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1 CADERNO DE DIREITO MATERIAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL – OAB 2º FASE MYLLENA LAUDICEIA SILVA ANDRADE 2019 2 APRESENTAÇÃO Olá constitucionalistas! Tenho certeza que tomaram a melhor decisão ao escolherem Direito Constitucional como matéria da 2º fase. Direito Constitucional é só amor kkkk. Brincadeiras à parte, a matéria realmente é muito boa, não tem grandes complicações e com a legislação à mão tudo fica mais tranquilo. O caderno está totalmente baseado as aulas de Flávia Bahia. Então se você não consegue escrever rápido para acompanhar as aulas, ou já quer ter todo o material pronto na hora de acompanhar as aulas esse material é ideal. Além disso, é muito válido para as pessoas que não estão fazendo aulas de cursinho, ou esteja fazendo outro curso diferente e quer um material já pronto. Qualquer dúvida você pode entrar em contato comigo pelo instagram @cantinhodosoabeiros , ou pelo meu pessoal @myllenaandrade. Enfim, espero que ele te ajude muito nos seus estudos e que a aprovação venha! Beijos! 3 SUMÁRIO ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL .................................................................................. 4 CONCEPÇÕES/SENTIDOS SOBRE A CONSTITUIÇÃO ................................................................... 5 ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO ..................................................................................................... 6 EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITTUCIONAIS ........................................ 7 CLASSIFICAÇÃO/TIPOLOGIA DAS CONSTITUIÇÕES ................................................................... 9 FENÔMENOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL INTERTEMPORAL .......................................... 13 PODER CONSTIUINTE ....................................................................................................................... 16 HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL ............................................................................................ 23 MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL ........................................................................................................ 26 HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS ....................................................................... 27 NEOCONSTITUCIONALISMO ........................................................................................................... 29 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS ......................................................................................................... 29 DIMENSÕES OU GERAÇÕES DE DIREITOS FUNDAMENTAIS .................................................. 32 EFICÁCIA VERTICAL E HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS .............................. 33 CONSTITUCIONALIZAÇÃO FORMAL DOS TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS ............... 34 SUPRALEGALIDADE DOS TRATADOS SOBRE DIREITOS HUMANOS .................................... 35 INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA PARA A JUSTIÇA FEDERAL ............ 36 ART. 5º, CF/88 ...................................................................................................................................... 37 VISÃO GERAL DOS REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS .................................................................. 42 ALGUNS ASPECTOS SOBRE A LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO - LAI (Lei 12.527/2011) .... 45 NACIONALIDADE .............................................................................................................................. 46 DIREITOS POLÍTICOS ........................................................................................................................ 51 PARTIDOS POLÍTICOS ....................................................................................................................... 56 DIREITOS SOCIAIS ............................................................................................................................. 57 ORGANIZAÇÃO DO ESTADO ........................................................................................................... 59 ORGANIZAÇÃO DE PODERES ......................................................................................................... 67 PODER LEGISLATIVO ....................................................................................................................... 68 FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL E ORÇAMENTÁRIA ......................................................................... 73 ESTATUTO DOS CONGRESSISTAS ................................................................................................. 75 PROCESSO LEGISLATIVO ................................................................................................................ 80 PODER EXECUTIVO ........................................................................................................................... 95 CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE .................................................................................. 105 PODER JUDICIÁRIO ......................................................................................................................... 113 4 ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL - PREÂMBULO - CORPO FIXO (PARTE DOGMÁTICA) - ADCT Preâmbulo: • NÃO possui normatividade! • NÃO é norma constitucional; • Tendo em vista que não é norma jurídica, NÃO serve como parâmetro de constitucionalidade das leis; • NÃO é de observância obrigatória nas Constituições Estaduais; • Utilizada de maneira INTERPRETATIVA; • A falta de preâmbulo nas Constituições Estaduais NÃO gera inconstitucionalidade por omissão; • Princípio da Laicidade: A menção à Deus não deve ser entendida como orientação religiosa. O estado brasileiro é LAICO (não há religião específica), o que também não significo que está alheio à religião, já que em várias passagens do texto constitucional demonstra-se o sentimento religioso. Ex.: art. 5ª, VI a VIII, CF/88 (liberdade religiosa, escusa de consciência...). ADCT - Atos das Disposições Constitucionais Transitórias: • Sua finalidade é tratar assuntos de direito intertemporal. • Foram criadas para regulamentarem situações específicas, portanto, ao cumprirem a finalidade para a qual foram criadas, a eficácia de tais regras restará esgotada ou exaurida. • Natureza de normas de passagem; Normas Constitucionais = Normas do Corpo fixo + ADCT Estas servem como PARÂMETRO DE CONSTITUCIONALIDADES DAS LEIS Obs.: NÃO há hierarquia entre as normas do corpo fixo e as do ADCT! Caso haja conflito entre elas, a resolução se dará por meio da NORMA MAIS ESPECÍFICA, seja do corpo fixo ou do ADCT. As Normas Constitucionais subdividem-se em: 5 * Normas Constitucionais Originárias ✓ Nasceram junto com a Constituição de 1988 ✓ Gozam de PRESUNÇÃO ABSOLUTA DE CONSTITUCIONALIDADE, portanto NÃO podem ser declaradas inconstitucionais! (ADI 815) *Normas Constitucionais Derivadas ✓ Oriundas de Emendas Constitucionais; ✓ Gozam de PRESUNÇÃO RELATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE, uma vez que precisam respeitar os limites do art. 60 da CF/88; ✓ Nascem produzindo efeitos jurídico, mas podem ser declaradas inconstitucionais. Obs.: Tendo em vista que as normas constitucionais derivadas, é possível que haja NORMA CONSTITUCIONAL INCONSTITUCIONAL, reitere-se, desde que seja norma constitucional derivada. CONCEPÇÕES/SENTIDOS SOBRE A CONSTITUIÇÃO OBS.: O STF adota múltiplas concepções, portanto não há “a concepção correta”. SENTIDO SOCIOLÓGICO • Ferdinand Lassale; • Parte da premissa de que a Constituição é uma soma dos fatores reais do poder, sob pena de não passar de uma mera folha de papel; • A Constituição é FATO, ela precisa representar a histórica, a política, a cultura... • Reflexo das relações sociais de poder, das questões socioeconômicas, das forças políticas que regem a sociedade.SENTIDO POLÍTICO • Carl Schmitt; • A Constituição é VALOR; • Aquilo que representa DECISÃO POLÍTICA FUNDAMENTAL é Constituição, ou seja, precisa representar as normas materialmente constitucionais; • Decisão política fundamental é conjunto de normas da Constituição que representam: a forma de estado, forma de governo, sistema de governo, sistema de separação dos poderes... São as normas que exprimes os princípios fundamentais e estruturais do Estado. 6 • Tudo aquilo que não fosse Decisão política Fundamental não seria considerado Constituição, mas sim LEI CONSTITUCIONAL, a qual apesar de integrar o texto constitucional, seriam dispensáveis, uma vez que não representam a Decisão Política Fundamental; • Norma Constitucional X Lei Constitucional Constituição Material X Constituição Formal Norma Constitucional/Constituição Material: normas essencialmente constitucionais, que representam a Decisão Política Fundamental. Lei Constitucional/ Constituição Formal:, são apenas formalmente constitucionais pois não representam a decisão política fundamental. Obs.: A CF/88 NÃO faz essa separação entre constituição material e formal. Tudo que está na CF/88 possui valor de Constituição. SENTIDO JURÍDICO- NORMATIVO • Hans Kelsen; • A Constituição é uma norma superior de observância obrigatória que fundamenta e dá validade a todo o restante do ordemento jurídico; • Nessa concepção prestigia-se a NORMA PURA, desapegada de qualquer questão sociológica, filosófica, histórica... É prestigiada a FORMA, o PROCESSO DE CRIAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO; Dentro desta concepção, foi desenvolvido 2 sentidos para a Constituição: • Lógico – Jurídico: Norma Fundamental Hipotética. Não é posta, mas SUPOSTA, que positiva apenas o “comando para obedecer a Constituição”; • Jurídico- Positivo: Norma Positiva Suprema. Elaborada por meio de um processo especial que só pode ser alterada de forma diferenciada. Está no topo do ordenamento jurídico, e é dela que as demais leis produzidas retiram o seu fundamento de validade. ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO São grupos de características distintas entre as normas constitucionais, o que NÃO significa que demonstram nenhuma hierarquia entre elas! ❖ Elementos Orgânicos/ Organizacionais Representam a estrutura principal de características do nosso Estado. 7 Exs.: Titulo I (Princípios Fundamentais, forma de governo, forma de estado), Titulo III (Organização do Estado), Título IV (Organização de Poderes). ❖ Elementos Limitativos São formados pelos direitos fundamentais que limitam a atuação do Estado. Ex.: Titulo II (Direitos e Garantias Fundamentais) – com exceção do cap. 2 que trata dos Dir. Sociais. ❖ Elementos Socioideológicos São formados pelos direitos sociais. É o compromisso do Estado com a justiça social, com a a redução das desigualdades. Ex.: Direitos Sociais (cap. 2 do Título II), Título VII (Da Ordem Econômica), Título VIII (Da Ordem Social). ❖ Elementos de Estabilização Constitucional São aqueles que visam defender a Constituição Brasileira e o Estado Exs.: art.60 (emendas constitucionais) art. 102 (ADI), art. 136 a 141 (estado de defesa, estado de sítio ❖ Elementos Formais de Aplicabilidade São normas que estabelecem a forma de aplicação dos dispositivos. Ex.: art. 5º, §1º da CF/88 (aplicação imediata) EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITTUCIONAIS • Classificação de José Afonso da Silva; • NÃO se trata de relação hierárquica de normas, uma vez que TODAS servem como fundamento de validade de todas as demais normas produzidas no país, mas sim de diferenças no que tange à PRODUÇÃO DE SEUS EFEITOS JURÍDICOS. As normas constitucionais são classificadas do seguinte modo: 8 NORMAS DE EFICÁCIA PLENA NORMAS DE EFICÁCIA CONTIDA NORMAS DE EFICÁCIA LIMITADA ➢ Programáticas ➢ Princípio Institutivo Normas de Eficácia Plena e Normas de Eficácia Contida ➢ Ambas são autoaplicáveis, pois produzem seus efeitos jurídicos desde a sua entrada em vigor; ➢ Incidência DIRETA: NÃO dependem de atuação legislativa/administrativa do Poder Público, ou seja, ELAS SE BASTAM! ➢ Incidência IMEDIATA: NÃO há lapso temporal entre a entrada em vigor dessas normas e a efetiva produção dos seus efeitos; ➢ NÃO precisam de ADO e mandado de injunção pra que possam produzir os seus efeitos. DIFERENÇA ENTRE ELAS: As normas de eficácia plena possuem INCIDÊNCIA INTEGRAL, isto é, tais normas NÃO PODEM SOFRER RESTRIÇÃO no plano infraconstitucional. Ex.: separação de poderes – não há precisão de restrição infraconstitucional com relação a essa norma; art. 5º, III, CF/88 – essas normas se bastam e não há possibilidade de restrição; remédios constitucionais. Já, a norma constitucional de eficácia contida, prevê em sua redação, a possibilidade de restrição. É norma autoaplicável que PODE SOFRER RESTRIÇÃO. Portanto, ela se diferencia das normas de eficácia plena nesse ponto. Reitere-se que a norma contida não precisa de atuação do Poder Público para que possa produzir seus efeitos, é tão autoaplicável quanto a norma de eficácia plena, porém pode sofrer condicionamentos pelo Poder Público. Esse condicionamento poder ser feito por lei, atos administrativos ou até mesmo por outra norma constitucional. Ex.: art. 5º, III, CF/88 (liberdade profissional, atendidas as qualificações que a lei exigir) que é o caso do exame da OAB; art. 93, IX, CF/88 (publicidade das audiências, que podem ser restringidas pelo sigilo). Normas de Eficácia Limitada 9 ➢ São mais dependentes, pois NECESSITAM DE ATUAÇÃO FUTURA DO PODER PÚBLICO (legislativa ou administrativa) para que possam produzir os seus efeitos jurídicos máximos; ➢ Incidência INDIRETA, MEDIATA E NÃO INTEGRAL; ➢ Mandado de Injunção e ADO possuem como objetivo defender a efetividade de normas de eficácia limitada. Dividem- se em: Programática: estabelecem METAS, PROGRAMAS, DIRETRIZES que devem ser cumpridos pelo Poder Público. Normalmente tem um viés social. Ex.: saúde (art.196) – direito de todos que deve ser prestado mediante políticas de integração dos governos. Princípio Institutivo (Organizatórias): Criam órgãos, funções, institutos, serviços que dependem de lei para se tornar realidade. ex.: criação da Justiça do Trabalho (art. 112 e 113 da CF/88); criação da Defensoria Pública (art. 134, § 1º da CF/88) ATENÇÃO! Apesar das normas de eficácia limitada serem mais dependentes da atuação do Poder Público, é incorreto dizer que elas não produzem efeitos jurídicos. TODAS AS NORMAS CONSTITUCIONAIS PRODUZEM EFEITOS JURÍDICOS, o que pode variar é o grau efeitos (as normas de ef. plena produzem grau máximo de efeitos jurídicos). TODAS, as normas constitucionais estão aptas a produzir 3 efeitos, no mínimo, é a EFICÁCIA NEGATIVA: o Todas servem como PARÂMETRO DE CONSTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE; o TODAS servem como PARÂMETRO DE RECEPÇÃO OU NÃO- RECEPÇÃO das normas anteriores à CF/88; o Todas servem como FONTE DE INTERPRETAÇÃO. CLASSIFICAÇÃO/TIPOLOGIA DAS CONSTITUIÇÕES ➢ QUANTO À SUA ORIGEM Promulgadas: São as democráticas, populares. Elaboradas por uma Assembleia Nacional Constituinte, composta por representantes do povo. Exs.: CF´s de 1891, 1934, 1946, 1988. Outorgadas: São as ditatoriais, isto é, impostas por ato unilateral do governante. 10 Exs.: Carta do Império de 1824, CF´s 1937 (polaca), 1967, EC 1/1969. Pactuadas/ Dualistas/Convencionadas: Elaboradas a partir de um pacto entre o soberano e seus súditos. Ex.: Carta Magna de 1215 Cesarista/Bonaportista: Nasce de uma outorga mas passa pelo crivo popular (plebiscito/referendo) para dar certa legitimidade ao texto e contornos populares. ➢ QUANTO À FORMA Escritas: Codificadas/sistematizadas em um documento intitulado“Constituição”. Ex.: CF de 1988 Não-Escritas: Ela não é codificada, é constituída de documentos esparsos. Alguns países admitem traduções, costumes, leis esparsas... Ex.: Constituição Inglesa ➢ QUANTO À EXTENSÃO Analítica: Sãos as constituições muito extensas, que falam sobre múltiplos assuntos. Ex.: CF de 1988 Sintéticas: Concisas, reduzidas, enxutas, que discorrem apenas sobre os princípios estruturais do Estado. Ex.: Constituição dos EUA ➢ QUANTO AO CONTEÚDO Material: Só será reconhecido como Constituição aquilo que dispuser sobre assunto materialmente constitucional. Normalmente são Constituições não- escritas. Ex.: Constituição de 1824 Formal: Adotada por Constituições que não fazem separação entre o conteúdo das suas normas. Todas as suas normas inseridas no texto escrito constitucional 11 são consideradas normas constitucionais. Normalmente são Constituições escritas. Ex.: CF de 1988 ➢ QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO Dogmáticas/Sistemáticas: Representam os dogmas existentes à época de sua elaboração. Mudam com as mudanças que o Estado sofre, são momentâneas, atuais. Refletem o máximo de ideiais políticos predominantes no momento de sua elaboração. São Constituições escritas. Ex.: CF de 1988 Histórica: Reconhece toda a vivência do Estado, as suas tradições as suas leis esparsas... ou seja, ela possui compromisso com o TODO. Normalmente são mais estáveis e não escritas. Ex.: Constituição Inglesa. ➢ QUANTO À SUA ALTERABILIDADE Flexíveis: Podem ser alteradas pelo mesmo procedimento das leis comuns. Semirrígida: Parte do texto constitucional só pode ser alterado por um processo mais rígido e as demais normas podem ser alteradas pelo mesmo processo das leis comuns. Adota um modelo misto de alteração. Ex.: Carta do Império de 1824 Fixa: Só pode ser alterada pelo mesmo poder que criou a Constituição. Rígida: A Constituição só pode ser alterada por um procedimento mais dificultoso do que o existente para as demais normas jurídicas. Ex.: CF de 1988 Super-Rígida: Há autores minoritários (Alexandre de Moraes) que defendem que a Constituição de 1988 não seria apenas rígida, mas super-rígida, tendo em vista as cláusulas pétreas, que tornam processo ainda mais dificultoso que o já existente. Imutável: Não são passíveis de qualquer modificação. ➢ QUANTO À FINALIDADE 12 Dirigentes/Programáticas: Em regra são analíticas. Determinam atuação positiva por parte do Estado na concretização das políticas públicas, cria programas, metas, diretrizes... Sofrem com a inefetividade, já que o Poder Público nem sempre corresponde com a sua vontade. Ex.: CF de 1988 Garantias/Negativas/Liberais: Cuidam apenas daquelas normas que não poderiam deixar de estar expressas numa Constituição. Deixam as políticas sociais para os poderes constituídos. Visam limitar e legitimar a atuação do Estado e trazem apenas a estrutura principal do país. Normalmente são sintéticas. ➢ QUANTO À IDEOLOGIA Ortodoxas: Possuem apenas uma linha de pensamento. Não comportam muitas ideologias. Ex.: Constituição da China de 1982 Ecléticas: Adota inúmeras ideologias, heterogênea. Ex.: CF de 1988 ➢ QUANTO À CORRESPONDÊNCIA OU NÃO COM A REALIDADE (CRITÉRIO ONTOLÓGICO) Normativas: É aquela que foi feita para regular um país e efetivamente conseguiu regular as principais questões. Há uma correspondência harmônica entre o que diz a Constituição e o que é vivenciado. Nominativas: A Constituição não conseguiu efetivamente regular a vida política do Estado. Existe uma “ponte” entre o que diz a Constituição e o que vive o Estado. Ex.: CF de 1988 Semântica: Não possui compromisso com a realidade do país, não foi criada para corresponder aos anseios do país, mas sim para dar legitimidade formal aos atuais detentores do poder. ➢ QUANTO AO LOCAL DE DECRETAÇÃO Autoconstituição: Elaborada dentro do próprio Estado que irá reger. 13 Ex.: CF de 1988 Heteroconstituição: Se origina em Estado diferente do qual irá reger. Ex.: Constituição Cipriota FENÔMENOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL INTERTEMPORAL ➢ Revogação Global o Com a chegada de uma nova Constituição, a Constituição anterior pode ser completamente revogada. o Trata-se de normas de mesma hierarquia, e, portanto lei nova revoga lei anterior. o A revogação pode ser tácita ou expressa; o Este fenômeno também pode acontecer entre Constituições estaduais. ➢ Desconstitucionalização o A nova Constituição mantém parte da constituição anterior sob a forma de lei ordinária; CLASSIFICAÇÃO DA CF/88 AUTOCONSTITUIÇÃO NOMINATIVA ECLÉTICA DIRIGENTE RÍGIDA DOGMÁTICA FORMAL ESCRITA PROMULGADA 14 o Fenômeno EXPRESSO, isto é, é preciso que haja disposição constitucional expressa; o Pode acontecer no âmbito de constituições estaduais. ➢ Vacatio Constitutionis ´ o Período de tempo entre a publicação da nova Constuição e sua entrada em vigor; o Via de regra não ocorre no nosso país, mas aconteceu com a Const. de 1967; o As normas infraconstitucionais criadas nesse período que contrariem as normas constitucionais já existentes (const. antiga) serão inválidas, ainda que em conformidade com a nova Constituição já promulgada, mas que ainda não está em vigor. Porém, se essas normas infraconstitucionais forem compatíveis com as normas constitucionais pré-existentes, bem como com a nova Constituição, agora em vigor, tais leis serão recepcionadas. Não sendo compatíveis com a nova Constituição, serão não-recepcionadas, o que gera a sua revogação. ➢ Teoria da Recepção e Não-Recepção o São fenômenos que acontecem entre a Constituição nova e a legislação infraconstitucional anterior a ela. o Normas infraconstitucionais anteriores à nova Constituição, compatíveis MATERIALMENTE com a nova Constituição serão recepcionadas e continuarão a produzir seus efeitos. Insta salientar, que tais normas infraconstitucionais devem ser válidas em face da Constituição em que foram elaboradas (princípio da contemporaneidade), caso contrário serão consideradas nulas e não poderão ser recepcionadas ainda quem em conformidade com o novo texto constitucional. o Recepção/Não-Recepção são fenômenos MATERIAIS (se preocupa com a matéria, conteúdo) E AUTOMÁTICOS (não precisam que a Const. disponha expressamente que a norma foi recepcionada ou não)! o A Não-Recepção se opera quando uma norma infraconstitucional anterior a nova Constituição é INCOMPATÍVEL MATERIALMENTE com esta última. Enseja REVOGAÇÃO e não declaração de inconstitucionalidade. NÃO - RECEPÇÃO REVOGAÇÃO o Ressalte-se ainda que as normas infraconstitucionais anteriores NÃO podem ser declaradas inconstitucionais em face da Constituição em vigor, uma vez que elas retiraram seu fundamento jurídico de validade em outra Constituição. Assim, o Brasil não adota a teoria da inconstitucionalidade superveniente. o Os fenômenos da Recepção/Não-Recepção NÃO preocupa-se com FORMA, apenas com o conteúdo material. 15 Ex1.: CP e CPP são decretos-leis, que não existem mais, o que não impediu que estas leis fossem recepcionadas, as mesmas foram recepcionadas sob a forma de lei ordinária. Registre-se que, sob a égide da CF/88, suas alterações já se deram por lei ordinária, forma determinada pelo novo texto constitucional. Ex2.: O CTN foi produzido sob a forma de lei ordinária, no entanto a CF/88 exige que seja por lei complementar. Em que pese a incompatibilidade formal relacionada as espécies legislativas, isso não impediu que o CTN fosse recepcionado naquilo que fosse compatível com o texto constitucional. E assim, ele recepcionado foi sob a forma de lei complementar. Registre-se que,sob a égide da CF/88, suas alterações já se deram por lei complementar, forma determinada pelo novo texto constitucional. o O parâmetro de recepção/não-recepção não se esgota com a Constituição originária, ele vai seguindo de acordo com as alterações que o texto constitucional vai sofrendo ao longo dos anos. Supondo que uma norma produzida pós 1988, seja incompatível/compatível materialmente com uma emenda constitucional posterior a referida, não que se falar em inconstitucionalidade/constitucionalidade, mas sim nos institutos da recepção/não-recepção. Lembre-se o Brasil não adora a tese da inconstitucionalidade superveniente! Portanto, toda vez que a Constituição for emendada surge um novo parâmetro de recepção/não-recepção. Obs.: É por meio de ADPF e pelo controle difuso que se discute se norma infraconstitucional pré-constitucional foi recepcionada ou não-recepcionada. ➢ Repristinação o Fenômeno em que a norma revogada (lei 1) restaurará seus efeitos jurídicos, tendo em vista que a lei revogadora (lei 2) foi revogada por uma outra lei (lei 3). o Via de regra isso não ocorre, apenas de forma EXPRESSA. Repristinação Efeito Repristinatório (estudado em controle de constitucionalidade) 16 PODER CONSTIUINTE Poder responsável: • pela criação de uma nova Constituição; • pela legitimação das alterações que ela receberá; • pela criação das Constituições estaduais e suas alterações (estados federativos). - Natureza Jurídica do Poder Constituinte Originário (poder responsável pela criação de uma nova Constituição). Sobre isso, existem duas teorias: 1. Positivistas: É um poder de fato. Poder que se legitima no seu próprio processo de criação e que não há nenhum alicerce prévio efetivo, seja em direito natural ou em direito positivo anterior. 2. Jusnaturalistas: O Poder Constituinte é poder de direito natural, ou seja, há valores que são superiores às leis escritas que o poder const. não poderá desrespeitar. Obs.: Não há teoria que se sobreponha a outra. - Titularidade/Exercício Titular do Poder Constituinte: POVO Exercício: Forma Direta: ação popular, plebiscito, referendo. Forma Indireta: Representantes eleitos Obs.: As Constituições frutos de outorga continuam sendo manifestação do poder constituinte originário. 17 Espécies: ❖ Poder Constituinte Originário ❖ Poder Constituinte Derivado *Reformador *Decorrente ❖ Poder Constituinte Difuso ❖ Poder Constituinte Supranacional Poder Constituinte Originário (1º grau): o Poder criador; o Poder que elabora uma nova Constituição; o Inicial, pois é responsável por iniciar um novo ordenamento jurídico, uma nova Constituição; o Incondicionado, pois não há forma pré-determinada para a sua manifestação; o Ilimitado, em relação ao direito positivo anterior. Porém, CUIDADO, pois os jusnaturalistas entendem que tal poder enfrenta limites no direito natural (valores de igualdade, liberdade, vida). o Permanente, uma vez que não se esgota com a criação de uma nova Constituição, podendo manifestar-se novamente. É como se permanecesse latende para se manifestar diante de uma situação de ruptura que enseje uma nova Constituição. Poder Constituinte Derivado (2º grau): o Na verdade, é um poder constituído/instituído, vez que já existe com base numa Constituição; P.C.D. Reformador : relacionado às emendas constitucionais (art. 60); P.C.D. Decorrente (manifestação típica dos estados federativos): Criação das Constituições Estaduais e suas respectivas emendas; o Subordinado, pois as suas manifestações (reformadora e decorrente) encontram fundamento de validade na Constituição Federal e devem respeitá-la, sob pena de declaração de inconstitucionalidade; o Condicionado, pois ele está condicionado à forma pré-estabelecida na Constituição; 18 o Limitado, uma vez que a CF/88 limita materialmente a alteração do seu conteúdo – cláusulas pétreas. Obs.: ENTEDIMENTO MAJORITÁRIO: Não há direito adquirido em face de uma nova Constituição, uma vez que a Constituição originária goza de liberdade jurídica. Porém, salienta-se que existem entendimentos que versam que as emendas constitucionais/como normas infraconstitucionais não podem violar direitos adquiridos com o tempo em nome da seguração jurídica. ✓ Poder Constituinte Derivado Decorrente É o que permite, nos Estados federativos, a auto-organização dos Estados-membros na forma dos arts. 25 da CF/88 e 11 do ADCT. Frise-se que essa manifestação de poder é peculiar aos Estados federativos diante da autonomia dos entes que os compõem, não existindo, em regra geral, nos Estados unitários, que não possuem Constituições Estaduais. Obs.: Levando em consideração que no Brasil, o DF e os Municípios também fazem parte da federação, a Lei Orgânica de Municípios e DF são manifestações de Poder Const. Deriv. Decorrente? Lei Orgânica do DF: - Retira fundamento jurídico de validade diretamente da Constituição Federal, por isso ela tem status de Constituição Estadual. - Serve como parâmetro de controle de constitucionalidade no DF, da mesma forma que as constituições estaduais nos demais estados. - Em que pese o art. 32 da CF/88 não mencionar que a Câmara Legislativa é dotada de poderes constituintes, o entendimento que tem prevalecido na doutrina e jurisprudencialmente é o de que a L.O.DF é manifestação do poder constituinte derivado decorrente. Lei Orgânica do Município: - Retira fundamento jurídico de validade na CF/88 e na respectiva Constituição Estadual. - O entendimento do STF, é que a referida norma tem status de LEI, é norma primária de auto-organização do município. Assim, NÃO é manifestação poder constituinte derivado decorrente. - NÃO é parâmetro de controle de constitucionalidade. Se houver algum conflito entre lei orgânica e demais leis municipais, esse conflito será resolvido à luz de um juízo de legalidade e não da constitucionalidade. 19 ✓ Poder Constituinte Derivado Reformador Núcleo: art. 60, CF/88 Manifestações: *Emendas de Revisão *Emendas Constitucionais (EC’s) – art. 60 Emendas de Revisão: o No ADCT, a CF/88 determinou que após 5 anos contados da sua promulgação fosse feito o procedimento de revisão constitucional, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral; Obs.: nesse procedimento, deputados e senadores estavam na qualidade de congressistas, tendo em vista a sessão unicameral. Além disso, curiosamente, atente-se ao fato de que tecnicamente, foi possível que se aprovasse emenda de revisão sem a participação de nenhum senador, pois bastava a maioria absoluta de todos os congressistas. o Foram produzidas 6 emendas de revisão no ano de 1994; o O STF já se manifestou no sentido de que após a revisão constitucional de 1994, não podem mais ser produzidas emendas de revisão, uma vez que a referida norma é de eficácia exaurida (art. 3º, ADCT); o Na redação do art. 3º ADCT, que prevê a revisão constitucional, não há previsão de respeito às cláusulas pétreas. Porém, isso não significa que as emendas de revisão poderiam desrespeitá-las, pois na falta de uma limitação específica, aplica-se aquelas previstas no art. 60, CF/88. Limitações ao Poder Reformador a) Temporais: Período em que a CF não pode ser emendada. Segundo a doutrina majoritária não existem limitações temporais ao Poder Reformador na CF/88. Obs.: A Carta do Império de 1824 possuía previsão de limitação temporal, uma vez que esta não podia ser alterada por 4 anos contados de sua criação. Obs2.: Registre-se que a CF/88, por meio do procedimento do art. 60 CF/88 pôde ser alterada desde a sua entrada em vigor e por isso não há limites temporais! Não há queconfundir isso com a revisão constitucional, que exigia que fosse feita após 5 anos. 20 b) Circunstanciais: A CF/88 não pode ser emendada na vigência de: Intervenção federal; Estado de sítio; Estado de defesa. (art. 60, §1º CF/88). Obs.: Intervenção estadual não obsta a criação de emendas constitucionais à CF/88. c) Formais: Diz respeito ao processo legislativo de criação das emendas constitucionais. ➢ Legitimidade ativa para propor emendas constitucionais (Art. 60, I, II, III, CF/88): I- um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II- do Presidente da República; III- de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. ▪ Rol taxativo; ▪ Iniciativa Concorrente; ▪ NÃO há iniciativa popular para propor PEC da Constituição Federal de 1988 – STF já se manifestou no sentido de que as Constituições Estaduais podem prever a iniciativa popular para PEC’s estaduais. ➢ Aprovação por maioria qualificada (art. 60, § 2º CF/88): Votação em 2 TURNOS, em CADA CASA DO CONGRESSO NACIONAL (CÂMARA E SENADO), atingindo em cada VOTAÇÃO o MÍNIMO DE 3/5 DOS VOTOS DE CADA CASA. CÂMARA DOS DEPUTADOS 1ª VOTAÇÃO (1º TURNO) - MÍNIMO 3/5= 308 2ª VOTAÇÃO (2º TURNO) – MÍNIMO 3/5 = 308 Somente se aprovado, nos 2 turnos na Casa Iniciadora (normalmente é a Câmara dos Deputados, mas isso dependerá de quem propõe a emenda – isso será melhor estudado no tema “Processo Legislativo”), é que vai para a Casa Revisora (normalmente é o Senado)... 21 SENADO FEDERAL 1ª VOTAÇÃO (1º TURNO) - MÍNIMO 3/5= 49 2ª VOTAÇÃO (2º TURNO) – MÍNIMO 3/5 = 49 ➢ A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. NÃO HÁ VETO/SANÇÃO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA! Art. 60, § 3º, CF/88 Obs.: A única atuação do Presidente da República no processo de criação de EC’s é quanto à possibilidade de apresentação de PEC. ➢ A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada NÃO pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. Art. 60, § 5º, CF/88 Obs.: Sessão Legislativa (art.52, CF/88): Período anual de trabalho dos legisladores. ATENÇÃO! É diferente de legislatura (4 anos), nesse caso, é possível que uma mesma PEC seja reapresentada na mesma legislatura, desde que em sessões legislativas distintas. d) Limitações Materiais Expressas – art. 60, §4º CF/88 Implícitas Expressas (cláusulas pétreas): o Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. o A cláusula pétrea não é uma cláusula petrificada, isto é, NÃO QUER DIZER QUE ESSES ASSUNTOS NÃO PODEM SER ALTERADOS. É o seu NÚCLEO QUE É INABALÁVEL, isto é, não é possível restringir ou atingir o seu núcleo. Obs.: O voto facultativo não fere cláusula pétrea. 22 Implícitas (cláusulas tácitas): o Fruto de entendimento doutrinário; o República (forma de governo); Presidencialismo (sistema de governo); A titularidade do poder constituinte; Impossibilidade de alteração para facilitar o processo de reforma da Constituição, pois isso abalaria a rigidez constitucional. Obs.: Emendas Avulsas – Se submetem ao processo do art. 60 CF/88, porém não alteram a Constituição formal no seu corpo. Saliente-se que em que pese não altere o texto constitucional, serve como parâmetro de constitucionalidade Ex.: EC 67/2015, EC 91 (JANELA PARTIDÁRIA). Poder Constituinte Difuso Se manifesta por meio da MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL. Formalmente as Constituições somente podem ser modificadas por Emendas Constitucionais, na forma do art. 60, CRFB/88 Por outro lado, INFORMALMENTE, a Constituição pode ser também modificada pelo fenômeno da Mutação Constitucional, à luz de novos fatos, nova realidade, permitindo que a Constituição esteja sempre conectada com a realidade do País. É uma mudança de sentido ou contexto SEM alteração formal do dispositivo. Poder Constituinte Supranacional Poder Constituinte Supranacional é o poder que cria uma Constituição , na qual cada Estado cede uma parcela de sua soberania para que uma Constituição comunitária seja criada. O titular deste Poder não é o povo, mas o cidadão universal. Ele segue uma tendência mundial de globalização do direito constitucional, ou ainda do transconstitucionalismo, matérias que buscam sistematizar temas como os conflitos entre constituições ou poderes constituintes em um mesmo espaço político. http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 23 HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL ➢ É a ciência que extrai dos símbolos (artigos, parágrafos, incisos e alíneas), por meio dos métodos de interpretação e dos princípios, o sentido mais próximo ao real; ➢ Processo aberto, pois as interpretações mudam com o tempo. 1- MÉTODOS/ELEMENTOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL a) Método Gramatical/Literal: • A norma significaria justamente o que nela está escrito, a sua própria literalidade. Geralmente é o ponto de partida, sendo a guia inicial da tarefa do intérprete, mas não é normalmente o seu ponto de chegada, diante da pluralidade de normas que podem ser extraídas do mesmo dispositivo; • Texto/dispositivo X Norma. O dispositivo é o significante ou o enunciado que expressa o comando, de onde o mesmo é extraído, e a norma é a regra de conduta que se extrai do dispositivo, sendo, portanto, inconfundíveis. Ex.: art. 5o, LVI, da CF/88. O texto afirma que são inadmissíveis no processo as provas ilícitas, mas, de acordo com a jurisprudência do STF, em nome do princípio da proporcionalidade, excepcionalmente essas provas podem ser admitidas como, por exemplo, na hipótese de legítima defesa das liberdades públicas. Da mesma maneira, poderíamos analisar a titularidade dos direitos fundamentais de acordo com o art. 5º, caput, que afirma serem protegidos os brasileiros e os estrangeiro residentes no país. Segundo a interpretação mais correta, todas as pessoas naturais (estrangeiros de passagem pelo território nacional, inclusive) e jurídicas devem ter os seus direitos respeitados. Essa é mais uma clara diferença entre o texto e a norma. b) Método Histórico • Trata-se de uma interpretação histórico-evolutiva, uma vez que analisa a evolução de seus institutos até os dias atuais. • De fato o que é mais importante não é a occasio legis (a ocasião da elaboração da Constituição), e sim a ratio legis, ou seja, é o fundamento racional que vai acompanhar aquele texto constitucional ao longo da produção dos seus efeitos jurídicos,porque a Constituição é maleável. 24 c) Sistemático • Defende que a interpretação deve ser feita em conjunto com todas as normas constitucionais que versam sobre aquele determinado tema. Permite a análise do TODO, evitando interpretação isolada dos dispositivos. d) Método Teleológico • Busca a finalidade dos institutos, vai além do que está escrito. ex.: muito antes da interpretação do STF de reconhecer as uniões homoafetivas, o TSE numa interpretação teleológica já havia entendido que aplica-se a uniões homoafetivas o instituto da inelegibilidade reflexa. 2- NORMATIVIDADE DOS PRINCÍPIOS • Até 1945, se entendia que a NORMA se resumia à LEI/REGRA (NORMA OBJETIVA APLICÁVEL MEDIANTE A SUBSUNÇÃO). Os PRINCÍPOS NÃO ERAM CONSIDERADOS NORMAS, eram coadjuvantesdas regras, eram chamados para atuar apenas de forma secundária quando a regra não conseguisse solucionar o conflito. • Com o pós-guerra, as Constituições e as Declarações de Direitos do Pós-Guerra foram impregnados de princípios, houve uma ascensão dos princípios como norma. • Canotilho, Alexy, Dworkin, Bonavides, foram alguns dos autores de destaque quando se começou a desenhar a normatividade dos princípios. • Normas Constitucionais: Norma-Regra = tudo ou nada (ex.; repartição de competências) Norma-Princípios = são mais flexíveis, abertos (ex.: dignidade da pessoa humana) Obs.: Não há hierarquia entre princípios e regras 3- PRINCÍPIOS DA HERMENÊUTICA CONTEMPORÂNEA a) Supremacia da Constituição • Não se permite nenhuma interpretação contrária à Constituição. b) Unidade da Constituição 25 • Indica que o ordenamento jurídico é considerado um TODO unitário e harmônico. Não há verdadeiras antinomias entre as normas da constituição, tampouco hierarquia. c) Concordância Prática/Harmonização Deriva da Unidade Constitucional. Recomenda ao intérprete que, ao se deparar com situações concretas de concorrências entre bens constitucionalmente protegidos, adote a solução para otimizar a realização de todos, mas sem negar completamente um direito ou princípio. É um princípio aplicável ao caso concreto e é dinâmico. Ex.: prisões processuais X princípio da presunção de inocência; liberdade de informação X proteção à vida privada. d) Efeito Integrador/Eficácia Integradora Visa buscar um efeito mais real da constituição nas situações concretas. Ela precisa ser elemento comunitário, estar no dia-a-dia das pessoas ex.: reconhecimento das uniões homoafetivas. e) Justeza/Conformidade Funcional Necessidade de se impor limites à atuação do intérprete O Poder Judiciário não poderá interpretar a Constituição subvertendo o esquema organizatório-funcional nela estabelecido. Com isso, o significado das normas constitucionais não pode ser deturpado, sob pena de se colocar em risco o próprio Estado Democrático de Direito. Visa combater ativismo judicial, a interpretação exagerada do texto constitucional f) Máxima Efetividade das Normas Constitucionais Destaca a importância de se dar máximo efeito de todas as normas constitucionais, principalmente as de eficácia limitada. g) Presunção de Constitucionalidade das Leis Diferente no que tange às: -Normas constitucionais originárias: presunção absoluta de constitucionalidade, isto é, não podem ser declaradas inconstitucionais; -Normas constitucionais derivadas/ normas infraconstitucionais; presunção relativa de constitucionalidade, ou seja, nascem produzindo seus efeitos jurídicos mas podem ser declaradas inconstitucionais. h) Interpretação Conforme à Constituição Princípio de hermenêutica e ao mesmo tempo, técnica de decisão do controle de constitucionalidade. 26 Recai sobre norma plurissignificativa. • Se uma lei pode produzir interpretações compatíveis e incompatíveis com a constituição, o intérprete deverá adotar a forma de interpretar a norma em conformidade com o texto constitucional e descartar as outras interpretações em desconformidade com a Constituição. i) Razoabilidade/Proporcionalidade • Extraído do art. 5º, LIV, CF/88 (devido processo legal); • Apesar de não serem idênticos Os dois princípios possuem valores comuns – bom senso, justiça, racionalidade, justa medida, vedações aos arbítrios, busca pela justiça... Razoabilidade = fruto do devido processo legal substantivo no direito norte- americano; conceito mais abstrato/aberto; ideia de equilíbrio, harmonia, afinidade entre meios e fins. Não basta respeitar o devido processo legal (contraditório, ampla defesa, vedação ao juízo de exceção) mas é preciso buscar sempre a justiça. Proporcionalidade = é mais recente, surge no direito germânico. Dividida em três subprincípios: -Adequação; -Necessidade; -Proporcionalidade em sentido estrito. Obs.: Tais princípios serão utilizados quando a lei/decisão parecer injusta, desarrazoada... MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL • É o mesmo que manifestação do poder constituinte difuso; • As alterações formais da Constituição só podem ser feitas mediante emenda constitucional, em conformidade com o art. 60, CF/88. No entanto, a mutação constitucional trata-se de mudança informal da Constituição, assim, não segue os ditames do art.60, CF/88; • Mudança de sentido da Constituição à luz de novos fatos e da nova realidade, sem que haja mudança formal no seu texto. Tal fenômeno é importante para que a Constituição conecte-se à realidade dos país. • Normalmente, é o STF que normalmente realiza as grandes mutações constitucionais por meios das “viradas jurisprudenciais” do STF. O mesmo dispositivo passa a ser interpretado de outra forma. Limites: 27 - Respeito às cláusulas pétreas, valores e essência da Constituição; - Respeito aos princípios fundamentais (princípio federativo, democrático, republicano, separação dos poderes...) Ex. de mutação constitucional: prerrogativa de foro – até maio de 2018 parlamentares que tivessem cometido crime antes da diplomação ou depois seriam julgados pelo STF – virada jurisprudencial – parlamentares só serão julgados no STF por crimes cometidos após a diplomação, e desde que relacionados ao exercício da função. HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 1824 (Carta do Império) -Sufrágio censitário (renda); -Sufrágio capacitário (mulheres e analfabetos eram excluídos dos pleitos eleitorais); -Direitos de 1ª dimensão; -Semirrígida. 1891 -1ª Const. Republicana; -Const promulgada; -Sufrágio censitário (renda); -Sufrágio capacitário (mulheres e analfabetos eram excluídos dos pleitos eleitorais); -Direitos de 1ª dimensão; -Surgiu o Controle difuso de constitucionalidade; -Trouxe Habeas corpus; -Surgiu STF e a própria jurisdição constitucional; -Federação – (1ª const. federativa); -Previu a possibilidade de intervenção federal; -Aboliu pena de morte, com exceção do caso de guerra. 1934 -Inaugurou o estado de bem-estar social – previsão de direitos sociais; 28 -Justiça do trabalho e eleitoral; -Voto secreto; -Primeira const. a consagrar os direitos dos trabalhadores; -Voto feminino; -Mendigos e analfabetos continuavam excluídos do sufrágio; -Previsão do Mandado de segurança individual e ação popular. 1937 (polaca) Ditatorial; Regressão na defesa de direitos; Censura; Pena de morte p/ crimes mais graves. 1946 Redemocratização; Livre manifestação do pensamento; Acabou com a censura; Acabou com pena de morte, com exceção do caso de guerra declarada; Função social da propriedade. 1964 Ação de suspensão de direitos individuais e políticos AI-5 EC 1967 -No conteúdo foi uma nova constituição, pois ela reescreveu texto da Carta anterior. Concentração de poder no Presidente; Eliminou imunidades parlamentares. 29 NEOCONSTITUCIONALISMO Movimento que possui as seguintes características: a) Constitucionalização do ordenamento jurídico; b) A Constituição como sendo: Centro do sistema; c) Carga valorativa (axiológica) - dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais; d) Eficácia irradiante em relação aos Poderes e mesmo aos particulares; e) Concretização dos valores constitucionalizados e garantia de condições dignas mínimas. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS • Elementos orgânicos/organizacionais; • Tratam da sua estrutura principal e características principais do Estado; ➢ República (desde 1889): forma de governo– relação entre governantes e governados. Principais formas de governo: MONARQUIA – Poder oriundo da vontade divina e não do povo; vitalício; hereditariedade como forma de transferência, é irresponsável, personificação do poder político naquele governante e consequentemente na sua família.REPÚBLICA - Eleições periódicas; mandatos temporários; governante dever ser responsabilizado pelos seus atos; não há personificação do poder político no governante. Formalmente não está previsto como clausula pétrea da constituição, mas boa parte da doutrina considerada limitação material implícita ao poder de reforma (e por isso não seria possível acabar com a república por EC). ➢ Federação – representa a forma de estado do país. o Cláusula pétrea art. 60, § 4º, CF/88. o Em uma federação é proibida a secessão – união indissolúvel (art. 1º, CF/88). o Forma de estado: modo como o poder político é representado no âmbito interno do país. Diz-se também que representa a divisão geográfica do poder político, sendo que cada ente da federação goza de poder político no plano interno. o Formas de estado: Federação X Estado Unitário (Poder político interno concentrado no Poder Central). ➢ Fundamentos da República Federativa do Brasil 30 SOBERANIA o A soberania, segundo Carl Schimitt, é um dos quatro elementos essenciais do Estado (juntamente com opovo, o território e o governo) e pode ser analisada sob o ângulo interno e externo. No primeiro caso, o poder do Estado deve ser respeitado internamente por todos que habitam o país, não sendo limitado por nenhum outro poder. Externamente, a soberania revela que a comunidade jurídica internacional deve respeitar o seu território, as suas leis, as decisões políticas, não existindo hierarquia entres os Estados. o É a República Federativa do Brasil (pessoa jurídica de direito público internacional) que é dotada de soberania e não os entes que compõem a federação (pessoas jurídicas de direito público interno). o OBS.: Art. 4º, I e II, CF/88 traduzem uma soberania relativa: Independência Nacional + Prevalência dos Direitos Humanos. Isso significa que, em que pese a independência nacional, o Estado não pode fazer o que quiser, tem que fazer prevalecer os direitos humanos. CIDADANIA o Associada ao eleitor, aquele que possui título de eleitor, que está em gozo de seus direitos políticos – pode votar, ajuizar ação popular, participar de plebiscito... DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA o Reverbera em todo o texto da constituição, é base axiológica de todos os direitos e garantias fundamentais VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E LIVRE INICIATIVA o Livre iniciativa: marca do capitalismo, que é o modelo econômico adotado pelo pais. o Os valores sociais do trabalho vem antes da livre iniciativa, o que pode-se concluir que a ordem econômica adotada no brasil é compromissória (ordem econômica comprometida com os ideias sociais, que primeiro se preocupa com o trabalhador e no segundo momento com livre iniciativa, lucro, regras de mercado...). PLURALISMO POLÍTICO Pluralismo político X Pluripartidarismo O pluralismo político é mais amplo, consiste na liberdade de ideias, de manifestações, demonstra que a CF/88 é eclética, adota várias ideologias... (ex.; liberdade de reunião). 31 O pluripartidarismo é uma das manifestações do pluralismo, mas não a única. Este significa a possibilidade de criação de vários partidos. ➢ Princípio democrático (regime político) o (art. 1º, parágrafo único da CF/88): “todo o poder emana do POVO..” o Democracia participativa/semidireta: -Mistura atributos da democracia direta e indireta -Atuação por meio dos representantes eleitos + atuação direta do povo (plesbiscito/referendo...). ➢ Princípio da separação dos poderes o (art. 2º, CF/88 – cláusula pétrea) o O Legislador deve elaborar leis; o Executivo as executa e o Judiciário resolve eventuais conflitos causados com a sua aplicação. o O principal elemento caracterizador da separação de poderes é o sistema dos freios e contrapesos norte-americano (checks and balances), em que se determina aos poderes a realização de suas atividades típicas, mas também atípicas, pertinentes a outros poderes. o Esse sistema moderno de freios e contrapesos não pode contrariar a harmonia e independência presentes no dispositivo ora em estudo. Ex.: Poder Legislativo Função típica: legislar/fiscalizar. Função atípica- Administrativa: ex.: procedimento licitatório Jurisdicional: Senado Federal julga presidentes da república por crimes de responsabilidade. ➢ Objetivos Fundamentais da República o Art.3º, CF/88 o Rol meramente exemplificativo o Normas de conteúdo limitado/normas programáticas 32 DIMENSÕES OU GERAÇÕES DE DIREITOS FUNDAMENTAIS A) 1ª DIMENSÃO • Fase de preocupação com o indivíduo e com suas liberdades individuais; • Os direitos defendidos nessa dimensão cuidam da proteção das liberdades públicas e dos direitos políticos – DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS; • O Estado teria um dever de prestação negativa, isto é, um dever de nada fazer, a não ser respeitar as liberdades do homem; • Liberdades negativas; • Estado Liberal; • Ex.: o direito à vida, à liberdade, à propriedade, à manifestação, à expressão, ao voto, ao devido processo legal. B) 2ª DIMENSÃO • Estão relacionados à passagem do Estado liberal para o Estado Social. Percebeu- se que essas liberdades individuais por si só não geram justiça social; • Luta pela igualdade em sentido material; • Exigência de prestações positivas por parte do estado (saúde, alimentação, assistência); • Exs.: o direito à saúde, ao trabalho, à assistência social, à educação e os direitos dos trabalhadores. • Documentos importantes: Constituição mexicana de 1917 e Constituição de Weimar de 1919. C) 3ª DIMENSÃO • Com o fim da 2ª Guerra Mundial surge o sentimento de fraternidade, solidariedade, preocupação com os direitos que pertencem a grupos indeterminados; • Direitos difusos; • Preocupa-se com a coletividade • Exs.: direito ao desenvolvimento, direito à paz, e direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. • Documento importante: Declaração universal dos direitos humanos. D) 4ª DIMENSÃO • Associada aos avanços na área da ciência, avanços tecnológicos, pluralismo político, informação, sedimentação do modelo político democrático e pelo próprio futuro da cidadania. 33 • Exs.: manipulação do patrimônio genético; clonagem, da fertilização in vitro; Biodireito, cirurgia de mudança de sexo, avanços tecnológicos da medicina; relacionados a internet... E) 5ª DIMENSÃO • Paulo Bonavides sustenta a defesa da paz mundial. F) 6ª DIMENSÃO • Preocupação com a água potável. Obs.: NÃO há hierarquia alguma entre essas dimensões. Na verdade, ela é tão somente para fins acadêmicos no sentido de promover uma perspectiva histórica, de como e quando esses direitos foram ingressados. EFICÁCIA VERTICAL E HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS EFICÁCIA VERTICAL o Consiste na aplicação dos direitos fundamentais nas relações ESTADO- INDIVÍDUO; o O Estado é norteado pelo princípio possui a supremacia do interesse público que acaba legitimando a restrição dos direitos do particular (ex.: requisição administrativa, desapropriação, poder de polícia do estado). No entanto, em caso o de ilegalidade o indivíduo pode acionar o próprio Estado-juiz na defesa de seus direitos fundamentais. Ex.: requisição administrativa, desapropriação, poder de polícia do estado. EFICÁCIA HORIZONTAL o Aplicação dos direitos fundamentais nas RELAÇÕES ENTRE PARTICULARES. A violação a direitos fundamentais não ocorre somente no âmbito das relações entre o cidadão e Estado, mas igualmente nas relações travadas entre pessoas naturais e jurídicas de direito privado, ou seja, nas relações intersubjetivas. o É possível se observar nas decisões do STF que quanto mais desigualdade existir entre as partes, maior será a possibilidade de intervenção judiciária para evitar o predomínio dos arbítrios, como nas relações trabalhistas e do consumidor, pois a 34 autonomiaprivada não pode ser exercida em detrimento ou com desrespeito aos direitos e garantias de terceiros, especialmente aqueles positivados em sede constitucional. o Em importante decisão sobre a eficácia direta nas relações privadas o STF decidiu pela reintegração de associado excluído do quadro de uma sociedade civil, sob o entendimento de que foram violadas as garantias constitucionais do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa e de que a sociedade havia extrapolado a liberdade do direito à associação. LEMBRE-SE QUE NENHUM PRINCÍPIO É ABSOLUTO! CONSTITUCIONALIZAÇÃO FORMAL DOS TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS Orginalmente, pela CF/88, todos os tratados internacionais, seja de direitos humanos ou não, possuíam status de lei federal, pelo procedimento do art. 49, I e art. 84,VIII, CF/88(Presidente assina – encaminha ao Congresso para aprovação – Presidente promulgava por decreto). EC 45/04 – acrescentou o § 3º ao art. 5º da CF/88: Os tratados e convenções internacionais sobre DIREITOS HUMANOS que forem aprovados, EM CADA CASA DO CONGRESSO NACIONAL, EM DOIS TURNOS, POR TRÊS QUINTOS DOS VOTOS dos respectivos membros, serão equivalentes às EMENDAS CONSTITUCIONAIS. ▪ Os tratados internacionais de direitos humanos que se submetam ao procedimento de constitucionalização devem obediência a todos os limites formais, circunstanciais e materiais formais previstos no art. 60, CF/88. Obs 2.: O Tratado de Marraqueche, em que pese ter sido promulgado em ano de intervenção federal - 2018, já tinha se submetido ao crivo do Congresso em 2015. O decreto de promulgação visa apenas formalizar o ato, atestando que o ato é válido foram cumpridas todas as suas formalidades e por isso não há problema algum que seja publicado durante a vigência de intervenção federal. ▪ Uma vez que os tratados sejam incorporados pelo procedimento mencionado, passam a ter status de emenda constitucional, e por isso também servem como parâmetro de controle de constitucionalidade; ▪ Tratados de Direitos Humanos que o Brasil incorporou mediante o procedimento de constitucionalização: -Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo; -Tratado de Marraqueche. 35 Obs.: Tratados que não versem sobre direitos humanos não podem se submeter à esse procedimento § 3º ao art. 5º da CF/88. Obs. 2: Tratados que não versem sobre direitos humanos só podem ter status de lei ordinária federal. SUPRALEGALIDADE DOS TRATADOS SOBRE DIREITOS HUMANOS - A Tese adveio do problema referente aos tratados de direitos humanos incorporados ao ordenamento jurídico antes do surgimento do art. 5º, §3° da CF/88 (constitucionalização dos tratados de direitos humanos). - Caso Pacto de São José da Costa Rica: • O referido Pacto determina que haverá apenas 1 modalidade de prisão civil: devedor de alimentos. • A CF/88 no art. 5º, LXVII, prevê 2 modalidades de prisão: devedor de alimentos e depositário infiel. Para resolver o problema, em 2008, o STF passou a considerar que o Pacto de San José da costa rica não estava mais no rol das normas infraconstitucionais. Está abaixo da Constituição pois não foi submetido ao procedimento de constitucionalização dos tratados internacionais previsto no art. 5º, §3º da CF/88, mas também não é meramente norma infraconstitucional. Portanto o tratado passou a receber status supralegal (acima da lei, mas abaixo da constituição). Com a sua supralegalidade passou a revogar disposições infraconstitucionais que versavam sobre a prisão do depositário infiel. Nessa linha, o STF acabou revogando a Súmula nº 619. Alguns meses depois, o STF criou a SÚMULA VINCULANTE Nº 25 que acabou com a prisão do depositário infiel. CF ------------ TRATADOS SUPRALEGAIS ------------------------------ NORMAS INFRACONS- TITUCIONAIS 36 Obs.: Tem-se entendido que todos os demais tratados internacionais sobre direitos humanos que não foram incorporados pelo procedimento do art. 5º, §3° da CF/88 da também possuem status supralegal. Obs.2: Tratados com eficácia supralegal NÃO servem como parâmetro de controle de constitucionalidade. INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA PARA A JUSTIÇA FEDERAL - Também conhecido por “Federalização dos crimes sobre direitos humanos”; - Acréscimo do §5º ao art. 109 da CF/88, promovido pela EC 45; - Art. 109, § 5º - Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador- Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. - Por vezes a Justiça Estatual, responsável pela maioria dos delitos, ao elucidar crimes nem sempre o faz da maneira esperada ou célere. Tendo em vista, a internacionalização dos direitos humanos, o tema assume proporções externas e por isso, O Brasil que assumiu inúmeros compromissos internacionais, pode vir a sofrer sanções nesses casos de crimes com graves violações de direitos humanos em que não há uma resposta jurisdicional. Por isso justifica-se, o descolamento da competência para a seara federal OBSERVAÇÕES: • Pedido pode ser feito em QUALQUER fase do INQUÉRITO OU PROCESSO; A doutrina sustenta que será possível o deslocamento da competência até mesmo na fase executiva, após o trânsito em julgado, porque é possível que a violação de direitos humanos somente ocorra nessa fase; • SOMENTE O PGR pode fazer o pedido; • Competência para análise do pedido: STJ REQUISITOS cumulativos para que o IDC seja aceito pelo STJ: -Grave violação de direitos humanos (depende da análise do caso concreto); -Risco de sanção internacional (ex.: condenação de corte internacional); - Comprovação de inércia/negligência/omissão dos órgãos competentes originariamente para apurar o caso na realização de suas atividades. – seja pela inércia deliberada, seja pela limitação ou precariedade dos instrumentos colocados à disposição da Justiça Estadual. 37 ART. 5º, CF/88 Observações a respeito do art. 5º, CF/88: • EC 45 acrescentou o § 4º – Constitucionalização do TPI (Tribunal Penal Internacional), o qual foi criado pelo Estatuto de Roma; O Brasil manifestou adesão ao estatuto de Roma (criou o TPI) no ano de 2002; O Art. 7º do ADCT já em 1988 proclamava a necessidade de um tribunal internacional. • §1° Aplicação imediata: as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais tem aplicação imediata. Assim, não interessa se a norma está prevista na Constituição como de eficácia plena/contida/limitada, todos os direitos geram direito público subjetivo que podem e devem ser reivindicados em juízo porque a sua aplicação é imediata. • §2º “Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. ” Reconhece os princípios, tratados internacionais em que a República Federativa do brasil seja parte (proteção ao direito internacional dos direitos humanos) Com base nesse dispositivo, alguns autores defendem a tese de que os tratados de direitos humanos têm status de norma constitucional independentemente do procedimento do art. 5º, § 3º, CF/88. Para essa corrente seria uma cláusula de recepção imediata dos tratadosde direitos humanos, que após a sua assinatura já teria esse status diferenciado. Essa não é a tese majoritária, pois o STF só reconhece o status constitucional dos tratados de direitos humanos se tiverem passado pelo procedimento do art. 5º, § 3º, CF/88. Por fim, registre-se que o § 2º, é amplamente conhecido por “cláusula de abertura material”, vez que possibilita a ampliação do catálogo de direitos fundamentais materiais, que não se encontram topograficamente localizados no Título II da Constituição Federal. Por esse mesmo motivo diz também que o rol de direitos fundamentais deste Título é meramente exemplificativo. • Princípio da Igualdade - Art. 5°, caput e inciso I -“ Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. ” 38 Obs.: Na verdade, TODAS as pessoas naturais e jurídicas que estiverem no país tem os seus direitos respeitados na medida prevista pelo nosso ordenamento jurídico -“Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição. ” – Consagra a igualdade formal. Igualdade formal: é a igualdade perante a lei; não são permitidos leis e atos administrativos que coloquem em risco essa igualdade. Igualdade material – Sabendo-se que há pessoas que precisam mais da atuação do estado (ex.: hipossuficientes), esta modalidade de igualdade visa dar mais efetividade ao seu sentido. É a igualdade efetiva, isto é, a possibilidade de se adotar medidas diferenciadas (ex.: ações afirmativas, política de cotas) para que se consiga tornar a sociedade mais justa. “Tratar os iguais de forma igual, e os desiguais de forma desigual. ” ATENÇÃO! Súmula 683 do STF (já foi cobrado) - O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido. NÃO VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE!!! Da mesma forma, NÃO viola princípio da igualdade, concursos para presídio feminino em que só podem se inscrever mulheres; concurso de policial que exija idade mínima... • Princípio da Legalidade (inciso II e art. 37, caput) O particular está sujeito ao princípio da legalidade no sentido amplo – somos livres a não ser que algum ato normativo disponha sobre alguma restrição a essa liberdade. Legalidade da Administração pública- legalidade em sentido estrito – a Administração Pública precisa calcar todos os seus atos na lei. LEGALIDADE EM SENTIDO AMPLO LEGALIDADE EM SENTIDO ESTRITO Particular; Administração Pública Pode-se fazer tudo que a lei não proíbe; Só poderá fazer o que a lei permitir; LEMBRAR que NENHUM PRINCÍPIO É ABSOLUTO! Portanto no caso da legalidade em sentido amplo em que vigora a autonomia da vontade, importante observar que tal princípio deve ser ponderado em face da dignidade da pessoa humana, e assim, aplicando- se a eficácia horizontal dos direitos fundamentais. E no que tange à legalidade em sentido amplo, há algumas exceções como as medidas provisórias, estado de defesa/sítio... Princ. Reserva legal: Algumas medidas só podem ser tomadas com base em lei em sentido estrito, em sentido formal, aquela que passa pelo processo legislativo completo Ex.: criação de crime exige lei em sentido formal 39 OBS.: Restrições a direitos fundamentais só podem ser pautadas na lei em sentido formal. Ex.: edital de concurso público não pode restringir direito fundamental algum. (IMPORTANTE! GERALMENTE É OBJETO DE FUNDAMENTAÇÃO NAS PEÇAS PROCESSUAIS!) SÚMULA VINCULANTE Nº 44 - Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público. • Inciso IV e V – Manifestação de Expressão Responsável “É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. ” Livre manifestação do pensamento, ideias..., mas é preciso demonstrar a autoria “É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem. ” Ao mesmo tempo em que a CF/88 garante a liberdade de manifestação, também garante a ampla reparabilidade pelos prejuízos sofridos. Obs.: O direito de resposta deve ter o mesmo alcance em qual se deu a manifestação Ex.: Saiu na primeira página de um jornal uma notícia falsa sobre uma pessoa, daí a pessoa quer exercer o direito de resposta. O jornal não pode permitir que esse direito de resposta seja manifestado nos “classificados do jornal”, é preciso que se dê o mesmo alcance. Se a manifestação teve capa de jornal, o direito de resposta também precisa ser na capa de jornal. Obs.2: A indenização também é garantida para as pessoas jurídicas • Liberdade de Comunicação (incisos IX, XIV) - “É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. ” STF: Biografias não dependem de autorização do biografado ou de sua família. Biografias são um gênero literário, e se houvesse a necessidade de autorização, a biografia perderia o seu sentido literário, porque as pessoas só autorizariam se escrevessem coisas boas a seu respeito. Porém, configurado o ABUSO, como pox exemplo inventar situações, macular sua imagem, haverá a ampla reparabilidade. STF: A Lei de imprensa, que restringia a liberdade de imprensa, foi totalmente REVOGADA em razão de sua incompatibilidade material com a CF/88 (ATENTE-SE QUE NESSE CASO TRATA-SE DE LEI ANTERIOR À CF/88, E POR ISSO OPEROU- SE O FENÔNEMO DA NÃO-RECEPÇÃO QUE ENSEJA REVOGAÇÃO E NÃO INCONSTITUCIONALIDADE!) STF: Decreto de 1969 que exigia diploma de jornalismo para exercer a função de jornalista é viola a CF/88. A exigência surgiu na época ditatorial com o fim de restringir sua atuação, já que não é indispensável o diploma para atuar como jornalista. Além disso, 40 o exercício da profissão de jornalista está intimamente ligado à liberdade de expressão, garantida pelo texto constitucional. -“É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional. ” Obs.: O que a Constituição protege é a figura do informante. Quem divulgar a informação terá que divulgar seu nome, pois não se permite o anonimato. Quem se manifesta publicamente precisa se responsabilizar. • Liberdade Religiosa (incisos VI, VII e VIII) - O estado brasileiro é laico, não-confessional, ou seja, não faz opção religiosa específica. Porém, a constituição não é contrária à religião, ela inclusive incentiva a religião. -“ É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. ” -“É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva. ” -“ Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. ” – ESCUSA DE CONSCIÊNCIA Escusa de consciência: Direito de recusar-se a cumprir obrigação legal a todos imposta que seja contrária à sua convicção religiosa/filosófica. Nessa situação, compete ao Estado determinar o cumprimento de uma obrigação alternativa. Caso se recuse a cumprir a obrigação originária e alternativa, o indivíduo poderá ter seus direitos políticos suspensos, nos termos do art. 15, IV, da CF/88. - art. 210, §1º, CF/88: Ensino religioso nas escolas públicas é de matrícula facultativa (é o que preserva a laicidade do estado). • Proteção à Intimidade e a Vida Privada (incisos X, XI) - “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, asseguradoo direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. ” - “A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial. ” Obs.: Casa não se resume ao local onde as pessoas moram, também está relacionado aos locais de trabalho (escritórios, consultórios...), quarto de república, quarto de hotel... Princípio da reserva constitucional de jurisdição: A casa, salvo nas situações de urgência/emergência..., só pode ser violada durante o DIA e para cumprimento de 41 DECISÃO JUDICIAL. Ex.: CPI não pode determinar violação de casa, autoridade policial, presidente da república. • Direito de Reunião (inciso XVI) “Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente. ” Direito de reunião: direito de manifestação de expressão coletiva – direito de realizar passeatas, reuniões em praças públicas, comícios... Obs.: NÃO é necessária autorização, mas sim COMUNICAÇÃO! Obs.: Negado o direito de reunião, remédio adequado é mandado de segurança! (JÁ CAIU EM PEÇA) • Direito de Associação (incisos XVII, XVIII, XIX, XX, XXI) -“É plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar. ” Obs.: Entidade paramilitar é aquela que contém ideologia contrária à do estado, apresentam falsa noção de segurança (ex.: milícias) -“A criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização. ” - “As associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado.” OBS.: Princípio da reserva de jurisdição: para SUSPENDER ou DISSOLVER associação é necessária DECISÃO JUDICIAL. SUSPENSÃO DAS ATIVIDADES DA ASSOCIAÇÃO DISSOLUÇÃO COMPULSÓRIA DA ASSOCIAÇÃO DECISÃO JUDICIAL DECISÃO JUDICIAL + TRÂNSITO EM JULGADO -“Ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado. ” -“As entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente. ” 42 VISÃO GERAL DOS REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS OBS.: Os remédios serão estudados com maior profundidade na parte prática do curso. • DIREITOS X GARANTIAS Os direitos normalmente possuem conteúdo declaratório, ou seja, imprimem um sentido legal à existência da vida, liberdade, igualdade, segurança e demais direitos espalhados no ordenamento jurídico... Já as garantias são medidas assecuratórias, medidas de proteção, com conteúdo mais processual. Ex.: o art. 5º, XV proclama o direito de ir e vir, já o inciso LXVIII tem-se o remédio chamado habeas corpus para defender o direito de ir e vir em caso de ameaça ou lesão • Segundo José Afonso da Silva, as garantias subdividem-se em: - Gerais: formados pelos princípios de natureza mais processual, que se encontram expressos e implícitos (acesso à justiça, contraditório, ampla defesa, vedação do tribunal de exceção...). - Específicas: são formadas pelos remédios constitucionais. • Os remédios constitucionais dividem-se em: -Administrativos: direito de petição e de obtenção de certidões art. 5, XXXIV, CF/88. OBS.: A nossa forma de dialogar com a Administração é por meio do direito de petição, é remédio extrajudicial – não envolve pagamento de taxas e também não precisa de advogado. Obs. Da negativa de obtenção de certidões, o remédio que deve ser utilizado é MANDADO DE SEGURANÇA - Judiciais: São instrumentos judiciais de defesa dos direitos fundamentais. São remédios constitucionais judiciais: o habeas corpus, habeas data, mandado de injunção, mandado de segurança e ação popular (Art. 5º, LXVIII a LXXIII, CF/88) . ➢ HABEAS CORPUS o art. 5º, LXVIII da CRFB/88; o Protege a liberdade de ir e vir que esteja ameaçada ou que já sofreu alguma lesão; o Sem dúvida a ação mais informal, pois pode ser impetrado por qualquer pessoa natural/jurídica/nacional ou estrangeira; o Dos remédios judiciais é o único que não precisa de advogado; o Ação gratuita (art. 5º, LXXVII, CF/88). o HC PREVENTIVO: para evitar a consumação da lesão, muito comum em sede de CPI. O pedido é o Salvo Conduto. 43 HC REPRESSIVO OU LIBERATÓRIO: para fazer cessar tal coação. O pedido é o Alvará de Soltura. ➢ HABEAS DATA o art. 5º, LXXII, CF/88 o Remédio da intimidade e da vida privada – ação que visa conhecer, retificar ou complementar dados pessoais sobre o próprio impetrante; CONHECER ou DADOS PESSOAIS RETIFICAR Art. 7º, III da Lei 9507/97 acrescentou a terceira hipótese: COMPLEMENTAR DADOS PESSOAIS Dados pessoais são dados relativos à própria pessoa, tais como o nome, escolaridade, trabalho, saúde... o Ação gratuita (art. 5º, LXXVII, CF/88). o É ação PERSONALÍSSIMA, não cabe HD para descobrir informações sobre terceiros. EXCEÇÃO: Herdeiro do de cujus faça uso do HD para conhecer, retificar ou complementar informações sobre o falecido. o Condicionamento administrativo: tentativa de acesso aos dados no plano administrativo antes de utilizar a via judicial. SÚMULA 2, STJ ➢ AÇÃO POPULAR o Art. 5º, LXXIII, CF/88; o Ação da cidadania, defende direitos difusos, isto é, direitos que pertencem a coletividades indeterminadas – direitos associados ao meio ambiente, moralidade administrativa, patrimônio público, histórico e cultural; o Remédio constitucional colocado à disposição de qualquer cidadão para a invalidação de ato ou contrato administrativo, ilegal, ilegítimo ou ilícito e lesivo ao patrimônio público, cultural, histórico ou ambiental. Permite que fiscalize a atuação dos governantes – ex.: ação que pode ser proposta para combater contrato superfaturado, contrato sem procedimento licitatório... o Só pode ser proposta pelo CIDADÃO: eleitor. OBS.: A ação será instruída com cópia do título de eleitor. 44 o NÃO tem prerrogativa de foro funcional. Ex.: ação popular proposta contra presidente da república não tramitará perante STF. Via de regra será proposta perante o juízo de 1º grau estadual ou federal, conforme o caso. o Pode ser PREVENTIVA(ameaça de lesão ao bem comum) ou REPRESSIVA (combater lesão que já ocorreu e tem prazo de 5 anos). o O cidadão que propor a ação tem isenção de custas judiciais e do ônus da sucumbência, salvo comprovada a má-fé. ➢ MANDADO DE INJUNÇÃO o Art. 5º, LXXI da CRFB/88; o Tutela direitos fundamentais previstos na Constituição ainda dependentes de regulamentação; o Defende a plena efetividade de normas de eficácia limitada definidoras de direitos fundamentais. o Exs.: art. 37, VII, CF/88 - direito de greve do servidor pública exige lei específica, a qual nunca foi criada. Art. 40, §4º, CF/88 - aposentadoria especial para determinados servidores públicos desde que haja lei complementar. Tal lei não foi criada. o Pode ser proposta na via: individual ou coletiva ➢ MANDADO DE SEGURANÇA o Art. 5º, LXIX e LXX da CRFB/88 o Residual em relação aos demais remédios constitucionais, desde que os requisitos necessários à sua propositura sejam preenchidos o Requisitos: -Direito líquido e certo, comprovado por meio de prova pré-constituída (prova documental) -Tempestividade: 120 dias contados do conhecimento da lesão -Combate ato coator (ação/omissão). Ato ou omissão de autoridade pública (ato praticado ou omitido por pessoa investida de parcela de poder público), eivado de ilegalidade ou abuso de poder. o MS PREVENTIVO – Quando somente há ameaça de lesão. MS REPRESSIVO – Quando a lesão já ocorreu (neste caso
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