popular para propor PEC da Constituição Federal de 1988 – 
STF já se manifestou no sentido de que as Constituições Estaduais podem 
prever a iniciativa popular para PEC’s estaduais. 
 
➢ Aprovação por maioria qualificada (art. 60, § 2º CF/88): 
Votação em 2 TURNOS, em CADA CASA DO CONGRESSO NACIONAL 
(CÂMARA E SENADO), atingindo em cada VOTAÇÃO o MÍNIMO DE 3/5 
DOS VOTOS DE CADA CASA. 
 
CÂMARA DOS DEPUTADOS 
 
1ª VOTAÇÃO (1º TURNO) - MÍNIMO 3/5= 308 
2ª VOTAÇÃO (2º TURNO) – MÍNIMO 3/5 = 308 
 
Somente se aprovado, nos 2 turnos na Casa Iniciadora (normalmente é a Câmara 
dos Deputados, mas isso dependerá de quem propõe a emenda – isso será melhor 
estudado no tema “Processo Legislativo”), é que vai para a Casa Revisora 
(normalmente é o Senado)... 
21 
 
 
SENADO FEDERAL 
 
1ª VOTAÇÃO (1º TURNO) - MÍNIMO 3/5= 49 
2ª VOTAÇÃO (2º TURNO) – MÍNIMO 3/5 = 49 
 
➢ A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos 
Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. NÃO HÁ 
VETO/SANÇÃO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA! 
Art. 60, § 3º, CF/88 
 
Obs.: A única atuação do Presidente da República no processo de criação de EC’s 
é quanto à possibilidade de apresentação de PEC. 
 
➢ A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada 
NÃO pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. 
Art. 60, § 5º, CF/88 
 
Obs.: Sessão Legislativa (art.52, CF/88): Período anual de trabalho dos 
legisladores. ATENÇÃO! É diferente de legislatura (4 anos), nesse caso, é 
possível que uma mesma PEC seja reapresentada na mesma legislatura, desde que 
em sessões legislativas distintas. 
 
d) Limitações Materiais 
Expressas – art. 60, §4º CF/88 
Implícitas 
 
Expressas (cláusulas pétreas): 
o Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
I - a forma federativa de Estado; 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III - a separação dos Poderes; 
IV - os direitos e garantias individuais. 
o A cláusula pétrea não é uma cláusula petrificada, isto é, NÃO QUER DIZER QUE 
ESSES ASSUNTOS NÃO PODEM SER ALTERADOS. É o seu NÚCLEO QUE 
É INABALÁVEL, isto é, não é possível restringir ou atingir o seu núcleo. 
Obs.: O voto facultativo não fere cláusula pétrea. 
22 
 
 
Implícitas (cláusulas tácitas): 
o Fruto de entendimento doutrinário; 
o República (forma de governo); 
 Presidencialismo (sistema de governo); 
A titularidade do poder constituinte; 
 Impossibilidade de alteração para facilitar o processo de reforma da Constituição, 
pois isso abalaria a rigidez constitucional. 
 
 
Obs.: Emendas Avulsas – Se submetem ao processo do art. 60 CF/88, porém não 
alteram a Constituição formal no seu corpo. Saliente-se que em que pese não altere 
o texto constitucional, serve como parâmetro de constitucionalidade 
 Ex.: EC 67/2015, EC 91 (JANELA PARTIDÁRIA). 
 
Poder Constituinte Difuso 
Se manifesta por meio da MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL. Formalmente as 
Constituições somente podem ser modificadas por Emendas Constitucionais, na forma do 
art. 60, CRFB/88 Por outro lado, INFORMALMENTE, a Constituição pode ser também 
modificada pelo fenômeno da Mutação Constitucional, à luz de novos fatos, nova 
realidade, permitindo que a Constituição esteja sempre conectada com a realidade do País. 
É uma mudança de sentido ou contexto SEM alteração formal do dispositivo. 
 
Poder Constituinte Supranacional 
Poder Constituinte Supranacional é o poder que cria uma Constituição , na qual 
cada Estado cede uma parcela de sua soberania para que uma Constituição comunitária 
seja criada. O titular deste Poder não é o povo, mas o cidadão universal. 
Ele segue uma tendência mundial de globalização do direito constitucional, ou 
ainda do transconstitucionalismo, matérias que buscam sistematizar temas como os 
conflitos entre constituições ou poderes constituintes em um mesmo espaço político. 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
23 
 
 
HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL 
➢ É a ciência que extrai dos símbolos (artigos, parágrafos, incisos e alíneas), por 
meio dos métodos de interpretação e dos princípios, o sentido mais próximo ao 
real; 
➢ Processo aberto, pois as interpretações mudam com o tempo. 
 
1- MÉTODOS/ELEMENTOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL 
 
a) Método Gramatical/Literal: 
 
• A norma significaria justamente o que nela está escrito, a sua própria literalidade. 
Geralmente é o ponto de partida, sendo a guia inicial da tarefa do intérprete, mas 
não é normalmente o seu ponto de chegada, diante da pluralidade de normas que 
podem ser extraídas do mesmo dispositivo; 
 
• Texto/dispositivo X Norma. O dispositivo é o significante ou o enunciado que 
expressa o comando, de onde o mesmo é extraído, e a norma é a regra de 
conduta que se extrai do dispositivo, sendo, portanto, inconfundíveis. 
 
Ex.: art. 5o, LVI, da CF/88. O texto afirma que são inadmissíveis no processo as 
provas ilícitas, mas, de acordo com a jurisprudência do STF, em nome do 
princípio da proporcionalidade, excepcionalmente essas provas podem ser 
admitidas como, por exemplo, na hipótese de legítima defesa das liberdades 
públicas. Da mesma maneira, poderíamos analisar a titularidade dos direitos 
fundamentais de acordo com o art. 5º, caput, que afirma serem protegidos os 
brasileiros e os estrangeiro residentes no país. Segundo a interpretação mais 
correta, todas as pessoas naturais (estrangeiros de passagem pelo território 
nacional, inclusive) e jurídicas devem ter os seus direitos respeitados. Essa é mais 
uma clara diferença entre o texto e a norma. 
 
b) Método Histórico 
 
• Trata-se de uma interpretação histórico-evolutiva, uma vez que analisa a 
evolução de seus institutos até os dias atuais. 
• De fato o que é mais importante não é a occasio legis (a ocasião da elaboração 
da Constituição), e sim a ratio legis, ou seja, é o fundamento racional que vai 
acompanhar aquele texto constitucional ao longo da produção dos seus efeitos 
jurídicos,porque a Constituição é maleável. 
 
24 
 
c) Sistemático 
 
• Defende que a interpretação deve ser feita em conjunto com todas as normas 
constitucionais que versam sobre aquele determinado tema. Permite a análise do 
TODO, evitando interpretação isolada dos dispositivos. 
 
d) Método Teleológico 
 
• Busca a finalidade dos institutos, vai além do que está escrito. 
ex.: muito antes da interpretação do STF de reconhecer as uniões homoafetivas, o TSE 
numa interpretação teleológica já havia entendido que aplica-se a uniões homoafetivas o 
instituto da inelegibilidade reflexa. 
 
2- NORMATIVIDADE DOS PRINCÍPIOS 
 
• Até 1945, se entendia que a NORMA se resumia à LEI/REGRA (NORMA 
OBJETIVA APLICÁVEL MEDIANTE A SUBSUNÇÃO). Os PRINCÍPOS 
NÃO ERAM CONSIDERADOS NORMAS, eram coadjuvantesdas regras, eram 
chamados para atuar apenas de forma secundária quando a regra não conseguisse 
solucionar o conflito. 
• Com o pós-guerra, as Constituições e as Declarações de Direitos do Pós-Guerra 
foram impregnados de princípios, houve uma ascensão dos princípios como 
norma. 
• Canotilho, Alexy, Dworkin, Bonavides, foram alguns dos autores de destaque 
quando se começou a desenhar a normatividade dos princípios. 
• Normas Constitucionais: 
Norma-Regra = tudo ou nada (ex.; repartição de competências) 
Norma-Princípios = são mais flexíveis, abertos (ex.: dignidade da pessoa humana) 
Obs.: Não há hierarquia entre princípios e regras 
 
3- PRINCÍPIOS DA HERMENÊUTICA CONTEMPORÂNEA 
 
a) Supremacia da Constituição 
 
• Não se permite nenhuma interpretação contrária à Constituição. 
 
b) Unidade da Constituição 
 
25 
 
• Indica que o ordenamento jurídico é considerado um TODO unitário e 
harmônico. Não há verdadeiras antinomias entre as normas da constituição, 
tampouco hierarquia. 
 
c) Concordância Prática/Harmonização 
Deriva da Unidade Constitucional. 
Recomenda ao intérprete que, ao se deparar com situações concretas de 
concorrências entre bens constitucionalmente protegidos, adote a solução para 
otimizar a realização de todos, mas sem negar completamente um direito ou princípio. 
É um princípio aplicável ao caso concreto e é dinâmico. 
Ex.: prisões processuais X princípio da presunção de inocência; liberdade de 
informação X proteção à vida privada. 
d) Efeito Integrador/Eficácia Integradora 
Visa buscar um efeito mais real da constituição nas situações concretas. Ela 
precisa ser elemento comunitário, estar no dia-a-dia das pessoas 
ex.: reconhecimento das uniões homoafetivas. 
e) Justeza/Conformidade Funcional 
Necessidade de se impor limites à atuação do intérprete 
O Poder Judiciário não poderá interpretar a Constituição subvertendo o esquema 
organizatório-funcional nela estabelecido. Com isso, o significado das normas 
constitucionais não pode ser deturpado, sob pena de se colocar em risco o próprio Estado 
Democrático de Direito. Visa combater ativismo judicial, a interpretação exagerada do 
texto constitucional 
f) Máxima Efetividade das Normas Constitucionais 
Destaca a importância de se dar máximo efeito de todas as normas constitucionais, 
principalmente as de eficácia limitada. 
g) Presunção de Constitucionalidade das Leis 
Diferente no que tange às: 
-Normas constitucionais originárias: presunção absoluta de constitucionalidade, isto é, 
não podem ser declaradas inconstitucionais; 
-Normas constitucionais derivadas/ normas infraconstitucionais; presunção relativa de 
constitucionalidade, ou seja, nascem produzindo seus efeitos jurídicos mas podem ser 
declaradas inconstitucionais. 
h) Interpretação Conforme à Constituição 
Princípio de hermenêutica e ao mesmo tempo, técnica de decisão do controle de 
constitucionalidade. 
26 
 
Recai sobre norma plurissignificativa. 
• Se uma lei pode produzir interpretações compatíveis e incompatíveis com a 
constituição, o intérprete deverá adotar a forma de interpretar a norma em 
conformidade com o texto constitucional e descartar as outras interpretações 
em desconformidade com a Constituição. 
 
i) Razoabilidade/Proporcionalidade 
• Extraído do art. 5º, LIV, CF/88 (devido processo legal); 
• Apesar de não serem idênticos Os dois princípios possuem valores comuns – 
bom senso, justiça, racionalidade, justa medida, vedações aos arbítrios, busca 
pela justiça... 
Razoabilidade = fruto do devido processo legal substantivo no direito norte-
americano; conceito mais abstrato/aberto; ideia de equilíbrio, harmonia, afinidade 
entre meios e fins. Não basta respeitar o devido processo legal (contraditório, ampla 
defesa, vedação ao juízo de exceção) mas é preciso buscar sempre a justiça. 
Proporcionalidade = é mais recente, surge no direito germânico. Dividida em três 
subprincípios: 
-Adequação; 
-Necessidade; 
-Proporcionalidade em sentido estrito. 
Obs.: Tais princípios serão utilizados quando a lei/decisão parecer injusta, 
desarrazoada... 
 
MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL 
 
• É o mesmo que manifestação do poder constituinte difuso; 
• As alterações formais da Constituição só podem ser feitas mediante emenda 
constitucional, em conformidade com o art. 60, CF/88. No entanto, a mutação 
constitucional trata-se de mudança informal da Constituição, assim, não 
segue os ditames do art.60, CF/88; 
• Mudança de sentido da Constituição à luz de novos fatos e da nova 
realidade, sem que haja mudança formal no seu texto. Tal fenômeno é 
importante para que a Constituição conecte-se à realidade dos país. 
• Normalmente, é o STF que normalmente realiza as grandes mutações 
constitucionais por meios das “viradas jurisprudenciais” do STF. O mesmo 
dispositivo passa a ser interpretado de outra forma. 
Limites: 
27 
 
- Respeito às cláusulas pétreas, valores e essência da Constituição; 
- Respeito aos princípios fundamentais (princípio federativo, democrático, 
republicano, separação dos poderes...) 
Ex. de mutação constitucional: prerrogativa de foro – até maio de 2018 parlamentares 
que tivessem cometido crime antes da diplomação ou depois seriam julgados pelo 
STF – virada jurisprudencial – parlamentares só serão julgados no STF por crimes 
cometidos após a diplomação, e desde que relacionados ao exercício da função. 
 
HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 
 
1824 (Carta do Império) 
-Sufrágio censitário (renda); 
-Sufrágio capacitário (mulheres e analfabetos eram excluídos dos pleitos eleitorais); 
-Direitos de 1ª dimensão; 
-Semirrígida. 
 
1891 
-1ª Const. Republicana; 
-Const promulgada; 
-Sufrágio censitário (renda); 
-Sufrágio capacitário (mulheres e analfabetos eram excluídos dos pleitos eleitorais); 
-Direitos de 1ª dimensão; 
-Surgiu o Controle difuso de constitucionalidade; 
-Trouxe Habeas corpus; 
-Surgiu STF e a própria jurisdição constitucional; 
-Federação – (1ª const. federativa); 
-Previu a possibilidade de intervenção federal; 
-Aboliu pena de morte, com exceção do caso de guerra. 
 
1934 
-Inaugurou o estado de bem-estar social – previsão de direitos sociais; 
28 
 
-Justiça do trabalho e eleitoral; 
-Voto secreto; 
-Primeira const. a consagrar os direitos dos trabalhadores; 
-Voto feminino; 
-Mendigos e analfabetos continuavam excluídos do sufrágio; 
-Previsão do Mandado de segurança individual e ação popular. 
 
1937 (polaca) 
Ditatorial; 
Regressão na defesa de direitos; 
Censura; 
Pena de morte p/ crimes mais graves. 
 
1946 
Redemocratização; 
Livre manifestação do pensamento; 
Acabou com a censura; 
Acabou com pena de morte, com exceção do caso de guerra declarada; 
Função social da propriedade. 
 
1964 
Ação de suspensão de direitos individuais e políticos 
AI-5 
 
EC 1967 
-No conteúdo foi uma nova constituição, pois ela reescreveu texto da Carta anterior. 
Concentração de poder no Presidente; 
Eliminou imunidades parlamentares. 
29 
 
NEOCONSTITUCIONALISMO 
Movimento que possui as seguintes características: 
a) Constitucionalização do ordenamento jurídico; 
b) A Constituição como sendo: Centro do sistema; 
c) Carga valorativa (axiológica) - dignidade da pessoa humana e direitos 
fundamentais; 
d) Eficácia irradiante em relação aos Poderes e mesmo aos particulares; 
e) Concretização dos valores constitucionalizados e garantia de condições dignas 
mínimas. 
 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
• Elementos orgânicos/organizacionais; 
• Tratam da sua estrutura principal e características principais do Estado; 
 
➢ República (desde 1889): forma de governo– relação entre 
governantes e governados. 
 
Principais formas de governo: 
 MONARQUIA – Poder oriundo da vontade divina e não do povo; vitalício; 
hereditariedade como forma de transferência, é irresponsável, personificação do 
poder político naquele governante e consequentemente na sua família.REPÚBLICA - Eleições periódicas; mandatos temporários; governante dever ser 
responsabilizado pelos seus atos; não há personificação do poder político no 
governante. Formalmente não está previsto como clausula pétrea da constituição, 
mas boa parte da doutrina considerada limitação material implícita ao poder de 
reforma (e por isso não seria possível acabar com a república por EC). 
➢ Federação – representa a forma de estado do país. 
o Cláusula pétrea art. 60, § 4º, CF/88. 
o Em uma federação é proibida a secessão – união indissolúvel (art. 1º, 
CF/88). 
o Forma de estado: modo como o poder político é representado no âmbito 
interno do país. Diz-se também que representa a divisão geográfica do poder 
político, sendo que cada ente da federação goza de poder político no plano 
interno. 
o Formas de estado: 
 Federação X Estado Unitário (Poder político interno concentrado no 
Poder Central). 
 
 
➢ Fundamentos da República Federativa do Brasil 
30 
 
SOBERANIA 
o A soberania, segundo Carl Schimitt, é um dos quatro elementos essenciais do 
Estado (juntamente com opovo, o território e o governo) e pode ser analisada 
sob o ângulo interno e externo. No primeiro caso, o poder do Estado deve ser 
respeitado internamente por todos que habitam o país, não sendo limitado por 
nenhum outro poder. Externamente, a soberania revela que a comunidade 
jurídica internacional deve respeitar o seu território, as suas leis, as decisões 
políticas, não existindo hierarquia entres os Estados. 
 
o É a República Federativa do Brasil (pessoa jurídica de direito público 
internacional) que é dotada de soberania e não os entes que compõem a 
federação (pessoas jurídicas de direito público interno). 
 
o OBS.: Art. 4º, I e II, CF/88 traduzem uma soberania relativa: Independência 
Nacional + Prevalência dos Direitos Humanos. 
Isso significa que, em que pese a independência nacional, o Estado não pode fazer 
o que quiser, tem que fazer prevalecer os direitos humanos. 
 
CIDADANIA 
o Associada ao eleitor, aquele que possui título de eleitor, que está em gozo 
de seus direitos políticos – pode votar, ajuizar ação popular, participar de 
plebiscito... 
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA 
o Reverbera em todo o texto da constituição, é base axiológica de todos os 
direitos e garantias fundamentais 
VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E LIVRE INICIATIVA 
o Livre iniciativa: marca do capitalismo, que é o modelo econômico adotado 
pelo pais. 
o Os valores sociais do trabalho vem antes da livre iniciativa, o que pode-se 
concluir que a ordem econômica adotada no brasil é compromissória 
(ordem econômica comprometida com os ideias sociais, que primeiro se 
preocupa com o trabalhador e no segundo momento com livre iniciativa, 
lucro, regras de mercado...). 
PLURALISMO POLÍTICO 
Pluralismo político X Pluripartidarismo 
O pluralismo político é mais amplo, consiste na liberdade de ideias, de 
manifestações, demonstra que a CF/88 é eclética, adota várias ideologias... (ex.; 
liberdade de reunião). 
31 
 
O pluripartidarismo é uma das manifestações do pluralismo, mas não a única. 
Este significa a possibilidade de criação de vários partidos. 
 
➢ Princípio democrático (regime político) 
 
o (art. 1º, parágrafo único da CF/88): “todo o poder emana do POVO..” 
o Democracia participativa/semidireta: 
-Mistura atributos da democracia direta e indireta 
-Atuação por meio dos representantes eleitos + atuação direta do povo 
(plesbiscito/referendo...). 
 
➢ Princípio da separação dos poderes 
 
o (art. 2º, CF/88 – cláusula pétrea) 
o O Legislador deve elaborar leis; o Executivo as executa e o Judiciário resolve 
eventuais conflitos causados com a sua aplicação. 
o O principal elemento caracterizador da separação de poderes é o sistema dos 
freios e contrapesos norte-americano (checks and balances), em que se 
determina aos poderes a realização de suas atividades típicas, mas também 
atípicas, pertinentes a outros poderes. 
o Esse sistema moderno de freios e contrapesos não pode contrariar a harmonia e 
independência presentes no dispositivo ora em estudo. 
Ex.: Poder Legislativo 
Função típica: legislar/fiscalizar. 
Função atípica- Administrativa: ex.: procedimento licitatório 
Jurisdicional: Senado Federal julga presidentes da república por 
crimes de responsabilidade. 
➢ Objetivos Fundamentais da República 
 
o Art.3º, CF/88 
o Rol meramente exemplificativo 
o Normas de conteúdo limitado/normas programáticas 
 
 
 
 
32 
 
DIMENSÕES OU GERAÇÕES DE DIREITOS 
FUNDAMENTAIS 
A) 1ª DIMENSÃO 
• Fase de preocupação com o indivíduo e com suas liberdades individuais; 
• Os direitos defendidos nessa dimensão cuidam da proteção das liberdades 
públicas e dos direitos políticos – DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS; 
• O Estado teria um dever de prestação negativa, isto é, um dever de nada fazer, 
a não ser respeitar as liberdades do homem; 
• Liberdades negativas; 
• Estado Liberal; 
• Ex.: o direito à vida, à liberdade, à propriedade, à manifestação, à expressão, ao 
voto, ao devido processo legal. 
 
B) 2ª DIMENSÃO 
• Estão relacionados à passagem do Estado liberal para o Estado Social. Percebeu-
se que essas liberdades individuais por si só não geram justiça social; 
• Luta pela igualdade em sentido material; 
• Exigência de prestações positivas por parte do estado (saúde, alimentação, 
assistência); 
• Exs.: o direito à saúde, ao trabalho, à assistência social, à educação e os direitos 
dos trabalhadores. 
• Documentos importantes: Constituição mexicana de 1917 e Constituição de 
Weimar de 1919. 
 
C) 3ª DIMENSÃO 
• Com o fim da 2ª Guerra Mundial surge o sentimento de fraternidade, 
solidariedade, preocupação com os direitos que pertencem a grupos 
indeterminados; 
• Direitos difusos; 
• Preocupa-se com a coletividade 
• Exs.: direito ao desenvolvimento, direito à paz, e direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado. 
• Documento importante: Declaração universal dos direitos humanos. 
 
 
D) 4ª DIMENSÃO 
• Associada aos avanços na área da ciência, avanços tecnológicos, pluralismo 
político, informação, sedimentação do modelo político democrático e pelo 
próprio futuro da cidadania. 
33 
 
• Exs.: manipulação do patrimônio genético; clonagem, da fertilização in vitro; 
Biodireito, cirurgia de mudança de sexo, avanços tecnológicos da medicina; 
relacionados a internet... 
 
E) 5ª DIMENSÃO 
• Paulo Bonavides sustenta a defesa da paz mundial. 
 
F) 6ª DIMENSÃO 
• Preocupação com a água potável. 
 
Obs.: NÃO há hierarquia alguma entre essas dimensões. Na verdade, ela é tão somente 
para fins acadêmicos no sentido de promover uma perspectiva histórica, de como e 
quando esses direitos foram ingressados. 
 
EFICÁCIA VERTICAL E HORIZONTAL DOS DIREITOS 
FUNDAMENTAIS 
 
EFICÁCIA VERTICAL 
o Consiste na aplicação dos direitos fundamentais nas relações ESTADO-
INDIVÍDUO; 
o O Estado é norteado pelo princípio possui a supremacia do interesse público que 
acaba legitimando a restrição dos direitos do particular (ex.: requisição 
administrativa, desapropriação, poder de polícia do estado). No entanto, em caso 
o de ilegalidade o indivíduo pode acionar o próprio Estado-juiz na defesa de seus 
direitos fundamentais. 
Ex.: requisição administrativa, desapropriação, poder de polícia do estado. 
 
EFICÁCIA HORIZONTAL 
o Aplicação dos direitos fundamentais nas RELAÇÕES ENTRE 
PARTICULARES. A violação a direitos fundamentais não ocorre somente no 
âmbito das relações entre o cidadão e Estado, mas igualmente nas relações 
travadas entre pessoas naturais e jurídicas de direito privado, ou seja, nas relações 
intersubjetivas. 
o É possível se observar nas decisões do STF que quanto mais desigualdade existir 
entre as partes, maior será a possibilidade de intervenção judiciária para evitar o 
predomínio dos arbítrios, como nas relações trabalhistas e do consumidor, pois a 
34 
 
autonomiaprivada não pode ser exercida em detrimento ou com desrespeito 
aos direitos e garantias de terceiros, especialmente aqueles positivados em 
sede constitucional. 
o Em importante decisão sobre a eficácia direta nas relações privadas o STF 
decidiu pela reintegração de associado excluído do quadro de uma sociedade 
civil, sob o entendimento de que foram violadas as garantias constitucionais do 
devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa e de que a sociedade 
havia extrapolado a liberdade do direito à associação. LEMBRE-SE QUE 
NENHUM PRINCÍPIO É ABSOLUTO! 
 
 
CONSTITUCIONALIZAÇÃO FORMAL DOS TRATADOS 
DE DIREITOS HUMANOS 
 
Orginalmente, pela CF/88, todos os tratados internacionais, seja de direitos humanos ou 
não, possuíam status de lei federal, pelo procedimento do art. 49, I e art. 84,VIII, 
CF/88(Presidente assina – encaminha ao Congresso para aprovação – Presidente 
promulgava por decreto). 
EC 45/04 – acrescentou o § 3º ao art. 5º da CF/88: 
Os tratados e convenções internacionais sobre DIREITOS HUMANOS que forem 
aprovados, EM CADA CASA DO CONGRESSO NACIONAL, EM DOIS TURNOS, 
POR TRÊS QUINTOS DOS VOTOS dos respectivos membros, serão equivalentes às 
EMENDAS CONSTITUCIONAIS. 
▪ Os tratados internacionais de direitos humanos que se submetam ao procedimento de 
constitucionalização devem obediência a todos os limites formais, circunstanciais e 
materiais formais previstos no art. 60, CF/88. 
Obs 2.: O Tratado de Marraqueche, em que pese ter sido promulgado em ano de 
intervenção federal - 2018, já tinha se submetido ao crivo do Congresso em 2015. O 
decreto de promulgação visa apenas formalizar o ato, atestando que o ato é válido 
foram cumpridas todas as suas formalidades e por isso não há problema algum que 
seja publicado durante a vigência de intervenção federal. 
▪ Uma vez que os tratados sejam incorporados pelo procedimento mencionado, 
passam a ter status de emenda constitucional, e por isso também servem como 
parâmetro de controle de constitucionalidade; 
▪ Tratados de Direitos Humanos que o Brasil incorporou mediante o procedimento de 
constitucionalização: 
 -Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu 
Protocolo Facultativo; 
-Tratado de Marraqueche. 
35 
 
 
Obs.: Tratados que não versem sobre direitos humanos não podem se submeter à esse 
procedimento § 3º ao art. 5º da CF/88. 
Obs. 2: Tratados que não versem sobre direitos humanos só podem ter status de lei 
ordinária federal. 
SUPRALEGALIDADE DOS TRATADOS SOBRE 
DIREITOS HUMANOS 
- A Tese adveio do problema referente aos tratados de direitos humanos incorporados ao 
ordenamento jurídico antes do surgimento do art. 5º, §3° da CF/88 (constitucionalização 
dos tratados de direitos humanos). 
- Caso Pacto de São José da Costa Rica: 
• O referido Pacto determina que haverá apenas 1 modalidade de prisão 
civil: devedor de alimentos. 
• A CF/88 no art. 5º, LXVII, prevê 2 modalidades de prisão: devedor de 
alimentos e depositário infiel. 
Para resolver o problema, em 2008, o STF passou a considerar que o Pacto de San 
José da costa rica não estava mais no rol das normas infraconstitucionais. Está abaixo da 
Constituição pois não foi submetido ao procedimento de constitucionalização dos tratados 
internacionais previsto no art. 5º, §3º da CF/88, mas também não é meramente norma 
infraconstitucional. Portanto o tratado passou a receber status supralegal (acima da lei, 
mas abaixo da constituição). Com a sua supralegalidade passou a revogar disposições 
infraconstitucionais que versavam sobre a prisão do depositário infiel. Nessa linha, o STF 
acabou revogando a Súmula nº 619. 
Alguns meses depois, o STF criou a SÚMULA VINCULANTE Nº 25 que 
acabou com a prisão do depositário infiel. 
 
 CF 
 ------------ 
 TRATADOS 
 SUPRALEGAIS 
 ------------------------------ 
NORMAS INFRACONS- 
TITUCIONAIS 
 
 
36 
 
Obs.: Tem-se entendido que todos os demais tratados internacionais sobre direitos 
humanos que não foram incorporados pelo procedimento do art. 5º, §3° da CF/88 da 
também possuem status supralegal. 
Obs.2: Tratados com eficácia supralegal NÃO servem como parâmetro de 
controle de constitucionalidade. 
INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA 
PARA A JUSTIÇA FEDERAL 
 
- Também conhecido por “Federalização dos crimes sobre direitos humanos”; 
- Acréscimo do §5º ao art. 109 da CF/88, promovido pela EC 45; 
- Art. 109, § 5º - Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-
Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações 
decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja 
parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do 
inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. 
- Por vezes a Justiça Estatual, responsável pela maioria dos delitos, ao elucidar crimes 
nem sempre o faz da maneira esperada ou célere. Tendo em vista, a internacionalização 
dos direitos humanos, o tema assume proporções externas e por isso, O Brasil que 
assumiu inúmeros compromissos internacionais, pode vir a sofrer sanções nesses casos 
de crimes com graves violações de direitos humanos em que não há uma resposta 
jurisdicional. Por isso justifica-se, o descolamento da competência para a seara federal 
OBSERVAÇÕES: 
• Pedido pode ser feito em QUALQUER fase do INQUÉRITO OU PROCESSO; 
A doutrina sustenta que será possível o deslocamento da competência até mesmo 
na fase executiva, após o trânsito em julgado, porque é possível que a violação 
de direitos humanos somente ocorra nessa fase; 
• SOMENTE O PGR pode fazer o pedido; 
• Competência para análise do pedido: STJ 
REQUISITOS cumulativos para que o IDC seja aceito pelo STJ: 
-Grave violação de direitos humanos (depende da análise do caso concreto); 
-Risco de sanção internacional (ex.: condenação de corte internacional); 
- Comprovação de inércia/negligência/omissão dos órgãos competentes originariamente 
para apurar o caso na realização de suas atividades. – seja pela inércia deliberada, seja 
pela limitação ou precariedade dos instrumentos colocados à disposição da Justiça 
Estadual. 
 
37 
 
ART. 5º, CF/88 
 
Observações a respeito do art. 5º, CF/88: 
• EC 45 acrescentou o § 4º – Constitucionalização do TPI (Tribunal Penal 
Internacional), o qual foi criado pelo Estatuto de Roma; 
O Brasil manifestou adesão ao estatuto de Roma (criou o TPI) no ano de 2002; 
O Art. 7º do ADCT já em 1988 proclamava a necessidade de um tribunal internacional. 
 
• §1° 
Aplicação imediata: as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais tem 
aplicação imediata. Assim, não interessa se a norma está prevista na Constituição 
como de eficácia plena/contida/limitada, todos os direitos geram direito público 
subjetivo que podem e devem ser reivindicados em juízo porque a sua aplicação é 
imediata. 
• §2º 
“Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do 
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a 
República Federativa do Brasil seja parte. ” Reconhece os princípios, tratados 
internacionais em que a República Federativa do brasil seja parte (proteção ao direito 
internacional dos direitos humanos) 
Com base nesse dispositivo, alguns autores defendem a tese de que os tratados de direitos 
humanos têm status de norma constitucional independentemente do procedimento do art. 
5º, § 3º, CF/88. Para essa corrente seria uma cláusula de recepção imediata dos tratadosde direitos humanos, que após a sua assinatura já teria esse status diferenciado. Essa não 
é a tese majoritária, pois o STF só reconhece o status constitucional dos tratados de 
direitos humanos se tiverem passado pelo procedimento do art. 5º, § 3º, CF/88. 
Por fim, registre-se que o § 2º, é amplamente conhecido por “cláusula de abertura 
material”, vez que possibilita a ampliação do catálogo de direitos fundamentais 
materiais, que não se encontram topograficamente localizados no Título II da 
Constituição Federal. Por esse mesmo motivo diz também que o rol de direitos 
fundamentais deste Título é meramente exemplificativo. 
 
• Princípio da Igualdade - Art. 5°, caput e inciso I 
-“ Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. ” 
38 
 
Obs.: Na verdade, TODAS as pessoas naturais e jurídicas que estiverem no país tem os 
seus direitos respeitados na medida prevista pelo nosso ordenamento jurídico 
-“Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta 
Constituição. ” – Consagra a igualdade formal. 
Igualdade formal: é a igualdade perante a lei; não são permitidos leis e atos 
administrativos que coloquem em risco essa igualdade. 
Igualdade material – Sabendo-se que há pessoas que precisam mais da atuação do estado 
(ex.: hipossuficientes), esta modalidade de igualdade visa dar mais efetividade ao seu 
sentido. É a igualdade efetiva, isto é, a possibilidade de se adotar medidas diferenciadas 
(ex.: ações afirmativas, política de cotas) para que se consiga tornar a sociedade mais 
justa. “Tratar os iguais de forma igual, e os desiguais de forma desigual. ” 
 ATENÇÃO! Súmula 683 do STF (já foi cobrado) - O limite de idade para a inscrição 
em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando 
possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido. NÃO 
VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE!!! 
Da mesma forma, NÃO viola princípio da igualdade, concursos para presídio feminino 
em que só podem se inscrever mulheres; concurso de policial que exija idade mínima... 
• Princípio da Legalidade (inciso II e art. 37, caput) 
O particular está sujeito ao princípio da legalidade no sentido amplo – somos livres 
a não ser que algum ato normativo disponha sobre alguma restrição a essa liberdade. 
Legalidade da Administração pública- legalidade em sentido estrito – a 
Administração Pública precisa calcar todos os seus atos na lei. 
 
LEGALIDADE EM SENTIDO 
AMPLO 
LEGALIDADE EM SENTIDO 
ESTRITO 
Particular; Administração Pública 
Pode-se fazer tudo que a lei não proíbe; Só poderá fazer o que a lei permitir; 
 
LEMBRAR que NENHUM PRINCÍPIO É ABSOLUTO! Portanto no caso da legalidade 
em sentido amplo em que vigora a autonomia da vontade, importante observar que tal 
princípio deve ser ponderado em face da dignidade da pessoa humana, e assim, aplicando-
se a eficácia horizontal dos direitos fundamentais. E no que tange à legalidade em sentido 
amplo, há algumas exceções como as medidas provisórias, estado de defesa/sítio... 
 
Princ. Reserva legal: Algumas medidas só podem ser tomadas com base em lei em 
sentido estrito, em sentido formal, aquela que passa pelo processo legislativo completo 
Ex.: criação de crime exige lei em sentido formal 
39 
 
OBS.: Restrições a direitos fundamentais só podem ser pautadas na lei em sentido 
formal. Ex.: edital de concurso público não pode restringir direito fundamental algum. 
(IMPORTANTE! GERALMENTE É OBJETO DE FUNDAMENTAÇÃO NAS PEÇAS 
PROCESSUAIS!) 
SÚMULA VINCULANTE Nº 44 - Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a 
habilitação de candidato a cargo público. 
• Inciso IV e V – Manifestação de Expressão Responsável 
“É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. ” 
Livre manifestação do pensamento, ideias..., mas é preciso demonstrar a autoria 
“É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por 
dano material, moral ou à imagem. ” 
Ao mesmo tempo em que a CF/88 garante a liberdade de manifestação, também garante 
a ampla reparabilidade pelos prejuízos sofridos. 
Obs.: O direito de resposta deve ter o mesmo alcance em qual se deu a manifestação 
Ex.: Saiu na primeira página de um jornal uma notícia falsa sobre uma pessoa, daí a pessoa 
quer exercer o direito de resposta. O jornal não pode permitir que esse direito de resposta 
seja manifestado nos “classificados do jornal”, é preciso que se dê o mesmo alcance. Se 
a manifestação teve capa de jornal, o direito de resposta também precisa ser na capa de 
jornal. 
Obs.2: A indenização também é garantida para as pessoas jurídicas 
• Liberdade de Comunicação (incisos IX, XIV) 
- “É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, 
independentemente de censura ou licença. ” 
STF: Biografias não dependem de autorização do biografado ou de sua família. 
Biografias são um gênero literário, e se houvesse a necessidade de autorização, a biografia 
perderia o seu sentido literário, porque as pessoas só autorizariam se escrevessem coisas 
boas a seu respeito. Porém, configurado o ABUSO, como pox exemplo inventar 
situações, macular sua imagem, haverá a ampla reparabilidade. 
STF: A Lei de imprensa, que restringia a liberdade de imprensa, foi totalmente 
REVOGADA em razão de sua incompatibilidade material com a CF/88 (ATENTE-SE 
QUE NESSE CASO TRATA-SE DE LEI ANTERIOR À CF/88, E POR ISSO OPEROU-
SE O FENÔNEMO DA NÃO-RECEPÇÃO QUE ENSEJA REVOGAÇÃO E NÃO 
INCONSTITUCIONALIDADE!) 
STF: Decreto de 1969 que exigia diploma de jornalismo para exercer a função de 
jornalista é viola a CF/88. A exigência surgiu na época ditatorial com o fim de restringir 
sua atuação, já que não é indispensável o diploma para atuar como jornalista. Além disso, 
40 
 
o exercício da profissão de jornalista está intimamente ligado à liberdade de expressão, 
garantida pelo texto constitucional. 
-“É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando 
necessário ao exercício profissional. ” 
Obs.: O que a Constituição protege é a figura do informante. Quem divulgar a 
informação terá que divulgar seu nome, pois não se permite o anonimato. Quem se 
manifesta publicamente precisa se responsabilizar. 
• Liberdade Religiosa (incisos VI, VII e VIII) 
- O estado brasileiro é laico, não-confessional, ou seja, não faz opção religiosa específica. 
Porém, a constituição não é contrária à religião, ela inclusive incentiva a religião. 
-“ É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício 
dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas 
liturgias. ” 
-“É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis 
e militares de internação coletiva. ” 
-“ Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção 
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos 
imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. ” – ESCUSA DE 
CONSCIÊNCIA 
Escusa de consciência: Direito de recusar-se a cumprir obrigação legal a todos imposta 
que seja contrária à sua convicção religiosa/filosófica. Nessa situação, compete ao Estado 
determinar o cumprimento de uma obrigação alternativa. Caso se recuse a cumprir a 
obrigação originária e alternativa, o indivíduo poderá ter seus direitos políticos suspensos, 
nos termos do art. 15, IV, da CF/88. 
- art. 210, §1º, CF/88: Ensino religioso nas escolas públicas é de matrícula facultativa (é 
o que preserva a laicidade do estado). 
• Proteção à Intimidade e a Vida Privada (incisos X, XI) 
- “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
asseguradoo direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua 
violação. ” 
- “A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem 
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar 
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial. ” 
Obs.: Casa não se resume ao local onde as pessoas moram, também está relacionado 
aos locais de trabalho (escritórios, consultórios...), quarto de república, quarto de hotel... 
Princípio da reserva constitucional de jurisdição: A casa, salvo nas situações de 
urgência/emergência..., só pode ser violada durante o DIA e para cumprimento de 
41 
 
DECISÃO JUDICIAL. Ex.: CPI não pode determinar violação de casa, autoridade 
policial, presidente da república. 
• Direito de Reunião (inciso XVI) 
“Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, 
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião 
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à 
autoridade competente. ” 
Direito de reunião: direito de manifestação de expressão coletiva – direito de realizar 
passeatas, reuniões em praças públicas, comícios... 
Obs.: NÃO é necessária autorização, mas sim COMUNICAÇÃO! 
Obs.: Negado o direito de reunião, remédio adequado é mandado de segurança! (JÁ 
CAIU EM PEÇA) 
• Direito de Associação (incisos XVII, XVIII, XIX, XX, XXI) 
-“É plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar. ” 
Obs.: Entidade paramilitar é aquela que contém ideologia contrária à do estado, 
apresentam falsa noção de segurança (ex.: milícias) 
-“A criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de 
autorização. ” 
- “As associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades 
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado.” 
OBS.: Princípio da reserva de jurisdição: para SUSPENDER ou DISSOLVER 
associação é necessária DECISÃO JUDICIAL. 
SUSPENSÃO DAS ATIVIDADES DA 
ASSOCIAÇÃO 
DISSOLUÇÃO COMPULSÓRIA 
DA ASSOCIAÇÃO 
DECISÃO JUDICIAL DECISÃO JUDICIAL + 
TRÂNSITO EM JULGADO 
 
-“Ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado. ” 
-“As entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para 
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente. ” 
 
 
 
42 
 
VISÃO GERAL DOS REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS 
OBS.: Os remédios serão estudados com maior profundidade na parte prática do curso. 
• DIREITOS X GARANTIAS 
Os direitos normalmente possuem conteúdo declaratório, ou seja, imprimem um 
sentido legal à existência da vida, liberdade, igualdade, segurança e demais direitos 
espalhados no ordenamento jurídico... 
Já as garantias são medidas assecuratórias, medidas de proteção, com conteúdo mais 
processual. 
Ex.: o art. 5º, XV proclama o direito de ir e vir, já o inciso LXVIII tem-se o remédio 
chamado habeas corpus para defender o direito de ir e vir em caso de ameaça ou lesão 
• Segundo José Afonso da Silva, as garantias subdividem-se em: 
- Gerais: formados pelos princípios de natureza mais processual, que se 
encontram expressos e implícitos (acesso à justiça, contraditório, ampla defesa, 
vedação do tribunal de exceção...). 
- Específicas: são formadas pelos remédios constitucionais. 
• Os remédios constitucionais dividem-se em: 
-Administrativos: direito de petição e de obtenção de certidões art. 5, XXXIV, CF/88. 
OBS.: A nossa forma de dialogar com a Administração é por meio do direito de 
petição, é remédio extrajudicial – não envolve pagamento de taxas e também não 
precisa de advogado. 
Obs. Da negativa de obtenção de certidões, o remédio que deve ser utilizado é 
MANDADO DE SEGURANÇA 
- Judiciais: São instrumentos judiciais de defesa dos direitos fundamentais. São 
remédios constitucionais judiciais: o habeas corpus, habeas data, mandado de 
injunção, mandado de segurança e ação popular (Art. 5º, LXVIII a LXXIII, CF/88) . 
 
➢ HABEAS CORPUS 
 
o art. 5º, LXVIII da CRFB/88; 
o Protege a liberdade de ir e vir que esteja ameaçada ou que já sofreu alguma 
lesão; 
o Sem dúvida a ação mais informal, pois pode ser impetrado por qualquer 
pessoa natural/jurídica/nacional ou estrangeira; 
o Dos remédios judiciais é o único que não precisa de advogado; 
o Ação gratuita (art. 5º, LXXVII, CF/88). 
o HC PREVENTIVO: para evitar a consumação da lesão, muito comum em sede 
de CPI. O pedido é o Salvo Conduto. 
43 
 
 HC REPRESSIVO OU LIBERATÓRIO: para fazer cessar tal coação. O pedido 
é o Alvará de Soltura. 
 
➢ HABEAS DATA 
 
o art. 5º, LXXII, CF/88 
o Remédio da intimidade e da vida privada – ação que visa conhecer, retificar 
ou complementar dados pessoais sobre o próprio impetrante; 
CONHECER 
 ou DADOS PESSOAIS 
RETIFICAR 
 
Art. 7º, III da Lei 9507/97 acrescentou a terceira hipótese: 
COMPLEMENTAR DADOS PESSOAIS 
Dados pessoais são dados relativos à própria pessoa, tais como o nome, escolaridade, 
trabalho, saúde... 
o Ação gratuita (art. 5º, LXXVII, CF/88). 
o É ação PERSONALÍSSIMA, não cabe HD para descobrir informações sobre 
terceiros. 
EXCEÇÃO: Herdeiro do de cujus faça uso do HD para conhecer, retificar ou 
complementar informações sobre o falecido. 
o Condicionamento administrativo: tentativa de acesso aos dados no plano 
administrativo antes de utilizar a via judicial. SÚMULA 2, STJ 
 
 
➢ AÇÃO POPULAR 
 
o Art. 5º, LXXIII, CF/88; 
o Ação da cidadania, defende direitos difusos, isto é, direitos que pertencem a 
coletividades indeterminadas – direitos associados ao meio ambiente, 
moralidade administrativa, patrimônio público, histórico e cultural; 
o Remédio constitucional colocado à disposição de qualquer cidadão para a 
invalidação de ato ou contrato administrativo, ilegal, ilegítimo ou ilícito e lesivo 
ao patrimônio público, cultural, histórico ou ambiental. Permite que fiscalize a 
atuação dos governantes – ex.: ação que pode ser proposta para combater 
contrato superfaturado, contrato sem procedimento licitatório... 
o Só pode ser proposta pelo CIDADÃO: eleitor. OBS.: A ação será instruída com 
cópia do título de eleitor. 
44 
 
o NÃO tem prerrogativa de foro funcional. Ex.: ação popular proposta contra 
presidente da república não tramitará perante STF. Via de regra será proposta 
perante o juízo de 1º grau estadual ou federal, conforme o caso. 
o Pode ser PREVENTIVA(ameaça de lesão ao bem comum) ou REPRESSIVA 
(combater lesão que já ocorreu e tem prazo de 5 anos). 
o O cidadão que propor a ação tem isenção de custas judiciais e do ônus da 
sucumbência, salvo comprovada a má-fé. 
 
➢ MANDADO DE INJUNÇÃO 
 
o Art. 5º, LXXI da CRFB/88; 
o Tutela direitos fundamentais previstos na Constituição ainda dependentes 
de regulamentação; 
o Defende a plena efetividade de normas de eficácia limitada definidoras de 
direitos fundamentais. 
o Exs.: art. 37, VII, CF/88 - direito de greve do servidor pública exige lei 
específica, a qual nunca foi criada. 
Art. 40, §4º, CF/88 - aposentadoria especial para determinados servidores 
públicos desde que haja lei complementar. Tal lei não foi criada. 
o Pode ser proposta na via: individual ou coletiva 
 
➢ MANDADO DE SEGURANÇA 
 
o Art. 5º, LXIX e LXX da CRFB/88 
o Residual em relação aos demais remédios constitucionais, desde que os 
requisitos necessários à sua propositura sejam preenchidos 
o Requisitos: 
-Direito líquido e certo, comprovado por meio de prova pré-constituída (prova 
documental) 
-Tempestividade: 120 dias contados do conhecimento da lesão 
-Combate ato coator (ação/omissão). Ato ou omissão de autoridade pública (ato 
praticado ou omitido por pessoa investida de parcela de poder público), eivado de 
ilegalidade ou abuso de poder. 
o MS PREVENTIVO – Quando somente há ameaça de lesão. 
MS REPRESSIVO – Quando a lesão já ocorreu (neste caso

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