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1 BIOMECÂNICA: BIOMECÂNICA OSSEA Prof. MS. André de Souza Rocha Curso de Fisioterapia 3ª e 4ª fases ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO ÓSSEA OSSO – material complexo bifásico: Uma fase é composta de sais minerais inorgânicos (cálcio e fósforo) e a outra é uma matriz orgânica de colágeno e substâncias de base. Componente inorgânico faz o osso duro e rígido; Componentes orgânicos dão a sua flexibilidade e maleabilidade. Osso – reserva de minerais essenciais ao corpo, particularmente o cálcio. 2 Microscopicamente, a unidade estrutural fundamental do osso é o ósteo, ou sistema haversiano, composto de camadas concêntricas de uma matriz mineralizada circundando um canal central contendo vasos sangüíneos e fibras nervosas. ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO ÓSSEA ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO ÓSSEA 3 Macroscopicamente, o esqueleto é composto de ossos corticais (compacto) e esponjosos (trabeculares). O osso cortical tem alta densidade, enquanto o osso trabecular varia em densidade em grande escala. Osso cortical – parte externa ou córtex do osso; Osso trabecular – interno ao cortical – composto de finas placas ou trabéculas, numa estrutura de malha frouxa. ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO ÓSSEA ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO ÓSSEA A porosidade do osso afeta diretamente as características mecânicas do tecido: OSSO CORTICAL – conteúdo mineral mais alto mais rígido suporta maior estresse, porém menor sobrecarga ou deformação que o trabecular. OSSO TRABECULAR – por ser mais esponjoso suporta mais sobrecarga antes da fratura. 4 ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO ÓSSEA A função óssea determina sua estrutura: Diáfises dos ossos longos osso cortical mais resistente. Vértebras alto conteúdo de osso trabecular – capacidade de absorver choques. A direção na qual o tecido ósseo é formado é de acordo com as cargas mais comumente suportadas. PROPRIEDADES BIOMECÂNICAS DO OSSO Propriedades mecânicas mais importantes do osso – resistência e rigidez. Cargas – deformação ou mudança na estrutura. Deformação pode ser mensurada e apontada numa curva de carga-deformação. 5 Ilustração do procedimento experimental do ensaio mecânico in vitro do osso (a). Representação gráfica da curva estresse-deformação resultante do ensaio mecânico com a aplicação de força compressiva (b) Porção inicial da curva – região ELÁSTICA (elasticidade da estrutura – capacidade para retornar a sua forma original depois que a carga é removida). Ponto onde as fibras começam a ceder – LIMITE ELÁSTICO da estrutura. Se a carga ceder esse limite – COMPORTAMENTO PLÁSTICO – estrutura não mais retornará a sua forma original quando a carga for removida, alguma deformação será permanente. Se a carga continuar sendo aumentada, a estrutura falhará em algum ponto (osso será fraturado) – PONTO DE FALHA FINAL da curva. PROPRIEDADES BIOMECÂNICAS DO OSSO 6 Curva de carga (estresse)-deformação é útil para determinar as propriedades mecânicas de uma estrutura como um todo, tais como um osso inteiro, um ligamento inteiro ou tendão. Esse conhecimento ajuda no estudo do comportamento e reparo de fraturas, na resposta da estrutura ao estresse físico ou nos efeitos de vários programas de tratamento. PROPRIEDADES BIOMECÂNICAS DO OSSO As propriedades mecânicas diferem nos dois tipos de ossos: Osso cortical mais rígido que o osso esponjoso, sustenta maior estresse (carga ou força por unidade de área), porém menos deformação antes da falha. Cede e fratura quando a deformação excede 1,5 a 2%. Osso esponjoso pode sustentar cargas até 50% de deformação antes de falhar PROPRIEDADES BIOMECÂNICAS DO OSSO 7 COMPORTAMENTO BIOMECÂNICO DO OSSO Forças e momentos podem ser aplicados a uma estrutura em várias direções, produzindo: Tensão (tração); Compressão; Flexão(Envergamento); Cisalhamento(Deslizamento;) Torção; Cargas combinadas. Modos de carga 8 Representação gráifca da curva estresse-deformação resultando do ensaio mecânico com a aplicação de força compressiva. A força, solicitação mecânica ou carga é uma grandeza física representada por vetor (seta) com direção, sentido e intensidade distinta, o que causa deformação aos tecidos. Força de compressão: diminui o tamanho e aumenta a largura do tecido. Força de tração: aumenta o tamanho e diminui a largura do tecido. Força de flexão: gera uma curvatura no tecido. Força de cisalha: desloca, em sentidos opostos e na horizontal, as porções superior e inferior do tecido. 9 COMPORTAMENTO BIOMECÂNICO DO OSSO TENSÃO Cargas iguais e opostas são aplicadas na direção externa à superfície da estrutura. Sob cargas de tensão, a estrutura alonga-se e estreita-se. Ex: fratura de calcâneo adjacente à inserção do tendão de aquiles. Uma intensa contração do gastrocnêmio produz cargas de tensão anormalmente altas no osso. COMPRESSÃO Cargas iguais e opostas são aplicadas na direção interna à superfície da estrutura. Sob cargas compressivas a estrutura encurta-se e alarga-se. COMPORTAMENTO BIOMECÂNICO DO OSSO Fraturas de compressão são normalmente vistas nas vértebras, as quais estão sujeitas à altas cargas compressivas. Essas fraturas são mais comuns em idosos com osteoporose. 10 DESLIZAMENTOS Várias pequenas forças agindo na superfície da estrutura num plano paralelo ao da carga aplicada. COMPORTAMENTO BIOMECÂNICO DO OSSO ENVERGAMENTO - FLEXÃO As cargas são aplicadas na estrutura, de modo que causam o envergamento da estrutura em um eixo. Quando um osso recebe carga de envergamento, ele está sujeito à combinação de tensão e compressão. COMPORTAMENTO BIOMECÂNICO DO OSSO 11 TORÇÃO A carga é aplicada na estrutura num modo que causa à estrutura um giro em torno de um eixo, e um torque é produzido dentro da estrutura. COMPORTAMENTO BIOMECÂNICO DO OSSO A quantidade de carga aplicada ao osso é clinicamente significante por causa da sua influência no padrão de fraturas e na quantidade de tecido macio lesado na fratura. Fratura óssea energia armazenada é liberada em baixas razões de carga energia pode se dissipar através da formação de uma única fissura o osso e os tecidos macios permanecem relativamente intactos, com pouco ou nenhum deslocamento de fragmentos de ossos. Em altas razões de carga a maior energia armazenada não pode se dissipar suficientemente rápido através de uma única fissura fragmentos de ossos e lesão extensa de tecido macio. TAXA DE DEFORMAÇÃO – DEPENDÊNCIA NO OSSO 12 13 Fraturas ósseas Três categorias gerais baseadas na quantidade de energia liberada na fratura: baixa energia, alta energia e muito alta energia. TAXA DE DEFORMAÇÃO – DEPENDÊNCIA NO OSSO Fratura de baixa energia simples fratura de torção; Fratura de alta energia é frequentemente sustentada durante acidentes automobilísticos; Fratura de muito alta energia produzida por uma velocidade muito alta, como a de um disparo de arma de fogo. TAXA DE DEFORMAÇÃO – DEPENDÊNCIA NO OSSO 14 FADIGA DO OSSO SOB CARGAS REPETITIVAS Fraturas ósseas podem ser produzidas por uma simples carga que excede a resistência final do osso ou por repetidas aplicações de uma carga de mais baixa magnitude. Fratura causada por repetidas aplicações fratura de fadiga tipicamente produzida tanto por algumas repetições de alta carga, quanto por muitas repetições de carga relativamente normal. Fraturas de fadiga Usualmente durante atividades extenuantes e contínuas, as quais fadigam os músculos e reduzem suas habilidades de contração; Músculos se tornam menos aptos a armazenar energia e, também a neutralizar os estresses impostos aos ossos; Alteração resultante da distribuição do estresse no osso causa cargas altamente anormais a serem impostas, e uma lesão de fadiga pode levar à fratura; Osso pode falhar no lado tensionado, no lado comprimido ou em ambos. FADIGA DO OSSO SOB CARGAS REPETITIVAS 15 Falha no osso tensionado fissura transversa osso avança rapidamente à fraturacompleta. FADIGA DO OSSO SOB CARGAS REPETITIVAS Fraturas de fadiga no lado comprimido parecem ser produzidas mais lentamente; a remodelação é menos facilmente desenvolvida pelo processo de fadiga, e o osso pode não evoluir para uma fratura completa. INFLUÊNCIA DA GEOMETRIA ÓSSEA NO COMPORTAMENTO BIOMECÂNICO A geometria de um osso influencia enormemente seu comportamento mecânico. Em tensão e em compressão, a carga para falhar e a rigidez são proporcionais à área de seção transversal do osso. Quanto maior a área, mais forte e rígido é o osso. 16 Os fatores que afetam a rigidez e a resistência dos ossos em torção são os mesmos que operam no envergamento: área de seção transversal e distribuição do tecido em volta do eixo neutro. O calo ósseo formado após uma fratura aumenta a área e portanto a rigidez e a resistência do osso em torção e em envergamentodurante o período de cura. À medida que a fratura cura e o osso gradualmente reganha sua rigidez normal, o calo é progressivamente reabsorvido e o osso retorna tão próximo quanto possível ao seu tamanho e forma normal. INFLUÊNCIA DA GEOMETRIA ÓSSEA NO COMPORTAMENTO BIOMECÂNICO 17 Clinicamente, a remoção cirúrgica de um segmento do osso pode enfraquecer o osso grandemente, particularmente em torção. INFLUÊNCIA DA GEOMETRIA ÓSSEA NO COMPORTAMENTO BIOMECÂNICO Radiografia de uma tíbia da qual uma parte foi removida para uso em uma artrodese. Algumas semanas depois da operação, a paciente escorregou e torceu o corpo e o osso fraturou no defeito. REMODELAÇÃO ÓSSEA O osso tem a habilidade de remodelar-se alterando seu tamanho, forma e estrutura, para suportar as demandas mecânicas impostas a ele. Esse fenômeno, no qual o osso ganha ou perde tecido ósseo esponjoso ou cortical em resposta ao nível de estresse sustentado, é sumarizado como Lei de Wolff: A remodelação do osso é influenciada e modulada pelo estresse mecânico. 18 Carga no esqueleto atividade muscular ou gravidade. Correlação positiva entre a massa do osso e a do corpo: Corpo pesado associado com massa óssea maior prolongada condição de ausência de peso, como a experimentada durante viagens espaciais declínio na massa óssea nos ossos de sustentação de peso. REMODELAÇÃO ÓSSEA Desuso ou a inatividade efeitos deletérios no esqueleto. Repouso absoluto, na cama, induz a um declínio de massa óssea de aproximadamente 1% por semana. Em imobilização total ou parcial, o osso não está sujeito aos estresses mecânicos usuais, que leva à reabsorção do osso periósteo e subperiósteo e a uma diminuição nas propriedades mecânicas do osso (isto é, resistência e rigidez). REMODELAÇÃO ÓSSEA 19 REMODELAÇÃO ÓSSEA Corredores apresentam mais massa óssea quando comparados à sedentários da mesma idade e peso (Dalin & Olson, 1974). Atletas (mulheres) de nível universitário apresentam maior densidade óssea vertebral que o grupo controle (sedentárias). Na pós menopausaessa diferença se acentua. Mulheres no período de pós menopausa, praticantes de atividade física (1h/3x semana/ 1 ano) aumentaram sua densidade óssea. Inativas diminuíram sua densidade no mesmo período (Aloia et al., 1978). OSTEOPOROSE Mulheres pós-menopausae idosas – mais comum; Mulheres – risco de fratura osteoporótica – 30 – 40%; TIPO I – pós-menopáusica – 40% mulheres após 50 anos 3x mais fraturas do colo do fêmur e vertebrais e 6x mais fraturas de punho do que os homens; TIPO II – associada ao envelhecimento – 90% fraturas após 60 anos associadas à osteoporose; Fraturas mais comuns rádio e ulna, colo do fêmur e coluna vertebral. 20 OSTEOPOROSE - PREVENÇÃO Atividade física com sustentação de peso – essencial para desenvolver e manterum esqueleto saudável. Exercícios de força – principalmente para ossos que não sustentam peso. Aumento na atividade física para as mulheres sedentárias consegue prevenir a perda óssea adicional relacionada à inatividade e pode aprimorar a massa óssea. O exercício não é um substituto para a reposição hormonal pós- menopáusica; Um programa apropriado de exercícios para mulheres mais idosas deveria incluir as atividades capazes de aprimorar força, f lexibilidade e a coordenação, a fim de reduzir a probabilidade de sofrer quedas. Referências HALL, S. Biomecânica Básica. Editora Guanabara Koogan, 6ª edição, 2013. FRANKEL, V.H. NORDIN, M. Biomecânica básica do sistema musculoesquelético. Editora Guanabara Koogan, 4ª edição, 2014. HAMILL, J, KNUTZEN K.M. Bases biomecânicas do movimento humano. Editora Manole, 3ª edição, 2012.
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