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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE BRASÍLIA CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA CAMPUS GAMA ALESSANDRO ROBERTO SILVA DE OLIVEIRA RELATÓRIO DO EXPERIMENTO I VELOCIDADE DAS REAÇÔES Influência da concentração na velocidade de uma reação Brasília 2020 INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE BRASÍLIA CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA CAMPUS GAMA 1 OBJETIVO Estudar a influência da concentração de reagentes na velocidade de uma reação, avaliando matematicamente esse efeito. 2 INTRODUÇÃO Os experimentos de cinética química, geralmente as reações são feitas sob temperatura constante e muitas são as técnicas utilizadas para acompanhar o avanço das reações. A espectroscopia é muito utilizada nos estudos da cinética das reações. Se houver formação ou consumo de íons, o avanço da reação pode ser acompanhado pela variação do pH. Outros métodos como espectroscopia de emissão, de massas, cromatografia em fase gasosa e ressonância magnética nuclear também são comuns para o acompanhamento das reações. Se o sistema reacional for composto por pelo menos um componente gasoso, este pode variar a pressão e o volume do sistema e seu avanço pode ser observado a partir da observação desses parâmetros (ATKINS E DE PAULA, 2017). Segundo Atkins e De Paula, uma reação genética do tipo aA + bB ⇌ cC + dD, em que em um certo instante a concentração molar de um dos componentes reacionais é igual a [X] e seu volume é constante, pode-se dizer que a velocidade de consumo instantânea de um dos reagentes em certo instante é igual a − 𝑑[𝑋] 𝑑𝑡 em que X pode ser A ou B. Já a velocidade de formação de um dos componentes reacionais pode ser escrita como 𝑑[𝑋] 𝑑𝑡 em que X será ou C ou D. A partir da estequiometria da reação, tem-se que: 𝟏 𝒄 𝒅[𝑪] 𝒅𝒕 = 𝟏 𝒅 𝒅[𝑫] 𝒅𝒕 = − 𝟏 𝒂 𝒅[𝑨] 𝒅𝒕 = − 𝟏 𝒃 𝒅[𝑩] 𝒅𝒕 Percebe-se que há muitas velocidades associadas à reação. Assim, tem-se de definir a velocidade da reação, V. Para todas as reações, há apenas uma única velocidade para uma dada reação, que por muitas vezes é proporcional às concentrações dos reagentes, elevadas a certas potências. Por exemplo, a velocidade de uma reação pode ser proporcional à concentração de duas às concentrações molares dos reagentes A e B, de modo que se tem: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE BRASÍLIA CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA CAMPUS GAMA V = k.[A][B] com cada concentração molar elevada a primeira potência e k é a constante de velocidade da reação, que depende apenas da velocidade da reação. Os valores dos expoentes não são determinados pelos coeficientes estequiométricos, mas experimentalmente. Uma equação desse tipo é denominada Lei de Velocidade (ATKINS E DE PAULA, 2017). As leis de velocidade são importantes pois fornecem expressões concisas para o decorrer da reação e podem ser aplicadas para o cálculo do tempo de reação, rendimentos e condições econômicas, de forma eficiente. De forma molecular, o curso da reação pode ser complexo, mas a lei da velocidade empírica sugere o caminho que esta percorre. A ordem da reação é definida como a soma dos expoentes dos termos de concentração que aparecem na lei de velocidade (MOORE, 1976). Segundo Atkins e De Paula, as leis de velocidade são equações deferências, e quando integradas, fornecem as concentrações em função do tempo. Alguns casos simples como para reações de primeira e segunda ordem, podem facilmente serem demonstradas, integrando a lei de velocidade. Para uma reação de primeira ordem para o reagente A, temos que a lei de velocidade é dada por: − 𝒅[𝑨] 𝒅𝒕 = 𝒌[𝑨] ∫ 𝒅[𝑨] [𝑨] = [𝑨] [𝑨𝒊] ∫ −𝒌𝒅𝒕 [𝑨] [𝑨𝒊] [𝑨] [𝑨𝒊] = −𝒌𝒕 = [A] = [Ai]𝒆−𝒌𝒕 Fazendo então o gráfico de ln [𝐴] [𝐴𝑖] pelo tempo t, para uma reação de primeira ordem uma reta de coeficiente angular -k. Podemos ainda observar que para uma reação de primeira ordem, a concentração inicial do reagente cai exponencialmente com o tempo, em uma velocidade determinada pela constante k. De maneira análoga, pode-se determinar as leis de velocidade integrada para reações de segunda ordem, dada por: 𝟏 [𝑨] = 𝟏 [𝑨𝒊] − 𝒌𝒕 INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE BRASÍLIA CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA CAMPUS GAMA A constante k é depende apenas da temperatura e é definida como: 𝒌 = 𝑨𝒆− 𝑬𝒂 𝑹𝑻 onde A é o fator pré-exponencial, Ea é a energia de ativação e R é a constante dos gases. A energia de ativação é a energia mínima que os reagentes precisam alcançar para formar os produtos. Já o fator exponencial é interpretado como a fração de colisões efetivas, ou seja, que possuem energia cinética o suficiente para reagir. A fator A é uma medida de velocidade com que as colisões ocorrem, independente da energia do sistema. Assim, k nos dá a velocidade das colisões efetivas. O primeiro a estudar a dependência da constante k com a temperatura foi o sueco Svante August Arrhenius, que deu nome a equação (ATKINS E DE PAULA, 2017). No experimento estudado, buscou-se verificar o efeito da concentração de um dos reagentes na reação entre uma solução A, contendo íons iodato (IO3-) e uma solução B, contendo íons bissulfato (HSO3-), utilizando amido como indicador. O início da reação pode ser representado pela reação: IO3-(aq) + 3HSO3-(aq) ⇌ I-(aq) + 3SO42-(aq) + 3H+(aq) (Etapa Lenta) Após o íon bissulfato ser consumido, os íons iodeto (I-) reagem com o iodato remanescente para formar iodo, em uma reação dada por: 5I-(aq) + 6H+(aq) + IO3-(aq) ⇌ 3I2(s) + 3H2O(l) (Etapa Rápida) O iodo molecular (I2), forma com o amido presente na solução, uma substância azul que indica que a reação se processou até esse ponto, dada por: I2(s) + HSO3-(aq) + H2O(l) ⇌ 2I-(aq) + SO42-(aq) + 3H+(aq) (Etapa Rápido) Para estudar o efeito da concentração de um dos reagentes, que no caso será a concentração do iodato, será feito diluições para se obter soluções de iodato em diferentes concentrações, mantendo assim a concentração do bissulfato, assim como a temperatura, constantes. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE BRASÍLIA CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA CAMPUS GAMA 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Materiais • Pipeta volumétrica de diferentes volumes; • Bureta 50 ml; • Tubos de ensaio; • Béqueres; • Cronômetro; 3.2 Reagentes • Solução aquosa de KIO3 0,02 mol/L; • Solução aquosa de NaHSO3 0,05 mol/L; • Solução aquosa de amido 0,5% (m/m); • Água destilada; 3.3 Procedimentos Inicialmente, preparou-se a partir da solução de KIO3 0,02 mol/L, 10 soluções de 10 ml com diferentes concentrações. No tubo 1, utilizou-se 10 ml da solução de iodato de potássio e nada de água destilada. Já no tubo 2, utilizou-se 9 ml da solução e 1 ml de água destilada para completar os 10 ml. Da mesma forma, no tubo 3 foram utilizados 7 ml da solução e 3 ml de água destilada. Isso foi feito com os 10 tubos, até o último, onde foram utilizados 1 ml de solução e 9 ml de água destilada. Cada tubo foi enumero de 1 a 10, em algarismos arábicos. Em outros 10 tubos de ensaio, utilizando-se pipetas volumétricas adequadas, colocou-se em cada um dos tubos 10 ml da solução de bissulfato de sódio 0,05 mol/L, adicionados da solução aquosa de amido 0,5 % (m/m), em uma proporção de 2,5 ml da solução de amido para cada 47,5 ml da solução de bissulfato. Cada tudo foi número de I a X, em algarismos romanos. Para promover a reação, verte-se o tubo 1 ao tubo I, iniciando a contagem do tempo com um cronômetro, parando-o quando formasse uma coloração azulada, indicando o fim da reação. De forma análoga, irá se realizar o mesmo procedimento para os tubos de solução A nas diferentes concentrações, com os tubos de solução B e C, observandoo tempo que se levou para a formação da coloração azul. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE BRASÍLIA CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA CAMPUS GAMA 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES A partir da solução de KIO3 0,02 mol/L, foram preparados 10 tubos de ensaio com diferentes concentrações da solução A, utilizando o processo citado nos procedimentos. E após o preparo das soluções, esses serão misturados com os 10 ml da solução B de NaHSO3 0,05 mol/L, totalizando 20 ml de solução. Assim, deve- se calcular a concentração do IO3- após essa diluição. Isso pode ser feito a partir da equação dada por: [𝑨𝒊]𝒙𝑽𝒊 = [𝑨𝒇]𝒙𝑽𝒇 onde [Ai] é a concentração inicial da solução A, que é igual a 0,02 mol/L, Vi é o volume inicial utilizado de IO3- em cada um dos 10 tubos preparados, [Af] é a concentração final de A após a diluição, e Vf é o volume final da diluição, igual 20 ml. Outro parâmetro importante será a quantidade de matéria consumida de IO3- que será consumida ao longo da reação. Como a concentração de bissulfato na reação é constante em todos os tubos, então a quantidade consumida de iodato também será igual em todos os processos, e pode ser encontrada analisando a estequiometria, observando as reações abaixo: IO3-(aq) + 3HSO3-(aq) ⇌ I-(aq) + 3SO42-(aq) + 3H+(aq) (Etapa Lenta) a proporção entre IO3- e HSO3- é de 1:3 e, portanto, podemos dizer que a quantidade de IO3- consumido na reação é dado por: [𝑰𝑶𝟑-] = 𝟏 𝟑 [𝑯𝑺𝑶𝟑-] = 𝟏 𝟑 𝒙𝟎, 𝟎𝟓 E o número de mols consumidos é igual a: 𝐧(𝐈𝐎𝟑-) = [𝐈𝐎𝟑-]𝐱𝐕𝐟 = 𝟏 𝟑 𝐱𝟎, 𝟎𝟓𝐱𝟎, 𝟎𝟎𝟐 = 𝟑, 𝟑𝟑𝐱𝟏𝟎−𝟓𝐦𝐨𝐥 Com esses dados, pode-se enfim, encontrar a velocidade da reação para cada concentração de IO3- utilizado, a partir da equação: 𝑽 = 𝐧(𝐈𝐎𝟑-) 𝐭 Pode-se enfim, construir a Tabela 1, com os parâmetros importantes para o experimento que foram disponibilizados. Assim, tem-se que: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE BRASÍLIA CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA CAMPUS GAMA Tabela 1 – Parâmetros do experimento 1 TUBOS 1 - I 9 - IX t (s) 10,45 54,41 t-1 (s-1) 9,57x10-2 1,84x10-2 [IO3-] (mol/L) 0,01 0,002 V (µmol/s) 3,17 0,612 A partir dessas informações, foi construído os gráficos 𝑡 𝑥[IO3-], 1 𝑡 𝑥 [IO3-] e o gráfico 𝑽 𝒙 [𝐈𝐎𝟑-], pelas quais é possível fazer previsões para os parâmetros em outros estados que não os estudados no experimento. Assim, tem-se que: Gráfico 1 – Concentração [IO3-] x t Gráfico 2 – Concentração [IO3-] x t-1 0,00E+00 5,00E-01 1,00E+00 1,50E+00 2,00E+00 2,50E+00 3,00E+00 3,50E+00 0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012 Concentração [IO3 -] x t 0,00E+00 5,00E-01 1,00E+00 1,50E+00 2,00E+00 2,50E+00 3,00E+00 3,50E+00 0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012 Concentração [IO3 -] x t-1 INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE BRASÍLIA CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA CAMPUS GAMA Gráfico 3 – Concentração V x [IO3-] Os dados mostram que a velocidade de reação diminui com a concentração menor de um dos reagentes, o que está de acordo com a teoria encontrada na literatura, que indica a queda na velocidade com a diminuição da concentração, pois diminui a probabilidade de choques efetivos entre as partículas que compõe o sistema reacional e assim, leva-se um tempo maior para que a reação ocorra. 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012 Velocidade x Concentração [IO3 -] INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE BRASÍLIA CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA CAMPUS GAMA 5 CONCLUSÃO Após a realização dos experimentos, verificou-se que diminuindo a concentração de um dos reagentes, no caso a concentração do íon iodato e mantendo-se a concentração do bissulfato constante, assim como a temperatura, a velocidade da reação diminui, como esperado de acordo com a literatura. 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MOORE, Walter. Físico-Química. 4. ed. [S. l.]: Blucher, 1976. 496 p. v. 2. ISBN 9788521200444. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521217343/recent. Acesso em: 8 dez. 2020. A.P.P. J. Físico-Química - Vol. 2, 10ª edição.: Grupo GEN, 2017. ISBN 9788521634751. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521634751/. Acesso em: 09 dez 2020.
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